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dicas COORDENAÇÃO

Renato Saraiva
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CAPÍTULO 01 | PÁGINA 4
ÉTICA
PAULO MACHADO

CAPÍTULO 02 | PÁGINA 36
DIREITO CONSTITUCIONAL
FLAVIA BAHIA

CAPÍTULO 03 | PÁGINA 61
DIREITOS HUMANOS
FLAVIA BAHIA

CAPÍTULO 04 | PÁGINA 81
DIREITO CIVIL
LUCIANO FIGUEIREDO / ROBERTO FIGUEIREDO / CRISTIANO SOBRAL

CAPÍTULO 05 | PÁGINA 109


DIREITO DO CONSUMIDOR
CRISTIANO SOBRAL

CAPÍTULO 06 | PÁGINA 132


DIREITO PROCESSUAL CIVIL
ANDRÉ MOTA / SABRINA DOURADO

CAPÍTULO 07 | PÁGINA 174


DIREITO DO TRABALHO
RAFAEL TONASSI

CAPÍTULO 08 | PÁGINA 200


DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
ARYANNA LINHARES

CAPÍTULO 09 | PÁGINA 227


DIREITO PENAL
CRISTIANE DUPRET
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CAPÍTULO 10 | PÁGINA 273


DIREITO PROCESSUAL PENAL
ANA CRISTINA MENDONÇA

CAPÍTULO 11 | PÁGINA 309


DIREITO
TRIBUTÁRIO
JOSIANE MINARDI / EDUARDO SABBAG

CAPÍTULO 12 | PÁGINA 339


DIREITO EMPRESARIAL
FRANCISCO PENANTE

CAPÍTULO 13 | PÁGINA 350


DIREITO ADMINISTRATIVO
MATHEUS CARVALHO

CAPÍTULO 14 | PÁGINA 404


ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CRISTIANE DUPRET

CAPÍTULO 15 | PÁGINA 433


DIREITO INTERNACIONAL
BRUNO VIANA

CAPÍTULO 16 | PÁGINA 462


DIREITO AMBIENTAL
FREDERICO AMADO

CAPÍTULO 17 | PÁGINA 490


FILOSOFIA
BERNARDO MONTALVÃO
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CAPÍTULO 01

ÉTICA
PAULO MACHADO

ÉTICA
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1 O exercício da atividade de advocacia no


território brasileiro e a denominação de
advogado são privativos dos inscritos na
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Exercem atividade de advocacia, sujeitan‑
do‑se ao regime do Estatuto da Advocacia
e da OAB, além do regime próprio a que
se subordinem, os integrantes da Advo‑
cacia-Geral da União, da Procuradoria da
Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e
das Procuradorias e Consultorias Jurídicas
dos Estados, do Distrito Federal, dos Mu‑
nicípios e das respectivas entidades de ad‑
ministração indireta e fundacional.

2 Os atos privativos da advocacia estão pre‑


vistos no art. 1º do Estatuto da Advocacia
e da OAB, quais sejam:
I – a postulação a qualquer órgão do Po-
der Judiciário e aos juizados especiais;
Em relação a este inciso, foi proposta a ADI
nº 1.127-8, tendo o STF declarado a incons‑
titucionalidade da expressão “qualquer”.
Com razão, pois há hipóteses previstas em
lei em que a pessoa pode atuar junto ao
Poder Judiciário sem estar representada
por advogado.

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II – as atividades de assessoria, consulto-
ria e direção jurídicas.
Acrescente‑se que o art. 7º do Regulamen‑
to Geral inclui a gerência jurídica entre es‑
sas atividades privativas de advogado.

3 O art. 1º, § 2º, do EAOAB prevê que os atos


e contratos constitutivos de pessoas jurí‑
dicas somente podem ser admitidos a re‑
gistro nos órgãos competentes após visa‑
dos por advogado. Na ausência do “visto”,
o Estatuto considera tais atos nulos.
Acontece que a Lei Complementar
nº 123/06, no art. 9º, § 2º, trouxe uma ex‑
ceção a essa exigência, determinando que
“não se aplica às microempresas e às em‑
presas de pequeno porte o disposto no § 2º
do art. 1º da Lei nº 8.906/94”. Isso ocorre
porque, nesses casos, o registro é mais sim‑
ples, muitas das vezes se realizando com
o mero preenchimento de formulários pa‑
dronizados.

4 Os estagiários regularmente inscritos na


OAB podem praticar os atos mencionados
no art. 1º do Estatuto da Advocacia e da
OAB, na forma do Regulamento Geral, em
conjunto com o advogado e sob a respon‑
sabilidade deste.
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Entretanto, os estagiários podem praticar,
isoladamente, os seguintes atos, mas ainda
sob a responsabilidade deste (art. 29, § 2º,
do Regulamento Geral):
a) retirar e devolver autos em cartório,
assinando a respectiva carga;
b) obter junto a escrivães e chefes de
secretarias certidões de peças ou autos
de processos em curso ou findos;
c) assinar petições de juntada de docu‑
mentos a processos judiciais ou admi‑
nistrativos.
d) Praticar os atos extrajudiciais, quan‑
do receber autorização ou substabele‑
cimento do advogado.

5 Considera‑se efetivo exercício da atividade


de advocacia a participação anual mínima
em cinco atos privativos previstos no arti‑
go 1º do Estatuto, em causas ou questões
distintas.
A comprovação do efetivo exercício faz‑
‑se mediante:
a) certidão expedida por cartórios ou
secretarias judiciais;
b) cópia autenticada de atos privativos;

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c) certidão expedida pelo órgão público
no qual o advogado exerça função pri‑
vativa do seu ofício, indicando os atos
praticados.

6 O Estatuto traz cinco grupos de pessoas


que, caso venham a praticar qualquer ato
privativo de advogado, tal ato será consi‑
derado nulo. É o caso das pessoas não ins‑
critas na OAB, dos advogados impedidos –
no âmbito do impedimento –, suspensos,
licenciados ou que passarem a exercer ati‑
vidade incompatível com a advocacia.

7 O advogado postula em juízo, ou fora dele,


fazendo prova do mandato. Todavia, afir‑
mando urgência, pode atuar sem procura‑
ção, obrigando‑se a apresentá‑la no prazo
de 15 (dias), prorrogável por igual período
(art. 5º, § 1º, EAOAB).

8 O advogado que renunciar os poderes re‑


cebidos não precisa justificar o motivo, mas
deve permanecer pelos 10 (dez) dias se‑
guintes à notificação a representar o man‑
dante, salvo se for substituído antes do tér‑
mino desse prazo (art. 10, § 3º, do EAOAB)
ou desde que necessário para evitar preju‑
ízo (art. 45 do CPC), sob pena de cometer

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infração disciplinar (art. 34, XI, do EAOAB)
e de ser responsabilizado civilmente.

9 A revogação do mandato judicial por von‑


tade do cliente não o desobriga do paga‑
mento das verbas honorárias contratadas
e não retira do advogado o direito de re‑
ceber o quanto lhe seja devida em eventual
verba honorária de sucumbência, calcula‑
da, proporcionalmente, em razão do servi‑
ço efetivamente prestado.

10 Os requisitos necessários para inscrição no


quadro de advogados estão no art. 8º do
Estatuto, sendo eles:
I – capacidade civil;
II – diploma ou certidão de graduação
em Direito obtida em instituição de en‑
sino oficialmente autorizada e creden‑
ciada (o art. 23 do RG também exige o
histórico escolar junto com a certidão
de graduação, na falta do diploma);
III – título de eleitor e quitação de ser‑
viço militar, se brasileiro;
IV – aprovação no Exame da Ordem;
V – não exercer atividade incompatível
com a advocacia;

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VI – idoneidade moral;
VII – prestar compromisso perante
o Conselho.

11 Para inscrição no quadro de estagiários da


OAB, o art. 9º do EAOAB exige que o re‑
querente preencha alguns dos requisitos
do art. 8º do mesmo diploma, quais sejam:
a) capacidade civil;
b) título de eleitor e quitação de serviço
militar, se brasileiro;
c) não exercer atividade incompatível
com a advocacia;
d) idoneidade moral;
e) prestar compromisso perante
o Conselho.
Além desses requisitos, o candidato deve
ter sido admitido em estágio profissional
de advocacia.

12 O acadêmico de Direito que exerce ativi‑


dade incompatível com a advocacia (poli‑
cial, técnico de atividade judiciária, militar
das Forças Armadas, por exemplo) pode
frequentar o estágio ministrado pela res‑
pectiva instituição de ensino para fins de

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aprendizagem, sendo proibida a inscrição
na OAB (art. 9º, § 3º, EAOAB).

13 O art. 8º, § 2º, do EAOAB, determina que


o estrangeiro ou o brasileiro, quando gra‑
duados em Direito fora do país, podem
inscrever‑se no quadro de advogados da
OAB. Para isso deve ser feita a prova do tí‑
tulo de graduação em Direito, obtido pela
instituição de ensino estrangeira, devida‑
mente revalidado, bem como preencher os
requisitos indicados nos incisos do art. 8º
do Estatuto.

14 O Estatuto prevê três tipos de inscrição


para advogados (principal, suplementar e
por transferência) e um tipo para os esta‑
giários (inscrição de estagiário).

15 Inscrição principal: obtida a aprovação no


Exame de Ordem, a inscrição principal deve
ser feita no Conselho Seccional em cujo
estado pretende estabelecer seu domicí‑
lio profissional. O Estatuto da Advocacia e
da OAB considera domicílio profissional a
sede principal da atividade de advocacia,
prevalecendo, na dúvida, o domicílio da
pessoa física do advogado.

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16 Inscrição suplementar: a inscrição suple‑


mentar é outra inscrição que deve ser fei‑
ta pelo advogado quando passa a exercer a
advocacia habitualmente em outro estado,
diverso daquele onde tem a inscrição princi‑
pal. O art. 10, § 2º, do Estatuto da Advocacia
considera habitualidade a intervenção judi‑
cial que exceder de cinco causas por ano.

17 Inscrição por transferência: a inscrição por


transferência deve ser feita pelo advoga‑
do quando houver mudança efetiva de seu
domicílio profissional para outra unidade
federativa.

18 A OAB é formada por quatro órgãos: Con‑


selho Federal, Conselhos Seccionais, Sub‑
seções e Caixa de Assistência dos Advo‑
gados (art. 45 do EAOAB).

19 Nenhum órgão da OAB pode se manifestar


sobre questões de ordem pessoal, exce‑
to em caso de homenagem a quem tenha
prestado relevantes serviços à sociedade
e à advocacia.

20 As salas e dependências dos órgãos da


OAB não podem receber nomes de pes‑
soas vivas ou inscrições estranhas às suas

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finalidades, respeitadas as situações que já
existiam na data da publicação do Regula‑
mento Geral (art. 151, parágrafo único, do
RG). A publicação ocorreu no DJ de 16 de
novembro de 1994.

21 O Conselho Federal é o órgão supremo da


OAB e tem sua sede na capital do país. Esse
órgão é composto pelos conselheiros fe‑
derais, conforme o disposto no art. 51 do
EAOAB, que diz serem conselheiros fede‑
rais: os integrantes das delegações de cada
unidade federativa e os ex-presidentes do
próprio Conselho Federal.

22 Os votos no Conselho Federal são tomados


por delegação. Cada delegação tem direi‑
to a um voto. Sendo a delegação composta
por três conselheiros federais, o voto será
tomado por maioria (3 × 0 ou 2 × 1).
No caso de falta de um conselheiro, e na
ausência de um suplente, esta delegação
só poderá votar se os dois que estiverem
presente votarem no mesmo sentido. Caso
contrário, haverá empate e o voto da de‑
legação não será computado.

23 Os conselheiros federais integrantes das


delegações não poderão exercer o direito

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de voto nas matérias de interesse especí‑
fico da unidade federativa que represente,
podendo, no entanto, opinar sobre o as‑
sunto (art. 68, § 2º, do Regulamento Ge‑
ral). Assim, por exemplo, se estiver sendo
decidido se o Conselho Federal deve, ou
não, intervir no Conselho Seccional de São
Paulo, os integrantes da delegação de São
Paulo ficarão impedidos de votar.

24 De acordo com art. 51, § 2º, do atual Esta‑


tuto da Advocacia, os ex-presidentes não
têm mais direito a voto, como se permitia
no passado, por ocasião da Lei nº 4.215/63,
tendo agora apenas direito de voz. Entre‑
tanto, o art. 81 do Estatuto atual deter‑
minou que não se aplica essa restrição de
direito de voto aos que tenham assumido
originariamente o cargo de Presidente do
Conselho Federal até a data da publicação
desta lei (05 de julho de 1994), ficando as‑
segurados o pleno direito de voz e voto
em suas sessões, ou nas palavras do art. 77,
§ 2º, do Regulamento Geral: “Os ex-presi‑
dentes empossados antes de julho de 1994
têm direito de voto equivalente ao de uma
delegação, em todas as matérias, exceto
na eleição dos membros da Diretoria do
Conselho Federal.”

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25 O Presidente do Conselho Federal tem


apenas o voto de qualidade (voto de mi‑
nerva, voto de desempate), competindo‑
‑lhe exercer a representação nacional e in‑
ternacional da OAB, convocar o Conselho
Federal, presidi‑lo, representá‑lo, ativa e
passivamente, em juízo ou fora dele, pro‑
mover‑lhe a administração patrimonial e
ainda dar execução às suas decisões.

26 De acordo com o art. 45, § 2º, do EAOAB,


os Conselhos Seccionais têm “jurisdição”
sobre os respectivos Estados-membros, do
Distrito Federal e dos territórios, embora
se saiba que no Brasil, atualmente, não há
mais territórios.

27 De acordo com o art. 45, § 2º, do EAOAB,


os Conselhos Seccionais têm “jurisdição”
sobre os respectivos Estados-membros, do
Distrito Federal e dos territórios, embora
se saiba que no Brasil, atualmente, não há
mais territórios.

28 Integram, ainda, os Conselhos Seccio‑


nais os seus ex-presidentes, na qualidade
de membros honorários vitalícios, valen‑
do para estes a mesma regra do art. 81 do
EAOAB quanto ao direito de voto, ou seja,

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continuam com direito de voz e voto apenas
os que tenham assumido originariamente
o cargo de Presidente até a data da publi‑
cação da Lei nº 8.906/94 (05 de julho de
1994). Os demais, de acordo com esta lei,
possuem apenas o direito de voz. O Pre‑
sidente do Instituto dos Advogados local
é membro honorário do Conselho Seccio‑
nal, tendo direito a voz em suas sessões.

29 As subseções são partes autônomas dos


Conselhos Seccionais, funcionando como
extensões. Elas têm a função de descentra‑
lizar algumas atividades destes Conselhos
e não possuem personalidade jurídica. Sua
área territorial pode abranger um municí‑
pio, mais de um município ou parte de um
município, inclusive na capital do Estado.

30 Para que uma subseção seja criada pelo


Conselho Seccional, é necessário que haja
pelo menos quinze advogados domicilia‑
dos profissionalmente na respectiva área
de abrangência.

31 Como o próprio nome já diz, a Caixa de As‑


sistência dos Advogados tem a finalidade
de prestar assistência aos advogados e aos
estagiários vinculados ao respectivo Con‑

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selho Seccional. A Caixa de Assistência dos
Advogados é criada pelo Conselho Seccio‑
nal quando estes contarem com mais de
1.500 inscritos, adquirindo personalidade
jurídica com a aprovação e registro de seu
estatuto, o que se faz no próprio Conselho
Seccional.

32 As eleições na OAB são realizadas trienal‑


mente. Assim, todos os mandatos na OAB
têm a duração de três anos.
As eleições dos membros de todos os ór‑
gãos da OAB se realizam na segunda quin‑
zena do mês de novembro do último ano
do mandato, mediante cédula única e vo‑
tação direta dos advogados regularmente
inscritos.
O voto é obrigatório para todos os advoga‑
dos, sob pena de multa equivalente a 20%
(vinte por cento) do valor da anuidade, a
não ser que a ausência seja justificada por
escrito. Os estagiários não votam.

33 Ocorre a extinção do mandato, automati‑


camente, antes de seu término, quando:
a) ocorrer qualquer hipótese de can‑
celamento da inscrição ou de licença
do advogado;

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b) o titular sofrer condenação discipli‑
nar na OAB;
c) o titular faltar, sem motivo justifica‑
do, a três reuniões ordinárias conse‑
cutivas de cada órgão deliberativo do
Conselho, da Diretoria da Subseção ou
da Caixa de Assistência dos Advogados,
não podendo ser reconduzido no mes‑
mo período de mandado.

34 Será licenciado o advogado que: a) assim


o requerer por motivo justificado; b) pas‑
sar a exercer atividade incompatível com a
advocacia em caráter temporário; e c) so‑
frer doença mental considerada curável.

35 A inscrição será cancelada se o advogado:


a) assim requerer; b) sofrer penalidade de
exclusão; c) falecer; d) passar a exercer ati‑
vidade incompatível com a advocacia em
caráter definitivo; e) perder qualquer um
dos requisitos necessários para a inscrição.

36 Para o Estatuto da Advocacia e da OAB,


impedimento é a proibição parcial do exer‑
cício da advocacia e a incompatibilidade é
a proibição total de tal exercício.

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37 São atividades incompatíveis com a


advocacia:
I – Chefe do Poder Executivo e mem‑
bros da Mesa do Poder Legislativo e seus
substitutos legais.
II – membros de órgãos do Poder Judi‑
ciário, do Ministério Público, dos tribu‑
nais e conselhos de contas, dos juizados
especiais, da justiça de paz, juízes clas‑
sistas, bem como todos os que exerçam
função de julgamento em órgãos de de‑
liberação coletiva da administração pú‑
blica direta ou indireta.
III – ocupantes de cargos ou funções
de direção em órgãos da Administração
Pública direta ou indireta, em suas fun‑
dações e em suas empresas controladas
ou concessionárias de serviço público.
IV – ocupantes de cargos ou funções
vinculados direta ou indiretamente a
qualquer órgão do Poder Judiciário e
os que exercem serviços notariais e
de registro.
V – ocupantes de cargos ou funções vin‑
culados direta ou indiretamente à ativi‑
dade policial de qualquer natureza.
VI – militares de qualquer nature‑
za, na ativa.

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VII – ocupantes de cargos ou funções
que tenham competência de lançamen‑
to, arrecadação ou fiscalização de tri‑
butos e contribuições parafiscais.
VIII – ocupantes de funções de direção
e gerência em instituições financeiras,
inclusive privadas.

38 O § 1º do art. 28 do Estatuto determina


que a incompatibilidade permanece mes‑
mo que os ocupantes de cargos e funções
incompatíveis deixem de exercê‑los tem‑
porariamente. Desse modo, os juízes não
poderão advogar enquanto estiverem de
férias ou de licença da magistratura.

39 Os casos de impedimento são:


I – servidores da administração públi‑
ca direta, indireta e fundacional podem
advogar, menos contra a Fazenda que o
remunera ou a que seja vinculada a en‑
tidade empregadora.
A exceção legal é para os docentes dos
cursos jurídicos (art. 30, parágrafo único),
que, apesar de serem servidores públicos,
podem advogar livremente.
II – membros do Poder Legislativo

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O impedimento deste inciso II é mais abran‑
gente do que o anterior (inciso I). Aqui, o
impedimento é maior, estendendo‑se con‑
tra ou a favor de qualquer órgão da admi‑
nistração pública direta ou indireta e não
só contra quem o remunera.

40 Conforme disposto no art. 29 do Estatu‑


to, os Procuradores Gerais, os Advogados
Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de
órgãos jurídicos da Administração Pública
direta, indireta e fundacional são exclusiva‑
mente legitimados para o exercício da ad‑
vocacia vinculada à função que exerçam,
durante o período da investidura.

41 A relação de emprego não retira do ad‑


vogado a isenção técnica, nem tampouco
reduz a independência profissional ineren‑
tes à advocacia. Advirta‑se que advogado
empregado não está obrigado a prestar
serviços profissionais de interesse pesso‑
al dos empregadores, fora da relação em‑
pregatícia.

42 O salário mínimo do advogado empregado


será fixado por sentença normativa, salvo
quando ajustado em acordo ou convenção
coletiva de trabalho.

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43 A jornada de trabalho do advogado empre‑


gado não poderá ultrapassar a duração diá‑
ria de 4 (quatro) horas contínuas e a de 20
(vinte) horas semanais, exceto se houver
acordo ou convenção coletiva de trabalho
ou, ainda, em caso de dedicação exclusi‑
va. O Estatuto considera dedicação exclu‑
siva o regime de trabalho que for previs‑
to expressamente em contrato individual
de trabalho.
As horas trabalhadas que excederem a jor‑
nada normal são remuneradas com um adi‑
cional não inferior a 100% (cem por cento)
sobre o valor da hora normal, mesmo ha‑
vendo contrato escrito.

44 Para os fins do art. 20 da Lei nº 8.906/94,


considera‑se de dedicação exclusiva o re‑
gime de trabalho que for expressamente
previsto em contrato individual de traba‑
lho. Em caso de dedicação exclusiva, serão
remuneradas como extraordinárias as ho‑
ras trabalhadas que excederem a jornada
normal de oito horas diárias.

45 Uma sociedade de advogados pode asso‑


ciar‑se com advogados para participação
nos resultados, sem vínculo de emprego
(art. 39 do Regulamento Geral). O contra‑

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to para tal deve ser averbado no registro da
sociedade, que fica no Conselho Seccional.

46 Quanto à responsabilidade civil – da mes‑


ma maneira que os advogados sócios –, os
advogados associados respondem subsidi‑
ária e ilimitadamente pelos danos causados
diretamente ao cliente, em caso de dolo
ou culpa, por ação ou omissão, no exercí‑
cio dos atos privativos da advocacia. Ob‑
viamente, também são responsáveis disci‑
plinar e criminalmente, quando infringirem
o Estatuto, o Regulamento Geral, o Código
de Ética e Disciplina e a legislação penal.

47 O Estatuto da Advocacia e da OAB não


tratou apenas do advogado que atua no
setor privado. Conforme determinação do
seu art. 3º, § 1º, exercem atividade de ad‑
vocacia os integrantes da Advocacia Ge‑
ral da União, da Procuradoria da Fazenda
Nacional, da Defensoria Pública e das Pro‑
curadorias e Consultorias Jurídicas dos Es‑
tados, do Distrito Federal, dos Municípios
e de suas respectivas entidades de admi‑
nistração direta ou indireta, sujeitando‑se,
todos esses, ao regime da Lei nº 8.906/94
(EAOAB), além do regime próprio a que se
subordinem.

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Para os advogados públicos, o Estatuto da
Advocacia é a lei supletiva das leis específi‑
cas da advocacia pública, como, por exem‑
plo, a Lei Complementar nº 73/93 para a
Advocacia Geral da União, e a Lei Comple‑
mentar nº 80/94 para a Defensoria Públi‑
ca em geral.

48 Uma sociedade de advogados adquire per‑


sonalidade jurídica com o registro aprova‑
do dos seus atos constitutivos no Conselho
Seccional da OAB, em cuja base territorial
tiver sede, sendo proibido o registro nos
cartórios de registro civil de pessoas jurí‑
dicas e nas juntas comerciais.
Prevê o Estatuto que não são admitidas a
registro, e nem podem funcionar, as so‑
ciedades de advogados que apresentem
formas ou características mercantis, que
adotem denominação fantasia, que reali‑
zem atividades estranhas à advocacia, que
incluam sócios não inscritos no quadro de
advogados da OAB ou que estejam total‑
mente proibidos de advogar.

49 Nenhum advogado poderá fazer parte de


mais de uma sociedade de advogados com
sede ou filial na área de um mesmo Con‑
selho Seccional (Estados ou Distrito Fede‑

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ral). Se um advogado já é sócio de um es‑
critório de advocacia no Estado do Rio de
Janeiro, não poderá integrar, como sócio,
nenhuma outra sociedade de advogados
neste Estado. Poderá, todavia, ser sócio de
outra sociedade de advogados no Estado
de Minas Gerais, por exemplo.

50 Já na hipótese de constituição de filial em


outro estado, o ato de constituição deve
ser averbado no registro da sociedade e
arquivado no Conselho Seccional onde se
fixar, ficando os sócios obrigados à inscri‑
ção suplementar (art. 15, § 5º, do EAOAB).

51 Os sócios de uma mesma sociedade de ad‑


vogados não podem representar em juízo
clientes com interesses opostos.

52 As procurações passadas aos advogados


devem ser outorgadas individualmente aos
profissionais, mencionando a sociedade de
que façam parte. As atividades de advoca‑
cia são exercidas pelos próprios advogados,
ainda que os honorários se revertam à so‑
ciedade. No entanto, podem ser praticados
pela sociedade, com o uso da razão social,
os atos indispensáveis às suas finalidades,
que não sejam privativos de advogado.

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53 O art. 24 do Estatuto determina que a de‑


cisão judicial que fixar ou arbitrar honorá‑
rios, bem como o contrato feito por escrito
têm força de título executivo e constituem
crédito privilegiado na falência, concorda‑
ta, concurso de credores, insolvência civil
e liquidação extrajudicial.

54 Quando o advogado receber um subs‑


tabelecimento com reserva de poderes,
não poderá cobrar os honorários respec‑
tivos sem a intervenção daquele que lhe
substabeleceu.

55 A ação de cobrança de honorários advo‑


catícios prescreve em 5 (cinco) anos, que
serão contados a partir:
a) do vencimento do contrato,
quando houver;
b) do trânsito em julgado da decisão que
os fixar ou arbitrar;
c) da finalização do serviço extrajudicial
(assessoria, consultoria e direção jurí‑
dicas; acompanhamento de inquérito
policial);
d) da desistência ou transação;
e) da renúncia ou revogação de mandato.

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56 Os honorários de sucumbência, por decor‑


rerem precipuamente do exercício da ad‑
vocacia e só acidentalmente da relação de
emprego, não integram o salário ou a re‑
muneração, não podendo, assim, ser con‑
siderados para efeitos trabalhistas ou pre‑
videnciários.
Os honorários de sucumbência dos advo‑
gados empregados constituem fundo co‑
mum, cuja destinação é decidida pelos pro‑
fissionais integrantes do serviço jurídico da
empresa ou por seus representantes.

57 Compete ao Presidente do Conselho Fe‑


deral, do Conselho Seccional ou da Subse‑
ção, ao tomar conhecimento de fato que
possa causar, ou que já causou, violação de
direitos ou prerrogativas da profissão, ado‑
tar as providências judiciais e extrajudiciais
cabíveis para prevenir ou restaurar o impé‑
rio do Estatuto, em sua plenitude, inclusive
mediante representação administrativa.
O Presidente pode designar advogado, in‑
vestido de poderes bastantes, para as es‑
sas finalidades.

58 Sem prejuízo da atuação de seu defensor,


contará o advogado com a assistência de
representante da OAB nos inquéritos po‑
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liciais ou nas ações penais em que figurar
como indiciado, acusado ou ofendido, sem‑
pre que o fato a ele imputado decorrer do
exercício da profissão ou a este vincular‑se.

59 O inscrito na OAB, quando ofendido com‑


provadamente em razão do exercício pro‑
fissional ou de cargo ou função da OAB,
tem direito ao desagravo público promovi‑
do pelo Conselho competente, de ofício, a
seu pedido ou de qualquer pessoa.

60 O advogado deve informar o cliente, de


forma clara e inequívoca, quanto a even‑
tuais riscos da sua pretensão, e das conse‑
quências que poderão advir da demanda.

61 A conclusão ou desistência da causa, com


ou sem a extinção do mandato, obriga o
advogado à devolução de bens, valores
e documentos recebidos no exercício do
mandato, e à pormenorizada prestação de
contas, não excluindo outras prestações so‑
licitadas, pelo cliente, a qualquer momento.

62 Concluída a causa ou arquivado o proces‑


so, presumem‑se o cumprimento e a ces‑
sação do mandato.

ÉTICA
Mais de 1000 DICAS

63 O advogado não deve aceitar procuração


de quem já tenha patrono constituído, sem
prévio conhecimento deste, salvo por mo‑
tivo justo ou para adoção de medidas judi‑
ciais urgentes e inadiáveis.

64 Sobrevindo conflitos de interesse entre


seus constituintes, e não estando acordes
os interessados, com a devida prudência e
discernimento, optará o advogado por um
dos mandatos, renunciando aos demais,
resguardado o sigilo profissional.

65 O advogado não é obrigado a aceitar a im‑


posição de seu cliente que pretenda ver
com ele atuando outros advogados, nem
aceitar a indicação de outro profissional
para com ele trabalhar no processo.

66 É defeso ao advogado funcionar no mesmo


processo, simultaneamente, como patro‑
no e preposto do empregador ou cliente.

67 O advogado deve abster‑se de patrocinar


causa contrária à ética, à moral ou à valida‑
de de ato jurídico em que tenha colabora‑
do, orientado ou conhecido em consulta;
da mesma forma, deve declinar seu impe‑
dimento ético quando tenha sido convida‑

ÉTICA
Mais de 1000 DICAS
do pela outra parte, se esta lhe houver re‑
velado segredos ou obtido seu parecer.

68 É direito e dever do advogado assumir a


defesa criminal, sem considerar sua pró‑
pria opinião sobre a culpa do acusado.

69 O sigilo profissional é inerente à profissão,


impondo‑se o seu respeito, salvo grave
ameaça ao direito à vida, à honra, ou quan‑
do o advogado se veja afrontado pelo pró‑
prio cliente e, em defesa própria, tenha que
revelar segredo, porém sempre restrito ao
interesse da causa.
O advogado deve guardar sigilo, mesmo em
depoimento judicial, sobre o que saiba em
razão de seu ofício, cabendo‑lhe recusar‑se
a depor como testemunha em processo no
qual funcionou ou deva funcionar, ou so‑
bre fato relacionado com pessoa de quem
seja ou tenha sido advogado, mesmo que
autorizado ou solicitado pelo constituinte.
As confidências feitas ao advogado pelo
cliente podem ser utilizadas nos limites da
necessidade da defesa, desde que autori‑
zado aquele pelo constituinte.

ÉTICA
Mais de 1000 DICAS

70 O advogado pode anunciar os seus ser‑


viços profissionais, individual ou coletiva‑
mente, com discrição e moderação, para
finalidade exclusivamente informativa, ve‑
dada a divulgação em conjunto com outra
atividade.
O anúncio deve mencionar o nome com‑
pleto do advogado e o número da inscri‑
ção na OAB, podendo fazer referência a
títulos ou qualificações profissionais, espe‑
cialização técnico-científica e associações
culturais e científicas, endereços, horário
do expediente e meios de comunicação,
vedadas a sua veiculação pelo rádio e tele‑
visão e a denominação de fantasia.

71 Considera‑se imoderado o anúncio profis‑


sional do advogado mediante remessa de
correspondência a uma coletividade, salvo
para comunicar a clientes e colegas a ins‑
talação ou mudança de endereço, a indi‑
cação expressa do seu nome e escritório
em partes externas de veículo, ou a inser‑
ção de seu nome em anúncio relativo a ou‑
tras atividades não advocatícias, faça delas
parte ou não.

72 O advogado que eventualmente partici‑


par de programa de televisão ou de rádio,

ÉTICA
Mais de 1000 DICAS
de entrevista na imprensa, de reportagem
televisionada ou de qualquer outro meio,
para manifestação profissional, deve visar a
objetivos exclusivamente ilustrativos, edu‑
cacionais e instrutivos, sem propósito de
promoção pessoal ou profissional, vedados
pronunciamentos sobre métodos de traba‑
lho usados por seus colegas de profissão.

73 Quando convidado para manifestação pú‑


blica, por qualquer modo e forma, visan‑
do ao esclarecimento de tema jurídico de
interesse geral, deve o advogado evitar
insinuações a promoção pessoal ou pro‑
fissional, bem como o debate de caráter
sensacionalista.

74 O advogado deve abster‑se de:


a) responder com habitualidade con‑
sulta sobre matéria jurídica, nos meios
de comunicação social, com intuito de
promover‑se profissionalmente;
b) debater, em qualquer veículo de di‑
vulgação, causa sob seu patrocínio ou
patrocínio de colega;
c) abordar tema de modo a comprome‑
ter a dignidade da profissão e da insti‑
tuição que o congrega;

ÉTICA
Mais de 1000 DICAS
d) divulgar ou deixar que seja divulgada
a lista de clientes e demandas;
e) insinuar‑se para reportagens e decla‑
rações públicas.

75 A divulgação pública, pelo advogado, de


assuntos técnicos ou jurídicos de que te‑
nha ciência em razão do exercício profis‑
sional como advogado constituído, asses‑
sor jurídico ou parecerista, deve limitar‑se
a aspectos que não quebrem ou violem o
segredo ou o sigilo profissional.

76 O art. 35 do Estatuto lista as sanções disci‑


plinares que podem ser aplicadas pela OAB:
censura, suspensão, exclusão e multa.

77 O art. 36, parágrafo único, do Estatuto da


Advocacia, prevê que a censura poderá ser
convertida em uma simples advertência,
constituindo em ofício reservado encami‑
nhado ao advogado, sem registro nos as‑
sentamentos, desde que presente circuns‑
tância atenuante. Essas atenuantes estão
no art. 40 do Estatuto (falta cometida na
defesa de prerrogativa profissional, ausên‑
cia de punição disciplinar anterior – prima‑
riedade –, exercício assíduo e proficiente
de mandado ou cargo em qualquer órgão

ÉTICA
Mais de 1000 DICAS
da OAB e prestação de relevantes serviços
à advocacia ou à causa pública).

78 O advogado, regularmente notificado,


deve quitar seu débito relativo às anuida‑
des, no prazo de 15 dias da notificação, sob
pena de suspensão, aplicada em processo
disciplinar.
Cancela‑se a inscrição quando ocorrer a
terceira suspensão, relativa ao não paga‑
mento de anuidades distintas.

79 A alienação ou oneração de bens imóveis


depende de aprovação do Conselho Fede‑
ral ou do Conselho Seccional, competin‑
do à Diretoria do órgão decidir pela aqui‑
sição de qualquer bem e dispor sobre os
bens móveis.
A alienação ou oneração de bens imóveis
depende de autorização da maioria das de‑
legações, no Conselho Federal, e da maio‑
ria dos membros efetivos, no Conselho
Seccional.

80 A OAB participa dos concursos públicos,


previstos na Constituição e nas leis, em to‑
das as suas fases, por meio de represen‑
tante do Conselho competente, designado

ÉTICA
1000 DICAS
Mais de

pelo Presidente, incumbindo‑lhe apresen‑


tar relatório sucinto de suas atividades.
Incumbe ao representante da OAB velar
pela garantia da isonomia e da integrida‑
de do certame, retirando‑se quando cons‑
tatar irregularidades ou favorecimentos e
comunicando os motivos ao Conselho.

ÉTICA
1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 02

DIREITO
CONSTITUCIONAL
FLAVIA BAHIA

DIREITO CONSTITUCIONAL
Mais de 1000 DICAS

81 A Constituição Estadual poderá criar Me‑


didas Provisórias, mas deverá guardar os
mesmos requisitos e limites da norma da
Constituição da República, face ao man‑
damento da simetria das normas.

82 As regras do processo legislativo, em es‑


pecial as que tratam da iniciativa legislativa,
por força da simetria, são de observância
obrigatória para os Estados, Distrito Fede‑
ral e municípios.

83 Em nome da rigidez constitucional, o cons‑


tituinte estabeleceu um processo mais rigo‑
roso para a votação das PECs no Congres‑
so Nacional, consagrando a sua aprovação
apenas após dois turnos positivos de vota‑
ção em cada Casa do Congresso Nacional e
pelo voto de 3/5 dos respectivos membros.

84 As normas de reprodução obrigatória são


aquelas que se inserem compulsoriamen‑
te no texto constitucional estadual, como
consequência da subordinação à CRFB/88,
que é a matriz do ordenamento jurídico
parcial dos Estados-membros. A tarefa do
constituinte em relação a tais normas, por‑
tanto, limita-se a inseri-las no ordenamen‑

DIREITO CONSTITUCIONAL
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to constitucional do Estado, por um pro‑
cesso de transplantação.

85 Não existe hierarquia entre lei complemen‑


tar e lei ordinária, uma vez que esta não
decorre daquela, já que ambas decorrem
da Constituição. São diferenças entre a lei
complementar e a lei ordinária: (i) enquanto
a primeira demanda um quórum de apro‑
vação de maioria absoluta, a segunda pode
ser aprovada por maioria simples (presen‑
te à sessão a maioria absoluta dos mem‑
bros da casa legislativa); (ii) há determina‑
das matérias que só podem ser reguladas
por meio de lei complementar e estas ma‑
térias estão definidas expressamente no
texto constitucional.

86 A Comissão de Constituição e Justiça


(CCJ) realiza controle preventivo político
de constitucionalidade, pois tem por fun‑
ção verificar a compatibilidade do projeto
de lei para com a Constituição.

87 A jurisprudência do STF é firme no sentido


de reconhecer a possibilidade de controle
jurisdicional da PEC em tramitação, reco‑
nhecendo a legitimidade dos deputados e
senadores para a impetração de mandado

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de segurança por violação ao direito líqui‑
do e certo de observância do devido pro‑
cesso legislativo.

88 O STF admite o exame jurisdicional do méri‑


to dos requisitos de relevância e urgência na
edição de medida provisória em casos ex‑
cepcionais, em que a ausência desses pres‑
supostos seja evidente, como por exemplo,
na abertura de crédito extraordinário para
destinar verba para a saúde que já deveria
estar inclusa na lei orçamentária anual.

89 De acordo com o STF, a perda supervenien‑


te de representação do Partido Político não
repercute sobre o julgamento da ADI, pois
se entende que a aferição da legitimidade
ativa do Partido Político deve ser realizada
quando do ajuizamento da ação. O Partido
Político, para ajuizar ADI, deve estar repre‑
sentado por seu Diretório Nacional, ainda
que o ato impugnado tenha sua amplitude
normativa limitada ao Estado ou Município
do qual se originou.

90 A reserva de plenário deve ser observa‑


da mesmo quando o Tribunal não declarar
expressamente a inconstitucionalidade da
lei ou ato normativo, limitando-se a afas‑

DIREITO CONSTITUCIONAL
Mais de 1000 DICAS
tar a sua incidência, total ou parcial, con‑
forme estabelece a súmula vinculante n°
10 do STF.

91 A ação popular é ajuizada exclusivamente


pelo cidadão (ELEITOR) na defesa do pa‑
trimônio público estatal, da moralidade ad‑
ministrativa, do meio ambiente e do patri‑
mônio histórico e cultural. Se proposta de
boa fé, a ação será gratuita, caso contrá‑
rio, onerosa.

92 A ação de habeas data é personalíssima e


por isso só pode ser apresentada pelo titu‑
lar do dado, salvo em caso de falecimento,
pois nesta hipótese os herdeiros podem
ajuizar a ação. Não cabe o habeas data se
não houver recusa de informações por par‑
te da autoridade administrativa.

93 O mandado de segurança visa à tutela de


direito individual e coletivo, líquido e certo,
não amparável por nenhum dos demais re‑
médios constitucionais, diante de sua natu‑
reza residual, que esteja sendo ameaçado
ou lesado em decorrência de ato de auto‑
ridade pública ou agente delegado, eivado
de ilegalidade ou abuso de poder.

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94 O mandado de segurança coletivo pode


ser impetrado por partido político com re‑
presentação no Congresso Nacional, or‑
ganização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano e
podem defender em juízo interesse de toda
ou de parte da categoria. Como atuam na
qualidade de substitutos processuais não
precisam de autorização expressa dos seus
membros ou associados.

95 O STF, numa reinterpretação do art. 14, § 5°


da CRFB/88, decidiu que um Prefeito não
pode concorrer ao cargo para um terceiro
mandato consecutivo, seja no mesmo mu‑
nicípio, ou até mesmo em outro município,
impedindo a perpetuação de uma mesma
pessoa no Poder em nome do Princípio Re‑
publicano. Trata-se da vedação do denomi‑
nado “Prefeito itinerante”.

96 Segundo entendimento do STF, a CPI não


pode determinar a constrição de bens do
investigado, tendo em vista os princípios
da reserva de jurisdição e da separação de
poderes. Em contrapartida, pode determi‑
nar a quebra do sigilo telefônico, ou seja,
dos dados telefônicos dos investigados.

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97 De acordo com a doutrina e a jurisprudên‑


cia do STF, a eficácia das deliberações dos
parlamentares integrantes da CPI deve ob‑
servar o postulado da colegialidade (por
maioria dos votos).

98 As hipóteses de perda da nacionalidade


brasileira estão taxativamente definidas na
Constituição da República, não sendo líci‑
to ao Estado brasileiro, mediante tratados
ou convenções internacionais, inovar nes‑
se tema para ampliar ou modificar os ca‑
sos que autorizam a privação da condição
político-jurídica de nacional do Brasil.

99 Em caso de impedimento do Presidente se‑


rão sucessivamente chamados ao exercício
da Presidência: o Vice-Presidente, o Presi‑
dente Câmara dos Deputados, o Presidente
do Senado Federal e o do Supremo Tribu‑
nal Federal. Importante frisar que somente
o Vice pode ser sucessor do Presidente e
os demais podem apenas substituí-los.

100 O Presidente e o Vice-Presidente da Re‑


pública não poderão, sem licença do Con‑
gresso Nacional, ausentar-se do País por
período superior a quinze dias, sob pena de
perda do cargo. Já, se, decorridos dez dias

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da data fixada para a posse, o Presidente
ou o Vice-Presidente, salvo motivo de for‑
ça maior, não tiver assumido o cargo, este
será declarado vago.

101 O Presidente da República é julgado por


crime comum perante o STF e por crime
de responsabilidade pelo Senado Fede‑
ral. Em ambos os casos é preciso que haja
juízo de admissibilidade favorável da Câ‑
mara dos Deputados por dois terços dos
seus membros.

102 A mudança formal da Constituição só é fei‑


ta por meio das emendas constitucionais
com base no art. 60. Já a mutação cons‑
titucional é o fenômeno de mudança in‑
formal da Constituição com alteração de
sentido e não do texto da lei, permitindo
que a lei maior esteja sempre afinada com
a realidade do país.

103 Prevista no art. 217, parágrafos 1° e 2°, a


Justiça Desportiva não integra o Poder Ju‑
diciário, tendo em vista que não está ar‑
rolada no art. 92 da CRFB/88. Trata-se de
órgão administrativo.

DIREITO CONSTITUCIONAL
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104 Como os bingos são considerados modali‑


dades de sorteio, o STF decidiu, com base
no art. 22, XX, da CRFB/88, que é incons‑
titucional a lei ou ato normativo estadual
ou distrital que disponha sobre sistemas
de consórcios e sorteios, inclusive bingos
e loterias, pois a matéria deve ser tratada
por lei federal (Súmula Vinculante 2).

105 A concessão de medida liminar é permitida


em todas as ações do controle concentrado
abstrato federal, quais sejam: Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI), Ação De‑
claratória de Constitucionalidade (ADC),
Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO) e Arguição de Descumpri‑
mento de Preceito Fundamental (ADPF).

106 O Supremo Tribunal Federal, de acordo


com sua reiterada jurisprudência, não ad‑
mite a utilização da reclamação constitu‑
cional contra nova lei editada pelo Poder
Legislativo, quando o fundamento da re‑
clamação consiste no fato de a nova lei ter
conteúdo idêntico a outra declarada in‑
constitucional por aquela Corte em ação
direta de inconstitucionalidade, eis que os
efeitos vinculantes desta não se estendem

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Mais de1000 DICAS
em tema de produção normativa, ao Poder
Legislativo.

107 Podem ser objeto de ADI: leis ou atos


normativos federais ou estaduais. A ADC
admite a análise de leis ou atos normati‑
vos federais, e a ADPF cuida das normas
pré-constitucionais, das leis municipais
e dos atos normativos secundários, prin‑
cipalmente.

108 Em direitos políticos, é sempre importante


lembrar-se da Súmula Vinculante 18, que
afirma: “A dissolução da sociedade ou do
vínculo conjugal, no curso do mandato, não
afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do
art. 14 da CF.”

109 Para concorrerem a outros cargos, o Pre‑


sidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
devem renunciar aos respectivos manda‑
tos até seis meses antes do pleito.

110 O Tribunal de Contas da União (TCU) é ór‑


gão auxiliar do Congresso Nacional no que
toca ao controle externo e pode fiscalizar as
contas de pessoa jurídica de direito privado
que receba recursos financeiros da União.

DIREITO CONSTITUCIONAL
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111 O art. 125, § 2°, da CF/88 dispõe sobre a


instituição da representação de inconstitu‑
cionalidade (que pode ser chamada de ADI
ou RI estadual) em face de lei ou ato nor‑
mativo estadual ou municipal. Embora não
tenha sido incluída previsão para a criação,
em âmbito estadual, da ação direta de in‑
constitucionalidade por omissão, da ação
declaratória de constitucionalidade, muito
menos da arguição de descumprimento de
preceito fundamental, o STF entende que
nada impede esta inovação pelas Consti‑
tuições Estaduais, em nome do princípio da
simetria e da autonomia do ente federativo.

112 A ambivalência (ou, ainda, a natureza fun‑


gível ou dúplice) traduz-se na possibilidade
de, em sede de ADI ou de ADC, o STF de‑
clarar a constitucionalidade ou a inconstitu‑
cionalidade de uma determinada lei como
medida de economia processual.

113 O preâmbulo da Constituição Federal, se‑


gundo orientação jurisprudencial, está si‑
tuado no domínio da política, como reflexo
da posição ideológica do constituinte no
momento de sua elaboração, não sendo
inclusive norma de reprodução obrigatória
para as Constituições Estaduais, tampou‑

DIREITO CONSTITUCIONAL
Mais de1000 DICAS
co paradigma valorativo para a declaração
de inconstitucionalidade das leis, ainda que
seja fonte de interpretação constitucional.

114 Não há hierarquia entre o corpo fixo da


Constituição e as normas do ADCT. E to‑
das as normas constitucionais podem, em
regra, servir como parâmetro do controle
de constitucionalidade das leis.

115 As normas constitucionais de eficácia ple‑


na são autoaplicáveis e têm incidência di‑
reta, imediata e integral (arts. 1° e 2°, 5°,
III). À semelhança das normas plenas, as
contidas também estão plenamente aptas
a realizar todos os seus efeitos jurídicos
essenciais desde a sua entrada em vigor,
produzindo, igualmente, incidência direta,
imediata, mas não integral, pois podem so‑
frer restrições ou ampliações futuras por
parte do Poder Público (arts. 5°, XIII e XV e
art. 93, IX).

116 As normas constitucionais limitadas produ‑


zem efeitos jurídicos reduzidos, tendo em
vista que dependem da atuação futura por
parte do Poder Público. Dividem-se em:
Programáticas ou Institutivas (ou organiza‑
tórias). As primeiras traçam objetivos, me‑

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tas ou ideais que deverão ser delineados
pelo Poder Público para que produzam seus
efeitos jurídicos essenciais (arts. 196, 205 e
211). As últimas criam novos institutos, ser‑
viços, órgãos ou entidades que precisam
de legislação futura para que ganhem vida
real (art. 134, § 1º e art. 93, caput).

117 A iniciativa popular está prevista no art. 61,


§2º e que permite ao povo a apresentação
de projeto de lei complementar ou ordi‑
nária, desde que subscrito por, no mínimo,
um por cento do eleitorado nacional, distri‑
buído pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles. Neste caso, o
projeto deverá ser apresentado à Câmara
dos Deputados, que é a casa iniciadora por
excelência do processo legislativo (salvo
se o Senado Federal apresentar o projeto,
pois nessa hipótese haverá inversão na or‑
dem de votação entre as Casas).

118 Não há iniciativa popular para apresenta‑


ção de propostas de emendas, pois o rol
do art. 60, I, II e III é taxativo.

119 A sanção e o veto são atos exclusivos do


chefe do Executivo (no prazo de 15 dias

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úteis). A sanção pode ser tácita ou expres‑
sa, mas o veto é sempre expresso! Não
há sanção ou veto no processo de elabo‑
ração das emendas constitucionais, que
após aprovadas, serão promulgadas pelas
respectivas Mesas do Congresso Nacional
(art. 60, δ3º). A sanção do chefe do exe‑
cutivo não convalida o vício de iniciativa na
apresentação do projeto.

120 São características constitucionais do veto


na forma do art. 66 da CRFB/88: i) total,
se recair sobre todo o projeto (ou parcial,
se atingir apenas parte do projeto e, nes‑
te caso, somente pode abranger o texto
total de artigo, inciso, alínea ou parágrafo,
não havendo mais veto de palavra ou de
expressão); ii) é irretratável; iii) superável,
pela possibilidade de sua derrubada pelo
Congresso Nacional; iv) pode ser formal
ou jurídico, quando ocorrer em razão da
inconstitucionalidade do projeto; ou ainda,
material ou político, se o veto for motivado
em razão do projeto ser contrário ao inte‑
resse público.

121 A proposta de emenda constitucional exige


um quórum qualificado para sua aprovação.
Será considerada aprovada após discussão

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e votação em dois turnos nas duas casas do
Congresso Nacional, devendo obter três
quintos dos votos dos seus membros em
cada turno de votação. As emendas não po‑
dem ser promulgadas durante intervenção
federal, estado de defesa e estado de sítio.

122 O princípio da simetria norteia o proces‑


so legislativo estadual, distrital e municipal.
Por isso, se no plano federal o projeto for
de iniciativa privativa do Presidente da Re‑
pública, no âmbito dos Estados e Distrito
Federal será do Governador e nos Municí‑
pios do Prefeito.

123 O Conselho Nacional de Justiça foi criado


pela EC 45/04, tem sede na capital fede‑
ral, mas é o único órgão da estrutura do
Poder Judiciário desprovido de função ju‑
risdicional. Foi criado com o objetivo de
ampliar o sistema de fiscalização adminis‑
trativa e financeira dos órgãos do referi‑
do poder. Compõe-se de quinze membros
com mandato de dois anos, admitida uma
recondução e é presidido pelo Presiden‑
te do Supremo Tribunal Federal e, nas suas
ausências e impedimentos, pelo Vice-Pre‑
sidente do Supremo Tribunal Federal.

DIREITO CONSTITUCIONAL
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124 A Constituição Federal estabeleceu siste‑


ma de repartição de competências entre
os entes político-administrativos que com‑
bina competências exclusivas, privativas
e principiológicas com competências co‑
muns e concorrentes, com vistas ao equi‑
líbrio federativo.

125 Será admitida ação privada nos crimes de


ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal.

126 Todos os julgamentos dos órgãos do Po‑


der Judiciário serão públicos, e fundamen‑
tadas todas as decisões, sob pena de nuli‑
dade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em
caso nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não pre‑
judique o interesse público à informação.

127 O Conselho Nacional do Ministério Público


compõe-se de quatorze membros nomea‑
dos pelo Presidente da República, depois
de aprovada a escolha pela maioria abso‑
luta do Senado Federal, para um mandato
de dois anos, admitida uma recondução.

DIREITO CONSTITUCIONAL
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128 Dentre as atribuições privativas da Câmara


dos Deputados estão as seguintes: autori‑
zar, por dois terços de seus membros, a ins‑
tauração de processo contra o Presidente
e o Vice-Presidente da República e os Mi‑
nistros de Estado e proceder à tomada de
contas do Presidente da República, quando
não apresentadas ao Congresso Nacional
dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa.

129 As leis delegadas serão elaboradas pelo


Presidente da República, que deverá soli‑
citar a delegação ao Congresso Nacional.

130 O ingresso na carreira do Ministério Públi‑


co far-se-á mediante concurso público de
provas e títulos, assegurada a participação
da Ordem dos Advogados do Brasil em sua
realização, exigindo-se do bacharel em di‑
reito, no mínimo, três anos de atividade ju‑
rídica e observando-se, nas nomeações, a
ordem de classificação.

131 A Advocacia-Geral da União tem por chefe


o Advogado-Geral da União, de livre nome‑
ação pelo Presidente da República dentre
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada.

DIREITO CONSTITUCIONAL
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132 Compete aos juízes federais julgar os cri‑


mes cometidos abordo de avião, ainda que
se trate de voo doméstico, ressalvados os
crimes militares.

133 Conforme jurisprudência do STJ, o juiz


pode determinar o bloqueio de verbas pú‑
blicas para garantir o fornecimento de me‑
dicamentos.

134 O Conselho Nacional de Justiça não tem


qualquer competência sobre o STF e seus
ministros.

135 Compete, originariamente, ao STJ proces‑


sar e julgar a homologação de sentenças
estrangeiras.

136 A competência para legislar sobre direito


urbanístico é concorrente entre União, Es‑
tados e DF, e não privativa dos Municípios.

137 O direito à gratuidade da tarifa de transpor‑


te público dos indivíduos com idade igual
ou superior a 65 anos é considerado direi‑
to fundamental de eficácia plena, de modo
que esse direito subjetivo já existia antes
mesmo da edição do Estatuto do Idoso.

DIREITO CONSTITUCIONAL
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138 O preceito fundamental de liberdade de ex‑


pressão não consagra o ‘direito à incitação
ao racismo’, dado que um direito individual
não pode constituir-se em salvaguarda de
condutas ilícitas, como sucede com os de‑
litos contra a honra.

139 O banimento ou degredo se refere ao en‑


vio compulsório de um nacional ao estran‑
geiro, sem possibilidade de retorno, como
forma de punição, tratando-se de medida
vedada pelo ordenamento brasileiro.

140 O STF, em jurisprudência, já entendeu que


os Municípios detêm competência para le‑
gislar sobre o tempo máximo de espera por
atendimento nas agências bancárias, pois
tal questão é de interesse local e diz res‑
peito às normas de proteção das relações
de consumo.

141 O mandato eletivo poderá ser impugnado


ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze
dias contados da diplomação, instruída a
ação com provas de abuso de poder eco‑
nômico, corrupção ou fraude.

142 A competência do TJ para julgar prefei‑


tos restringe-se aos crimes de competên‑

DIREITO CONSTITUCIONAL
Mais de1000 DICAS
cia da justiça comum estadual, nos demais
casos, a competência originária caberá ao
respectivo tribunal de segundo grau.

143 Os Estados-membros não dispõem de


competência para instituir, mesmo em sua
própria Constituição, cláusulas tipificado‑
ras de crimes de responsabilidade, já que
tal competência pertence exclusivamente
à União Federal.

144 As garantias constitucionais da ampla de‑


fesa e do contraditório não são aplicáveis
na fase do inquérito civil, que tem natureza
administrativa, de caráter pré-processual, e
somente se destina à colheita de informa‑
ções para propositura de ação civil pública.

145 A sustação, pelo Poder Legislativo, de atos


normativos que exorbitem do poder regu‑
lamentar constitui exemplo do controle de
constitucionalidade repressivo, manejado
via decreto legislativo produzido pelo Con‑
gresso Nacional.

146 Resolução administrativa do CNJ que dis‑


cipline determinada matéria, de forma ge‑
ral e abstrata, pode ser objeto de Ação Di‑
reta de Inconstitucionalidade.

DIREITO CONSTITUCIONAL
Mais de1000 DICAS

147 A intervenção da União em estado, para as‑


segurar a observância dos chamados prin‑
cípios constitucionais sensíveis, depende
de provimento, pelo STF, de representação
de inconstitucionalidade interventiva ajui‑
zada pelo PGR.

148 Pela regra do quinto constitucional, na


composição dos tribunais regionais fede‑
rais, dos tribunais dos estados, do DF e
territórios, e dos tribunais do trabalho, um
quinto dos seus lugares será composto de
membros do MP com mais de dez anos de
carreira e de advogados de notório saber
jurídico e de reputação ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional.

149 A inviolabilidade da intimidade, da hon‑


ra e da imagem, bem como o direito à in‑
denização por danos morais decorrentes
de sua violação são constitucionalmente
assegurados.

150 A autonomia política dos Estados-mem‑


bros não alcança a competência legislativa
para instituir comissão estadual voltada a
autorizar, monitorar e fiscalizar a pesqui‑
sa, e demais atividades relacionadas ao se‑
tor nuclear, de modo a assegurar que suas

DIREITO CONSTITUCIONAL
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aplicações garantam a saúde, o bem-estar
e a segurança da população, bem como, a
preservação do meio ambiente.

151 O permissivo constitucional que autoriza


os juízes a exercerem o magistério não im‑
pede o desempenho de atividade docente
por magistrado em mais de uma instituição
de ensino.

152 Segundo orientação do STF, a imunidade


material não se estende ao congressista
quando, na condição de candidato a qual‑
quer cargo eletivo, vem a ofender, moral‑
mente, a honra de terceira pessoa, inclusive
a de outros candidatos, em pronunciamen‑
to motivado por finalidade exclusivamente
eleitoral, que não guarda qualquer conexão
com o exercício das funções congressuais.

153 É inconstitucional lei estadual que institua


depósito prévio como requisito de admissi‑
bilidade de recurso nos Juizados Especiais,
por violar competência privativa da união
para legislar sobre direito processual.

154 É possível haver emendas parlamentares


em projetos de lei de iniciativa dos Poderes
Executivo e Judiciário, desde que guardem

DIREITO CONSTITUCIONAL
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pertinência temática com a proposta ori‑
ginal e não acarretem, em regra, aumento
de despesas.

155 Se já houver pronunciamento anterior,


emanado do Plenário do STF ou do órgão
competente do TJ local declarando deter‑
minada lei ou ato normativo inconstitucio‑
nal, será possível que o Tribunal julgue que
esse ato é inconstitucional de forma mo‑
nocrática, sem que isso implique violação
à cláusula da reserva de plenário.

156 De acordo com o art. 12, da Lei 13.300/16,


podem impetrar o Mandado de Injunção
Coletivo: I–pelo Ministério Público, quando
a tutela requerida for especialmente rele‑
vante para a defesa da ordem jurídica, do re‑
gime democrático ou dos interesses sociais
ou individuais indisponíveis; II–por partido
político com representação no Congresso
Nacional, para assegurar o exercício de di‑
reitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a finali‑
dade partidária; III–por organização sindi‑
cal, entidade de classe ou associação le‑
galmente constituída e em funcionamento
há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerro‑

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gativas em favor da totalidade ou de parte
de seus membros ou associados, na forma
de seus estatutos e desde que pertinentes
a suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial; IV–pela Defensoria
Pública, quando a tutela requerida for es‑
pecialmente relevante para a promoção
dos direitos humanos e a defesa dos direi‑
tos individuais e coletivos dos necessita‑
dos, na forma do inciso LXXIV do art. 5o da
Constituição Federal.

157 Conceder-se-á mandado de injunção sem‑


pre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalida‑
de, à soberania e à cidadania.

158 A criação, a incorporação, a fusão e o des‑


membramento de Municípios, far-se-ão
por lei estadual, dentro do período deter‑
minado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos
de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei.

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159 Os Estados podem incorporar-se entre si,


subdividir-se ou desmembrar-se para se
anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente in‑
teressada, através de plebiscito, e do Con‑
gresso Nacional, por lei complementar.

160 Lei estadual não pode dispor sobre a ins‑


tituição de cadastro com os números das
linhas telefônicas dos assinantes do servi‑
ço de telefonia interessados no sistema de
venda por via telefônica, pois compete à
União explorar os serviços de telecomuni‑
cações, bem como legislar privativamente
sobre essa matéria.

DIREITO CONSTITUCIONAL
1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 03

DIREITOS
HUMANOS
FLAVIA BAHIA

DIREITOS HUMANOS
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161 A Constituição brasileira de 1988, como


marco jurídico da institucionalização dos
direitos humanos e da transição democrá‑
tica no país, ineditamente, consagrou o pri‑
mado da prevalência dos direitos humanos
como paradigma propugnado para a ordem
internacional (art. 4º, II).

162 A Convenção Internacional sobre os Di‑


reitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo, assinados em Nova
York, em 30 de março de 2007–Decreto
6949/49 – representa o primeiro tratado
sobre direitos humanos constitucionaliza-
do formalmente na forma do art. 5º, δ3º,
da CRFB/88, ou seja, possui status de nor‑
ma constitucional derivada.

