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DIREITO DAS

SUCESSÕES

brevivido alguns minutos a mais que os outros e por isso tenha uma exceção à proibição dos pactos sucessórios. Outros
CONCEITO DE SUCESSÃO adquirido a qualidade de herdeiro dos demais, hipótese em que doutrinadores, no entanto, afirmam que a hipótese não re-
O termo “sucessão”, em sentido amplo, significa o in- receberia por herança o patrimônio dos envolvidos e logo em presenta uma exceção, pois a partilha em vida é simples
gresso de uma pessoa na posição jurídica que pertencia seguida o transmitiria aos seus sucessores. O CC estabelece doação, cujos efeitos são imediatos e não estão condicio-
a outra. A sucessão pode dar-se por ato “inter vivos” ou que quando não for possível determinar quem faleceu primeiro, nados à morte do doador.
“causa mortis”. A sucessão por ato “inter vivos” ocorre com haverá a presunção de que a morte ocorreu no mesmo instante A preferência entre os herdeiros do “de cujus” é normal-
a transferência da titularidade de bens ou direitos entre (art. 8º do CC). Essas hipóteses de presunção de morte simul- mente regulada pela ordem de vocação hereditária pre-
pessoas, como no caso da compra e venda, doação etc. A tânea são chamadas de comoriência. A conseqüência jurídica vista no art. 1.829 do CC. Em alguns casos, entretanto, a
sucessão “causa mortis” verifica-se com a transmissão de da comoriência é a de que não há transmissão de herança lei estabelece outra ordem de vocação, diferente daquela
um patrimônio em virtude da morte de seu titular. É desta entre as pessoas. contida no mencionado dispositivo legal. Fala-se então
última espécie de sucessão que trata o Livro V da Parte em sucessão anômala ou irregular. Podemos citar dois
Especial do Código Civil (arts. 1.784 a 2.027). Esta é a 3. Local da abertura da sucessão. A sucessão abre-se no exemplos: a) a sucessão de bens de estrangeiros situa-
denominada sucessão em sentido estrito. Nesse contexto, lugar do último domicílio do falecido (art. 1.785 do CC) e o foro dos no País será regulada pela lei brasileira em benefício
a palavra “sucessão” é empregada para designar aque- desse local será competente para o inventário, a partilha, a ar- do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
la que decorre da morte de alguma pessoa. A morte é o recadação, o cumprimento de disposições de última vontade seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus” (art. 5º ,
fato que desencadeia a sucessão, uma vez que extingue e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito XXXI, CF, e art. 10, §1º, da LICC); assim, será observada
a personalidade jurídica e impõe a necessidade de que tenha ocorrido no estrangeiro. Se o autor da herança não pos- a ordem de vocação hereditária prevista na lei pessoal do
outro indivíduo assuma a posição que era ocupada pelo suía domicílio certo, será competente o foro da situação dos finado, e não aquela do art. 1.829 do CC, sempre que for
falecido. O direito das sucessões, como se vê, é o ramo bens. Se não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares favorável ao cônjuge ou aos filhos brasileiros; e b) outro
do direito que estabelece os princípios e regras que regu- diferentes, será competente o do lugar em que ocorreu o óbito exemplo decorre da chamada “cláusula de reversão” con-
lam a transmissão do conjunto de direitos e obrigações do (art. 96, parágrafo único do CPC). tida em um contrato de doação (art. 547). Por meio dessa
morto aos seus sucessores. LINK ACADÊMICO 1 estipulação, se o donatário morrer, o bem doado volta
ao patrimônio do doador e não é destinado às pessoas
elencadas no art. 1.829 do CC. A sucessão anômala ou
ABERTURA DA SUCESSÃO ESPÉCIES DE SUCESSÃO irregular, portanto, se dá sempre que a lei estabelecer re-
1. Momento. Considera-se aberta a sucessão no exato gras diferentes da ordem de vocação hereditária prevista
instante da morte do “de cujus”. Essa expressão latina é Quanto à fonte do direito sucessório, a sucessão pode ser no art. 1.829 do CC.
utilizada para referir-se ao morto e consiste na abreviatura testamentária ou legítima (art. 1.786 do CC). A sucessão
da frase “de cujus sucessione agitur”, que significa “aquele testamentária ocorre quando o autor da herança determina ESPÉCIES DE SUCESSORES
de cuja sucessão se trata”. A morte pode ser real ou presu- o destino de seus bens por disposição de última vontade, ou
mida. Será real quando comprovada por meio de exame seja, por meio de testamento. O testador não terá liberdade total 1. Herdeiro: é aquele que sucede na totalidade da heran-
médico que ateste a certeza de sua ocorrência. A prova da para dispor de seus bens se houver herdeiros necessários (art. ça ou de parte desta, sem determinação de valor ou indi-
morte real se faz mediante a apresentação do atestado de 1.845 do CC), caso em que ele só poderá dispor da metade vidualização de bem. Herdeiro testamentário é aquele
óbito. A morte presumida, por outro lado, ocorre quando, da herança (art. 1.789 do CC), chamada porção disponível. nomeado em testamento pelo autor da herança. Herdeiro
embora não haja certeza de sua ocorrência, existe alta Esses herdeiros têm direito a uma participação mínima na he- legítimo é aquele indicado pela lei em ordem preferencial
probabilidade de que ela tenha se consumado. O Código rança, chamada legítima, e qualquer disposição testamentária (art. 1.829 do CC). O herdeiro legítimo pode ser necessá-
Civil autoriza a declaração judicial de morte presumida que os afaste será considerada ineficaz. Somente em casos rio ou facultativo. Herdeiros necessários, obrigatórios,
sem declaração de ausência em duas hipóteses: a) se excepcionais admite-se a exclusão dos herdeiros necessários, legitimários ou reservatórios: são os ascendentes,
for extremamente provável a morte de quem estava em conforme será estudado no capítulo “excluídos da sucessão”. descendentes e o cônjuge (art. 1.845 do CC). Estes têm
perigo de vida; b) se alguém, desaparecido em campanha A sucessão legítima, legal ou “ab intestato” é aquela em que direito à metade dos bens da herança, a denominada le-
ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após a própria lei determina o destino do patrimônio do “de cujus”, gítima, razão pela qual o autor da herança não pode fazer
o término da guerra. Nos casos de morte presumida, o juiz presumindo qual seria sua vontade. A lei estabelece uma or- qualquer disposição testamentária que avance na parte
fixará na sentença a data provável do falecimento (art. 7º, dem de preferência entre os sucessores, chamada ordem de atribuída por lei a cada um deles. Herdeiros facultativos:
parágrafo único, do CC), e este será considerado o dia da vocação hereditária, prevista no art. 1.829 do CC. A sucessão são os demais herdeiros indicados pela lei, com exclusão
abertura da sucessão. Há ainda a possibilidade de decla- legítima ocorre nos casos do art. 1.788 do CC. Verifica-se que a dos herdeiros necessários, ou seja, são herdeiros faculta-
ração de morte presumida com decretação de ausência sucessão pode ser legítima e testamentária ao mesmo tempo, tivos os colaterais e o companheiro sobrevivente. O autor
(arts. 22 a 39 do CC), hipótese em que a presunção ocorre por exemplo, quando o testamento for parcial. da herança poderá excluir os herdeiros facultativos da su-
a partir do momento em que a lei autoriza a abertura da Quanto aos efeitos ou forma de determinação dos bens a su- cessão, bastando para tanto que disponha da totalidade
sucessão definitiva (art. 6º, parte final, do CC). cessão pode ser a título universal ou a título singular. Na su- de seu patrimônio em testamento sem os contemplar.
cessão a título universal o herdeiro recebe todo o patrimônio
2. Transmissão da herança. A conseqüência imediata e do “de cujus” ou uma fração dele. É o que ocorre na sucessão 2. Legatário: é o sucessor contemplado em testamento
automática da abertura da sucessão é a aquisição pelos legítima, mas pode ocorrer também na sucessão testamentária, com coisa certa e determinada. Não se confunde com o
herdeiros da propriedade e da posse dos bens da herança. por exemplo, se o testador deixar 20% de seu patrimônio para herdeiro testamentário, que é aquele nomeado em testa-
Essa regra decorre do princípio da “saisine”, previsto no determinada pessoa. O sucessor a título universal é chama- mento, mas sem individualização de bens.
