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PARTE GERAL
PESSOAS

Elaboração: Luciano L. Figueiredo1.

01. (FGV)
Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários
para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam,
para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido:

A) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado.
B) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial.
C) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial.
D) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais.

Emancipação.

De acordo com o artigo 5º, do Código Civil, a menoridade cessa aos dezoito anos completos. Ocorre que a
capacidade plena poderá ser antecipada, seja em virtude da autorização dos representantes legais do me-
nor ou do Juiz, ou pela superveniência de fato a que a lei atribui força para tanto.

Emancipação, portanto, é a antecipação da cessação da incapacidade. O ato de emancipação é irrevogável e


irretratável. Pode ser (art. 5, Parágrafo Único do CC):

a) Voluntária
b) Judicial
c) Legal

a) Voluntária

Consiste a emancipação no ato de concessão de ambos os responsáveis, ou de um deles na falta do outro,


mediante instrumento público, independentemente da homologação judicial, a menor que tenha, no míni-
mo, 16 (dezesseis) anos completos.

b) Judicial

A emancipação judicial poderá ocorrer quando concedida pelo tutor ao pupilo, quando este possuir dezes-
seis anos completos, através de decisão judicial.

c) Legal

Decorre da prática de ato jurídico incompatível com a sua condição de incapaz. Tais atos estão previstos
em lei. Hipóteses:

- PELO CASAMENTO.
- EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO .
- COLAÇÃO DE GRAU DE ENSINO SUPERIOR.
- O ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL, OU A EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO,
DESDE QUE, EM FUNÇÃO DELES, O MENOR COM DEZESSEIS ANOS COMPLETOS TENHA ECO-
NOMIA PRÓPRIA.

1 Advogado. Sócio-Fundador do Luciano Figueiredo Advogados Associados. Doutorando em Direito Civil (PUC/SP). Mestre em
Direito Privado (UFBA). Especialista em Direito do Estado (UFBA). Graduado em Direito pela Universidade Salvador (UNI-
FACS). Professor de Direito Civil da Faculdade Baiana de Direito e do Complexo de Ensino Renato Saraiva. Professor Convida-
do em Diversos Cursos pelo País. Palestrante. Autor de Artigos Científicos e Livros Jurídicos. Instagram:
@lucianolimafigueiredo. Periscope: @lucianofigueiredo. Contato: luciano@lucianofigueiredo.adv.br

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02. (FGV - Exame de Ordem – Prova reaplicada Salvador-BA)
Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio. Em agosto de 2012, ainda com 16
anos, começou estágio voluntário em uma companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar
com sua namorada. Em julho de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e nomeado em um con-
curso público, Pedro entrou em exercício no respectivo emprego público.

Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica a data em que cessou a incapaci-
dade de Pedro.

A) Dezembro de 2011.
B) Agosto de 2012.
C) Janeiro de 2013.
D) Julho de 2013.

03. (Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase)
Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue con-
trolar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de
controle pouco antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas
10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava
no rol de sobreviventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para sa-
ber como deverá proceder a partir de agora.

Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta.

A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência de Cristiano, a fim de
que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida.
B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério
Público detém legitimidade para tal pedido.
C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de prévia decretação
de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades competentes.
D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável de seu falecimento,
contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial.

Extinção da Pessoa Física ou Natural

A existência da pessoa natural, bem como sua personalidade, é extinta com a morte. A morte, no direito
nacional, se dá de duas formas:

a) Real
b) Presumida
 Com procedimento de ausência
 Sem procedimento de ausência

Morte Real

Está prevista no artigo 6º do Código Civil. Cuida-se da morte atestada, em regra, por profissional da medi-
cina, e, na ausência deste, por duas testemunhas, na forma do artigo 78 da LRP (6.015/73).

O conceito de morte passou por uma reforma, não sendo mais considerada c omo a parada cardíaca, mas
sim a paralisação das ondas cerebrais, por conta da necessidade de preservação do funcionamento do
corpo para eventuais transplantes.