163 O Supremo Tribunal Federal reconheceu


em 2008 que o Pacto de San José da Cos‑
ta Rica possui status de norma supralegal
e que revogou a legislação infraconstitu‑
cional que tratava sobre a prisão civil do
depositário infiel, pois o pacto só prevê a
prisão civil do devedor de alimentos. Nes‑
se sentido, a Súmula Vinculante 25 dispõe
que a prisão civil do depositário infiel não
é mais permitida no país.

DIREITOS HUMANOS
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164 A federalização dos crimes contra os di‑


reitos humanos foi implementada pela
EC 45/04 e permite que, nas hipóteses
de grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a fi‑
nalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados inter‑
nacionais de direitos humanos dos quais o
Brasil seja parte, possa suscitar, perante o
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente
de deslocamento de competência para a
Justiça Federal.

165 O marco inicial do processo de incorpora‑


ção de tratados internacionais de direitos
humanos pelo Direito Brasileiro foi a rati‑
ficação, em 1989, da Convenção contra a
Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, De-
sumanos ou Degradantes. Com essa ade‑
são, inúmeros outros importantes instru‑
mentos internacionais de proteção dos
direitos humanos foram também incorpo‑
rados pelo Direito Brasileiro, sob a égide
da Constituição Federal de 1988.

166 A partir da Carta de 1988, foram ratifica‑


dos pelo Brasil: a) a Convenção Interame‑
ricana para Prevenir e Punir a Tortura, em

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20 de julho de 1989; b) a Convenção sobre
os Direitos da Criança, em 24 de setem‑
bro de 1990; c) o Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos, em 24 de janei‑
ro de 1992; d) o Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
em 24 de janeiro de 1992; e) a Convenção
Americana de Direitos Humanos, em 25 de
setembro de 1992; f) a Convenção Intera‑
mericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher, em 27 de no‑
vembro de 1995.

167 A EC 45/04 formalizou a submissão do


Brasil à jurisdição de Tribunal Penal Inter‑
nacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. Como exemplo, podemos citar o
Tribunal Penal Internacional criado pelo Es‑
tatuto de Roma, ratificado pelo Brasil por
meio do Decreto 4388/02.

168 Para parte da doutrina, o art. 5, δ2º, da


CRFB/88, que prevê que os direitos e ga‑
rantias expressos na Constituição não ex‑
cluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos trata‑
dos internacionais em que a República Fe‑
derativa do Brasil seja parte, constitui uma
cláusula de recepção direta e imediata dos

DIREITOS HUMANOS
Mais de1000 DICAS
tratados sobre direitos humanos que, in‑
dependentemente de qualquer incorpora‑
ção legislativa interna, produziriam efeitos
como normas constitucionais em razão da
sua matéria. É a teoria do “Bloco de Consti‑
tucionalidade”, não adotada até o momen‑
to pelo STF.

169 Na hipótese de conflito entre uma norma


do direito interno e um dispositivo enun‑
ciado em tratado internacional de prote‑
ção dos direitos humanos, deverá preva‑
lecer a norma mais benéfica ao indivíduo,
considerando que os tratados de direitos
humanos constituem um parâmetro pro‑
tetivo mínimo.

170 Em 10 de dezembro de 1948 foi aprovada


a Declaração Universal dos Direitos Hu‑
manos (sob a forma de Resolução), como
marco maior do processo de reconstrução
dos direitos humanos. Introduz a concep‑
ção contemporânea de direitos humanos,
caracterizada pela universalidade e indivisi-
bilidade destes direitos. Os direitos huma‑
nos são universais porque basta ser pessoa
para ser titular desses direitos e são indivisí‑
veis porque os direitos civis e políticos hão
de ser somados aos direitos econômicos,

DIREITOS HUMANOS
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sociais e culturais, compreendidos como
meios para o exercício das liberdades indi‑
viduais e políticas.

171 De acordo com a Declaração Universal


dos Direitos Humanos de 1948, existiriam
alguns direitos fundamentais que não po‑
deriam em hipótese alguma ser desres-
peitados como, por exemplo: a vedação
à tortura, ao tratamento ou castigo cruel,
desumano ou degradante, à escravidão ou
à servidão.

172 Em 16 de dezembro de 1966, a Assembleia


Geral das Nações Unidas adotou dois pac‑
tos internacionais de direitos humanos que
desenvolveram, pormenorizadamente, o
conteúdo da Declaração Universal de 1948:
o Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos e o Pacto Internacional sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

173 O Pacto Internacional dos Direitos Civis e


Políticos -1966- amplia o rol de direitos ci‑
vis e políticos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos. São direitos auto-apli‑
cáveis. Este pacto constituiu o Comitê de
Direitos Humanos e reconhece a universa‑
lidade, a inalienabilidade e a indivisibilida‑

DIREITOS HUMANOS
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de desses direitos. Defende os princípios
da autodeterminação dos povos, da igual‑
dade, da dignidade da pessoa humana en‑
tre outros.

174 O Pacto Internacional dos Direitos Econô‑


micos, Sociais e Culturais -1966- amplia o
rol de direitos econômicos, sociais e cultu‑
rais da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Também reconhece a universa‑
lidade, a inalienabilidade e a indivisibilidade
desses direitos e traz regras de direito tra‑
balhista. Os direitos econômicos, sociais e
culturais são programáticos, de aplicação
progressiva. Não há órgão de fiscalização
das obrigações previstas no Pacto.

175 A Declaração de Direitos de Virgínia (1776),


EUA, foi o primeiro documento político
que reconheceu a existência de direitos
inerentes a todo ser humano independen‑
temente das diferenças de sexo, raça, reli‑
gião, cultura ou posição social.

176 A Convenção de Genebra, de 1864, inau‑


gurou o direito humanitário, que veio a ser
desenvolvido no século seguinte após as
guerras mundiais e serviu como base para
a criação, em 1880, da Comissão Interna‑

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cional da Cruz Vermelha, mundialmente
conhecida.

177 A Convenção Relativa ao Tratamento de


Prisioneiros de Guerra de Genebra, em
1929, desenvolveu o conjunto das normas
de proteção aos prisioneiros de guerra, as‑
sentadas na Convenção de 1864 e na Con‑
venção de Haia, de 1907, sobre os prisionei‑
ros de guerra marítima. Regula a captura,
o cativeiro, a organização dos campos de
prisioneiros, o trabalho dos prisioneiros de
guerra e o fim dos cativeiros.

178 A Carta das Nações Unidas foi assinada


em São Francisco, 1945, após o término da
Conferência das Nações Unidas sobre Or‑
ganização Internacional, entrando em vigor
em 24 de outubro daquele mesmo ano. O
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
faz parte integrante da Carta. As Nações
Unidas são constituídas por seis órgãos
principais: a Assembleia Geral, o Conse‑
lho de Segurança, o Conselho Econômico
e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal
Internacional de Justiça e o Secretariado.
Todos eles estão situados na sede da ONU,
em Nova York, com exceção do Tribunal,
que fica em Haia, na Holanda.

DIREITOS HUMANOS
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179 A Organização das Nações Unidas é uma


instituição internacional fundada após a 2ª
Guerra Mundial para manter a paz e a se‑
gurança no mundo, fomentar relações cor‑
diais entre as nações, promover progresso
social, melhores padrões de vida e direitos
humanos. Os membros são unidos em tor‑
no da Carta da ONU, um tratado interna‑
cional que enuncia os direitos e deveres dos
membros da comunidade internacional.

180 Ligados à ONU há organismos especializa‑


dos que trabalham em áreas tão diversas
como saúde, agricultura, aviação civil, me‑
teorologia e trabalho – por exemplo: OMS
(Organização Mundial da Saúde), OIT (Or‑
ganização Internacional do Trabalho), Ban‑
co Mundial e FMI (Fundo Monetário Inter‑
nacional). Estes organismos especializados,
juntamente com as Nações Unidas e outros
programas e fundos (tais como o Fundo das
Nações Unidas para a Infância, UNICEF),
compõem o Sistema das Nações Unidas.

181 A Convenção Americana de Direitos Hu‑


manos de 1969 foi aprovada na Conferên‑
cia de São José da Costa Rica, em 22 de no‑
vembro de 1969, e reproduz a maior parte
das declarações de direitos constantes do

DIREITOS HUMANOS
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Pacto Internacional de Direitos Civis e Po‑
líticos. Por meio do “Protocolo de São Sal-
vador”, de 1988, foram adicionados à Con-
venção os Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, conhecidos como pertencentes
à segunda geração de direitos.

182 Com relação aos chamados “direitos eco‑


nômicos, sociais e culturais”, é correto afir‑
mar que são direitos humanos de segunda
geração, o que significa que são juridica‑
mente exigíveis, da mesma maneira que
ocorre com os direitos civis e políticos, ten‑
do em vista a natureza indivisível dos direi‑
tos humanos.

183 O processo de universalização dos direitos


humanos permitiu, por sua vez, a formação
de um sistema normativo internacional de
proteção destes direitos. Este sistema se
divide em: sistema global (ou ONU) e sis-
tema normativo regional (europeu, africa‑
no e interamericano). Adotando o valor da
primazia da pessoa humana, estes sistemas
se complementam, interagindo com o sis‑
tema nacional de proteção, a fim de propor‑
cionar a maior efetividade possível na tute‑
la e promoção de direitos fundamentais.

DIREITOS HUMANOS
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184 O Sistema da ONU (Global) possui dois ti‑


pos de procedimentos: os convencionais
e os não convencionais. O procedimento
convencional requer a sua previsão expres‑
sa em tratados, pactos e convenções inter‑
nacionais. É supervisionado pelos órgãos
internacionais de supervisão, os Comitês
(através do sistema de denúncias, relatórios
e investigações). Os procedimentos não
convencionais são mecanismos não pre‑
vistos em tratados que contribuem para a
maior eficácia do sistema internacional de
proteção. Os mecanismos não convencio‑
nais são bastante específicos e são aciona‑
dos em caso de não assinatura dos trata‑
dos internacionais pelos países violadores
de direitos humanos num caso específico,
como, por exemplo, o sistema de ações ur‑
gentes. Nestes casos, a ONU analisará as
violações com base em requisitos como a
persistência, a sistematicidade, a gravida‑
de e a prevenção, para decidir se intervirá
através de um dos seus órgãos, tomando
providências concretas.

185 O sistema interamericano de promoção


dos direitos humanos teve início formal
com a aprovação da Declaração America‑
na de Direitos e Deveres do Homem em
1948, na Colômbia. A Declaração America‑

DIREITOS HUMANOS
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na é um instrumento de alcance geral que
integra o sistema interamericano, destina‑
da a indivíduos genéricos e abstratos, esta‑
belecendo os direitos essenciais da pessoa
independente de ser nacional de determi‑
nado Estado, tendo como fundamento os
atributos da pessoa humana. Além da De‑
claração Americana, há outros instrumen‑
tos de alcance geral que fazem parte do sis‑
tema interamericano, como a Convenção
Americana sobre os Direitos Humanos ou
“Pacto de San José”(1969), ratificada pelo
Brasil em 25/09/92.

186 No sistema regional interamericano são


competentes para conhecer de assun‑
tos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados‑
-Partes na Convenção: a Comissão Inte-
ramericana de Direitos Humanos e a Cor-
te Interamericana de Direitos Humanos.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou
entidade não governamental legalmente
reconhecida em um ou mais Estados-mem‑
bros da Organização dos Estados Ameri‑
canos (OEA) pode apresentar à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (não
à Corte Interamericana) petições que con‑
tenham denúncias ou queixas de violação

DIREITOS HUMANOS
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à Convenção Americana de Direitos Hu‑
manos por um Estado-Parte.

187 Uma das mais antigas e acirradas contro‑


vérsias no campo dos direitos humanos está
relacionada à questão sobre o caráter uni-
versal ou relativo destes direitos. Noutras
palavras, se os direitos humanos interna‑
cionalmente reconhecidos devem mere‑
cer tratamento igualitário em todas as na‑
ções, ou se eles estão sujeitos a variações
de classificações hierárquicas de acordo
com as diferentes bases culturais sobre as
quais se desenvolveu uma sociedade. Para
os teóricos dos direitos humanos existiria
um conjunto de direitos mínimos herdados
por todos os povos, e estas prerrogativas
mínimas iriam além das divergências cultu‑
rais ou religiosas.

188 O TPI é regido pelo princípio da comple‑


mentaridade e, de acordo com o art. 5º do
Estatuto de Roma, compete ao Tribunal Pe‑
nal Internacional o julgamento dos seguin‑
tes crimes: i) crime de genocídio, ii) crimes
contra a humanidade, iii) crimes de guerra
e iv) crimes de agressão. A pena de prisão,
por um número determinado de anos, é de
até trinta anos e também há previsão de

DIREITOS HUMANOS
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pena de prisão perpétua. Não há pena de
morte. Os crimes da competência do Tri‑
bunal não prescrevem.

189 Considerando que a Corte Internacional é


complementar à jurisdição penal nacional,
o art. 17 do Estatuto prevê os requisitos de
admissibilidade para o exercício da jurisdi‑
ção internacional. Dentre tais requisitos,
destacam-se a indisposição do Estado‑
-Parte (quando, por exemplo, houver de‑
mora injustificada ou faltar independência
ou imparcialidade no julgamento) ou sua
incapacidade em proceder à investigação
e o julgamento do crime.

190 Não são admitidas reservas ao Estatuto de


Roma. Qualquer Estado-Parte poderá, en‑
tretanto, mediante notificação escrita e di‑
rigida ao Secretário-Geral da Organização
das Nações Unidas, retirar-se do Estatuto.

191 O Estatuto de Roma define a entrega e a


extradição. Por “entrega”, entende-se a en‑
trega de uma pessoa por um Estado ao Tri‑
bunal nos termos do Estatuto. Por “extradi-
ção”, entende-se a entrega de uma pessoa
por um Estado a outro Estado conforme

DIREITOS HUMANOS
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previsto em um tratado, em uma conven‑
ção ou no direito interno.

192 O Tribunal será integrado por 18 juízes, no


mínimo, que se distribuirão por três Seções:
a Seção de Recursos, uma Seção de Julga‑
mento em Primeira Instância e uma Seção
de Instrução. A escolha dos juízes caberá à
Assembleia dos Estados-Partes, recaindo
sobre pessoas que gozem de elevada con‑
sideração moral, imparcialidade e integri‑
dade, e que possuam as condições exigi‑
das para o exercício das mais altas funções
judiciárias de seu país.

193 Qualquer Estado-Parte poderá denunciar


ao Procurador que funciona junto ao Tri‑
bunal Penal Internacional uma situação em
que haja indícios de ter ocorrido a práti‑
ca de um ou vários crimes da competência
do Tribunal e solicitar ao Procurador que a
investigue, com vista a determinar se uma
ou mais pessoas identificadas deverão ser
acusadas da prática desses crimes. O Tribu‑
nal não terá jurisdição sobre pessoas que,
à data da alegada prática do crime, não te‑
nham ainda completado 18 anos de idade.

DIREITOS HUMANOS
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194 A prática do racismo, o tráfico ilícito de en‑


torpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os definidos como crimes hediondos e a
ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático são considerados crimes ina-
fiançáveis de acordo com a Constituição. O
crime de racismo é também imprescritível.

195 Segundo a Constituição, as associações só


poderão ser compulsoriamente dissolvidas
ou ter suas atividades suspensas por deci‑
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
o trânsito em julgado. Ninguém poderá ser
compelido a associar-se ou a permanecer
associado.

196 Conforme prevê a Constituição, não have‑


rá penas de morte (salvo em caso de guer‑
ra declarada) de caráter perpétuo; de tra‑
balhos forçados; de banimento e cruéis. A
pena será cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a natureza do de‑
lito, a idade e o sexo do apenado.

197 O princípio do juiz natural se manifesta


tanto na regra de proibição de tribunais de
exceção, quanto no preceito de que nin‑
guém será processado senão pela autori‑

DIREITOS HUMANOS
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dade competente. É uma expressão do de‑
vido processo legal, também sedimentado
pelas garantias da ampla defesa e do con‑
traditório.

198 A casa (o local de trabalho também) é asilo


inviolável do indivíduo, ninguém nela po‑
dendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante de‑
lito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judi‑
cial, tendo em vista o princípio da reserva
de jurisdição.

199 A pequena propriedade rural, assim defi‑


nida em lei, desde que trabalhada pela fa‑
mília (pelos menos um dos membros), não
será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade pro‑
dutiva, dispondo a lei sobre os meios de fi‑
nanciar o seu desenvolvimento.

200 A função social remodelou o conceito de


propriedade privada e hoje funciona como
um verdadeiro elemento intrínseco ao con‑
ceito. Segundo a Constituição, no caso de
iminente perigo público, a autoridade com‑
petente poderá usar de propriedade parti‑

DIREITOS HUMANOS
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cular, assegurada ao proprietário indeniza‑
ção ulterior, se houver dano.

201 A regra do esgotamento dos recursos in‑


ternos para recebimento de denúncia pe‑
rante a Comissão Interamericana pode ser
afastada se os órgãos do Poder Judiciário
de determinado Estado não apreciarem os
recursos interpostos dentro de um pra‑
zo razoável.

202 A verdadeira consolidação do Direito Inter‑


nacional dos Direitos Humanos surge em
meados do século XX, em decorrência da
Segunda Guerra Mundial, por isso o mo‑
derno Direito Internacional dos Direitos
Humanos é um fenômeno do pós-guerra.

203 O Pacto de Direitos Sociais, Econômicos


e Culturais prevê uma existência decente
para os trabalhadores e suas famílias, a se‑
gurança e a higiene no trabalho, além de
igual oportunidade para todos de serem
promovidos, em seu trabalho, à categoria
superior que lhes corresponda, sem outras
considerações que as de tempo de traba‑
lho e capacidade.

DIREITOS HUMANOS
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204 De acordo com o Pacto de São José da


Costa Rica, o acusado tem direito de ser
assistido gratuitamente por tradutor ou in‑
térprete, se não compreender ou não falar
o idioma do juízo ou tribunal.

205 Para o STF, não há direito ou garantia fun‑


damental de natureza absoluta no Brasil.

206 A Convenção das Nações Unidas relativa ao


Estatuto dos Refugiados foi formalmente
adotada em 28 de julho de 1951 para resol‑
ver os problemas dos refugiados na Europa
após a Segunda Guerra Mundial. Esse tra‑
tado global proporciona define quem vem
a ser um refugiado – uma pessoa com um
fundado temor de perseguição por motivos
de raça, nacionalidade, religião, pertenci‑
mento a um determinado grupo social ou
opinião política – e esclarece os direitos e
deveres entre os países de acolhida e os
refugiados.

207 O conteúdo programático das normas rela‑


tivas a direitos sociais não impede a sua am‑
pla proteção no âmbito político e judicial.

208 A dignidade da pessoa humana, além de


ser fundamento da República Federativa

DIREITOS HUMANOS
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do Brasil (art. 1°, III, da CRFB/88), é o valor
axiológico de todos os direitos e garantias
fundamentais.

209 O direito de petição se define como o di‑


reito que pertence a uma pessoa de invo‑
car a atenção dos poderes públicos sobre
uma questão ou situação, seja para denun‑
ciar uma lesão concreta, e pedir a reorien‑
tação da situação, seja para solicitar uma
modificação do direito em vigor no senti‑
do mais favorável à liberdade.

210 As Defensorias Públicas poderão integrar


o Sistema Nacional de Prevenção e Com‑
bate à Tortura, que possui atribuições de
realizar o monitoramento, a supervisão e o
controle de estabelecimentos e unidades
onde se encontrem pessoas privadas de li‑
berdade, ou de promover a defesa dos di‑
reitos e interesses dessas pessoas.

DIREITOS HUMANOS
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CAPÍTULO 04

DIREITO CIVIL
LUCIANO FIGUEIREDO / ROBERTO FIGUEIREDO /
CRISTIANO SOBRAL

DIREITO CIVIL
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PARTE GERAL

211 Para o Código Civil a aquisição da persona‑


lidade jurídica da pessoa física “começa do
nascimento com vida” (art. 2°, CC). Assim,
o registro da pessoa natural consiste em
ato meramente declaratório, retroagindo
à data do nascimento com vida. Já a exis‑
tência da pessoa jurídica começa com a
inscrição de seu ato constitutivo no regis‑
tro competente (Art. 45, CC). O registro
da pessoa jurídica, portanto, tem natureza
constitutiva.

212 Capacidade de Fato, Exercício ou Ação: é


a capacidade para prática de atos da vida
civil, agindo de forma autônoma. Apesar
de todos possuírem capacidade de direito,
nem todos tem capacidade de exercício, a
exemplo dos absolutamente e dos relati‑
vamente incapazes (arts. 3o e 4o do CC).
Por conta das modificações sofridas pelo
Código Civil em virtude do Estatuto da
Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015),
apenas é absolutamente incapaz o menor
de 16 (dezesseis) anos. Já os relativamen‑
te incapazes são os maiores de dezesseis e
menores de dezoito anos; os ébrios habitu‑
ais e os viciados em tóxico; aqueles que por

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causa transitória ou permanente não pu‑
derem exprimir sua vontade e os pródigos.

213 Quando a pessoa física cumula a soma das


duas capacidades, afirma-se que ela possui
capacidade jurídica plena ou geral. Todavia,
embora uma pessoa física possua a capa‑
cidade jurídica geral, há determinados atos
que ela não poderá praticar sem uma legi‑
timação, ou seja: sem uma autorização es‑
pecífica, a exemplo da venda de ascenden‑
tes para descendentes (art. 496 do CC).

214 A emancipação é a antecipação da capaci‑


dade plena. Consiste em um ato irretratável
e irrevogável. Tal emancipação pode ser: I.
Voluntária: aquela concedida por ambos os
pais, ou por um deles na falta do outro, me‑
diante instrumento público, a menor com,
aos menos, 16 (dezesseis) anos completos.
II. Judicial: É aquela concedida pelo tutor
ao pupilo, com dezesseis anos completos,
mediante decisão judicial. III. Legal: São as
hipóteses previstas no art. 5º, parágrafo
único, II e ss. do CC: a) Pelo casamento;
b) Exercício de emprego público efetivo;
c) Colação de grau em ensino superior; d)
O estabelecimento civil ou comercial, ou
a existência de relação de emprego, des‑

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de que o menor, com 16 (dezesseis) anos
completos tenha economia própria.

215 A extinção da Pessoa Física ou Natural dar‑


-se-á com a morte. A morte, no direito na‑
cional, pode ser: I. Real e II. Presumida. Na
presumida não há localização do cadáver. A
more ficta pode ser: a) Sem procedimento
de ausência (art. 7º, CC): quando extrema‑
mente provável a morte de quem estava em
perigo de vida e na hipótese de desapare‑
cimento em decorrência de campanha ou
prisão, quando o desaparecido não for en‑
contrado após 2 (dois) anos do término da
guerra. b) Com procedimento de ausência:
processo desdobrado em três fases, com a
curadoria de bens, a sucessão provisória e
a sucessão definitiva.

216 A Desconsideração da Personalidade Jurí‑


dica da Pessoa Jurídica (“Disregard Dou‑
trine”) pretende o superamento episódi‑
co, e por via de exceção, da personalidade
jurídica da pessoa jurídica, objetivando a
satisfação do terceiro lesado junto ao pa‑
trimônio dos próprios integrantes (sócios
ou administradores), que passam a ter res‑
ponsabilidade pessoal pelo ilícito causado.
O legislador civilista optou pelo o que de‑

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nomina a doutrina de uma teoria maior, ao
passo que elencou alguns requisitos; quais
sejam: a) Pedido Expresso: feito pela Parte,
ou pelo Ministério Público, quando couber
intervir no Processo, e b) Abuso da Perso‑
nalidade: seja através do desvio de finali‑
dade ou da confusão patrimonial.

217 O art. 104 do CC elenca os requisitos ne‑


cessários à validade dos negócios jurídicos.
Quais sejam: I) Agente Capaz; II) Objeto
Lícito, Possível, Determinado ou Deter‑
minável; III) Forma Prescrita ou Não De‑
fesa em Lei.

218 As hipóteses de nulidade absoluta estão


elencadas nos artigos 166 e 167 do CC. Pos‑
sui as seguintes características:
• Pode ser arguido pelas partes, por ter‑
ceiro interessado, pelo Ministério Públi‑
co, quando lhe couber intervir, ou, até
mesmo, pronunciada de ofício (ex ofi-
cio) pelo Juiz;
• A ação declaratória de nulidade é de‑
cidida por sentença com efeitos ex tunc
(retroativos) e contra todos (erga omnes);
• A nulidade pode ser reconhecida a
qualquer tempo, não se sujeitando a

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prazo prescricional (imprescritível) ou
decadencial.

219 As hipóteses de nulidade relativa estão


elencadas no art. 171 do CC, sendo elas:
I–por incapacidade relativa do agente;
II–por vício resultante de erro, dolo, co‑
ação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.

220 O negócio jurídico anulável possui as se‑


guintes características:
• Somente pode ser arguida pelos legí‑
timos interessados;
• A anulabilidade somente pode ser ar‑
guida, pela via judicial, em prazos deca‑
denciais de 4 (regra geral) ou 2 (regra
supletiva) anos, salvo norma específica
em sentido contrário (art. 178 e 179, CC).

221 São defeitos do negócio jurídico:


A) Erro ou Ignorância (arts. 138 a 144,
CC): falsa percepção da realidade. O
erro há de ser essencial para gerar a
anulação do negócio (arts. 138 e 139 do
CC). Se o erro for acessório, será des‑

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Mais de

provido de consequências para o direi‑


to (art. 142 do CC).
B) Dolo (Art. 145 a 150, CC): consiste
no induzimento malicioso para que al‑
guém pratique ato que lhe seja preju‑
dicial, mas proveitoso ao autor do dolo
ou a terceiro. O dolo apenas vai anular
o negócio caso seja essencial (art. 145
do CC). Em sendo acessório, a conse‑
quência é o pedido de perdas e danos
(art. 146 do CC).
C) Coação Moral (arts. 151 a 155, CC):
terror emocional para que alguém pra‑
tique um ato contra a sua vontade. Há
de ser ilícito. Justo por isso que a ame‑
aça ao exercício regular de direito e o
temor reverencial não ocasionam coa‑
ção (art. 153 do CC).
D) Estado de Perigo (art. 156, CC): con‑
figura-se o estado de perigo quando al‑
guém, premido da necessidade de sal‑
var-se, a pessoa de sua família, ou até
mesmo terceiro, de grave dano, conhe‑
cido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.
E) Lesão (art. 157, CC): dois são os re‑
quisitos da lesão em destaque: i) Obje‑
tivo: manifesta desproporção entre as

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prestações estabelecidas no negócio,
aferida no momento da celebração do
negócio e ii) Subjetivo: inexperiência ou
premente necessidade de uma das par‑
tes, a qual é percebida pelas condições
pessoais do contratante.
F) Fraude Contra Credores (art. 158 e
ss do CC): Exige o Eventus damni (des‑
fazimento patrimonial capaz de gerar a
insolvência) e o Consilium fraudis (má‑
-fé). Recorda-se que nos negócios gra‑
tuitos a má-fé é presumida, a exemplo
da doação e remissão. O mecanismo de
combate à fraude contra credores é a
ação pauliana, a qual deverá ser agita‑
da no prazo decadencial de 4 (quatro)
anos – art. 178 do CC.
G) Simulação (art. 167 do CC): Consiste
em uma declaração enganosa de vonta‑
de cuja consequência é a nulidade ab‑
soluta do negócio.

222 Todos os defeitos geram anulabilidade, a


exceção da simulação, a qual gera nulida‑
de absoluta.

223 Há hipóteses de impedimento ou suspen‑


são do prazo prescricional (arts. 197 a 201
do CC). Traçando as principais hipóteses:
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não corre a prescrição “entre os cônjuges,
na constância da sociedade conjugal; entre
ascendentes e descendentes, durante o poder
familiar; entre os tutelados ou curatelados e
seus tutores ou curadores, durante a tute-
la ou curatela e em face dos absolutamente
incapazes”. Cessada a causa suspensiva o
prazo retoma o seu curso de onde parou.
As causas interruptivas (art. 202) zeram o
prazo, interrompendo-o para impor nova
contagem, desde o início. A interrupção só
poderá ocorrer uma única vez.

224 O prazo decadencial pode ser legal (de‑


corrente da lei, a exemplo dos supramen‑
cionados arts. 178 e 179) ou convencio-
nal (decorrente do próprio negócio por
ato de vontade), pois assim autoriza a lei
(art. 211, CC).

OBRIGAÇÕES

225 A obrigação de dar coisa certa abrange seus


acessórios, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso.

226 Nas obrigações de dar coisa incerta a es‑


colha pertence ao devedor, se o contrário
não resultar do título da obrigação, sendo

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vedado alegar caso fortuito ou força maior
antes da escolha.

227 Nas obrigações alternativas a escolha tam‑


bém pertence ao devedor, se outra coisa
não se estipulou, não podendo o devedor
obrigar o credor a receber parte em uma
prestação, e parte em outra.

228 A solidariedade não se presume: resulta de


lei ou da vontade das partes. O julgamento
contrário a um dos credores solidários não
atinge os demais, mas o julgamento favo‑
rável aproveita-lhes, sem prejuízo de exce‑
ção pessoal que o devedor tenha direito de
invocar em relação a qualquer deles.

229 Qualquer interessado na extinção da dívida


pode pagá-la, utilizando dos meios condu‑
centes à exoneração do devedor (consig‑
nação em pagamento) se o credor apre‑
sentar resistência indevida.

230 O pagamento feito de boa-fé à credor pu‑


tativo (aparente) é válido, ainda que prova‑
do depois que não era credor.

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231 Não vale o pagamento realizado à incapaz


de quitar se o devedor não provar que em
benefício dele efetivamente se reverteu.

232 O credor não é obrigado a receber presta‑


ção diversa da que lhe é devida, ainda que
mais valiosa. As dívidas em dinheiro devem
ser pagas no vencimento, em moeda cor‑
rente e no valor nominal, salvo disposição
em sentido contrário.

233 Em regra, o pagamento deve ser feito no


domicílio do devedor, salvo se as partes
ajustarem em sentido contrário, ou do con‑
trário resultar da lei, da natureza da obriga‑
ção, ou das circunstâncias do caso.

234 O devedor não responde pelos prejuízos de‑


correntes de caso fortuito ou força maior,
se expressamente não houver por eles se
responsabilizado. O caso fortuito e a for‑
ça maior se verificam no fato necessário,
cujos efeitos não eram possíveis de evitar
ou impedir. O fortuito interno é aquele ine‑
rente a atividade desenvolvida e, portanto,
não exclui o dever de indenizar. O fortui‑
to externo é o estranho à atividade, razão
pela qual exclui o dever de indenizar.

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235 Considera-se em mora o devedor que não


efetuar o pagamento e o credor que não
quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma
que a lei ou a convenção estabelecer.

236 O inadimplemento da obrigação positiva


e líquida no seu termo (na data do venci‑
mento) faz incidir juros moratórios auto‑
maticamente, desde do vencimento. Não
havendo termo, a mora somente se inicia‑
rá a partir da interpelação judicial ou ex‑
trajudicial.

237 A cláusula penal compensatória é previs‑


ta para o caso de total inadimplemento
da obrigação e se converte em alternativa
para o credor (CC, art. 410). A cláusula pe‑
nal moratória é prevista para o parcial ina‑
dimplemento e pode ser cumulada com o
pedido de indenização (CC, art. 411).

238 O valor previsto na cláusula penal não po‑


derá exceder o valor da obrigação princi‑
pal. O juiz está autorizado a reduzir equi‑
tativamente o valor da cláusula penal se a
obrigação houver sido cumprida em parte,
ou se o montante se apresentar manifes‑
tamente excessivo.

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239 Ainda que o prejuízo exceda ao previsto


na cláusula penal não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi
convencionado. Se o tiver sido, a pena vale‑
rá como mínimo de indenização, competin‑
do ao credor provar o prejuízo excedente.

REAIS

240 Detentor é aquele que conserva a posse em


nome alheio, por se encontrar em relação
de dependência com o verdadeiro possui‑
dor, em cumprimento de ordens ou instru‑
ções deste. Não terá, o detentor, legitimi‑
dade ad causam pois não exerce a posse
em nome próprio.

241 Aquele que exercer, por 2 (dois) anos inin‑


terruptamente e sem oposição, posse dire‑
ta, com exclusividade, sobre imóvel urbano
de até 250m² cuja propriedade divida com
ex-cônjuge ou ex-companheiro que aban‑
donou o lar, utilizando-o para sua moradia
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
integral, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.

242 O possuidor de boa-fé terá direito aos fru‑


tos colhidos, não responde pelo pereci‑

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mento ou deterioração que não deu causa,
tendo direito à indenização pelas benfei‑
torias, podendo exercer direito de reten‑
ção pelas benfeitorias úteis e necessárias,
assim como o direito de levantamento pe‑
las voluptuárias. O possuidor de má-fé res‑
ponde pelos frutos colhidos, como tam‑
bém pelo perecimento ou deterioração da
coisa, ainda que acidentais, tendo direito
à indenização apenas sobre as benfeitorias
necessárias, não podendo exercer direito
de retenção, muito menos o direito de le‑
vantamento.

243 No condomínio edilício, as partes suscetí‑


veis de utilização independente, tais como
apartamentos, escritórios, salas, lojas e so‑
brelojas, com as respectivas frações ideais
no solo e nas outras partes comuns, sujei‑
tam-se a propriedade exclusiva, podendo
ser alienadas e gravadas livremente por
seus proprietários, exceto as vagas de ga‑
ragem, que não poderão ser alienadas ou
alugadas a pessoas estranhas ao condomí‑
nio, salvo autorização expressa na conven‑
ção de condomínio.

244 Pode haver, em terrenos, partes designa‑


das de lotes que são propriedade exclusiva

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e partes que são propriedade comum dos
condôminos. A fração ideal de cada con‑
dômino poderá ser proporcional à área do
solo de cada unidade autônoma, ao res‑
pectivo potencial construtivo ou a outros
critérios indicados no ato de instituição.
Aplica-se, no que couber, ao condomínio
de lotes o disposto sobre condomínio edi‑
lício, respeitada a legislação urbanística.

245 O proprietário também poderá ser priva‑


do da coisa se o imóvel reivindicado con‑
sistir em extensa área, na posse ininterrup‑
ta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de
considerável número de pessoas que nele
realizarem obras e serviços considerados
pelo juiz de interesse social ou econômico
relevantes. Neste caso, o juiz fixará justa
indenização sem a qual se não transferirá a
propriedade.

246 Descoberta é o achado de coisa alheia per‑


dida, que deverá ser restituída ao dono ou
legítimo possuidor. Ocupação é forma de
aquisição de coisa móvel sem dono, pela
apreensão. Tradição é forma de transfe‑
rência de coisa móvel.

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247 A passagem forçada (direito de vizinhança)


é obtida por sentença judicial após o pa‑
gamento de justa indenização. A servidão
de passagem é constituída por declaração
expressa entre vivos, ou por testamento,
devidamente legado a registro. A servidão
proporciona utilidade para o prédio domi‑
nante e grava o prédio serviente.

248 O usufruto confere ao usufrutuário a posse


direta, o direito de administração, o direito
de usar e fruir da coisa móvel, ou imóvel. O
usufrutuário deverá arcar com as despesas
ordinárias, os tributos, o pagamento do se‑
guro (se houver) e cientificar o proprietário
sobre qualquer lesão à posse. O usufruto
se extingue com a morte do usufrutuário.

249 O usuário terá direito de perceber os frutos,


quando o exigirem as necessidades suas e
de sua família. Portanto, ao contrário do
usufruto no qual o usufrutuário poderá ex‑
trair todos os frutos, no uso o usuário pode‑
rá extrair frutos nos limites das necessida‑
des suas e de sua família. Aplica-se ao uso,
no que couber, a disciplina do usufruto.

250 A habitação é direito real de habitar gra‑


tuitamente casa alheia, sendo vedado ao

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habitante alugar, ou emprestar a coisa, de
modo que poderá apenas ocupar o bem
com a sua família.

251 Mediante promessa de compra e venda, em


que não se pactuou arrependimento, seja
por instrumento público ou particular, des‑
de que registrada no cartório de imóveis,
adquire o promitente comprador direito
real de aquisição do imóvel. O promiten‑
te comprador titular deste direito poderá
exigir do promitente vendedor ou de ter‑
ceiros a quem os direitos forem cedidos, a
outorga da escritura definitiva ou adjudi‑
cação judicial.

252 Penhor, hipoteca e anticrese são direitos


reais de garantia. Pressupõem, portanto, a
existência de uma obrigação principal váli‑
da e exigível. O bem dado em garantia fica
sujeito, por vínculo real, ao cumprimento
da obrigação. Somente a quem puder alie‑
nar será possível dar em garantia. O paga‑
mento de uma ou mais prestações da dívida
não importa exoneração correspondente
da garantia, salvo disposição contrária.

253 É nula a cláusula contratual que proíba a


venda de bem hipotecado. É possível mais

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de uma hipoteca sobre o mesmo bem, seja
em benefício do mesmo credor, seja em
benefício de credor distinto. A hipoteca
pode ser constituída para o pagamento de
dívida futura ou condicionada, desde que
determinado o valor máximo do crédito a
ser garantido.

254 O proprietário de uma construção-base


poderá ceder a superfície superior ou infe‑
rior de sua construção a fim de que o titular
da laje mantenha unidade distinta daquela
originalmente construída sobre o solo. O
direito real de laje contempla o espaço aé‑
reo ou o subsolo de terrenos públicos ou
privados, tomados em projeção vertical,
como unidade imobiliária autônoma, não
contemplando as demais áreas edificadas
ou não pertencentes ao proprietário da
construção-base. O titular do direito real
de laje responderá pelos encargos e tribu‑
tos que incidirem sobre a sua unidade.

255 Os titulares da laje, unidade imobiliária au‑


tônoma constituída em matrícula própria,
poderão dela usar, gozar e dispor. A insti‑
tuição do direito real de laje não implica a
atribuição de fração ideal de terreno ao ti‑
tular da laje ou a participação proporcional

DIREITO CIVIL
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em áreas já edificadas. O titular da laje po‑
derá ceder a superfície de sua construção
para a instituição de um sucessivo direito
real de laje, desde que haja autorização ex‑
pressa dos titulares da construção-base e
das demais lajes, respeitadas as posturas
edilícias e urbanísticas vigentes.

256 As despesas necessárias à conservação


e fruição das partes que sirvam a todo o
edifício e ao pagamento de serviços de in‑
teresse comum serão partilhadas entre o
proprietário da construção-base e o titular
da laje, na proporção que venha a ser esti‑
pulada em contrato. Em caso de alienação
de qualquer das unidades sobrepostas, te‑
rão direito de preferência, em igualdade
de condições com terceiros, os titulares
da construção-base e da laje, nessa ordem,
que serão cientificados por escrito para que
se manifestem no prazo de trinta dias, sal‑
vo se o contrato dispuser de modo diverso.

FAMÍLIA

257 Casamento: homens e mulheres podem se


casar a partir dos 16 anos, admitindo-se o
matrimônio, antes desta idade, apenas em
caso de gravidez ou para livrar da impo‑

DIREITO CIVIL
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sição de crime ou cumprimento de pena
(art. 1520 do CC). Outrossim, o deficiente
poderá se casar manifestando sua vontade
por si próprio, ou através de curador (art.
1550 do CC).

258 Impedimentos: são situações taxativamen‑


te previstas na norma que, acaso presentes,
vedam o casamento. Diz o artigo 1.521 do
Código Civil: “Não podem casar...”. Como se
vê, trata-se de uma proibição jurídica cujo
desrespeito acarreta a nulidade do casa‑
mento, a teor do artigo 1.548, II, do Códi‑
go Civil. Não pode casar: I–os ascendentes
com os descendentes, seja o parentesco na-
tural ou civil; II–os afins em linha reta; III–o
adotante com quem foi cônjuge do adotado
e o adotado com quem o foi do adotante;
IV–os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e de-
mais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V–o adotado com o filho do adotante; VI–as
pessoas casadas; VII–o cônjuge sobrevivente
com o condenado por homicídio ou tentativa
de homicídio contra o seu consorte.

259 Causas suspensivas: são obstáculos trans‑


poníveis, constituindo meras recomenda-
ções do legislador, para quem certas pes‑
soas “Não devem casar”, nas hipóteses

DIREITO CIVIL
Mais de1000 DICAS
indicadas no art. 1.523 do CC. A única con‑
sequência jurídica decorrente de um casa‑
mento que não observa a recomendação
legislativa será a imposição do regime da
separação obrigatória de bens, disciplina‑
do no art. 1.641 do Código Civil. Assim, não
devem casar: I–o viúvo ou a viúva que tiver
filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha
aos herdeiros; II–a viúva, ou a mulher cujo
casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da
viuvez, ou da dissolução da sociedade con-
jugal; III–o divorciado, enquanto não hou-
ver sido homologada ou decidida a partilha
dos bens do casal; IV–o tutor ou o curador e
os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tute-
lada ou curatelada, enquanto não cessar a
tutela ou curatela, e não estiverem saldadas
as respectivas contas.

260 Lembre-se que para exercitar a escolha do


regime de bens, de forma diversa da co‑
munhão parcial e quando não houver im‑
posição da separação obrigatória, os nu‑
bentes deverão lançar mão de um pacto
antenupcial. Este será por escritura públi‑
ca, sob pena de nulidade absoluta, e apenas
produzirá seus efeitos após o casamento.

DIREITO CIVIL
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Leia-se: se não houver casamento, o pac‑
to antenupcial será ineficaz (art. 1653 do
CC). Perante terceiros, somente produzirá
efeitos o aludido pacto se registrado pelo
oficial de Registro de Imóveis do domicílio
conjugal (art. 1.657, CC).

261 Uma das questões mais inovadoras do Có‑


digo Civil está na possibilidade de alteração
do regime de bens entre os cônjuges. Será
possível desde que: o pedido seja conjun‑
to e motivado, haja decisão judicial, com a
máxima publicidade e sem causar prejuízo
a terceiros (CC, art. 1.639). A mudança de
regime é ex nunc, ou seja, não retroage, não
altera o passado, nem as relações jurídicas
perfeitas e acabadas. O procedimento de‑
manda intervenção do Ministério Público
e publicação de editais, apenas sendo viá‑
vel o julgamento 30 (trinta) dias depois da
publicação dos editais.

262 No regime da comunhão parcial, com as


exceções previstas no artigo 1.659 do CC,
todos os demais bens “entram na comu-
nhão”, nos termos do artigo 1.660, dentre
os quais os “adquiridos na constância do ca-
samento por título oneroso, ainda que só em
nome de um dos cônjuges, como ainda os

DIREITO CIVIL
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“adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior”,
os adquiridos por doação, ou herança, fei‑
ta a ambos os cônjuges, as “benfeitorias em
bens particulares de cada cônjuge” e os “fru-
tos dos bens comuns, ou dos particulares de
cada cônjuge, percebidos na constância do
casamento, ou pendentes ao tempo de ces-
sar a comunhão”.

263 União Estável: prevista nos artigos 1.723 a


1.726 do Código Civil, trata-se da união pú‑
blica, contínua e duradoura entre homem e
mulher com o objetivo de constituir famí‑
lia. Três são os requisitos objetivos da união
estável (diversidade de sexos, publicidade
e habitualidade). Um será o requisito sub‑
jetivo (animus de constituir família). O STF,
através da ADPF 132-RJ e ADI 4.277-DF, há
muito já reconheceu a aplicação das regras
da união estável às uniões homoafetivas.

264 Os impedimentos do casamento se aplicam


à união estável; à exceção da separação. Ou
seja: é possível a união estável do casado
que é separado de fato ou judicial. Quanto
às causas suspensivas do casamento, pre‑
vistas no artigo 1.523 do Código civil, estas
não se aplicam à união estável. A união es‑

DIREITO CIVIL
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tável, regra geral, submete-se ao regime da
comunhão parcial de bens, salvo contrato
particular, escrito, que pode, em tese, ele‑
ger outro tipo de regime. Denomina-se tal
contrato de contrato de convivência.

265 É possível o pleito de alimentos em face


de ex-cônjuge, ex-companheiro e parentes
(ascendentes, descendentes e colaterais
de segundo grau – irmão). O casamento, a
união estável ou o concubinato do credor
será fator extintivo dos alimentos (CC, art.
1708). No que tange os alimentos em fun‑
ção do parentesco, a maioridade não leva‑
rá a sua automática extinção, sendo neces‑
sário contraditório, nos mesmos autos ou
em autos apartados (Súmula 358 do STJ).

SUCESSÕES

266 O Código Civil estabelece que a sucessão


se dá no momento da morte, sendo a heran‑
ça, desde logo, transmitida aos herdeiros le‑
gítimos ou testamentários (art. 1.784, CC).
A isto se chama Saisine ou Droit de Saisine.

267 Herdeiro legítimo: é o indicado pela lei


consoante ordem de vocação hereditária
(art. 1.829, CC). São necessários ou facul‑

DIREITO CIVIL
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tativos. Herdeiros necessários: são os des‑
cendentes, os ascendentes e o cônjuge, a
quem pertencerá metade da herança, de‑
nominada legítima. (art. 1.845, CC). Todo o
herdeiro necessário é legítimo, mas nem
todo herdeiro legítimo é necessário. Isso,
porque, há herdeiros legítimos facultativos,
que apenas irão herdar na falta dos neces‑
sários e no silencio do de cujos. São faculta‑
tivos os colaterais até o quarto grau. Dou‑
trina e jurisprudência majoritária incluem
o companheiro ao lado do cônjuge como
herdeiro legítimo necessário.

268 A lei do dia da morte rege todo o direito


sucessório. Também será tal norma que irá
regular a capacidade passiva para suceder
(art. 1787 do CC). Já a ativa (de testar) é
aferida no momento da confecção do tes‑
tamento (arts. 1860 e 1861 do CC). A capa‑
cidade para testar inicia-se aos 16 (dezes‑
seis) anos, sendo um ato personalíssimo.

269 O vigente Código Civil legitima como su‑


cessores as pessoas nascidas ou já conce‑
bidas no momento da abertura da suces‑
são (art. 1.798). Observa-se que há ainda
a possibilidade, na sucessão testamentária,
que a prole dita eventual suceda, desde que

DIREITO CIVIL
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concebida, salvo disposição de vontade em
contrário, ate dois anos após a morte do
de cujus (arts. 1.799, 1.800, CC). Idem para
pessoas jurídicas, atuais ou futuras.

270 Sucessão dos descendentes: prescreve o


art. 1.835 que “Na linha descendente, os fi-
lhos sucedem por cabeça, e os outros des-
cendentes por cabeça ou por estirpe, con-
forme se achem ou não no mesmo grau”. O
cônjuge sobrevivente não concorrerá com
os descendentes tão somente se era casa‑
do com o de cujus no regime da comunhão
universal, da separação obrigatória, ou da
comunhão parcial de bens, caso não haja
bens particulares (art. 1829, I do CC).

271 Sucessão dos ascendentes: não haven‑


do herdeiros da classe dos descendentes,
chamar-se-ão a suceder, em concorrência
com o cônjuge sobrevivente, qualquer que
seja o regime matrimonial de bens, os as‑
cendentes do de cujus (art. 1.836, CC), sen‑
do que o de grau mais próximo exclui o de
grau mais remoto, não se devendo atender
à distinção de linhas (art. 1.836, p.u). Inexis‑
te o direito de representação na linha de
ascendência (vide o art. 1.852, in fine). Diz
o art. 1.837, CC que “Concorrendo com as-

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Mais de1000 DICAS
cendente em primeiro grau, ao cônjuge to-
cará um terço da herança; caber-lhe-á me-
tade desta se houver um só ascendente ou
se maior for aquele grau”.

272 “Em falta de descendentes e ascendentes,


será deferida a sucessão por inteiro ao côn-
juge sobrevivente” (art. 1.838, CC).

273 O STF fixou como repercussão geral ser


“inconstitucional a distinção de regimes
sucessórios entre cônjuges e companhei‑
ros prevista no art. 1.790 do CC/2002, de‑
vendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de
casamento quanto nas de união estável, o
regime de art. 1.829 do CC/2002”.

274 Regra geral para as locações de imóveis


urbanos é aplicável a Lei 8.245/91, e para
bens móveis, o CC/A Lei 8.245/91 trouxe
os seguintes casos em que lhe retirou a sua
eficácia nos casos de locação de imóveis
públicos, vagas de garagem, espaço publi‑
citário, apart-hotéis e arrendamento mer‑
cantil. Portanto, se não existir lei especial
regulamentando essas espécies mencio‑
nadas, será aplicado o CC/A Lei 8.245/91 é
uma norma híbrida, pois cuida de aspectos
materiais, procedimentais, como também

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Mais de1000 DICAS
processuais. São ações inquilinárias ou lo‑
catícias: a) Ação de despejo (arts. 59 a 66
da Lei 8.245/91); b) Ação consignatória de
aluguéis e acessórios na locação (art. 67
da Lei nº 8.245/91); c) Ação revisional de
aluguel (arts. 68 a 70 da Lei nº 8.245/91);
d) Ação renovatória de contrato (arts. 71 a
75 da Lei nº 8.245/91). Atenção! Poderão
ainda ser propostas: a ação de execução
dos encargos locatícios, conforme dispos‑
to no art. 784, VIII, do CPC/1, e a indeni‑
zatória, pelo locatário em face do locador,
alegando que o imóvel locado apresentava
defeitos causadores tanto de danos morais
quanto de materiais.

275 Nas locações regidas pelo CC/02, o ina‑


dimplemento do locatário obriga o loca‑
dor a notificá‑lo para pagar ou retirar‑se
do imóvel no prazo a seu critério (obser‑
vada a proporcionalidade e razoabilidade),
sob pena de caracterizar o esbulho posses‑
sório e resultar na propositura de Ação de
Reintegração de Posse.

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1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 05

DIREITO DO
CONSUMIDOR
CRISTIANO SOBRAL

DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS

276 O Código de Defesa do Consumidor é uma


norma de ordem pública. Assim, é uma nor‑
ma indisponível e inafastável. Com base
nesse entendimento, poderá o magistrado
conhecer cláusulas abusivas em um con‑
trato de consumo de ofício, salvo nos con‑
tratos bancários por entendimento da sú‑
mula 381 do STJ.

277 O art. 1º do CDC informa ser a lei uma nor‑


ma de interesse social e por esse motivo
existe uma preocupação com interesses
dos particulares relativos à dignidade da
pessoa humana, bem como, com interes‑
ses metaindividuais.

278 O Direito do Consumidor é um direito de


3ª dimensão, pois materializa poderes de
titularidade coletiva, conforme preceitua
o STF na ADI‑MC 3540/DF.

279 Trata‑se de um microssistema jurídico, pois


visa tutelar o elo mais fraco na relação de
consumo, ou seja, o consumidor, já que o
Direito Civil tutela os iguais.

280 Justamente por estabelecer normas no


campo civil, administrativo, penal e ju‑
risdicional.

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281 Através dos seus princípios, essa norma


visa estabelecer valores e fins a serem
alcançados.

282 Segundo entendimento apresentado pelo


STF, não poderemos aplicar o CDC antes
da sua vigência. Nesse sentido RE 205.999-
4/SP. Ocorre que o STJ concedeu a sua
aplicação nos contratos de trato sucessi‑
vo, conforme REsp 331.860/RJ.

283 Consumidor é toda pessoa física ou jurídi‑


ca que adquire ou utiliza produto ou servi‑
ço como destinatário final.

284 Os elementos subjetivos são os consumi‑


dores e fornecedores. Já os objetivos, pro‑
duto e serviço.

285 Teoria Finalista Aprofundada/Mitigada–


Segundo o STJ, em certos casos, deve‑se
abrandar a teoria finalista, admitindo a apli‑
cação das normas do CDC a determinados
consumidores profissionais, desde que seja
demonstrada a vulnerabilidade técnica, ju‑
rídica ou econômica. Nesse sentido REsp
1010834/GO.

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Mais de1000 DICAS

286 Finalista/Subjetiva. Segundo essa teoria,


a interpretação dada para o conceito de
consumidor deve ser restritiva. Em síntese:
Consumidor seria aquele que utiliza o pro‑
duto ou o serviço para fins pessoais. Neste
sentido: REsp 1016458/RS.

287 A lei nos apresenta em três dispositivos os


consumidores equiparados.
Vejamos:
1º) Art. 2º, § único: Equipara‑se a consu-
midor a coletividade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo
nas relações de consumo.
2º) Art. 17. Para os efeitos desta Seção,
equiparam‑se aos consumidores todas as
vítimas do evento.
3º) Art. 29. Para os fins deste Capítulo e
do seguinte, equiparam‑se aos consumi‑
dores todas as pessoas determináveis ou
não, expostas às práticas nele previstas.

288 Segundo art. 3º da lei fornecedor, é toda


pessoa física ou jurídica, pública ou priva‑
da, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação,

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exportação, distribuição ou comercializa‑
ção de produtos ou prestação de serviços.

289 Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,


material ou imaterial. Serviço é qualquer
atividade fornecida no mercado de consu‑
mo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das rela‑
ções de caráter trabalhista. Algumas Sú‑
mulas são bem importantes. Vejamos: 297,
321, 469 todas do STJ. Vale s sua leitura.

290 A sua vulnerabilidade, que pode ser: téc‑


nica, jurídica, econômica e informacional.
Destaco que não se pode confundir vulne‑
rabilidade com hipossuficiência. Vulnera‑
bilidade está intimamente ligada ao direito
material, enquanto a hipossuficiência ao
direito processual – devendo ser averigua‑
da de acordo com o caso concreto.

291 Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,


material ou imaterial. Serviço é qualquer
atividade fornecida no mercado de consu‑
mo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das rela‑
ções de caráter trabalhista. Algumas Sú‑

DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS
mulas são bem importantes. Vejamos: 297,
563, 608 todas do STJ. Vale a sua leitura.

292 O art. 6º da Lei 8.078/90 nos apresenta


um rol exemplificativo de direitos básicos.
Informo os que costumam ser mais reque‑
ridos na OAB. O primeiro deles é o inc.
V que narra: “a modificação das cláusulas
contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem ex‑
cessivamente onerosas”; o segundo, o inc.
VI que relata: “a efetiva prevenção e repa‑
ração de danos patrimoniais e morais, indi‑
viduais, coletivos e Cristiano Sobral 82 di‑
fusos”; e o inc. VIII informa: “a facilitação
da defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordiná‑
rias de experiências”.

293 A maioria dos princípios no CDC está pre‑


sente no artigo 4º e, para isso, é necessário
que seja feito uma leitura. Destaco o princi‑
pio da boa-fé objetiva que deve ser obser‑
vado em todas as fases da relação de con‑
sumo. Tal princípio é baseado na confiança

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e lealdade. Deve o fornecedor cumprir com
os seus deveres principais e acessórios para
o preenchimento do princípio em tela.

294 Ocorrerá quando um fato supervenien‑


te acarrete desequilíbrio do contrato pela
onerosidade excessiva. Trata‑se de uma
causa posterior à formação do contrato
de consumo. Aplica‑se aqui a cláusula re‑
bus sic stantibus, na busca de reestruturar
o equilíbrio econômico do contrato.

295 Poderá se dar pela ocorrência do vício e do


fato. Vício é a impropriedade ou a inade‑
quação que recai sobre o produto ou ser‑
viço ferindo a expectativa do consumidor.
Já o fato é o dano que recai sobre o con‑
sumidor, sendo também conhecido como
acidente de consumo.

296 Não sendo o vício sanado no prazo máxi‑


mo de trinta dias, pode o consumidor exi‑
gir, alternativamente, e à sua escolha:
î a substituição do produto por outro
da mesma espécie, em perfeitas condi‑
ções de uso;

DIREITO DO CONSUMIDOR
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î a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem preju‑
ízo de eventuais perdas e danos;
î o abatimento proporcional do preço.

297 As partes poderão convencionar a redu‑


ção ou ampliação do prazo previsto no pa‑
rágrafo anterior, não podendo ser inferior
a sete nem superior a cento e oitenta dias.
Observação: Nos contratos de adesão, a
cláusula de prazo deverá ser convenciona‑
da em separado, por meio de manifestação
expressa do consumidor.

298 O consumidor poderá fazer uso imedia‑


to das alternativas acima sempre que, em
razão da extensão do vício, a substituição
das partes viciadas puder comprometer a
qualidade ou características do produto,
diminuir‑lhe o valor ou se tratar de produ‑
to essencial.

299 Nessa parte da norma, o consumidor não


necessita aguardar prazo para que o vício
seja resolvido. Assim poderá o consumidor
diante de tal vício requerer:
î o abatimento proporcional do preço;
î complementação do peso ou medida;

DIREITO DO CONSUMIDOR
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A substituição do produto por outro da
mesma espécie, marca ou modelo, sem os
mencionados vícios.

300 Em regra, é solidária e sempre objetiva.


A responsabilidade objetiva é aquela que
independe de culpa e, no caso, irá se dar
pelo risco da atividade.

301 O fornecedor de serviços responde pelos


vícios de qualidade que os tornem impró‑
prios ao consumo ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da dis‑
paridade com as indicações constantes da
oferta ou mensagem publicitária, podendo
o consumidor exigir, alternativamente, e à
sua escolha:
î a reexecução dos serviços, sem custo
adicional e quando cabível.
î a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem preju‑
ízo de eventuais perdas e danos;
î o abatimento proporcional do preço.

302 A ignorância do fornecedor sobre os vícios


de qualidade por inadequação dos produtos
e serviços não o exime de responsabilidade.

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303 O art. 26 da Lei 8.078/90 nos apresenta


os vícios acima. Vício de fácil constatação
se dá com o mero manusear; o aparente,
com o mero olhar; e o oculto é aquele que
já existe na época da tradição do bem, mas
que só pode ser observado em momento
posterior. Vale a leitura da Súmula 477 do
STJ pessoal.

304 Vamos revisar o texto legal?


O direito de reclamar pelos vícios aparen‑
tes ou de fácil constatação caduca em:
I – trinta dias, tratando‑se de fornecimen-
to de serviço e de produtos não duráveis;
II – noventa dias, tratando‑se de forneci-
mento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1º. Inicia‑se a contagem do prazo de-
cadencial a partir da entrega efetiva
do produto ou do término da execução
dos serviços.
§ 2º. Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente for-
mulada pelo consumidor perante o for-
necedor de produtos e serviços até a res-
posta negativa correspondente, que deve
ser transmitida de forma inequívoca;
II – (Vetado).

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III – a instauração de inquérito civil, até
seu encerramento.
§ 3º. Tratando‑se de vício oculto, o pra-
zo decadencial inicia‑se no momento em
que ficar evidenciado o defeito.

305 O art. 26 da Lei 8.078/90 nos apresenta


os vícios acima. Vício de fácil constatação
se dá com o mero manusear; o aparente,
com o Cristiano Sobral 84 mero olhar; e o
oculto é aquele que já existe na época da
tradição do bem, mas que só pode ser ob‑
servado em momento posterior. Vale a lei‑
tura da Súmula 477 do STJ.

306 O fabricante, o construtor, o produtor ou


importador só não serão responsabilizados
quando provar: que não colocou o produ‑
to no mercado; que, embora haja coloca‑
do o produto no mercado, o defeito ine‑
xiste; a culpa exclusiva, do consumidor ou
de terceiro.

307 Aqui é preciso que você leitor/a tenha aten‑


ção, pois a única hipótese que o comercian‑
te responde subsidiariamente é no caso do
fato do produto, pois em todas as outras –
vício do produto, vício do serviço e fato do
serviço – ele responde solidariamente.

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308 O fornecedor de serviços responde, inde‑


pendentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consu‑
midores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua frui‑
ção e riscos. Atenção! Neste tópico, o pro‑
fissional liberal responderá de forma sub‑
jetiva (somente neste). Vejamos:
Art. 14, § 4º. A responsabilidade pesso‑
al dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa.
Outro ponto importante é a leitura da Sú‑
mula 479 do STJ que é um bom exemplo
de fato do serviço.

309 Vamos analisar a lei?


Art. 14, § 3º. O fornecedor de serviços só
não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defei-
to inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou
de terceiro.

