Você está na página 1de 3

DIREITO DIVINO E DIREITO NATURAL

Na Idade Média, o Direito situa-se não apenas no plano humano, decorrendo em última
instância de Deus.
Fala-se em:

 Direito Positivo: todo aquele produzido pelo Homem, independentemente da fonte;


 Direito Suprapositivo: todo aquele acima do Homem e produzido por Deus.

Idade Média  Aluns autores aludiram, por vezes, indiferentemente, ao Direito Divino e ao
Direito Natural.

São Tomás de Aquino  Recorre às categorias de Santo Agostinho (que distinguiu Lei Natural
e Lei Divina), autor voluntarista, e define o Direito Divino como uma derivação da lei eterna
(de acordo com Santo Agostinho, a razão e vontade de Deus)

 Lei Eterna: razão de Deus ordenadora e governadora de todas as coisas e vontade de


Deus – inacessível ao Homem (incognoscível)
 Lei Natural: Razão de Deus inscrita no coração de todos os Homens – participação da
Lei Eterna no Homem e o orienta e fazer ver o bem e o mal. Impõe-se e vincula todos e
é imutável visto que não tem origem humana. Permanece no tempo (porque é justo e
equitativo).
o Deve ser móbil da ação humana;
 Direito de Resistência: não sujeição a uma lei injusta que fere as
consciências pelo que se uma lei contraria a lei natural deve-se
desobedecer à mesma – face ao tirano pelo título e ao tirano pelo
exercício
 O poder político não pode dispor contrariamente à lei natural
(princípios essenciais, anteriores e superiores ao poder político
e à comunidade), estando os governantes, portanto,
subordinados à lei divina e à lei natural– limitação do poder
político
 O homem deve submeter aos ditames da lei natural, que se
assume como critério aferidor da validade da legislação e da
atividade política;
 Lei Divina: Revelação da Lei Eterna aos Homens através das Sagradas Escrituras:
Biblia, Antigo e Novo Testamento;
o Foi por Deus expressamente revelada para que o homem pudesse, sem dúvidas,
orientar-se em relação ou seu fim último: a bem-aventurança eterna e a salvação
da sua alma;
 Lei Humana: Resulta da confluência das anteriores.

A justiça é uma virtude que toda a sociedade deve atingir – hábito (contante e perpétua
vontade).
Na Idade Média este era o objetivo fundamental da sociedade: o todo tinha de ser justo. Tinha
a ver com a vontade de atingir alguma coisa – se as pessoas fossem justas atingiriam a bem-
aventurança eterna. A sociedade mediável encarava a justiça enquanto perfeição, sendo que se
todos fossem justos, a sociedade alcançaria a salvação eterna.
JUSTIÇA NA IDADE MÉDIA
Os Homens da Idade Média conceberam o Direito em função da Justiça, valor que o transcende,
assim este surge de forma a alcançá-la.
 A Justiça é a fonte e o fim do Direito, na medida em que o Direito só existe porque
existe a Justiça: o que é justo é Direito, na medida em que este é o instrumento de
revelação e concretização da Justiça);
o Se a lei for injusta não é Direito e, por conseguinte, não deve ser observada.

Justiça  era entendida como uma virtude e fundamento da vida social.


No âmbito da Justiça pode-se distinguir:

 Justiça Objetiva: Forma de retidão plena, como modelo de conduta, inspirada na


perfeição divina (isto é, à semelhança de Deus);
o Inalterável e mantém-se inalterada postulando sempre as mesmas condutas mas
com que critério eram estas aferidas?
 Não o do santo nem o do criminoso: o modelo de atuação a seguir para
é o bonus pater famílias romano:
 Homem médio, membro da comunidade diligente e correto
para a situação, tendo, portanto, um comportamento que se
pauta pela razoabilidade – comportamento padrão do próprio
sujeito e alcançável para todos;
 Justiça Subjetiva: Permite variações:
o Universal: Virtude universal, enquanto síntese de todas as virtudes – tem um
caráter intrassubjetivo.
 Teorização da justiça decorrente da conceção do homem justo como
perfeito.
o Particular: “Atribuir a cada um o seu”, (Ulpiano: “A justiça é a constante e
perpétua vontade de dar a cada um o seu”) sendo que a determinação do “seu”
constitui a concretização particular da justiça universal – tem um caráter
intersubjetivo.
 “Seu” = o necessário à realização de um fim individual ou coletivo
ditado pela natureza respetiva e que não deve prejudicar os demais.
De acordo com Aristóteles, Álvaro Pais e São Tomás de Aquino podem distinguir-se duas
modalidades de Justiça (Particular):

 Justiça Distributiva (Igualdade Geométrica): Diz respeito às relações entre a


comunidade e os seus membros, devendo a comunidade repartir os encargos pelos
membros em função das capacidades, méritos e dignidades.
o Não exige a igualdade, prosseguindo a máxima “Tratar o que é igual de forma
igual e tratar de forma diferente o que é diferente”, desde que haja um
tratamento igual quando perante o mesmo trabalho, encargo ou mérito.
 Justiça Comutativa (Igualdade Aritmética): Diz respeito às relações entre iguais,
entre pessoas privadas, e na qual se exige uma igualdade de prestações entre o que se dá
e o que se recebe.

 Profunda ligação entre a Igualdade e a Justiça – respeita-se sempre a igualdade mesmo que
seja necessário um reajustamento para eliminar a desigualdade.

Você também pode gostar