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Irretroatividade da Lei
LINDB - Art. 6º - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa
exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
A sucessão de leis no tempo pode acarretar o problema sobre saber qual lei deve ser aplicada
a determinado fato, especialmente quando esse fato ocorreu na vigência de uma lei que foi
revogada. A esse problema dá-se o nome de conflito de leis no tempo ou conflito
intertemporal de leis. As leis são elaboradas para valer para o futuro. No entanto, como é
sempre possível a inovação da ordem jurídica pela introdução de outras leis, como se viu com
o art. 2º, da LINDB.
No entanto, o princípio da irretroatividade não é absoluto, o que significa dizer que é possível
que uma lei quando entra em vigência possa produzir efeitos para atingir o passado, sem ser
retroativa. A eventualidade da retroatividade, ainda que criticada, se justifica por questões de
política legislativa.
Assim, a regra no direito brasileiro é a irretroatividade da lei. Somente em casos excepcionais e
determinada na própria lei é que ela pode ser retroativa. A retroatividade, portanto, é uma
exceção e que por isso deve sempre ser interpretada restritivamente.
É importante observar que sendo retroativa ou irretroativa, a lei sempre há de respeitar o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
O Direito brasileiro estabelece que a lei nova se aplica aos fatos presentes, aos fatos
pendentes e aos fatos futuros e o quando autorizada a retroatividade, a lei se aplica aos fatos
pretéritos, desde que não afete o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
O ato jurídico perfeito e acabado é aquele que foi praticado segundo a lei vigente ao tempo
em que o ato ocorreu, tendo o direito produzido sido já exercido. Se o ato jurídico não estiver
perfeito e acabado, a lei revogada se aplica às fases que ocorreram na sua vigência e a lei nova,
para as fases que acontecerem posteriormente a sua vigência.
Diverso de direito adquirido é o direito futuro, que é aquele que ainda não se completou
porque está dependente de outro fato ou do decurso do tempo. O direito futuro é um direito
ainda não formado e não se confunde com a expectativa de direito, que consiste na esperança
de se adquirir um direito.
O direito futuro pode ser condicional, porque sujeito a um evento futuro e incerto, que se ao
ocorrer produz efeitos retroativos, fazendo que o interesse se incorpore ao patrimônio do
titular desde o instante que o ajuste foi realizado.
Coisa julgada é a imutabilidade das sentenças judiciais, das quais não cabe mais qualquer tipo
de recurso. A coisa julgada poderá ser material ou formal. Apenas a coisa julgada formal está
protegida pela irretroatividade da lei.
Contudo, cada vez mais latente a tendência da relativização da coisa julgada em alguns casos,
particularmente, quanto a questão da investigação de paternidade não comprovada, nas
palavras de Maria Helena Diniz “sem embargo, diante da quase certeza do DNA, dever-se-ia,
ainda, admitir a revisão da coisa jugada para fins de investigação de paternidade, me casos de
provas insuficientes, produzidas na ocasião da prolação da sentença, para garantir o direito à
identidade genética e a filiação, sanando qualquer injustiça que tenha ocorrido em razão de
insuficiência probatória” (DINIZ, 2002, v. 5, p. 408).