310 Prescreve em cinco anos a pretensão à re‑


paração pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço, iniciando‑se a con‑

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tagem do prazo a partir do conhecimento
do dano e de sua autoria. Caro leitor (a),
perceba que, enquanto os vícios apresen‑
tam prazos decadenciais, o fato nos apre‑
senta prazos prescricionais.
Atenção! Sobre o tema que tratava da an‑
tinomia entre a Convenção de Varsóvia e o
CDC no caso de indenização por extravio
de bagagem em voo internacional, o Ple‑
nário do STF em julgamento conjunto do
RE n. 636331 e ARE n. 766.618, firmou a
tese: “Nos termos do art. 178 da Constitui‑
ção da República, as normas e os tratados
internacionais limitadores da responsabili‑
dade das transportadoras aéreas de passa‑
geiros, especialmente as Convenções de
Varsóvia e Montreal, têm prevalência em
relação ao Código de Defesa do Consumi‑
dor” No que tange ao prazo prescricional
para a propositura da ação indenizatória,
entendeu-se pela aplicação das regras in‑
ternacionais, que determinam o prazo de 2
anos a contar da chegada do voo ao local
de destino ou que deveria chegar.

311 Toda informação ou publicidade, suficiente‑


mente precisa, veiculada por qualquer for‑
ma ou meio de comunicação com relação
a produtos e serviços oferecidos ou apre‑

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sentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o con‑
trato que vier a ser celebrado. Em caso de
inadimplemento a lei menciona. Vejamos:
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou
serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumi-
dor poderá, alternativamente e à sua li-
vre escolha:
I – exigir o cumprimento forçado da obri-
gação, nos termos da oferta, apresenta-
ção ou publicidade;
II – aceitar outro produto ou prestação
de serviço equivalente;
III – rescindir o contrato, com direito à
restituição de quantia eventualmente an-
tecipada, monetariamente atualizada, e
a perdas e danos.

312 A publicidade deve ser veiculada de tal


forma que o consumidor, fácil e imediata‑
mente, identifique‑a como tal. Não pode
a publicidade ser enganosa e abusiva. Ve‑
jamos a lei:
Art. 37. É proibida toda publicidade en‑
ganosa ou abusiva.

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§ 1º. É enganosa qualquer modalidade de
informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa,
ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o con-
sumidor a respeito da natureza, caracte-
rísticas, qualidade, quantidade, proprie-
dades, origem, preço e quaisquer outros
dados sobre produtos e serviços.
§ 2º. É abusiva, dentre outras a publicida-
de discriminatória de qualquer natureza,
a que incite à violência, explore o medo ou
a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança,
desrespeite valores ambientais, ou que
seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou peri-
gosa à sua saúde ou segurança.
§ 3º. Para os efeitos deste código, a pu-
blicidade é enganosa por omissão quan-
do deixar de informar sobre dado essen-
cial do produto ou serviço.

313 Na cobrança de débitos, o consumidor ina‑


dimplente não será exposto a ridículo, nem
será submetido a qualquer tipo de cons‑
trangimento ou ameaça. Se o consumidor
for cobrado em quantia indevida, tem direi‑
to à repetição do indébito, por valor igual

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ao dobro do que pagou em excesso, acres‑
cido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável.

314 O artigo 46 da lei nos apresenta o princí‑


pio da transparência máxima; e o 47, o da
melhor interpretação ao consumidor. Uma
questão bastante importante é o direito de
arrependimento sobre o tema. Vejamos a
lei: Art. 49. O consumidor pode desistir do
contrato, no prazo de 7 dias a contar de
sua assinatura ou do ato de recebimento
do produto ou serviço, sempre que a con‑
tratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou
a domicílio. Parágrafo único. Se o consumi‑
dor exercitar o direito de arrependimento
previsto neste artigo, os valores eventu‑
almente pagos, a qualquer título, durante
o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato, monetariamente atualizados.

315 As cláusulas abusivas são nulas de pleno


direito, e o art. 51 da lei nos apresenta um
rol meramente exemplificativo. Importan‑
te destacar que a nulidade de uma cláusula
contratual abusiva não invalida o contra‑
to, exceto quando de sua ausência, apesar

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dos esforços de integração, decorrer ônus
excessivo a qualquer das partes.

316 Com relação a coisa julgada nas relações


de consumo, o art. 103 apresenta regras
específicas. Assim é necessário a devida
leitura da lei. Vejamos:
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata
este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for jul-
gado improcedente por insuficiência de
provas, hipótese em que qualquer legiti-
mado poderá intentar outra ação, com
idêntico fundamento valendo‑se de nova
prova, na hipótese do inciso I do parágra-
fo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao
grupo, categoria ou classe, salvo impro-
cedência por insuficiência de provas, nos
termos do inciso anterior, quando se tra-
tar da hipótese prevista no inciso II do pa-
rágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de pro-
cedência do pedido, para beneficiar todas
as vítimas e seus sucessores, na hipótese
do inciso III do parágrafo único do art. 81.
§ 1º. Os efeitos da coisa julgada previstos
nos incisos I e II não prejudicarão inte-

DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS
resses e direitos individuais dos integran-
tes da coletividade, do grupo, categoria
ou classe.
§ 2º. Na hipótese prevista no inciso III,
em caso de improcedência do pedido, os
interessados que não tiverem intervindo
no processo como litisconsortes pode-
rão propor ação de indenização a título
individual.
§ 3º. Os efeitos da coisa julgada de que
cuida o art. 16, combinado com o art. 13
da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, não
prejudicarão as ações de indenização por
danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista nes-
te código, mas, se procedente o pedido,
beneficiarão as vítimas e seus sucesso-
res, que poderão proceder à liquidação e
à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
§ 4º. Aplica‑se o disposto no parágrafo
anterior à sentença penal condenatória.

317 A parte processual do CDC (coletiva) não


se aplica apenas aos casos em que o di‑
reito material deduzido for consumerista,
em razão da existência do microssistema.
Os dispositivos se aplicam às ações cole‑
tivas em geral, independentemente do di‑
reito material (ambiental, saúde, patrimô‑
DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS
nio histórico e cultural etc.), a não ser que
uma lei mais específica disponha em senti‑
do contrário.

318 Vejamos o quadro comparativo entre os


Direitos Difusos, Coletivos e Individuais
Homogêneos.
Individuais
Difusos Coletivos
Homogêneos

Transidividuais Transidividuais Individuais

Natureza Natureza Natureza


Indivisível Indivisível Indivisível

Titularidade: pes‑
soas determinadas
ou determináveis Titularidade: pes‑
Titularidade: Pes‑
(grupo, categoria soas determi‑
soas indetermina‑
ou classe de pes‑ nadas ou deter‑
das ligadas entre
soas) ligadas entre mináveis ligadas
si por circunstân‑
si ou com a par‑ entre si ou uma
cias de fato.
te contraria por origem comum.
uma relação ju‑
rídica base.

319 Características da legitimidade para as


ações coletivas:
î Extraordinária: os legitimados vão a
Juízo em nome próprio, mas defenden‑
do direitos alheios.
î Autônoma: o legitimado inicia a de‑
manda e conduz o processo coletivo

DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS
sem a participação do titular do direito
material deduzido em juízo.
î Concorrente: todos os entes são legiti‑
mados à propositura de ações coletivas.
î Disjuntiva: a legitimidade de todos eles
é independente, no sentido de que um
legitimado não depende da anuência de
outro para deflagrar a ação.
î Mista: particulares e entes públicos
detém legitimidade.

320 A ação cabível para proteger direitos co‑


letivos lato sensu do consumidor pode ser
qualquer uma onde tenha sido formulado
um pedido adequado e capaz de proteger
de forma efetiva esses direitos. Chamemos
de ação coletiva, de ação civil pública, de
ação declaratória etc., porque o nome pou‑
co ou nada importa, mas sim os elementos
da ação (partes, causa de pedir e pedido).
Se o pedido ao final for acolhido, terá havi‑
do acesso à justiça se os direitos dos con‑
sumidores foram adequada e efetivamente
protegidos.

321 É cabível ação coletiva com pedido de in‑


denização por danos morais coletivos uma
vez que o art. 5º, V e X, da Constituição as‑

DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS
segura a indenização por dano moral, sem
fazer nenhum tipo de limitação ao dano
causado, se individual ou coletivo, porém
o art. 6º, VI, do CDC, estatui ser direito bá‑
sico do consumidor a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos. Portanto,
não nos resta dúvida acerca do cabimento
da indenização por danos morais coletivos

322 O direito de regresso no CDC trata‑se de


norma aplicável aos processos individuais e
coletivos, assegurando o direito de regres‑
so contra os demais responsáveis, segun‑
do sua participação na causação do evento
danoso, àquele que efetivar o pagamento
ao prejudicado. Porém para não prejudicar
o consumidor com a introdução, em sua
demanda, de outra demanda acessória,
em que será discutido o direito de regres‑
so, que em nada aproveita ao consumidor,
andou bem o legislador em vedar a denun‑
ciação da lide.

323 As ações coletivas para a defesa de direitos


individuais homogêneos não se limitam ao
pedido de responsabilização pelos danos
individualmente sofridos. São cabíveis, para
a proteção dos direitos coletivos lato sensu,

DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais de1000 DICAS
todas as espécies de ações, com os pedi‑
dos que se revelem os mais adequados para
propiciar uma efetiva tutela aos direitos.

324 A ação civil coletiva de responsabilidade


pelos danos individualmente sofridos não
se confunde com o litisconsórcio ativo,
em que vários autores cumulam ações em
face de um ou mais réus. A ação coletiva é
proposta por um legitimado do art. 82 do
CDC, podendo até eles formarem um litis‑
consórcio, em nome próprio, mas defen‑
dendo direitos alheios, de modo que o pe‑
dido precisa ser genérico porque se trata
de uma ação coletiva. No caso de litiscon‑
sórcio ativo, o que temos é uma cumulação
de demandas individuais, mas não se trata
de uma ação coletiva nem serão aplicadas
as regras processuais do microssistema.
No caso de litisconsórcio, os pedidos po‑
dem até ser genéricos, porque o CPC/15
ad- Cap. 05 • DIREITO DO CONSUMIDOR
91 mite em alguns casos no art. Art. 324 §
1, porém são demandas puramente indivi‑
duais cumuladas por opção dos autores.

325 Sobre a coisa julgada:


I – Direitos difusos

DIREITO DO CONSUMIDOR
1000 DICAS
Mais de

î Procedência: faz coisa julgada


erga omnes
î Improcedência
Por falta de provas: não faz coisa julgada
ê Por qualquer outro fundamento: faz
coisa julgada
II – Direitos coletivos
î Procedência: faz coisa julgada
ultra partes
î Improcedência
Por falta de provas: não faz coisa julgada
î Por qualquer outro fundamento: faz
coisa julgada
III – Direitos individuais homogêneos
î Procedência: faz coisa julgada
erga omnes
î Improcedência: faz coisa julgada

DIREITO DO CONSUMIDOR
1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 06

DIREITO
PROCESSUAL
CIVIL
ANDRÉ MOTA / SABRINA DOURADO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Mais de1000 DICAS

326 Lembre-se de que, com o Código de Pro‑


cesso Civil de 2015, tanto a incompetên-
cia relativa (territorial ou em razão do valor)
quanto a incompetência absoluta (em razão
da matéria ou hierarquia), serão suscitadas
através de preliminar de contestação, nos
termos do art. 337, II, do CPC.

327 Não obstante inicialmente estabelecida,


fato é que a competência em razão do va‑
lor e do território poderá ser modifica‑
da pela CONEXÃO OU CONTINÊNCIA.
Haverá a conexão quando entre duas ou
mais causas houver identidade de pedido
ou causa de pedir; já a continência se dará
quando houver identidade de partes e cau‑
sa de pedir, mas o pedido de uma, por ser
mais amplo, abrange o da outra. Havendo
conexão ou continência, será competente
o juízo prevento. O registro ou a distribui‑
ção da petição inicial torna prevento o juí‑
zo. (Art. 59, CPC)

328 Perceba que, na temática atinente aos


PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS, não de‑
vemos confundir os seguintes institutos:
a) legitimação ordinária: quando al‑
guém, em NOME PRÓPRIO (ou seja,
ele é parte na ação!) defende INTERES‑

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Mais de1000 DICAS
SE PRÓPRIO. Ex: Maria sofre danos em
virtude de acidente causado por João e
ela mesma propõe a demanda;
b) legitimação extraordinária (ou substi-
tuição processual): quando alguém, em
NOME PRÓPRIO, defende INTERESSE
ALHEIO. Ex: sindicato que ingressa com
demanda (ou seja, ele é parte na ação!)
para defender direitos dos associados;
c) Representação: quando alguém, em
NOME ALHEIO, defende INTERESSE
ALHEIO. Ex: mãe que representa o filho
na ação de alimentos ajuizada contra o
pai. Perceba que a mãe não é parte na
ação, e, sim, o filho que necessita dos
alimentos.

329 O juiz dará CURADOR ESPECIAL: a) ao in‑


capaz, se não tiver representante legal, ou
se os seus interesses colidirem com os da‑
quele; b) ao réu preso revel, bem como ao
revel citado por edital ou com hora certa
(citação ficta). Esta função é exercida pela
defensoria pública, nos termos do art. 72,
parágrafo único, CPC. Mas, fique aten-
to!!!: Ao curador especial incumbe a fun‑
ção basicamente defensiva, de modo que
não pode este valer-se de instrumentos de
“ataque”, tal como a reconvenção. Mesmo

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Mais de1000 DICAS
tendo função “defensiva”, o curador espe‑
cial está autorizado a apresentar embargos
à execução (embora esta peça seja uma
“ação”, uma peça de “ataque”) em nome
do revel citado por edital ou hora certa (sú‑
mula 196, STJ);

330 O cônjuge necessitará do consentimento


do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casa‑
dos sob o regime de separação absoluta
de bens. (Art. 73, CPC).

331 Importante atentar que o artigo 76 do CPC


listou uma série de entes e seus respecti‑
vos REPRESENTANTES JUDICIAIS, ativos
ou passivos, a saber: a) a União, pela Advo‑
cacia-Geral da União, diretamente ou me‑
diante órgão vinculado; b) os Estados e o
Distrito Federal, por seus procuradores; c) o
Município, por seu Prefeito ou procurador;
d) a autarquia e a fundação de direito pú‑
blico, por quem a lei do ente federado de‑
signar; e) a massa falida, pelo administrador
judicial; f) a herança jacente ou vacante, por
seu curador; g) o espólio, pelo inventariante;
h) as pessoas jurídicas, por quem os respec-
tivos estatutos designarem, ou, não os de-
signando, por seus diretores (o gerente da

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filial ou agência presume-se autorizado,
pela pessoa jurídica estrangeira, a receber
citação inicial para o processo de conheci‑
mento, de execução, cautelar e especial);
i) as sociedades ou associações irregulares,
pela pessoa a quem couber a administração
dos seus bens (as sociedades e associações
irregulares que porventura contraiam obri‑
gações deverão cumpri-las, não podendo,
quando demandadas, opor a irregularida‑
de de sua constituição!); j) a pessoa jurídica
estrangeira, pelo gerente, representante ou
administrador de sua filial, agência ou sucur-
sal aberta ou instalada no Brasil; k) o condo‑
mínio, pelo administrador ou pelo síndico.

332 Zelando pela lealdade na atuação processu‑


al, o art. 80, CPC disciplina a existência do
instituto da LITIGÂNCIA DE MÁ-FE, apon‑
tando que responderá por perdas e danos
aquele que pleitear de má-fé como autor,
réu ou interveniente. Segundo o legislador,
reputa-se litigante de má-fé aquele que: I-
deduzir pretensão ou defesa contra texto ex-
presso de lei ou fato incontroverso; II–alterar
a verdade dos fatos; III–usar do processo para
conseguir objetivo ilegal; IV–opuser resistên-
cia injustificada ao andamento do processo;
V–proceder de modo temerário em qualquer
incidente ou ato do processo; Vl–provocar

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incidentes manifestamente infundados; VII–
interpuser recurso com intuito manifesta-
mente protelatório.
De ofício ou a requerimento, o juiz con‑
denará o litigante de má-fé a pagar multa,
que deverá ser superior a um por cento e
inferior a dez por cento do valor corrigido
da causa, a indenizar a parte contrária pe‑
los prejuízos que esta sofreu e a arcar com
os honorários advocatícios e com todas as
despesas que efetuou.
Quando o valor da causa for irrisório ou
inestimável, a multa poderá ser fixada em
até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

333 O CPC contempla duas hipóteses de SU-


CESSÃO DE PARTES. A primeira, previs‑
ta no artigo 109, refere-se à hipótese em
que o bem litigioso é alienado por ato inter
vivos, caso em que seria possível a substi‑
tuição do alienante pelo adquirente, desde
que haja consentimento da outra parte. A
segunda, prevista no artigo 110, constitui
modalidade obrigatória. Ocorre quando
há a morte de qualquer das partes, caso
em que se dará a substituição pelo espó‑
lio ou seus sucessores, mediante suspen‑
são do feito.

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Mais de1000 DICAS

334 O JUIZ é o sujeito imparcial da relação pro‑


cessual. Como forma de manter a sua im‑
parcialidade, o CPC vedou a sua situação,
quando o mesmo for considerado IMPE‑
DIDO OU SUSPEITO.
O juiz será considerado IMPEDIDO de atu‑
ar no processo:
à em que interveio como mandatário da
parte, oficiou como perito, funcionou
como membro do Ministério Público ou
prestou depoimento como testemunha;
à de que conheceu em outro grau de
jurisdição, tendo proferido decisão;
à quando nele estiver postulando, como
defensor público, advogado ou mem‑
bro do Ministério Público, seu cônjuge
ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive;
à quando for parte no processo ele pró‑
prio, seu cônjuge ou companheiro, ou
parente, consanguíneo ou afim, em li‑
nha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
à quando for sócio ou membro de dire‑
ção ou de administração de pessoa ju‑
rídica parte no processo;

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à quando for herdeiro presuntivo, do‑
natário ou empregador de qualquer
das partes;
à em que figure como parte instituição
de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de
prestação de serviços;
à em que figure como parte cliente do
escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguí‑
neo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau, inclusive, mesmo
que patrocinado por advogado de ou‑
tro escritório;
à quando promover ação contra a par‑
te ou seu advogado.

335 O juiz será considerado SUSPEITO de atu‑


ar no processo quando:
à amigo íntimo ou inimigo de qualquer
das partes ou de seus advogados;
à que receber presentes de pessoas que
tiverem interesse na causa antes ou de‑
pois de iniciado o processo, que acon‑
selhar alguma das partes acerca do ob‑
jeto da causa ou que subministrar meios
para atender às despesas do litígio;

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à quando qualquer das partes for sua
credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em
linha reta até o terceiro grau, inclusive;
à interessado no julgamento do proces‑
so em favor de qualquer das partes.
Ressalte-se, ainda, que o juiz poderá de‑
clarar-se suspeito por motivo íntimo, sem
a necessidade de declarar as suas razões
(art. 145, § 1o, CPC).

336 Tema importante para o exame de ordem


é o que diz respeito à INTERVENÇÃO DE
TERCEIROS. Não se esqueça, em especial,
de duas modalidades:
a) Assistência: quando o terceiro tiver
interesse jurídico (e não econômico),
que a sentença seja favorável a uma
das partes;
b) chamamento ao processo: institu-
to utilizado com o objetivo de partilhar
responsabilidades. É admissível o cha‑
mamento ao processo, requerido pelo
réu: I–do afiançado, na ação em que o
fiador for réu; II–dos demais fiadores,
na ação proposta contra um ou alguns
deles; III–dos demais devedores solidá‑

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Mais de1000 DICAS
rios, quando o credor exigir de um ou de
alguns o pagamento da dívida comum.

337 Não se esqueça de que os ATOS PROCES-


SUAIS serão públicos. Correm, no entanto,
em segredo de justiça os processos:
à em que o exija o interesse público
ou social;
à que versem sobre casamento, sepa‑
ração de corpos, divórcio, separação,
união estável, filiação, alimentos e guar‑
da de crianças e adolescentes;
à em que constem dados protegidos
pelo direito constitucional à intimidade;
à que versem sobre arbitragem, inclu‑
sive sobre cumprimento de carta arbi‑
tral, desde que a confidencialidade esti‑
pulada na arbitragem seja comprovada
perante o juízo.
Nos casos de segredo de justiça, o direito
de consultar os autos e de pedir certidões
será restrito às partes e aos seus advoga‑
dos, nos termos do artigo 189, § 1o, CPC.

338 Quanto à COMUNICAÇÃO DOS ATOS


PROCESSUAIS, o futuro advogado deverá
ficar atento aos seguintes conceitos:

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a) carta de ordem: quando o juiz forsubor‑
dinado ao tribunal do qual dela emanar;
b) carta rogatória, quando dirigida à au‑
toridade judiciária estrangeira; e
c) precatória quando solicitada a juízo
de mesma hierarquia, localizado em di‑
ferente comarca.

339 A CITAÇÃO é ato pelo qual são convoca‑


dos o réu, o executado ou o interessado
para integrar a relação processual (art. 238,
CPC). Em regra, a citação será feita pelo
correio para qualquer comarca do país.

340 A Citação será feita por OFICIAL


DE JUSTIÇA:
à nas ações de estado
à quando o citando for incapaz;
à quando o citando for pessoa de direi‑
to público;
àquando o citando residir em local não
atendido pela entrega domiciliar de cor‑
respondência;
à quando o autor, justificadamente, a
requerer de outra forma.

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Mais de1000 DICAS

341 Mas a citação NÃO poderá ser realizada,


salvo para evitar o perecimento do direito,
nos seguintes casos:
à de quem estiver participando de ato
de culto religioso;
à de cônjuge, de companheiro ou de
qualquer parente do morto, consanguí‑
neo ou afim, em linha reta ou na linha
colateral em segundo grau, no dia do fa‑
lecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
à de noivos, nos 3 (três) primeiros dias
seguintes ao casamento;
à de doente, enquanto grave o seu estado.

342 Considerando que o bom advogado


não pode perder PRAZOS, atente para
duas regras:
a) contam-se os prazos excluindo-se
o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento;
b) Na contagem de prazo em dias, es‑
tabelecido por lei ou pelo juiz, compu‑
tar-se-ão somente os dias úteis (art.
219, CPC).

343 Quanto à possibilidade de aditamento ou


alteração do pedido ou da causa de pedir,

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é mister atentar às regras dispostas no ar-
tigo 329, CPC. Assim:
a) Antes da citação, o autor poderá aditar
ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independente de consentimento do réu;
b) Feita a citação, é proibido ao autor
aditar ou alterar o pedido ou a causa de
pedir, sem o consentimento do réu;
c) A alteração ou aditamento do pedido
ou da causa de pedir em nenhuma hipó‑
tese será permitida após o saneamento
do processo.

344 Petição inicial é o instrumento que inaugu‑


ra a relação processual. Seus requisitos de
validade estão expressos nos artigos 319 e
320 do Código de Processo Civil, dentre os
quais se destaca o Pedido. O autor poderá
formular, na petição inicial, vários pedidos.
É o que se chama de “CUMULAÇÃO DE
PEDIDOS”. A cumulação pode ser:
a) simples, quando houver a possibilida‑
de de se formular pedidos que poderão
ser atendidos de forma englobada ou
somada. Ex: danos morais e materiais;
b) alternativa, quando a obrigação puder
ser satisfeita por mais de uma forma. Ex:
determinação para que certa empresa

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proceda com a instalação de acústica
que impeça ruídos ou desligamento do
aparelho de som a partir de determi‑
nado horário. O ponto marcante e que
o diferencia da cumulação subsidiária
que, aqui, não há ordem de prioridade,
ou seja, o autor está preocupado, ape‑
nas, que a obrigação seja cumprida, não
importando como.
c) subsidiária ou eventual, quando o autor
formular mais de um pedido para que o
juiz, não podendo conceder o anterior,
conheça do posterior (aqui há ordem
de prioridade!). Ex: ação movida contra
companhia aérea, para que a mesma
seja condenada a entregar mala extra‑
viada OU o pagamento de indenização
correspondente.

345 Não podemos esquecer de que a Petição


inicial conterá sempre o VALOR DA CAU-
SA, o qual será:
à na ação de cobrança de dívida, a soma
monetariamente corrigida do principal,
dos juros de mora vencidos e de outras
penalidades, se houver, até a data de
propositura da ação;
à na ação que tiver por objeto a existên‑
cia, a validade, o cumprimento, a mo‑
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dificação, a resolução, a resilição ou a
rescisão de ato jurídico, o valor do ato
ou o de sua parte controvertida;
à na ação de alimentos, a soma de 12
(doze) prestações mensais pedidas
pelo autor;
à na ação de divisão, de demarcação e
de reivindicação, o valor de avaliação da
área ou do bem objeto do pedido;
à na ação indenizatória, inclusive a fun‑
dada em dano moral, o valor pretendido;
à na ação em que há cumulação de pe‑
didos, a quantia correspondente à soma
dos valores de todos eles;
à na ação em que os pedidos são alter‑
nativos, o de maior valor;
à na ação em que houver pedido subsi‑
diário, o valor do pedido principal.

346 À luz do artigo 330, do CPC, considera-se


INEPTA, a petição inicial, todas as vezes
que houver vícios relativamente ao pedido
ou causa de pedir, senão vejamos:
I–lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II–o pedido for indeterminado, ressalva‑
das as hipóteses legais em que se per‑
mite o pedido genérico;

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III–da narração dos fatos não decorrer
logicamente a conclusão;
IV–contiver pedidos incompatí‑
veis entre si.
Lembre-se: Sendo a petição inicial indefe‑
rida ante a sua inépcia e havendo apelação,
ao magistrado é facultado exercer o juízo
de retratação no prazo de 5 (cinco) dias.
Caso contrário, o juiz citará o réu para res‑
ponder ao recurso.

347 IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDI-


DO, quando este contrariar:
à enunciado de súmula do Supremo Tri‑
bunal Federal ou do Superior Tribunal
de Justiça;
à acórdão proferido pelo Supremo Tri‑
bunal Federal ou pelo Superior Tribunal
de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
à entendimento firmado em incidente
de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência;
à enunciado de súmula de tribunal de
justiça sobre direito local.
Fique atento a duas observações!

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1) O juiz também poderá julgar liminar‑
mente improcedente o pedido se veri‑
ficar, desde logo, a ocorrência de deca‑
dência ou de prescrição;
2) Nos casos de improcedência liminar,
o processo será extinto COM resolução
de mérito!

348 Se a petição inicial preencher os requisi‑


tos essenciais e não for o caso de impro‑
cedência liminar do pedido, o juiz desig‑
nará AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU
DE MEDIAÇÃO.

349 A AUDIÊNCIA DE CONCLILIAÇÃO OU


DE MEDIAÇÃO não será realizada em duas
hipóteses:
à se ambas as partes manifestarem, ex-
pressamente, desin­teresse na compo-
sição consensual: neste caso o autor
deverá indicar, na petição inicial, seu de‑
sinteresse na autocomposição, e o réu
deverá fazê-lo, por petição, apresenta‑
da com 10 (dez) dias de antecedência,
contados da data da audiência.
à quando não se admitir a auto-
composição.

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Mais de1000 DICAS

350 Em sede de RESPOSTA DO RÉU, é bom


lembrar que a ausência de contestação
importará na decretação de revelia, cujos
efeitos serão:
a) materiais: presunção de veracidade
dos fatos afirmados na inicial;
b) processuais: dispensa de intimação
do revel para os atos do processo (salvo
se tiver procurador constituído nos au‑
tos!) e julgamento antecipado da lide.

351 Revelia é a ausência de contestação, de


modo que presumir-se-ão verdadeiros os
fatos alegados na inicial. Ocorre que NÃO
OCORRERÃO OS EFEITOS MATERIAIS
DA REVELIA quando:
a) a ação versar sobre direitos indispo-
níveis. Ex: por mais que o réu não apre‑
sente impugnação (defesa) ao pedido
de interdição feito contra o mesmo na
ação de interdição, nem por isso o ma‑
gistrado poderá presumir que o mesmo
é incapaz, de acordo com o que fora afir‑
mado na petição inicial. Assim, será ne‑
cessário dar continuidade ao processo
e determinar a produção de prova pe‑
ricial, haja vista que o estado da capaci‑
dade é direito indisponível.

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b) quando a petição não estiver acom-
panhada por documento indispensável.
c) quando, havendo litisconsortes, um
deles contesta, desde que os fatos nar-
rados na contestação sejam comuns ao
réu revel. Esta última observação é de
suma relevância e já fora abordada em
exame de ordem! Perceba que, se Maria
intentar ação de indenização, cujos réus
são uma loja de aluguel de roupas (por
não entregar o vestido de noiva dentro
do prazo) e uma gráfica (por entregar
os convites com o endereço errado),
sendo este último revel, a contestação
apresentada pela loja não poderá bene‑
ficiá-lo, haja vista que são distintos os
seus interesses.
d) as alegações de fato formuladas pelo
autor forem inverossímeis ou estiverem
em contradição com prova constante
dos autos.

352 Na CONTESTAÇÃO, Incumbe ao réu de‑


duzir toda a matéria de fato e de direito
com que pretende repelir as alegações do
autor (princípio da eventualidade), contes‑
tando cada pedido, sob pena de ser admi‑
tido como verdadeiro aquele que não fora
repelido (princípio da impugnação específi-

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Mais de1000 DICAS
ca). O princípio em tela não se aplica ao
advogado dativo, ao curador especial e ao
defensor público (art. 341, par. único, CPC).

353 Com o Código de Processo Civil de 2015,


a incorreção do valor da causa passou a ser
apresentada, também, como preliminar de
contestação (art. 337, III) e não mais atra‑
vés de impugnação.

354 Na contestação, é lícito ao réu propor RE-


CONVENÇÃO para manifestar pretensão
própria, conexa com a ação principal ou
com o fundamento da defesa. Proposta
a reconvenção, o autor será intimado, na
pessoa de seu advogado, para apresentar
resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

355 Ainda sobre a RECONVENÇÃO, é bom lem‑


brar que a desistência da ação ou a ocorrên‑
cia de causa extintiva que impeça o exame
de seu mérito não obsta ao prosseguimen‑
to do processo quanto à reconvenção.

356 Lembre-se de que o juiz estará autorizado


a proceder com o JULGAMENTO ANTE-
CIPADO DO MÉRITO em duas hipóteses:

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a) quando ocorrer a revelia, com os seus
efeitos materiais;
b) quando não houver necessidade de
produção de outras provas.

357 A PROVA tem por objeto os fatos. Por isso


não se prova o direito- “Iura novit cúria”- “o
Juiz conhece do direito”. Mas, atenção: os
fatos hão de ser controvertidos. Esta é a
razão pela qual a lei menciona que são dis‑
pensáveis as provas dos fatos incontrover-
sos, afirmados por uma parte e confessados
pela outra, notórios e aqueles em cujo favor
milita a presunção legal de existência ou ve-
racidade- (art. 374, CPC). Apesar de, a prin‑
cípio, não haver necessidade de se provar
o direito, se a pretensão da parte estiver
apoiada em legislação municipal, estadual,
estrangeira ou consuetudinária, deverá ela
provar o teor e a vigência da respectiva
lei, se assim determinar o juiz. Ora, ao juiz
só é dado, obrigatoriamente, conhecer a
lei federal.

358 A PROVA PERICIAL consiste em exame (o


qual recai sobre pessoas ou bens móveis),
vistoria (realizada em bens imóveis) ou ava‑
liação (realizado com o fito de quantificar
ou valorar determinado objeto). Tratando‑

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Mais de1000 DICAS
-se de perícia complexa, que abranja mais
de uma área de conhecimento especializa‑
do, o juiz poderá nomear mais de um pe‑
rito e a parte indicar mais de um assisten‑
te técnico (art. 475, CPC). O juiz não está
adstrito ao laudo pericial, podendo formar
a sua convicção com outros elementos ou
fatos provados nos autos (princípio da livre
convicção motivada).

359 Amigo leitor, em sede de SENTENÇA, você


precisa lembrar que, uma vez publicada, o
juiz só poderá alterá-la:
a) para lhe corrigir, de ofício ou a reque‑
rimento da parte, inexatidões materiais,
ou lhe retificar erros de cálculo;
b) por meio de embargos de declaração.

360 A COISA JULGADA MATERIAL é a autori‑


dade que torna imutável e indiscutível a de‑
cisão de mérito não mais sujeita a recurso.
Em virtude da coisa julgada, nenhum juiz
poderá novamente apreciar as questões
já decididas, relativas à mesma lide (Art.
505, CPC).

361 A REMESSA NECESSÁRIA constitui-se em


condição de eficácia da sentença proferida

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em face das pessoas jurídicas de direito pú‑
blico (União, Estados, Distrito federal, Mu‑
nicípios, autarquias e fundações de direito
público). O objetivo é manter o controle de
qualidade das decisões judiciais proferidas
em face daquelas pessoas e, por consequ‑
ência, preservar o interesse público.

362 Mas, Atenção! Não se aplica a remessa ne‑


cessária quando a condenação ou o provei‑
to econômico obtido na causa for de valor
certo e líquido inferior a:
à 1.000 (mil) salários-mínimos para a
União e as respectivas autarquias e fun‑
dações de direito público;
à 500 (quinhentos) salários-mínimos
para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de
direito público e os Municípios que cons‑
tituam capitais dos Estados;
à 100 (cem) salários-mínimos para todos
os demais Municípios e respectivas au‑
tarquias e fundações de direito público.
Também não se aplicará a remessa quan‑
do a sentença estiver fundada em:
à súmula de tribunal superior;

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Mais de1000 DICAS
à acórdão proferido pelo Supremo Tri‑
bunal Federal ou pelo Superior Tribunal
de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
à entendimento firmado em incidente
de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência;
à entendimento coincidente com orien‑
tação vinculante firmada no âmbito ad‑
ministrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer
ou súmula administrativa.

363 São títulos executivos judiciais:


à as decisões proferidas no processo
civil que reconheçam a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia, de fazer, de
não fazer ou de entregar coisa;
à a decisão homologatória de autocom‑
posição judicial;
à a decisão homologatória de auto‑
composição extrajudicial de qual‑
quer natureza;
à o formal e a certidão de partilha, exclu‑
sivamente em relação ao inventariante,
aos herdeiros e aos sucessores a título
singular ou universal;

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à o crédito de auxiliar da justiça, quan‑
do as custas, emolumentos ou honorá‑
rios tiverem sido aprovados por deci‑
são judicial;
à a sentença penal condenatória tran‑
sitada em julgado;
à a sentença arbitral;
à a sentença estrangeira homologada
pelo Superior Tribunal de Justiça;
à a decisão interlocutória estrangei‑
ra, após a concessão do exequatur à
carta rogatória pelo Superior Tribunal
de Justiça;

364 No caso de condenação em quantia certa,


ou já fixada em liquidação, e no caso de de‑
cisão sobre parcela incontroversa, o CUM‑
PRIMENTO DEFINITIVO DE SENTENÇA
far-se-á a requerimento do exequente, sen‑
do o executado intimado para pagar o dé‑
bito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido
de custas, se houver. Não ocorrendo paga‑
mento voluntário, o débito será acrescido
de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.

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365 Na impugnação ao cumprimento de sen‑


tença que condena ao pagamento de quan‑
tia, o executado poderá alegar:
à falta ou nulidade da citação se, na fase
de conhecimento, o processo correu
à revelia;
à ilegitimidade de parte;
à inexequibilidade do título ou inexigi‑
bilidade da obrigação;
à penhora incorreta ou avalia‑
ção errônea;
à excesso de execução ou cumulação
indevida de execuções;
à incompetência absoluta ou relativa do
juízo da execução;
à qualquer causa modificativa ou ex‑
tintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes
à sentença.

366 Na impugnação ao cumprimento de sen‑


tença que condena ao pagamento de quan‑
tia, o executado poderá alegar:
à falta ou nulidade da citação se, na fase
de conhecimento, o processo correu
à revelia;

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à ilegitimidade de parte;
à inexequibilidade do título ou inexigi‑
bilidade da obrigação;
à penhora incorreta ou avalia‑
ção errônea;
à excesso de execução ou cumulação
indevida de execuções;
à incompetência absoluta ou relativa do
juízo da execução;
à qualquer causa modificativa ou ex‑
tintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes
à sentença.

367 Quando a sentença condenar ao pagamen‑


to de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua
liquidação, a requerimento do credor ou
do devedor:
-  por arbitramento, quando determina‑
do pela sentença, con­vencionado pelas
partes ou exigido pela natureza do ob‑
jeto da liquidação;
-  pelo procedimento comum, quando
houver necessidade de alegar e provar
fato novo.

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368 Tenha cuidado! Na liquidação pelo procedi‑


mento comum, o juiz determinará a intima‑
ção do requerido, na pessoa de seu advo‑
gado ou da sociedade de advogados a que
estiver vinculado, para, querendo, apre‑
sentar contestação no prazo de 15 (quinze)
dias, observando-se, a seguir, no que cou‑
ber, o disposto no Livro I da Parte Especial
do CPC/15.

369 A Fazenda Pública será intimada na pes‑


soa de seu representante judicial, por car‑
ga, remessa ou meio eletrônico, para, que‑
rendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, po‑
dendo arguir:
- falta ou nulidade da citação se, na fase
de conhecimento, o processo correu
à revelia;
- ilegitimidade de parte;
- inexequibilidade do título ou inexigibi‑
lidade da obrigação;
- excesso de execução ou cumulação
indevida de execuções;
- incompetência absoluta ou relativa do
juízo da execução;

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- qualquer causa modificativa ou extin‑
tiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes
ao trânsito em julgado da sentença.

370 No cumprimento de sentença que reco‑


nheça a exigibilidade de obrigação de fazer
ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou
a requerimento, para a efetivação da tutela
específica ou a obtenção de tutela pelo re‑
sultado prático equivalente, determinar as
medidas necessárias à satisfação do exe‑
quente. Ademais, o juiz poderá determi‑
nar, entre outras medidas, a imposição de
multa, a busca e apreensão, a remoção de
pessoas e coisas, o desfazimento de obras
e o impedimento de atividade nociva, po‑
dendo, caso necessário, requisitar o auxílio
de força policial.

371 Caro leitor, não cumprida a obrigação de


entregar coisa no prazo estabelecido na
sentença, será expedido mandado de bus‑
ca e apreensão ou de imissão na posse em
favor do credor, conforme se tratar de coi‑
sa móvel ou imóvel.

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372 A rescisória visa desconstituir o que já pas‑


sou em julgado, mas que possui algum vício.
Assim, define-se: a ação rescisória como
demanda autônoma de impugnação de pro‑
vimentos de mérito transitados em julgado,
com eventual rejulgamento da matéria ne‑
les apreciada. Trata-se de uma demanda e
não de recurso, pois visa a rescindir a coisa
julgada e não anulá-la. Quando a decisão é
alvo de anulação é porque ela está em des‑
conformidade com uma norma jurídica dis‑
positiva, norma esta que pode ser afastada
por vontade dos interessados. No caso da
decisão nula, ela vai contra norma jurídica
cogente, ou seja, norma de ordem pública,
que não pode ser afastada por mera von‑
tade das partes.

373 A ação rescisória pode ter por objeto ape‑


nas 1 (um) capítulo da decisão. Os atos de
disposição de direitos, praticados pelas par‑
tes ou por outros participantes do proces‑
so e homologados pelo juízo, bem como
os atos homologatórios praticados no cur‑
so da execução, estão sujeitos à anulação,
nos termos da lei.

374 Atenção! A propositura da ação rescisória


não impede o cumprimento da decisão res‑

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cindenda, ressalvada a concessão de tutela
provisória.

375 Os recursos não impedem a eficácia da


decisão, salvo disposição legal ou decisão
judicial em sentido diverso. A eficácia da
decisão recorrida poderá ser suspensa por
decisão do relator, se da imediata produ‑
ção de seus efeitos houver risco de dano
grave, de difícil ou impossível reparação, e
ficar demonstrada a probabilidade de pro‑
vimento do recurso.

376 O recurso pode ser interposto pela parte


vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como
fiscal da ordem jurídica. Cumpre ao tercei‑
ro demonstrar a possibilidade de a decisão
sobre a relação jurídica submetida à apre‑
ciação judicial atingir direito de que se afir‑
me titular ou que possa discutir em juízo
como substituto processual.

377 O recorrente poderá, a qualquer tempo,


sem a anuência do recorrido ou dos litiscon‑
sortes, desistir do recurso. A desistência do
recurso não impede a análise de questão
cuja repercussão geral já tenha sido reco‑
nhecida e daquele objeto de julgamento

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de recursos extraordinários ou especiais
repetitivos.

378 QUESTÃO DE PROVA! Dos despachos não


cabe recurso.

379 No ato de interposição do recurso, o re‑


corrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo prepa‑
ro, inclusive porte de remessa e de retor‑
no, sob pena de deserção.
São dispensados de preparo, inclusive por‑
te de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela
União, pelo Distrito Federal, pelos Estados,
pelos Municípios, e respectivas autarquias,
e pelos que gozam de isenção legal.

380 O recorrente que não comprovar, no ato


de interposição do recurso, o recolhimen‑
to do preparo, inclusive porte de remessa
e de retorno, será intimado, na pessoa de
seu advogado, para realizar o recolhimen‑
to em dobro, sob pena de deserção. É ve‑
dada a complementação se houver insufi‑
ciência parcial do preparo, inclusive porte
de remessa e de retorno, no recolhimento
realizado na forma das disposições acima.

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381 O equívoco no preenchimento da guia de


custas não implicará a aplicação da pena de
deserção, cabendo ao relator, na hipótese
de dúvida quanto ao recolhimento, intimar
o recorrente para sanar o vício no prazo de
5 (cinco) dias.

382 Vale lembrar que da sentença cabe ape‑


lação. As questões resolvidas na fase de
conhecimento, se a decisão a seu respei‑
to não comportar agravo de instrumento,
não são cobertas pela preclusão e devem
ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.

383 A petição de agravo de instrumento será


instruída:
- Obrigatoriamente, com cópias da pe‑
tição inicial, da contestação, da peti‑
ção que ensejou a decisão agravada, da
própria decisão agravada, da certidão
da respectiva intimação ou outro do‑
cumento oficial que comprove a tem‑
pestividade e das procurações outor‑
gadas aos advogados do agravante e
do agravado;
- Com declaração de inexistência de
qualquer dos documentos referidos no
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inciso I, feita pelo advogado do agra‑
vante, sob pena de sua responsabilida‑
de pessoal;
- Facultativamente, com outras peças
que o agravante reputar úteis.

384 Contra decisão proferida pelo relator cabe‑


rá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao proces‑
samento, as regras do regimento interno
do tribunal.
Na petição de agravo interno, o recorren‑
te impugnará especificadamente os fun‑
damentos da decisão agravada.
O agravo será dirigido ao relator, que in‑
timará o agravado para manifestar-se so‑
bre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias,
ao final do qual, não havendo retratação, o
relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão
colegiado, com inclusão em pauta.

385 Os embargos serão opostos, no prazo de


5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz,
com indicação do erro material, obscuri‑
dade, contradição ou omissão, e não se su‑
jeitam a preparo. Eles se prestam a comba‑
ter as sentenças, decisões interlocutórias,
acórdãos e decisões monocráticas.

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386 O recurso extraordinário e o recurso es‑


pecial, nos casos previstos na Constituição
Federal, serão interpostos perante o presi‑
dente ou o vice-presidente do tribunal re‑
corrido, em petições distintas que conterão:
- a exposição do fato e do direito;
- a demonstração do cabimento do re‑
curso interposto;
- as razões do pedido de reforma ou de
invalidação da decisão recorrida.

387 Na hipótese de interposição conjunta de


recurso extraordinário e recurso especial,
os autos serão remetidos ao Superior Tribu‑
nal de Justiça. Concluído o julgamento do
recurso especial, os autos serão remetidos
ao Supremo Tribunal Federal para aprecia‑
ção do recurso extraordinário, se este não
estiver prejudicado.

388 De acordo com as disposições da Lei


13.256/16 caberá agravo contra decisão do
presidente ou do vice-presidente do tribu‑
nal recorrido que inadmitir recurso extra‑
ordinário ou recurso especial, salvo quan‑
do fundada na aplicação de entendimento
firmado em regime de repercussão geral
ou em julgamento de recursos repetitivos.

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389 O procedimento da execução fundada em


título extrajudicial, e suas disposições apli‑
cam-se, também, no que couber, aos pro‑
cedimentos especiais de execução, aos atos
executivos realizados no procedimento de
cumprimento de sentença, bem como aos
efeitos de atos ou fatos processuais a que
a lei atribuir força executiva. A execução
tem por escopo curar a crise de satisfação.

390 ANOTE! O exequente tem o direito de de‑


sistir de toda a execução ou de apenas al‑
guma medida executiva. Na desistência da
execução, observar-se-á o seguinte:
- Serão extintos a impugnação e os
embargos que versarem apenas sobre
questões processuais, pagando o exe‑
quente as custas processuais e os ho‑
norários advocatícios;
- Nos demais casos, a extinção depen‑
derá da concordância do impugnante
ou do embargante.

391 Nula a execução se:


- O título executivo extrajudicial não
corresponder a obrigação certa, líquida
e exigível;

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- O executado não for regular‑
mente citado;
- For instaurada antes de se verificar a
condição ou de ocorrer o termo.

392 O devedor de obrigação de entrega de coi‑


sa certa, constante de título executivo ex‑
trajudicial, será citado para, em 15 (quinze)
dias, satisfazer a obrigação.
Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar
multa por dia de atraso no cumprimento
da obrigação, ficando o respectivo valor
sujeito a alteração, caso se revele insufi‑
ciente ou excessivo.

393 Quando a execução recair sobre coisa de‑


terminada pelo gênero e pela quantidade,
o executado será citado para entregá-la
individualizada, se lhe couber à escolha. Se
a escolha couber ao exequente, esse de‑
verá indicá-la na petição inicial. Qualquer
das partes poderá, no prazo de 15 (quinze)
dias, impugnar a escolha feita pela outra, e
o juiz decidirá de plano ou, se necessário,
ouvindo perito de sua nomeação.

394 Se o executado praticou ato a cuja absten‑


ção estava obrigado por lei ou por contra‑

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to, o exequente requererá ao juiz que as‑
sine prazo ao executado para desfazê-lo.
Havendo recusa ou mora do executado,
o exequente requererá ao juiz que mande
desfazer o ato à custa daquele, que respon‑
derá por perdas e danos. Não sendo possí‑
vel desfazer-se o ato, a obrigação resolve‑
-se em perdas e danos, caso em que, após
a liquidação, se observará o procedimento
de execução por quantia certa.

395 Não se levará a efeito a penhora quando


ficar evidente que o produto da execu‑
ção dos bens encontrados será totalmen‑
te absorvido pelo pagamento das custas
da execução. Quando não encontrar bens
penhoráveis, independentemente de de‑
terminação judicial expressa, o oficial de
justiça descreverá na certidão os bens que
guarnecem a residência ou o estabeleci‑
mento do executado, quando este for pes‑
soa jurídica.

396 Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem


os bens, ainda que sob a posse, a deten‑
ção ou a guarda de terceiros. A penhora
de imóveis, independentemente de onde
se localizem, quando apresentada certidão
da respectiva matrícula, e a penhora de ve‑

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ículos automotores, quando apresentada
certidão que ateste a sua existência, serão
realizadas por termo nos autos.

397 A avaliação será feita pelo oficial de justiça.


Se forem necessários conhecimentos es‑
pecializados e o valor da execução o com‑
portar, o juiz nomeará avaliador, fixando‑
-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para
entrega do laudo.

398 É lícito ao exequente, oferecendo preço


não inferior ao da avaliação, requerer que
lhe sejam adjudicados os bens penhorados.
Requerida a adjudicação, o executado será
intimado do pedido:
- Pelo Diário da Justiça, na pessoa de
seu advogado constituído nos autos;
- Por carta com aviso de recebimento,
quando representado pela Defensoria
Pública ou quando não tiver procurador
constituído nos autos;
- Por meio eletrônico, quando, sendo o
caso do § 1o do art. 246, não tiver pro‑
curador constituído nos autos.

399 A alienação far-se-á:

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- Por iniciativa particular;
- Em leilão judicial eletrônico ou
presencial.
Não efetivada a adjudicação, o exequente
poderá requerer a alienação por sua pró‑
pria iniciativa ou por intermédio de corre‑
tor ou leiloeiro público credenciado peran‑
te o órgão judiciário.

400 A satisfação do crédito exequendo far-se-á:


- Pela entrega do dinheiro;
- Pela adjudicação dos bens penhorados.

401 Na execução fundada em título extrajudi‑


cial, a Fazenda Pública será citada para opor
embargos em 30 (trinta) dias.
Não opostos embargos ou transitada em
julgado a decisão que os rejeitar, expedir‑
-se-á precatório ou requisição de pequeno
valor em favor do exequente, observando‑
-se o disposto no art. 100 da Constitui‑
ção Federal.

402 Na execução fundada em título executi‑


vo extrajudicial que contenha obrigação
alimentar, o juiz mandará citar o executa‑
do para, em 3 (três) dias, efetuar o paga‑

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mento das parcelas anteriores ao início da
execução e das que se vencerem no seu
curso, provar que o fez ou justificar a im‑
possibilidade de fazê-lo. Aplicam-se, no
que couber, os §§ 2o a 7o do art. 528 do
NCPC. Quando o executado for funcioná‑
rio público, militar, diretor ou gerente de
empresa, bem como empregado sujeito à
legislação do trabalho, o exequente pode‑
rá requerer o desconto em folha de paga‑
mento de pessoal da importância da pres‑
tação alimentícia.

403 O executado, independentemente de pe-


nhora, depósito ou caução, poderá se opor
à execução por meio de embargos. Os em‑
bargos à execução serão distribuídos por
dependência, autuados em apartado e ins‑
truídos com cópias das peças processu‑
ais relevantes, que poderão ser declaradas
autênticas pelo próprio advogado, sob sua
responsabilidade pessoal.

404 No prazo para embargos, reconhecendo


o crédito do exequente e comprovando o
depósito de trinta por cento do valor em
execução, acrescido de custas e de ho‑
norários de advogado, o executado pode‑
rá requerer que lhe seja permitido pagar o

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restante em até 6 (seis) parcelas mensais,
acrescidas de correção monetária e de ju‑
ros de um por cento ao mês.

405 Nos embargos à execução, o executado


poderá alegar:
ANOTE!
- Inexequibilidade do título ou inexigibi‑
lidade da obrigação;
- Penhora incorreta ou avaliação errônea;
- Excesso de execução ou cumulação
indevida de execuções;
- Retenção por benfeitorias necessárias
ou úteis, nos casos de execução para
entrega de coisa certa;
- Incompetência absoluta ou relativa do
juízo da execução;
- Qualquer matéria que lhe seria lícito
deduzir como defesa em processo de
conhecimento.
A incorreção da penhora ou da avaliação
poderá ser impugnada por simples petição,
no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ci‑
ência do ato.

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CAPÍTULO 07

DIREITO DO
TRABALHO
RAFAEL TONASSI

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406 A convenção e o acordo coletivo são pac‑


tos que buscam melhores condições de tra‑
balho para um determinado grupo de tra‑
balhadores. A convenção, subscrita pelos
sindicatos dos empregados e dos empre‑
gadores, abrange toda a categoria profis‑
sional de uma base territorial. Já o acor‑
do coletivo é mais restrito, sendo realizado
entre o sindicato dos empregados e uma
ou mais empresas, atingindo tão somente
as empresas que o subscreveram. Ambos
vigoram pelo prazo máximo de dois anos.

407 Gozam de estabilidade provisória a empre‑


gada gestante e o empregado que sofreu
acidente de trabalho, mesmo em contrato
por tempo determinado.

408 O servidor público estatutário difere-se do


empregado público, tendo em vista que
este último é contratado pela Administra‑
ção Pública (e regido pela CLT), enquanto
o primeiro possui regime jurídico próprio,
variando conforme o estatuto do ente da
federação que o emprega.

409 A responsabilidade, em relação às obriga‑


ções trabalhistas, entre as empresas que
compõem um grupo econômico, é soli‑

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dária, podendo o empregado exigir o pa‑
gamento integral do que lhe é devido de
qualquer componente do grupo

410 Os contratos por prazo determinado po‑


dem ser prorrogados uma única vez, e des‑
de que o tempo cumprido somado à pror‑
rogação não ultrapasse o limite de dois
anos (ou de 90 dias, no caso do contra‑
to de experiência). Ressalta-se, também,
que, entre dois contratos por prazo deter‑
minado, é necessário respeitar o intervalo
de seis meses, sob pena de passar a vigo‑
rar por tempo indeterminado, arts. 451 e
452 da CLT.

411 Se um contrato por prazo determinado


for extinto antes do prazo estipulado pe‑
las partes, o empregador que promoveu
a ruptura terá que indenizar o empregado
com o valor equivalente à metade dos dias
restantes para o término do contrato. O
mesmo se aplica para o empregado caso o
empregador tenha prejuízo com a ruptura,
arts 479 ne 480 da CLT.

412 Enquanto o contrato de trabalho estiver


interrompido, não ocorrerá prestação de
serviços, sendo mantidas todas as demais

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cláusulas contratuais, preservando-se, as‑
sim, a obrigatoriedade do pagamento de
salários pelo empregador e computando‑
-se, para todos os efeitos, o tempo de ser‑
viço. Exemplos: descansos semanais remu‑
nerados e em feriados; o afastamento do
empregado por motivo de doença ou aci‑
dente de trabalho, por prazo não superior
a 15 dias, dentre outros.

413 Havendo alteração do regulamento inter‑


no da empresa, somente os trabalhadores
admitidos após a revogação ou alteração
do regulamento da empresa serão atin‑
gidos pelas cláusulas regulamentares que
revoguem ou alterem vantagens deferidas
anteriormente, Súmula 51 do TST.

414 O TST entende que a saúde do emprega‑


do deve prevalecer sobre o prejuízo finan‑
ceiro. Assim, é permitido, por exemplo, a
transferência do empregado do período
noturno para o período diurno, com a res‑
pectiva perda do adicional, Súmula 265 TST.
É também lícito ao empregador reverter
o empregado ao cargo efetivo, retirando
a função de confiança e suprimindo-lhe a
gratificação, salvo exercício por mais de 10
anos, art. 468, p.u., CLT e Súm. 372, TST.

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415 Há profissões com jornadas diferenciadas,


como os advogados, sendo de 4 horas di‑
árias e 20 semanais quando não exclusivos
com hora extra de 100% sobre o valor da
hora normal e o horário noturno das 20h às
5h, com adicional de 25%, e os bancários,
cuja jornada corresponde a 6 horas diárias
e 30 semanais, desde que não exerça car‑
go de chefia, gerência, fiscalização ou di‑
reção, art. 224.

416 No turno ininterrupto de revezamento,


grupos de trabalhadores se alternam, de
maneira escalonada, para o cumprimento
de horários que façam com que a empre‑
sa esteja sempre em funcionamento. Mas
não é correto afirmar que, se uma empresa
funciona 24 horas, seus empregados tra‑
balham obrigatoriamente dessa maneira,
pois se o empregado possuir horário fixo
de trabalho, não alternando turno diário e
noturno, não estaremos diante dessa mo‑
dalidade de jornada.

417 As horas extras prestadas com habitualida‑


de INTEGRAM o salário, mas não haverá
incorporação das verbas ao salário. Assim,
cessada a realização de trabalho extraor‑
dinário, não haverá mais a percepção do

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adicional, mas o empregado fará jus a uma
indenização em razão da supressão das ho‑
ras extras e adicionais habituais como pre‑
vê a Súmula 291 do TST.

418 Os intervalos intrajornada que forem con‑


cedidos pelo empregador aos seus empre‑
gados, espontaneamente durante a jornada
diária de trabalho, devem ser remunerados,
súmula 118 do TST.

419 Para os empregados que trabalham com


jornada inferior a quatro horas, não terá
direito a intervalo para repouso e alimen‑
tação. Sendo a jornada de quatro até seis
horas, terá direito a 15 minutos. E sendo a
jornada acima de seis horas, o intervalo mí‑
nimo é de uma e o máximo de duas horas,
art. 71 da CLT.

420 O intervalo interjornada é aquele que ocor‑


re entre uma jornada e outra de trabalho,
sendo de no mínimo onze horas consecu‑
tivas, devendo-se computar também o re‑
pouso semanal remunerado de 24 horas
como dispõe o art. 66 da CLT e a Súmula
110 do TST.

DIREITO DO TRABALHO
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421 A dispensa sem justa causa, arbitrária ou


imotivada, dará ao empregado o direito a
receber todas as verbas rescisórias, tais
como saldo de salário, aviso prévio, déci‑
mo terceiro proporcional, férias proporcio‑
nais acrescidas de um terço, liberação do
FGTS com acréscimo de 40% e percepção
do seguro-desemprego, se preenchidos os
requisitos.

422 O empregado que cometer uma falta gra‑


ve poderá ser dispensado com justa cau‑
sa, não tendo direito ao recebimento de
nenhuma verba indenizatória, mas tão so‑
mente o saldo de salário e eventuais horas
extras que tenha laborado naquele mês,
além das verbas vencidas (férias e décimo
terceiro), que deverão ser pagas na oca‑
sião da dispensa.

423 Abandono de emprego é a ausência injus‑


tificada por mais de 30 dias ao serviço (art.
482, “i” da CLT e Súmula 32 do TST). Tem
como elemento essencial o animus aban-
donandi, sendo necessária a comprovação
de que o empregador estava aguardando
o empregado e este se recusou a compa‑
recer para trabalhar.

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424 A rescisão indireta ocorre quando o empre‑


gado entender como impossível a manu‑
tenção do contrato de trabalho por força
de falta grave cometida pelo empregador
(art. 483 da CLT). Nesse caso, o emprega‑
do terá direito à percepção de todas as ver‑
bas rescisórias a que teria direito em caso
de uma dispensa sem justa causa.

425 Se empregado e empregador cometem


ambos faltas graves, dá-se a extinção do
contrato por culpa recíproca. O emprega‑
do terá, então, direito a apenas 50% do va‑
lor do aviso prévio, do décimo terceiro sa‑
lário e das férias proporcionais (Súmula 14
do TST), sendo reduzida à metade a indeni‑
zação (art. 484 da CLT), além de multa do
FGTS no valor de 20%, calculada sobre os
depósitos realizados no período contratu‑
al (art.18, §2o da Lei 8.036/1990).

426 Se no contrato por prazo indeterminado o


empregado pedir demissão, fará jus ape‑
nas a saldo de salário, férias proporcionais
acrescidas de um terço e décimo terceiro
proporcional, não tendo direito à liberação
do FGTS, ao acréscimo de 40%, nem à li‑
beração das guias de seguro desemprego.

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427 Se por motivo de força maior a empresa


for extinta, o empregado receberá as ver‑
bas rescisórias a que teria direito em caso
de dispensa sem justa causa, porém redu‑
zidas pela metade (art. 502, II da CLT).

428 No caso de paralisação definitiva ou tem‑


porária da empresa por ato federal, estadu‑
al ou municipal, ou por promulgação de lei
(factum principis), o empregado fará jus à
indenização paga pela autoridade respon‑
sável pelo ato (art. 486 da CLT).

429 O adicional de periculosidade será de 30%


sobre o salário-base, sendo devido a em‑
pregados que trabalham diretamente com
explosivos, inflamáveis ou eletricidade (art.
193 da CLT), e a exposição intermitente não
afasta o direito à sua percepção. Todavia,
cessado o perigo, perde-se o direito a este
recebimento (Súmula 364 do TST).

430 O adicional de insalubridade é devido ao


trabalhador que estiver exposto, enquan‑
to presta seus serviços, a situações noci‑
vas à sua saúde causadas por agentes físi‑
cos, químicos ou biológicos (arts. 189 e 192
da CLT). Ele integra o salário para todos os
efeitos (Súm. 139, TST), e sua base de cál‑

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culo, em razão da suspensão da Súm. 228
do TST, continua sendo o salário mínimo.