art. 1.784 do CC: “aberta a sucessão, a herança transmite- do herdeiro e o objeto de seu direito é a herança. Importante
se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. ressaltar que a herança abrange tanto os ativos quanto os HERANÇA
A transmissão ocorre ainda que os herdeiros não tenham passivos, e o herdeiro assume a mesma posição jurídica do
conhecimento da morte e independe de qualquer ato pra- finado, sendo titular da totalidade ou de parte da universalidade 1. Conceito: herança é o patrimônio deixado pelo morto,
ticado por eles. Vale ressaltar que a posterior aceitação de direitos deixada por herança. A sucessão a título singular abrangendo seus bens, direitos e obrigações. A herança
da herança apenas confirma a transmissão, que ocorreu só se dá por meio de testamento. Ocorre quando o testador abrange, como se vê, tanto o ativo quanto o passivo do
no momento da abertura da sucessão (art. 1.804 do CC). deixa ao sucessor um bem certo e determinado ou vários bens morto. O direito de herança é garantido constitucionalmen-
Verifica-se, pois, que o direito de “saisine” constitui uma determinados, como um automóvel, uma casa etc. O sucessor te (art. 5º, XXX, CF). É importante lembrar que nem todas
ficção legal que tem por finalidade impedir que o patrimô- a título singular é chamado de legatário e o objeto de seu direito as relações jurídicas de que o “de cujus” era titular são
nio do “de cujus” fique temporariamente sem titular. é o legado. transferidas a seus herdeiros. Não integram a herança os
Para que ocorra a transmissão da herança é necessário A doutrina destaca, ainda, a denominada sucessão contratu- direitos e deveres sem conteúdo patrimonial, por exem-
que o herdeiro sobreviva ao “de cujus”, ainda que por al, pactícia ou pacto sucessório: é aquela regulada por meio plo, os direitos decorrentes do poder familiar, a tutela, a
pouco tempo. Em alguns casos, todavia, não é possível de um contrato que tem por objeto direitos sobre a herança de curatela etc.
determinar qual deles morreu primeiro, por exemplo, em uma pessoa que ainda não morreu. O Código Civil proíbe ex-
um acidente que resulta na morte de dois ou mais mem- pressamente esse tipo de contrato (art. 426). Alguns autores 2. Características. O direito à sucessão aberta é bem
bros da mesma família. Pode ser que um deles tenha so- sustentam que o art. 2.018 do CC, ao permitir que o ascenden- imóvel para os efeitos legais (art. 80, II, do CC). Em decor-
te faça a partilha em vida entre os descendentes, configuraria rência dessa característica, a cessão de direitos hereditá-

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rios somente pode ser realizada por escritura pública (art. 1. Aceitação da herança: Como visto anteriormente, a herança do CC). Conclui-se, portanto, que não existe a possibili-
1.793, “caput”, do CC). Além disso, exige-se a autorização transmite-se aos sucessores, desde logo, com a morte do autor dade de renúncia tácita ou presumida. Há, contudo, uma
do cônjuge para a cessão de cotas do herdeiro casado, da herança (princípio da “saisine”), não havendo necessidade exceção prevista no art. 1.913 do CC. Se o testador orde-
salvo se o regime de bens do casamento for o da sepa- de nenhuma providência por parte daqueles para que ocorra a nar ao sucessor que entregue coisa de sua propriedade a
ração absoluta. Outra característica da herança decorre transmissão. A lei prevê, entretanto, a necessidade de um ato outrem, o não cumprimento do encargo acarreta a presun-
do art. 1.791 do CC: “a herança defere-se como um todo que apenas confirme a transferência ocorrida no momento da ção de que renunciou à herança ou ao legado; b) é irre-
unitário, ainda que vários sejam os herdeiros”. A herança, abertura da sucessão. Fala-se, então, em aceitação da heran- vogável: assim como a aceitação, a renúncia da herança
como se vê, é indivisível até o momento da partilha. Cada ça, que é o ato pelo qual o herdeiro manifesta sua concordância é também irrevogável, não podendo o herdeiro emitir nova
um dos herdeiros tem direito a uma fração ideal da heran- com a transmissão dos bens do “de cujus”, ocorrida por lei com declaração de vontade para aceitar a herança.
ça. Enquanto perdurar a indivisibilidade, o direito dos co- a abertura da sucessão. Aceita a herança, torna-se definitiva
herdeiros quanto à propriedade e posse da herança será a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão 6. Espécies de renúncia. A renúncia pode ser: a) Abdi-
regulado pelas normas relativas ao condomínio. (art. 1.804 do CC). cativa, própria ou simples: é a renúncia propriamente
dita, ou seja, o herdeiro simplesmente abre mão do direito
3. Cessão de direitos hereditários. Conforme já men- 2. Características da aceitação: A aceitação da herança apre- hereditário e a transmissão tem-se por não verificada (art.
cionado, a herança de pessoa viva não pode ser objeto senta as seguintes características: a) é unilateral: aperfeiçoa- 1.804, parágrafo único, do CC). A parte do renunciante
de contrato. O Código Civil permite, porém, a cessão de se com uma única manifestação de vontade; b) é ato não- será acrescida à dos outros herdeiros da mesma classe;
direitos hereditários realizada após a abertura da suces- receptício: a aceitação é eficaz desde logo, não precisando ser b) Translativa ou imprópria: é a renúncia feita em favor
são. Assim, o herdeiro pode transferir a outrem seu direito comunicada a outrem para que produza efeitos; c) é indivisível: de alguém, ou seja, o herdeiro renuncia para que sua par-
à sucessão aberta ou o quinhão de que dispõe (art. 1.793 o herdeiro não pode aceitar uma parte da herança e recusar te seja destinada a determinada pessoa. Nesse caso, não
do CC). O cessionário assume a posição jurídica do ce- outra; d) é incondicional: significa que a aceitação da herança há tecnicamente renúncia, mas aceitação seguida de ces-
dente e recebe na partilha o que este haveria de receber. é sempre pura e simples, ou seja, o herdeiro não pode estipular são, sendo esses dois atos praticados ao mesmo tempo.
Exige-se escritura pública e outorga uxória ou autorização que aceita a herança somente sob determinada condição ou a LINK ACADÊMICO 3
marital para a prática desse negócio jurídico, tendo em vis- termo (art. 1.808, “caput”, do CC); e) é irrevogável: o ato de
ta o caráter imóvel do direito à sucessão aberta. aceitação da herança é irrevogável, isto é, uma vez manifestada EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
a concordância com a transmissão, o herdeiro não poderá voltar
CAPACIDADE PARA SUCEDER atrás para renunciar a herança (art. 1.812 do CC). 1. Introdução. A lei estabelece a ordem de vocação heredi-
tária de acordo com a vontade presumida do “de cujus”, ou
Capacidade para suceder é a aptidão para adquirir direitos 3 Espécies de aceitação. Há dois critérios de classifi- seja, leva-se em conta quem o autor da herança pretende-
sucessórios na qualidade de herdeiro ou legatário. Regra cação da aceitação da herança: 3.1. Quanto à forma ou ria beneficiar com seus bens após sua morte. É natural que
geral, legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já ao modo de exercício, a aceitação pode ser: a) Expressa: o “de cujus” pretenda favorecer pessoas pelas quais sente
concebidas no momento da abertura da sucessão (art. 1.798 é aquela feita por declaração escrita do herdeiro (art. 1.805, afeto e por isso a lei estabelece uma ordem de preferência
do CC). Somente pode ser chamado a suceder aquele que “caput”, 1ª parte do CC); b) Tácita: é aquela que decorre da entre os parentes mais próximos. Ocorre que, em alguns
sobreviver ao autor da herança, ainda que por pouco tempo. prática de atos próprios da qualidade de herdeiro, atos que casos, essas pessoas praticam atos ofensivos ao autor da
Se ambos morrerem ao mesmo tempo não haverá transmis- demonstrem a intenção de aceitar a herança, por exemplo, herança ou aos seus familiares e consequentemente per-
são de direitos entre eles, como visto no item que tratou da habilitar-se no inventário que está em andamento ou concordar dem o direito à herança, por serem consideradas indignas.
comoriência. O nascituro, como se vê, é chamado a suce- com as primeiras declarações feitas pelo inventariante. Alguns A indignidade é uma sanção civil que consiste na exclusão
der, embora não tenha personalidade jurídica. O seu direito atos, entretanto, não exprimem aceitação da herança, tais da sucessão de herdeiros ou legatários que praticaram
sucessório, entretanto, somente será consolidado se houver como os meramente conservatórios ou os de administração e atos ofensivos ao autor da herança ou aos seus familiares.
nascimento com vida. guarda provisória dos bens da herança (art. 1.805, §1º, do CC). A indignidade é aplicável a qualquer sucessor e dispensa
O Código Civil prevê exceções à regra geral de que são Também não haverá aceitação quando o herdeiro fizer cessão qualquer ato de manifestação de vontade do autor da he-
capazes de herdar as pessoas nascidas ou já concebidas gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros rança. Para efeitos jurídicos, o indigno é considerado como
no momento da abertura da sucessão. Dessa forma, po- (art. 1.805, §2º, do CC). Essa regra se justifica porque, nesse se morto fosse.