Morte presumida (Morte presumida = morte civil (para alguns) = ficta mortis)

Tem-se como regra a morte real, entretanto, excepcionalmente, a morte pode ser presumida. Tal hipótese
ocorre quando há impossibilidade de localização do cadáver. O Direito Brasileiro admite duas situações
para a morte presumida:

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a) Morte presumida sem declaração de ausência.

Apenas é admitida no direito brasileiro em duas hipóteses, nas quais o legislador entende haver um moti-
vo aparente para o desaparecimento e, em virtude da grande probabilidade da morte, autoriza sua declara-
ção sem perpassar pelo procedimento de ausência.

Art. 7° - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único – A declaração de morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a
data provável do falecimento.

b) Morte presumida com declaração de ausência.

Considera-se Ausente aquele que desaparece de seu domicílio sem deixar notícias. Para que uma pessoa
seja considerada ausente é necessária a verificação de um processo desdobrado em três fases.

 1º FASE – CURADORIA DE BENS DO AUSENTE

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o ju-
iz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausên-
cia, e nomear-lhe-á curador.

Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente


deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se
os seus poderes forem insuficientes.

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fa-
to por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

 2º FASE – SUCESSÃO PROVISÓRIA

Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou re-
presentante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados reque-
rer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.

Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efei-
to cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em jul-
gado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos
bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta
dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória,
proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts.
1.819 a 1.823.

Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;

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IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.

Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias
da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões res-
pectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigi-
da neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a admi-
nistração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garan-
tia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade
de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do
ausente.

Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação,
ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.

 3º FASE – SUCESSÃO DEFINITIVA

Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levan-
tamento das cauções prestadas.

Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente
conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

> Transmissão dos bens em caráter definitivo

E se o ausente retornar?

Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a


posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, fican-
do, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos
bens a seu dono.

Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão defini-
tiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os
bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o pre-
ço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados
depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar,
e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão
ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circuns-
crições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.

Como fica o casamento do ausente?

04. (FGV)
Raul, cidadão brasileiro, no meio de uma semana comum, desaparece sem deixar qualquer notícia para
sua ex-esposa e filhos, sem deixar cartas ou qualquer indicação sobre seu paradeiro.
Raul, que sempre fora um trabalhador exemplar, acumulara em seus anos de labor um patrimônio relevan-
te. Como Raul morava sozinho, já que seus filhos tinham suas próprias famílias e ele havia se separado de
sua esposa 4 (quatro) anos antes, somente após uma semana seus parentes e amigos deram por sua falta
e passaram a se preocupar com o seu desaparecimento.

Sobre a situação apresentada, assinale a opção correta.

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A) Para ser decretada a ausência, é necessário que a pessoa tenha desaparecido há mais de 10 (dez) dias. Co-
mo faz apenas uma semana que Raul desapareceu, não pode ser declarada sua ausência, com a consequente
nomeação de curador.
B) Em sendo declarada a ausência, o curador a ser nomeado será a ex-esposa de Raul.
C) A abertura da sucessão provisória somente se dará ultrapassados três anos da arrecadação dos bens de Raul.
D) Se Raul contasse com 85 (oitenta e cinco) anos e os parentes e amigos já não soubessem dele há 8 (oito)
anos, poderia ser feita de forma direta a abertura da sucessão definitiva.

05. (OAB)
Júlia, casada com José sob o regime da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João, fez
testamento no qual destinava metade da parte disponível de seus bens à constituição de um fundação de
amparo a mulheres vítimas da violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens destina-
dos à constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a finalidade pretendida por Júlia, que, por
sua vez nada estipulou em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens.

Diante da situação narrada, assinale a alternativa correta:

A) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos integralmente entre Ana e João.
B) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre José, Ana e João.
C) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha propósito igual ou semelhante ao amparo de
mulheres vítima da violência obstétrica.
D) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação determinada pelos herdeiros necessários de Júlia,
após aprovação do Ministério Público.