431 Se for requerido adicional de insalubrida‑


de, mas na perícia contatar-se presença de
agentes perigosos e não insalubres, o juiz
não poderá conceder adicional de pericu‑
losidade, configuraria julgamento extra pe-
tita. Entretanto, poderá ser deferido adi‑
cional de insalubridade por agente nocivo
diverso do apontado pelo empregado (Sú‑
mula 293 do TST).

432 A substituição não eventual gera ao substi‑


tuto o direito de perceber o mesmo salário
do substituído enquanto perdurar a substi‑
tuição ( Súm. 159 TST ). Se a substituição,
entretanto, ocorrer em caráter definitivo,
o substituto não tem direito a salário igual
ao do antecessor.

433 Salário complessivo é o pagamento efe‑


tuado sobre uma única rubrica no contra‑
cheque, não havendo discriminação em
relação às verbas, impedindo que o em‑
pregado verifique com exatidão o que lhe
está sendo pago (quantidade e valores de
cada parcela). Ele é vedado pelo nosso or‑

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denamento jurídico (art. 477, §2º da CLT e
Súmula 91 do TST).

434 Em uma empresa laborarem membros da


mesma família, estes poderão optar por
usufruir das férias em períodos idênticos,
desde que não haja prejuízo ao serviço pres‑
tado (art. 136, §1º da CLT).

435 Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem


justa causa da empregada gestante, desde
a confirmação da gravidez até cinco meses
após o parto (art. 10, II ‘b’ do ADCT). O TST
entende que a confirmação se dá a partir
da concepção, de forma que o desconhe‑
cimento do estado gravídico pelo empre‑
gador não afasta o direito ao pagamento
da indenização decorrente da estabilidade
(Súmula 244, I do TST).

436 É vedada a dispensa ou transferência do


empregado sindicalizado a partir do re‑
gistro da candidatura a cargo de direção
ou representação sindical e, se eleito, ain‑
da que suplente, até um ano após o fim do
mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei (art. 8º, VIII da CRFB/88 e
art. 543, §3o da CLT).

DIREITO DO TRABALHO
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437 O número máximo de dirigentes sindicais


portadores de garantia de emprego, entre‑
tanto, limita-se a 7 titulares e 7 suplentes
(Súmula 369, II do TST e art. 522 da CLT).

438 O registro da candidatura do empregado a


cargo de dirigente sindical durante o perí‑
odo de aviso prévio, ainda que indenizado,
não lhe assegura estabilidade (Súmula 369,
V do TST). É importante ressaltar, por fim,
que o membro do conselho fiscal e o de‑
legado sindical não possuem nenhum tipo
de garantia de emprego (OJs 365 e 369
da SDI-1, TST).

439 A pactuação em norma coletiva conferin‑


do caráter indenizatório à verba “auxílio-a‑
limentação” ou a adesão posterior do em‑
pregador ao Programa de Alimentação do
Trabalhador — PAT — não altera a natureza
salarial da parcela, instituída anteriormen‑
te, para aqueles empregados que, habitu‑
almente, já percebiam o benefício, a teor
das Súmulas nºs 51, I, e 241 do TST. ( OJ 413
SDI-1, TST )

440 As organizações ou organismos interna‑


cionais gozam de imunidade absoluta de
jurisdição quando amparados por norma

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internacional incorporada ao ordenamen‑
to jurídico brasileiro, não se lhes aplicando
a regra do Direito Consuetudinário relati‑
va à natureza dos atos praticados. Excep‑
cionalmente, prevalecerá a jurisdição bra‑
sileira na hipótese de renúncia expressa à
cláusula de imunidade jurisdicional

441 Gozam de estabilidade provisória a empre‑


gada gestante e o empregado que sofreu
acidente de trabalho, mesmo em contrato
por tempo determinado.

442 Considera-se em sobreaviso o emprega‑


do que, à distancia e submetido a controle
patronal por instrumentos telemáticos ou
informatizados, permanecer em regime de
plantão ou equivalente, aguardando a qual‑
quer momento o chamado para o serviço
durante o período de descanso.

443 Presume-se discriminatória a despedida de


empregado portador do vírus HIV ou de
outra doença grave que suscite estigma ou
preconceito. Inválido o ato, o empregado
tem direito à reintegração no emprego.

444 É vedada a dispensa arbitrária ou sem jus‑


ta causa do empregado eleito para o car‑

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go de direção das comissões internas de
prevenção de acidente, desde o registro
de sua candidatura até um ano após o fim
do seu mandato (art. 10, II, “a” do ADCT).
Ressalta-se que apenas o representante
dos empregados é eleito (Vice-Presidente
da CIPA); o representante do empregador
(Presidente) é simplesmente indicado, não
gozando de qualquer estabilidade (art. 164,
§ 5º da CLT).

445 O empregado tem dois anos a contar da


extinção de seu contrato de trabalho para
ingressar em juízo (prescrição extintiva),
podendo pleitear débitos relativos aos cin‑
co anos que antecederam o ajuizamento da
ação (prescrição parcial), conforme art. 7º,
XXIX da CRFB/88 e art. 11 da CLT. Contra
o menor de 18 anos, entretanto, não corre
prescrição (art. 440 da CLT). Por fim, quan‑
to ao FGTS, podem ser exigidos os últimos
30 anos de depósito (Súmula 362 do TST).

446 O aviso prévio será concedido na propor‑


ção de 30 dias aos empregados que con‑
tem até 1 ano de serviço na mesma em‑
presa. Ao aviso prévio previsto neste artigo
serão acrescidos 3 dias por ano de serviço
prestado na mesma empresa, até o máxi‑

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mo de 60 dias, perfazendo um total de até
90 dias (Lei 12.506, de 2012).

447 Assegura-se o direito à manutenção de pla‑


no de saúde ou de assistência médica ofe‑
recido pela empresa ao empregado, não
obstante suspenso o contrato de trabalho
em virtude de auxílio-doença acidentário
ou de aposentadoria por invalidez.

448 Fonte formal autônoma é aquela elabora‑


da pelos próprios destinatários da norma,
sem interferência de terceiros (convenção
e acordo coletivo e regulamento de em‑
presa). A heterônoma, por sua vez, é im‑
posta pelo Estado (Constituição, Leis em
sentido amplo, atos do Poder Executivo e
sentenças normativas).

449 Relação de trabalho é o gênero, cujas es‑


pécies englobam a relação de emprego, a
relação autônoma de trabalho, a relação de
trabalho eventual, de trabalho avulso e de
trabalho temporário. Para estar configura‑
do o vínculo empregatício, a prestação de
serviços deve ser realizada com subordina-
ção (dependência jurídica), habitualidade
(periodicidade, com datas pré-determina‑
das pelo empregador, não importando se

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é diária ou não), pessoalidade (intuito per-
sonae) e onerosidade – art. 3º da CLT.

450 A entidade religiosa, filantrópica ou assis‑


tencialista se equipara a empregador para
todos os efeitos, pois estando presentes
os requisitos da relação de emprego (su‑
bordinação, habitualidade, pessoalidade
e onerosidade), prevalecerá a primazia da
realidade, e o vínculo de emprego estará
configurado, tendo o empregado que ali
presta serviços direito a todas as garantias
trabalhistas asseguradas a demais traba‑
lhadores em iguais condições.

451 A estabilidade da doméstica gestante ad‑


veio de norma desde a confirmação da gra‑
videz (concepção) até cinco meses após o
parto. Se despedida sem justo motivo du‑
rante esse período, deve ser reintegrada.
Expirado o período de estabilitário, só fará
jus à indenização substitutiva referente a
este ( súmula 244 do TST )

452 O aprendiz tem direito ao FGTS de 2% so‑


bre a remuneração e sua jornada é limita‑
da a seis horas diárias (salvo se concluído
o ensino fundamental e contabilizadas as
horas destinadas à aprendizagem teórica,

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quando o limite será de oito horas), sendo
vedadas a prorrogação e a compensação
de jornada. O contrato de aprendizagem
tem prazo máximo de dois anos, e poderá
ser celebrado dos 14 aos 24 anos. Todavia,
se o aprendiz for portador de necessidades
especiais, não se aplica este limite, nem a
idade máxima de 24 anos.

453 O trabalhador rural não tem direito à hora


noturna reduzida para 52m50s aplicada
aos urbanos, todavia seu adicional notur‑
no será de 25% sobre a remuneração nor‑
mal, enquanto o urbano faz jus somente a
20%. Além disso, enquanto o urbano pos‑
sui horário noturno entre 22h de um dia e
5h do seguinte, no trabalho executado na
LAVOURA este horário configura-se entre
21h de um dia e 5h do dia seguinte, e na
PECUÁRIA de 20h de um dia às 4h do dia
seguinte (art. 7º da Lei 5.889/73).

454 -Tanto a mãe biológica, quanto à adotante


ou que obtiver guarda judicial para fins de
adoção, gozam de licença maternidade de
120 dias (arts. 392 e 392-A da CLT). E em
caso de interrupção involuntária da gesta‑
ção, comprovada por atestado médico, a

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mulher poderá gozar de um repouso remu‑
nerado de duas semanas (art. 395 da CLT).

455 Se não houver consenso nas negociações


coletivas entre os sindicatos, pode ser ajui‑
zado dissídio coletivo no TRT ou no TST (nos
casos em que a demanda extrapolar os li‑
mites territoriais de um TRT), que vai re‑
sultar em uma sentença normativa crian‑
do normas gerais de aplicação à categoria
correspondente.

456 O princípio da continuidade da relação de


emprego estabelece a presunção de que
todo contrato de trabalho é realizado por
prazo indeterminado. Assim sendo, caso
haja a ruptura do pacto laboral, será ônus
do empregador a prova do despedimento,
conforme dispõe a Súmula 212 do TST.

457 Sendo a greve um direito da classe traba‑


lhadora, é vedada pelo ordenamento jurí‑
dico pátrio (art. 17 da Lei 7.783/1989) a pa‑
ralisação das atividades como instrumento
de pressão por iniciativa do empregador,
o que configura a prática chamada de “lo-
ckout”. Os trabalhadores terão, então, o di‑
reito à percepção dos salários durante este
período de paralisação.

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458 Salário complessivo é o pagamento efe‑


tuado sobre uma única rubrica no contra‑
cheque, não havendo discriminação em
relação às verbas, impedindo que o em‑
pregado verifique com exatidão o que lhe
está sendo pago (quantidade e valores de
cada parcela). Ele é vedado pelo nosso or‑
denamento jurídico (art. 477, §2º da CLT e
Súmula 91 do TST).

459 A chamada prática do “truck system”, ou


seja, o pagamento em vale bônus de acei‑
tação restrita no mercado, é vedada, pois
limita a autonomia do empregado em es‑
colher como melhor gastar seu salário (art.
462, §§2º, 3º e 4º da CLT). Não pode o em‑
pregador, portanto, induzir ou obrigar o
empregado a utilizar mercadorias vendidas
por ele ou por terceiros, salvo se não houver
acesso a outro local e desde que os preços
sejam acessíveis e sem fins lucrativos.

460 As faltas injustificadas do empregado ao


serviço, dentro de um mesmo período aqui‑
sitivo, geram como consequência legal a
redução de seus dias de férias. Até 5 fal‑
tas injustificadas, não haverá qualquer des‑
conto, mas a partir da 5ª falta, para cada

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grupo de 9 dias de falta, perdem-se 6 dias
de férias.

461 Se houver concessão de férias fora do pra‑


zo (doze meses que se seguem ao período
aquisitivo), estas deverão ser pagas em do‑
bro pelo empregador (art. 137 da CLT), in‑
cluído o terço constitucional. Isso não signi‑
fica que o empregado terá 60 dias de férias,
pois a sanção limita-se ao pagamento em
dobro da respectiva remuneração. Caso
apenas parte das férias não for usufruída
no prazo, o pagamento em dobro restrin‑
ge-se a este período (Súmula 81 do TST).

462 É vedada a dispensa ou transferência do


empregado sindicalizado a partir do re‑
gistro da candidatura a cargo de direção
ou representação sindical e, se eleito, ain‑
da que suplente, até um ano após o fim do
mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei (art. 8º, VIII da CRFB/88 e
art. 543, §3o da CLT).

463 O número máximo de dirigentes portado‑


res de garantia de emprego, entretanto, li‑
mita-se a 7 titulares e 7 suplentes (Súmula
369, II do TST e art. 522 da CLT).

DIREITO DO TRABALHO
Mais de1000 DICAS

464 O registro da candidatura do empregado a


cargo de dirigente sindical durante o perí‑
odo de aviso prévio, ainda que indenizado,
não lhe assegura estabilidade (Súmula 369,
V do TST). É importante ressaltar, por fim,
que o membro do conselho fiscal e o de‑
legado sindical não possuem nenhum tipo
de garantia de emprego (OJs 365 e 369
da SDI-1, TST).

465 Importante ressaltar que os empregados


que gozam de estabilidade provisória (ga‑
rantia de emprego) apenas terão direito à
reintegração enquanto durar a condição
que lhes confere essa estabilidade. Pas‑
sado esse período, terão direito apenas
aos salários e demais vantagens (Súmula
396 do TST).

466 O art. 468 da CLT somente permite a al‑


teração das cláusulas e condições fixadas
no contrato do trabalho em caso de mú‑
tuo consentimento (concordância do em‑
pregado), e desde que não cause, direta ou
indiretamente, prejuízo a esse, sob pena
de nulidade da cláusula infringente dessa
garantia.

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467 Podemos definir o trabalhador avulso como


aquele que presta serviços urbanos ou ru‑
rais, sem vínculo empregatício a diversos
to­madores, com intermediação do OGMO
(Órgão Gestor de Mão de Obra) ou do sin‑
dicato, sendo sindicalizado ou não.

468 É assegurado ao estagiário, sempre que o


estágio tenha duração igual ou superior a 1
(um) ano, período de recesso de 30 (trinta)
dias, a ser gozado preferencialmente du‑
rante suas férias escolares.

469 A Lei 9.608/1998, em seu art. 1.°, regula‑


menta o exercício do tra­balho voluntário,
excluindo de forma expressa a existência
de vínculo empregatício nesta hipótese

470 A contratação de pessoal para prestação


de serviços nas campanhas eleitorais não
gera vínculo empregatício com o candida‑
to ou partido contratantes.

471 É nulo o contrato de trabalho celebrado


para o desempenho de atividade inerente
à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude
de seu objeto, o que subtrai o requisito de
validade para a formação do ato jurídico.

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472 Serão nulos de pleno direito os atos pra‑


ticados com o objetivo de desvirtuar, im‑
pedir ou fraudar a aplicação dos preceitos
contidos na presente Consolidação.

473 Na falta de estipulação do salário ou não


havendo prova sobre a importância ajus‑
tada, o empregado terá direito a perce‑
ber salário igual ao daquela que, na mesma
empresa, fizer serviço equivalente ou do
que for habitualmente pago para serviço
semelhante.

474 Preenchidos os requisitos do art. 3° da CLT,


é legítimo o reconhecimento de relação de
emprego entre policial militar e empresa
privada, independentemente do eventual
cabimento de penalidade disciplinar pre‑
vista no Estatuto do Policial Militar

475 O Art. 93 da Lei 8.213/91 determina que


as empresas com mais de 100 Emprega‑
dos estarão obrigadas a destinar de 02%
a 05% das vagas existentes em seus qua‑
dros funcionais para pessoas portadoras
de deficiência.

476 O prazo máximo de validade do contrato


de experiência é de 90 dias (CLT, art. 445,

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parágrafo único), admitindo-se, dentro do
prazo máximo de validade, uma única pror‑
rogação (art. 451 consolidado).

477 Terceirizar significa transferir parte das ati‑


vidades de uma empresa para outra em‑
presa. A priori, são transferidas atividades
não relacionadas com a atividade principal
(atividades-fim) da empregadora para uma
outra empresa, especializada em atividades
periféricas (atividades-meio).

478 O art. 2.º da CLTestabelece o conceito de


empregador. Considera-se empregador
toda pessoa física ou jurídica, que, assu‑
mindo os riscos da atividade econômica,
admite, assalaria e dirige a prestação pes‑
soal de serviço

479 O art. 3.º, parágrafo único, da CLT e o art.


7.º, XXXII, da CF/1988 determinam que não
poderá haver distinção entre o trabalho ma‑
nual, técnico e intelectual exercidos pelos
laborantes;

480 Considera-se empregado rural, nos termos


do art. 2.º da Lei 5.889/1973, toda pessoa
física que, em propriedade rural ou prédio
rústico (aquele situado geograficamen‑

DIREITO DO TRABALHO
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te em zona urbana, mas destinado à ati‑
vidades da agricultura e pecuária), presta
serviços de natureza não eventual a em‑
pregador rural, sob dependência deste e
mediante salário;

481 Considera-se empregador rural, nos ter‑


mos do art. 3.º da Lei 5.889/1973, a pessoa
física ou jurídica, proprietária ou não, que
explore atividade agroeconômica (ligada à
agricultura ou pecuária), em caráter per‑
manente ou temporário, diretamente ou
por meio de prepostos e com auxílio de
empregados;

482 A prescrição dos créditos trabalhistas dos


trabalhadores urbanos e rurais é de 5 anos
na vigência do contrato de trabalho, limi‑
tada a 2 anos após a extinção do contrato
de trabalho (CF/1988, art. 7.º, XXIX);

483 O trabalhador safrista é trabalhador ru‑


ral que labora por prazo determinan‑
do, cuja duração do contrato depende
de variações estacionais das atividades
agrárias (Lei 5.889/1973, art. 14; Dec.
73.626/1974, art. 19);

DIREITO DO TRABALHO
Mais de1000 DICAS

484 Considera-se empregado doméstico, nos


termos do art. 1.º da Lei Complementar
15/150, a pessoa física que presta serviços
de natureza contínua e de finalidade não
lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito
residencial destas;

485 Grupo econômico por subordinação – art.


2.º, § 2.º, da CLT – “Sempre que uma ou
mais empresas, tendo, embora, cada uma
delas, personalidade jurídica própria, es‑
tiverem sob a direção, controle ou admi‑
nistração de outra, constituindo grupo in‑
dustrial, comercial ou de qualquer outra
atividade econômica, serão, para os efei‑
tos da relação de emprego, solidariamen‑
te responsáveis a empresa principal e cada
uma das subordinadas”;

DIREITO DO TRABALHO
1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 08

DIREITO
PROCESSUAL
DO TRABALHO
ARYANNA LINHARES

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Mais de1000 DICAS

486 Compete à Justiça do Trabalho a execução,


de ofício, das contribuições sociais previs‑
tas no art. 195, I, “a “, e II, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que pro‑
ferir. Atenção, dentre as contribuições pre‑
vistas no art. 195, I, “a” da CLT, está a con‑
tribuição referente ao Seguro de Acidente
do Trabalho (SAT), pois se destina ao finan‑
ciamento de benefícios relativos à incapa‑
cidade do empregado decorrente de infor‑
túnio no trabalho. Logo, compete a Justiça
do Trabalho executar de ofício a contribui‑
ção denominada SAT (súmula 454, TST).

487 O STF, na ADI 3395, concedeu liminar com


efeito ex tunc suspendendo ad referendum
toda a qualquer interpretação data ao inci‑
so I, do art. 114 da CF, que inclua na compe‑
tência da Justiça do Trabalho as causas que
sejam instauradas entre o poder público e
seus servidores, a ele vinculados por típi‑
ca relação de ordem estatutária ou jurídi‑
co-administrativo. Assim, compete à Justi‑
ça do Trabalho processar e julgar as ações
oriundas das relações de trabalho, abran‑
gidos os entes de direito público externo e
os servidores celetistas da administração
direta e indireta da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Mais de1000 DICAS

488 Compete à Justiça do Trabalho julgar as


ações que envolvam exercício do direito
de greve, inclusive as ações possessórias
ajuizadas em decorrência do exercício do
direito de greve da iniciativa privada (art.
114, II, CF e súmula vinculante nº 23).

489 Compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar as ações relativas às penalidades ad-
ministrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização das relações
de trabalho (art. art. 114, VII).

490 A Justiça do Trabalho também é compe‑


tente para julgar as ações em que se postu‑
le indenização substitutiva pelo não forne‑
cimento das guias do seguro-desemprego
(súmula 389, TST) e ações de empregados
contra empregadores, relativas ao cadas‑
tramento no programa de integração so‑
cial – PIS (súmula 300, TST).

491 A Justiça do Trabalho não possui compe-


tência para processar e julgar ações penais.
O STF, na ADI 3684-0 – DJU 03.08.2007
– deferiu a medida cautelar, com eficácia
ex tunc, para dar a interpretação conforme
a Constituição, decidindo que o disposto
no art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acresci‑

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Mais de1000 DICAS
dos pela EC 45/2004, não atribui à Justiça
do Trabalho competência para processar e
julgar ações penais.

492 Nos termos da súmula vinculante nº 25:


“É ilícita a prisão civil de depositário infiel
qualquer que seja a modalidade de depósi‑
to.” Entretanto, caso o juiz determine a sua
prisão, o habeas corpus para o TRT e a re‑
clamação constitucional para o STF serão
as medidas processuais cabíveis para ata‑
car tal decisão.

493 São órgãos da Justiça do Trabalho os Juí‑


zes do Trabalho, os Tribunais Regionais do
Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho
(art. 111, CF).

494 Segundo o art. 791 da CLT, empregado e


empregador podem demandar na Justiça
do Trabalho sem advogado. A súmula 425
do TST, entretanto, estabelece que o exer‑
cício do ius postulandi limita-se às Varas
do Trabalho e aos Tribunais Regionais do
Trabalho, não alcançando a ação rescisó‑
ria, o mandado de segurança e os recur‑
sos de competência do Tribunal Superior
do Trabalho.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Mais de1000 DICAS

495 Nos termos do art. 104 do CPC, é dever


da parte que contrata advogado juntar a
procuração, entretanto, mesmo sem a sua
juntada, a representação estará regulariza‑
da quando, em audiência, mediante pedido
verbal, o advogado requerer que conste em
ata que ele está sendo constituído como
patrono, devendo o juiz tomar a concor‑
dância da parte representada, como deter‑
mina o § 3º, do art. 791 da CLT, acrescen‑
tado pela Lei.

496 A juntada dos atos constitutivos da socie‑


dade, não é condição de validade do ins‑
trumento de mandato firmado em nome
de pessoa jurídica, salvo de houver impug‑
nação da parte contrária (OJ 255, SDI-1,
TST). Entretanto, deverá conter, pelo me‑
nos, o nome do outorgante e do signatá‑
rio da procuração, pois estes dados consti‑
tuem elementos que os individualizam. Sua
ausência implicará na invalidade do instru‑
mento (súmula 456, I, TST).

497 O procedimento sumaríssimo aplica-se aos


dissídios individuais, cujo valor não exceda
a quarenta vezes o salário mínimo vigente
na data do ajuizamento da reclamação (art.
852-A, CLT). Neste procedimento não há

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Mais de1000 DICAS
citação por edital. Estão excluídas do pro‑
cedimento sumaríssimo as demandas em
que é parte a Administração Pública direta,
autárquica e fundacional (art. 852-A, par.
único, CLT).

498 No procedimento sumaríssimo o número


máximo de testemunhas é de 2 para cada
parte, que comparecerão à audiência inde‑
pendentemente de intimação ou notifica‑
ção (art. 852-H, § 2º, CLT). Só será deferida
intimação de testemunha que, comprova‑
damente convidada, deixar de comparecer.
Não comparecendo a testemunha intima‑
da, o juiz poderá determinar sua imediata
condução coercitiva (art. 852-H, § 3º, CLT);

499 Pessoa jurídica de direito público sujeita‑


-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT
(OJ 152, SDI-1, TST);

500 Submete-se à multa do artigo 477 da CLT a


pessoa jurídica de direito público que não
observa o prazo para pagamento das ver‑
bas rescisórias, pois nivela-se a qualquer
particular, em direitos e obrigações, des‑
pojando-se do “jus imperii” ao celebrar um
contrato de emprego (OJ 238, SDI-1, TST);

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Mais de1000 DICAS

501 É em dobro o prazo para a interposição de


embargos declaratórios por pessoa jurídi-
ca de direito público (OJ 192, SDI-1, TST).

502 No procedimento sumaríssimo a prova pe‑


ricial será produzida quando decorrer de
imposição da lei ou for necessária para a
prova do fato (art. 852-H, § 4º, CLT). No
dia da audiência, o juiz nomeará o perito,
fixará o objeto da perícia e estabelecerá o
prazo para a entrega do laudo pericial. As
partes terão o prazo comum de 5 dias para
se manifestar quando ao laudo pericial (art.
852-H, § 6º, CLT).

503 Acerca da notificação e da audiência no


Processo do Trabalho, uma vez ajuizada a
Reclamatória trabalhista, ela será distribu‑
ída para uma das varas do trabalho, na qual
o servidor automaticamente, no prazo má‑
ximo de 48 horas, encaminhará uma noti‑
ficação para o reclamado comparecer em
audiência. A notificação é encaminhada ao
reclamado via postal com aviso de rece‑
bimento (art. 841, § 1º, CLT) e presume-se
recebida no prazo de 48 horas, sendo ônus
do destinatário comprovar o não recebi‑
mento neste prazo (súmula 16, TST).

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504 A defesa será apresentada em audiência no


Processo do Trabalho. Esta será a primei‑
ra desimpedida depois de 5 dias (art. 841,
CLT), ou seja, entre a data do recebimento
da notificação e a da data da audiência de‑
verá decorrer pelo menos 5 dias. Este é o
prazo para a elaboração da defesa.

505 Na audiência de julgamento deverão es‑


tar presentes o reclamante e o reclama‑
do, sendo facultado a este fazer-se repre‑
sentar sempre por um gerente ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento
do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.

506 O preposto não precisa ser empregado da


parte reclamada (art. 843, § 3º, CLT).

507 O empregado poderá fazer-se representar


em audiência se, por doença ou qualquer
outro motivo poderoso, devidamente com‑
provado, não puder comparecer pesso‑
almente. Poderá fazer-se representar por
outro empregado, que pertença à mesma
profissão, ou pelo seu sindicato (art. 843,
§ 2º, CLT).

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508 O não-comparecimento do reclamado im‑


porta revelia, além de confissão quanto à
matéria de fato (art. 844). Ainda que au‑
sente o reclamado, presente o advogado
na audiência, serão aceitos a contestação
e os documentos eventualmente apresen‑
tados (art. 844. § 5º, CLT).

509 Tendo em vista que a audiência no procedi‑


mento ordinário é contínua (art. 849, CLT)
e que, depois de prestados os depoimen‑
tos, as partes podem se retirar do recinto,
prosseguindo a sessão apenas com seus re‑
presentantes (art. 848, § 1º, CLT), quando
as partes não comparecem à audiência, em
que foi adiada a instrução, após contesta-
da a ação, não ocorrerá qualquer consequ-
ência. A súmula 9 do TST é nesse sentido e,
embora refira-se apenas ao reclamante, é
aplicável também ao reclamado.

510 Segundo a súmula 418, TST, constitui facul-


dade do juiz a homologação de acordo. É
incabível mandado de segurança contra o
ato do juiz que se recusa a homologá-lo.

511 A sentença homologatória de acordo é ir‑


recorrível para as partes, transitando em

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julgado na data de sua homologação (sú‑
mula 100,V, TST).

512 Ressalte-se que o acordo pode ser reali‑


zado em qualquer fase do processo. Dis‑
põem os arts. 764, § 3° e 832, § 6º da CLT
que “é lícito às partes celebrar acordo que
ponha termo ao processo, ainda mesmo
depois de encerrado o juízo conciliatório”.
Nos termos do art. 43, §, 5º, da Lei 8212/91
e da OJ 376, da SDI-1 é devida a contribui-
ção previdenciária sobre o valor do acordo
celebrado e homologado após o trânsito
em julgado da decisão judicial, respeita‑
da a proporcionalidade de valores entre as
parcelas de natureza salarial e indenizató‑
ria deferidas na sentença condenatória e
as parcelas objeto do acordo.

513 A compensação só pode ser arguida na


contestação e somente é possível quando
se tratar de dívida de natureza trabalhista
(art. 767, CLT e súmulas 18 e 48, TST).

514 Em regra, o juiz deve determinar a realiza‑


ção da perícia quando o reclamante pos‑
tular adicional de insalubridade ou de pe‑
riculosidade (art. 195, § 2º, CLT). Quando,
entretanto, o local de trabalho estiver de‑

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sativado, o juiz poderá utilizar outros meios
de prova para apreciar o pedido (OJ 278,
SDI-1, TST). Poderá, também, deferir adi‑
cional de insalubridade por agente diver‑
so do apontado na petição inicial (súmula
293, TST).

515 No procedimento ordinário, o número má‑


ximo de testemunhas é de 3 para cada par‑
te; no sumaríssimo é de 2 e no inquérito
judicial para apuração de falta grave é de 6
(art. 821 e 852-H, § 2º, CLT)

516 Não torna suspeita a testemunha o sim‑


ples fato de estar litigando ou de ter litiga‑
do contra o mesmo empregador (súmula
357, TST).

517 A responsabilidade pelo pagamento dos


honorários periciais é da parte sucum‑
bente na pretensão objeto da perícia, ain‑
da que beneficiária da justiça gratuita (art.
790-B, CLT).

518 A indicação do perito assistente é faculda‑


de da parte, a qual deve responder pelos
respectivos honorários, ainda que vence‑
dora no objeto da perícia (súmula 341, TST).

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519 O pagamento de adicional de periculosida‑


de efetuado por mera liberalidade da em‑
presa, ainda que de forma proporcional ao
tempo de exposição ao risco ou em per‑
centual inferior ao máximo legalmente pre‑
visto, dispensa a realização da prova técni‑
ca exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna
incontroversa a existência do trabalho em
condições perigosas (súmula 453, TST).

520 O juízo não poderá exigir adiantamento


de valores para realização de perícias (art.
790-B, § 3º, CLT).

521 A juntada de documentos na fase recursal


só se justifica quando provado o justo im‑
pedimento para sua oportuna apresenta‑
ção ou se referir a fato posterior à senten‑
ça (súmula 8, TST).

522 Aplica-se subsidiariamente ao Processo


do Trabalho, na fase de conhecimento, a
legislação processual comum (CPC, CDC,
etc.), quando, além da omissão da CLT, ve‑
rificar-se também a compatibilidade en‑
tre a norma a ser aplicada e os princípios
gerais do Processo do Trabalho. Apesar da
CLT não tratar de prazo para litisconsortes
com procuradores diferentes, não se aplica

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o art. 229 do CPC, segundo o qual o pra‑
zo para eles é em dobro, pois incompatível
com o princípio da celeridade inerente ao
Processo Trabalhista. Assim, litisconsortes
com procuradores diferentes não têm pra‑
zo em dobro no Processo do Trabalho (OJ
310, SDI-1, TST).

523 O recurso adesivo é compatível com o pro‑


cesso do trabalho e cabe, no prazo de 8
(oito) dias, nas hipóteses de interposição
de recurso ordinário, de agravo de petição,
de revista e de embargos, sendo desneces-
sário que a matéria nele veiculada esteja
relacionada com a do recurso interposto
pela parte contrária (súmula 283, TST).

524 O depósito recursal possui natureza de ga-


rantia do juízo, somente sendo realizado
pelo reclamado, empregador ou tomador
dos serviços. Será realizado na hipótese de
interposição dos seguintes recursos: recur‑
so ordinário, recurso de revista, embargos
ao TST, recurso extraordinário e recurso
ordinário em ação rescisória. O reclama‑
do depositará o valor da condenação ain‑
da não depositado até o limite do teto es‑
tabelecido pelo TST.

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525 Atenção! A Lei 11.275/2010 inseriu o pará‑


grafo 7º ao artigo 899 da CLT, passando a
instituir o depósito recursal também para o
agravo de instrumento. Tal depósito, assim
como os demais, tem natureza de garantia
do juízo, sendo realizado apenas pelo recla‑
mado empregador ou tomador dos servi‑
ços. Neste caso, o recorrente depositará o
valor da condenação ainda não depositado
até o limite de 50% do valor do depósito do
recurso que se pretende destrancar. Aten‑
ção!!! Quando o agravo de instrumento ti‑
ver a finalidade de destrancar recurso de
revista que se insurge contra decisão que
contraria a jurisprudência uniforme do Tri‑
bunal Superior do Trabalho, consubstancia‑
da nas suas súmulas ou em orientação ju‑
risprudencial, não haverá obrigatoriedade
de se efetuar o depósito recursal (art. 899,
§ 8º, CLT).

526 O depósito recursal deve ser realizado no


prazo alusivo ao recurso, sendo que a in‑
terposição antecipada deste, no terceiro
dia do prazo, por exemplo, não prejudica a
dilação legal, ou seja, não impede a realiza‑
ção e comprovação do depósito até o últi‑
mo dia do prazo (súmula 245, TST). Agora,
atenção! No agravo de instrumento é dife‑
rente, o depósito deve ser comprovado no

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ato da interposição do recurso, nos termos
do art. 899, § 7º da CLT.

527 Descabe a realização do depósito quando


não houver condenação em pecúnia (sú‑
mula 161, TST).

528 São isentos do depósito recursal os bene‑


ficiários da justiça gratuita, as entidades
filantrópicas e as empresas em recupera‑
ção judicial (art. 899, § 10º, CLT). A Fazen‑
da Pública (art. 1º, IV, do DL 779/69) e a
massa falida (súmula 86, TST) também são
isentas do depósito recursal. O valor do de‑
pósito recursal será reduzido pela metade
para entidades sem fins lucrativos, empre‑
gadores domésticos, microempreendedo‑
res individuais, microempresas e empresas
de pequeno porte (art. 899, § 9º, CLT).

529 Quando todo o valor da condenação já es‑


tiver depositado, nada mais poderá ser exi‑
gido (súmula 128, I, TST). Havendo conde-
nação solidária, o depósito efetuado por
uma das empresas poderá ser aproveitado
pelas demais, desde que a que efetuou o
depósito não esteja pedindo a sua exclu‑
são da lide (súmula 128, III, TST). Isso por‑
que, se dado provimento ao seu recurso,

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a empresa será excluída da lide e o valor
do depósito ser-lhe-á devolvido, tornando
inexistente a garantia do juízo.

530 Em caso de recolhimento insuficiente das


custas processuais ou do depósito recursal,
somente haverá deserção do recurso se,
concedido o prazo de 5 (cinco) dias previs‑
to no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o
recorrente não complementar e compro‑
var o valor devido (OJ 140, SDI-1, TST).

531 São duas as hipóteses de recurso ordinário,


previstas no art. 895 da CLT. É cabível em
face de sentença, seja definitiva (em que
há análise do mérito) ou terminativa (que
extingue o processo sem análise do mé‑
rito) e, também, de decisão (definitiva ou
terminativa) do TRT em ação de sua com‑
petência originária. Neste caso, o recurso
ordinário será julgado pelo TST.

532 Da decisão de Tribunal Regional do Traba‑


lho, em ação rescisória, é cabível recurso
ordinário para o Tribunal Superior do Tra‑
balho, em face da organização judiciária
trabalhista (súmula 158, TST).

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533 Da decisão de Tribunal Regional do Traba‑


lho, em mandado de segurança cabe re‑
curso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias,
para o Tribunal Superior do Trabalho (sú‑
mula 201, TST).

534 No procedimento sumaríssimo: a) o recur‑


so ordinário será imediatamente distribu‑
ído, devendo o relator liberá-lo, no máxi‑
mo em 10 dias, para que seja colocado em
pauta para julgamento, sem revisor; b) é
facultado ao MPT exarar parecer quando
entender necessário; c) o acórdão consis‑
tirá unicamente na certidão de julgamen‑
to, em que contenha a indicação suficien‑
te do processo e da parte dispositiva e das
razões de decidir do voto prevalente. Caso
a sentença seja confirmada pelos seus pró‑
prios fundamentos, a certidão de julga‑
mento, registrando tal circunstância, ser‑
virá de acórdão.

535 Da decisão do Tribunal Regional do Traba-


lho em dissídio coletivo de sua competên-
cia originária cabe recurso ordinário para o
Tribunal Superior do Trabalho. Ressalto que,
embora, em regra, os recursos tenham efei‑
to meramente devolutivo (art. 899, CLT), o
Presidente do TST poderá conceder efeito

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suspensivo ao recurso, mediante despacho
fundamentado, estabelecendo os limites à
extensão desse efeito, nos termos do art.
14 da Lei 10.192/2001.

536 O recurso de revista somente será admi‑


tido se a questão discutida for exclusiva‑
mente de direito. É Incabível o recurso de
revista ou de embargos para reexame de
fatos e provas (súmula 126, TST).

537 Recurso de revista na execução será ca‑


bível apenas quando houver ofensa lite‑
ral e direta à Constituição (art. 896, § 2º,
CLT). Atenção para esta exceção na exce‑
ção! Nas execuções fiscais e nas contro‑
vérsias da fase de execução que envolvam
a Certidão Negativa de Débitos Trabalhis‑
tas (CNDT) caberá recurso de revista não
só por ofensa à Constituição, mas também
por violação a lei federal e por divergência
jurisprudencial.

538 Recurso de revista no procedimento suma-


ríssimo será cabível apenas quando houver
direta à Constituição, por contrariedade a
súmula de jurisprudência uniforme do Tri‑
bunal Superior do Trabalho e também por

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contrariar súmula vinculante do STF (art.
896, § 9º, CLT).

539 Cabe recurso de revista apenas de decisão


do TRT em recurso ordinário ou de decisão
do TRT em agravo de petição. Dessa forma,
é incabível recurso de revista interposto de
acórdão regional prolatado em agravo de
instrumento (súmula 218, TST).

540 Cabe embargos infringentes da decisão


não unânime do TST, em dissídios coletivos,
de sua competência originária (ou seja: em
dissídios coletivos que excedam a compe‑
tência territorial de um Tribunal Regional
do Trabalho) que: a) conciliar; b) julgar; ou
b) homologar conciliação. Também cabe‑
rá embargos infringentes da decisão não
unânime do TST que estender ou rever suas
sentenças normativas (art. 894, I, “a”, CLT).

541 Caberão embargos ao TST, para SDI, nas


seguintes hipóteses: de decisão de turma
do TST que contrariar: a) acórdão de ou‑
tra turma do TST; b) decisão da SDI; c) sú‑
mula do TST; d) orientação jurisprudencial
do TST e e) súmula vinculante do STF (art.
894, II, CLT).

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542 A finalidade do agravo de instrumento é


a de destrancar recurso, ou seja, atacar o
despacho proferido pelo juízo a quo que
nega seguimento a recurso por ausência de
pressupostos de admissibilidade (art. 897,
‘’b’’, CLT).

543 No Processo do Trabalho, os embargos de


declaração representam o meio adequado
para impugnar, no prazo de cinco dias, sen‑
tença ou acórdão quando estas decisões
apresentarem omissão, contradição ou
obscuridade. Este recurso também é cabí‑
vel por manifesto equívoco na análise dos
pressupostos extrínsecos do recurso (art.
897-A, CLT). Atenção! Os embargos de de‑
claração interrompem o prazo para inter‑
posição de outros recursos, por qualquer
das partes, salvo quando intempestivos, ir‑
regular a representação da parte ou ausen‑
te a sua assinatura (art. 897-A, § 3º, CLT).
Ressalte-se também que eventual efeito
modificativo dos embargos de declaração
somente poderá ocorrer em virtude da
correção de vício na decisão embargada e
desde que ouvida a parte contrária, no pra‑
zo de 5 (cinco) dias (art. 897-A, § 2º. CLT).

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544 Proferida a sentença de liquidação, é expe‑


dido mandado de citação, a ser cumprido
pelo oficial de justiça (art. 880, §2º, CLT),
para que o executado pague ou garanta o
juízo, no prazo de 48 horas. Para garantia
do juízo, o executado poderá depositar o
valor da execução ou nomear bens à pe‑
nhora. Garantido o juízo, o executado terá
o prazo de 5 dias para apresentar à exe‑
cução e o exequente terá igual prazo para
impugnação (art. 884, CLT), os quais serão
julgados na mesma sentença (art. 884, §
4º, CLT). Desta decisão é cabível o agravo
de petição para o TRT.

545 A arrematação será anunciada por edital


afixado na sede do juízo ou tribunal e pu‑
blicado no jornal local, se houver, com a
antecedência de vinte (20) dias. Será re‑
alizada em dia, hora e lugar anunciados e
os bens serão vendidos pelo maior lance,
tendo o exequente preferência para a ad‑
judicação. O arrematante deverá garantir
o lance com o sinal correspondente a 20%
do seu valor. Se o arrematante, ou seu fia‑
dor, não pagar dentro de 24 (vinte e qua‑
tro) horas o preço da arrematação, perde‑
rá, em benefício da execução, o sinal pago,
voltando à praça os bens executados (art.
888, CLT).

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546 Na execução por carta precatória, os em-


bargos de terceiro serão oferecidos no juí‑
zo deprecado, salvo se indicado pelo juí‑
zo deprecante o bem constrito ou se já
devolvida a carta, nos termos do art. 676,
parágrafo único, do CPC de 2015 (súmula
419, TST).

547 O Agravo de Petição é o recurso adequa‑


do para impugnar a sentença proferida na
execução no Processo do Trabalho. Este
recurso só será recebido quando o agra‑
vante delimitar, justificadamente, as maté-
rias e os valores impugnados, permitida a
execução imediata da parte remanescente
até o final, nos próprios autos ou por car‑
ta de sentença (art. 897, § 1º, CLT). Logo,
não fere direito líquido e certo o prosse‑
guimento da execução quanto aos tópicos
e valores não especificados no agravo (sú‑
mula 416, TST).

548 Exigindo o mandado de segurança prova


documental pré-constituída, a ausência de
documento indispensável ou de sua auten‑
ticação na petição inicial, levará ao seu in‑
deferimento de plano (súmula 415, TST).

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549 A ação rescisória está prevista no artigo 836


da CLT e seu processamento no Processo
do Trabalho segue as normas do Processo
Civil, com aplicação dos arts. 966 e seguin‑
tes do CPC. A ação rescisória no Proces‑
so Civil, de acordo com o artigo 968, II do
CPC, está sujeita ao depósito prévio de 5%
sobre o valor da causa. No entanto, no Pro‑
cesso do Trabalho, o depósito prévio é de
20% sobre o valor da causa da ação resci‑
sória, salvo prova de miserabilidade jurídica
do autor da ação rescisória (art. 836, CLT).

550 A ação rescisória é uma ação que tem por


finalidade a desconstituição de sentença
ou acórdão. O direito de propor ação res‑
cisória se extingue em 2 anos (prazo deca‑
dencial), contados do dia subsequente ao
trânsito em julgado da decisão rescinden‑
da (art. 975 do CPC e Súmula 100, I, TST).

551 Cabem honorários advocatícios em ação


rescisória (súmula 219, II, TST).

552 Não há condenação em honorários de ad‑


vogado na ação de mandado de segurança
(súmula 512, STF e súmula 105, STJ).

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553 A antecipação da tutela concedida na sen‑


tença não comporta impugnação pela via
do mandado de segurança, por ser impug‑
nável mediante recurso ordinário. É admis‑
sível a obtenção de efeito suspensivo ao
recurso ordinário mediante requerimento
dirigido ao tribunal, ao relator ou ao pre‑
sidente ou ao vice-presidente do tribunal
recorrido, por aplicação subsidiária ao pro‑
cesso do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do
CPC de 2015 (súmula 414, I, TST).

554 No caso de a tutela provisória haver sido


concedida ou indeferida antes da senten‑
ça, cabe mandado de segurança, em face
da inexistência de recurso próprio (súmula
414, II, TST).

555 A decisão proferida em dissídio coletivo


denomina-se sentença normativa. Tal de‑
cisão não é executada, mas cumprida, por
meio de ação de cumprimento proposta
perante o juiz do trabalho.

556 É possível a propositura da ação de cum-


primento independentemente do trânsito
em julgado da sentença normativa (súmula
246, TST).

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557 O inquérito judicial para apuração de falta


grave é uma ação de caráter dúplice, cujo
prazo decadencial é de 30 dias contados
da suspensão do empregado estável.

558 No inquérito judicial para apuração de fal-


ta grave a petição inicial deve ser escrita e
o número máximo de testemunhas é de 6.

559 O art. 882 da CLT determina expressamen‑


te a aplicação da ordem preferencial de pe-
nhora estabelecida no art. 835 do CPC no
Processo do Trabalho. Por sua vez, o art.
835, X, do CPC admite que a penhora in‑
cida sobre “percentual do faturamento da
empresa devedora”. Entende, entretanto,
o TST, que é admissível a penhora sobre a
renda mensal ou faturamento de empresa,
limitada a percentual, que não comprome‑
ta o desenvolvimento regular de suas ati‑
vidades, desde que não haja outros bens
penhoráveis ou, havendo outros bens, eles
sejam de difícil alienação ou insuficientes
para satisfazer o crédito executado (OJ 93
da SDI-2 do TST).

560 O prequestionamento é pressuposto do


recurso de revista, assim como dos demais
recursos de natureza extraordinária. A ma‑

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téria estará prequestionada quando hou‑
ver sido tratada no acórdão impugnado,
ou seja, diz-se prequestionada a matéria
ou questão quando na decisão impugna‑
da haja sido adotada, explicitamente, tese
a respeito (súmula 297, I, TST).

561 Incumbe à parte interessada, desde que a


matéria haja sido invocada no recurso prin‑
cipal, opor embargos declaratórios objeti‑
vando o pronunciamento sobre o tema, sob
pena de preclusão. Considera-se preques‑
tionada a questão jurídica invocada no re‑
curso principal sobre a qual se omite o Tri‑
bunal de pronunciar tese, quando a parte
opõe embargos de declaração ainda que o
Tribunal não tenha se pronunciado quanto
ao tema (súmula 297, II e III, TST)

562 O agravo de instrumento para destrancar


o agravo de petição não suspende a exe‑
cução (art. 897, § 2°, CLT).

563 O fato de o presidente do TRT entender ca-


bível o recurso de revista apenas quanto a
parte das matérias veiculadas, não dispensa
a interposição de agravo de instrumento.

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564 Na execução por carta precatória, os em-


bargos à execução serão oferecidos no ju‑
ízo deprecante ou no juízo deprecado, mas
a competência para julgá-los é do juízo de‑
precante, salvo se versarem unicamente
sobre vícios ou defeitos da penhora, da ava‑
liação ou da alienação dos bens efetuadas
no juízo deprecado (art. 914, § 2º, CPC).

565 É cabível no Processo do Trabalho a ação


monitória, nos termos do art. 700 do CPC.
Ela pode ser proposta por aquele que afir‑
mar, com base em prova escrita sem efi‑
cácia de título executivo, ter direito de exi‑
gir do devedor capaz: a) o pagamento de
quantia em dinheiro; b) a entrega de coisa
fungível ou infungível ou de bem móvel ou
imóvel e c) o adimplemento de obrigação
de fazer ou de não fazer.

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CAPÍTULO 09

DIREITO PENAL
CRISTIANE DUPRET

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566 A infração penal é um gênero, que se divide


em crime e contravenção penal. Confor‑
me dispõe o artigo 1º da Lei de Introdução
ao Código Penal: Considera-se crime a in‑
fração penal que a lei comina pena de re‑
clusão ou de detenção, quer isoladamente,
quer alternativa ou cumulativamente com
a pena de multa; contravenção, a infra‑
ção penal a que a lei comina, isoladamen‑
te, pena de prisão simples ou de multa, ou
ambas. alternativa ou cumulativamente. As
contravenções penais estão previstas no
DL 3688/41, denominado Lei das contra‑
venções penais.

567 O conceito analítico de crime compreende


o fato típico, ilícito ou antijurídico e culpá‑
vel. Sendo considerado, majoritariamente,
pela doutrina como tripartite. A punibili‑
dade, desta forma, não integra o conceito
analítico de crime, tratando-se de normal
consequência da prática do crime. Via de
regra, ela estará presente quando o crime
for praticado. No entanto, é possível que
ela seja extinta em algumas hipóteses, tais
como as previstas no artigo 107 do Códi‑
go Penal. Dentre elas, pode-se citar como
causas extintivas da punibilidade a abolitio
criminis, a graça, indulto, anistia, perdão do

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ofendido, perdão judicial, decadência, pe‑
rempção e prescrição.

568 Escusa absolutória é conceituada como


causa de exclusão da punibilidade, prevista
no Código Penal, onde o agente ficará isen‑
to de pena, como nos casos, por exemplo,
do artigo 181. A punibilidade sequer nasce
nas hipóteses de escusa absolutória, en‑
quanto nas causas extintivas da punibilida‑
de, ela nasce para depois ser extinta.

569 A legítima defesa se caracteriza como um


direito de reação a uma agressão injusta,
atual ou iminente, a direito próprio ou de
terceiro. Para se reconhecer a legítima de‑
fesa, é necessário que a agressão seja pro‑
veniente de uma conduta humana. Aque‑
le que age, portanto, para se defender do
ataque de um animal, não está amparado
pela legítima defesa, mas sim pelo estado
de necessidade. Em ambas as hipóteses,
o excesso doloso ou culposo é punido. A
conduta amparada pela legítima defesa,
por exemplo, não pode ir além do suficien‑
te para fazer cessar a agressão.

570 A conduta pode ser omissiva ou comissiva


(fazer ou deixar de fazer alguma coisa). A

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conduta pode ser dolosa (quando o agente
quis o resultado ou assumiu o risco de pro‑
duzi-lo) ou culposa (quando o agente deu
causa ao resultado por imprudência, negli‑
gência ou imperícia). Em regra, os crimes
são dolosos. Para que haja possibilidade de
punição a título de culpa, o tipo penal pre‑
cisa prever a modalidade culposa. No ho‑
micídio, por exemplo, há essa previsão. Já
o crime de aborto não admite modalida‑
de culposa.

571 Dolo eventual não se confunde com dolo


direto de segundo grau. Dolo eventual
abrange noção de risco. No dolo eventu‑
al, o agente não se preocupa com o que
vai causar, ter como resultado. Já no dolo
direto de segundo grau, a noção é de cer‑
teza, de consequência necessária. Ou seja,
o dolo direto de segundo grau acaba sen‑
do consequência necessário daquilo que o
agente deseja alcançar. Se o agente coloca
uma bomba no avião para matar um pas‑
sageiro, ele sabe que matará outros como
consequência necessária da sua conduta.
O dolo eventual também não se confunde
com culpa consciente, embora em ambos
haja previsão. Enquanto no dolo eventual,
o agente não se importa, na culpa cons‑

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ciente ele acredita que o resultado não vá
se produzir.

572 Iter criminis é o caminho que o agente per‑


corre para a prática da conduta criminosa.
Majoritariamente, o iter criminis divide-se
em quatro etapas, sendo: cogitação; pre‑
paração; execução e consumação. Em re‑
gra, a cogitação e a preparação não são pu‑
níveis. A preparação só será punida se os
atos constituírem crime autônomo. Sendo
assim, o agente que se dirige à casa de ou‑
trem para matar e é interceptado no meio
do caminho com uma arma, não responde
por tentativa de homicídio, pois ainda es‑
tava nos atos preparatórios, devendo res‑
ponder, nesta hipótese, pelo porte de arma.

573 Na tentativa, o agente ao percorrer o iter


criminis, por circunstâncias alheias à sua
vontade, não alcança a consumação. To‑
davia, há hipóteses em que o crime não se
consuma por total impossibilidade de que
isso ocorra. Crime impossível se dá quan‑
do há ineficácia absoluta nos meios empre‑
gados ou impropriedade absoluta do obje‑
to, conforme dispõe o artigo 17, do CP. É
muito importante destacar que se a inefi‑
cácia ou impropriedade for apenas relati‑

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va, é possível a punição da tentativa. Cabe
lembrar o enunciado 567 do STJ, que es‑
tabelece que sistema de vigilância eletrô‑
nico ou a existência de segurança no inte‑
rior de estabelecimento comercial, por si
só, não torna impossível a configuração do
crime de furto.

574 Atenção: Há crimes que não admitem a


tentativa: Culposos; Habituais; Omissivos
Próprios; Unissubsistentes; Preterdolosos.
Também não admitem tentativa as contra‑
venções penais, por expressa previsão legal.

575 Em algumas hipóteses, o agente inicia a


execução e não atinge a consumação por
vontade própria. Trata-se do disposto no
artigo 15 do Código Penal, que prevê a de‑
sistência Voluntária e o arrependimento
eficaz. Na desistência voluntária, o agen‑
te pode prosseguir na execução, mas não
quer. Ele para durante os atos de execução.
Já no arrependimento eficaz, o agente em‑
preende nova conduta para impedir que o
resultado se produza, como levar a vítima
ao hospital, socorrê-la, por exemplo. Nes‑
tas hipóteses, não há de se falar em tenta‑
tiva. A consequência prática é a responsa‑
bilização pelos atos até então praticados.

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Exemplo: Crime de lesão corporal, ainda
que o dolo inicial fosse de matar.

576 Na análise do conceito analítico de crime,


a tipicidade é indiciária da ilicitude, o que
significa que identificado o fato típico, a
ilicitude, via de regra, estará presente. No
entanto, o artigo 23 do Código Penal prevê
causas excludentes da ilicitude: Estado de
necessidade, legítima defesa, exercício re‑
gular do direito e estrito cumprimento do
dever legal. Já o consentimento do ofen‑
dido é causa supralegal que pode ser apli‑
cada se o bem for disponível, houver ca‑
pacidade de consentir e o consentimento
for anterior. Exemplo: namorada maior de
idade consente que o namorado quebre os
porta-retratos que tinham fotos do ex na‑
morado dela. Nesta hipótese, está excluída
a ilicitude do crime de dano.

577 No terceiro substrato do conceito analítico


de crime, culpabilidade, são estudadas as
excludentes, que podem ser: inimputabili‑
dade, erro de proibição inevitável e inexi‑
gibilidade de conduta diversa. Em qualquer
dessas hipóteses a consequência prática é
a não existência do crime. Importante lem‑
brar que o legislador se valeu do critério

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biopsicológico, para os casos de doença
mental ou desenvolvimento mental incom‑
pleto ou retardado; e embriaguez comple‑
ta proveniente de caso fortuito ou força
maior. Já nos casos de menoridade penal,
o critério utilizado pelo legislador foi o pu‑
ramente biológico.

578 Para o tratamento das descriminantes pu‑


tativas, o Direito Penal, adota a teoria limi‑
tada da culpabilidade. Nem todo erro que
acontece será tratado como erro de proi‑
bição. Nem todo erro nas descriminantes,
portanto, será tratado dentro da culpabili‑
dade. Poderá existir, dentro do estudo das
descriminantes putativas, erro de tipo ou
de proibição. Se o erro do agente for so‑
bre a situação fática, aplica-se o artigo 20,
parágrafo 1º do CP, que isenta de pena ou
permite a punição por culpa. Trata-se do
erro de tipo permissivo. Já o erro sobre a
existência ou sobre os limites da descri‑
minantes é tratado como erro de proibi‑
ção indireto.

579 Na prescrição o Estado perde o direito de


punir ou perde o direito de executar a pena,
em virtude do decurso do tempo. O fato
continua a ser típico ilícito ou antijurídico

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e culpável. Todavia, não será punido. Tra‑
ta-se, portanto, de causa extintiva da pu‑
nibilidade.

580 A prescrição se classifica em: Prescrição da


pretensão punitiva e prescrição da preten‑
são executória. Na prescrição da preten‑
são punitiva, o cálculo deve ser feito com
base na pena máxima em abstrato. Toda‑
via, nas hipóteses de prescrição retroati‑
va, utiliza-se a pena em concreto aplicada
na sentença. Somente é possível o cálcu‑
lo da prescrição retroativa quando ocor‑
re o trânsito em julgado para a acusação.
Tendo em vista a Lei 12.234/10, a prescri‑
ção retroativa não pode ter por termo ini‑
cial data anterior à da denúncia ou queixa.
Sendo assim, ela pode ocorrer entre a data
do recebimento da denúncia ou queixa e a
data da publicação da sentença.

581 Para o cálculo da prescrição da pretensão


punitiva, a base é a pena máxima em abs‑
trato, obedecendo a análise dos seguintes
artigos: artigo 109, dispõe quais são os pra‑
zos, de acordo com a pena máxima cons‑
tante no tipo penal; o artigo 111, dispõe qual
o termo inicial para contagem do prazo; o
artigo 115, deve ser visto com certa aten‑

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ção, pois determina o cômputo do prazo
pela metade em caso de réu menor de 21
anos na data do fato ou maior de 70 anos
na data da sentença. Já o artigo 117 elenca
quais são as causas interruptivas da con‑
tagem do prazo prescricional, lembrando,
sempre, que a causa interruptiva faz com
que o prazo se inicie novamente. Um exem‑
plo de causa interruptiva é o recebimento
da denúncia.

582 Consoante o enunciado 438 do STJ, É


inadmissível a extinção da punibilidade
pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, indepen‑
dentemente da existência ou sorte do pro‑
cesso penal. Esse enunciado significa que
o cálculo da prescrição não pode ser feito
com base na pena que provavelmente será
aplicada na sentença.

583 A anistia é concedia por Lei do Congres‑


so Nacional, conforme dispõe o artigo 48,
VIII, da CRFB. Trata-se de uma das formas
de indulgência soberana e uma das causas
extintivas da punibilidade. O Indulto, é con‑
cedido por Decreto do Presidente da Re‑
pública, conforme dispõe o artigo 84, XIII,
da CRFB, sendo coletivo e espontâneo. O

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indulto apenas extingue a pena imposta ao
agente. Sendo assim, aquele que foi indul‑
tado não volta a ser primário.

584 A decadência ocorrerá quando o sujeito


perde o direito de iniciar a ação penal, seja
porque a vítima deixou passar o tempo para
oferecer a queixa-crime ou, porque deixou
passar o prazo para representação. A deca‑
dência, em regra, se dá no prazo de 6 me‑
ses, a contar do momento em que se sabe
quem é o autor do fato.

585 A embriaguez voluntária e a culposa não ex‑


cluem a culpabilidade, mantendo-se- o cri‑
me. Sendo assim, aquele que quer beber e
quer se embriagar, assim como aquele que
quer beber, embora não queira se embria‑
gar, responderão pelo crime praticado em
estado de embriaguez. A embriaguez pre‑
ordenada, caracterizada como aquela em
que o agente quer beber para praticar o
crime, além de não excluir a imputabilida‑
de penal, caracteriza-se como circunstân‑
cia agravante, devendo ser considerada na
segunda fase da dosimetria da pena. Des‑
ta forma, apenas a embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou de força
maior será capaz de excluir a culpabilida‑

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de, tornando o agente inimputável, nas hi‑
póteses em que ele ficar inteiramente in‑
capaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de se determinar de acordo com esse
entendimento.

586 Conceitua-se o instituto da abolitio crimi‑


nis como causa extintiva da punibilidade em
que o legislador descriminaliza uma condu‑
ta. A abolitio criminis é algo benéfico para
aquele que comete o crime, e vai atingir o
sujeito em qualquer momento, mesmo que
já exista uma sentença penal condenató‑
ria transitado em julgado. Pode-se utilizar
como exemplo o que ocorreu com os cri‑
mes de adultério e sedução. Cabe destacar
que nem sempre que um tipo penal é re‑
vogado ocorrerá abolitio criminis. É possí‑
vel que a conduta continue sendo típica na
norma, mas que passe a estar prevista em
outra lei ou artigo. Um exemplo disso é o
que ocorreu com o crime de corrupção de
menores. A lei de corrupção de menores
foi revogada, mas a conduta passou a estar
prevista no artigo 244B do ECA.

587 O Código Penal prevê algumas espécies de


penas. A pena efetivamente se divide em:
pena privativa de liberdade, pena restriti‑

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va de direitos e multa. A pena privativa de
liberdade, por sua vez, se divide em reclu‑
são ou detenção. Quando se faz referên‑
cia à pena de detenção o regime inicial de
cumprimento é o semi-aberto ou o aberto.
O Regime fechado, na detenção, somente
poderá ser aplicado se houver regressão
de regime. Em hipótese alguma caberá ini‑
ciar a pena de detenção em regime fecha‑
do. De modo contrário, a pena de reclusão,
poderá ser iniciada em regime fechado, se‑
mi-aberto ou aberto.