dem ser chamados a suceder por meio de testamento: a) a caso, o ato chamado de “cessão gratuita” é verdadeira renún- A indignidade guarda muita semelhança com a deserda-
prole eventual, ou seja, os filhos, ainda não concebidos, de cia, uma vez que a quota do referido herdeiro será acrescida ção, mas com ela não se confunde. Embora ambas tenham
pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao à dos outros de mesma classe (art. 1.810 do CC). Para que a mesma finalidade, qual seja, a de excluir da sucessão
abrir-se a sucessão; o herdeiro esperado somente herdará o herdeiro pudesse ceder seu direito à herança, seria neces- quem praticou atos condenáveis contra o de “cujus”, a in-
se for concebido em até dois anos da data da abertura da sário que ele aceitasse e depois transferisse o direito; c) Pre- dignidade decorre da lei, enquanto que na deserdação é
sucessão, caso contrário, os bens que lhe seriam destinados sumida, ficta ou provocada: essa modalidade de aceitação o autor da herança quem pune o responsável, em testa-
serão atribuídos aos herdeiros legítimos, salvo previsão em configura-se quando o herdeiro permanece em silêncio ao ser mento. A indignidade é um instituto da sucessão legítima,
sentido contrário no testamento (art. 1.800, §4º, do CC); A judicialmente provocado por qualquer interessado (um credor enquanto que a deserdação só pode ocorrer na sucessão
transmissão hereditária, nesse caso, é condicional, pois a do herdeiro, por exemplo). O legislador prevê que, vinte dias testamentária. Assim sendo, trataremos neste momento da
aquisição da herança subordina-se a evento futuro e incerto; após a abertura da sucessão, o interessado poderá reque- indignidade, e mais adiante da deserdação, dentro do con-
b) as pessoas jurídicas, de direito público ou de direito pri- rer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para que texto da sucessão testamentária.
vado; exige-se que a pessoa jurídica já tenha existência no o herdeiro declare se aceita ou não a herança. Se o herdeiro
momento da abertura da sucessão; c) as pessoas jurídicas, permanecer em silêncio durante esse período, configurar- 2. Causas de Indignidade. Não é qualquer ato ofensivo
cuja organização for determinada pelo testador sob a forma se-á a aceitação presumida da herança (art. 1.807 do CC). que a lei considera capaz de gerar a exclusão do indig-
de fundação; neste caso, a lei admite a possibilidade de uma O silêncio é interpretado como manifestação de vontade. Por no, mas somente os previstos no art. 1.814 do CC: “São
pessoa jurídica ainda não existente ser chamada a suceder. outro lado, pode ser que durante esse prazo o herdeiro ma- excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que
É importante frisar que essas exceções somente poderão ter nifeste sua renúncia à herança com o propósito de prejudicar houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicí-
incidência na sucessão testamentária, como prevê o “caput” seus credores. Veremos adiante o que ocorre nessa hipótese. dio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja su-
do art. 1.799 do CC. 3.2. Quanto ao agente ou à titularidade do direito de mani- cessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
Falta de legitimação na sucessão testamentária. festação, a aceitação pode ser: a) Direta: é aquela em que o descendente; II - que houverem acusado caluniosamente
O Código Civil fez previsão de algumas pessoas que não direito de aceitar pertence ao próprio herdeiro, o que ocorre na em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra
podem ser beneficiadas em determinada sucessão, ou seja, maioria dos casos; b) Indireta: ocorre quando alguém aceita a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que,
pessoas que não têm legitimidade para suceder. O art. 1.801 a herança pelo herdeiro, ou seja, a legitimidade para aceitar a por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o
estabelece que não podem ser nomeados herdeiros nem herança pertence a outra pessoa. A lei prevê três hipóteses em autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato
legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, que ela ocorre: b.1.) Quando o herdeiro estiver sujeito a tutela de última vontade.”
nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes ou curatela, compete ao tutor, com autorização do juiz, aceitar
e irmãos; II – as testemunhas do testamento; III - o concubi- heranças e legados (art. 1.748, II, do CC); b.2.) Se o herdeiro 3. Declaração da Indignidade. O simples fato de o herdei-
no do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver falecer antes de declarar se aceita a herança, o poder de acei- ro praticar um dos atos acima mencionados não acarreta a
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tar passará aos seus sucessores, exceto se a disposição for sua automática exclusão da sucessão. Para que o indigno
tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante subordinada a uma condição suspensiva ainda não verificada seja excluído, é necessário o reconhecimento da causa
quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testa- (art. 1.809 do CC); b.3.) Quando o herdeiro insolvente renunciar de indignidade em sentença proferida em ação própria.
mento. A disposição testamentária em favor de pessoa não a herança em prejuízo de seus credores, haja ou não má-fé. Os Com efeito, dispõe o art. 1.815 do CC que “a exclusão do
legitimada a suceder será considerada nula, ainda quando credores prejudicados poderão, com autorização do juiz, aceitar herdeiro ou do legatário, em qualquer desses casos de in-
simulada sob a forma de contrato oneroso ou feita mediante a herança em nome do renunciante. A habilitação dos credores dignidade, será declarada por sentença”. Qualquer herdeiro
interposta pessoa (art. 1.802 do CC). O legislador determinou se fará no prazo de trinta dias do conhecimento do fato. Pagas que seria diretamente beneficiado com a exclusão tem legi-
que certas pessoas sempre presumir-se-ão interpostas, tais as dívidas, o valor remanescente será devolvido aos demais timidade para propor esta ação. O direito de propor a ação
como os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o côn- herdeiros (art. 1.813 do CC). de indignidade extingue-se no prazo decadencial de quatro
juge ou companheiro do não legitimado a suceder (art. 1.802, anos, contados da abertura da sucessão (art. 1.815, pará-
parágrafo único, do CC). O testador pode, no entanto, estipular 4. Renúncia da herança. Renúncia é o ato pelo qual o suces- grafo único, do CC). Declarada a indignidade, o herdeiro
disposição testamentária que beneficie o filho de sua concubi- sor declara, expressamente, sua intenção de não participar da perde o direito hereditário.
na, desde que seja seu filho também (art. 1.803 do CC). sucessão, recusando-se a assumir a qualidade de herdeiro que
LINK ACADÊMICO 2 lhe é atribuída. 4. Perdão do indigno. O art. 1.818 do CC prevê a possi-
bilidade de o indigno ser perdoado pela prática dos atos
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA 5. Características da renúncia: a) é solene: a lei exige forma ofensivos ao “de cujus” ou aos seus familiares, ocasião em
especial para a prática da renúncia, que só pode ser manifesta- que poderá ser contemplado com os bens da herança. O
DA HERANÇA da por meio de instrumento público ou termo judicial (art. 1.806 perdão é concedido sempre pelo ofendido e pode ser ex-

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presso ou tácito. Será expresso quando manifestado por grafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da além do direito de meação, o cônjuge também tenha direi-
testamento ou outro ato autêntico. O perdão, portanto, tem herança não houver deixado bens particulares”. to sobre parte da herança. Assim, o cônjuge sobrevivente
caráter solene, pois a lei exige forma especial para sua Como se vê, o legislador defere a herança em primeiro lugar pode ser apenas meeiro, meeiro e herdeiro, apenas her-
efetivação. Assim, só será válido quando concedido por à classe dos descendentes, em concorrência com o cônjuge deiro ou não ter direito à meação nem à herança.
meio de uma das duas formas mencionadas. O perdão é sobrevivente. Vamos analisar, nesse primeiro momento, a su- Feitas essas considerações sobre a meação, vamos
irretratável. Uma vez concedido, não pode ser posterior- cessão dos descendentes. Como se sabe, os parentes de grau analisar as hipóteses em que o legislador excluiu o di-
mente cancelado, ainda que o testamento no qual fora mais próximo excluem os de grau mais remoto, via de regra. reito sucessório do cônjuge sobrevivente. No regime da
concedido venha a ser revogado. O perdão tácito verifica- Assim, se o “de cujus” deixou como herdeiros somente um fi- comunhão universal o cônjuge supérstite não terá direito à
se somente por meio de testamento e ocorrerá quando lho e um neto, o filho receberá a totalidade da herança, pois herança se houver descendentes do morto, uma vez que
o testador contemplar o indigno após ter conhecimento é o parente de grau mais próximo. Há casos, entretanto, em já receberá parte dos bens a título de meação. Nesse regi-
da ofensa. Neste caso, o indigno poderá suceder só até que a lei permite que um herdeiro de grau mais remoto receba me, há comunicação de quase todos os bens, razão pela
o limite da disposição testamentária (art. 1.818, parágrafo a herança representando um herdeiro de grau mais próximo. qual a meação será calculada sobre praticamente todo o
único, do CC). Fala-se, então, em direito de representação. patrimônio. O legislador decidiu excluir o sobrevivente da
LINK ACADÊMICO 4 Direito de representação. A transmissão da herança aos sucessão porque este já receberá a meação calculada
descendentes pode ocorrer de duas formas diferentes. Se os sobre todo o patrimônio, não havendo necessidade de
HERANÇA JACENTE descendentes ocuparem o mesmo grau (todos são filhos, ou receber herança para garantir sua estabilidade material.
todos são netos, por exemplo), haverá sucessão por cabeça Como se vê, nessa hipótese o cônjuge sobrevivente é
A transmissão dos bens aos herdeiros do “de cujus” dá-se (“per capta”) ou por direito próprio. Nesse caso, a herança é di- apenas meeiro.