Fundações

As fundações são o resultado da afetação de um patrimônio livre, desembaraçado e idôneo, por escritura pública
(ato inter vivos), ou testamento (ato mortis causa). Resulta da personificação de um patrimônio, com o fito de re-
alizar uma finalidade ideal.

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testa-
mento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declar-
ando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada
pela Lei nº 13.151, de 2015)
I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº
13.151, de 2015)
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvi-
mento sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído
pela Lei nº 13.151, de 2015)
IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)

A afetação dos Bens Livres por meio do Ato de Dotação Patrimonial, seja mediante Escritura Pública (para atos
inter vivos) ou Testamento (para atos causa mortis – público, particular ou cerrado).

O ato de instituição, acaso realizado por mecanismo inter vivos, é irretratável. Art. 64, CC:

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Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dota-
dos, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.

Caso o patrimônio afetado seja insuficiente. art. 63:

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados
serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra funda-
ção que se proponha a fim igual ou semelhante.

A Alteração do Estatuto - Art. 67:

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e
cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz su-
pri-la, a requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)

A minoria de gestores vencida (aqueles 1/3 que opinaram em desfavor da alteração), terão o prazo de 10 dias
para impugnar a modificação estatutária. Art. 68:

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério
Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se qui-
ser, em dez dias.

A Fiscalização (§2°, art. 66) das fundações deve ser feita pelo MP Estadual:

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um
deles, ao respectivo Ministério Público.

Bens Jurídicos.

06. (FGV - Exame de Ordem)


Ricardo realizou diversas obras no imóvel que Cláudia lhe emprestou: reparou um vazamento existente na
cozinha; levantou uma divisória na área de serviço para formar um novo cômodo, destinado a servir de
despensa; ampliou o número de tomadas disponíveis; e trocou o portão manual da garagem por um ele-
trônico.
Quando Cláudia pediu o imóvel de volta, Ricardo exigiu o ressarcimento por todas as benfeitorias realiza-
das, embora sequer a tenha consultado previamente sobre as obras.

Somente pode-se considerar benfeitoria necessária, a justificar o direito ao ressarcimento,

A) o reparo do vazamento na cozinha.


B) a formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, pelo levantamento de divisória na área de servi-
ço.
C) a ampliação do número de tomadas.
D) a troca do portão manual da garagem por um eletrônico.

Benfeitorias.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual
do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

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§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos


ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

Ato, Fato e Negócio Jurídico

07. (FGV)
Em ação judicial na qual Paulo é réu, levantou-se controvérsia acerca de seu domicílio, relevante para a
determinação do juízo competente. Paulo alega que seu domicílio é a capital do Estado do Rio de Janeiro,
mas o autor sustenta que não há provas de manifestação de vontade de Paulo no sentido de fixar seu do-
micílio naquela cidade.

Sobre o papel da vontade nesse caso, assinale a alternativa correta:

A) Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação do domicílio é irrelevante,
uma vez que não é necessário levar em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídi-
cos desse fato.
B) Por se tratar de ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na fixação do domicílio é irrelevante, uma vez que, embo-
ra se leve em consideração a conduta humana para a determinação de efeitos jurídicos, não é exigível manifesta-
ção de vontade.
C) Por se tratar de ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam predeterminados pela lei, a von-
tade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, no sentido de verificar a existência de um ânimo de permanecer
naquele local.
D) Por se tratar de negócio jurídico, a vontade de Paulo na fixação do domicílio é relevante, já que a manifestação
de vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio irá produzir.

08. (FGV)
Em um bazar beneficente promovido por Julia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso.
Acreditando que o faqueiro era feito de prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre
o produto. Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o preço ofereci-
do.
Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talhares começaram a ficar manchados e a se
dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito de uma liga
metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria.

