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Pessoa Natural: Morte Real e Morte Presumida

A pessoa natural deixa de existir com a morte. A morte é um fato cuja conseqüência jurídica é
por fim à personalidade civil da pessoa natural. Trata-se da morte real que ocorre com a
paralisação das atividades encefálicas, de acordo com o que determina o art. 3º da Lei 9.434,
de 1997. A prova da morte se faz por meio da certidão de óbito.

Embora a morte ponha fim à personalidade jurídica, alguns direitos da personalidade do morto
se projetam para além da sua morte, como é o caso do nome, da fama, da honra, da imagem.
Lembre-se, ainda, do testamento que é um negócio jurídico que só produz efeito depois da
morte do testador, o que significa dizer que sua vontade sobrevive.

Ao lado morte real existe a possibilidade do reconhecimento da morte presumida, que pode
ser dar com a declaração de ausência ou sem a declaração de ausência.

O art. 7º, CC trata das hipóteses em que se presume a morte da pessoa sem a declaração de
ausência. Esse tipo de morte pode ser declarada pelo juiz em procedimento judicial
denominado de justificação para assento de óbito, previsto no art. 88 da Lei de Registros
Públicos.

De acordo com o Código Civil a morte presumida sem decretação de ausência se dá:

a) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. Trata-se de


qualquer situação de que possa resultar morte em razão da circunstância do evento. É o caso,
por exemplo, dos passageiros que estavam no vôo da companhia aérea malaia.

b) se alguém desapareceu em campanha ou foi feito prisioneiro e dele não se tem notícia até
dois anos depois do término da guerra. O prazo de dois anos começa a contar da comunicação
oficial do Governo do encerramento dos combates ou da assinatura do armistício. Aqui é o
caso dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, durante o Golpe de 1964.

Em qualquer dos casos de declaração de morte presumida sem declaração de ausência, o


ajuizamento da ação de justificação somente se pode dar depois de esgotadas todas as
possibilidades de encontramento da pessoa que se pretende ver declarada a morte presumida.
O art. 8º, CC trata do fenômeno da comoriência que é a morte simultânea de duas ou mais
pessoas. A comoriência só tem interesse se as pessoas que tiverem morrido forem herdeiras
uma da outra ou beneficiárias uma da outra, do contrário não existe interesse algum em
investigar quem morreu primeiro.

Se pai e filho, por exemplo, morrem num acidente de automóvel, duas situações podem se
dar: a) é possível identificar quem morreu primeiro e b) não é possível verificar a ordem das
mortes.

Sendo possível verificar que o pai morreu primeiro e instantes depois morreu o filho, isto
significa, no exemplo, que o filho herdou os bens do pai que morreu e em seguida, transmitiu-
os em decorrência da sua morte, aos seus herdeiros.

Não sendo possível, apurar a ordem das mortes, a presunção é a de que eles faleceram no
mesmo momento, não ocorrendo, assim, sucessão entre eles, uma vez que não se opera a
sucessão no caso da comoriência.

A conseqüência jurídica do fato de duas ou mais pessoas terem morrido simultaneamente é


que uma não herda da outra, pois não se transfere direitos entre comorientes.

Situação diversa é aquela em que se pode identificar quem morreu primeiro, ainda que pouco
minutos antes do outro, pois nesse caso quem morreu em segundo lugar teria recebido os
bens do primeiro e com sua morte transmitido ao seus herdeiros. Se o médico legista não
conseguir identificar quem morreu em primeiro lugar, estabelece o art. 8º a presunção de que
morreram simultaneamente.

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