588 A pena cominada no tipo penal incrimina‑


dor (preceito secundário) é chamada de
pena principal. Desta forma, podemos afir‑
mar que a pena privativa de liberdade e a
pena de multa são penas principais. Já as pe‑
nas que podem substituir as principais são
denominadas penas substitutivas, como a
pena restritiva de direitos. O curioso é que
a multa também pode figurar como pena
substitutiva. A multa, na verdade, pode ser
uma pena principal ou substitutiva. Caso
o juiz a aplique de acordo com o preceito
secundário do tipo penal incriminador, ela
será uma pena principal. Caso o juiz aplique
uma pena privativa de liberdade e substi‑
tua pela pena de multa, ela será uma pena
substitutiva.

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589 Dosimetria da Pena: O código Penal adota


o sistema trifásico de aplicação da pena,
tendo como parâmetro o disposto no art.
68, do CP. Na primeira fase da dosimetria
da pena serão avaliadas as circunstâncias
judiciais (atendendo à culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social, à persona‑
lidade do agente, aos motivos, às circuns‑
tâncias e consequências do crime, bem
como ao comportamento da vítima). Na
segunda fase, as circunstâncias agravan‑
tes e atenuantes (previstas nos artigos 65
e 66, do CP), e por fim, na terceira fase, as
causas de aumento e diminuição da pena.

590 O Código Penal dispõe, em seu artigo 63,


acerca da reincidência, circunstância agra‑
vante a ser considerada na segunda fase
da dosimetria da pena. É reincidente aque‑
le que comete novo crime após o trânsito
em julgado de sentença que o tenha con‑
denado por crime anterior. No entanto, é
importante atentar para o fato de que não
prevalece a condenação anterior, se entre a
data do cumprimento ou extinção da pena
e a infração posterior tiver decorrido pe‑
ríodo de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspen‑
são ou do livramento condicional, se não
ocorrer revogação. Também é importante

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atentar para o fato de que para efeitos de
reincidência não se consideram os crimes
militares próprios e políticos.

591 Quando o fato típico e ilícito é praticado


pelo inimputável por doença mental, ha‑
verá uma sentença de absolvição impró‑
pria. Ou seja, o agente será absolvido, mas
receberá uma medida de segurança. São
espécies de medida de segurança a inter‑
nação em estabelecimento psiquiátrico e
o tratamento ambulatorial. Medida de se‑
gurança não se confunde com medida so‑
cioeducativa de internação, que é aplicada
para o inimputável adolescente que prati‑
ca ato infracional (conduta descrita como
crime ou contravenção).

592 A medida de segurança não possui prazo


máximo previsto em Lei, mas tão somen‑
te o prazo mínimo. Enquanto a perícia não
constatar a cessação da periculosidade, a
medida de segurança continua sendo apli‑
cada. O prazo mínimo, no entanto, é de 1 a
3 anos. Quanto ao prazo máximo, o assun‑
to é divergente nos Tribunais Superiores,
tendo em vista que o Enunciado 527, do
STJ dispõe que não se deve ultrapassar o

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limite máximo da pena abstratamente co‑
minada ao delito praticado.

593 No que tange à aplicação da lei penal no


tempo, o artigo 4º, ao definir o tempo do
crime, adota a teoria da atividade. Desta
forma, considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado. Já, no
que tange à aplicação da lei penal no espa‑
ço, o Código Penal, em seu artigo 6º, ado‑
tou a teoria mista ou da ubiquidade. Lugar
do crime pode ser tanto o da ação ou omis‑
são quanto o local em que se produziu ou
deveria se produzir o resultado.

594 A aplicação da lei penal no espaço é re‑


gida, basicamente, por dois princípios. De
acordo com o princípio da territorialidade,
é aplicada a lei brasileira para crime come‑
tido em território nacional. Já de acordo
com o princípio da extraterritorialidade, é
aplicada, de forma excepcional, lei brasileira
para crime cometido em território estran‑
geiro. Os casos de extraterritorialidade são
elencados no artigo 7º do Código Penal.

595 A progressão de regime decorre da ado‑


ção do sistema progressivo e permite que

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o condenado progrida do regime fechado
para o semi-aberto e deste para o aber‑
to. Voa de regra, a progressão se dará com
o cumprimento de 1/6 da pena, consoan‑
te dispõe o artigo 112 da Lei de Execução
Penal. No entanto, em se tratando de cri‑
me hediondo ou equiparado, cometido a
partir do dia 29//03/2077, a progressão se
dará com o cumprimento de 2/5 da pena
para o primário e de 3/5 da pena para o
reincidente. De acordo com o enunciado
471 do STJ, aos crimes hediondos ou equi‑
parados cometidos antes de 29/03/2007,
aplica-se o artigo 112 da LEP (progressão
com 1/6 da pena). Consoante enunciado
491 do STJ, É inadmissível a chamada pro‑
gressão per saltum de regime prisional. Já
a súmula vinculante 56 do STF dispõe que
“a falta de vagas em estabelecimento pri‑
sional não autoriza a manutenção do preso
em regime mais gravoso, devendo-se ob‑
servar, nessa hipótese, os parâmetros do
Recurso Extraordinário 641.320”

596 Maus antecedentes, de acordo com o en‑


tendimento preponderante em nossos Tri‑
bunais Superiores, trata-se de sentença
penal condenatória transitada em julgado
que não caracterize reincidência. De acor‑
do com o enunciado 444 do STJ, inquéri‑

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tos e processos em andamento não podem
ser considerados como maus anteceden‑
tes. Cabe destacar ainda o Enunciado 241
do STJ – “A reincidência penal não pode
ser considerada como circunstância agra‑
vante e, simultaneamente, como circuns‑
tância judicial”.

597 A contagem do prazo em Direito Penal se


diferencial do Direito Processual Penal. No
Direito Penal, inclui-se o dia do começo,
contando-se os dias, meses, e os anos pelo
calendário comum. Podendo, ainda, incidir
em feriados e finais de semana. São conta‑
dos pelo prazo de Direito Penal o tempo de
prisão, a prescrição e a decadência. Sen‑
do assim, um prazo prescricional de quatro
anos, que se inicie em 10 de fevereiro de
2012, terminará no dia 09 de fevereiro de
2016. No dia 10/02/16 já estaria extinta a
punibilidade pela prescrição.

598 As normas da parte geral do Código Pe‑


nal, via de regra, serão aplicadas às leis es‑
peciais, exceto se elas dispuserem de for‑
ma contrária. Sendo assim, é possível, por
exemplo, aplicarmos o artigo 14, II do Có‑
digo penal, que dispõe sobre a tentativa,
em diversos crimes previstos em leis espe‑

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ciais, como o crime de tráfico de drogas,
por exemplo, que encontra previsão no ar‑
tigo 33 da Lei 11343/06.

599 O concurso de pessoas se caracteriza pelo


fato de duas ou mais pessoas contribuírem
para a prática criminosa, o que pode se dar
por coautoria ou participação, desde que
presentes os requisitos de Pluralidade de
agentes e de condutas; relevância causal
de cada conduta; liame subjetivo / vínculo
psicológico e unidade de infração penal.

600 No que tange ao concurso de pessoas, o


Código Penal adotou, em seu artigo 29, a
teoria monista. Isso significa que o crime
praticado pelos diversos coautores ou par‑
tícipes é único. Não se trata de um crime
para cada envolvido. No entanto, há casos
em que o legislador excepcionou a teoria
monista, como na hipótese em que a ges‑
tante vai até uma clínica para realizar um
aborto e, então, o médico realiza a prática
criminosa. O crime praticado pela gestan‑
te é um (art. 124, do CP–Aborto provocado
pela gestante ou com seu consentimento)
e o do médico é outro (art. 126, do CP–
Aborto provocado por terceiro). Nesta hi‑
pótese, embora ambos concorram para o

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mesmo resultado, que é o aborto, os cri‑
mes são distintos.

601 A participação de menor importância está


prevista no parágrafo 1º do artigo 29 do Có‑
digo Penal. Ao observar a previsão legal do
parágrafo primeiro, percebe-se que trata‑
-se de uma causa de diminuição da pena,
e que deve ser analisada no caso concreto
com certa atenção. Trata-se de causa de
diminuição de pena, a ser considerada na
terceira fase da dosimetria da pena, apenas
ao partícipe, cuja importância da conduta
foi menos relevante para a ocorrência do
resultado.

602 A cooperação dolosamente distinta, tam‑


bém denominada desvio subjetivo de con‑
duta, encontra previsão no parágrafo 2º
do artigo 20 do Código Penal. Embora o
referido parágrafo utilize o verbo “partici‑
par”, a aplicação poderá se dar ao coautor
ou partícipe. Se duas pessoas combinam a
prática de um furto, e apenas um deles in‑
gressa na residência para subtrair, e acaba
empregando violência contra alguém que
encontra dentro da residência, o crime será
de roubo apenas para este. Aquele que foi
até o local para participar de um crime de

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furto e que não fez parte da conduta vio‑
lenta, responderá tão somente pelo furto.

603 A autoria de um crime pode ser direta ou


indireta. Autor direto é aquele que efetiva‑
mente pratica a conduta. Já a autoria indi‑
reta pode ser intelectual ou mediata. Au‑
tor intelectual responde com os demais
colaboradores da empreitada criminosa,
em concurso de pessoas, embora tenha
contribuído elaborando a atividade crimi‑
nosa e não praticando efetivamente algu‑
ma conduta descrita no tipo penal. Já na
autoria mediata, não á concurso de pesso‑
as. O autor mediato utiliza alguém como
instrumento em suas mãos para a prática
criminosa. Um exemplo disso é o médico
que querendo matar um paciente, troca o
medicamento que a enfermeira ministraria
em determinado horário. O médico é autor
mediato do crime de homicídio. A enfer‑
meira não é coautora ou partícipe, poden‑
do, no máximo, responder por um crime de
homicídio culposo. Ou seja, cada qual teria
o seu crime, sem concurso de pessoas.

604 Por ausência de liame subjetivo, não há


concurso de pessoas na autoria colateral.
Se cada qual dirige-se até determinado lo‑

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cal para pratica um crime, sem que cada
um saiba da intenção do outro, cada um
deles responderá de forma autônoma pelo
seu próprio crime. Imaginemos a hipóte‑
se em que duas pessoas, por coincidência,
dirigem-se até determinado local, com o
intuito de matar a mesma pessoa. Ambos
atiram, a vítima morre. Deve ser apurada a
responsabilidade de cada um. Aquele que
efetivamente matou deverá responder por
homicídio consumado. O outro deverá res‑
ponder, via de regra, por tentativa. Caso não
se consiga apurar quem efetivamente pro‑
vocou o resultado morte, a hipótese será de
tentativa para ambos. Neste caso, teremos
a denominada autoria colateral incerta.

605 O Código Penal, em seu artigo 30, prevê


que as circunstâncias e condições de cará‑
ter pessoal não se comunicam, salvo quan‑
do elementares do crime. Desta forma, é
possível que o particular que auxiliar um
funcionário público, sabendo da condição
de funcionário público, a praticar um pecu‑
lato, responda também pelo crime de pe‑
culato, em concurso de pessoas.

606 O Código Penal prevê três modalidades de


concurso de crimes: O concurso material

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está previsto no artigo 69 do Código Penal
e se caracteriza pelo fato de que o agen‑
te pratica dois ou mais crimes, mediante
mais de uma conduta. No crime continua‑
do, também há a presença de duas ou mais
condutas, sendo que os crimes devem ser
da mesma espécie e praticados nas mes‑
mas condições de tempo, lugar e manei‑
ra de execução, devendo os subsequentes
serem havidos como continuação do pri‑
meiro. Já o concurso formal se diferencial
pelo fato de que os dois ou mais crimes são
praticados através de uma só conduta. No
concurso material, as penas dos diversos
crimes são somadas. No concurso formal
e no crime continuado, aplica-se, via de re‑
gra, uma só pena exasperada. No concur‑
so formal, a pena é exasperada de 1/6 até
metade. Já no crime continuado, ela será
exasperada de 1/6 até 2/3, sendo que nos
crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave amea‑
ça à pessoa, a pena poderá ser exasperada
até o triplo.

607 O concurso formal de crimes pode ser pró‑


prio ou impróprio, também denominado de
perfeito ou imperfeito. No concurso for‑
mal próprio, a pena é exasperada de 1/6 até
½. Haverá concurso formal perfeito quan‑

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do os crimes praticados forem culposos,
como o exemplo em que o agente culpo‑
samente atropela e mata três pessoas. Ou
ainda, quando houver dolo apenas em um
dos resultados, sendo os demais atingidos
a título de culpa, como a hipótese em que
o agente atira para matar uma vítima e aca‑
ba acertando também terceira pessoa que
passava pelo local. Caso o agente queira
todos os resultados, como a hipótese em
que lança uma bomba para matar ao mes‑
mo tempo vários inimigos, haverá concur‑
so formal impróprio, devendo as penas se‑
rem aplicadas cumulativamente, somadas.
As duas hipóteses são previstas no artigo
70 do Código Penal.

608 Caso após realizar a dosimetria da pena, o


juiz verifique que não há possibilidade de
substituir a pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, ele verificará a possi‑
bilidade de suspender de forma condicional
a execução da pena privativa de liberdade.
Via de regra, o sursis será cabível caso a
pena aplicada na sentença não ultrapasse
dois anos. No entanto, caso o condenado
seja maior de 70 anos (sursis etário) ou ra‑
zões de saúde justifiquem (sursis humani‑
tário), a pena aplicada na sentença poderá
ser de até quatro anos. O prazo de suspen‑

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são é denominado período de prova, que
tradicionalmente é de dois a quatro anos.
No entanto, em caso de sursis etário ou hu‑
manitário, será de quatro a seis anos.

609 O juiz poderá conceder livramento condi‑


cional ao condenado a pena privativa de li‑
berdade igual ou superior a 2 (dois) anos,
desde que cumprida mais de um terço da
pena se o condenado não for reincidente
em crime doloso e tiver bons antecedentes;
cumprida mais da metade se o condenado
for reincidente em crime doloso; cumpri‑
dos mais de dois terços da pena, nos casos
de condenação por crime hediondo, práti‑
ca de tortura, tráfico ilícito de entorpecen‑
tes e drogas afins, tráfico de pessoas e ter‑
rorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza. Du‑
rante o prazo do livramento condicional, o
condenado cumprirá determinadas condi‑
ções estabelecidas pelo Juiz.

610 Consoante enunciado 411 do STJ, a falta


grave não interrompe o prazo para con‑
cessão de livramento condicional. Desta
forma, ainda que cometida a falta grave, o
prazo de cumprimento da pena para que

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seja concedido o livramento condicional,
prosseguirá normalmente.

611 Em 2016, o STJ, seguindo entendimento


consolidado pelo STF, cancelou o enuncia‑
do 512. Desta forma, é correto afirmar que
a presença do tráfico privilegiado afasta a
hediondez do crime. Logo, caso o trafican‑
te seja primário, tenha bons antecedentes,
não se dedique a atividades criminosas e
não integre organização criminosa, incidirá
a causa de diminuição de pena constante
do artigo 33, parágrafo 4º da Lei 11.343/06
e o crime não será equiparado a hediondo.

612 A partir de 22/05/14, o crime de favoreci‑


mento da prostituição ou de outra forma
de exploração sexual de criança ou adoles‑
cente ou de vulnerável (art. 218-B, caput,
e §§ 1º e 2º) passou a ser considerado he‑
diondo. Sendo assim, incidem os malefícios
da lei 8072/90 para as condutas praticadas
a partir do dia 22 de maio de 2014. Como
a lei é maléfica, tornando o referido crime
hediondo, não é possível sua retroatividade.

613 Em 2015, foram incluídas novas qualifica‑


doras no crime de homicídio. A lei 13.104
entrou em vigor no dia 10/03/2015 e in‑

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cluiu a qualificadora do feminicídio (homi‑
cídio praticado contra a mulher por razões
da condição de sexo feminino). A lei 13.142
entrou em vigor no dia 07/07/2015 e in‑
cluiu a qualificadora de homicídio funcio‑
nal (contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercí‑
cio da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou pa‑
rente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição). Ambos os crimes
são considerados hediondos.

614 As causas de aumento de pena no crime


de homicídio estão divididas no parágrafo
4o do artigo 121. Desta forma, há causas
de aumento de pena para o homicídio do‑
loso e para o homicídio culposo, separada‑
mente. Um exemplo disso é a omissão de
socorro, que apenas aumenta a pena em
caso de homicídio culposo..

615 O auxílio ao suicídio, apto a caracterizar o


crime previsto no artigo 122 do Código Pe‑
nal, não pode ser um ato apto a matar. Ainda
que a vítima tenha vontade de morrer, se o
ato praticado pelo agente for apto a ma‑

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tar, o crime será de homicídio. Um exem‑
plo é a hipótese em que o agente ministra
veneno na vítima, o que caracteriza ato de
execução do crime de homicídio.

616 As causas de aumento de pena do parágra‑


fo 4o do artigo 121 se dividem em causas de
aumento para o homicídio doloso e para o
homicídio culposo. Desta forma, há causas
de aumento de pena para o homicídio do‑
loso e para o homicídio culposo, separada‑
mente. Um exemplo disso é a omissão de
socorro, que apenas aumenta a pena em
caso de homicídio culposo. Com o advento
das Leis 12.720/12 e 13.104/15 passamos a
ter novas causas de aumento de pena para
o homicídio, respectivamente nos parágra‑
fos 6o e 7o do artigo 121.

617 É possível a ocorrência de erro sobre a pes‑


soa no crime de infanticídio. Caso a mãe,
influenciada pelo estado puerperal, dirija‑
-se até o berçário, logo após o parto, para
matar o próprio filho e por engano, acabe
por matar o filho de outra mulher, aplica-se
o artigo 20, parágrafo 3º do Código Penal.
Ela deverá responder como se tivesse ma‑
tado o próprio filho, Neste caso, o crime
será de infanticídio.

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618 O aborto de feto anencéfalo, consoante


entendimento do STF no julgamento da
ADPF 54, não se amolda aos tipos penais
de aborto. Já o Código Penal estabelece
que não se pune o aborto provocado por
médico para salvar a vida da gestante e
quando a gravide decorre de estupro e o
aborto é precedido de consentimento da
gestante ou quando incapaz, de seu repre‑
sentante legal. Prepondera na doutrina o
entendimento de que tais causas elencadas
no artigo 128 do Código Penal se caracte‑
rizam como causas especiais excludentes
da ilicitude.

619 O Código Penal prevê três crimes contra


a honra: calúnia, difamação e injúria. Cabe
destacar que a calúnia e a difamação pos‑
suem dois aspectos em comum: Imputa‑
ção de fato (acontecimento determina‑
do) e ofensa à honra objetiva (a imputação
deve chegar ao conhecimento de terceira
pessoa). A diferença entre os dois crimes
é que na calúnia, o fato imputado deve ser
definido como crime. Desta forma, caso
uma pessoa afirme que outra é ladra, não
é possível a ocorrência de calúnia. Xinga‑
mento não se confunde com imputação
de fato. Para haver calúnia, o sujeito ativo
deveria ter afirmado que a vítima subtraiu

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algo. Sendo assim, o crime praticado quan‑
do há apenas xingamento, é injúria. Na in‑
júria, basta a ofensa à honra subjetiva. Ou
seja, a injúria estará consumada quando a
ofensa chegar ao conhecimento da víti‑
ma ofendida.

620 Os crimes contra a honra são, via de re‑


gra, de ação penal privada. No entanto, o
artigo 145 do Código Penal prevê algumas
exceções. Por exemplo, o crime de injú‑
ria preconceituosa é de ação penal pública
condicionada à representação . Neste cri‑
me, o agente se utiliza de elementos refe‑
rentes à raça, cor, etnia, religião, origem,
condição de pessoa idosa ou com defici‑
ência. Não há de se confundir esse crime
com o crime de preconceito, definido na
lei 7716/89. A ofensa preconceituosa à pes‑
soa determinada caracteriza crime contra
a honra. Para haver crime de preconceito,
é necessário que o agente impeça a vítima
de exercer algum direito ou ainda que incite
o preconceito, referindo-se a um determi‑
nado grupo, como um todo. Os crimes de
preconceito estão definidos na lei 7716/89,
conhecida como Lei de Preconceito. São
crimes inafiançáveis e imprescritíveis.

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621 Caso ao agente se dirija até à delegacia


e sabendo ser falsa a imputação, registre
ocorrência contra alguém, pela prática de
crime, dando causa à instauração de inqué‑
rito policial, não haverá crime de calúnia.
A calúnia ficará absorvida pelo crime de
denunciação caluniosa, previsto no artigo
339 do Código Penal. A denunciação calu‑
niosa também admite que a imputação seja
de contravenção penal, diferente do crime
de calúnia, que exige a imputação falsa de
fato definido como crime.

622 Aquele que pratica homicídio culposo e


deixa de socorrer a vítima, não responde‑
rá por dois crimes: homicídio e omissão de
socorro. Isso porque o parágrafo 4º do ar‑
tigo 121 prevê a omissão de socorro como
causa de aumento de pena do homicídio
culposo. Já terceiro que passa pelo local e
que deixa de socorrer a vítima, poderá res‑
ponder pelo crime de omissão de socorro,
previsto no artigo 135 do Código Penal.

623 Basicamente, o furto se diferencia do roubo


em virtude da presença de violência, grave
ameaça ou meio que reduza a vítima à im‑
possibilidade de resistência, pois estas hi‑
póteses se caracterizam como elementares

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do roubo, previsto no artigo 157 do Código
Penal. No entanto, atenção para a hipótese
que pode se assemelhar, inicialmente, a um
roubo: O agente primeiro subtrai a coisa,
era para ser um furto. No entanto, após a
subtração, ele acaba empregando violên‑
cia ou grave ameaça para garantir a posse
da coisa. Nesta hipótese haverá roubo im‑
próprio, previsto no artigo 157, parágrafo
1º. Do Código Penal. Consoante enunciado
582 do STJ, Consuma-se o crime de roubo
com a inversão da posse do bem median‑
te emprego de violência ou grave ameaça,
ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recupe‑
ração da coisa roubada, sendo prescindível
a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

624 É fundamental diferenciar o crime de roubo


da extorsão. A distinção básica se encon‑
tra na conduta da vítima. No crime de rou‑
bo, ela não é necessária. Já na extorsão, a
conduta da vítima é imprescindível, neces‑
sária. Desta forma, caso o agente aponte
uma arma para a vítima e determine que
ela passe o relógio, o crime será de rou‑
bo, pois ele não depende da conduta dela.
Caso ela se recuse, ele pode arrancar. Di‑
ferente é a hipótese em que o agente exige
que a vítima saque determinada quantia no

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banco, pois neste caso, ele precisa da con‑
duta dela para obter a vantagem almejada,
haverá extorsão. Consoante enunciado 96
do STJ, a extorsão é crime formal, estando
consumado com o constrangimento em‑
pregado. A consumação, portanto, inde‑
pende da obtenção da vantagem.

625 Enquanto no furto e no roubo, há subtração


da coisa, no crime de apropriação indébi‑
ta, o agente que tem a posse ou detenção,
dela se apropria. Nos casos do possuidor, o
crime estará consumado quando a posse,
que a princípio foi lícita, de boa fé, se inverte
em posse de má fé. Imagine o exemplo em
que uma pessoa pede um livro raro empres‑
tado a outra. Em determinado momento, a
pessoa decide que não vai devolver o livro,
mesmo sendo instada pelo proprietário a
devolver. Neste momento, haverá a con‑
sumação do crime de apropriação indébi‑
ta. Caso o agente tenha dolo inicial, fingin‑
do querer a coisa emprestada, quando na
verdade já pretende não devolver, haverá
crime de estelionato.

626 Os artigos 181 e 182 do Código Penal preve‑


em imunidades nos crimes patrimoniais. O
artigo 181 determina que É isento de pena

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quem comete crime patrimonial, em preju‑
ízo: do cônjuge, na constância da socieda‑
de conjugal; de ascendente ou descenden‑
te, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo,
seja civil ou natural. Trata-se de escusa ab‑
solutória. Haverá crime, mas a punibilidade
não chega a existir. Já o artigo 182 prevê
que somente se procede mediante repre‑
sentação, se o crime previsto neste título é
cometido em prejuízo: de cônjuge desqui‑
tado ou judicialmente separado; de irmão,
legítimo ou ilegítimo; de tio ou sobrinho,
com quem o agente coabita. Em tais hipó‑
teses, a imunidade é relativa. Transmuda‑
-se a ação penal em pública condicionada
à representação.

627 As imunidades previstas nos artigos 181 e


182 do Código Penal, para os crimes pa‑
trimoniais, não se aplicam se o crime é de
roubo ou de extorsão, ou, em geral, quan‑
do haja emprego de grave ameaça ou vio‑
lência à pessoa; ao estranho que participa
do crime e se o crime é praticado contra
pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos. Desta forma, se o filho, na‑
tural ou adotivo, pratica furto contra o pai
idoso, não incidirá a escusa absolutória.

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628 A lei 13.330 entrou em vigor no dia


03/08/2016 e inclui no Código Penal uma
nova qualificadora para o crime de furto,
dispondo que “A pena é de reclusão de 2
(dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for
de semovente domesticável de produção,
ainda que abatido ou dividido em partes
no local da subtração “. Também foi incluí‑
da nova modalidade de receptação no ar‑
tigo 180-A: “Adquirir, receber, transportar,
conduzir, ocultar, ter em depósito ou ven‑
der, com a finalidade de produção ou de
comercialização, semovente domesticável
de produção, ainda que abatido ou dividi‑
do em partes, que deve saber ser produto
de crime”. Trata-se de forma qualificada de
receptação, punida com pena de reclusão
de 02 a 05 anos, e multa. Sendo a lei ma‑
léfica, tal modalidade somente poderá ser
aplicada para condutas praticadas a partir
da vigência da referida lei.

629 O Código penal tipifica duas modalidades


de estupro: Artigos 213 e 217-A. O que di‑
ferencia as duas modalidades é a vulnera‑
bilidade da vítima. O artigo 217-A tipifica o
crime de estupro de vulnerável, definindo
como vulnerável o menor de 14 (catorze)
anos, assim como alguém que, por enfer‑
midade ou deficiência mental, não tem o

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necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência. Desta forma,
caso o ato libidinoso seja praticado com
vulnerável, o crime será sempre de estu‑
pro de vulnerável, existindo ou não consen‑
timento, violência ou grave ameaça, pois
o que determina a existência do crime de
estupro de vulnerável é a vulnerabilidade
da vítima.

630 Os crimes contra vulnerável, previstos no


Código Penal, são de índole sexual. Desta
forma, a corrupção de menores, para fins
infracionais, não encontra previsão no Có‑
digo Penal, mas sim no ECA, em seu artigo
244-B. Desta forma, aquele que pratica cri‑
me com menor de 18 anos, deve responder
ainda pelo artigo 244-B do ECA, corrupção
de menores. Consoante enunciado 500 do
STJ, a consumação desse crime independe
de prova de efetiva corrupção do menor,
tendo em vista a natureza de crime formal.

631 A mãe que toma ciência de que a filha,


menor de 14 anos, está sendo submetida à
prática de atos libidinosos, e nada faz, deve
responder pelo crime de estupro de vulne‑
rável e não pelo crime de omissão de so‑

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corro. Isso ocorre em virtude da condição
de agente garantidora da mãe. Nos ter‑
mos do artigo 13, parágrafo 2º do Código
Penal, o agente garantidor deve responder
pelo resultado que não evitou, desde que
possa agir para tal. São agentes garantido‑
res: quem tem o dever legal de evitar o re‑
sultado, quem assume voluntariamente a
custódia e ainda aquele que com seu com‑
portamento anterior cria o risco da ocor‑
rência do resultado.

632 A eventual experiência sexual anterior da


vítima menor de 14 anos não exclui a im‑
putação pela prática do crime de estupro
de vulnerável. O artigo 217-A prevê a idade
como elemento de caráter objetivo, con‑
soante entendimento dos nossos Tribunais
Superiores. No entanto, tal entendimento
não impede e nem impacta na ocorrência
do erro de tipo. Caso o agente desconhe‑
ça, justificavelmente, a idade da vítima, não
deve ser imputado pelo crime de estupro
de vulnerável. Desta forma, se o agente co‑
nhece uma jovem de 13 anos em uma boa‑
te, na madrugada, e ela aparenta mais ida‑
de, ele não deve responder por estupro de
vulnerável, pois o erro de tipo, consoante
artigo 20 do Código Penal, afasta o dolo,
permitindo a punição a título de culpa, se

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previsto em lei. O estupro de vulnerável
não prevê modalidade culposa. Cabe ainda
destacar que o erro de tipo se caracteriza
como falsa percepção da realidade.

633 Dentre as modalidades de erro no Código


Penal, o erro de tipo se diferencia do erro
de proibição na medida em que o erro de
tipo se caracteriza como falsa percepção
da realidade. Nele, o agente erra sobre ele‑
mento constitutivo do tipo legal de crime,
o que exclui o dolo, permitindo a punição
por culpa se houver previsão legal. Já no
erro de proibição, o agente sabe exatamen‑
te o que faz, mas acredita que sua conduta
é permitida, o que exclui a potencial cons‑
ciência da ilicitude, excluindo a culpabili‑
dade. O Código Penal também prevê mo‑
dalidades de erro acidental, como o erro
na execução (Aberratio ictus), previsto no
artigo 73. Nele, por acidente ou erro no
uso do meio de execução, o agente atin‑
ge pessoa diversa da que pretendia atin‑
gir. No entanto, responde como se tivesse
atingido quem pretendia. Caso atinja mais
de uma pessoa, aplica-se o concurso for‑
mal de crimes.

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634 Há casos em que o agente que falsifica


documento ou que apenas o usa, faz isso
como meio para obter vantagem ilícita, em
prejuízo alheio. Em tal hipótese, dispõe o
enunciado 17 do STJ que o quando o fal‑
so se exaure no estelionato, sem maior po‑
tencialidade lesiva, será por ele absorvido.
Desta forma, o agente responderá apenas
pelo crime de estelionato.

635 O latrocínio, roubo seguido de morte, é cri‑


me que admite dolo contra a vida. No en‑
tanto, trata-se de crime patrimonial, não
estando previsto no Código Penal dentre
os crimes contra a vida. Por isso, consoante
o disposto no enunciado 603 do STF, o jul‑
gamento não se dará pelo Tribunal do Júri.

636 A subtração praticada por funcionário pú‑


blico, em hipóteses em que ele se vale des‑
sa condição, não caracteriza crime de fur‑
to, mas sim de peculato furto, frente ao
princípio da especialidade, assim como a
apropriação exercida pelo funcionário pú‑
blico não caracterizará crime de apropria‑
ção indébita, mas sim de peculato-apro‑
priação, consoante o disposto no artigo
312 do Código Penal. Cabe ainda lembrar
que quando o funcionário público comete

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a apropriação aproveitando-se de erro de
outrem, sua conduta amolda-se ao previs‑
to no artigo 313 do Código Penal, havendo
peculato mediante erro de outrem e não
crime de estelionato.

637 a reparação do dano, em caso de pecula‑


to culposo (quando o funcionário público
concorre culposamente para o crime de
outrem), conduzirá à extinção da punibili‑
dade se efetivada antes da sentença irre‑
corrível. Caso seja posterior, reduzirá de
metade a pena imposta.

638 Os crimes de corrupção passiva e ativa ca‑


racterizam uma quebra da teoria monista.
Caso o particular ofereça vantagem inde‑
vida ao funcionário público e este rece‑
ba a vantagem, não haverá crime único. O
particular responderá pelo crime de cor‑
rupção ativa, enquanto o funcionário pú‑
blico pratica crime de corrupção passiva.
A corrupção passiva prevê a conduta do
funcionário público que solicita, recebe ou
aceita promessa de vantagem. Já no cri‑
me de concussão está tipificada a condu‑
ta do funcionário público que exige vanta‑
gem indevida.

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639 Retardar ou deixar de praticar, indevida‑


mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal caracteri‑
za crime de prevaricação. No entanto, uma
conduta muito semelhante pode caracte‑
rizar crime de corrupção passiva privilegia‑
da: Se o funcionário pratica, deixa de prati‑
car ou retarda ato de ofício, com infração
de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem. Embora as penas se‑
jam iguais, a tipificação penal é distinta.

640 Embora o Código Penal traga a previsão


dos crimes de concussão e de corrupção
passiva, respectivamente nos artigos 316
e 317, há de se atentar para as hipóteses
em que o funcionário público da adminis‑
tração fazendária exige, solicita, recebe ou
aceita promessa de vantagem para deixar
de cobrar ou lançar tributo ou contribui‑
ção social, pois em tais hipóteses, frente
ao princípio da especialidade, a conduta
amolda-se ao previsto no artigo 3º da Lei
8.137/90, caracterizando crime contra a
Ordem Tributária e não corrupção passiva
ou prevaricação.

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641 O crime de extorsão mediante sequestro,


embora exija a finalidade de se obter qual‑
quer vantagem como condição ou preço
de resgate, não exige, para sua consuma‑
ção, que o agente de fato consiga a van‑
tagem almejada, estando consumado com
o arrebatamento da vítima. Desta forma,
ainda que o agente decida libertar a vítima,
que não chegue a conseguir pedir a vanta‑
gem ou que peça, mas não receba, o crime
estará consumado.

642 O crime de resistência pressupõe o empre‑


go de violência ou de ameaça para que o
agente se oponha à execução de ato legal.
Desta forma, a chamada resistência pas‑
siva não poderá caracterizar crime de re‑
sistência, mas sim de desobediência. Caso,
por exemplo, o agente se algeme ao por‑
tão de caso, para não ser preso, não prati‑
cará crime de resistência, frente à ausência
das elementares exigidas pelo artigo 329
do Código Penal, respondendo pelo crime
previsto no artigo 330, a desobediência.

643 A diferença entre descaminho e contra‑


bando está na conduta praticada. Iludir, no
todo ou em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, pela saída

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ou pelo consumo de mercadoria caracte‑
riza crime de descaminho. Já Importar ou
exportar mercadoria proibida caracteriza
crime de contrabando. No entanto, é im‑
portante atentar para algumas condutas
previstas em lei especial. Se a mercadoria
é arma de fogo, sua importação encontra
previsão no Estatuto do Desarmamento
(Lei 10.826/03), que também prevê outros
crimes, como a posse e porte de armas,
a omissão de cautela e o crime de dispa‑
ro de arma de fogo. Já o tráfico de drogas
encontra previsão na lei 11.343/06.

644 A distinção entre a conduta do usuário e


do traficante de drogas não está apenas na
quantidade. Determina a lei 11.343/06 que
para determinar se a droga destinava-se a
consumo pessoal, o juiz atenderá à nature‑
za e à quantidade da substância apreendida,
ao local e às condições em que se desen‑
volveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos ante‑
cedentes do agente. Caso o crime seja de
tráfico, via de regra, ele será equiparado a
hediondo, sendo, desta forma, inafiançável
e insuscetível de anistia, graça e indulto.

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645 A lei de tortura prevê algumas modalida‑


des desse crime: constranger alguém com
emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental:
com o fim de obter informação, declara‑
ção ou confissão da vítima ou de tercei‑
ra pessoa; para provocar ação ou omis‑
são de natureza criminosa ou em razão de
discriminação racial ou religiosa. Também
caracteriza tortura submeter alguém, sob
sua guarda, poder ou autoridade, com em‑
prego de violência ou grave ameaça, a in‑
tenso sofrimento físico ou mental, como
forma de aplicar castigo pessoal ou medi‑
da de caráter preventivo e ainda: subme‑
te pessoa presa ou sujeita a medida de se‑
gurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal.
No entanto, cabe destacar que aquele que
se omite em face dessas condutas, quan‑
do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a qua‑
tro anos, pena bem menos gravosa. O de‑
legado, por exemplo, que escuta policiais
torturando o preso na sala ao lado, e nada
faz, responderá por tortura por omissão.

646 A entrega de arma de fogo, dolosamente, a


criança ou adolescente, caracteriza crime

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de porte de arma de fogo de uso restri‑
to, ainda que a arma, em sua essência, seja
de uso permitido, isso porque o parágrafo
único do artigo 16 do Estatuto do desar‑
mamento equiparou a arma de fogo de uso
permitido ao restrito quando a entrega se
desse para menor de 18 anos. Nesta hipó‑
tese, também não se aplica o crime pre‑
visto no artigo 242 do ECA, pois prevalece
o entendimento de aplicação do Estatuto
do Desarmamento por um critério crono‑
lógico. O ECA somente será aplicado em
se tratando de arma branca. Cabe desta‑
car que o artigo 16 do Estatuto do desar‑
mamento passou a ser considerado crime
hediondo, com o advento da Lei 13.497/17,
que entrou em vigor no dia 27/10/2017.

647 O crime de lesão corporal leve ou culposa,


é tradicionalmente, de ação penal pública
condicionada à representação. No entan‑
to, há duas exceções legais: a primeira em
caso de violência doméstica contra a mu‑
lher. Em tal hipótese, qualquer modalidade
de lesão corporal será de ação penal públi‑
ca incondicionada. A segunda exceção en‑
contra previsão no artigo 291 do Código de
Trânsito Brasileiro (Lei 9503/97). Em caso
de lesão corporal culposa, praticada na di‑
reção de veículo automotor, se o agente

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estiver sob a influência de álcool ou qual‑


quer outra substância psicoativa que de‑
termine dependência; participando, em via
pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística, de exibição ou demons‑
tração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade
competente; ou transitando em velocidade
superior à máxima permitida para a via em
50 km/h (cinquenta quilômetros por hora),
a ação penal será pública incondicionada e
também não será possível a aplicação da
composição civil e transação penal previs‑
tas na Lei 9.099/95.

DIREITO PENAL
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Mais de

CAPÍTULO 10

DIREITO
PROCESSUAL
PENAL
ANA CRISTINA MENDONÇA

DIREITO PROCESSUAL PENAL


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648 A lei processual penal aplica‑se de imedia‑


to. Possui, portanto, incidência imediata
sobre todos os processos em andamento,
sem prejuízo dos atos já praticados, e inde‑
pendentemente do crime ter sido cometi‑
do antes ou depois de sua vigência ou da
inovação ser benéfica ou prejudicial. Con‑
tudo, devemos estar atentos às normas de
natureza mista ou híbrida, as quais possuem,
simultaneamente, conteúdo de direito ma‑
terial e processual, tais como aquelas que
versam sobre a natureza da ação penal, so‑
bre prisão, pena ou ainda que versem so‑
bre causas extintivas da punibilidade, des‑
tacando-se a prescrição e a decadência.
Nestes casos, o princípio penal da anterio‑
ridade prevalecerá, impedindo a irretroati‑
vidade da norma penal prejudicial. Vamos a
um exemplo, imagine que para um deter‑
minado crime, antes de ação penal pública
incondicionada, a lei passe a exigir repre‑
sentação, neste caso, a norma é benéfica
e, portanto, irá alcançar os processos que
estão em curso, ainda que o crime tenha
sido praticado em momento anterior à vi‑
gência da nova lei. Mas, se um crime de
ação penal privada passa a ser de ação pe‑
nal pública, a norma, que é prejudicial, não
poderá atingir crimes praticados antes da
vigência da nova lei.

DIREITO PROCESSUAL PENAL


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649 As alterações implementadas pela Lei


13.105/2015 (novo Código de Processo Ci‑
vil) sobre a contagem dos prazos proces‑
suais cíveis NÃO se aplicam aos processos
criminais, que continuam sendo regidos
pelo art. 798 do CPP. Assim, o prazo pro‑
cessual penal tem o início da contagem no
primeiro dia útil subsequente à citação, in‑
timação, ou notificação, devendo o primei‑
ro dia do prazo ou o último, quando cair em
feriado ou dia não útil, ser prorrogado para
o primeiro dia útil subsequente. Portanto,
se a intimação ocorreu em uma sexta fei‑
ra, o primeiro dia do prazo processual pe‑
nal ocorrerá na segunda feira (primeiro dia
útil subsequente). Não haverá suspensão
do prazo em feriados os fins de semana.

650 O processo penal brasileiro adota a liber‑


dade dos meios de prova, entretanto, são
inadmissíveis, devendo ser desentranha‑
das do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a nor‑
mas constitucionais ou legais. São também
inadmissíveis as provas derivadas das ilíci‑
tas, salvo quando não evidenciado o nexo
de causalidade entre umas e outras, ou
quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primei‑
ras. É a aplicação da teoria norte‑america‑

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na dos frutos da árvore envenenada. Exce‑
ção à inadmissibilidade das provas obtidas
por meios ilícitos ocorre quando a prova
é favorável ao réu, seja em face do princí‑
pio da proporcionalidade, seja porque não
pode o réu ser prejudicado por uma garan‑
tia que ele mesmo possui.

651 A interceptação das comunicações tele‑


fônicas só é possível em investigações cri‑
minais ou processos criminais que apurem
crimes punidos com reclusão, desde que
haja indícios razoáveis da autoria ou par‑
ticipação em infração penal e a prova não
possa ser produzida por outros meios. A in‑
terceptação poderá ser determinada pelo
juiz, de ofício ou a requerimento (escrito
ou verbal) que contenha demonstração de
que a sua realização é necessária à apura‑
ção de infração penal, com indicação dos
meios a serem empregados, feito pela au‑
toridade policial ou pelo Ministério Público.

652 A interceptação será decretada por, no má‑


ximo, 15 dias, prorrogáveis por igual perío‑
do. A jurisprudência, até o momento, en‑
tende possível mais de uma prorrogação.

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653 Se durante o período de interceptação te‑


lefônica válida, autorizada em crime punido
com reclusão, surgirem provas de outros cri‑
mes, ainda que punidos com detenção, será
possível a utilização das gravações como
prova destes, desde que haja conexão.

654 De acordo com a jurisprudência, não con‑


figura prova ilícita a gravação entre interlo‑
cutores, salvo nos casos em que há reser‑
va de sigilo. Não há violação à privacidade
quando um dos interlocutores grava con‑
versa da qual participa para, dentro de um
critério de proporcionalidade, amparar os
seus próprios direitos.

655 A busca domiciliar dependerá de manda‑


do judicial, salvo quando haja consenti‑
mento do morador. O mandado de busca
e apreensão deve ser o mais determinado
possível. Caso os policiais, no cumprimen‑
to de um mandado de busca, verifiquem
que o endereço indicado não confere com
aquele a que a busca se destina, deverá ser
providenciado um novo mandado. O cum‑
primento da busca e apreensão deverá
ocorrer, necessariamente, durante o dia,
ou seja, das 06 (seis) as 18 (dezoito) horas
ou enquanto houver luz do dia. Embora o

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CPP indique a possibilidade de apreensão
de cartas, a CRFB/88 é clara ao garantir
o sigilo da correspondência. Assim: cartas
abertas são documentos, porém cartas fe‑
chadas são invioláveis, não podendo ocor‑
rer sua apreensão.

INQUÉRITO POLICIAL

656 Inquérito Policial é procedimento adminis-


trativo, pré‑processual, dispensável, cujas
principais características são: inquisitório
(não há ampla defesa, nem contraditório),
discricionário (cabe à autoridade policial
verificar a necessidade, possibilidade e uti‑
lidade das diligências, art. 14 CPP), sigiloso
(mas o advogado tem acesso aos elemen‑
tos já documentados nos autos de inqué‑
rito–Súmula Vinculante 14 e art. 7o., XIV,
do EOAB) e indisponível (a autoridade po‑
licial não poderá mandar arquivar autos de
inquérito).

657 Nas infrações de ação penal pública incon‑


dicionada, o inquérito poderá ser instaura‑
do de ofício, a requerimento do ofendido
ou de quem tenha qualidade para represen‑
tá‑lo, por requisição do juiz ou MP, ou por
notícia de qualquer pessoa do povo. Entre‑

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tanto, em crimes de ação penal privada e
pública condicionada à representação, sua
instauração depende, necessariamente, de
manifestação do ofendido ou de quem te‑
nha qualidade para representá‑lo.

658 A notitia criminis inqualificada (ou denún‑


cia anônima), de per si, é considerada pelos
tribunais superiores como fundamento in‑
suficiente capaz de ensejar, por si só, a ins‑
tauração de inquérito policial. Assim, não
será possível a instauração de inquérito ou
(principalmente) a concessão de cautela‑
res ou ajuizamento da ação penal com base
exclusivamente em denúncia anônima.

659 Se o indiciado, durante seu interrogatório


em sede policial, indicar que deseja estar
acompanhado por advogado e o delegado
insistir em sua oitiva na ausência deste, ha‑
verá nulidade do ato e as informações ali
obtias poderào ser consideradas prova ob‑
tida por meio ilícito (art. 7o., XXI, do EOAB)

660 O indiciamento é ato privativo do delegado


de polícia, motivo pelo qual juízes e mem‑
bros do MP não podem requisitar indicia‑
mento e, caso o façam, haverá constrangi‑
mento ilegal sanável via habeas corpus. Mas

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para que haja indiciamento de detentores
de foro por prerrogativa de função, será
necessária autorização do tribunal compe‑
tente para o processo e julgamento.

661 A denúncia independe de prévio indicia‑


mento, e, caso este ocorra por parte do
delegado, não gera vinculação quanto à
opinio delicti a ser formada pelo Ministé‑
rio Público.

662 O inquérito policial é dispensável. O Minis‑


tério Público poderá, assim, oferecer de‑
núncia independentemente da existência
de inquérito policial. Neste caso, deverá
formar a opinio delicti através de outras pe‑
ças de informação, das quais será extraída
a justa causa para a ação penal. Justa cau‑
sa é o lastro probatório mínimo (prova da
existência do crime e indícios suficientes
de autoria), extraído de peças de informa‑
ção, evitando‑se uma acusação temerária.
Se a denúncia for recebida sem justa causa,

663 Se o Ministério Público apresenta promo‑


ção pelo arquivamento do inquérito poli‑
cial e o juiz, enquanto fiscal do princípio da
obrigatoriedade, concordar com a mesma,
o inquérito será arquivado, sendo esta de‑

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cisão irrecorrível. Caso o juiz discorde do
arquivamento, ele remeterá os autos ao
Procurador Geral, que poderá insistir no
arquivamento do inquérito policial, ofere‑
cer ele mesmo a denúncia ou designar ou‑
tro promotor para oferecer denúncia.

664 O arquivamento do inquérito policial é ato


administrativo complexo ou composto que,
em regra, não faz coisa julgada, podendo
o delegado, diante de notícias de novas
provas, realizar novas pesquisas (art. 18 do
CPP), ou ainda, surgindo provas substan‑
cialmente novas, vir o Ministério Público
a oferecer denúncia (súmula 524 do STF).
Contudo, se a promoção de arquivamento
estiver fundada na atipicidade da condu‑
ta ou em causa extintiva da punibilidade,
em caráter excepcional, este arquivamen‑
to fará coisa julgada material, não se apli‑
cando a súmula 524 do STF.

665 De acordo com posicionamento jurispru‑


dencial é vedada a utilização de inquéri‑
tos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena base (Súmula 444 do STJ).
Tal entendimento decorre do princípio da
presunção de inocência.

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666 A representação do ofendido e a requisi‑


ção do Ministro da Justiça, em crimes de
ação penal pública condicionada, confi‑
guram condição específica de procedibili‑
dade, sem a qual o Ministério Público não
poderá oferecer denúncia. Contudo, o cri‑
tério é objetivo, motivo pelo qual oferecida
a representação ou a requisição em face de
determinada pessoa, o Ministério Público,
verificando existentes os indícios de auto‑
ria em face de outras pessoas, poderá de‑
nunciar todas.

667 A representação é retratável até o ofe‑


recimento da denúncia (art. 25 do CPP),
podendo ainda a vítima retratar‑se da re‑
tratação, desde que dentro do prazo deca‑
dencial de 6 (seis) meses. Contudo, exce‑
ção ocorre no art. 16 da Lei Maria da Penha
(Lei 11.340/2006), que permite, quando a
infração for de ação pública condicionada,
a retratação da representação na presen‑
ça do juiz, em audiência especial, até o re‑
cebimento da denúncia. Também é exce‑
ção o art. 79 da Lei 9.099/95, que prevê,
nos Juizados Especiais Criminais, uma nova
tentativa de conciliação no início da audi‑
ência de instrução e julgamento, quando a
denúncia já foi oferecida, porém ainda não
foi recebida; assim, neste caso a retratação

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da representação também poderá ocorrer
até o recebimento da denúncia.

668 A ação penal privada é indivisível, assim, a


vítima deverá oferecer queixa contra todos
os autores do crime; da mesma forma que
a renúncia ao direito de queixa em favor
de um a todos aproveita (arts. 48 e 49 do
CPP). Caso o processo em crime de ação
penal privada já esteja instaurado e a víti‑
ma querelante ofereça o perdão a um dos
querelados, a oferta do perdão se esten‑
derá aos demais, embora somente produ‑
za efeitos em relação àqueles que o acei‑
tarem (art. 51 do CPP).

669 É concorrente a legitimidade do ofendido,


mediante queixa, e do Ministério Público,
através de denúncia, desde que presente
a representação do ofendido, nos crimes
contra a honra de servidor público no exer‑
cício de suas funções (Súmula 714 do STF).
Ou seja, no caso de calúnia, difamação ou
injúria contra o servidor público em razão
de suas funções, o servidor poderá ofere‑
cer a representação para que o MP ofereça
denúncia ou, se preferir, poderá contratar
um advogado para oferecer queixa.

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670 A ação penal privada subsidiária da pública


somente será possível diante da inércia do
MP. Contudo, oferecida a queixa subsidiá‑
ria, o crime ainda detém natureza de crime
de ação penal pública, ou seja, na ação pe‑
nal privada subsidiária da pública vigora o
princípio da indisponibilidade. Por tal mo‑
tivo, impossível, neste caso, perdão ou pe‑
rempção (art. 29 do CPP, parte final).

671 A ação penal privada é disponível, poden‑


do a vítima desistir da pretensão deduzida
através do perdão ou da perempção. Caso
o querelante (vítima), em alegações finais
ou memoriais, se manifeste pela absolvição
do querelado (réu), o juiz não poderá nem
absolver, nem condenar, devendo, neces‑
sariamente, julgar perempta a ‘ação penal’
(art. 60, inc. III, parte final, do CPP).

672 O oferecimento de denúncia por crime


de sonegação fiscal depende da prévia
constituição do crédito tributário através
do regular processo administrativo fiscal,
cuja decisão configura condição de proce‑
dibilidade para a ação penal (Súmula Vin‑
culante 24).

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673 A sentença penal condenatória, após tân‑


sito em julgado, gera título certo, exigível
e líquido para a vítima ou seus sucessores,
que poderão executá-lo perante o juízo cí‑
vel competente, sem prejuízo da liquidação
do plus devido a título de reparação. Em
caso de absolvição na esfera penal, a vítima
ou seus sucessores poderá promover, para
fins de reparação do dano, o processo de
conhecimento na esfera cível, salvo quan‑
do a absolvição estiver fundada na inexis‑
tência material do fato ou em excludentes
de ilicitude.

674 Em caso de condenação no processo cri‑


minal, a sentença condenatória trânsita em
julgado forma título executivo judicial cível
para a vítima. O art. 387, IV, do CPP dispõe
que o juiz, ao proferir a sentença condena‑
tória, deve fixar o quantum debeatur míni‑
mo, sem prejuízo de que a vítima busque a
liquidação da sentença no tocante ao valor
que considerar devido no juízo cível compe‑
tente. Contudo, a fixação do valor mínimo
de reparação na sentença penal condena‑
tória somente será possível em crimes pra‑
ticados após a vigência da Lei 11.719/2008,
que deu nova redação ao inciso IV do art.
387 do CPP, que configura norma híbrida
– de direito material e processual – mais

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gravosa ao réu, de sorte que não pode re‑
troagir. Além disso, para que seja fixado na
sentença valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração é necessário
pedido expresso do ofendido ou do Minis‑
tério Público e a concessão de oportunida‑
de de exercício do contraditório pelo réu.

675 São da competência da justiça federal as


infrações praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, EXCLUÍDAS as contravenções,
que são julgadas pela justiça estadual. As‑
sim, ainda que haja conexão entre um crime
federal e uma contravenção, haverá sepa‑
ração dos processos, o crime federal será
julgado pela justiça federal e a contraven‑
ção pela estadual.

676 A regra no processo penal é de que a com-


petência seja fixada pelo lugar da consu-
mação do crime (locus comissi delicti). O
domicílio do réu somente será utilizado em
hipóteses excepcionais, são elas: quando o
lugar da infração for desconhecido; e nos
crimes de ação penal privada, em que o
domicílio do réu é foro de eleição, ou seja,
a vítima, ao oferecer queixa, pode esco‑

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lher entre o lugar da infração e o domicí‑
lio do réu.

677 Apesar do disposto no art. 70 do CPP (“A


competência será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que
for praticado o último ato de execução”), nos
crimes plurilocais, doutrina e jurisprudên‑
cia entendem justificável a eleição do foro
em que ocorreram os atos executórios do
delito, em prol da correta apuração dos fa‑
tos e produção de provas, bem como em
garantia da busca da verdade real.

678 A conexão, prevista no artigo 76 do CPP,


ocorre nas hipóteses em que duas ou mais
infrações são praticadas, possuindo, entre
elas, um mesmo nexo causal. Enquanto isso,
a continência (art. 77 do CPP) ocorre quan‑
do temos uma única infração (apenas uma
ação ou omissão) e esta produz vários re‑
sultados, ou ainda quando foi praticada por
várias pessoas, sendo estas acusadas pela
mesma infração. Tanto a conexão quanto
a continência são causas de modificação e
prorrogação da competência, acarretando
a unidade de processo e julgamento (art.
79 do CPP).

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679 Havendo conexão entre um crime doloso


contra a vida e outro que não o seja, pre‑
valecerá a competência do Tribunal do Júri
para o processo e julgamento de ambos os
delitos. Mas se não houver crime doloso
contra a vida dentro os praticados, o crime
mais grave atrairá os demais para junto de si.

680 Havendo conexão entre um crime eleito‑


ral e um crime de competência da Justiça
Federal ou Estadual, prevalecerá a compe‑
tência da Justiça Eleitoral. Se houver co‑
nexão entre crime federal e estadual, pre‑
valecerá a competência da Justiça Federal
que, em relação à estadual, guarda espe‑
cialidade (art. 78, IV, do CPP).

681 A competência do Tribunal do Júri para o


processo e julgamento dos crimes dolosos
contra a vida encontra‑se garantida na pró‑
pria Constituição Federal (art. 5º, XXXVIII),
prevalecendo esta no caso de crimes do‑
losos contra a vida praticados por militares
contra civis, ainda que durante o exercício
da função.

682 Prefeitos possuem prerrogativa de fun‑


ção para o Tribunal de Justiça do Estado
no qual exercem o mandato (art. 29, X, da

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CRFB/88). Contudo, no caso do prefeito
praticar crime federal ou eleitoral, será o
mesmo julgado perante o TRF ou TRE, con‑
forme o caso (Súm. 702 do STF).

683 Juízes Federais são julgados, seja por cri‑


mes federais ou estaduais, no TRF em que
exerce sua função. Da mesma forma, Juí‑
zes Estaduais e membros do MP estadual
são julgados no TJ em que atua, ainda que
o crime seja federal. Contudo, se um juiz,
federal ou estadual (ou membro do MP es‑
tadual), praticar crime eleitoral, será o mes‑
mo julgado perante o TRE do Estado em
que exerce a função.

684 Compete à justiça federal processar e jul‑


gar o crime de redução à condição análo‑
ga à de escravo (CP, art. 149), que, embora
configure criem contra a liberdade indivi‑
dual, acarreta ofensa direitos humanos e a
organização do trabalho.

685 “Compete ao foro do local da recusa pro‑


cessar e julgar o crime de estelionato me‑
diante cheque sem provisão de fundos”
(Súmula 244 do STJ). Mas devemos ter
muito cuidado com certas pegadinhas!!!
Imagine uma questão de prova que indi‑

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que que o indivíduo tenha, num estabele‑
cimento comercial, efetuado o pagamen‑
to da compra com um cheque que, ao ser
compensado, foi devolvido porque a conta
bancária já se encontrava, há tempos (e na
data da compra), encerrada... Neste caso,
não estaremos diante do crime de emissão
de cheques sem a suficiente provisão de
fundos (ou melhor: fraude no pagamento
por meio de cheque), previsto no art. 171,
inciso VI, do CP; mas sim do crime de es‑
telionato previsto no caput do art. 171.

686 Se o crime é o de estelionato simples, a


competência dar-se-á pelo local da consu‑
mação do estelionato praticado, portanto,
do local em que a compra foi efetuada com
a prática do referido ardil.

687 Questão prejudicial é questão de valora‑


ção jurídica, que interfere diretamente no
mmérito da causa, podendo existir auto‑
nomamente. As questões prejudiciais po‑
dem ser homogêneas (aquelas que podem
ser decididas pelo próprio juiz criminal) ou
heterogêneas (de competência de outro
juízo). São prejudiciais heterogêneas de
suspensão obrigatória aquelas que versam
sobre o estado das pessoas (capacidade,

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estado civil ou cidadania). Exempo de pre‑
judicial de suspensão obrigatória ocorre
nos casos em que réu acusado pelo crime
de bigamia alega a anulação do casamento
anterior; neste caso, deverá o juiz criminal,
obrigatoriamente, suspender o processo
criminal para aguardar a decisão cível so‑
bre a anulação do casamento anterior. Nos
casos em que o processo é suspenso, ocor‑
rerá também a suspensão do prazo pres‑
cricional (art. 116 do CP).

688 As exceções são consideradas um meca‑


nismo de defesa indireta, que pode acar‑
retar a extinção do processo (exceções
peremptórias) ou simplesmente dilatar o
seu procedimento (exceções dilatórias),
devendo a parte opor a exceção no prazo
da resposta à acusação (art. 396 do CPP),
salvo quando o motivo que lhe der causa
for superveniente.

689 São hipóteses de exceção: suspeição, in‑


competência de juízo, litispendência, ile‑
gitimidade de parte, coisa julgada. A ar‑
guição de suspeição precederá a qualquer
outra, salvo quando fundada em motivo
superveniente.

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690 Impedimento e suspeição diferenciam‑se


em razão do nível de comprometimento
que o juiz tem com a causa, a afetar sua im‑
parcialidade. No impedimento, de caráter
objetivo (ex. grau de parentesco até ter‑
ceiro grau), a presunção de parcialidade é
absoluta, sendo o rol do art. 252 do CPP
taxativo. Já a suspeição se refere a ques‑
tões de foro íntimo, em que a presunção
é relativa, sendo o rol do art. 254 do CPP
apenas exemplificativo.

691 Pode‑se arguir a suspeição de juízes, mem‑


bros do Ministério Público e serventuários
e auxiliares da justiça, porém não é possível
arguir a suspeição de delegados de polícia.

692 No processo penal existem três tipos de


medidas assecuratórias: o sequestro, o ar‑
resto e a hipoteca legal. O sequestro é a
medida que torna indisponíveis bens imó‑
veis ou móveis provenientes da prática de
um crime. A finalidade do sequestro é ga‑
rantir a indenização ao lesado ou assegurar
que o réu não venha auferir ganho com a
prática criminosa.

693 O juiz, de ofício, a requerimento do Minis‑


tério Público ou do ofendido, ou median‑

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te repreesentação da autoridade policial,
poderá ordenar o sequestro, em qualquer
fase do processo ou ainda antes de ofere‑
cida a denúncia ou queixa, desde que haja
existência de indícios veementes da prove‑
niência ilícita dos bens. O sequestro autu‑
ar‑se‑á em apartado e admitirá embargos
de terceiro.