De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta:

A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício no seu objeto, um dos elementos essen-
ciais do negócio jurídico.
B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo
para suspeitar do engano de Marta.
C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento do negócio deve
ser contado da data da descoberta do vício.
D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito se oferecer um aba-
timento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro.

09. (FGV)
Lúcia, pessoa doente, idosa, com baixo grau de escolaridade, foi obrigada a celebrar contrato particular de
assunção de dívida com o Banco FDC S.A., reconhecendo e confessando dívidas firmadas pelo seu mari-
do, esse já falecido, e que não deixara bens ou patrimônio a inventariar. O gerente do banco ameaçou Lú-
cia de não efetuar o pagamento da pensão deixada pelo seu falecido marido, caso não fosse assinado o
contrato de assunção de dívida.

Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a afirmativa correta.

A) O contrato particular de assunção de dívida assinado por Lúcia é anulável por erro substancial, pois Lúcia ma-
nifestou sua vontade de forma distorcida da realidade, por entendimento equivocado do negócio praticado.

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B) O ato negocial celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável por vício de consentimento, em razão de
conduta dolosa praticada pelo banco, que ardilosamente falseou a realidade e forjou uma situação inexistente,
induzindo Lúcia à prática do ato.
C) O instrumento particular firmado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. pode ser anulado sob fundamento de lesão,
uma vez que Lúcia assumiu obrigação excessiva sobre premente necessidade.
D) O negócio jurídico celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável pelo vício da coação, uma vez que a
ameaça praticada pelo banco foi iminente e atual, grave, séria e determinante para a celebração da avença.

Coação Moral.

Trata-se de coação psicológica. Na coação relativa o negócio pode ser anulável, desde que verificados os
seguintes requisitos:

i. A coação deve ser a causa do ato;


ii. Gravidade: A coação deve imputar ao coagido um verdadeiro temor de dano sé-
rio;
iii. Injusta (ilícita, contrária ao direito, abusiva); ameaça do exercício normal do direito
não é coação, idem temor reverencial.
iv. Iminência ou Atualidade: A coação deve ser atual ou iminente (é para afastar a
coação impossível);
v. A coação deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa ou bens da vítima, ou à
pessoas da sua família.

Na análise dos requisitos acima se leva em consideração as circunstâncias subjetivas da vítima. Art. 152 do CC:

Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saú-
de, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na
gravidade dela.

Se a coação for dirigida a pessoa que não é da família, caberá ao magistrado analisar. Art. 151 do CC:

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao pa-
ciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou
aos seus bens.

Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o


juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

Art. 153 do CC:

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o
simples temor reverencial.

Coação exercida por terceiros:

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou deves-
se ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aque-
le por perdas e danos.

Art. 155, CC – Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a
parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

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10. (FGV - Exame de Ordem – Prova reaplicada Salvador-BA)
Bernardo, nascido e criado no interior da Bahia, decide mudar- se para o Rio de Janeiro. Ao chegar ao Rio,
procurou um local para morar. José, percebendo o desconhecimento de Bernardo sobre o valor dos alu-
guéis no Rio de Janeiro, lhe oferece um quarto por R$ 500,00 (quinhentos reais). Pagando com dificuldade
o aluguel do quarto, ao conversar com vizinhos, Bernardo descobre que ninguém paga mais do que R$
200,00 (duzentos reais) por um quarto naquela região. Sentindo-se injustiçado, procura um advogado.

Sobre o caso narrado, com base no Código Civil, assinale a afirmativa correta.

A) O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, se José não concordar com a redução do proveito ou com a
oferta de suplemento suficiente.
B) O negócio jurídico será nulo em virtude da ilicitude do objeto.
C) O negócio jurídico poderá ser anulado por coação em razão da indução de Bernardo a erro.
D) O negócio jurídico poderá ser anulado por erro, eis que este foi causa determinante do negócio.

Lesão.