no momento da abertura da sucessão (princípio da “sai- vidida em partes iguais entre os herdeiros. Se os descendentes O regime da separação obrigatória será necessariamen-
sine”). Em alguns casos, entretanto, o autor da herança ocuparem graus diferentes, a herança pode não ser dividida de te adotado sempre que presente uma das hipóteses do
morre sem ter deixado testamento, e não há conhecimen- forma igualitária entre eles. Nessa hipótese, haverá sucessão art. 1.641 do CC. Nesse regime, não há comunicação de
to da existência de herdeiro algum, logo, não ocorre a por estirpe ou por direito de representação. bens (art. 1.687 do CC). O cônjuge sobrevivente não terá
transferência dos bens da herança, que passa a ser con- Estabelece o art. 1.851 do CC: “dá-se o direito de representa- direito à herança, mas, nesse caso, o motivo que o exclui
siderada jacente. Herança jacente, portanto, é a massa ção, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder da sucessão é diferente do motivo da hipótese anterior.
indivisa de bens deixada por quem morreu sem herdeiros em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse”. O No presente caso, se o cônjuge não adquiriu direito sobre
conhecidos. A herança permanece jacente enquanto não direito de representação ocorre também quando o descendente os bens do outro em vida, com muito mais razão não deve
tiver titular, ou seja, da abertura da sucessão até o surgi- for excluído da sucessão por indignidade ou por deserdação. adquirir por ocasião da morte do autor da herança, desde
mento de algum herdeiro ou até a transmissão ao Poder Por isso se diz que o indigno ou deserdado é considerado como que este tenha deixado descendentes. Dessa forma, o
Público. O estado de jacência da herança, como se vê, se morto fosse, pois as consequ ências são as mesmas, ou seja, cônjuge supérstite não terá direito à meação nem à heran-
é sempre transitório. Importante esclarecer que o termo seus descendentes herdam pelo direito de representação. ça, repita-se, desde que haja descendentes do “de cujus”.
“herança jacente” se justifica porque a herança jaz, per- O direito de representação dá-se na linha reta descendente, Por fim, não podemos deixar de mencionar o equívoco
manece imóvel, estacionária, durante o período em que mas nunca na ascendente (art. 1.852 do CC). Dessa forma, contido na redação do art. 1.829, I, do CC, ao referir-se
não tem um titular. na sucessão dos ascendentes, não há exceção à regra de que ao art. 1.640, parágrafo único; a referência correta seria
Estabelece o art. 1.819 do CC que “falecendo alguém sem o mais próximo exclui o mais remoto. Já na linha colateral ou ao art. 1.641, pois neste estão as causas que acarretam a
deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente transversal, o direito de representação somente se dá em fa- adoção do regime da separação obrigatória.
conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, vor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste O legislador refere-se, ainda, ao regime da comunhão
ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a concorrerem (art. 1.853 do CC). Em todos os casos de repre- parcial de bens em que o autor da herança não deixou
sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à de- sentação os representantes só podem herdar o que herdaria bens particulares. Nesse regime, o cônjuge sobrevivente
claração de sua vacância”. Realizada a arrecadação dos o representado, se vivo fosse (art. 1.854 do CC). Observa-se, só participará da herança se houver bens particulares dei-
bens, o juiz mandará expedir edital, que será publicado ainda, que o quinhão do representado é sempre dividido por xados pelo “de cujus”, como se verá adiante. No regime
três vezes, com intervalo de trinta dias para cada um, para igual entre os representantes (art. 1.855 do CC). Importante ora analisado comunicam-se os bens adquiridos onerosa-
que venham a habilitar-se os sucessores do finado (art. frisar que o direito de representação não existe em favor dos mente durante a constância do casamento, ainda que em
1.152 do CPC). Se algum herdeiro se habilitar, a arrecada- descendentes do herdeiro que renunciou à herança. Dessa for- nome de um só dos cônjuges, bem como todos os bens
ção dos bens será convertida em inventário. ma, se o filho do “de cujus” renunciou à herança, os netos não que se incluam em uma das hipóteses do art. 1.660 do
Decorrido o período de um ano após a publicação do pri- poderão herdar representando-o. CC. Os demais bens integram o patrimônio particular de
meiro edital, sem que haja herdeiro habilitado ou penda cada um dos cônjuges. Se o autor da herança não deixou
habilitação, será a herança declarada vacante. A declara- SUCESSÃO DO CÔNJUGE nenhum bem particular, o sobrevivente terá direito, a título
ção de vacância dá-se por meio de sentença judicial, que de meação, à metade de todos os bens deixados pelo “de
produz dois efeitos: a) exclui da sucessão os parentes co- EM CONCORRÊNCIA cujus”. O cônjuge, portanto, será apenas meeiro e não terá
laterais do “de cujus”, que não terão mais direito aos bens COM OS DESCENDENTES participação sobre a herança, que será destinada aos des-
da herança caso apareçam posteriormente; b) transmite a cendentes do falecido.
herança ao Poder Público, que adquire a propriedade dos Estabelece o art. 1.829 do CC que “a sucessão legítima defere- Essas são as três hipóteses em que o cônjuge supérstite
bens em caráter resolúvel. se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência deixa de herdar em concorrência com os descendentes
Decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o faleci- do morto, conforme determina o art. 1.829, I, do CC. Va-
serão definitivamente incorporados ao domínio do Municí- do no regime da comunhão universal, ou no da separação obri- mos analisar agora as situações em que o cônjuge sobre-
pio ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas gatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime vivente concorre com os descendentes do “de cujus”, ou
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado seja, os casos em que a herança será dividida entre os
quando situados em território federal. bens particulares”. descendentes e o cônjuge.
Superada a análise da primeira parte do dispositivo acima No regime da comunhão parcial de bens, se o autor da he-
transcrito, vamos examinar agora a sucessão do cônjuge em rança tiver deixado bens particulares (arts. 1.659 e 1.661),
ORDEM DA VOCAÇÃO concorrência com os descendentes. O cônjuge sobrevivente o sobrevivente terá direito, além da meação, à herança
HEREDITÁRIA não terá sempre direito à herança. “Somente é reconhecido em relação aos bens particulares. Nesse caso o cônjuge
direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da é meeiro e herdeiro. Prevalece na doutrina que a quota da
A sucessão legítima ou “ab intestato” é aquela que decorre morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem se- herança do cônjuge será calculada somente em relação
da própria lei. É subsidiária em relação à sucessão tes- parados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, aos bens particulares, e não sobre todo o espólio. Há,
tamentária e ocorre nas hipóteses previstas no art. 1.788 de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do contudo, entendimento em sentido contrário.
do CC. Nesses casos, ou seja, quando não há disposição sobrevivente” (art. 1.830 do CC). Nesses casos, ainda que não Quando o regime de bens for o da separação absoluta
testamentária determinando o destino de algum bem, a haja descendentes, o cônjuge não terá direito sucessório. ou convencional o cônjuge sobrevivente concorre com os
própria lei estabelece a quem ele será atribuído, presumin- Nota-se, pela redação do art. 1.829, I, do CC, que além de veri- descendentes. Nesse caso o cônjuge é herdeiro, mas não
do a vontade do autor da herança. O legislador estabelece ficar o estado civil do “de cujus”, deve-se averiguar o regime de meeiro, pois nesse regime os bens não se comunicam
uma ordem preferencial entre os familiares do autor da bens do casamento para saber se o cônjuge sobrevivente terá durante a constância da união conjugal. Ressalte-se que
herança. Assim, os mais próximos têm preferência diante ou não direito a concorrer com os descendentes. esse regime é o escolhido livremente pelos cônjuges e for-
dos mais remotos, sendo que estes só serão contempla- Se o regime de bens for algum dos mencionados no inciso aci- malizado por pacto antenupcial. O art. 1.829, I, refere-se
dos na hipótese de inexistência daqueles. Essa ordem ma transcrito, o cônjuge sobrevivente não terá qualquer direito à ao regime da separação legal ou obrigatória (art. 1.641),
preferencial entre os herdeiros é denominada de “ordem herança, que será atribuída exclusivamente aos descendentes. não se aplicando ao regime ora analisado.
da vocação hereditária” e está prevista no art. 1.829 do Isso não significa, porém, que o cônjuge nada receberá com a No regime da participação final nos aquestos o cônjuge
CC. A sucessão que não obedecer à referida ordem será morte do autor da herança, pois, em alguns casos, terá direito sobrevivente também concorre com os descendentes do
considerada “anômala” ou “irregular”, como já menciona- à meação. Não se pode confundir, pois, direito sucessório com “de cujus”.
do anteriormente. direito de meação. Meação é o conjunto de bens que seria atri- Garantia de um quarto da herança ao cônjuge sobrevi-
buído ao cônjuge se o casamento tivesse sido dissolvido em vente. Nos casos em que em que o cônjuge sobrevivente
SUCESSÃO DOS vida pela separação judicial ou divórcio. Essa porção ideal dos concorre com os descendentes do “de cujus”, seu quinhão
DESCENDENTES bens comuns já pertencia ao cônjuge durante a união conjugal. será igual ao que couber a cada um dos descendentes
O direito de meação decorre do regime de bens do casamento. por cabeça. A lei determina, contudo, que se o cônjuge
Estabelece o art. 1.829 do CC que “a sucessão legítima O cônjuge que tem direito à meação é chamado de cônjuge for ascendente dos herdeiros com quem concorrer, sua
defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em meeiro. quota não poderá ser inferior à quarta parte da herança
concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casa- Dessa forma, o patrimônio deixado pelo “de cujus” pode ser di- (art. 1.832 do CC).
do este com o falecido no regime da comunhão universal, vidido em duas partes: a meação (quando houver) do cônjuge Direito real de habitação. Estabelece o art. 1.831 que:
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, pará- sobrevivente e a herança. É possível que, em alguns casos, “ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de

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bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que quotas diferentes em determinadas circunstâncias. Os irmãos ral, personalíssimo, gratuito, solene e revogável pelo qual
lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativa- podem ser classificados em bilaterais ou unilaterais. Irmãos bi- alguém, na forma da lei, dispõe sobre seus bens, no todo
mente ao imóvel destinado à residência da família, desde laterais são os filhos do mesmo pai e da mesma mãe, também ou em parte, ou faz outras disposições para depois da sua
que seja o único daquela natureza a inventariar”. Dessa chamados de irmãos germanos. Irmãos unilaterais são aqueles morte.
forma, ainda que o cônjuge não seja herdeiro, terá o direito cuja ascendência comum é apenas paterna ou materna. Con- Vejamos de que forma cada uma dessas características
real de habitação (arts. 1.225 e 1.414, ambos do CC). correndo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos se apresenta no testamento:
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um Unilateral: é ato unilateral, visto sua constituição depen-
SUCESSÃO DOS daqueles herdar (art. 1.841 do CC). Assim, os irmãos bilaterais der da vontade de uma só pessoa, ou seja, do testador.