694 Como se trata de medida cautelar, se a


ação penal (denúncia ou queixa) não for in‑
tentada em 60 (sessenta) dias, o sequestro
perderá o objeto e será levantado. O se‑
questro será ainda levantado se o terceiro
a quem tiverem sido transferidos os bens
prestar caução ou se for julgada extinta a
punibilidade ou absolvido o réu, por sen‑
tença transitada em julgado.

695 A hipoteca legal e o arresto têm finalidade


diretamente relacionada à reparação dos
danos sofridos pela vítima. Através da hipo‑
teca legal, bens imóveis em nome do réu,
ainda que obtidos de forma lícita, tornam‑
-se indisponíveis, em proporção ao possí‑
vel dano material e/ou moral a ser futura‑
mente apurado em favor do ofendido. O
arresto tem por objetivo a constrição de
bens móveis (diferentemente da hipoteca

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legal, que recai sobre imóveis) pertencen‑
tes ao agente, de forma a também garantir
a satisfação da pretensão indenizatória do
ofendido, salvo nos casos em que o arresto
é determinado como medida preparatória
da hipoteca legal; neste caso, a inscrição
da hipoteca legal deverá ser determinada
dentro de 15 dias, sob pena de revogação
do arresto decretado.

696 Nos crimes de lavagem de capitais (Lei


9.613/98), o juiz, de ofício, a requerimento
do Ministério Público ou mediante repre‑
sentação do delegado, ouvido o Ministé‑
rio Público em 24 horas, poderá decretar
medidas assecuratórias de bens, direitos
ou valores do investigado ou acusado ou
de terceiros. Para a liberação total ou par‑
cial dos bens, direitos e valores deverá ser
comprovada a licitude de sua origem, mas
nenhum pedido de liberação será conhe‑
cido sem o comparecimento pessoal do
acusado ou interposta pessoa (art. 3o., §§
2o e 3o, da Lei 9.613/98).

697 O assistente de acusação é a vítima, que,


através de advogado, pede ao juiz para ser
habilitada nos autos, de forma a ser inti-
mada e participar de todos os atos proces-

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suais, já que possui a intenção de buscar,
posteriormente, a reparação do dano. Têm
legitimidade para figurar como assistente
de acusação a vítima ou seus sucessores
(art. 31 do CPP).

698 Da decisão que indefere a habilitação do


assistente de acusação não cabe recurso,
porém, o entendimento majoritário é o de
que cabível mandado de segurança. Cor-
réus não podem figurar como assistente
de acusação.

699 O exame de corpo de delito é, em regra,


realizado em fase de inquérito policial, pois
deve ser feito o mais rapidamente possível,
de forma a evitar o desaparecimento dos
vestígios do crime. Por isso submete-se a
contraditório diferido (ou postergado), ou
seja, o laudo pericial será, com o ofereci‑
mento da denúncia, submetido às partes,
garantindo-se, assim, o contraditório e a
ampla defesa.

700 Vigora em nosso ordenamento jurídico o


sistema do livre convencimento motiva‑
do, inexistindo hierarquia entre as provas.
Desta forma, juízes podem ou não valer‑
-se do laudo pericial na formação de seu

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convencimento, desde que fundamente
sua decisão nas demais provas dos autos
(art. 182 CPP).

701 Como exceção, é admitido o interrogatório


por videoconferência (art. 185, CPP), desde
que em decisão fundamentada, justifican‑
do-a: o risco à segurança pública, se houver
suspeita de que o preso integre organiza‑
ção criminosa ou de que possa fugir durante
o deslocamento; a necessidade de garan‑
tir a participação do réu ao ato processual,
quando o réu for enfermo ou possua outra
circunstância pessoal que dificulte ou im‑
peça seu comparecimento; para impedir
a influência do réu no ânimo de testemu‑
nha ou da vítima; ou ainda para responder
à gravíssima questão de ordem pública.

702 Quando o crime deixa vestígios é indispen‑


sável o corpo de delito, direto ou indireto
(art. 158, CPP). Corpo de delito indireto é
a prova testemunhal que supre o corpo de
delito direto, ou seja, são as testemunhas
que presenciaram os vestígios do crime
podendo confirmá‑los (art. 167 do CPP:
Não sendo possível o exame de corpo de
delito, por haverem desaparecido os ves‑

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tígios, a prova testemunhal poderá suprir‑
-lhe a falta).

703 O art. 241 do CPP, que trata da busca domi‑


ciliar, não foi completamente recepciona‑
do pela CF/88. A busca domiciliar depende
de ordem judicial, ainda que na presença do
delegado de polícia (art. 241, CPP, c/c art
5º, XI, CF), devendo o mandado ser o mais
determinado possível e seu cumprimento
deverá se dar durante o dia.

704 A prisão preventiva somente será possível


nos crimes com pena máxima em abstrato
de até 04 anos, salvo nos casos de reinci‑
dência, violência doméstica e familiar con‑
tra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas
de urgência e quando houver dúvida so‑
bre a identidade civil da pessoa ou quando
esta não fornecer elementos suficientes
para esclarecê‑la, devendo o preso ser co‑
locado imediatamente em liberdade após
a identificação (art. 313, CPP).

705 No flagrante preparado, o policial ou ter‑


ceiro induz o agente a praticar o delito e,
ao mesmo tempo, toma providências para

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evitar a consumação. Assim, no flagrante
preparado o autor do fato age motivado
por obra do provocador, sem o qual não
haveria a prática daquela suposta condu‑
ta. E se a intenção do agente não é natu‑
ral, uma vez que induzida pelo provocador,
inexiste o crime e a prisão é ilegal (Súm.
145 do STF).

706 Ausentes os pressupostos da prisão pre‑


ventiva, o juiz deverá conceder ao preso
em flagrante liberdade provisória, com ou
sem fiança, aplicando cumulativamente,
se entender cabível, as medidas cautelares
não prisionais previstas no art. 319 do CPP.

707 Crimes hediondos e equiparados são ina‑


fiançáveis, portanto, inadmissível a liberda‑
de provisória mediante fiança. Contudo, a
inafiançabilidade não é sinônimo de prisão
necessária, uma vez que, estando ausentes
os pressupostos da prisão preventiva, será
possível a concessão da liberdade provisó‑
ria prevista no art. 321 do CPP e consti‑
tucionalmente garantida. Ressalte‑se que
o STF declarou a inconstitucionalidade da
vedação à liberdade provisória prevista no
art. 44 da Lei de Tóxicos.

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708 Regra geral, documentos poderão ser jun‑


tados aos autos a qualquer tempo até sen‑
tença. A única ressalva ocorre no art. 479
do CPP, que determina que no plenário do
Júri não será permitida a leitura de docu‑
mento ou exibição de objeto que não tiver
sido juntado aos autos com antecedência
mínima de TRÊS DIAS do início da sessão.
E o documento, imagem, objeto, quadros,
laudos, gravações, notícias de jornais, o que
quer que seja, além de não ser juntado aos
autos, não poderá sequer ser mencionado
durante o julgamento. Caso contrário, a
prova será ilegítima, e ensejará a nulidade
do julgamento.

709 Durante os debates do júri, não se admi‑


tem referências, sob pena de nulidade: a)
à decisão de pronúncia, às decisões poste‑
riores que julgaram admissível a acusação
ou à determinação do uso de algema como
argumento de autoridade que beneficiem
ou prejudiquem o acusado; b) ao silêncio do
acusado; c) à ausência de interrogatório.

710 No procedimento do Tribunal do Júri, é


possível que a competência do julgamento
seja modificada em razão do desaforamen‑
to (art. 427 CPP), que pode ser requerido

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pelas partes, pelo assistente de acusação
ou por representação do juiz e dependerá
de decisão do Tribunal. Pode ocorrer por:
interesse da ordem pública, dúvida sobre
a imparcialidade do júri ou sobre a segu‑
rança pessoal do réu e, ainda, em razão do
comprovado excesso de serviço, quando o
julgamento não puder ser realizado no pra‑
zo de 6 meses, contados da preclusão da
decisão de pronúncia. Lembre‑se, entre‑
tanto, que é nula a decisão que determina
o desaforamento sem audiência da defesa
(Súm. 712 do STF).

711 Não se aplica o art. 366 do CPP aos pro‑


cessos por lavagem de capitais. Assim, se o
réu acusado por lavagem de dinheiro é cita‑
do por edital, não comparece e não manda
advogado, o juiz nomeará defensor públi‑
co e prosseguirá com o processo (art. 2o.,
§ 2o., da Lei 9.613/98).

712 Em razão do princípio da ampla defesa,


que depende da satisfação da autodefesa
e da defesa técnica, é indispensável a inti‑
mação pessoal do réu para ciência de sen‑
tença condenatória, sob pena de nulidade
absoluta, não sendo a mesma dispensada
quando o defensor foi intimado. Somente

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é possível a intimação da sentença por edi‑
tal de réu não encontrado, que não estava
preso. Assim, o prazo para a apelação (art.
593 do CPP) é contado, para o defensor,
da data em que este foi intimado, mas há
também o prazo para o réu, que pode inter‑
por o recurso por termo nos autos, tendo
seu próprio prazo, contado da data de sua
própria intimação. Assim, no processo pe‑
nal, o recurso defensivo pode ser interpos‑
to pelo próprio réu, que possui capacidade
postulatória para tal, ou por seu advogado,
sendo certo que “a renúncia do réu ao di‑
reito de apelação, manifestada sem a assis‑
tência do defensor, não impede o conhe‑
cimento da apelação por este interposta”
(Súm. 705 do STF).

713 Sentença suicida é aquela em que há con‑


tradição entre a fundamentação e a parte
dispositiva, ensejando a oposição de em‑
bargos de declaração. Já a sentença vazia
é aquela em que está ausente a fundamen‑
tação, sendo, portanto, considerada nula.

714 Na emendatio libelli, a denúncia se encontra


adequada aos fatos, apresentando apenas
um erro na tipificação ou qualificação ju‑
rídica, sendo permitido ao juiz operar uma

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correção ou emenda. Assim, Emendatio Li-
belli é o ato permitido ao juiz de, na sen‑
tença, corrigir eventual erro na classifica‑
ção do crime apresentada na denúncia ou
queixa. O juiz faz a correção independen‑
temente de qualquer dili­ gência, mesmo
que tenha que aplicar pena mais grave. O
réu não se defende da tipificação indica‑
da pelo órgão de acusação, e sim dos fa‑
tos narrados. Da mesma forma, o juiz julga
os fatos e não o número do artigo indica‑
do na inicial. Na emendatio, os fatos estão
corretamente narrados, portanto, deles o
réu pôde se defender e o juiz poderá julgar.
(art. 383, CPP).

715 Mutatio significa mudança, indicando que,


na instrução criminal, fase de colheita de
provas durante o processo, fica demons‑
trado que os fatos praticados pelo agente
são diferentes daqueles narrados na exor‑
dial. Desta forma, a Mutatio Libelli ocorrerá
quando, no curso da instrução processual,
surgir prova de elementar ou circunstância
não contida na peça acusatória, portanto,
os fatos provados são diversos daquele in‑
dicado na exordial. Nesse caso, deverá o
Ministério Público aditar a denúncia, com
posterior oitiva da defesa, respeitando-se
assim o contraditório, a ampla defesa e o

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sistema acusatório. Caso o promotor, mes‑
mo diante das novas provas, não promova
o aditamento, o juiz deverá aplicar o art. 28
do CPP (art. 384, CPP).

716 Constitui nulidade a falta de intimação do


denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da de‑
núncia, não a suprindo a nomeação de de‑
fensor dativo (Súm. 707 do STF).

717 Salvo quando nula a decisão de 1º grau, o


acórdão que provê o recurso contra a re‑
jeição da denúncia vale, desde logo, pelo
recebimento dela (Súm. 709 do STF). O
acórdão que dá provimento ao recurso
substitui a decisão reformada, neste caso
dando por recebida a peça acusatória. As‑
sim, naquele momento, restando recebida
a denúncia, incidirá a causa interruptiva da
prescrição, nos termos do art. 117, I, CP.

718 Em regra, a apelação é plena, devolvendo


ao tribunal toda a matéria, dependendo
apenas de quem interpõe o recurso. Quan‑
do somente a defesa recorre, está proibi‑
da a reformatio in pejus, não podendo a si‑
tuação do réu ser agravada. Ainda que haja
reconhecimento de nulidade por parte do

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tribunal, sendo o processo devolvido à 1a.
instância para renovação dos atos, se so‑
mente o réu recorreu, não poderá o mes‑
mo ser prejudicado por seu recurso, moti‑
vo pelo qual também é vedada a reformatio
in pejus indireta.

719 Na apelação interposta contra sentença


proferida pelo tribunal do júri, deve‑se de‑
limitar, na interposição, a alínea que fun‑
damenta a apelação. (Caberá apelação no
prazo de 5 dias: III – das decisões do Tri‑
bunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade
posterior à pronúncia; b) for a sentença do
juiz-presidente contrária à lei expressa ou
à decisão dos jurados; c) houver erro ou in‑
justiça no tocante à aplicação da pena ou da
medida de segurança; d) for a decisão dos
jurados manifestamente contrária à prova
dos autos.). Trata-se de apelação limitada,
conforme dispõe a súmula 713 do STF.

720 De forma a preservar a soberania dos vere‑


dictos, se o Tribunal entender, após recurso
interposto com base no art. 593, III, d, do
CPP, que a decisão dos jurados é contrária
à prova dos autos, baixará o processo para
que se proceda a novo julgamento peran‑
te o Júri, do qual participarão outros jura‑

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dos. Contudo, deste novo julgamento não
poderá ser interposta nova apelação pelo
mesmo motivo (art. 593, § 3º, CPP).

721 No Processo Penal, o prazo para oposi‑


ção dos embargos de declaração, tanto de
sentença quanto de acórdão, é de 2 (dois)
dias, e diante da omissão do CPP, aplica‑se
subsidiariamente o CPC, portanto, opos‑
tos os embargos, o prazo para interposição
do outro recurso cabível é interrompido.
No caso de embargos em sede de Juizado
Especial Criminal o prazo é de 05 (cinco)
dias, sendo também interrompido o prazo
para a apelação (art. 83 da Lei 9.099/95).

722 A proposta de transação penal e de sus‑


pensão condicional do processo, majorita‑
riamente, são consideradas mitigação dos
princípios da obrigatoriedade e da indis‑
ponibilidade da ação penal pública, ou dis‑
cricionariedade do MP, motivo pelo qual o
juiz não pode aplicá‑las de ofício. Não ofe‑
recendo o promotor de justiça a proposta,
e entendendo o juiz ser a mesma cabível,
deverá este remeter a questão ao Procu‑
rador-Geral, aplicando-se por analogia o
art. 28 do CPP (Súm. 696 do STF). “A ho‑
mologação da transação penal prevista no

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artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláu‑
sulas, retoma-se a situação anterior, pos‑
sibilitando-se ao Ministério Público a con‑
tinuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de
inquérito policial.” (Súmula Vinculante 35)

723 A citação nos Juizados Especiais Criminais


é pessoal. Havendo necessidade de citação
por edital, haverá deslocamento da com‑
petência para o juízo comum, onde o juiz
adotará o rito sumário (art. 538 do CPP),
mas observará, ainda assim, os institutos da
conciliação, transação penal e suspensão
condicional do processo.

724 A competência para a execução penal é do


juízo estadual da Vara de Execuções Penais
do local em que se situa o estabelecimen‑
to penitenciário onde o condenado cum‑
pre a pena, mesmo que a condenação te‑
nha ocorrido pela Justiça Federal, Militar
ou Eleitoral. Contudo, o acompanhamento
da execução, quando da transferência de
presos para presídio federal de segurança
máxima, caberá ao Juízo Federal da locali‑
dade em que se situar referido estabeleci‑
mento (Súm. 192 do STJ).

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725 É vedada a progressão per saltum (Súm.


491 do STJ). Ou seja, um condenado que
cumpre pena no regime fechado não pode
progredir para o aberto diretamente, ainda
que o tempo de pena seja suficiente para
isso. Será preciso, portanto, passar para o
semi‑aberto e só depois para o aberto.

726 Entendem os Tribunais, através das súmulas


vinculantes 26 e 439 do STJ, ser facultativa
a determinação do exame criminológico, a
qual dependerá de decisão fundamentada
nos critérios subjetivos do caso concreto.

727 Súmula Vinculante 56: “A falta de estabe‑


lecimento penal adequado não autoriza a
manutenção do condenado em regime pri‑
sional mais gravoso, devendo-se observar,
nessa hipótese, os parâmetros fixados no
RE 641.320/RS.” Tais parâmetros incluem:
os juízes da execução poderão avaliar os
estabelecimentos para qualificação como
adequados, ainda que não se enquadrem no
conceito de colônia agrícola ou industrial
(regime semiaberto) ou casa de albergado
(regime aberto); havendo déficit de vagas,
deverá determinar-se: 1) a saída antecipa‑
da de sentenciado no regime com falta de
vagas; 2) a liberdade eletronicamente mo‑

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nitorada ao sentenciado que sai antecipa‑


damente ou é posto em prisão domiciliar
por falta de vagas; 3) o cumprimento de
penas restritivas de direito e/ou estudo ao
sentenciado que progride ao regime aber‑
to. Até que sejam estruturadas as medidas
indicadas, poderá ser deferida a prisão do‑
miciliar ao sentenciado.

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CAPÍTULO 11

DIREITO
TRIBUTÁRIO
JOSIANE MINARDI / EDUARDO SABBAG

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728 Tributo: O tributo é uma prestação pecu‑


niária arrecadada pelo Estado, no uso de
seu poder de império, com a finalidade de
atender os gastos públicos, cujo conceito
encontra-se no artigo 3º do CTN: “Art. 3º
Tributo é toda prestação pecuniária com-
pulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção
de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plena-
mente vinculada.”

729 Segundo entendimento do STF há cinco


espécies tributárias no ordenamento jurídi‑
co brasileiro: I) impostos, II) taxas, III) con‑
tribuições de melhoria, IV) contribuições e
V) empréstimo compulsório. O artigo 149
divide as contribuições em três modalida‑
des: I) Contribuição Social; II) Contribui-
ção de Intervenção no Domínio Econômi-
co (CIDE); III) Contribuição de interesse
de categoria profissional ou econômica.
E o art. 149-A da CF traz a Contribuição
para custeio do serviço de iluminação pú‑
blica – COSIP.

730 As taxas podem ser criadas, por qualquer


ente federativo, por meio de lei ordinária
em duas hipóteses: I) exercício regular do

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poder de polícia; II) utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou pos-
to à sua disposição.

731 As taxas não podem ter base de cálculo


idêntico à dos impostos e nem serem cal‑
culadas em função do capital social da em‑
presa. No entanto, deve-se destacar que o
STF entende que pode haver um ou mais
elementos da base de cálculo dos impos‑
tos, desde que não haja identidade integral
entre uma base e outra.

732 A contribuição de melhoria poderá ser ins‑


tituída por qualquer um dos Entes Federa‑
tivos, que poderão instituí-la por meio de
lei ordinária. Trata-se de tributo instituído
em virtude da realização de obra pública
que, de maneira geral, valoriza os imóveis
da região abrangida pela obra. Com essa
valorização, o ente federativo que reali‑
zou a obra poderá exigir contribuição de
melhoria das pessoas proprietárias desses
imóveis, desde que observe dois limites: li‑
mite individual e limite global.

733 O Empréstimo Compulsório trata-se de


tributo de competência da União, que só

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pode ser instituído por meio de Lei Comple-
mentar. Há duas hipóteses para sua institui‑
ção: I) para atender a despesas extraordi‑
nárias, decorrentes de calamidade pública,
de guerra externa ou sua iminência; II) no
caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional.

734 O Art. 149 da CF divide as contribuições


em três modalidades, I) Contribuição So‑
cial; II) Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (CIDE); III) Contribui‑
ção de interesse de categoria profissional
ou econômica. E o art. 149-A da CF traz a
Contribuição para custeio do serviço de ilu‑
minação pública – COSIP. A competência
das contribuições, via de regra, é da União.
No entanto, há duas exceções: I) Trata-se
da contribuição social previdenciária do
servido público, que será instituída pelo
ente federativo a que pertence o servidor
público, nos termos do art. 149, § 1º da CF;
II) Outra exceção consiste na COSIP, que
será instituída pelos Municípios e Distrito
Federal, nos termos do art. 149-A da CF.

735 As espécies tributárias serão inseridas no


ordenamento jurídico pelo exercício da
competência tributária. Competência tri-

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butária é a outorga de poder concedido
pela Constituição Federal aos Entes Fede‑
rativos para que eles possam instituir e ma-
jorar tributos.

736 A competência tributária é indelegável,


uma vez que o Ente Federativo não poderá
transferir a sua competência tributária para
nenhum outro Ente. Assim, se a Constitui‑
ção outorgou poder para a União instituir
o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), apenas ela poderá instituir esse im‑
posto, mais ninguém.

737 Enquanto a competência tributária, que


consiste na criação e majoração de tributo,
é indelegável, as funções administrativas
de arrecadar, fiscalizar tributos e executar
leis, que compreendem a capacidade ativa
tributária, podem ser delegadas. Exemplo
é o caso do Imposto Territorial Rural (ITR)
cuja competência tributária, ou seja, a com‑
petência para criá-lo, instituí-lo ou majorá‑
-lo é da União, conforme estabelece o art.
153, VI da CF. No entanto, a União poderá
delegar a função de arrecadar e fiscalizar
(a capacidade ativa tributária) aos Municí‑
pios, nos termos do art. 153, § 4º, III da CF.

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738 A competência para legislar sobre o direi‑


to tributário é concorrente entre a União,
Estados e Distrito Federal, de modo que
cabe à União tratar sobre as normas gerais
de direito tributário e aos Estados e Dis‑
trito Federal a competência suplementar.
Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
os Estados exercerão a competência le‑
gislativa plena, para atender a suas pecu‑
liaridades.

739 Os Entes Federativos irão criar, instituir e


majorar os tributos apenas por meio de lei
e, via de regra, por lei ordinária. Existem 4
tributos, todavia, que só podem ser insti‑
tuídos ou majorados por meio de Lei Com-
plementar, que são: a) Contribuição Social
Residual (art. 195,§ 4º da CF); b) Emprés‑
timo Compulsório (art. 148 da CF); c) IGF
(Imposto sobre Grandes Fortunas – art.
153, VII da CF); d) Imposto Residual (art.
154, I da CF).

740 Segundo a literalidade do art. 62, § 2º da


CF a Medida Provisória poderá instituir e
majorar impostos. Deverá, no entanto, ob‑
servar dois requisitos:
I) O Imposto deve ser instituído por meio
de Lei Ordinária, pois o art. 62, § 1º, III

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da CF, veda a MP tratar sobre matérias
reservadas à Lei Complementar.
II) Em se tratando de impostos, excep‑
cionados o Imposto Extraordinário de
Guerra (IEG), Imposto sobre a Impor‑
tação (II), Imposto sobre a Exportação
(IE), Imposto sobre Operações de cré‑
dito, câmbio e seguro, ou relativas a tí‑
tulos ou valores mobiliários (IOF) e Im‑
posto sobre Produtos Industrializados
(IPI), é necessário que a medida provi‑
sória que os criar seja convertida em lei
até o final do exercício financeiro, para
que possa produzir efeitos no exercício
subsequente.

741 Os tributos só podem ser instituídos e ma‑


jorados por meio de lei, em atenção ao
princípio da legalidade. Não se esqueçam
que se considera-majoração de tributo a
modificação da base de cálculo de forma
a torná-lo mais oneroso. Enquanto que a
mera atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo NÃO constitui
majoração de tributo, podendo, portanto
ser realizada por meio de simples Decreto.

742 A Constituição Federal, em seu artigo 153,


§ 1º prevê alguns impostos que podem ter

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as alíquotas alteradas, desde que observa‑
dos os limites e condições estabelecidos
em lei, por meio de ato do Poder Executivo,
o que se dá comumente por decreto presi‑
dencial. São eles: I) Imposto sobre a Impor‑
tação (II); II) Imposto sobre a Exportação
(IE); III) Imposto sobre produtos Industria‑
lizados (IPI); IV) Imposto sobre Operações
de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF).

743 O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também pos‑


sibilita ao Poder Executivo reduzir e res-
tabelecer as alíquotas da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico Com‑
bustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio
de ato próprio, no caso, o decreto presiden‑
cial. E o art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibi‑
lita ao Poder Executivo, por meio de con‑
vênio, reduzir e restabelecer as alíquotas
do ICMS, incidência monofásica, nas ope‑
rações com combustíveis e lubrificantes
previstos em lei complementar federal.

744 Conforme o Princípio da Irretroatividade,


é vedado à União, aos Estados, ao Distri‑
to Federal e aos Municípios cobrar tribu‑
tos em relação a fatos geradores ocorri‑
dos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído. Exceções: I) Primeira

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Possibilidade: quando se tratar de lei ex‑
pressamente interpretativa e desde que
não comine penalidade. (CTN, Art. 106, I);
II) Segunda Possibilidade: Também, no art.
106, II do CTN: a lei tributária poderá re‑
troagir tratando-se de ato não definitiva‑
mente julgado: a) quando deixe de defini-lo
como infração; b) quando deixe de tratá‑
-lo como contrário a qualquer exigência
de ação ou omissão, desde que não tenha
sido fraudulento e não tenha implicado em
falta de pagamento de tributo; c) quando
lhe comine penalidade menos severa que
a prevista na lei vigente ao tempo da sua
prática. III) Terceira Possibilidade: previsão
no art. 144, § 1º do CTN: em se tratando de
lançamento tributário, lei que instituir no‑
vos critérios de apuração ou fiscalização,
ampliando os poderes de investigação das
autoridades administrativas.

745 Conforme o Princípio da Anterioridade, o


tributo que for instituído ou majorado em
determinado exercício financeiro, (coinci‑
de com o ano civil, inicia no dia 1º de ja‑
neiro e se encerra no dia 31 de dezembro),
somente poderá ser exigido no próximo
exercício e desde que tenham transcorri‑
dos 90 dias da data da publicação da lei

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que houver instituído ou majorado o tribu‑


to (art. 150, III, “b” e “c” da CF).
As exceções encontram-se nos artigos
150, § 1º, 155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b”
e 195,§ 6º da CF.
a) Tributos que não precisam aguardar
o próximo exercício (não respeitam o
Princípio da Anterioridade) e nem 90
dias (não respeitam o Princípio Nona-
gesimal), ou seja, o tributo pode ser co‑
brado Imediatamente. São eles:
- Imposto extraordinário guerra (IEG);
- Empréstimo Compulsório Guerra ou
Calamidade Pública;
- Imposto sobre Importação (II);
- Imposto sobre Exportação (IE);
- Imposto sobre Operações Finan‑
ceiras (IOF).
b) Existem tributos, no entanto, que não
precisam aguardar o próximo exercício
(não respeitam o Princípio da Anterio-
ridade), mas precisam aguardar 90 dias,
para serem exigidos (respeitam o Prin‑
cípio Nonagesimal), são eles:
- IPI;

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- Casos de redução e restabelecimen-
to das alíquotas da CIDE Combustível e
do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c”
e 177, § 4º, I, “b” da CF;
- Contribuição Social (195,§ 6º da CF).
c) Existem tributos que devem respeitar
o Princípio da Anterioridade (respeitam
o Princípio da Anterioridade do Exercí-
cio), mas não precisam respeitar os 90
dias (não respeitam o Princípio Nona-
gesimal), são:
-IR;
- Alteração de Base de cálculo do IPTU
e do IPVA.

746 Os tributos não podem ter efeito confis‑


catório, ou seja, não podem ser tão eleva‑
dos de modo a inviabilizar o direito de pro‑
priedade. Em que pese a Constituição fazer
menção apenas aos tributos, o STF enten‑
de que as multas tributárias também de‑
vem respeitar o princípio do não confisco.

747 O princípio da uniformidade geográfica


veda a União “instituir tributo que não seja
uniforme em todo o território nacional
ou que implique distinção ou preferência
em relação ao Estado, ao Distrito Federal

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ou ao Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais
destinados a promover o equilíbrio do de‑
senvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do País”.

748 O princípio da capacidade contributiva é


princípio basilar do Direito Tributário e está
preceituado no art. 145, §1º da Constitui‑
ção Federal: art. 145–(...) § 1º–Sempre que
possível, os impostos terão caráter pesso‑
al e serão graduados segundo a capacida‑
de econômica do contribuinte, facultado
à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos indivi‑
duais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas
do contribuinte. Segundo o princípio da
capacidade contributiva, o cidadão tem o
dever de contribuir na exata proporção da
sua capacidade econômica, ou seja, a sua
capacidade de suportar o encargo fiscal.

749 De acordo com o Princípio da Proibição das


Isenções Heterônomas, a União não pode
conceder isenções de tributos estaduais ou
municipais, sob pena de violar o princípio do
pacto federativo. Assim, só pode conceder

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isenção de determinado tributo o Ente Fe‑
derativo que tem competência para a sua
instituição. Quando um Ente Federativo di‑
ferente daquele que detém a competência
para instituir o tributo concede a isenção,
tem-se a isenção heterônoma.
Exceções: ISS sobre serviços prestados no
exterior: O art. 156, § 3º, II da CF prevê
a possibilidade da União, por lei comple‑
mentar, conceder isenção do ISS nas ex‑
portações de serviços. O art. 2º, I da LC nº
116/03 trata sobre a referida isenção.
Tratados e Convenções Internacionais – O
Supremo Tribunal Federal tem o entendi‑
mento pacífico de que os Tratados e Con‑
venções Internacionais PODEM conceder
isenções de tributos estaduais e munici-
pais, visto que a União, ao celebrar o trata‑
do, não se mostra como pessoa política de
Direito Público Interno, mas como pessoa
política internacional.

750 De acordo com o Princípio da Não-Discri-


minação Quanto à Procedência ou Desti-
no, o art. 152 caput da Constituição Fede‑
ral veda aos Estados, Distrito Federal e aos
Municípios estabelecer diferença tributá‑
ria entre bens e serviços, de qualquer na‑
tureza, em razão da procedência ou desti-

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no. Por essa razão não pode o IPVA de um
veiculo importado ser diferente do veícu‑
lo nacional.

751 A imunidade tributária é, em resumo, quan‑


do a constituição veda a criação e a cobran‑
ça de tributos sobre determinadas situa‑
ções ou sobre determinados sujeitos. Não
confunda imunidade com isenção ou não
incidência. A imunidade impede a incidên‑
cia do tributo porque a constituição fede-
ral assim determina. Já a isenção consiste
na lei que determina que certas situações
ou determinados sujeitos não serão tribu‑
tados. A não-incidência abrange as situa‑
ções não descritas na lei como sendo tri‑
butadas. Por exemplo: as bicicletas não são
hipótese de incidência tributária do IPVA.
O legislador estadual estabeleceu como
fato gerador do IPVA os veículos automo‑
tores. Assim as bicicletas não devem pagar
IPVA, pois estão fora do campo de incidên‑
cia tributária, sendo este um caso de não
incidência.

752 As imunidades tributárias alcançam várias


espécies tributárias, como os impostos, ta‑
xas, contribuição social, contribuição de in‑
tervenção no domínio econômico (CIDE).

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Inexistem, todavia, imunidades previstas
para as contribuições de melhoria e em‑
préstimos compulsórios. Existem imunida‑
des genéricas e específicas. As imunidades
genéricas estão previstas no art. 150, VI da
CF e referem-se apenas aos impostos.

753 As imunidades específicas são relativas a


um único tributo, diante de conveniências
especiais, como, por exemplo, a imunidade
do art. 149, § 2º, I da CF que trata sobre a
não incidência da Contribuição Social e da
Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico (CIDE) sobre receitas decor‑
rentes de exportação.

754 As imunidades genéricas estão previstas no


art. 150, VI da CF e referem-se apenas aos
Impostos. As pessoas e situações previstas
no artigo 150, VI da CF não devem pagar
apenas os impostos, devendo pagar as de‑
mais espécies tributárias, como as taxas,
contribuição de melhoria, contribuições e
empréstimo compulsório. Por isso, é pos‑
sível afirmar que quem tem imunidade ge‑
nérica tem sorte na vida, sorte de não pa‑
gar imposto!!

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755 A imunidade tributária recíproca, veda a


União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios de instituírem impostos sobre
o patrimônio, renda e serviços um dos ou‑
tros. De acordo com o § 2º, § 3º do art. 150
da CF a imunidade recíproca é extensiva às
autarquias e fundações públicas desde que
cumpram 4 requisitos: I) Cumpram suas fi-
nalidades essenciais ou qualquer uma delas
decorrentes; II) Sejam instituídas e man-
tidas pelo Poder Público; III) Não cobrem
preços e nem tarifas; IV) Não entrem na
concorrência privada. As empresas públi‑
cas e sociedades de economia mista, por
serem detentoras de personalidade jurídica
de direito privado, não gozam de imunidade
tributária. Por essa razão, haverá normal in‑
cidência tributária sobre essas últimas. No
entanto, o Supremo Tribunal Federal tem
entendido que algumas empresas públicas,
bem como algumas sociedades de econo‑
mia mista, são merecedoras da regra imu‑
nizante, quando prestam serviço público de
caráter obrigatório e de forma exclusiva.
Cita-se como exemplo da ECT – Empresa
de Correios e Telégrafos.

756 É vedado aos Entes Federativos instituí‑


rem impostos sobre os templos de qual‑
quer culto. A imunidade dos templos de

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qualquer culto visa tutelar a liberdade reli‑
giosa e, por essa razão, tudo–exatamente
tudo que estiver em nome da instituição
religiosa e cumprir sua finalidade essen‑
cial–terá imunidade, ou seja, não terá que
pagar impostos.

757 A imunidade Subjetiva visa tutelar a liber‑


dade política, a liberdade sindical e estimu‑
lar colaboradores do Estado na prestação
de serviços de assistência social, desde
que sem finalidade lucrativa. Tal imunidade
refere-se a certas pessoas, razão por que
é chamada de imunidade subjetiva. São 4
pessoas que nos termos desse dispositivo
constitucional não irão pagar impostos so‑
bre suas rendas, patrimônio e serviços: I)
Entidades de Assistência Social Sem Fins
Lucrativos; II) Entidade de Educação Sem
fins Lucrativos; III) Partidos Políticos e Suas
Fundações; IV) Sindicato dos Trabalhado‑
res. A parte final do art. 150, VI, “c” da CF
estabelece, no entanto, que essas pessoas
somente terão direito à imunidade tributá‑
ria se atenderem requisitos estabelecidos
em lei. Nesse sentido, o artigo 14 do Códi‑
go Tributário Nacional prevê três requisitos
que devem ser cumpridos pelas 4 pesso‑
as jurídicas acima para poderem gozar da
imunidade aludida. São eles: I) Não distri‑

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buírem qualquer parcela de seu patrimô‑
nio ou de suas rendas, a qualquer título; II)
Aplicarem integralmente, no País, os seus
recursos na manutenção dos seus objeti‑
vos institucionais; III) Manterem escritura‑
ção de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades capazes de as‑
segurar sua exatidão.

758 Imunidade Objetiva veda a União, Estados,


Distrito Federal e Municípios de instituírem
impostos sobre alguns objetos, tais como
livros, jornais, periódicos e o papel destina-
do à sua impressão. Observa-se que a nor‑
ma constitucional imuniza apenas o papel
destinado à impressão dos livros, jornais e
periódicos, abrangendo apenas os mate‑
riais similares ao papel, como os filmes e
papéis fotográficos, (Súmula 657 STF) sem
trazer a imunidade para os demais insumos
como as tintas, colas e linhas. Ressalta-se
que recentemente o STF entendeu que os
livros eletrônicos e suportes para leituras
gozam de imunidade.

759 Há imunidade genérica para Fonogramas e


videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou litero‑
musicais de autores brasileiros e/ou obras

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em geral interpretadas por artistas brasi‑
leiros, bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias
ópticas de leitura a laser.

760 O fato gerador do IR é a aquisição da dis‑


ponibilidade econômica ou jurídica: (i) de
renda, assim entendido o produto do capi‑
tal, do trabalho ou da combinação de am‑
bos; (ii) de proventos de qualquer natureza,
assim entendidos os acréscimos patrimo‑
niais não compreendidos no inciso I do ar‑
tigo 43 do CTN. Assim, o critério material
do IR é um acréscimo patrimonial.

761 O IPI está sujeito obrigatoriamente ao prin‑


cípio da seletividade, em função da essen‑
cialidade do produto.
Assim, os gêneros de primeira necessida‑
de devem ser tributados com uma alíquota
menor do que os produtos supérfluos.
Atende ao princípio da não cumulativida‑
de, compensando-se o que for devido em
cada operação com o montante cobrado
nas anteriores.

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762 O critério material do ITR é ser proprietá-


rio de imóvel rural.
Imóvel rural é aquele localizado na zona
rural, sendo que a determinação de zona
urbana é definida por lei municipal, conso‑
ante estabelece o artigo 32, § 1º, do CTN,
observado o requisito mínimo da existên‑
cia de melhoramentos indicados em pelo
menos 2 (dois) dos incisos desse artigo.
A área que não tenha ao menos dois dos
melhoramentos acima mencionados, não
poderá ser considerada zona urbana. Po‑
dendo os imóveis nela situados sofrerem a
incidência do ITR e não do IPTU.
Excepcionalmente, nos ditames do artigo
15 do DL nº 57/66, sobre um imóvel loca‑
lizado dentro da zona urbana de um mu‑
nicípio, mas que tiver como destinação a
exploração vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial, incidirá o ITR e não o IPTU.

763 O ICMS possui cinco hipóteses de inci‑


dência de serviços: (i) de operações de cir-
culação de mercadorias; (ii) de transpor-
te intermunicipal e interestadual; (iii) de
comunicação; (iv) sobre energia elétrica
– art. 155, § 3º, da CF; (v) sobre importa-
ções de bens.

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764 O ICMS não incide sobre operações que


destinem mercadorias para o exterior, nem
sobre serviços prestados a destinatários
no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações ante‑
riores; b) a respeito de operações que des‑
tinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e ga‑
sosos dele derivados, e energia elétrica; c)
acerca de o ouro, enquanto ativo financei‑
ro; d) nas prestações de serviço de comu‑
nicação nas modalidades de radiodifusão
sonora e de sons e imagens de recepção
livre e gratuita.

765 O IPVA incide sobre o proprietário de ve‑


ículo automotor (terrestre) e não sobre
embarcações e aeronaves. O Senado Fe‑
deral, mediante Resolução, estabelecerá
as alíquotas mínimas, nos certames do ar‑
tigo 155, § 6º, I, da Carta Magna. Ademais,
o IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas
em razão do tipo e da utilização do veículo.

766 As alíquotas do IPTU podem ser progressi-


vas por duas razões. A primeira para cum‑
prir a função social do imóvel urbano. As‑
sim, nos preceitos do artigo 182, § 4º, II,

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da CF, os imóveis não edificados, não uti‑
lizados ou subutilizados podem ter alíquo‑
tas maiores do que aqueles devidamente
construídos, por esses estarem cumprindo
a sua função social.
A segunda possibilidade de progressividade
das alíquotas do IPTU é em razão do valor
do imóvel, consoante prevê o artigo 156,
§ 1º, I, da Lei Maior, após EC nº 29/2000.
Quanto maior for o valor do imóvel, maior
será a alíquota desse imposto.

767 A União, na iminência ou no caso de guer‑


ra externa, poderá instituir impostos ex‑
traordinários, compreendidos ou não em
sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.

768 As normas complementares têm prazos de


vigência diferenciados: a data da publica-
ção, para os atos normativos expedidos
pelas autoridades administrativas; 30 dias
após a publicação, para as decisões admi‑
nistrativas com eficácia normativa; e a data
neles prevista, para os convênios celebra‑
dos pelas pessoas políticas.

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769 A obrigação tributária principal tem por


objeto o pagamento de tributo ou pena‑
lidade pecuniária. A obrigação tributária
acessória tem por objeto as prestações, po‑
sitivas ou negativas, diversas do indigitado
pagamento.

770 Preceitua a Súmula Vinculante n. 28: “É in‑


constitucional a exigência de depósito pré‑
vio como requisito de admissibilidade de
ação judicial na qual se pretenda discutir a
exigibilidade do crédito tributário”.

771 Preceitua a Súmula Vinculante n. 21: “É in‑


constitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para admissibilidade de recurso admi‑
nistrativo”.

772 O emprego da analogia não poderá resul‑


tar na exigência de tributo não previsto em
lei, enquanto a utilização da equidade não
poderá resultar na dispensa de tributo.

773 Interpreta-se literalmente a legislação tri‑


butária que disponha sobre causas de sus‑
pensão ou exclusão do crédito tributário,
outorga de isenção ou ainda, dispensa do

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cumprimento de obrigações tributárias
acessórias.

774 A capacidade tributária passiva independe


da capacidade civil das pessoas naturais,
portanto, o menor, civilmente incapaz, po‑
derá ser definido como contribuinte.

775 Lançamento por homologação é aquele em


que o sujeito passivo antecipa o pagamen‑
to do tributo devido, sem prévia análise do
Fisco, que, posteriormente, homologa, tá‑
cita ou expressamente, o procedimento
realizado.

776 A remissão tributária é o perdão legal da


dívida pelo sujeito ativo da obrigação tri‑
butária, ou seja, a sua liberação graciosa
(unilateral).

777 A decadência e a prescrição são causas de


extinção do crédito tributário (art. 156, V,
CTN). Este estará extinto, caso o Fisco dei‑
xe escoar o prazo legal, quer para consti‑
tuir o crédito tributário pelo lançamento
(decadência), quer para exercitar a sua pre‑
tensão executória (prescrição).

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778 A transação (art. 171 do CTN), como forma


indireta de extinção do crédito tributário
(ou seja, dependente de lei autorizativa),
refere-se ao acordo ou às concessões re‑
cíprocas que encerram um litígio instalado,
com reciprocidade de ônus e vantagens.

779 A isenção é uma causa de exclusão do cré‑


dito tributário (art. 175, I, CTN). Não se con‑
funde com a imunidade: esta tem respaldo
constitucional; a isenção, legal. Seus efei‑
tos desonerativos atingem a obrigação tri‑
butária principal, mantendo-se incólumes
as chamadas obrigações tributárias aces‑
sórias (art. 175, parágrafo único, do CTN).

780 A anistia é uma causa de exclusão do cré‑


dito tributário (art. 175, II, CTN). Seus efei‑
tos desonerativos atingem a obrigação tri‑
butária principal, mantendo-se incólumes
as chamadas obrigações tributárias aces‑
sórias (art. 175, parágrafo único, do CTN).
Ela se refere ao perdão legal das penalida‑
des pecuniárias, antes da constituição do
crédito tributário.

781 Em caso de falência, fica definida a seguin‑


te ordem de preferência: 1º. créditos ex‑
traconcursais; 2º. importâncias passíveis

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de restituição, nos termos da lei falimen‑
tar (aquelas relativas a bens e direitos de
terceiros e que se encontravam em poder
do devedor na data da decretação de fa‑
lência); 3º. créditos trabalhistas e aciden‑
tários (art. 83, I, da Lei n. 11.101/2005); 4º.
créditos com garantia real, no limite do va‑
lor do bem gravado (art. 83, II, da Lei n.
11.101/2005 c/c art. 186, parágrafo único,
I, do CTN); 5º. crédito tributário.

782 A moratória é a dilatação legal do prazo de


pagamento, permitindo ao sujeito passivo
que pague o tributo, em cota única, porém
com vencimento prorrogado. O art. 152 do
CTN confere ao instituto jurídico-tributá‑
rio duas formas de concessão: a moratória
geral e a moratória individual.

783 As reclamações e recursos Administrativos


suspendem a exigibilidade do crédito tri‑
butário (art. 151, III, CTN), permitindo ao
contribuinte obter uma certidão positiva
com efeito de certidão negativa, confor‑
me o art. 206 do CTN.

784 O parcelamento caracteriza-se pelo ato


do contribuinte que, após requerimento
à autoridade administrativa, volta-se para

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a canalização de recursos de forma frag‑
mentada ao Fisco. Relativamente à multa,
o parcelamento não exclui a sua incidên‑
cia, nos casos de denúncia espontânea de
pagamento parcelado.

785 Quanto ao ICMS, à luz da EC n. 87/2015,


nas operações e prestações que destinem
bens e serviços a consumidor final, contri‑
buinte ou não do imposto, localizado em
outro Estado, adotar-se-á a alíquota inte‑
restadual e caberá ao Estado de localização
do destinatário o imposto correspondente
à diferença entre a alíquota interna do Es‑
tado destinatário e a alíquota interestadual.

786 Na ordem de preferência dos créditos tri‑


butários na falência, a multa tributária não
tem primazia sobre os créditos com privilé‑
gios (especial ou geral), nem sobre os cré‑
ditos quirografários, mas detém prioridade
quanto aos créditos subordinados.

787 Segundo o CTN, a expressão “Fazenda Pú‑


blica”, quando empregada em seus disposi‑
tivos, sem uma dada qualificação, abrange‑
rá a Fazenda Pública da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.

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788 De acordo com o CTN, a certidão nega‑


tiva será sempre expedida nos termos em
que tenha sido requerida e será fornecida
dentro de 10 (dez) dias da data da entrada
do requerimento na repartição.

789 Em consonância com o CTN, a dívida re‑


gularmente inscrita goza da presunção de
certeza e liquidez e tem o efeito de pro‑
va pré-constituída. Ademais, a presunção
a que se refere este artigo é relativa (“juris
tantum”) e pode ser ilidida por prova ine‑
quívoca, a cargo do sujeito passivo ou do
terceiro a que aproveite.

790 À luz do CTN, consideram-se créditos tri‑


butários “extraconcursais” os decorrentes
de fatos geradores ocorridos no curso do
processo de falência.

791 Conforme o CTN, não é possível sujeitar


a cobrança judicial do crédito tributário a
concurso de credores ou habilitação em
falência, recuperação judicial, concordata,
inventário ou arrolamento. Por outro lado,
é possível que exista o chamado “concurso
de preferência” entre as pessoas jurídicas
de direito público.

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792 Na falência, o crédito tributário não pre‑


fere aos créditos extraconcursais ou às
importâncias passíveis de restituição, nos
termos da lei falimentar, nem aos crédi‑
tos com garantia real, no limite do valor do
bem gravado.

793 A anistia não abrange as infrações come‑


tidas posteriormente à vigência da lei que
a concede. Da mesma forma, não englo‑
ba os atos qualificados em lei como crimes
ou contravenções, ou, ainda, os que, mes‑
mo sem essa qualificação, sejam pratica‑
dos com dolo, fraude ou simulação pelo
sujeito passivo ou por terceiro em benefí‑
cio daquele. Por fim, a anistia não protege,
salvo disposição em contrário, as infrações
resultantes de conluio entre duas ou mais
pessoas naturais ou jurídicas.

794 Salvo disposição de lei em contrário, a


isenção não é extensiva às taxas e às con‑
tribuições de melhoria, nem mesmo aos
tributos instituídos posteriormente à sua
concessão.

795 Segundo o CTN, quando houver a exigên‑


cia, por mais de uma pessoa jurídica de di‑
reito público, de tributo idêntico sobre um

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mesmo fato gerador, a importância de cré‑
dito tributário poderá ser consignada judi-
cialmente pelo sujeito passivo.

796 Existindo, simultaneamente, três débitos


vencidos (imposto, taxa e contribuição de
melhoria) do mesmo sujeito passivo para
com a mesma pessoa jurídica de direito pú‑
blico (Município, por exemplo), a autorida‑
de administrativa competente para rece‑
ber o pagamento determinará a respectiva
imputação, obedecida a seguinte regra: pri‑
meiramente, as contribuições de melhoria,
depois as taxas e, por fim, os impostos.

797 É inconstitucional o empréstimo compul‑


sório criado em face de conjuntura eco‑
nômica que exija a absorção temporária de
poder aquisitivo da moeda.

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CAPÍTULO 12

DIREITO
EMPRESARIAL
FRANCISCO PENANTE

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798 Sócio não é o mesmo que empresário.


O simples fato de possuir quotas ou ações
de uma determinada sociedade empre‑
sária não converte aquele que as detém
em empresário. Na verdade, empresário é
aquele que exerce atividade empresária, e,
exercem atividade empresária (empresa):
o empresário individual, a sociedade em‑
presária e a Empresa Individual de Respon‑
sabilidade Limitada (EIRELI).

799 O estabelecimento empresarial consis‑


te em um conjunto de bens, corpóreos
(a exemplo de máquinas, computadores,
veículos, etc.) e incorpóreos (a exemplo
da marca, da patente, do nome empresa‑
rial, etc.), organizados pelo empresário in‑
dividual, pela sociedade empresária ou pela
EIRELI, que pode ser objeto de negócios
jurídicos (a exemplo da alienação, também
conhecida como trespasse) (arts. 1.142 e
1.143, CC).

800 A EIRELI será constituída por uma única


pessoa, titular da totalidade do capital so‑
cial, devidamente integralizado, que não
será inferior a 100 (cem) vezes o maior sa‑
lário-mínimo vigente no País (art. 980‑A,
caput, CC). O titular da EIRELI pode ser pes‑

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soa física ou jurídica, conforme Instrução
Normativa 38/2017 do Departamento de
Registro Empresarial e Integração – DREI.

801 O nome empresarial, enquanto direito da


personalidade, é inalienável, e tem como
espécies a firma e a denominação (art. 1.155,
caput e 1.164, CC).

802 Na sociedade limitada, quando houver de‑


liberação de sócios para a modificação do
contrato social, terá o sócio que dissentiu o
direito de retirar‑se da sociedade, nos trin‑
ta dias subsequentes à reunião. Salvo dis‑
posição contratual em contrário, o valor
da sua quota, considerada pelo montante
efetivamente realizado, liquidar‑se‑á com
base na situação patrimonial da sociedade,
à data da resolução, verificada em balanço
especialmente levantado. A quota liquidada
será paga em dinheiro, no prazo de noven‑
ta dias, a partir da liquidação, salvo acor‑
do, ou estipulação contratual em contrário
(art. 1.077 c/c art. 1.031, caput, § 2º, CC).

803 As sociedades simples também podem


adotar um tipo societário empresário (são
as chamadas sociedades simples impuras) –
exceto os tipos por ações, ou seja, Socie‑

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dade Anônima e Sociedade em Comandi‑
ta por Ações – , fato que não as converte
em sociedades empresárias (art. 983, CC;
art. 1.150, CC).

804 Nas sociedades personificadas (dotadas de


personalidade jurídica), há separação en‑
tre o conjunto de bens que formam o pa‑
trimônio pessoal dos sócios e o patrimônio
da sociedade, respondendo o patrimônio
pessoal daqueles apenas subsidiariamente
pelas obrigações sociais. É o chamado be‑
nefício de ordem (art. 1.024, CC; art. 795
do CPC/2015).

805 As sociedades em comandita por ações


são formadas por duas classes de sócios:
os sócios diretores (ou gerentes), os quais
respondem de forma solidária e ilimitada
pelas obrigações sociais; e os sócios co‑
muns, que respondem de forma limitada
pelas obrigações sociais (art. 1.091, caput e
§ 1º, CC; art. 282, caput, Lei 6.404/76).

806 860 • A quebra da affectio societatis não se


erige como causa para a exclusão de só‑
cio, mas apenas para dissolução (parcial)
da sociedade.

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807 A desconsideração da personalidade jurídi‑


ca, nos termos do art. 50 do CC, é utiliza‑
da como instrumento para responsabilizar
sócio por dívida formalmente imputada à
sociedade. Contudo, a partir de interpre‑
tação teleológica do mesmo dispositivo,
também é possível a sua aplicação na for‑
ma inversa, ou seja, desconsiderar a auto‑
nomia patrimonial da pessoa jurídica, para
responsabilizá‑la por obrigação do sócio.
O Novo Código de Processo Civil tratou
expressamente da desconsideração inver‑
sa no seu art. 133, §2º.

808 O preposto é aquele que dirige ou pratica


negócio empresarial por incumbência de
outrem, que é o preponente, sendo este
responsável por todos os atos praticados
pelo preposto no estabelecimento, dentro
de suas atribuições (art. 1.169 e ss. do CC).

809 A sentença que decretar ou homologar a


separação judicial do empresário e o ato
de reconciliação não podem ser opostos a
terceiros, antes de arquivados e averbados
no Registro Público de Empresas Mercan‑
tis (art. 980, CC).

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810 O cheque, a letra de câmbio e a duplicata tra‑


tam‑se de ordens de pagamento, enquanto
a nota promissória, como o próprio nome
já sugere, representa uma promessa de pa‑
gamento (art. 1º, 2º e art. 1º, II, Lei 7.357/85;
art. 2º, § 1º, VIII, Lei 5.474/68).

811 A letra de câmbio trata‑se de título exe‑


cutivo extrajudicial que responde pela for‑
mação de três posições jurídicas: sacador
(emitente), sacado (contra quem se saca)
e tomador (favorecido). A letra é passí‑
vel de aceite (facultativo), transfere‑se
pelo endosso e garante‑se pelo aval (Dec.
57.663/66 – LUG).

812 A nota promissória consiste em título exe‑


cutivo extrajudicial (art. 585, I, CPC), res‑
pondendo pela formação de duas posições
jurídicas: subscritor/sacador (emitente)
e beneficiário. A nota não comporta acei‑
te, transfere‑se pelo endosso e garante‑se
pelo aval (Dec. 57.663/66 – LUG).

813 O cheque é um título executivo extraju‑


dicial (art. 784, I, do CPC/2015.), respon‑
sável pela formação de três posições jurí‑
dicas: sacador (emitente), sacado (banco
ou instituição financeira) e tomador (be‑

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neficiário). O cheque não comporta acei‑
te, transfere‑se pelo endosso e garante‑se
pelo aval (Lei 7.357/85).

814 São aplicáveis às notas promissórias as


disposições relativas às letras de câmbio,
desde que compatíveis com sua natureza,
a exemplo das regras sobre a prescrição
(art. 77 c/c art. 70 LUG).

815 Estão sujeitos à recuperação judicial todos


os créditos existentes na data do pedido,
vencidos e a vencer, ressalvadas as exce‑
ções legais (art. 49, caput, § 3º e § 4º, da
Lei 11.101/05).

816 Um dos requisitos para a concessão da re‑


cuperação judicial é que o devedor não
tenha, há menos de 5 (cinco) anos, obti‑
do concessão de recuperação judicial com
base no plano especial para microempresa
e empresa de pequeno porte (art. 48, III,
da Lei 11.101/05, alterado pela LC 147/14).

817 Existem créditos que gozam de primazia


em relação ao concurso de credores esta‑
belecido pelo art. 83 da Lei 11.101/05. É o
caso dos créditos extraconcursais, a exem‑
plo das remunerações devidas ao adminis‑

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trador judicial e a seus auxiliares, conforme
disposto pelo art. 84, I, da Lei 11.101/05.

818 A sentença que decretar a falência do de‑


vedor, dentre outras determinações, fixa‑
rá o termo legal da falência, sem poder re‑
trotraí‑lo por mais de 90 dias. É o chamado
termo legal da falência, período dentro qual
determinados atos que oneram os bens do
devedor são tidos como ineficazes, por se
entender que foram praticados em prejuízo
da massa falida (art. 99, II da Lei 11.101/05).

819 São ineficazes em relação à massa falida os


atos elencados no art. 129 da Lei 11.101/05,
a exemplo do pagamento de dívidas não
vencidas realizado pelo devedor dentro
do termo legal da falência (art. 129, I, da
Lei 11.101/05). A ocorrência de uma das si‑
tuações elencadas nos incisos do artigo
supracitado dá azo à propositura da cha‑
mada Ação Revocatória Por Ineficácia. Por
outro lado, diante de um caso concreto,
presentes os pressupostos do art. 130 da
Lei 11.101/05, caberá uma Ação Revocató‑
ria por Fraude.

820 É dispensável o registro de contrato de


franquia, quando redigido por escrito e

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acompanhado das respectivas assinaturas
de duas testemunhas (art. 6º, Lei 8.955/94).

821 A subsidiária integral trata‑se de socieda‑


de empresária formada por um único sócio,
sendo este uma pessoa jurídica. Ela repre‑
senta uma exceção à regra de vedação as
sociedades unipessoais no direito brasilei‑
ro (art. 251, Lei 6.404/76).

822 A administração da companhia (sociedade


anônima) competirá, conforme dispuser o
estatuto social, ao Conselho de Adminis‑
tração e à diretoria, ou somente à diretoria
(art. 138, caput, Lei 6.404/76).

823 Verificada a mora do acionista, a S/A pode:


promover a execução para cobrar a impor‑
tância devida ou mandar vender as ações
em Bolsa, por conta e risco do acionista
(art. 107, I, II, Lei 6.404/76).

824 Certas sociedades, a exemplo dos ban‑


cos e instituições financeiras (art. 18,
Lei 4.595/64), em razão da natureza de
suas atividades, dependem de prévia au‑
torização do Poder Executivo Federal para
funcionar (art. 1.123 e ss. CC).

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825 Diante de ocorrências que comprome‑


tam a situação econômica ou financeira da
instituição financeira, como por exemplo,
quando deixa de satisfazer com pontuali‑
dade seus compromissos, caberá a decre‑
tação de sua liquidação extrajudicial ex of-
ficio (art. 15, I, “a”, Lei 6.024/74).

826 A cédula de crédito rural é promessa de


pagamento em dinheiro, sem ou com ga‑
rantia real cedularmente constituída, po‑
dendo ser: Pignoratícia; Hipotecária; Pig‑
noratícia e Hipotecária; e Nota de Crédito
Rural (art. 9º, I, II, III, IV, Dec‑Lei 167/1967).

827 A alienação fiduciária, regulada pela Lei


nº 9.514/1997, é o negócio jurídico pelo qual
o devedor, ou fiduciante, com o escopo de
garantia, contrata a transferência ao cre‑
dor, ou fiduciário, da propriedade resolú‑
vel de coisa imóvel.

828 As microempresas ou as empresas de pe‑


queno porte optantes pelo Simples Nacio‑
nal poderão realizar negócios de compra e
venda de bens, para os mercados nacional
e internacional, por meio de sociedade de
propósito específico – SPE (art. 56, caput,

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LC 123/06) nos termos e condições esta‑
belecidos pelo Poder Executivo federal.

829 Salvo estipulação em contrário, pertence‑


rão exclusivamente ao empregador, con‑
tratante de serviços ou órgão público, os
direitos relativos ao programa de compu‑
tador, desenvolvido e elaborado durante a
vigência de contrato ou de vínculo estatu‑
tário, expressamente destinado à pesquisa
e desenvolvimento, ou em que a atividade
do empregado, contratado de serviço ou
servidor seja prevista, ou ainda, que decor‑
ra da própria natureza dos encargos con‑
cernentes a esses vínculos (art. 4º, caput,
Lei 9.609/98).

830 Leasing Operacional é a espécie de leasing


em que o bem arrendado já pertence à em‑
presa arrendadora.

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CAPÍTULO 13

DIREITO
ADMINISTRATIVO
MATHEUS CARVALHO

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831 O interesse público é supremo sobre o in‑


teresse particular, e todas as condutas es‑
tatais têm como finalidade a satisfação das
necessidades coletivas. Nesse sentido, os
interesses da sociedade devem prevalecer
diante das necessidades específicas dos in‑
divíduos, havendo a sobreposição das ga‑
rantias do corpo coletivo, quando em con‑
flito com as necessidades de um cidadão
isoladamente. Em razão desta busca pelo
interesse público, a Administração se põe
em situação privilegiada, quando se rela‑
ciona com os particulares.

832 O Princípio da Indisponibilidade do Inte‑


resse Público define os limites da atuação
administrativa e decorre do fato de que a
impossibilidade de abrir mão do interesse
público deve estabelecer ao administra‑
dor os seus critérios de conduta. De fato,
o agente estatal não pode deixar de atuar,
quando as necessidades da coletividade as‑
sim exigirem, uma vez que suas atividades
são necessárias à satisfação dos interesses
do povo. Neste sentido, Celso Antônio Ban‑
deira de Mello, dispõe que “é encarecer que
na administração os bens e interesses não se
acham entregues à livre disposição da von-
tade do administrador. Antes, para este, co-

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loca-se a obrigação, o dever de curá-los nos
termos da finalidade a que estão adstritos”.