Está relacionada a uma concepção de justiça contratual e equidade nas relações negociais. Possui o fito
de coibir o abuso de poder econômico ou uma posição privilegiada.

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi
celebrado o negócio jurídico.

§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a par-


te favorecida concordar com a redução do proveito.

11. (FGV)
A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alaga-
das e a população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha
uma pequena barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço
que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de recorrer a es-
se tipo de transporte.

Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu:

A) estado de perigo.
B) dolo.
C) lesão.
D) erro.

12. (OAB)
Juliana foi avisada que seu filho Marcos sofreu um terrível acidente de carro em uma cidade com poucos
recursos no interior do Ceará e que ele está correndo risco de morte devido a um grave traumatismo cra-
niano. Diante desta notícia, Juliana celebra um contrato de prestação de serviços médicos em valores
exorbitantes, muito superiores aos praticados habitualmente, para que a única equipe de médicos espe-
cializados da cidade assuma o tratamento de seu filho.

Tento em vista a hipótese apresentada, assinale a alternativa correta:

A) O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento denominado estado de perigo, no prazo pres-
cricional de quatro anos, a contar da data da celebração do contrato.
B) O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de dolo tendo em vista o fato de que a
equipe médica tinha ciência da situação de Marcos e se valeu de tal condição para fixar honorários em valores
excessivos.
C) O contrato de prestação de serviços médicos é anulável, por vício resultando de estado de perigo, no prazo
decadencial de quatro anos, contados na data da celebração do contrato.

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D) O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício resultando de lesão, e por tal razão não será suscetível de
confirmação e nem convalescerá pelo decurso do tempo.

Estado de Perigo.

Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar -se, a pessoa de sua
família, ou até mesmo terceiro, de grave dano, conhecido pela outra parte, assume obrigação excessiva-
mente onerosa. Ex: uma embarcação está naufragando quando, então, outra embarcação se aproxima,
oportunidade na qual se afirma que apenas será prestado socorro se houver pagamento de valores . O
cheque caução (vedado pela ANS desde a resolução 44/2003) ou os honorários médicos excessivos para
atendimento de emergência também configuram estado de perigo.

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se,
ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação exces-
sivamente onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá
segundo as circunstâncias.

E. 148, CJF – Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º
do art. 157.

13. (FGV)
Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que
ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e
por quem Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência,
propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não
fosse totalmente paga.

Realizado nesses termos, o negócio:

A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo.


B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado.
D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João.

Trata-se de uma declaração enganosa de vontade, visando a produzir efeito diverso do daquele indicado
pelo negócio. Perceba-se que não há vício na declaração da vontade, assim como ocorre na fraude contra
credores. O objetivo é prejudicar terceiros.

Classificação:

- Absoluta
- Relativa (ou dissimulação)

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se vá-
lido for na substância e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais re-
almente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

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14. (FGV - Exame de Ordem)
Eduardo comprometeu-se a transferir para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula
especial no contrato previa que a transferência somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se loca-
liza viesse a sediar, nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o ne-
gócio, todavia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a realização do
campeonato naquele local.

Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta.

A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial configura um termo.
B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel.
C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, pois a cláusula especial tem nature-
za jurídica de termo.
D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez que há uma condição na cláusula
especial.

Eficácia

Tem como elementos acidentais ou acessórios, opostos pela vontade humana a negócios com fundo patrimonial:

a) Condição

Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade


das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública
ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo
efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:


I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de


não fazer coisa impossível.

Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, en-


quanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva,
é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

b) Termo

I) Inicial (dies a quo) x Final (Dies ad quem)

Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

II) Forma de Contagem:

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos,


excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o
seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no
imediato, se faltar exata correspondência.

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§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

c) Modo ou Encargo

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensi-
va.

Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o
motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

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GABARITO:

1–A
2–D
3–C
4–D
5–C
6–A
7–C
8–B
9–D
10 – A
11 – C
12 – C
13 – C
14 – D

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