ASCENDENTES receberão sempre o dobro da quantia destinada aos irmãos Irrelevante o fato de eventualmente ser possível que o her-
unilaterais. Se, todavia, todos os herdeiros forem irmãos unila- deiro renuncie à herança, pois a classificação se baseia no
Os ascendentes (pais, avós, bisavós etc.) compõem a se- terais (irmãos apenas por parte de pai ou apenas por parte de momento da constituição do negócio.
gunda classe na ordem de vocação hereditária. Se o “de mãe), herdarão em partes iguais (art. 1.842 do CC). Personalíssimo: é ato personalíssimo, pois somente
cujus” não tiver deixado descendentes, serão chamados à Os irmãos, como já dito, são parentes na linha colateral em à pessoa que vai testar cabe a disposição de bens. Em
sucessão, em concorrência com o cônjuge, os ascenden- segundo grau. Na falta de irmãos, são chamados a herdar nosso ordenamento não se admite o testamento feito por
tes, conforme dispõe o art. 1.829, II: “A sucessão legítima os colaterais de terceiro grau, ou seja, os tios e sobrinhos do procurador, ou mesmo o conjunto, por duas ou mais pes-
defere-se na ordem seguinte: I -... II - aos ascendentes, em morto. A lei estabelece, entretanto, uma ordem preferencial soas no mesmo instrumento (testamento de mão comum
concorrência com o cônjuge”. entre estes herdeiros, embora o vínculo seja de terceiro grau ou mancomunado), seja simultâneo, recíproco ou corres-
Vale ressaltar, novamente, que na sucessão dos ascen- em ambos os casos. Assim, na falta de irmãos, herdarão os pectivo.
dentes não há direito de representação, razão pela qual sobrinhos do autor da herança. Os tios somente serão cha- Gratuito: é gratuito, pois se realiza por meio da transmis-
o parente de grau mais próximo sempre exclui o de grau mados a suceder quando não houver sobrinhos (art. 1.843 do são de bens independentemente de contraprestação; não
mais remoto, sem distinção de linhas (art. 1.836, §1º, do CC). Se concorrerem à herança somente sobrinhos do autor visa à obtenção de vantagens para o testador.
CC). Na sucessão dos ascendentes, ocorre a chamada da herança, a sucessão dar-se-á por cabeça (art. 1.843, §1º, Solene: é ato solene, pois deve obedecer a formalida-
sucessão por linhas ou “in lineas”. Assim, os ascenden- do CC). Aos sobrinhos também se aplica a regra utilizada na des essenciais prescritas em lei, as quais poderão variar
tes do morto podem ser divididos em dois grupos, um divisão da herança entre os irmãos. Assim, se concorrerem dependendo da modalidade do testamento, mas sempre
paterno e outro materno. Estabelece o art. 1.836, §2º, filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, estarão presentes.
que: “havendo igualdade em grau e diversidade em linha, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um Revogável: é revogável, pois cabe ao testador decidir se
os ascendentes da linha paterna herdam a metade, ca- daqueles (art. 1.843, §2º, do CC). Se todos forem filhos de mantém ou não o testamento, sem precisar motivar, tor-
bendo a outra aos da linha materna”. Se o “de cujus”, por irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por nando sem efeito o testamento anterior. É nula a cláusula
exemplo, tem como herdeiros apenas um avô paterno e igual (art. 1.843, §3º, do CC). Somente na falta de sobrinhos, que proíbe a sua revogação.
os dois avós maternos, a herança será dividida em duas repita-se, os tios serão chamados a suceder. Na falta de tios,
partes. Uma será destinada ao avô paterno e a outra será serão chamados a suceder os colaterais de quarto grau, ou Capacidade para testar e para adquirir por testamen-
novamente dividida entre os avós maternos. Verifica-se, seja, os primos, tios-avós e sobrinhos-netos, que receberão a to. Para que o indivíduo possa manifestar sua vontade
portanto, que a quota desses três herdeiros será diferente, herança em partes iguais. para após a sua morte, por meio de testamento, é preciso
apesar de todos serem ascendentes de segundo grau. LINK ACADÊMICO 5 que ele seja portador da capacidade testamentária ati-
va, ou seja, capacidade para fazer testamento. Ser titular
SUCESSÃO DO CÔNJUGE SUCESSÃO DO de capacidade testamentária ativa é a regra. Apenas ex-
cepcionalmente a lei limita essa capacidade. Assim, são
EM CONCORRÊNCIA COMPANHEIRO incapazes para testar, conforme o art. 1860 do Código
COM OS ASCENDENTES SOBREVIVENTE Civil, a) os menores de 16 anos; b) os enfermos ou de-
ficientes mentais; c) os que, ao testar, não estiverem em
Na segunda classe da ordem de vocação hereditária A união estável entre homem e mulher é reconhecida como seu perfeito juízo; d) os que, mesmo por causa transitória,
encontram-se os ascendentes, em concorrência com o entidade familiar pela Constituição Federal (art. 226, §3º) e não puderem exprimir sua vontade.
cônjuge (art. 1.829, II, do CC). Se o “de cujus” tiver dei- está regulamentada nos arts. 1.723 a 1.727 do Código Civil. Ao mesmo tempo em que se preocupa com a capacidade
xado somente ascendentes e cônjuge, a herança será A caracterização da união estável garante ao companheiro so- testamentária ativa, a lei se preocupa com a capacida-
sempre dividida entre eles, seja qual for o regime de bens brevivente o direito de participação na herança do morto, nos de testamentária passiva, ou seja, a capacidade para
do casamento. Se o cônjuge concorrer com ambos os pais termos do art. 1.790 do CC. Embora o companheiro sobrevi- adquirir por testamento. Também nesse caso a regra é a
do “de cujus”, terá direito a um terço da herança. Se, por vente seja considerado herdeiro legítimo, uma vez que o seu capacidade, sendo capazes para receber por testamento
outro lado, concorrer com apenas um dos pais ou com as- chamamento dá-se por força da lei, não possui ele os mesmos todas as pessoas, físicas ou jurídicas, existentes ao tem-
cendente de grau maior (avós, bisavós etc.), sua cota será direitos do cônjuge sobrevivente. O legislador estabeleceu re- po da morte do testador e não havidas como incapazes
metade da herança (art. 1.837 do CC). gras diferentes para a sucessão no casamento e a sucessão (CC, arts 1.798 e 1.799). A incapacidade é exceção. São
na união estável. incapazes para adquirir por testamento apenas as pes-
SUCESSÃO DO CÔNJUGE, Em primeiro lugar, deve-se registrar que a participação do com- soas mencionadas nos artigos 1799 e 1.801, ambos do
panheiro ou companheira na sucessão do outro limita-se aos Código Civil.