833 Os princípios serão relevantes para a de‑


finição da atuação estatal como normas
orientadoras das condutas do agente públi‑
co, de forma a buscar a satisfação dos inte‑
resses da coletividade. Além dos princípios
da supremacia do interesse público sobre
o interesse privado e da indisponibilidade
do interesse público, já analisados como
norteadores de todo o regime jurídico ad‑
ministrativo, deve-se ressaltar a existência
dos demais princípios que estabelecem as
normas de conduta do Estado. Primordial‑
mente, no artigo 37, caput, da Constituição
Federal, estão expressos cinco princípios,
quais sejam Legalidade, Impessoalidade,
Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Além destes, alguns outros princípios de‑
correm expressamente da Carta Magna,
como a isonomia, o contraditório e a ampla
defesa. Na Constituição Federal, ainda se
encontram princípios implícitos e expres‑
sos em disposições infraconstitucionais,
como ocorre com a continuidade, a moti‑
vação e a autotutela etc.

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834 Os Princípios do Contraditório e da Ampla


Defesa representam princípios expressos
no texto constitucional de 1988, em seu ar‑
tigo 5º, LV, como garantia fundamental do
cidadão. Em síntese, é o direito conferido
ao particular de saber o que acontece no
processo administrativo ou judicial de seu
interesse, bem como o direito de se mani‑
festar na relação processual, requerendo a
produção de provas e provocando sua tra‑
mitação, seja diante de um processo judicial
ou de um processo administrativo. Cumpre
transcrever o dispositivo constitucional.
“LV – aos litigantes, em processo judi‑
cial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contradi‑
tório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”.
A garantia de conhecimento dos atos pro‑
cessuais e a manifestação do particular em
sua defesa são decorrência lógica do prin‑
cípio do devido processo legal, exposto no
art. 5, LIV da Carta Magna. Importante res‑
saltar que o texto constitucional determina
explicitamente a aplicação destes princí‑
pios em sede de processos administrativos,
sendo que o desrespeito a essas garantias
enseja a nulidade do processo e de todos
os atos administrativos dele decorrentes.

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835 Exceptio non adimpleti contractus é o direito


de suspender a execução do contrato em
face do inadimplemento da outra parte. A
doutrina tradicional era assente no senti‑
do de que, nos contratos administrativos,
a aplicação desta teoria em benefício do
particular contratado pelo Estado ensejaria
afronta direta ao princípio da continuidade
do serviço público. Sendo assim, os parti‑
culares deveriam manter a prestação de‑
terminada nos contratos celebrados com
o poder público, mesmo diante do inadim‑
plemento deste.
Ocorre que, consoante disposição do art.
78, XV, da Lei 8.666/93, o particular tem
direito de invocar a exceção do contrato
não cumprido, desde que a administração
seja inadimplente por mais de 90 (noven‑
ta) dias em relação aos seus pagamentos.
Com efeito, como garantia à continuida‑
de, o particular contratado pelo ente esta‑
tal tem o dever de manter a prestação do
serviço, mesmo diante do inadimplemento
da Administração Pública, desde que esta
ausência de pagamento não ultrapasse o
prazo legalmente estabelecido.

836 Para traçar a missão da Administração Pú‑


blica é indispensável definir os conceitos

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Mais de

de Poder Discricionário e Poder Vincula‑


do, a fim de entender os Poderes da Admi‑
nistração. Trata-se de classificação doutri‑
nária que tem por base o grau de liberdade
do agente público ao atuar. Salienta-se que
a classificação não é unanimemente acei‑
ta pela doutrina pátria, haja vista o fato de
que não existem atuações absolutamente
discricionárias dentro da função adminis‑
trativa e, pelo fato de que, cada um dos
poderes da Administração Pública pode-se
manifestar por atos vinculados ou discricio‑
nários, dependendo da previsão legislativa.
É importante ressaltar que toda atuação do
ente estatal está vinculada à lei e somente
desta pode emanar a conduta das autori‑
dades públicas, ou seja, a submissão total à
lei não está presente exclusivamente nos
atos vinculados. É a lei que, ao definir a atu‑
ação do Poder Público, determina se a atu‑
ação administrativa será vinculada ou dis‑
cricionária. Isso porque a lei pode estipular
a atuação do agente de forma objetiva ou
cedendo a este uma margem de escolha,
dentro dos limites estipulados legalmente.
Nesse sentido, nas situações em que a lei
confere uma possibilidade de escolha ao
agente, configura-se um ato discricionário;
quando, por outro lado, a lei estipula todos
os elementos do ato a ser praticado, sem
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conferir essa margem de escolha, está-se
diante de uma atuação vinculada.

837 Ao administrador, como aplicador da lei, é


conferido um poder de escolha. Dessa for‑
ma, a discricionariedade e o poder de ana‑
lisar oportunidade e conveniência na atua‑
ção do ente estatal é poder administrativo
e não jurisdicional. Nesse sentido, o Poder
Judiciário não pode e não deve substituir a
decisão do administrador, não pode fazer
análise de interesse público, não pode, en‑
fim, julgar o mérito de um ato administra‑
tivo discricionário. Isso porque, o mérito é
a área que coincide com o campo opinati‑
vo do administrador público, extrapolando
aquela de atuação do Poder Judiciário.
Importante ressaltar que o Poder Judiciá‑
rio somente pode analisar os atos adminis‑
trativos no que tange aos aspectos da le‑
galidade. Com efeito, ao Poder Judiciário
não pode ser subtraída qualquer lesão ou
ameaça a direito (artigo 5, XXXV, CF/88)
e, por isso, ainda que o ato administrativo
seja discricionário, ele fica sujeito a con‑
trole jurisdicional no que diz respeito à sua
adequação com a lei, nunca na análise me‑
ritória. Sempre que o Poder Judiciário atua
no controle de legalidade do ato, não have‑

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rá invasão do mérito administrativo, desde
que o conceito de mérito fique entendido
e respeitado na decisão judicial.

838 O Poder Normativo se traduz no poder


conferido à Administração Pública de ex‑
pedir normas gerais, ou seja, atos adminis‑
trativos gerais e abstratos com efeitos erga
omnes. Não se trata de poder para a edição
de leis, mas apenas um mecanismo para a
edição de normas complementares à lei.
Trata-se de prerrogativa dada à Adminis‑
tração Pública de editar esses atos e per‑
mitir sua efetiva aplicação sempre limitada
pela lei. Na observação de José dos Santos
Carvalho Filho, “ao poder regulamentar não
cabe contrariar a lei (contra legem) sob pena
de sofrer invalidação. Seu exercício somen-
te pode dar-se secundum legem, ou seja, em
conformidade com o conteúdo da lei e nos
limites que esta impuser.”
O poder normativo facilita a compreensão
do texto legal. Os seus atos são sempre in‑
feriores à lei e visam regulamentar determi‑
nada situação de caráter geral e abstrato,
pois facilitam a execução da lei, minuden‑
ciando seus termos.

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839 A hierarquia é característica que integra a


estrutura das pessoas jurídicas da Admi‑
nistração Pública, sejam os entes da Ad‑
ministração Direta ou da Administração
Indireta. Trata-se de atribuição concedida
ao administrador para organizar, distribuir
e principalmente escalonar as funções de
seus órgãos, sendo o Poder que a Adminis‑
tração tem de se estruturar internamente
determinando uma relação de hierarquia e
subordinação entre seus órgãos e agentes.
Para José dos Santos Carvalho Filho “hie-
rarquia é o escalonamento no plano vertical
dos órgãos e agentes da Administração que
tem como objetivo a organização da função
administrativa.”
Saliente-se que o Poder Hierárquico confi‑
gura um poder de estruturação INTERNA
da atividade pública. Dessa forma, não exis‑
te manifestação de hierarquia EXTERNA,
ou seja, entre pessoas jurídicas diferentes.
A hierarquia só se manifesta dentro de uma
mesma Pessoa Jurídica, definindo a compe‑
tência entre os órgãos e agentes públicos
integrantes dessa entidade. Sendo assim,
o controle exercido entre pessoas jurídi‑
cas diferentes não decorre do Poder Hie‑
rárquico nem retira dele seu fundamento.

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840 A avocação e delegação de competência


têm regulamentação nos art. 11 e seguin‑
tes da lei 9784/99 que traz as seguintes
definições.
– Avocação: desde que as atribuições
não sejam da competência exclusiva
do órgão subordinado, o chefe pode‑
rá chamar para si, de forma temporária,
a competência que deveria inicialmen‑
te ser exercida pelo agente subalterno.
Saliente-se, dessa forma, que a avoca‑
ção é a tomada temporária de compe‑
tência legalmente atribuída a um agente
subordinado, por outro agente de hie‑
rarquia superior.
– Delegação: é a extensão de atribui‑
ções de um órgão a outro de mesma
hierarquia ou de hierarquia inferior, des‑
de que não sejam exclusivas. A delega‑
ção também é exercida de forma tem‑
porária. Nesse sentido, é importante
salientar que a delegação não configu‑
ra uma transferência, mas sim uma ex‑
tensão ou ampliação de competência,
ou seja, o agente delegante não perde
a competência delegada. É designada
cláusula de reserva essa regra de ma‑
nutenção da competência pelo agente,
mesmo após a delegação, e esta cláu‑

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sula está implícita nos atos administra‑
tivos de delegação.

841 O Poder Disciplinar trata da atribuição pú‑


blica de aplicação de sanções àqueles que
estejam sujeitos à disciplina do ente estatal.
Com efeito, é o poder de aplicar sanções e
penalidades, apurando infrações dos servi‑
dores ou outros que são submetidos à dis‑
ciplina da Administração, ou seja, a todos
aqueles que tenham vínculo de natureza
especial com o Estado, como é o exem‑
plo daqueles particulares que celebraram
contratos com o Poder Público. A função
deste poder é sempre aprimorar a presta‑
ção do serviço público punindo a malver‑
sação do dinheiro público ou atuação em
desconformidade com a lei.
Sendo assim, a doutrina costuma apon‑
tar que o Poder Disciplinar pode decorrer
do Poder Hierárquico, haja vista tratar-se
a hierarquia de uma espécie de vinculação
especial, mas também pode decorrer dos
contratos celebrados pela Administração
Pública, sejam regidos pelo direito público
ou pelo direito privado.

842 É evidente que o Estado deve atuar à som‑


bra do Princípio da Supremacia do Interesse

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Público e, na busca incessante pelo aten‑
dimento do interesse coletivo, pode esti‑
pular restrições e limitações ao exercício
de liberdades individuais e, até mesmo, ao
direito de propriedade do particular. Neste
contexto, nasce o Poder de Polícia, decor‑
rente da supremacia geral da Administra‑
ção Pública, ou seja, aplicando-se a todos
os particulares, sem a necessidade de de‑
monstração de qualquer vínculo de natu‑
reza especial.
Isso porque, não obstante a Carta Mag‑
na e a legislação infraconstitucional defi‑
nam direitos e garantias aos particulares, o
exercício desses direitos deve ser feito em
adequação ao interesse público. Dessa for‑
ma, na busca do bem estar da sociedade, o
Estado pode definir os contornos do exer‑
cício do direito de propriedade e, até mes‑
mo, de liberdades e garantias fundamen‑
tais, criando-lhes restrições e adequações.

843 A descentralização é realizada entre pes‑


soas jurídicas diversas, enquanto a descon‑
centração se configura pela distribuição
interna de competência no âmbito de uma
mesma pessoa jurídica, mediante especia‑
lização interna. Dessa forma, pode-se esta‑
belecer que o instituto da desconcentração

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está fundado na hierarquia, uma vez que o
poder hierárquico é a possibilidade que a
Administração Pública tem de distribuir e
escalonar as competências, internamen‑
te, no bojo de uma mesma pessoa jurídica,
sem sair de sua intimidade. Por sua vez, a
descentralização se baseia em uma distri‑
buição de competências entre entidades
diferentes, não havendo, dessa forma, ma‑
nifestação do poder hierárquico.
Não se pode deixar de frisar que, não obs‑
tante a ausência de hierarquia entre enti‑
dades diversas, os entes da Administração
Indireta se sujeitam a controle finalístico a
ser exercido pelas entidades da Adminis‑
tração Centralizada.

844 Conforme a Teoria do Órgão ou Teoria da


Imputação Volitiva, as pessoas físicas inte‑
gram órgãos públicos e a manifestação de
vontade destes órgãos apresenta a von‑
tade da pessoa jurídica. Com efeito, a lei
cria órgãos públicos, compostos por pes‑
soas físicas que manifestam a vontade do
Estado em sua atuação e, nestes casos, se
torna indissociável a vontade do órgão e
da pessoa jurídica que ele integra. Não se
trata de uma manifestação de vontade re‑
presentando a vontade estatal, mas sim a

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própria vontade estatal exteriorizada por
aquele agente. Isso se dá pelo fato de que
o órgão é parte do corpo desta entidade e,
então, a manifestação de vontade da parte
apresenta a conduta do todo.
Em resumo, desde que o agente seja legal‑
mente investido nessa qualidade, em res‑
peito aos ditames legais, a sua atuação se
confunde com a atuação do Estado e será
a ele imputada. Quando o agente público
atua nessa qualidade, não se pode impu‑
tar essa atuação ao próprio agente, mas
sim ao Estado que ele integra e apresenta.
Nesse sentido, dispõe Maria Sylvia Zanella
di Pietro, definindo que “enquanto a teoria
da representação considera a existência da
pessoa jurídica e do representante como dois
entes autônomos, a teoria do órgão funde os
dois elementos, para concluir que o órgão é
parte integrante do Estado”.

845 As autarquias serão criadas por lei. Elas são


pessoas jurídicas de direito público que de‑
senvolvem atividade típica de Estado, com
liberdade para agirem nos limites adminis‑
trativos da lei específica que as criou. As‑
sim como os demais entes da Administra‑
ção Indireta, não estão hierarquicamente
subordinadas aos entes federativos, mas

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se sujeitam a controle finalístico exercido
pelos entes da Administração Direta res‑
ponsável pela sua criação.
Possuem patrimônio próprio, normalmen‑
te, transferido pelo ente da Administração
Direta que a criou, ou mesmo, decorrente
de suas atividades institucionais, haja vista
a possibilidade de cobrarem taxas e demais
tributos para exercício do poder de polícia
ou prestação de serviços públicos ineren‑
tes às suas finalidades.

846 Conforme o entendimento majoritário, as


Fundações podem ser instituídas sob regi‑
me de direito público ou privado, conforme
seja definido em sua lei especifica. Assim,
a entidade pública instituidora que defini‑
rá, mediante lei, a natureza jurídica aplica‑
da à entidade.

847 O Novo Código de Processo Civil define


que A União, os Estados, o Distrito Fede‑
ral, os Municípios e suas respectivas autar‑
quias e fundações de direito público goza‑
rão de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, a partir da sua
vista dos autos, não havendo mais disposi‑
ções sobre prazos quadriplicados.

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Saliente-se que as ações de rito especial,
tais como o Mandado de Segurança, o Ha-
beas data, entre outros, não seguem as re‑
gras de dilatação de prazo, mantendo-se
o prazo simples para manifestação do Po‑
der Público.

848 Quanto aos elementos dos atos adminis‑


trativos, podemos definir que: competên‑
cia, finalidade e forma são sempre elemen‑
tos vinculados, já o motivo e o objeto, em
regra, são elementos discricionários.

849 A finalidade administrativa genérica repre‑


senta a busca pelo atendimento ao inte‑
resse público. Já a finalidade administrati‑
va específica é definida em lei e estabelece
qual a finalidade de cada ato administrativo
especificamente.

850 A aposentadoria é um ato complexo, para


maioria da doutrina e da jurisprudência,
porque se perfaz pela conjunção de duas
vontades independentes, quais sejam, a
manifestação do órgão em que o servidor
exerce suas atividades e a aprovação do ato
de aposentadoria pelo Tribunal de Contas.

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851 Conforme a Teoria do Risco Administrativo


o Estado é realmente um sujeito político,
jurídico e economicamente mais podero‑
so que o administrado, gozando de deter‑
minadas prerrogativas não estendidas aos
demais sujeitos de direito. Em razão disso,
passou-se a considerar que, por ser mais
poderoso, o Estado teria que arcar com um
risco maior, decorrente de suas inúmeras
atividades e, ter que responder por esse ris-
co, lhe traria uma consequência. Surgiu, as‑
sim, a teoria do Risco Administrativo. Esta
teoria responsabiliza o ente público, obje‑
tivamente, pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros, contudo, admite a
exclusão da responsabilidade em determi‑
nadas situações em que haja a exclusão de
algum dos elementos desta responsabili‑
dade. O Brasil adota esta teoria.

852 Nos casos de danos decorrentes de atos


lícitos, a responsabilização do ente estatal
depende da comprovação de que estes da-
nos são anormais e específicos. Isso porque
o dano deve ser certo, valorado economi‑
camente e de possível demonstração. Nos
atos ilícitos não ocorre esse aditivo porque
a conduta por si só já gera o dever de inde‑
nizar, haja vista a violação direta ao princí‑
pio da legalidade.

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Isso porque a responsabilização do Esta‑
do por condutas lícitas praticadas por seus
agentes se lastreia no princípio da isono‑
mia, tomando por base o fato de que, em
uma atuação que visa ao benefício de toda
a coletividade, o ente público causa um
prejuízo diferenciado a uma pessoa ou pe‑
queno grupo. Para evitar que essa pessoa
(ou grupo) suporte sozinha o ônus do be‑
nefício coletivo, surge o dever de indenizar
do Estado.

853 Existem situações fáticas em que o dano é


causado a um particular em virtude de uma
não atuação do agente público. Nesses ca‑
sos, analisamos o regramento aplicado à
responsabilização do Estado decorrente
da omissão dos seus agentes, ou seja, da
ausência de conduta do agente, em situa‑
ções nas quais teria o dever de atuar pre‑
visto em lei. A maioria da doutrina entende
que a conduta omissiva não está abarcada
pelo art. 37, §6º da CRFB. O não fazer do
Estado, a falta de atuação do Estado não
geraria responsabilidade objetiva nos mol‑
des do texto constitucional, que traz implí‑
cita, em seus termos, a existência de uma
conduta como elemento da responsabili‑
dade pública. A doutrina e jurisprudência
dominantes reconhecem que, em casos de

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omissão, aplica-se a Teoria da responsabili-
dade subjetiva, onde o elemento subjetivo
está condicionando o dever de indenizar.

854 Em relação ao prazo prescricional para pro‑


positura de Ação indenizatória em face do
Estado, para fins de provas de concursos e
exames da OAB, melhor seguir o entendi‑
mento de que o prazo prescricional é de 5
anos, com base em lei específica, por ser o
entendimento jurisprudencial mais aceito.

855 O Estado não responde por fatos da natu-


reza como enchentes, raios, entre outros
e também não responde por atos de ter-
ceiros ou atos de multidões, como passe‑
atas e tumultos organizados, desde que,
por óbvio, tenha tomado as medidas pos‑
síveis a impedir o dano causado. Afinal, se o
ente público tiver a possibilidade de evitar
o dano e não o faz, está-se diante do des‑
cumprimento de dever legal. Nesse mesmo
sentido, a doutrinadora e professora Fer‑
nanda Marinela dispõe que “apresenta-se
mais uma exigência da responsabilidade por
omissão a questão do dano evitável, quan-
do era possível para o ente público impedir
o prejuízo, mas ele não o fez. Aqui também
cabe a discussão sobre assaltos em vias pú-

DIREITO ADMINISTRATIVO
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blicas, nos quais normalmente não há o de-
ver de indenizar, por ser ato de terceiro, mas,
se os guardas assistiam à ação do bandido e
tinham como impedi-lo, mas não o fizeram,
há descumprimento do dever legal e, por ser
um dano evitável, reconhece-se a respon-
sabilidade.”

856 Por vezes, em algumas circunstâncias, o


Estado cria situações de risco que levam à
ocorrência do dano. Por meio de um com‑
portamento positivo, o Estado assume
grande risco de gerar o dano a particulares.
Assim, nesses casos aplica-se a Teoria do
Risco Criado (Suscitado), pela qual o Esta‑
do responde objetivamente pelo dano, ain‑
da que não se demonstre conduta direta de
um agente público. As situações mais cor‑
riqueiras decorrem da guarda de pessoas
ou de coisas, como é o caso dos detentos
de um presídio, de crianças dentro de uma
escola pública, de carros apreendidos no
pátio do Departamento de Trânsito, de ar‑
mazenamento de armas.

857 O controle administrativo representa o


conjunto de instrumentos definidos pelo
ordenamento jurídico a fim de permitir a
fiscalização da atuação estatal por órgãos

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e entidades da própria Administração Pú‑
blica, dos Poderes Legislativo e Judiciário,
assim como pelo povo diretamente, com‑
preendendo ainda a possibilidade de orien‑
tação e revisão da atuação administrativa
de todas as entidades e agentes públicos,
em todas as esferas de poder.

858 Ao tratar de recursos hierárquicos, a dou‑


trina identifica o recurso próprio e o im‑
próprio. Analisemos as expressões.
O recurso hierárquico próprio é endereça‑
do à autoridade hierárquica superior à que
praticou o ato recorrido, dentro da estru‑
tura orgânica de uma mesma pessoa jurídi‑
ca. Trata-se de recurso inerente à organi‑
zação escalonada da administração e pode
ser interposto sem necessidade de previ‑
são legal. Cite-se como exemplo o recurso
interposto perante o Ministro da Fazenda,
com a intenção de rever uma decisão pro‑
ferida pelo Secretário da Receita Federal.
Atente-se para o fato de que este recurso
decorre da manifestação do poder hierár‑
quico e existe como forma de garantia da
ampla defesa e do contraditório.
Por seu turno, o recurso hierárquico impró-
prio é dirigido à autoridade que não possui
posição de superioridade hierárquica em

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relação a quem praticou o ato recorrido,
mas tão somente a possibilidade de con‑
trole em decorrência de vinculação.

859 O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do


Poder Legislativo no controle externo. Tem
competência para fiscalização de quaisquer
entidades públicas, incluindo as contas do
Ministério Público, Legislativo e Judiciário,
assim como para efetivar seu controle so‑
bre entidades privadas que utilizem dinheiro
público para execução de suas atividades.

860 O Mandado de segurança é uma ação man‑


damental de rito especial, previsto no art.
5º, LXIX e LXX da Carta Magna e regula‑
mentada pela lei 12.016/09, para proteção
de direitos individuais ou coletivos, viola‑
dos ou ameaçados por ato administrativo
ilegal. Com efeito, diante de ato ilegal que
viola direito líquido e certo de particular, é
possível requerer, mediante a impetração
de Mandado de Segurança, que se declare
a nulidade desta conduta.
O mesmo ocorre em caso de atos omis‑
sivos, situações nas quais o Mandado de
Segurança ensejará obrigação de fazer ao
poder público. Sendo assim, caso um can‑
didato em concurso público, por exemplo,

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seja aprovado dentro do número de vagas
previsto no edital e a Administração deixe
de convocá-lo para assumir o cargo, pode‑
-se mediante a impetração do mandamus se
determinar que a nomeação seja efetivada.
Neste sentido, o Mandado de Segurança
preventivo será admitido sempre que o
particular estiver se sentindo ameaçado da
prática de ato administrativo ilícito que lhe
causa danos. Caso, durante o andamento
da ação, o ato for praticado, ele poderá ser
convertido automaticamente em Manda‑
do de Segurança repressivo.

861 Trata-se o habeas data de ação constitucio‑


nal, prevista no art. 5º, LXXII, da Carta Magna
que visa à garantia do direito fundamental
à informação. Com efeito, a ação é cabível
sempre para garantir o direito a informação
acerca da pessoa do impetrante, não sen‑
do admitida sua impetração para garantir
direito à informação do seu interesse.

862 De fato, a licitação é pública e os atos pra‑


ticados no bojo do procedimento licitató‑
rio não podem ser sigilosos ou secretos,
contudo, as propostas apresentadas pelos
licitantes são sigilosas até a data da aber‑
tura dos envelopes, a ser feita em conjun‑

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to por todos os concorrentes, em sessão
pública. Até este momento, previamente
determinado pelo edital, um licitante não
pode saber da proposta do outro, pois a
violação ao Princípio do Sigilo da Proposta
representa Improbidade Administrativa e
crime definido na própria Lei de Licitações.
Situação diversa configuraria privilégio de
alguns licitantes em detrimento de outros,
em ofensa clara ao princípio da isonomia.

863 A expressão Tipos de licitação não pode ser


confundida com a expressão Modalidades
de licitação por que esta se relaciona com
a estrutura procedimental da licitação, en‑
quanto os Tipos de licitação se vinculam ao
critério de julgamento da licitação. Dessa
forma, são modalidades de licitação a to‑
mada de preços, a concorrência, o convi‑
te. Por sua vez, os tipos são divididos em
licitação “menor preço”, “melhor técnica”,
“técnica e preço” e “maior lance”.
Sendo assim, quatro critérios podem ser es‑
tabelecidos, no edital, como forma de es‑
colha do vencedor do certame. São os cha‑
mados tipos de licitação e estão definidos
nos artigos 45 e seguintes da Lei 8.666/93.

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864 Em virtude de seu caráter mais amplo e de


seu procedimento rigoroso, a concorrên‑
cia é obrigatória para contratações envol‑
vendo valores mais altos, conforme prevê
o art. 23, da Lei 8.666/93. Porque os recur‑
sos financeiros empregados pela Adminis‑
tração são mais elevados, a concorrência
apresenta maior rigor na formalidade, exi‑
gindo-se ampla divulgação. Sendo assim,
a modalidade é obrigatória para contra‑
tações de obras e serviços de engenharia
acima de um milhão e meio de reais (R$
1.500.000,00) e para a aquisição de bens
e serviços, que não de engenharia, acima
de seiscentos e cinquenta mil reais (R$
650.000,00).

865 O cadastro de interessados, na modalida‑


de licitatória da tomada de preços, repre‑
senta um conjunto de documentos arqui‑
vados no órgão público que demonstram a
idoneidade financeira da empresa para ce‑
lebrar contratos com a Administração Pú‑
blica, ensejando uma simplificação do pro‑
cedimento de licitação posterior.

866 No convite, se todos os licitantes forem ina‑


bilitados ou desclassificadas todas as pro‑
postas apresentadas, o prazo para diligên‑

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cias definido no art. 48, §3º, da lei 8.666/93,
poderá ser reduzido de 8 dias úteis para 3
dias úteis, para que se adéquem ao edital,
trazendo novos documentos de qualifica‑
ção ou apresentando nova proposta.

867 No que tange o instituto jurídico da licita‑


ção carona, a Administração Pública realiza
procedimento licitatório sem a finalidade
imediata de contratação, mas tão somen‑
te para registrar os preços, para o caso de
eventual contratação posterior. Acontece
sempre que o Estado entende que um bem
ou serviço é adquirido com muita frequên‑
cia e, por isso, tem interesse em deixar um
registro, no órgão, com o eventual forne‑
cedor deste bem ou serviço.

868 As cláusulas exorbitantes estão previstas


no art. 58, da lei 8.666/93, e presentes,
implicitamente, em todos os contratos ad‑
ministrativos. Essas cláusulas definem ga‑
rantias ao poder público contratante de
alteração unilateral dos contratos, para
adequá-los ao interesse público, rescisão
unilateral da avença por motivo de inadim‑
plemento do contratado ou justificado por
razões de interesse público, aplicação de
penalidades previstas em lei, fiscalização

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e controle dos contratos celebrados, bem
como a possibilidade, concedida ao estado
de ocupação temporária de bens da con‑
tratada, como forma de evitar a desconti‑
nuidade do serviço prestado, em casos de
necessidade. Essas cláusulas exorbitantes
não são aplicadas aos contratos privados
celebrados pelo Poder Público, salvo em
situações excepcionais, quando então elas
devem estar expressamente definidas no
instrumento do acordo, não decorrendo
diretamente da legislação aplicável.
Sendo assim, pode-se apontar a verticali-
dade como característica inerente aos con‑
tratos administrativos, haja vista a atuação
do Poder Público com supremacia em face
do particular contratado.

869 O Princípio da Continuidade define a ideia


de que a atividade do Estado seja contí‑
nua, não podendo parar a prestação dos
serviços, não comportando falhas ou in‑
terrupções, já que muitas necessidades da
sociedade são inadiáveis (art. 6º, §1º, da Lei
8.987/95).

870 Como regra geral, o contrato deve ser es-


crito, devendo haver um termo que mate‑
rialize a sua celebração. Assim, o procedi‑

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mento licitatório é formalizado em processo
regular e a contratação deve respeitar os
requisitos definidos em lei. Desse modo, o
art. 55, da lei 8.666/93, define quais são
as cláusulas necessárias para formalização
do instrumento de contrato. Nesse senti‑
do, o termo de contrato ou instrumento
de contrato é o meio, determinado por lei,
para formalização do contrato e, para que
o acordo seja válido, deve conter o objeto
e seus elementos característicos, o regime
de execução ou a forma de fornecimento, o
preço e as condições de pagamento, assim
como os critérios e periodicidade do rea‑
juste de preços e as regras de atualização
monetária entre a data do adimplemento
das obrigações e a do efetivo pagamento.

871 O art. 55, VI, da lei 8.666/93 estabelece


a exigência de garantia como cláusula ne‑
cessária dos contratos administrativos e,
nesse sentido, o art. 56 prevê a exigên‑
cia da caução com o objetivo de garan‑
tir a plena execução do contrato, não se
confundindo com a garantia da propos‑
ta que vincula o proponente aos termos
apresentados. O fundamento para sua exi‑
gência é o resguardo do interesse público.
Nesse sentido, dispõe Marçal Justen Fi‑
lho que “para neutralizar os efeitos jurídicos

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potencialmente danosos aos interesses do
particular, o contrato administrativo com-
porta um conjunto de garantias igualmente
excepcionais”.
Como forma de garantia, a Lei prevê a cau‑
ção que pode ser exigida, pelo Estado, para
garantir o ressarcimento de danos em caso
de descumprimento contratual pelo par‑
ticular, sendo que a garantia poderá ser
prestada em dinheiro, títulos da dívida pú‑
blica, fiança bancária ou seguro garantia,
a critério do contratado privado. Trata-se
de poder dever da Administração Pública
e não mera faculdade do contratante pú‑
blico, haja vista a aplicação do princípio da
indisponibilidade do interesse público.

872 A Teoria da Imprevisão ocorre nos casos


em que há uma situação fática não pre‑
vista quando da celebração do contrato,
portanto imprevisível, que venha a alterar
o equilíbrio econômico-financeiro do con‑
trato, com reflexos em sua execução. Em
virtude desta situação, se faz necessária a
recomposição dos preços.
Decorre da denominada Cláusula rebus sic
stantibus: situações nas quais há desequi‑
líbrio contratual e a administração preci‑
sa, a fim de manter o equilíbrio do contra‑

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to, proceder à revisão dos preços e prazos
previamente pactuados.

873 Nas licitações realizadas nos moldes do


RDC, é admitida a indicação de marcas,
desde que isso seja especificado e decorra
de necessidade de padronização do obje‑
to a ser contratado, ou quando determi‑
nada marca ou modelo comercializado por
mais de um fornecedor for a única capaz
de atender às necessidades da entidade
contratante.

874 O Princípio da Modicidade das Tarifas tam‑


bém determina que as tarifas cobradas
para os usuários dos serviços públicos se‑
jam as mais baixas possíveis, a fim de man‑
ter a prestação do serviço à maior parte
da coletividade. Alguns doutrinadores mais
tradicionais chegavam a pregar a aplica‑
ção do princípio da gratuidade, não admi‑
tindo a cobrança de tarifas pela execução
das atividades públicas. Trata-se de enten‑
dimento superado pela doutrina moderna
que admite a cobrança desde que a pre‑
ços módicos.
Ressalte-se que este princípio visa a garan‑
tir a prestação do serviço à maior parte das
pessoas possível, uma vez que a cobrança

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de valores exorbitantes limitaria a fruição a
determinadas camadas da população, ex‑
cluindo as demais de atividade essencial a
seu bem-estar.

875 O Supremo Tribunal Federal, em 2016,


na análise do Recurso Extraordinário nº
693.456, decidiu, apreciando o tema da
repercussão geral, por unanimidade, por
maioria, na parte conhecida, fixar tese nos
seguintes termos: “A administração públi‑
ca deve proceder ao desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do di‑
reito de greve pelos servidores públicos, em
virtude da suspensão do vínculo funcional
que dela decorre, permitida a compensação
em caso de acordo. O desconto será, con‑
tudo, incabível se ficar demonstrado que a
greve foi provocada por conduta ilícita do
Poder Público”.
Sendo assim, considera-se que o direito de
greve do servidor configura uma exceção
ao princípio da continuidade, uma vez que
enseja uma diminuição no ritmo dos servi‑
ços executados. Dessa forma, deverá ser
exercido, respeitando os limites definidos
na legislação pertinente, de modo a se evi‑
tar a paralisação total da atividade pública e

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o prejuízo aos usuários, indevida e incons‑
titucionalmente.
Outrossim, ainda que a greve seja lícita,
se não decorrer da prática de ato ilegal
por parte da Administração, será admiti‑
do o corte da remuneração dos servido‑
res grevistas, sem prejuízo de pagamentos
posteriores, caso seja firmado acordo de
compensação.

876 A Lei 8.987/95, em seu art. 6º, §3º, estabe‑


lece expressamente que é possível a inter‑
rupção das atividades estatais em algumas
situações. Nesse sentido, define o texto
legal que “Não se caracteriza como descon-
tinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio avi‑
so, quando: I–motivada por razões de ordem
técnica ou de segurança das instalações; e,
II–por inadimplemento do usuário, conside-
rado o interesse da coletividade”.
Assim, podem ser verificadas duas situa‑
ções diversas: a interrupção decorrente
de razões de ordem técnica, alheias à von‑
tade do prestador e dos usuários em geral
e aquela que é feita deliberadamente pelo
poder público ou por quem atue na execu‑
ção da atividade administrativa, por dele‑

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gação, motivado pelo não pagamento dos
particulares que usufruem da atividade.

877 A doutrina preconiza que a descentraliza‑


ção pode ser feita mediante outorga ou
delegação de serviços.
Na outorga, é transferida a titularidade e a
execução do serviço público à pessoa ju‑
rídica diversa do Estado, ao passo que, na
delegação, apenas a execução é transferi‑
da, permanecendo com o Estado a titula‑
ridade do serviço. Para a doutrina majori‑
tária, a outorga é conferida, somente, para
pessoas jurídicas de direito público; já a de‑
legação é feita para particulares ou aos en‑
tes da Administração Indireta regidos pelo
direito privado.
A outorga, também denominada de des‑
centralização por serviço, é feita sempre
mediante edição de lei específica que cria
as entidades públicas da Administração In‑
direta que ficarão responsáveis pela execu‑
ção de atividades específicas. Por seu turno,
a delegação, designada como descentrali‑
zação por colaboração, pode ser efetivada
por lei (no caso de entes da Administração
Indireta de direito privado, cuja criação de‑
pende de autorização legislativa específi‑
ca) ou mediante contratos de concessão e

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permissão de serviços públicos. Sendo as‑
sim, pode-se estabelecer que a delegação
será legal ou contratual.

878 A fiscalização gera a possibilidade de inter‑


venção na empresa concessionária, deter‑
minada pelo poder concedente, quando
houver indícios de irregularidades. Nestes
casos, o Estado nomeia um agente público
que atuará como interventor, o qual ficará
responsável pela gestão da empresa, en‑
quanto se instaura processo administrativo
para apuração das supostas irregularida‑
des apontadas. A nomeação do interven‑
tor deve ser feita dar por meio de decreto,
expedido pelo chefe do Poder Executivo.
Depois de nomeado o interventor, a Admi‑
nistração Pública deverá, no prazo máximo
de 30 (trinta) dias, instaurar o processo ad‑
ministrativo a fim de apurar irregularidades,
sendo que este procedimento terá dura‑
ção máxima de 180 (cento e oitenta) dias.

879 A concessão patrocinada trata-se de con‑


trato de concessão de serviços públicos,
podendo ser precedida ou não de obra pú‑
blica, no qual, adicionalmente à tarifa paga
pelos usuários, há uma contraprestação do
Poder Público ao parceiro privado. Sendo

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assim, este contrato poderá ser firmado
com empresas ou consórcios privados que
executarão o serviço por sua conta e ris‑
co, cobrando as tarifas pelo oferecimen‑
to da atividade e percebendo uma remu‑
neração adicional paga pelo Poder Público
concedente.
A intenção desta contraprestação é a ga‑
rantia da modicidade de tarifas aos usuá‑
rios. Com efeito, com o pagamento de va‑
lores efetivado pelo Estado, admite-se que
seja feita uma cobrança de tarifa mais mó‑
dica aos usuários, sem que isso enseje uma
redução no valor do lucro da contratada.

880 A concessão administrativa trata-se de es‑


pécie de concessão de serviço público na
qual a própria Administração Pública fica
responsável pelo pagamento das tarifas,
uma vez que ostenta a qualidade de usuária
do serviço prestado de forma direta ou in‑
direta, mesmo que envolva a execução de
obras públicas ou o fornecimento de bens.
Para parte da doutrina, a concessão admi‑
nistrativa seria um contrato de prestação
de serviços públicos como outro qualquer,
na qual a empresa é remunerada pelo ente
estatal. De fato, nestes casos, o parceiro
privado é integralmente pago pelos recur‑

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sos transferidos pelo parceiro público, o
que enseja muitas críticas.

881 As entidades que fazem parte do tercei‑


ro setor, também designadas como entes
paraestatais, não integram a estrutura ad‑
ministrativa como entes da Administração
Direta ou Indireta, caso contrário estariam
localizadas no primeiro setor da economia.
Em verdade, estes entes são particulares
em colaboração, sem fins lucrativos, que
atuam ao lado do Estado na prestação de
serviços públicos não exclusivos, mas de
cunho social. Por atuarem na prestação de
serviços, estas entidades recebem incenti‑
vos do Poder Público, mediante a dotação
orçamentária, cessão de bens públicos en‑
tre outros benefícios e, consequentemen‑
te, se submetem às restrições de controle
impostas ao ente estatal. Sendo assim, não
obstante conservem a qualidade de parti‑
culares, se sujeitam à regulação financeira
efetivada pelo Tribunal de Contas, além de
se submeterem aos princípios básicos que
norteiam a atuação administrativa.
São quatro as espécies de entes do tercei‑
ro setor tratados no direito brasileiro, a sa‑
ber: entidades do serviço social autônomo,
organizações sociais (OS), organizações da

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sociedade civil de interesse público (OS‑
CIP) e entidades de apoio.

882 As organizações sociais são particulares,


sem fins lucrativos, criadas pela lei 9.637/98,
para prestação de serviços públicos não
exclusivos de Estado, tais como ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tec‑
nológico, proteção e preservação do meio
ambiente, entre outros definidos na pró‑
pria lei. Assim como as demais entidades
paraestatais, não integram a estrutura da
Administração Pública direta ou indireta,
não dependendo de lei para a sua criação
e as atividades por ela exercidas são aque‑
les serviços não exclusivos.
O vínculo com o Poder Público é efetiva‑
do mediante a celebração do contrato de
gestão. Por meio deste contrato, a entida‑
de se qualifica como organização social e
poderá gozar de todos os privilégios refe‑
rentes a esta qualificação como a dotação
orçamentária, cessão de bens públicos e
cessão de servidores públicos.

883 Assim como as organizações sociais, as or‑


ganizações da sociedade civil de interes‑
se público são particulares, sem finalidade
lucrativa, criadas para prestação de servi‑

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Mais de

ços públicos não exclusivos de promoção


da assistência social, promoção da cultura,
defesa e conservação do patrimônio histó‑
rico e artístico, promoção gratuita da edu‑
cação e da saúde, promoção da segurança
alimentar e nutricional, defesa, preserva‑
ção e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentá‑
vel, entre outras definidas em lei.
As OSCIP’s foram previstas na lei 9.790/99
e seguem uma sistemática muito similar à
das Organizações Sociais, em razão da exe‑
cução de serviços de interesse social jun‑
tamente com o poder público e da ausên‑
cia de fins lucrativos.
O vínculo entre estas entidades e o Poder
Público é obtido por meio da celebração
de termo de parceria, destinado à forma‑
ção de vínculo de cooperação entre as par‑
tes, para o fomento e a execução das ati‑
vidades de interesse público. Esse termo
discriminará direitos, responsabilidades e
obrigações das partes signatárias. É impor‑
tante salientar que a celebração do Termo
de Parceria será precedida de consulta aos
Conselhos de Políticas Públicas das áreas
correspondentes de atuação existentes,
nos respectivos níveis de governo.

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884 É indiscutível, na doutrina, que são agentes


políticos os detentores de mandato eleti-
vo e os secretários e ministros de Estado.
Portanto, seriam agentes políticos os che‑
fes do executivo (Presidente da República,
governadores e prefeitos) e seus auxiliares
diretos (secretários estaduais e municipais)
e também aqueles eleitos para o exercício
de mandato no Poder Legislativo (senado‑
res, deputados e vereadores).
Ocorre que parte da doutrina vem-se posi‑
cionando, majoritariamente, no sentido de
acrescentar os membros da Magistratura
e os do Ministério Público como agentes
políticos, haja vista atuarem no exercício de
funções essenciais ao Estado e praticarem
atos inerentes à soberania deste. Salien‑
te-se que, neste caso, o ingresso em tais
carreiras se dá, em sua maioria, mediante
aprovação em concurso público, em que
seja avaliada sua qualificação técnica e pro‑
fissional para o exercício da atividade. Não
obstante se trate de matéria controversa,
para fins de concursos públicos e exames
da OAB, o Supremo Tribunal Federal já se
manifestou no sentido de considerá-los
agentes políticos.

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885 O prazo de validade do concurso público é


de até dois anos, admitindo-se uma única
prorrogação por mesmo período, nos mol‑
des do art. 37, III da Constituição Federal,
competindo ao edital do certame, desde
que obedecidos os limites e parâmetros
constitucionalmente estipulados, a defini‑
ção do seu prazo efetivo de validade. Nes‑
te sentido, o edital poderá dispor acerca de
concurso com prazo inferior a dois anos.
O texto da Carta Constitucional ainda defi‑
ne a possibilidade de prorrogação, somente
por uma vez e desde que seja feito por um
prazo idêntico ao prazo originalmente de‑
finido. Dessa forma, caso o edital do con‑
curso preveja a duração de um ano para
o certame, a prorrogação deverá respeitar
esse limite temporal.

886 A reintegração é o tipo provimento deri‑


vado que enseja o retorno do servidor pú‑
blico estável ao cargo que ocupava ante‑
riormente, em virtude da anulação do ato
de demissão.
Ocorre, portanto, quando invalidada a de‑
missão do servidor estável por decisão judi‑
cial ou administrativa, sendo que o reinte‑
grado será indenizado por tudo que deixou
de ganhar em virtude da demissão ilegal.

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Ressalte-se que, a despeito de estar pre‑
vista a exigência de estabilidade para que o
servidor faça jus à reintegração, a jurispru‑
dência do Supremo Tribunal Federal vem
sendo orientada no sentido de que basta
que este agente seja detentor de cargo
público efetivo que terá direito a ser rein‑
tegrado por demissão ilegal, mesmo que
esteja em estágio probatório.
Nesses casos, se algum outro servidor ocu‑
pava o cargo do reintegrado, será recon‑
duzido ao cargo de origem, a princípio.

887 Atualmente, a aposentadoria compulsória


acontece aos 75 (setenta e cinco) anos de
idade, tanto para o homem quanto para a
mulher servidora pública, consoante dis‑
posto no art. 40, II, da Constituição Fede‑
ral e no art. 2º da LC 152/2015 e será paga
com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição ou integral, caso o servidor
tenha contribuído todo o tempo necessá‑
rio para a concessão de aposentadoria com
proventos integrais.

888 A remuneração do servidor público, con‑


forme disposto no art. 37, XV da Consti‑
tuição da República, é irredutível. Trata-se
de prerrogativa decorrente da natureza

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alimentar da qual se reveste a verba remu‑
neratória. Com efeito, o servidor depen‑
de destes valores para pagamento de seus
débitos pessoais e suas despesas regulares.
Permitir a diminuição deste valor de forma
inesperada ensejaria prejuízos incalculáveis
à vida deste sujeito.
Importante salientar que a irredutibilidade
garantida pelo texto constitucional e pela
lei é nominal, ou seja, não há garantia de ir‑
redutibilidade real. Em outras palavras, a ir‑
redutibilidade não garante a remuneração
dos servidores das perdas decorrentes de
aumentos inflacionários. Neste sentido, o
Supremo Tribunal Federal já pacificou o en‑
tendimento de que não é possível garantir
a irredutibilidade real dos vencimentos.

889 A prática de condutas ilícitas pelos agentes


públicos ensejarão sua responsabilização
na esfera penal, civil e administrativa. Com
efeito, é possível que, pela prática de um
único ato indevido, o servidor sofra sanções
diversas, sendo admitida a cumulação des‑
tas sanções sem que se considere a ocor‑
rência de bis in idem, uma vez que cada uma
das instâncias de apuração do fato tem seu
fundamento diverso das demais.

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Entretanto, a legislação estabelece uma ex‑
ceção à independência das instâncias, pois
sendo o servidor absolvido na esfera penal
por inexistência do fato ou negativa de au-
toria, necessariamente deverá ser absolvi‑
do na esfera civil e administrativa. Saliente‑
-se que nem toda absolvição penal tem o
poder de interferir nas outras esferas, mas
tão somente naquela que decorrer de de‑
monstração de que o fato não ocorreu ou
de que o agente não foi o seu do mesmo.

890 É oportuno transcrever a Súmula Vinculan‑


te nº 13, do STF, também conhecida como
súmula do nepotismo: “A nomeação de
cônjuge, companheiro ou parente em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o tercei‑
ro grau, inclusive, da autoridade nomeante
ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de car‑
go em comissão ou de confiança ou, ain‑
da, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da união, dos estados, do distrito
federal e dos municípios, compreendido o
ajuste mediante designações recíprocas,
viola a constituição federal”. De acordo
com a Corte, tal súmula não se aplica à no‑

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meação de agentes políticos, por se tratar
de ato político.

891 As férias representa um direito previsto no


art. 7º, XVII, da Carta Magna, estendido aos
servidores estatutários, pela dicção do art.
39, §3º do mesmo diploma normativo. Nos
moldes da lei 8.112/90, o servidor público
tem direito a 30 dias de férias por ano (civil).
No entanto, para que possa gozar do pri‑
meiro período de férias, o servidor deve ter
12 meses de exercício. Logo, apenas para o
primeiro período é que se exige o período
aquisitivo de 12 meses, consoante disposto
no art. 77 e seguintes da Lei 8112/90.

892 A sindicância é processo administrativo


simplificado, suficiente e adequado para
aplicação das penalidades de advertência
ou suspensão por até 30 dias, não se admi‑
tindo este procedimento, quando do co‑
metimento de infrações mais graves.
A sindicância deverá ser finalizada no prazo
máximo de 30 dias, prorrogáveis por mais
30 dias. Ocorre que, assim como os de‑
mais prazos de duração dos processos ad‑
ministrativos, definidos em lei, tal prazo é
impróprio, ou seja, a sua inobservância pela

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administração pública não causa nulidade
do processo.

893 Como regra, o servidor que pratica uma


infração estará sujeito a punições de na‑
turezas diversas. Isso porque este agente
estará sujeito a todas as sanções nas esfe‑
ras penal, civil e administrativa. Ressalte‑se
que as instâncias são independentes entre
si, ou seja, a decisão de uma não interfere
na decisão das outras instâncias. A exceção
está apresentada quando a lei estabelece
que, sendo o servidor absolvido na esfe‑
ra penal por inexistência do fato ou negati-
va de autoria, necessariamente deverá ser
absolvido na esfera civil e administrativa.

894 A Lei 8.429/92 não prevê sanções admi‑


nistrativas a servidores públicos, mas esti‑
pula penalidades civis a todos aqueles que
praticarem atos violadores da moralidade
pública ou danosa ao patrimônio público,
seja agente público, seja particular.

895 A LC 157/16 criou uma nova espécie de ato


de improbidade que foi inserida no art. 10-A
da Lei 8.429/92. Em verdade, trata-se de
ato que enseja prejuízo ao erário e que po‑
deria ter sido incluído em um dos incisos

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do próprio art. 10, no entanto, foi tratado
em artigo separado, inclusive com sanções
diferenciadas.
Desta forma, a lei estabelece que constitui
ato de improbidade administrativa qual-
quer ação ou omissão para conceder, apli-
car ou manter benefício financeiro ou tri-
butário de forma indevida em relação ao
ISS (Imposto Sobre Serviços). Entenda-se
como indevida a concessão de isenções,
incentivos ou benefícios tributários ou fi‑
nanceiros, inclusive de redução de base de
cálculo ou de crédito presumido ou ou‑
torgado, ou sob qualquer outra forma que
resulte, direta ou indiretamente, em carga
tributária menor que a decorrente da apli‑
cação da alíquota mínima de 2%, salvo as
disposições legais em contrário.

896 A doutrina costuma definir a existência de


duas modalidades de intervenção do Esta‑
do na propriedade privada, a saber:
a) Intervenção Supressiva–o Estado
transfere para si a propriedade de ter‑
ceiro, suprimindo o direito de proprie‑
dade anteriormente existente. Nestes
casos, o direito de propriedade do par‑
ticular é suprimido em face da necessi‑
dade pública, podendo se dar mediante

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indenização, ou excepcionalmente, sem
qualquer espécie de pagamento. Tradi‑
cionalmente, se define a desapropriação
como a única forma de intervenção su‑
pressiva na propriedade regulamentada
pelo ordenamento jurídico brasileiro.
b) Intervenção Restritiva–o Estado im‑
põe restrições e condicionamentos ao
uso da propriedade pelo terceiro, sem,
contudo, lhe retirar o direito de pro‑
priedade. Nestes casos, não obstante
o particular conserve o seu direito de
propriedade, não poderá mais exercê-lo
em sua plenitude, ficando a utilização do
bem sujeita às limitações impostas pelo
Estado, de forma a garantir a satisfação
das necessidades coletivas.

897 Na desapropriação, a indenização deve,


como regra, ser prévia à imissão na pos‑
se, justa e em dinheiro. Contudo, o art. 5º,
XXIV, da CF, estabelece que não obstante
a indenização seja feita, como regra, em di‑
nheiro, serão ressalvados as exceções tra‑
zidas pela própria Constituição.

898 Caso o proprietário não cumpra a função


social do imóvel rural, compete à União
desapropriar por interesse social, para fins

DIREITO ADMINISTRATIVO
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de reforma agrária, o referido imóvel, me‑
diante prévia e justa indenização em títulos
da dívida agrária, com cláusula de preser‑
vação do valor real, resgatáveis no prazo
de até vinte anos, a partir do segundo ano
de sua emissão, e cuja utilização será defi‑
nida em lei.

899 A desapropriação confisco representa uma


desapropriação específica, na qual a lei não
prevê o pagamento de qualquer espécie de
indenização. Com efeito, esta desapropria‑
ção NÃO É INDENIZÁVEL e, por isso, parte
da doutrina designa esta retirada da pro‑
priedade do particular de expropriação, di‑
ferenciando das desapropriações propria‑
mente ditas que seriam sempre mediante
indenização.
A norma constitucional estabelece duas si‑
tuações diversas, tratando a expropriação
de bens móveis e de bens imóveis. Nestes
termos, serão expropriados os bens mó‑
veis utilizados para o tráfico de drogas e os
bens imóveis utilizados para plantação de
psicotrópicos ilícitos e para a exploração
de trabalho escravo.

900 A desapropriação indireta ocorre nas si‑


tuações em que o Estado invade o bem

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privado sem respeitar os procedimentos
administrativos e judiciais inerentes à de‑
sapropriação. Com efeito, configura ver‑
dadeiro esbulho ao direito de propriedade
do particular perpetrado pelo ente públi‑
co, de forma irregular e ilícita. Também é
conhecida pela doutrina com a designação
de apossamento administrativo.
Nesses casos, dada a destinação pública
ao bem, o proprietário não pode mais re‑
verter a situação, buscando o bem para si,
restando pleitear o pagamento de justa in‑
denização através da Ação de Indenização
por Desapropriação Indireta. De fato, o
proprietário requer ao juízo que reconheça
a desapropriação e defina um valor indeni‑
zatório justo, uma vez que a retomada do
bem ensejaria um prejuízo à coletividade e
violação ao princípio da supremacia do in‑
teresse público sobre o interesse privado.

901 Nos casos em que o Estado desapropria


um bem deixando uma área remanescen‑
te inaproveitável, isoladamente, surge ao
proprietário o direito de extensão. Nessas
situações o poder público deverá desapro‑
priar o bem inteiro e indenizará tudo. Com
efeito, em determinados casos, a desapro‑
priação de parte da propriedade esvazia o

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conteúdo econômico da área que não foi
desapropriada, tornando-a inútil, quando
analisada de forma separada do restante do
terreno. Nestes casos, o particular poderá
requerer ao poder público que efetive a de‑
sapropriação sobre todo o bem, incluindo
a área que não lhe será útil isoladamente,
calculando-se a indenização sobre todo o
espaço do bem.

902 A desapropriação por zona se efetiva em


razão da realização de obra pública, na qual
o ente estatal tenha a necessidade de de‑
sapropriar, não somente o espaço neces‑
sário à construção da obra, mas também a
zona vizinha a esta construção. Acerca do
tema. O art. 4º, do Decreto-Lei 3.365/41
define que “A desapropriação poderá abran-
ger a área contígua necessária ao desenvol-
vimento da obra a que se destina, e as zonas
que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em
qualquer caso, a declaração de utilidade pú-
blica deverá compreendê-las, mencionando-
-se quais as indispensáveis à continuação da
obra e as que se destinam à revenda”.
Ou seja, a desapropriação ocorre em ter‑
reno além do necessário para a realização
da obra, sendo que a lei exige que o de‑

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creto expressamente disponha sobre sua
razão, discriminando, inclusive, que parce‑
la da desapropriação é feita para a obra e
qual a parcela do terreno em que a desa‑
propriação ocorre por zona.

903 Afetar o bem é dar destinação pública a bem


dominical e desafetar é suprimir a destina‑
ção de bem que estava atrelado, de algu‑
ma forma, ao interesse público. A doutrina
mais tradicional, encabeçada por Diógenes
Gasparini, também designa esses institu‑
tos como consagração (sinônimo de afe‑
tação) e desconsagração (sinônimo de de‑
safetação).

904 O Código Civil, em seu art. 98, estabele‑


ce que só são bens públicos os bens das
pessoas jurídicas de direito público. Todos
os outros são privados, ainda que estejam
atrelados à prestação de serviços. Nestes
casos, os bens podem gozar das garantias
dos bens públicos, mas são considerados
bens privados.

905 É cediço que, diferentemente do que ocor‑


re na função jurisdicional, os processos ad‑
ministrativos podem ser instaurados sem
a necessidade de provocação de qualquer

DIREITO ADMINISTRATIVO
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particular interessado. Logo, é possível que
a Administração Pública seja instada a ma‑
nifestar-se, inclusive, em decorrência do
direito de petição, estampado no art. 5º,
XXXIV da Constituição Federal. Todavia, o
início do processo, na esfera administra‑
tiva, pode decorrer de vontade originá‑
ria do Poder Público, no exercício de suas
atividades.
Ainda que o processo administrativo tenha
se iniciado por iniciativa do particular, não
depende da manifestação deste para seu
impulso, ou seja, a movimentação do pro‑
cesso incumbe ao poder público que deve
atuar, independente de provocação do in‑
teressado. Com efeito, o processo admi‑
nistrativo se desenvolve em uma série con‑
catenada de atos administrativos, em uma
série lógica e legalmente definida e, para a
prática desses atos, o particular não precisa
ser questionado por qualquer interessado.

906 Diferente da maioria dos processos ju‑


diciais, os processos administrativos são
gratuitos, não havendo cobrança de cus‑
tas, emolumentos ou ônus sucumbenciais
aos particulares envolvidos. A atuação ad‑
ministrativa visa, antes de tudo, a alcançar
o interesse coletivo e, portanto, deve ser

DIREITO ADMINISTRATIVO
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exercida sem ônus para outras partes inte‑
ressadas, haja vista o fato de que a Admi‑
nistração Pública é a maior interessada na
solução da controvérsia.
Nesse sentido, dispõe o art. 2º, parágrafo
único, XI, da lei 9.784/99, que é vedada à Ad‑
ministração Pública a cobrança de despesas
processuais, ressalvadas as previstas em lei.

907 Estabelece o artigo 50, §1º da lei 9.784/99


que “A motivação deve ser explícita, clara e
congruente, podendo consistir em declara-
ção de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões
ou propostas, que, neste caso, serão parte
integrante do ato.”
Tal situação configura o que a doutrina ad‑
ministrativa resolveu denominar motivação
aliunde dos atos administrativos e ocorre
todas as vezes que a motivação de um de‑
terminado ato remete à motivação de ato
anterior que embasa sua edição, ou seja, ao
invés de o administrador público justificar
a razão do seu ato, ele justifica com base
em motivos expostos em ato prévio.

908 Afastamento preventivo (art. 147 da lei


8.112/90): ao ser instaurado o PAD, se a au‑
toridade administrativa entender que a per‑
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Mais de1000 DICAS
manência do servidor no cargo pode atra‑
palhar o andamento do processo, poderá
determinar o afastamento preventivo deste,
pelo prazo máximo de 60 dias, prorrogáveis
por mais 60 (prazo peremptório), mantida
obrigatoriamente sua remuneração inte‑
gral. A medida não tem caráter de penali‑
dade ou sanção, mas sim de medida acau‑
telatória, mesmo porque não se faz possível
a aplicação de penalidades aos servidores
públicos sem prévio processo disciplinar.

909 No processo administrativo, após apresen‑


tação de defesa, a comissão elaborará um
relatório conclusivo. Ressalte‑se que o re‑
latório tem natureza jurídica de um parecer,
não se restringindo a relatar os aconteci‑
mentos do processo, devendo emitiropinião
sobre qual deve ser a decisão a ser tomada
pela autoridade competente. Questiona‑
‑se se o relatório vincula a autoridade jul‑
gadora, ou seja, se o julgador está adstrito
à conclusão do relatório ou se pode julgar
contrário a ele. A Lei 8.112/90 estabelece
que o julgamento deverá seguir à conclu‑
são do relatório, salvo se comprovadamen‑
te contrária à prova dos autos. O Supremo
Tribunal Federal, em interpretação a este
dispositivo legal, fixou o entendimento de
que este relatório não é vinculante.

DIREITO ADMINISTRATIVO
1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 14

Estatuto da
Criança e do
Adolescente
CRISTIANE DUPRET

Estatuto da Criança e do Adolescente


Mais de1000 DICAS

910 O Estatuto da Criança e do Adolescente é


regido pela doutrina da proteção integral,
o que significa, primordialmente, que toda
criança e adolescente é sujeito de direitos,
estejam eles previstos no ECA ou em ou‑
tros Diplomas. Ao entrar em vigor, o ECA
superou a antiga doutrina da situação irre‑
gular. O ECA e regido ainda pelo princípio
do melhor interesse do menor e pela ab‑
soluta prioridade.

911 O ECA define como criança a pessoa de


até doze anos incompletos e como adoles‑
cente a pessoa entre doze e dezoito anos
de idade. Cabe lembrar que ao completar
18 anos, a pessoa não mais será conside‑
rada adolescente, sendo penalmente im‑
putável e civilmente capaz. No entanto,
há casos em que o ECA pode ser aplicado
excepcionalmente entre 18 e 21 anos. Isso
ocorre, por exemplo, no caso de um ado‑
lescente que pratique ato infracional perto
de completar 18 anos, mas que poderá ser
internado e assim permanecer, desde que
aos 21 anos se dê a desinternação, conso‑
ante dispõe o artigo 121, parágrafo 5º do
ECA, ao tratar da medida socioeducativa
de internação.

