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o Um contrato de venda com espera do preço foi celebrado sob a LA, sem fixação do lugar do
cumprimento. A LA estabelecia uma norma supletiva segundo a qual a obrigação pecuniária
deveria ser cumprida no lugar do domicílio do devedor. Antes da data de pagamento surge
uma LA que estipula uma norma supletiva segundo a qual o cumprimento da obrigação
pecuniária será feito no lugar do domicílio do credor. Qual o lugar do cumprimento da
obrigação pecuniária nascida do referido contrato?
o Nos termos do art.1720.º CC66 o casamento em segundas núpcias de alguém que tivesse
filhos legítimos era imperativamente contraído no regime de separação de bens. Por força
do art.87.º do DL n.º496/77, de 25 de novembro, só os casamento celebrados sem
precedência do processo de publicações ou por quem tenha completado sessenta anos de
idade estão sujeito àquele regime imperativo. Aplica-se esta alteração aos casamento
celebrados antes de 1 de abril de 1978?
o Segundo a LA, o senhorio tinha o direito de exigir, além das rendas em atraso, uma
indemnização igual ao dobro das mesmas. Segundo a LN, o senhorio só tem direitos às
rendas em atraso e a 50% do valor das mesmas. Que indemnização pode exigir o senhorio
relativamente às rendas que já estavam em atraso no momento do IV da LN?
 LN – regulam o conteúdo das relações jurídicas atendendo aos
factos que lhes deram origem, isto é, sem abstrair destes factos – tal
o que acontece no domínio dos contratos, pelo menos em todos os
casos em que as disposições estabelecidas pela LN tenham natureza
supletiva ou interpretativa. Assim, nestes exemplo, seria aplicável a
LA.

 A LN vem aumentar o elenco das causas de indignidade sucessório (arts.2034.º a 2038.º


CC). É aplicável a factos praticados antes da sua entrada em vigor? E se uma nova lei
entra em vigor entre a abertura e a partilha da herança?
 A LN vem estabelecer que não podem adquirir o estatuto de comerciante aqueles que
tenham praticado certo tipo de delitos antieconómicos. É esta lei aplicável a factos
delituais praticados sob a LA mas que, então, não representavam impedimento à
aquisição do estatuto de comerciante?
o É de aplicar a LN a factos passados, nos casos em que, respetivamente, ainda se
não tenha verificado a abertura da herança ou o candidato a comerciante ainda
não tenha adquirido o respetivo estatuto, sem que isso envolva retroatividade.
o A natureza do problema da “aplicação” da lei no tempo, isto é, a determinação
da “lei competente” e a distinção clara entre factos determinantes da
competência da lei aplicável e factos abrangidos no campo de aplicação (nas
hipóteses normativas) da lei competente. É que não são quaisquer factos que
determinam a competência da lei aplicável, mas só os factos constitutivos
(modificativos ou extintivos) de situações jurídicas. A teoria do facto passado,
enquanto critério determinativo da competência da LN e não dos factos a que
esta se aplica, deverá ser formulada nos seguintes termos: a LN não se aplica a
factos constitutivos (ou modificativos, ou extintivos) de situações jurídicas.
Mas já nada impede que, uma vez determinada a competência da LN com
fundamento na circunstância de o facto constitutivos da situação jurídica se
passar sob a sua vigência, a mesma lei seja aplicada a factos passados que ela
assume como pressupostos impeditivos ou “desimpeditivos” (isto é, como
pressupostos negativos ou positivos) relativamente à questão da validade ou
admissibilidade da constituição da situação jurídica, questão essa que é da sua
exclusiva competência. Pertencem ao número dos factos “pressupostos” cuja
localização no tempo não influi sobre a determinação da lei aplicável, entre
outros:
 Impedimentos matrimoniais;
 “Pressupostos da investigação da paternidade” – art.1860.º CC;
 Causas de indignidade sucessória e os fundamentos de deserdação, etc.
 Efeitos inibitórios e outros de certas penas (relativamente à aquisição
do estatuto de funcionário ou de comerciante, relativamente à inibição
do poder paternal, etc.), quando não estejam obrigatoriamente ligados à
condenação penal, assim como quaisquer consequências mediatas de
uma SJ regulada por uma lei sobre uma SJ regulada por outra lei.
o Quanto a factos destes, decisivo para saber se a LN se aplica ou não, conforme
o caso concreto, a factos passados é não existir ou existir já uma SJ constituída
quando da entrada em vigor da mesma lei. O ponto está todo em manter clara a
distinção entre “âmbito de competência” e “âmbito de aplicação” de uma lei.
Uma vez fixada a lei competente, cabe a esta definir livremente o seu “campo
de aplicação”. E pode fazê-lo reportando-se a factos anteriores que,
concretamente, se verificaram antes do seu início de vigência – desde que não
atribua a tais factos um valor constitutivo mas os utilize como pontos de
referência para a definição de regime de direito material da SJ criada ou a criar
na sua vigência. Existirá retroconexão.
 A rettroconexão pode ter lugar não só relativamente à hipótese, mas
também pelo que respeita à estatuição de uma norma. A lei civil atribui,
designadamente, eficácia retroativa (material), sem prejuízo dos
direitos de terceiro, à ratificação (art.268.º, n.º2 CC), à condição
(art.276.º CC), à declaração de nulidade e à anulação (art.289.º CC), à
resolução (art.434.º CC), à sentença de divórcio (art.1789.ºCC), etc.
 Por exemplo: a resolução. A lei diz que ela tem, em regra, efeito
retroativo. Ora, o facto que produz a resolução do contrato e
constitutivo da obrigação de restituir a prestação recebida é a
declaração de resolução, um facto presente. Pelo que, quando falamos
de retroatividade da resolução, não queremos com isto significar que a
lei se reporte a um facto passado como facto gerador daquele efeito
jurídico (obrigação de restituir), entre outros. Queremos apenas dizer
que, para determinar a medida e amplitude daquele efeito (conteúdo e
limites da obrigação de restituir e do correspondente direito), a lei se
reporta a um momento ou facto anterior – retroconexão.

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