NA FALTA DE DESCENDENTES bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável
E DE ASCENDENTES (art. 1.790, “caput”, do CC). Assim, o companheiro não terá Formas do testamento: O testamento é um ato extrema-
qualquer direito sucessório sobre os bens adquiridos pelo “de mente solene. Podemos dizer que, ao lado do casamento,
Se o “de cujus” não tiver deixado descendentes nem as- cujus” antes da união estável, a título oneroso ou gratuito, e so- o testamento é o ato mais formal do Direito Brasileiro. Exi-
cendentes, será chamado à sucessão o cônjuge, confor- bre os bens adquiridos a título gratuito durante a união estável. ge forma escrita e requisitos “ad substantiam”, cuja ino-
me dispõe o art. 1.829, III: “A sucessão legítima defere-se Esses bens serão destinados aos parentes do morto, de acordo bservância torna nula a manifestação de última vontade.
na ordem seguinte: I -... II-... III – ao cônjuge sobreviven- com a ordem de vocação hereditária prevista no art. 1.829 do Não se admite, portanto, testamento fora dos modelos
te”. No mesmo sentido, o art. 1.838 do CC: “em falta de CC. Importante ressaltar que a meação do companheiro sobre- legais. Em nosso Direito existem três formas de testamen-
descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão vivente será calculada também sobre os bens adquiridos one- tos “ordinárias” e três formas de testamentos “especiais”.
por inteiro ao cônjuge sobrevivente”. Neste caso, o côn- rosamente durante a união estável, salvo se houver contrato Formas ordinárias de testamento: testamentos ordiná-
juge sobrevivente receberá toda a herança, seja qual for escrito em sentido diverso (art. 1.725 do CC). rios são aqueles que podem ser adotados por qualquer
o regime de bens. É sempre bom lembrar que o cônjuge O direito sucessório do companheiro dá-se na seguinte ordem: pessoa nas condições normais de sua existência. Há, no
somente terá direito sucessório se, ao tempo da morte do I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota sistema brasileiro, três espécies de testamento ordinário,
outro, não estavam separados judicialmente, nem separa- equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer quais sejam, o testamento público, o cerrado e o particu-
dos de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a meta- lar.
de que a convivência se tornara impossível sem culpa do de do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com O testamento público é escrito por tabelião, de acordo
sobrevivente (art. 1.830 do CC). outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; com o que for ditado ou com as declarações do testador,
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade em presença de duas testemunhas. Só pode ser feito em
SUCESSÃO DOS COLATERAIS da herança. idioma nacional. Deve ser lido em voz alta pelo tabelião ao
LINK ACADÊMICO 6 testador, na presença de duas testemunhas. Ao cego só
Os colaterais só serão chamados à sucessão, como se permite o testamento público, que lhe será lido em voz
herdeiros legítimos, se o “de cujus” não tiver deixado des- SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA alta duas vezes, uma pelo tabelião, ou por seu substituto
cendentes, ascendentes e cônjuge, conforme determina legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo
o art. 1.829, IV, do CC. São parentes em linha colateral, Diferentemente da sucessão legítima, que ocorre no silêncio do testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no
transversal ou oblíqua as pessoas provenientes de um de “cujus” acerca do destino a ser dado aos seus bens após a testamento, conforme disposto no artigo 1.867 do Código
só tronco, sem descenderem uma da outra (art. 1.592 do sua morte e, justamente por isso, é considerada a “vontade pre- Civil. O analfabeto também só pode testar por meio da
CC). Na classe dos colaterais, os mais próximos também sumida” do de “cujus”, a sucessão testamentária ocorre quando forma pública.
excluem os mais remotos. Assim, entre os tios e os irmãos há expressa manifestação de vontade do de “cujus” acerca do O testamento cerrado, também chamado secreto ou mís-
do “de cujus”, estes últimos receberão a herança, da mes- destino a ser dado aos seus bens e direitos após a sua morte. tico, é escrito pelo próprio testador, ou por alguém a seu
ma forma que entre tios e primos do morto, os tios terão di- A vontade do de “cujus” é a causa fundamental desta forma de rogo, só tendo eficácia após o auto de aprovação lavrado
reito à sucessão, pois são parentes de grau mais próximo. sucessão, e será representada por meio de documento escrito por oficial público, na presença de duas testemunhas.
A lei concede, entretanto, o direito de representação aos (testamento ou codicilo). Assim, a herança será atribuída às Pode ser datilografado ou manuscrito. Deve ser entregue
sobrinhos do autor da herança (arts. 1.840 e 1.853). pessoas designadas pelo testador em ato de última vontade ao oficial do cartório, na presença de duas testemunhas,
Estabelece a lei uma regra especial para determinar o qui- (testamento). devendo o testador dizer que aquele é seu testamento, e
nhão dos irmãos do autor da herança, que podem receber Doutrinariamente, o testamento é definido como o ato unilate- que deseja tê-lo registrado. Em seguida, o oficial procede

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a leitura silenciosa do testamento, para verificar se não Revogação do testamento legado, sendo as principais as seguintes:
existem falhas formais. Estando conforme, redige o auto A revogação do testamento é o ato pelo qual o testador torna Legado de coisa alheia: o artigo 1.912 do Código Civil
e o lê em voz alta para o testador e as testemunhas. Em ineficaz um testamento anterior, manifestando vontade contrá- estabelece que é nulo o legado de coisa alheia, admitindo-
seguida, procede a lacração do testamento e seu registro ria à expressa anteriormente. A revogação somente pode ser se três exceções: a) se, depois de feito o testamento, a
(art. 1868, CC). feita por meio de um novo testamento, que não precisa ser coisa alheia vier a integrar o patrimônio do testador (CC,
O testamento particular, também chamado testamen- constituído na mesma forma do revogado. Assim, um testa- art. 1912); b) quando o testador determina que o herdeiro,
to hológrafo (expressão que deriva das palavras gregas mento público pode ser revogado por um testamento particular, ou o legatário entregue coisa de sua propriedade a ou-
holos, que significa inteiro, e graphien, que significa es- ou por qualquer outra modalidade. O que importa é que o novo trem, sob pena de se entender que renunciou à herança
crever), deve ser inteiramente escrito e assinado pelo testamento seja válido. ou ao legado (cc, art 1.913); c) quando há legado de coisa
testador, lido perante três testemunhas e por elas também Desse modo, a revogação não valerá se o novo testamento for móvel que se determine pelo gênero ou pela espécie (CC,
assinado (CC, art. 1.876). Pode ser escrito em língua anulado, seja por infração de solenidades essenciais, seja por art.1.915).
nacional ou estrangeira, contanto que as testemunhas a outros vícios, como por exemplo pela incapacidade do testador Legado de crédito ou de quitação de dívida (artigo
compreendam (CC, art. 1.880). O testamento particular é no momento de sua constituição. Por outro lado, a revogação 1.918 do Código Civil): no legado de crédito, o devedor é
facultado apenas aos que podem ler e escrever, não se permanecerá se o testamento caducar (por exclusão ou pré- terceiro, caracterizando-se verdadeira cessão de crédito.
admitindo a assinatura a rogo. Uma vez morto o testador, morte do herdeiro nomeado, por exemplo). O testamento ca- O legado será de quitação de dívida, se o devedor for o
será necessário que pelo menos uma das testemunhas re- duco é originalmente válido, e só não é cumprido em razão de próprio legatário.
conheça sua autenticidade em juízo. Se todas as testemu- algum problema com o beneficiário ou com a coisa deixada. Legado de alimentos: o artigo 1.920 do Código Civil es-
nhas falecerem, ou não forem encontradas, ou porventura Também não existe repristinação das disposições testamentá- tabelece que “o legado de alimentos abrange o sustento, a
não reconhecerem a autenticidade do testamento, este rias, ou seja, não se restaura o testamento revogado em razão cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além
não será cumprido (art. 1878, CC). O Código Civil prevê da simples revogação do testamento que o revogou. Para que da educação, se ele for menor”.Os alimentos testamentá-
ainda, em seu artigo 1879, que em circunstâncias excep- se restaurem as disposições originais, é preciso que o novo tes- rios não se confundem com os alimentos legais.
cionais, que devem ser declaradas no próprio documento, tamento expressamente o determine. Legado de imóvel: no legado de imóvel, estabelece o
o testamento particular de próprio punho e assinado pelo Podemos classificar a revogação do testamento em total ou artigo 1.922 do Código Civil que “se aquele que legar um
testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado a crité- parcial, bem como expressa ou tácita. imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda
rio do juiz. Isto poderá ocorrer em circunstâncias em que Total: quando o testador posteriormente retira, completamente, que contíguas, não se compreendem no legado, salvo
seja impossível a constituição formal do testamento, como a eficácia das disposições precedentes. Todas as disposições expressa declaração em contrário do testador”. A restrição
por exemplo em incêndios, desabamentos, revoluções, ou testamentárias são alteradas, restando sem efeito as anterior- é voltada para as ampliações ou os acréscimos externos
ainda quando o testador residir em local ermo, sem conta- mente estabelecidas. Não atinge, contudo, a parte não patrimo- ao imóvel não-classificados como benfeitorias (parágrafo
to com pessoas que possam servir de testemunhas. nial, salvo se realizada de forma expressa. único do art.1.922).
Formas especiais de testamento: testamentos espe- Parcial: o testamento novo modifica em parte o testamento an- Legado de usufruto: não fixando o tempo do legado de
ciais são testamentos permitidos apenas em circunstân- terior, subsistindo o que não for contrário ou incompatível com usufruto, entende-se que o testador o fez para toda a vida
cias excepcionais, ou ainda, quando certas pessoas são o posterior. do legatário – usufruto vitalício (artigo 1.921 do Código Ci-
colocadas em circunstâncias particulares. O Direito Bra- Expressa: quando conste claramente no novo testamento a vil). Com a morte do legatário, consolida-se o domínio do
sileiro admite três modalidades de testamentos especiais, revogação do anterior. nu-proprietário, que pode ser um herdeiro ou terceiro.
a saber: Tácita: resulta de disposição diferente e incompatível com a
Testamento marítimo ou aeronáutico: poderá ocorrer disposição anterior. Efeitos dos Legados
quando o testador estiver a bordo de navios de guerra ou O artigo 1.784 do Código Civil estabelece que “aberta a
mercante, em viagens de alto-mar (CC, art.1.888). Pode Rompimento do testamento sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos her-
ter forma assemelhada ao testamento público ou ao testa- O testamento estará rompido na hipótese de sobrevir descen- deiros legítimos e testamentários”; o mesmo não ocorre
mento cerrado. O artigo 1.891 do Código Civil estabelece dente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhe- a respeito da posse e da propriedade do legado. Quanto
o prazo de eficácia dessa forma especial de testamento: cia quando testou, se esse descendente sobreviver ao testador ao legado, o artigo 1.923 dispõe que “desde a abertura
“caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o (art. 1973 CC). Trata-se de presunção legal de que se o testador da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, exis-
testador não morrer na viagem, nem nos 90 (noventa) dias soubesse da existência desse descendente, não teria disposto tente no acervo, salvo se o legado estiver sob condi-
subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa de seus bens por meio de testamento. ção suspensiva”. Assim, o legatário adquire apenas a
fazer, na forma ordinária, outro testamento”. propriedade de coisa certa. Caso se trate de legado de
Testamento militar: é declaração de última vontade fei- Caducidade do Testamento: caducidade é a perda da eficácia coisa incerta, ou fungível, somente será adquirida com
ta por militares e demais pessoas a serviço do Exército, do testamento, por ocorrência de fato superveniente que torne a partilha.
dentro ou fora do País, que estejam participando de opera- prejudicado o objeto testado, ou que impossibilite a recepção Quanto à posse, a abertura da sucessão faculta ao
ções de guerra. Comporta três formas: a) assemelhado ao da coisa pelo favorecido. Como exemplo podemos relacionar legatário apenas a possibilidade de requerê-la aos her-
público; b) assemelhado ao cerrado; c) nuncupativo, qual o herdeiro pré-morto ao testador. Assim, se o testador beneficia deiros, não podendo obtê-la por sua própria força, sob
seja aquele feito de viva voz, perante duas testemunhas, determinada pessoa como seu único herdeiro testamentário, e pena de incorrer no crime de exercício arbitrário das
por pessoas empenhadas em combate ou feridas, confor- no momento da morte do testador o beneficiário já se encontra próprias razões.
me estabelece o artigo 1.896 do Código Civil. morto (ou impossibilitado de receber a herança por alguma ou- Os herdeiros não são obrigados a cumprir de imediato o
tra razão), ocorre a caducidade. legado, podendo antes verificar se o espólio é solvente,
Codicilo Poderá ocorrer também quando for impossível a entrega da coi- visto que se as dívidas absorverem por completo o patri-
Podemos conceituar codicilo como o ato de última von- sa, por inexistência da coisa. Quando, por exemplo, for legado mônio, os legados concorrerão para o seu pagamento.
tade destinado a tratar de disposições de pequeno valor. um determinado bem a alguém, e no momento da morte do
Não é exigida grande formalidade na sua constituição, jus- testador este bem não existir mais em seu patrimônio, ocorrerá Direito de Acrescer
tamente por conter disposições sem conteúdo patrimonial também a caducidade. Denomina-se direito de acrescer o direito pelo qual, haven-
relevante. do dois ou mais herdeiros ou legatários conjuntos sobre o
Será suficiente para considerar-se válido o codicilo que Disposições testamentárias mesmo bem ou bens, e vindo a faltar um deles em razão
ele tenha a forma escrita, devendo ser inteiramente escrito Uma vez que conhecemos o conceito de testamento, bem de morte (premoriência), renúncia, exclusão por indigni-
pelo autor (forma hológrafa), devendo ser por ele datado como as suas possíveis formas de constituição e revogação, dade ou incapacidade, não-verificação da condição sob
e assinado, não havendo necessidade de testemunhas podemos passar a analisar o seu conteúdo. O testamento pode a qual foi instituído, a sua parte acresce a do(s) outro(s)
(CC, art.1.881). dispor sobre apenas parte dos bens, aplicando-se ao restante herdeiro(s) conjunto(s), salvo se houver substituto para o
O codicilo pode ser utilizado pelo seu autor para várias a sucessão legítima. Poderá, ainda, o testamento estabelecer herdeiro que faltou, ou se o testador, ao fazer a nomeação
finalidades previstas em lei, como por exemplo: deixar outras disposições, além da disposição referente a bens, tais conjunta, tinha especificado o quinhão de cada um, sendo
disposições sobre seu enterro; deixar esmolas de pou- como o estabelecimento das cláusulas restritivas de impenho- a quota vaga do contemplado que vier a faltar devolvida
ca monta; legar jóias, roupas ou móveis de pouco valor, rabilidade, incomunicabilidade, inalienabilidade; constituição aos herdeiros legítimos do testador, conforme especifica o
de seu uso pessoal; nomear e substituir testamenteiros, de usufruto em favor de outrem etc. Pode tratar, também, de artigo 1.944 do Código Civil.
reconhecer filho havido fora do casamento (art. 1609, II, assuntos não ligados diretamente ao patrimônio, como no caso Para que ocorra o direito de acrescer é necessário:
do CC). Em todos os casos, no entanto, as liberalidades de reconhecimento de filho. a) nomeação de co-herdeiro, ou co-legatário, na mesma
previstas em codicilo devem ter por objeto bens e valores disposição testamentária;
“de pouca monta”. Legados b) legado dos mesmos bens ou da mesma porção de
Ocorre, no entanto, que a lei não estabelece critério para Dentre as diversas possibilidades de disposição testamentá- bens;
determinar-se o que seja esta “pouca monta”. Assim, ca- ria, uma das mais comuns é o legado. Denomina-se legado a c) ausência de quotas hereditárias determinadas.
berá ao magistrado, em cada caso, determinar se trata-se destinação de uma coisa certa e determinada do conjunto pa- O direito de acrescer não é privativo do direito das suces-
de pequeno valor ou não. Tem sido mais ou menos aceita trimonial deixada pelo testador a alguém, ou seja, o legatário, sões, podendo ocorrer no direito das coisas (artigo 1.411
a ideia de que se poderia considerar como “pouca monta” em testamento ou codicilo. O legatário recebe a título singular. do Código Civil) e no direito das obrigações (artigo 812 do
as liberalidades até 10% do valor do total do patrimônio. Quando o bem (certo e determinado) é atribuído a herdeiro legí- Código Civil).
No entanto, isso não afasta a necessidade de apreciação timo denomina-se pré-legado ou legado precípuo.
do caso concreto pelo magistrado. Admite-se ainda a possibilidade de o legado recair sobre coisa EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Quanto à revogação do codicilo, esta pode ser feita por genérica, determinada apenas pelo gênero e pela quantidade.
outro codicilo, ou pela elaboração de testamento posterior, Nesse caso, não existindo no patrimônio do testador a coisa Conforme havíamos tratado anteriormente, as hipóteses
de qualquer natureza, sem confirmá-lo ou modificá-lo. A legada, no momento de sua morte, o legado não caducará, mas de exclusão do herdeiro ou legatário são a indignidade e
falta de referência ao codicilo, no testamento posterior, será destinada parcela do patrimônio para a aquisição da coisa a deserdação. A indignidade foi referida quando falamos
importa revogação tácita daquele. O testamento, contudo, a ser entregue ao legatário. da sucessão legítima, cabendo agora tratarmos da deser-
não pode ser revogado por um codicilo. O Código Civil e a doutrina admitem diversas possibilidades de dação.

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Deserdação: a deserdação decorre da vontade do tes- derar o “herdeiro definitivo” (fideicomissário). constituir em processo judicial, ou procedimento extra-
tador. Deve haver uma disposição expressa do testador Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite judicial, e deve ser instaurado no último domicílio do
excluindo o herdeiro (artigos 1.961 e seguintes do Código em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testa- autor da herança (artigo 96 do Código de Processo Ci-
Civil), desde que presente alguma das causas previstas dor. Se ao tempo da morte do testador, já houver nascido o vil). As regras referentes ao inventário são de natureza
em lei. A deserdação é possível somente aos herdeiros fideicomissário, este adquirirá desde logo a propriedade dos processual, pelo que vamos referir apenas aspectos
necessários do autor da herança. bens fideicomitidos, convertendo-se em usufruto o direito do genéricos de interesse.
As causas para deserdação serão as mesmas da indig- fiduciário. Espécies
nidade, previstas no artigo 1.814 do Código Civil, e mais São partes na substituição fideicomissária: Inventário tradicional ou solene: de aplicação resi-
as dos artigos 1.962 e 1.963. O artigo 1.962 do Código a) fideicomitente: é o testador, que institui a substituição; dual, regulado nos artigos 982 a 1.030 do Código de
Civil dispõe que, além das causas mencionadas no arti- b) fiduciário ou gravado: chamado a suceder em primeiro Processo Civil.
go 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por lugar. Tem a propriedade resolúvel dos bens da herança, até Arrolamento: forma simplificada de inventário. Se sub-
seus ascendentes: que chegue o momento de o fideicomissário herdar; divide em:
a) ofensas físicas; c) fideicomissário: destinatário final, que receberá a he- a) sumário: herdeiros maiores e capazes, aplicável
b) injúria grave; rança (ou legado) tão logo ocorra a condição prevista no quando todos os interessados concordarem com a
c) relações ilícitas com a madrasta, ou o padrasto; testamento. partilha;
d) desamparo do ascendente em alienação mental ou Extinção e caducidade do fideicomisso: a extinção do b) comum: para bens do espólio quando o valor for
grave enfermidade. fideicomisso se dá, ordinariamente, pelo advento do termo, igual ou inferior a 2 mil OTNs.
As hipóteses previstas no art. 1963 são as mesmas, po- ou condição, pois se tem o alcance do fim almejado pelo Alvará judicial: procedimento simples destinado ape-
rém invertendo-se o pólo, ou seja, trata-se da possibilida- testador. Caduca o fideicomisso se o fideicomissário morrer nas ao levantamento de pequenas quantias.
de de deserdação do ascendente pelo descendente. antes do fiduciário; se não ocorrer a condição sob o qual o Inventário extrajudicial: procedimento criado pela Lei
Para que a deserdação gere efeitos será necessário que fideicomissário é instituído; em hipótese de renúncia da he- 11.441/07, que estabelece a possibilidade de partilha
no testamento conste expressamente a causa prevista em rança e pela exclusão por indignidade, incapacidade ou falta feita por meio de escritura pública, desde que todos
lei que justifique a exclusão do herdeiro. Ao mesmo tempo de legitimação. Caduca ainda o fideicomisso se o conceptu- os herdeiros sejam maiores e capazes, e estejam de
em que é necessário indicar qual a hipótese legal em que ro não se tornar nascituro até dois anos após a abertura da acordo acerca dos termos da partilha, desde que não
incidiu o herdeiro deserdado, não se admitirá nenhuma sucessão (artigo 1799, § 4.º, do Código Civil). haja testamento.
outra hipótese de deserdação que não seja uma daquelas Substiuição compendiosa: a substituição fideicomissária, LINK ACADÊMICO 8
previstas em lei. Não se admite nenhuma outra hipótese, quando combinada com a vulgar, recebe o nome de com-
nem mesmo por emprego da analogia. pendiosa. Assim, estabelece o testador uma substituição
Ao mesmo tempo, não basta que o herdeiro tenha sido fideicomissária, nomeando o fideicomissário e o ficuciário,
excluído em testamento. É preciso que aquele a quem porém acrescenta um substituto vulgar ao fideicomissário,
aproveite a deserdação (por exemplo, o herdeiro instituído ou seja, caso este não possa, ou não queira receber a he-
em lugar do deserdado) promova a ação ordinária cabível, rança ou legado, este não se consolida nas mãos do fiduci-
provando, no seu curso, a veracidade da causa alegada ário, mas será transmitido ao substituto.
pelo testador (art. 1965 CC). Sem essa comprovação a
deserdação não pode gerar efeitos. Testamenteiro
Os efeitos da deserdação são pessoais, atingindo somen- Testamenteiro é a pessoa encarregada de fazer cumprir as
te o herdeiro deserdado. Assim, seus herdeiros herdarão disposições de última vontade do testamento. É o executor A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos es-
por direito de representação. Assim como no caso da in- do testamento. Pode ser nomeado pelo testador, em testa- tudos das disciplinas dos cursos de graduação, devendo
dignidade, o deserdado será considerado como se morto mento ou codicilo (artigos 1.976 e seguintes do Código Civil). ser complementada com o material disponível nos Links
fosse na distribuição da herança. O juiz deve confirmar ou não a indicação do testamenteiro. e com a leitura de livros didáticos.
A testamentaria é função remunerada; apenas o herdeiro
ou legatário a exercerá desinteressadamente, mas o tes- Direito das Sucessões – 2ª edição - 2009
SUBSTITUIÇÃO tador poderá fixar remuneração para o herdeiro instituído,
TESTAMENTÁRIA ou legatário. Estabelece o artigo 1.988 do Código Civil que Coordenador:
o testamenteiro que for legatário poderá preferir o prêmio Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universitário
O testador poderá, caso assim deseje, prevendo a hi- ao legado. A testamentaria é personalíssima, intransmis- e de cursos preparatórios há mais de 10 anos, Especia-
pótese de as pessoas aquinhoadas pelo testamento sível aos herdeiros do testamenteiro, além de indelegável lista em Direito Educacional; Mestre em Educação e Se-
não poderem ou não desejarem receber sua parte na conforme dispõe o artigo 1.985. Não obstante, nada impede miótica Jurídica; Membro da Associação Brasileira para
herança, nomear-lhes substitutos (art. 1947 CC). Para que o testamenteiro faça-se representar em juízo e fora dele o Progresso da Ciência; Palestrante; Advogado e Autor
tanto, deverá indicar no testamento quem será benefi- mediante procurador com poderes especiais. de obras jurídicas.
ciado na falta ou impossibilidade do herdeiro ou lega- Autores:
tário original. Redução das disposições testamentárias César Bocuhy Bonilha, advogado em São Paulo, Espe-
No direito brasileiro, são três as modalidades de substi- Os herdeiros necessários devem, necessariamente, receber cialista em Direito Público pela Faculdade de Direito Da-
tuição: a vulgar, a fideicomissária e a compendiosa. pelo menos 50% do valor do patrimônio existente no mo- másio de Jesus. Professor de cursos preparatórios para o
Substituição vulgar ou ordinária: ocorre quando o mento da morte do autor da herança (parcela legítima da he- exame de ordem na Memes Tecnologia Educacional.
testador nomeia uma ou mais pessoas para ocupar o rança). Assim, se a quota deixada a terceiros por testamento Ângelo Rigon Filho, advogado em São Paulo. Mestre e
lugar do herdeiro ou legatário que não pode, ou não ultrapassar o limite de 50% da parcela disponível, prejudi- doutorando em Direito Civil pela Faculdade de Direito da
quer, aceitar a herança ou o legado. A substituição vul- cando a legítima, os herdeiros necessários poderão pleite- Universidade de São Paulo (USP). Professor Universitá-
gar ou ordinária pode ser singular, plural ou recíproca. ar a redução das disposições testamentárias (arts. 1967 e rio em cursos de graduação e pós-graduação, na cadeira
a) substituição singular ou simples: ocorre quando 1968, CC). Não se trata de anulação do testamento,ou da do Direito Civil. Professor de cursos preparatórios para a
designado um só herdeiro ou legatário e um só subs- disposição testamentária, mas tão somente do retorno da OAB e para as carreiras públicas jurídicas.
tituto; parte que ultrapassou o limite imposto pela lei, à parcela A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes
b) coletiva ou plural: quando há mais de um herdeiro, legítima. Tecnologia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
ou mais de um substituto, a serem chamados simulta- Tal redução pode ser feita nos próprios autos do inventário,
neamente; se houver acordo entre os herdeiros. Senão, poderão os Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
c) recíproca: ocorre quando são nomeados dois ou herdeiros necessários, ou seus descendentes, intentar ação Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida
mais beneficiários, sendo todos eles substitutos entre de redução para a recomposição do valor da legítima. Serão a reprodução total ou parcial desta publicação, por qual-
si. Nesse caso, devemos lembrar que ao ser realiza- agraciados apenas aqueles que ingressarem em juízo, não quer meio ou processo, sem a expressa autorização do
da a substituição devem ser mantidas as proporções sendo extensível aos herdeiros que não se movimentarem autor e da editora. A violação dos direitos autorais carac-
originalmente destinadas aos herdeiros ou legatários. a eventual vantagem obtida por aqueles que propuserem a teriza crime, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
Assim, por exemplo, supondo que tenham sido aqui- ação.
nhoados por testamento os indivíduos A, B e C, res- A redução das disposições testamentárias não se confun-
pectivamente com 1/6, 2/6 e 3/6 da herança, tendo sido de com a colação, pois esta se destina a igualar as cotas
estabelecido que todos são substitutos entre si. Supon- dos herdeiros legítimos, no caso de ter havido doação feita
do, nesse caso, que A não possa receber sua parte na aos descendentes que possa desequilibrar as parcelas da
herança (por ser pré-morto, por exemplo), esta deverá legítima. A redução das disposições testamentárias, por sua
ser dividida entre B e C, mas não em partes iguais, e vez, tem como objetivo fazer com que as liberalidades se
sim na mesma proporção com que estes foram agracia- contenham dentro da parte disponível do doador, indepen-
dos na disposição original do testador, ou seja, caberão dentemente de beneficiarem algum herdeiro legítimo, ou
www.memesjuridico.com.br
a B duas partes do que iria ser entregue a A, e caberão qualquer estranho.
a C três partes do que iria ser entregue a A. LINK ACADÊMICO 7
Substituição fideicomissária: verifica-se a substitui-
ção fideicomissária quando o testador nomeia herdei- INVENTÁRIO E PARTILHA
ros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de
sua morte, a herança ou o legado se transmita a um Inventário
“herdeiro intermediário” (o fiduciário), resolvendo-se o Denomina-se inventário o processo destinado a apurar os
direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa bens deixados pelo finado, bem como identificar seus su-
condição, em favor de outrem, que poderíamos consi- cessores, com finalidade de proceder-se à partilha. Pode-se

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