Estatuto da Criança e do Adolescente


Mais de1000 DICAS

912 A lei 13257 de 2016 realizou diversas al‑


terações no ECA. Dentre elas, nos trouxe
o conceito de primeira infância, definida
como os seis primeiros anos ou setenta e
dois primeiros meses de vida da criança.
Desta forma, o conceito de primeira infân‑
cia toma parte do conceito de criança.

913 O ECA define como criança a pessoa de até


doze anos incompletos e como adolescen‑
te a pessoa entre doze e dezoito anos de
idade. Cabe lembrar que ao completar 18
anos, a pessoa não mais será considerada
adolescente, sendo penalmente imputável
e civilmente capaz. No entanto, há casos em
que o ECA pode ser aplicado excepcional‑
mente entre 18 e 21 anos. Isso ocorre, por
exemplo, no caso de um adolescente que
pratique ato infracional perto de comple‑
tar 18 anos, mas que poderá ser internado
e assim permanecer, desde que aos 21 anos
se dê a desinternação, consoante dispõe o
artigo 121, parágrafo 5º do ECA, ao tratar
da medida socioeducativa de internação.
Atualmente, tal possibilidade é ainda refor‑
çada pelo enunciado 605 do STJ.

914 A lei 13010/14 ficou conhecida como lei


menino Bernardo e inclui no ECA os arti‑

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gos 18-A e 18-B. O artigo 18 A estabelece
que “criança e o adolescente têm o direi‑
to de ser educados e cuidados sem o uso
de castigo físico ou de tratamento cruel
ou degradante, como formas de correção,
disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da
família ampliada, pelos responsáveis, pe‑
los agentes públicos executores de medi‑
das socioeducativas ou por qualquer pes‑
soa encarregada de cuidar deles, tratá-los,
educá-los ou protegê-los.” Esta lei define
castigo físico como aquele que causa so‑
frimento físico ou lesão e tratamento cruel
ou degradante como aquele que humilha,
ridiculariza ou ameaça gravemente, trazen‑
do várias medidas para os que emprega‑
rem esse tipo de tratamento. Dentre elas,
a medida de advertências. As medidas são
de atribuição do Conselho Tutelar.

915 A lei Menino Bernardo dá nova redação ao


artigo 13 do ECA. A nova redação do artigo
13 do ECA passa a estabelecer que os ca‑
sos de suspeita ou confirmação de castigo
físico, de tratamento cruel ou degradante
e de maus-tratos contra criança ou ado‑
lescente serão obrigatoriamente comuni‑
cados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras provi‑

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Mais de1000 DICAS
dências legais. Antes da alteração, o artigo
13 apenas fazia referência a maus-tratos.

916 A lei 13.106/15 entrou em vigor no dia 18


de março de 2015, alterando o artigo 243
do ECA e revogando o inciso I do artigo 63
da LCP, enterrando a controvérsia existen‑
te acerca da espécie de infração penal. O
STJ entendia que, por ausência de expres‑
sa previsão legal, a conduta não podia ser
considerada como crime, caracterizando
tão somente contravenção penal do arti‑
go 63, I da LCP (DL3688/41). Tal entendi‑
mento agora só poderá ser aplicado para
condutas praticadas antes da vigência da
Lei 13106, já que a nova lei é considerada
maléfica e não pode retroagir.

917 O artigo 54 do ECA passou por alteração


pela Lei 13.306/2016. A referida lei ade‑
quou o Estatuto à previsão contida no arti‑
go 208 da Constituição Federal. Antes da
alteração legislativa, o artigo 54 do Esta‑
tuto trazia a previsão de atendimento em
creche e pré-escola às crianças de zero a
seis anos de idade. Ocorre que a Emenda
Constitucional 59 já havia alterado a idade
da creche e pré-escola para até cinco anos,
isso frente a toda a reestruturação da Lei

Estatuto da Criança e do Adolescente


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de Diretrizes e Bases, considerando que o
Ensino Fundamental passou a se iniciar aos
seis anos de idade. Com o advento, por‑
tanto, da lei 13.306, passa o artigo 54 a ter
a seguinte redação:
Art. 54 (...)
IV – atendimento em creche e pré‑
-escola às crianças de zero a cinco
anos de idade;

918 A Lei 13.436 incluiu no ECA um inciso no ar‑


tigo 10, que prevê obrigações dos estabe‑
lecimentos de atenção à saúde da gestan‑
te. A partir da sua entrada em vigor, surge
uma nova obrigação para esses estabeleci‑
mentos: acompanhar a prática do proces‑
so de amamentação, prestando orienta‑
ções quanto à técnica adequada, enquanto
a mãe permanecer na unidade hospitalar,
utilizando o corpo técnico já existente.

919 A lei 13.440 realizou alteração curiosa no


ECA, tendo em vista que modificou o pre‑
ceito secundário de um tipo penal tido
como tacitamente revogado pela doutrina
majoritária. Trata-se do artigo 244A, que
tipifica a conduta de submissão da crian‑
ça ou adolescente à exploração sexual ou
à prostituição. Ocorre que o artigo 218 B
Estatuto da Criança e do Adolescente
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do Código Penal, incluído em 2009 pela lei
12.015 já teria abrangido a conduta antes
prevista no ECA. Portanto, parece-nos mais
acertado que a inclusão legislativa tivesse
sido realizada neste último artigo. Passa a
prever o preceito secundário do artigo 244
A do ECA que, além da pena privativa de li‑
berdade, haverá a perda de bens e valores
utilizados na prática criminosa em favor do
Fundo dos Direitos da Criança e do Ado‑
lescente da unidade da Federação (Estado
ou Distrito Federal) em que foi cometido
o crime, ressalvado o direito de terceiro
de boa-fé.

920 A lei 13.441 passa a prever a infiltração de


agentes de polícia na internet com o fim de
investigar crimes contra a dignidade sexu‑
al de criança e de adolescente. Foi incluído
no ECA o artigo 190 A, que passa a dispor
acerca da infiltração de agentes de polí‑
cia na internet com o fim de investigar os
crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A,
241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do De‑
creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal).

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Mais de1000 DICAS

921 Consoante dispõe o enunciado 265 do STJ,


É necessária a oitiva do menor infrator an‑
tes de decretar-se a regressão da medida
socioeducativa. Já o enunciado 338 pre‑
vê que a prescrição penal é aplicável nas
medidas socioeducativas. Ainda analisando
enunciados do STJ que dispõem sobre o di‑
reito da criança e do adolescente, temos o
342: No procedimento para aplicação de
medida socioeducativa, é nula a desistência
de outras provas em face da confissão do
adolescente; o 383: A competência para
processar e julgar as ações conexas de in‑
teresse de menor é, em princípio, do foro
do domicílio do detentor de sua guarda; o
492: O ato infracional análogo ao tráfico
de drogas, por si só, não conduz obrigato‑
riamente à imposição de medida socioe‑
ducativa de internação do adolescente e o
500: a configuração do crime previsto no
artigo 244-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente independe da prova da efe‑
tiva corrupção do menor, por se tratar de
delito formal.

922 O ECA prevê medidas de proteção para


hipóteses em que direitos de crianças e
adolescentes estejam sendo violados por
ação ou omissão do Estado ou da Socieda‑
de, por falta, abuso ou omissão dos pais ou

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responsável ou em razão da própria con‑
duta da criança ou adolescente. As medi‑
das de proteção estão previstas em rol me‑
ramente exemplificativo no artigo 101 do
ECA. Dentre elas, podemos citar o acolhi‑
mento familiar, institucional e a colocação
em família substituta.

923 Consoante dispõe o enunciado 265 do STJ,


É necessária a oitiva do menor infrator an‑
tes de decretar-se a regressão da medida
socioeducativa. Já o enunciado 338 pre‑
vê que a prescrição penal é aplicável nas
medidas socioeducativas. Ainda analisando
enunciados do STJ que dispõem sobre o di‑
reito da criança e do adolescente, temos o
342: No procedimento para aplicação de
medida socioeducativa, é nula a desistência
de outras provas em face da confissão do
adolescente; o 383: A competência para
processar e julgar as ações conexas de in‑
teresse de menor é, em princípio, do foro
do domicílio do detentor de sua guarda; o
492: O ato infracional análogo ao tráfico
de drogas, por si só, não conduz obrigato‑
riamente à imposição de medida socioe‑
ducativa de internação do adolescente, o
500: a configuração do crime previsto no
artigo 244-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente independe da prova da efe‑

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Mais de1000 DICAS
tiva corrupção do menor, por se tratar de
delito formal E O 605: “A superveniência
da maioridade penal não interfere na apu‑
ração de ato infracional nem na aplicabili‑
dade de medida socioeducativa em curso,
inclusive na liberdade assistida, enquanto
não atingida a idade de 21 anos.””

924 As medidas socioeducativas incidem ape‑


nas para o adolescente que pratica ato in‑
fracional e somente podem ser aplicadas
pelo juiz da infância e juventude. São elas:
advertência; obrigação de reparar o dano;
prestação de serviços à comunidade; liber‑
dade assistida; inserção em regime de se‑
mi-liberdade e internação em estabeleci‑
mento educacional.

925 A medida socioeducativa jamais será apli‑


cada a uma criança, muito embora ela tam‑
bém possa cometer ato infracional. Ape‑
nas adolescentes podem receber medidas
socioeducativas. A criança que comete ato
infracional deve ser encaminhada ao Con‑
selho Tutelar, para aplicação de medida
de proteção.

926 As medidas protetivas são destinadas tan‑


to às crianças quanto aos adolescentes que

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estejam em situação de risco, enquanto as
medidas socioeducativas somente podem
ser aplicadas aos adolescentes em con‑
flito com a lei (prática de ato infracional).
Em regra, quem aplica medida protetiva é
o Conselho Tutelar, exceto a inclusão em
programa de acolhimento familiar e a co‑
locação em família substituta.

927 O direito à liberdade compreende os se‑


guintes aspectos: ir, vir e estar nos logra‑
douros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais; opinião e
expressão; crença e culto religioso; brincar,
praticar esportes e divertir-se; participar da
vida familiar e comunitária sem discrimina‑
ção; participar da vida política na forma da
lei; e buscar refúgio, auxílio e orientação. O
direito ao respeito consiste na inviolabili‑
dade da integridade física, psíquica e moral
da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, ideias e crenças,
dos espaços e objetos pessoais. É dever de
todos velar pela dignidade da criança e do
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrori‑
zante, vexatório ou constrangedor.

Estatuto da Criança e do Adolescente


Mais de1000 DICAS

928 É direito da criança e do adolescente ser


criado e educado no seio de sua família e,
excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comu‑
nitária, em ambiente que garanta seu de‑
senvolvimento integral. A Lei 13257/16, ao
reformular a redação do artigo 19, retirou a
menção a dependentes de substâncias en‑
torpecentes.

929 Os filhos havidos fora do casamento po‑


derão ser reconhecidos pelos pais, conjun‑
ta ou separadamente, no próprio termo de
nascimento, por testamento, mediante es‑
critura ou outro documento público, qual‑
quer que seja a origem da filiação. O reco‑
nhecimento pode preceder o nascimento
do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se
deixar descendentes. O reconhecimento
do estado de filiação é direito personalíssi‑
mo, indisponível e imprescritível, podendo
ser exercitado contra os pais ou seus her‑
deiros, sem qualquer restrição, observado
o segredo de Justiça.

930 A perda e a suspensão do poder familiar se‑


rão decretadas judicialmente, em procedi‑
mento contraditório, nos casos previstos
na legislação civil, bem como na hipótese

Estatuto da Criança e do Adolescente


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de descumprimento injustificado dos de‑
veres e obrigações. A manutenção ou rein‑
tegração de criança ou adolescente à sua
família terá preferência em relação a qual‑
quer outra providência, caso em que será
esta incluída em serviços e programas de
proteção, apoio e promoção.

931 Toda criança ou adolescente que estiver


inserido em programa de acolhimento fa‑
miliar ou institucional terá sua situação rea‑
valiada, no máximo, a cada 3 (TRÊS) meses,
devendo a autoridade judiciária competen‑
te, com base em relatório elaborado por
equipe Inter profissional ou multidiscipli‑
nar, decidir de forma fundamentada pela
possibilidade de reintegração familiar ou
colocação em família substituta. A perma‑
nência da criança e do adolescente em pro‑
grama de acolhimento institucional não se
prolongará por mais de 18 (dezoito meses)
(consoante alteração promovida pela Lei
13.509/17), salvo comprovada necessidade
que atenda ao seu superior interesse, de‑
vidamente fundamentada pela autoridade
judiciária.

932 O ECA conceitua algumas modalidades de


família. Família natural – é a comunidade

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formada pelos pais com seus descendentes
ou qualquer deles com seus descendentes.
Família extensa ou ampliada – é a comuni‑
dade formada pelo menor com seus paren‑
tes próximos, com os quais ele conviva e
possua relação de afinidade e afetividade.
Já a Família substituta se dará nas modali‑
dades de guarda, tutela ou adoção.

933 A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a famí‑


lia natural ou extensa/ampliada; e a exce‑
ção, a família substituta. E para garantir
esta convivência, o ECA sofreu alteração
recente pela Lei 12962/14, que passa a es‑
tabelecer no parágrafo 4o do artigo 19 que
será garantida a convivência da criança e
do adolescente com a mãe e o pai privado
da liberdade, por meio de visitas periódicas
promovidas pelo responsável ou, nas hi‑
póteses de acolhimento institucional, pela
entidade responsável, independentemen‑
te de autorização judicial. O artigo 23 tam‑
bém passou a ter nova redação. A criança
ou adolescente deve ser mantido em sua
família de origem, em regra. Desta forma, a
condenação criminal do pai ou da mãe não
implicará na destituição do poder familiar,
exceto na hipótese de condenação por cri‑
me doloso, sujeito à pena de reclusão, con‑

Estatuto da Criança e do Adolescente


Mais de1000 DICAS
tra o próprio filho ou filha. Um exemplo que
podemos citar é o crime de estupro.

934 A colocação em família substituta far-se‑


-á mediante 3 modalidades: guarda, tutela
ou adoção. Esta última modalidade sofreu
recentes alterações promovidas pela Lei
12955/14, que incluiu o parágrafo 9o. do ar‑
tigo 47, que determina que terão prioridade
de tramitação os processos de adoção em
que o adotando for criança ou adolescente
com deficiência ou com doença crônica; e
ainda pela Lei 13509/17, que inclui o pará‑
grafo 10, que dispõe que O prazo máximo
para conclusão da ação de adoção será de
120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma
única vez por igual período, mediante deci‑
são fundamentada da autoridade judiciária.

935 A guarda prevista no ECA é aquela em que


a pessoa já cria o menor e deseja regulari‑
zar tal situação, ou quando no processo de
adoção, deseja conviver com o adotando,
requerendo a guarda já no início ou duran‑
te o processo de adoção (não existe guarda
para estrangeiros. A única modalidade de
colocação em família substituta para eles
admitida é a adoção). Essa guarda também
pode se dar durante o procedimento de

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tutela. Outra hipótese de guarda prevista
no ECA é aquela que visa suprir uma falta
eventual ou atender determinada situação
peculiar, como o caso de pais que estejam
viajando a trabalho, ou ainda a mãe que te‑
nha um surto em uma doença mental e te‑
nha que permanecer internada por deter‑
minado período.

936 Embora o guardião tenha todos os deveres


de assistência material, moral e educacio‑
nal, isso não afasta o dever de alimentos
dos pais e o direito de visitação), pois não
podemos esquecer que a guarda conferi‑
da a terceiro convive com o Poder Fami‑
liar dos pais.

937 A tutela é medida de colocação em família


substituta que, diferentemente da guarda,
pressupõe a morte dos pais, sua declara‑
ção de ausência, qualquer outra forma de
perda ou ainda suspensão do Poder Fami‑
liar. O tutor é pessoa capaz que, além de
exercer a guarda, representa legalmente o
menor, o protege, dirige sua pessoa, sen‑
do ainda responsável pela administração
de seus bens. A tutela implica necessaria‑
mente no dever de guarda.

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938 A tutela cessará com a maioridade ou


emancipação do menor, ou ainda quando
sob menor, alguém passar a exercer o po‑
der familiar, no caso de reconhecimento
ou adoção. O próprio tutor poderá adotar
o tutelado, desde que, preenchidos os de‑
mais requisitos da adoção, ele tenha pres‑
tado contas e essas tenham sido aprovadas
pelo juiz e desde que, por qualquer outro
motivo, não for impedido de adotar. Caso
o tutor seja ascendente ou irmão do tute‑
lado, ele não poderá adotar, eis que o ECA
veda a adoção por ascendentes e irmãos.

939 Podem adotar os maiores de 18 anos, desde


que exista uma diferença de dezesseis anos
entre adotante e adotado. Pessoas solteiras
podem adotar sozinhas ou se viverem em
união estável, ainda que pessoas do mesmo
sexo, desde que o STF reconheceu a possi‑
bilidade de união estável entre pessoas do
mesmo sexo, comprovada a estabilidade fa‑
miliar. Pessoas casadas podem adotar con‑
juntamente, desde que também seja com‑
provada a estabilidade familiar. Podem ainda
adotar as pessoas separadas judicialmente
ou divorciadas, conjuntamente, desde que
o estágio de convivência com o adotando
já tenha se iniciado durante a união e desde
que acordem sobre a guarda, que pode ser

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unilateral ou compartilhada, e sobre o regi‑
me de visitação, comprovada a existência
de vínculos de afinidade e afetividade com
aquele não detentor da guarda, que justifi‑
quem a excepcionalidade da concessão.

940 Se um dos cônjuges ou companheiros ado‑


ta o filho do outro, mantêm-se os vínculos
de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
companheiro do adotante e os respectivos
parentes. Exemplo: Caio e Tícia são pais de
Mévio. Ocorre que Caio nunca deu aten‑
ção ao filho, sumiu, o filho não conheceu
o pai, não manteve vínculos com a família
biológica. Caio morreu, não deixou bens
e a família biológica dele não se interessa
em conhecer Mévio. Tícia se casou nova‑
mente com Vicente, que desenvolveu pa‑
ternidade socioafetiva em relação a Mévio,
por dez anos e deseja adotá-lo. Desde que
presente a diferença mínima de idade de
16 anos, será possível a adoção, mas todos
os vínculos de Mévio com sua mãe Tícia e
com a família dela serão mantidos.

941 A adoção exige consentimento dos pais


biológicos, exceto se estes forem desco‑
nhecidos, falecidos ou destituídos do po‑
der familiar. O consentimento é retratável

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até a data da realização da audiência, e os
pais podem exercer o arrependimento no
prazo de 10 (dez) dias, contado da data de
prolação da sentença de extinção do po‑
der familiar. A adoção é medida excepcio‑
nal e irrevogável, à qual se deve recorrer
apenas quando esgotados os recursos de
manutenção da criança ou adolescente na
família natural ou extensa. É vedada a ado‑
ção por procuração.

942 A Lei 13509/17 alterou disposições relacio‑


nadas ao estágio de convivência. A adoção
será precedida de estágio de convivência
com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas
a idade da criança ou adolescente e as pe‑
culiaridades do caso. O estágio de convi‑
vência poderá ser dispensado se o adotan‑
do já estiver sob a tutela ou guarda legal
do adotante durante tempo suficiente para
que seja possível avaliar a conveniência da
constituição do vínculo. Em caso de ado‑
ção por pessoa ou casal residente ou do‑
miciliado fora do País, o estágio de convi‑
vência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias
e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias,
prorrogável por até igual período, uma úni‑
ca vez, mediante decisão fundamentada da
autoridade judiciária.

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943 A morte dos adotantes não restabelece o


poder familiar dos pais naturais, isso decor‑
re da irrevogabilidade da adoção. Essa re‑
gra, por sua vez, decorre da igualdade plena
ente filhos. Se os pais adotivos torturarem
o filho, por exemplo, ainda assim a adoção
não será revogada. Eles podem perder o
poder familiar.

944 A Adoção internacional, tratada a partir do


artigo 51 do ECA, é aquela efetivada por
pessoa residente em território estrangei‑
ro. Quanto à nacionalidade, existe possibi‑
lidade de casais estrangeiros adotarem. No
entanto, é importante destacar que a ado‑
ção por estrangeiros possui caráter subsi‑
diário. Estrangeiros ou brasileiros residen‑
tes em outro país, que pretendam adotar
no Brasil, não concorrem em igualdade de
condições com residentes no Brasil. O ar‑
tigo 51 do ECA, substancialmente alterado
pela Lei 13509/17, dispõe acerca da adoção
internacional, conceituando-a como aque‑
la na qual o pretendente possui residên‑
cia habitual em país-parte da Convenção
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à
Proteção das Crianças e à Cooperação em
Matéria de Adoção Internacional, promul‑
gada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho

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de 1999, e deseja adotar criança em outro
país-parte da Convenção.

945 Os pedidos de habilitação para a adoção


internacional serão intermediados por or‑
ganismos nacionais e estrangeiros, creden‑
ciados junto à Autoridade Central Federal
Brasileira, com posterior comunicação às
Autoridades Centrais Estaduais e publica‑
ção em órgãos oficiais de imprensa e em sí‑
tio próprio na internet. Tais organismos de
intermediação devem ser oriundos dos pa‑
íses que ratificaram a Convenção de Haia,
desde que credenciados pela Autoridade
Central do Estado em que estejam sedia‑
dos e pelo país de acolhida do adotando.
Tais organismos não podem ter finalidade
lucrativa e devem enviar relatório pós-a‑
doção às Autoridades Centrais Estaduais,
sempre com cópia à Autoridade Central
Federal, pelo período mínimo de dois anos.
Esse relatório será mantido até a juntada
da cópia do registro que confira naciona‑
lidade do adotando no país de acolhida. O
organismo que não enviar os relatórios terá
suspenso seu credenciamento. Isso não sig‑
nifica que, após obtenção da nacionalida‑
de, o Brasil não tomará ciência da situação
do adotado. Pelo contrário, estabelece o
parágrafo 10 do artigo 51 que a Autoridade

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Central Brasileira poderá, a qualquer mo‑
mento, solicitar informações sobre a situa‑
ção das crianças e adolescentes adotados.

946 É direito dos pais ou responsáveis ter ci‑


ência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas edu‑
cacionais. Contestar critérios avaliativos
seria a possibilidade de exigir a aplicação de
critérios objetivos, e não de escolher qual
será a metodologia a ser aplicada pela ins‑
tituição de ensino, pois essa poderá esco‑
lher, com critério objetivo, a melhor forma
de avaliar seus alunos.

947 Alguns dispositivos do ECA que tratam do


direito à profissionalização e à proteção no
trabalho não se encontram em consonân‑
cia com a Constituição Federal, que sofreu
alteração significativa pela EC 20/1998. A
EC 20/1998 deu nova redação ao inciso
XXXIII do artigo 7º da CF: XXXIII – “proibi‑
ção de trabalho noturno, perigoso ou in‑
salubre a menores de dezoito e de qual‑
quer trabalho a menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos.” Não encontra aplicação a
disposição do artigo 64 do ECA, que esta‑
belece o direito de bolsa-aprendizagem ao

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menor de 14 anos, pois este não mais pode
ser aprendiz.

948 Os artigos 81 e 82 elencam proibições re‑


lativas à venda de produtos e serviços às
crianças e adolescentes. Ao não observar
o disposto nesses artigos, o responsável
irá incidir em prática de infração adminis‑
trativa ou de crime, de acordo com o tipo
de produto que vender. É vedada a venda
de munições e explosivos, bebida alcoóli‑
ca, Produtos cujos componentes possam
causar dependência física ou psíquica, ain‑
da que por utilização indevida, Fogos de es‑
tampido e de artifício, exceto aqueles que
pelo seu reduzido potencial sejam incapa‑
zes de provocar qualquer dano físico em
caso de utilização indevida, revistas e pu‑
blicações impróprias e Bilhetes lotéricos e
equivalentes.

949 O artigo 83, que trata de viagem dentro do


território nacional, aplica-se tão-somente
às crianças. Dessa maneira, o adolescente
pode viajar para outra comarca sem auto‑
rização judicial e sem a presença dos pais
ou de responsável, sendo desnecessário
até mesmo autorização formal dos pais.
Um adolescente não pode ser impedido

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de embarcar em transporte viário ou aéreo
de uma para outra comarca. Muito embora
ele não possa se hospedar em hotel, motel,
pensão ou estabelecimento congênere,
salvo se autorizado ou acompanhado pe‑
los pais ou responsável. Quem hospedar o
adolescente desacompanhado dos pais ou
responsável ou sem a autorização escrita
desses ou da autoridade judiciária, pratica
infração administrativa prevista no artigo
250 do ECA.

950 Quando se tratar de viagem para o exte‑


rior, são aplicáveis as normas do artigo 84,
tanto às crianças quanto aos adolescentes.
É exigida autorização judicial, exceto quan‑
do a criança estiver acompanhada de am‑
bos os pais ou responsável ou quando viajar
na companhia de um dos pais, autorizado
expressamente pelo outro por documen‑
to com firma reconhecida. No entanto, a
regra prevista no ECA é complementada
pela Resolução 131 do CNJ (Conselho Na‑
cional de Justiça), que pode ser encontra‑
da na Internet.

951 O artigo 103 do Estatuto conceitua o ato


infracional como a conduta descrita como
crime ou contravenção penal. No Direito

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Penal, majoritariamente, o conceito analí‑
tico de crime é formado pelo fato típico,
ilícito e culpável. Ou seja, o injusto penal
(fato típico e ilícito) deve ser complemen‑
tado pela culpabilidade para se afirmar que
existe crime. O menor de 18 anos não pra‑
tica crime justamente por não ter culpa‑
bilidade. A inimputabilidade, uma das ex‑
cludentes da culpabilidade, é estabelecida
em critério puramente biológico em re‑
lação ao menor de 18 anos. Consoante o
artigo 27 do Código Penal, artigo 228 da
Constituição Federal e artigo 104 do ECA:
“os menores de 18 (dezoito) anos são pe‑
nalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
normas estabelecidas na legislação espe‑
cial”. Vamos relembrar um pouco a parte
geral de Direito Penal: a culpabilidade tem
como elementos a potencial consciência
da ilicitude, a exigibilidade de conduta di‑
versa e a imputabilidade. Dessa maneira,
sendo inimputável, podemos afirmar que o
menor de 18 anos não atende um dos ele‑
mentos da culpabilidade.

952 Se um indivíduo, contando com 17 anos e 5


meses, desejando matar, atira em uma pes‑
soa que só vem a falecer oito meses de‑
pois, ainda que o agente já seja maior, ele
responderá nos termos do Estatuto. Res‑

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salte-se que se o ato foi descoberto após
ele ter completado 21 anos, nada mais po‑
deria ser feito, tendo ocorrido a prescrição
socioeducativa.

953 A medida socioeducativa aplicada ao ado‑


lescente levará em conta a sua capacidade
de cumpri-la, as circunstâncias e a gravida‑
de da infração. Em hipótese alguma e sob
pretexto algum, será admitida a prestação
de trabalho forçado. Levar em conta a ca‑
pacidade não significa que o menor por‑
tador de doença mental não possa sofrer
medida socioeducativa. O ECA prevê ex‑
pressamente no parágrafo 2º do artigo 112
que os adolescentes portadores de doen‑
ças ou deficiência mental receberão trata‑
mento individual e especializado, em local
adequado às suas condições.

954 A prestação de serviços comunitários con‑


siste na realização de tarefas gratuitas de
interesse geral, por período não excedente
a seis meses, junto a entidades assistenciais,
hospitais, escolas e outros estabelecimen‑
tos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais. As tare‑
fas serão atribuídas conforme as aptidões
do adolescente, devendo ser cumpridas

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durante jornada máxima de oito horas se‑
manais, aos sábados, domingos e feriados
ou em dias úteis, de modo a não prejudicar
a frequência à escola ou à jornada normal
de trabalho.

955 Em apreço ao princípio da brevidade, a me‑


dida de internação, que consiste em medi‑
da privativa de liberdade, embora não tenha
prazo determinado na sentença proferida
pelo juiz, deverá ser cumprida, em regra,
por um prazo máximo de três anos. Dize‑
mos em regra porque o ECA prevê alguns
outros prazos de grande importância. Des‑
sa forma, existe a previsão no ECA dos se‑
guintes prazos máximos: Três anos: prazo
estabelecido pelo art. 121, par. 3º; 45 dias:
prazo estabelecido no art. 108 para a in‑
ternação provisória; Três meses: prazo es‑
tabelecido no par. 1º do art. 122, relativo à
medida de internação em caso de descum‑
primento de medida anteriormente impos‑
ta e descumprida de forma injustificada e
reiterada.

956 Não basta a gravidade em abstrato ou em


concreto do ato infracional para fundamen‑
tar a referida medida, pois o juiz só pode‑
rá determinar a internação quando: O ato

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infracional for praticado com violência ou
grave ameaça à pessoa; Houver reiteração
em atos infracionais dotados de gravida‑
de e a medida anteriormente imposta ao
adolescente for descumprida de forma in‑
justificável e reiterada, caso em que vimos
que a internação substitutiva terá o prazo
máximo de três meses, mediante decisão
judicial fundamentada, observado o devi‑
do processo legal.

957 O artigo 124 do ECA elenca os direitos do


adolescente privado da liberdade. O rol é,
no entanto, meramente exemplificativo
e atualmente complementados pelo arti‑
go 49 da Lei 12.594/12. Estabelece ainda
o artigo 124, em seus parágrafos, que em
nenhum caso haverá a incomunicabilida‑
de do adolescente. É possível, no entan‑
to, à autoridade judiciária suspender tem‑
porariamente a visita, inclusive de pais ou
responsável, se existirem motivos sérios e
fundados de sua prejudicialidade aos inte‑
resses do adolescente.

958 A lei 12696/12 realizou diversas alterações


nos artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA.
Em cada Município haverá, no mínimo, um
Conselho Tutelar composto de cinco mem‑

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bros, escolhidos pela população local para
mandato de quatro anos, permitida uma
recondução, mediante novo processo de
escolha. Dentre as diversas alterações, o
ECA menciona que deve haver remunera‑
ção dos conselheiros, que também terão
direito a férias anuais acrescidas de um ter‑
ço, décimo terceiro salário, licença mater‑
nidade, licença paternidade, contribuição
previdenciária. Com as alterações, a elei‑
ção passa a ser unificada em todo o terri‑
tório nacional, ocorrendo sempre um ano
após a eleição presidencial, no primeiro do‑
mingo do mês de outubro, caso em que os
conselheiros tomarão posse no dia 10 de
janeiro do ano subsequente ao da eleição.

959 O ECA prevê infrações penais e adminis‑


trativas. Todos os crimes previstos no ECA
são de ação penal pública incondicionada
e apenas os crimes previstos nos artigos
228 e 229 admitem modalidade culposa.
Desta forma, pode-se afirmar que os cri‑
mes previstos no ECA são em regra dolo‑
sos. São crimes previstos no ECA a porno‑
grafia infanto-juvenil , o fornecimento de
bebida alcoólica, a corrupção de menores,
dentre outros.

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1000 DICAS
Mais de

CAPÍTULO 15

DIREITO
INTERNACIONAL
BRUNO VIANA

DIREITO INTERNACIONAL
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960 Direito Internacional Público e Direito In‑


ternacional Privado não se confundem.
O objeto do Direito Internacional Público
é regular as relações travadas no âmbito da
sociedade internacional, composta por Es‑
tados, Organizações Internacionais e os in‑
divíduos, entre outros atores. Por seu lado,
o Direito Internacional Privado diz respeito
a relações jurídicas privadas que, por algum
motivo, estão conectadas a dois ou mais
ordenamentos jurídicos distintos. Logo, o
objeto maior do Direito Internacional Pri‑
vado é resolver o conflito de leis no espaço.

961 O Direito Internacional Público é um direi‑


to diferente, na medida em que a soberania
dos Estados representa o reconhecimento
da igualdade de todos os Estados membros
da sociedade internacional, independente‑
mente do tamanho territorial, do potencial
bélico, da dimensão da população e da ca‑
pacidade econômica. Todos os Estados são
iguais para o Direito Internacional e, sendo
assim, nenhum Estado pode impor‑se so‑
bre os demais.

962 A ordem jurídica internacional é descen‑


tralizada, pois em virtude da soberania não
existe entidade superior ao Estado. Logo,

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não há o que se falar em relação vertical ou
de subordinação em Direito Internacional
Público. Na ordem jurídica internacional, as
relações são horizontais e baseadas no prin‑
cípio da coordenação ou da cooperação.

963 A descentralização da ordem jurídica inter‑


nacional significa que o poder em Direito
Internacional está pulverizado entre os Es‑
tados membros da sociedade internacional,
que são todos juridicamente iguais. Logo,
não existe um Poder Legislativo, Executivo
ou Judiciário universais. A ONU, por exem‑
plo, não é “governo mundial”.

964 Os sujeitos de Direito Internacional Públi‑


co são: (I) os Estados (sujeitos primários);
(II) as Organizações Internacionais, como
a ONU, OMC e FMI (sujeitos secundários);
(III) a Santa Sé (expressão jurídico-inter‑
nacional da Igreja Católica); e (IV) os in‑
divíduos (especialmente em decorrência
da consagração dos direitos humanos em
nível internacional) – posição doutrinária
minoritária. Tais são considerados sujeitos
porque têm direitos, deveres e capacidade
internacionais.

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965 Organizações Não-Governamentais


(ONGs), Empresas Transnacionais e Gru‑
pos Armados (como beligerantes e insur‑
gentes) não são sujeitos de Direito Inter‑
nacional, embora possam exercer alguma
influência na sociedade internacional. Por
tal motivo, são classificados como “atores”
da sociedade internacional.

966 Por força da soberania e do reconhecimen‑


to da inexistência de poder superior, o Es‑
tado goza de imunidade de jurisdição (par in
parem non habet judicium), não podendo ser
demandado perante os tribunais de outro
Estado. A imunidade de jurisdição pode ser
absoluta (quando resultar da prática, pelo
Estado, de atos de império, inerentes à sua
condição de soberano) ou relativa (quando
resultar de atos privados praticados pelos
Estados, não relacionados, pois, à sobera‑
nia). Por tal motivo é que Estados estran‑
geiros podem ser demandados, p. ex., na
Justiça do Trabalho brasileira.

967 Além da imunidade de jurisdição, que pode


ser absoluta ou relativa, o Estado goza de
imunidade de execução. A imunidade de
execução é sempre absoluta, razão por que
o Estado estrangeiro não pode sofrer me‑

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didas de constrição de seus bens no Brasil,
mesmo nos casos em que o processo de
execução decorrer de anterior processo
de conhecimento em que a imunidade de
jurisdição do Estado tenha sido relativizada.

968 Com fundamento no princípio do eficaz


desempenho das funções, o agente diplo‑
mático goza de imunidade de jurisdição pe‑
nal do Estado acreditado. Goza também da
imunidade de jurisdição civil e administra‑
tiva, a não ser que se trate de: a) uma ação
real sobre imóvel privado situado no ter‑
ritório do Estado acreditado, b) uma ação
sucessória na qual o agente diplomático fi‑
gure, a titulo privado e não em nome do Es‑
tado, como executor testamentário, admi‑
nistrador, herdeiro ou legatário, ou c) uma
ação referente a qualquer profissão liberal
ou atividade comercial exercida pelo agen‑
te diplomático no Estado acreditado fora
de suas funções oficiais.

969 As fontes do Direito Internacional Públi‑


co estão elencadas no art. 38 do Estatu‑
to da Corte Internacional de Justiça (Cor‑
te de Haia). São elas: tratado internacional,
costume, princípios gerais de direito, dou‑
trina, jurisprudência e equidade. Mas o rol

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do art. 38 é exemplificativo. Além das fon‑
tes expressamente indicadas no referido
art. 38, têm‑se os atos jurídicos unilaterais
e as resoluções de organizações interna‑
cionais como fontes reconhecidas pelo Di‑
reito Internacional.

970 Tratados internacionais, costume interna‑


cional e princípios gerais de direito são as
fontes primárias do Direito Internacional
Público. Doutrina, jurisprudência e equida‑
de são fontes auxiliares. Assim, na hipótese
de conflito entre norma de fonte primária e
norma de fonte auxiliar, prevalece a norma
da fonte primária. Entretanto, não existe
hierarquia formal entre as fontes primárias
do Direito Internacional Público. Quer isto
dizer que tratado pode revogar costume, e
costume pode revogar tratado.

971 O costume internacional é formado por


dois elementos, sendo um objetivo e outro
psicológico (subjetivo). O elemento obje‑
tivo do costume internacional é a prática
reiterada de determinados atos, diante de
situações semelhantes. O elemento psico‑
lógico é a convicção da obrigatoriedade
da prática daquele ato (opinio juris et ne-
cessitatis). Só haverá norma costumeira se

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presentes ambos os elementos, material e
psicológico.

972 O tratado internacional é um acordo for‑


mal de vontades de sujeitos de Direito In‑
ternacional com capacidade específica
para celebrá‑lo (nomeadamente Estados e
Organizações Internacionais), regido pelo
Direito Internacional Público e destinado
a produzir efeitos jurídicos internacionais,
qualquer que seja sua denominação parti‑
cular (convenção, pacto, protocolo, decla‑
ração, acordo, carta, entre outros).

973 Os princípios norteadores dos tratados in‑


ternacionais são o princípio do livre con‑
sentimento, o princípio da boa‑fé e o pac-
ta sunt servanda. São requisitos de validade
do tratado internacional a capacidade das
partes, a habilitação do agente signatário,
a licitude e possibilidade do objeto e o con‑
sentimento mútuo.

974 A habilitação do agente signatário, repre‑


sentante do Estado na celebração de um
tratado internacional, dá‑se mediante a ou‑
torga da carta de plenos poderes. Quem
recebe a carta de plenos poderes é cha‑
mado de plenipotenciário. Em razão dos

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cargos que ocupam, estão dispensados de
apresentar a carta de plenos poderes os
Chefes de Estado, Chefes de Governo, Mi‑
nistros das Relações Exteriores, Chefes de
Missão Diplomática e Representantes do
Estado acreditado perante uma organiza‑
ção internacional.

975 Para sua perfeita conclusão, o tratado in‑


ternacional precisa ser incorporado ao
direito interno brasileiro. É necessária a
aprovação do Congresso Nacional (CF,
art. 49, I), mediante decreto legislativo.
Após aprovado pelo Congresso, o trata‑
do deve ser ratificado pelo Presidente da
República (ato internacional materializado
pelo depósito ou troca do instrumento de
ratificação) e promulgado pelo Presidente
(ato interno), mediante a expedição de um
Decreto Presidencial. Apenas após a pro‑
mulgação do tratado por meio do Decre‑
to Presidencial é que ele passa a integrar o
Direito Brasileiro.

976 Incorporados ao direito interno brasileiro,


os tratados assumem, em regra, status de lei
ordinária (jurisprudência do STF). Porém, os
tratados internacionais sobre direitos hu‑
manos poderão ter status de emenda cons‑

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titucional, se forem aprovados por ambas
as casas do Congresso Nacional (Senado e
Câmara), em dois turnos de votação e por
3/5 dos votos dos respectivos membros de
cada casa (CF, art. 5º, § 3º). Tratados sobre
direitos humanos aprovados de forma di‑
versa da prevista no art. 5º, § 3º, da Cons‑
tituição, têm status supralegal, por força de
entendimento jurisprudencial do STF.

977 A Organização das Nações Unidas – ONU


foi criada pela Carta de São Francisco, as‑
sinada em 26 de junho de 1945 e é baseada
no princípio da igualdade de todos os seus
membros, que deverão resolver suas con‑
trovérsias internacionais por meios pacífi‑
cos, de modo que não sejam ameaçadas a
paz, a segurança e a justiça internacionais.
Seus principais órgãos são a Assembleia
Geral, o Conselho de Segurança, o Secre‑
tariado-Geral e a Corte Internacional de
Justiça (Corte de Haia).

978 A Assembleia Geral é o principal órgão de‑


liberativo da ONU, de natureza parlamen‑
tar e com competência genérica, compos‑
ta por todos os seus Estados membros, os
quais têm direito a um voto de igual peso e
valor. A Assembleia Geral se pronuncia por

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resoluções destituídas de caráter obriga‑
tório. O Conselho de Segurança é o prin‑
cipal órgão da ONU, com competência
específica para cuidar das questões afetas
à manutenção da paz e da segurança in‑
ternacional. É composto por 15 membros,
dos quais 5 são permanentes: China, EUA,
França, Reino Unido e Rússia. Os mem‑
bros permanentes têm o direito ao veto e
o Conselho de Segurança se pronuncia por
resoluções com caráter obrigatório.

979 A Corte Internacional de Justiça (Corte de


Haia) é o principal órgão jurisdicional inter‑
nacional. Sua jurisdição é facultativa, ten‑
do em vista que, por força da soberania, a
Corte não pode impor sua jurisdição aos Es‑
tados, que devem aceitá‑la, se desejarem.
A Corte de Haia tem competência con‑
sultiva e contenciosa, mas apenas Estados
podem ser parte em processos perante a
Corte. As decisões da Corte de Haia têm
natureza obrigatória e definitiva.

980 O Tribunal Penal Internacional, criado pelo


Estatuto de Roma, é permanente e inde‑
pendente e tem competência para proces‑
sar e julgar indivíduos que tenham cometi‑
do crime de gravidade internacional. São de

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competência do TPI os crimes de agressão,
de guerra, de genocídio e contra a humani‑
dade. A jurisdição do TPI é complementar,
e subsidiária de modo que somente poderá
processar e julgar os autores de crimes de
sua competência quando os Estados ori‑
ginalmente competentes para tanto não o
fizerem, ou porque não pretendem fazê‑lo,
ou porque não têm condições.

981 Conforme o artigo 12, I, da Constituição,


são brasileiros natos: a) os nascidos na Re‑
pública Federativa do Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que ambos os
pais não estejam a serviço de seu respec‑
tivo país; b) os nascidos no estrangeiro, de
pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da Repú‑
blica Federativa do Brasil, inclusive da Ad‑
ministração Pública Indireta; e c) os nasci‑
dos no exterior, de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente (consu‑
lado brasileiro no exterior ou registro civil
no Brasil) ou venham a residir no Brasil e
optem, a qualquer tempo, após alcançada
a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

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982 De acordo com o inciso II do artigo 12 da


Constituição, são brasileiros naturalizados:
a) os que, na forma da lei – Lei de Migração
(Lei 13.445/17), adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países
de língua portuguesa apenas residência por
um ano ininterrupto e idoneidade moral; e
b) os estrangeiros de qualquer nacionalida‑
de, residentes no Brasil há mais de quinze
anos ininterruptos e sem condenação pe‑
nal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.

983 Será concedida a naturalização ordinária


àquele que preencher as seguintes condi‑
ções (Art. 65, Lei 13.445/17) : ter capaci‑
dade civil, segundo a lei brasileira; ter re‑
sidência em território nacional, pelo prazo
mínimo de 4 (quatro) anos; comunicar‑
-se em língua portuguesa, consideradas as
condições do naturalizando; e não possuir
condenação penal ou estiver reabilitado,
nos termos da lei.

984 A opção de nacionalidade de que trata o


artigo 12, I, da Constituição da República,
deve ser feita em juízo, mediante processo
de jurisdição voluntária, cuja competência
é da Justiça Federal, nos termos do artigo

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109, X, da Carta Magna. Quem opta pela
nacionalidade brasileira é brasileiro nato
(nacionalidade originária). Estrangeiro que
desejar se tornar brasileiro (CF, art. 12, II)
deverá apresentar pedido de naturaliza‑
ção endereçado ao Ministério da Justiça
que, caso deferido, conferirá ao reque‑
rente a condição de brasileiro naturalizado
(nacionalidade derivada). Logo, “opção de
nacionalidade” (nacionalidade originária)
é diferente de “pedido de naturalização”–
nacionalidade derivada.

985 O parágrafo quarto do artigo 12 da Consti‑


tuição Federal dispõe sobre a perda da na‑
cionalidade brasileira e prevê que será decla‑
rada a perda da nacionalidade do brasileiro
que tiver cancelada sua naturalização, por
sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional o que adqui‑
rir outra nacionalidade, salvo nos casos de
reconhecimento de nacionalidade originá‑
ria pela lei estrangeira ou de imposição de
naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em Estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu
território ou para o exercício de direitos ci‑
vis. Portanto, se a aquisição da nova nacio‑
nalidade foi voluntária, o brasileiro fica su‑

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jeito à perda. Caso involuntária, não estará
sujeito à perda da nacionalidade brasileira.

986 Além do passaporte comum, concedido a


todo brasileiro que pretenda sair do territó‑
rio nacional ou a ele retornar, o Brasil tam‑
bém conceder o passaporte para estran‑
geiro nos seguintes casos: (I) ao apátrida e
ao de nacionalidade indefinida; (II) ao asila‑
do e ao refugiado, devidamente reconheci‑
dos nessa condição; (III) ao nacional de País
que não tenha representação no território
nacional, nem seja representado por ou‑
tro país; (IV) ao estrangeiro comprovada‑
mente desprovido de qualquer documen‑
to de identidade ou de viagem, e que não
tenha como comprovar sua nacionalidade;
e (V) ao estrangeiro legalmente registrado
no Brasil e que necessite deixar o territó‑
rio nacional e a ele retornar, nos casos em
que não disponha de documento de via‑
gem (artigo 12, I, do Decreto nº 5.978/06).

987 Ao solicitante que pretenda ingressar ou


permanecer em território nacional poderá
ser concedido visto (Art. 12, Lei 13.445/17):
de visita; temporário; diplomático; oficial;
e de cortesia. Importante lembrar que não
se concederá visto: a quem não preencher

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os requisitos para o tipo de visto pleiteado;
a quem comprovadamente ocultar condi‑
ção impeditiva de concessão de visto ou de
ingresso no País; ou a menor de 18 (dezoi‑
to) anos desacompanhado ou sem autori‑
zação de viagem por escrito dos respon‑
sáveis legais ou de autoridade competente
(Art. 10, Lei 13.445/17).

988 Dentre os vistos para estrangeiros previs‑


tos no artigo 12 da Lei nº 13.445/17, cumpre
observar que o visto temporário compor‑
ta diferentes possibilidades e poderá ser
concedido ao estrangeiro que pretenda vir
ao Brasil com o intuito de estabelecer re‑
sidência por tempo determinado, e com a
finalidade de: pesquisa, ensino ou extensão
acadêmica; tratamento de saúde; acolhida
humanitária; estudo; trabalho; férias-tra‑
balho; prática de atividade religiosa ou ser‑
viço voluntário; realização de investimento
ou de atividade com relevância econômi‑
ca, social, científica, tecnológica ou cultu‑
ral; reunião familiar; e atividades artísticas
ou desportivas com contrato por prazo
determinado.

989 No exercício pleno da sua soberania, o Bra‑


sil tem amplos poderes não só para regu‑

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lar a entrada de estrangeiros no território
nacional, como também para determinar
a saída compulsória dos estrangeiros que
se tornem inconvenientes ou indesejados
por algum motivo relacionado a irregula‑
ridades, ilegalidades ou prática de crimes.
Logo, para que possa permanecer regular‑
mente no território nacional, o estrangeiro
deve demonstrar ser cumpridor de nossos
costumes e leis, bem como respeitar nossa
soberania, tranquilidade e a ordem pública
brasileira. São medidas de saída compulsó‑
ria do estrangeiro a deportação, a expulsão
e a extradição.

990 É passível de deportação a pessoa que se


encontre em situação migratória irregu‑
lar no território nacional. A deportação
será precedida de notificação pessoal ao
deportando (o que não impede a livre cir‑
culação em território nacional), da qual
constem, expressamente, as irregularida‑
des verificadas e prazo para a regulariza‑
ção não inferior a 60 (sessenta) dias, po‑
dendo ser prorrogado, por igual período,
por despacho fundamentado e mediante
compromisso de a pessoa manter atualiza‑
das suas informações domiciliares. A saída
voluntária de pessoa notificada para deixar
o País equivale ao cumprimento da noti‑

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ficação de deportação para todos os fins
(Art. 50, Lei 13.445/17). Cabe referir que a
Defensoria Pública da União deverá ser no‑
tificada, preferencialmente por meio ele‑
trônico, para prestação de assistência ao
deportando em todos os procedimentos
administrativos de deportação. (Art. 51, §
1º, Lei 13.445/17).

991 A expulsão consiste em medida adminis‑


trativa de retirada compulsória de migran‑
te ou visitante do território nacional, con‑
jugada com o impedimento de reingresso
por prazo determinado. Poderá dar causa
à expulsão a condenação com sentença
transitada em julgado relativa à prática de:
crime de genocídio, crime contra a huma‑
nidade, crime de guerra ou crime de agres‑
são, nos termos definidos pelo Estatuto de
Roma do Tribunal Penal Internacional, de
1998, promulgado pelo Decreto no 4.388,
de 25 de setembro de 2002; ou crime co‑
mum doloso passível de pena privativa de
liberdade, consideradas a gravidade e as
possibilidades de ressocialização em terri‑
tório nacional (Art. 54, Lei 13.445/17)

992 Compete ao Ministro da Justiça a instau‑


ração de inquérito para a expulsão do es‑

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trangeiro, mas a competência para promo‑
ver a expulsão é exclusiva do Presidente da
República (Competência delegada ao Mi‑
nistro da Justiça – Decreto 3.447/2000),
que resolve sobre sua a conveniência e
oportunidade. De qualquer sorte, é válido
registrar que não se procederá à expulsão
quando o estrangeiro tiver cônjuge brasi‑
leiro do qual não esteja divorciado ou se‑
parado, de fato ou de direito, e desde que
o casamento tenha sido celebrado há mais
de 5 (cinco) anos ou filho brasileiro que,
comprovadamente, esteja sob sua guarda
e dele dependa economicamente.

993 A extradição consiste na entrega, de um


Estado a outro que o tenha requerido, de
um indivíduo que deva responder a pro‑
cesso penal ou cumprir pena no território
do Estado requerente. Segundo jurispru‑
dência do STF, Súmula 421: Não impede a
extradição a circunstância de ser o extra‑
ditando casado com brasileira ou ter filho
brasileiro.

994 Para recebimento do extraditando, o Esta‑


do estrangeiro deve assumir, perante a Re‑
pública Federativa do Brasil, os seguintes
compromissos: de não ser o extraditando

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preso nem processado por fatos anteriores
ao pedido; de computar o tempo de pri‑
são que, no Brasil, foi imposta por força da
extradição; de comutar em pena privativa
de liberdade a pena corporal ou de morte,
ressalvados, quanto à última, os casos em
que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
de não ser o extraditando entregue, sem
consentimento do Brasil, a outro Estado
que o reclame; e de não considerar qual‑
quer motivo político, para agravar a pena.

995 À nossa Corte Constitucional compete


processar e julgar, originariamente, a ex‑
tradição solicitada por Estado estrangeiro
(Constituição Federal, art. 102, I, g). Con‑
soante nova posição do STF, caso o pedi‑
do de extradição seja negado, não poderá
o Presidente da República promover a en‑
trega do extraditando. Contudo, entende
o Supremo que, caso o pedido de extradi‑
ção seja deferido, o Presidente da Repúbli‑
ca não está obrigado a promover a entrega,
tendo em vista que a ele compete resolver
sobre o tema, no exercício da soberania do
Estado brasileiro.

996 Brasileiro nato não pode ser deportado,


expulso, nem extraditado. Apenas estran‑

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geiros podem ser deportados ou expulsos.
Quanto à extradição, releva notar que o
Brasil não extradita, como dito, brasileiro
nato. Apenas o brasileiro naturalizado é que
poderá ser extraditado pela prática de cri‑
me comum antes da naturalização ou por
comprovado envolvimento com tráfico ilí‑
cito de drogas e entorpecentes.

997 O asilo político é o acolhimento, pelo Es‑


tado, de indivíduo estrangeiro perseguido
em outro Estado, ainda que não necessaria‑
mente o da sua nacionalidade, em função
de dissidência política, delitos de opinião
ou, ainda, por crimes relacionados com a
segurança do Estado, que não configuram
violação do direito penal comum. Os pres‑
supostos para sua concessão são a nature‑
za política dos delitos atribuídos ao fugitivo
e a atualidade da perseguição. O objetivo
do asilo político é preservar a liberdade e a
vida do indivíduo perseguido

998 Os elementos de conexão para resolver o


conflito de leis no espaço estão estabele‑
cidos na Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução
ao Código Civil). O Brasil adota o elemento
pessoal do domicílio (Art. 7º. A lei do país

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em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da perso‑
nalidade, o nome, a capacidade e os direi‑
tos de família.), o elemento real do local
da situação (Art. 8º. Para qualificar os bens
e regular as relações a eles concernentes,
aplicar‑se‑á a lei do país em que estiverem
situados.) e o elemento formal do local da
constituição das obrigações (Art. 9ºPara
qualificar e reger as obrigações, aplicar‑se‑
‑á a lei do país em que se constituírem).

999 O instituto da fraude à lei presta‑se a afas‑


tar a aplicação do direito estrangeiro em
determinadas hipóteses. Ocorre fraude à
lei quando uma pessoa, voluntária e ardilo‑
samente, faz uso dos elementos de cone‑
xão que indicaria a lei aplicável para alterar
o status da situação concreta, de modo a
obter alguma vantagem ou benefício pes‑
soal. Na fraude à lei condena‑se uma líci‑
ta alteração do status (da nacionalidade ou
do domicílio, por exemplo), caso realizada
para alcançar um objetivo ilícito. Quer isto
dizer que a fraude à lei é verificada quando
uma determinada pessoa (I) abusa de uma
faculdade que lhe é reconhecida (II) para
escapar do alcance da lei que, originalmen‑
te, lhe era aplicável.

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1000 As leis, atos e sentenças de outro país, bem


como quaisquer declarações de vontade,
não terão eficácia no Brasil, quando ofen‑
derem a soberania nacional, a ordem pú‑
blica e os bons costumes. São requisitos
para execução da sentença estrangeira no
Brasil: haver sido proferida por juiz compe‑
tente; terem sido as partes citadas ou ha‑
ver‑se legalmente verificado à revelia; ter
passado em julgado e estar revestida das
formalidades necessárias para a execução
no lugar em que foi proferida; estar tradu‑
zida por intérprete autorizado; e ter sido
homologada pelo Superior Tribunal de Jus‑
tiça. É preciso ter muita atenção sobre o
tema, pois a competência para homologa‑
ção foi transferida para o Superior Tribunal
de Justiça por força da Emenda Constitu‑
cional nº 45 de 2004 (Art. 105, I, i, CR;88).
A sentença judicial estrangeira no Brasil
depois de homologada será um título exe‑
cutivo judicial (Art. 515, VIII, CPC/2015)
e deverá ser executada pelos juiz federal
de primeira instância (Art. 109, X, CR/88).

1001 Sobre a competência internacional da au‑


toridade judiciária brasileira, é preciso ter
em mente o disposto nos artigos 21 e 22 do
CPC sobre competência concorrente. Art.
21. Compete à autoridade judiciária brasi‑

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leira processar e julgar as ações em que:
I–o réu, qualquer que seja a sua naciona‑
lidade, estiver domiciliado no Brasil; II–no
Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; II‑
I–o fundamento seja fato ocorrido ou ato
praticado no Brasil. E o Art. 22. Compe‑
te, ainda, à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações: I–de alimentos,
quando: a) o credor tiver domicílio ou resi‑
dência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos
no Brasil, tais como posse ou propriedade
de bens, recebimento de renda ou obten‑
ção de benefícios econômicos; II–decor‑
rentes de relações de consumo, quando o
consumidor tiver domicílio ou residência
no Brasil; e III–em que as partes, expressa
ou tacitamente, se submeterem à jurisdi‑
ção nacional.

1002 Sobre a competência exclusiva, observe‑


-se o artigo Art. 23. Compete à autoridade
judiciária brasileira, com exclusão de qual‑
quer outra: I–conhecer de ações relativas
a imóveis situados no Brasil; II–em matéria
de sucessão hereditária, proceder à con‑
firmação de testamento particular e ao in‑
ventário e à partilha de bens situados no
Brasil, ainda que o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domi‑
cílio fora do território nacional; e III–em di‑

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vórcio, separação judicial ou dissolução de
união estável, proceder à partilha de bens
situados no Brasil, ainda que o titular seja
de nacionalidade estrangeira ou tenha do‑
micílio fora do território nacional.

1003 A concessão de exequatur às cartas roga‑


tórias compete ao Superior Tribunal de Jus-
tiça, nos termos do artigo 105, I, alínea i, da
Constituição Federal. Uma vez concedido
o exequatur, competirá à Justiça Federal de
primeira instância a execução das cartas ro‑
gatórias, conforme preceitua o artigo 109,
X, da Carta Magna. Lembre‑se que é pres‑
suposto inafastável da execução das cartas
rogatórias a prévia concessão do exequatur
por parte do Superior Tribunal de Justiça.

1004 Compete ao Superior Tribunal de Justiça


homologar sentença arbitral estrangeira.
Somente poderá ser negada a homologa‑
ção para o reconhecimento ou execução
de sentença arbitral estrangeira quando o
réu demonstrar que: as partes na conven‑
ção de arbitragem eram incapazes; a con‑
venção de arbitragem não era válida segun‑
do a lei à qual as partes a submeteram, ou,
na falta de indicação, em virtude da lei do
país onde a sentença arbitral foi proferida;

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não foi notificado da designação do árbi‑
tro ou do procedimento de arbitragem, ou
tenha sido violado o princípio do contra‑
ditório, impossibilitando a ampla defesa; a
sentença arbitral foi proferida fora dos li‑
mites da convenção de arbitragem, e não
foi possível separar a parte excedente da‑
quela submetida à arbitragem; a instituição
da arbitragem não está de acordo com o
compromisso arbitral ou cláusula compro‑
missória; a sentença arbitral não se tenha,
ainda, tornado obrigatória para as partes,
tenha sido anulada, ou, ainda, tenha sido
suspensa por órgão judicial do país onde a
sentença arbitral for prolatada (artigo 39
da Lei nº 9.307/96).

1005 Segundo a Lei de Arbitragem, o Superior


Tribunal de Justiça não poderá homologar
a sentença arbitral quando a decisão ofen‑
der a ordem pública nacional, regra geral
de Direito Internacional Privado. Contudo,
cabe consignar que nos termos da referi‑
da lei não será considerada ofensa à ordem
pública nacional a efetivação da citação da
parte residente ou domiciliada no Brasil,
nos moldes da convenção de arbitragem
ou da lei processual do país onde se reali‑
zou a arbitragem, admitindo‑se, inclusive,
a citação postal com prova inequívoca de

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recebimento, desde que assegure à parte
brasileira tempo hábil para o exercício do
direito de defesa.

1006 Será reconhecido como refugiado todo


indivíduo que: devido a fundados temores
de perseguição por motivos de raça, reli‑
gião, nacionalidade, grupo social ou opini‑
ões políticas encontre‑se fora de seu país
de nacionalidade e não possa ou não queira
acolher‑se à proteção de tal país; não tendo
nacionalidade e estando fora do país onde
antes teve sua residência habitual, não pos‑
sa ou não queira regressar a ele, em função
das circunstâncias descritas no inciso ante‑
rior; e devido a grave e generalizada viola‑
ção de direitos humanos, é obrigado a dei‑
xar seu país de nacionalidade para buscar
refúgio em outro país (Art. 1, Lei 9.474/97).

1007 Não se beneficiarão da condição de refu‑


giado os indivíduos que: já desfrutem de
proteção ou assistência por parte de or‑
ganismo ou instituição das Nações Unidas
que não o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados – ACNUR; se‑
jam residentes no território nacional e te‑
nham direitos e obrigações relacionados
com a condição de nacional brasileiro; te‑

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nham cometido crime contra a paz, crime
de guerra, crime contra a humanidade, cri‑
me hediondo, participado de atos terroris‑
tas ou tráfico de drogas; ou sejam consi‑
derados culpados de atos contrários aos
fins e princípios das Nações Unidas (Art. 3,
Lei 9.474/97).

1008 Sobre a Imunidade das organizações inter‑


nacionais ficar atento para a recente juris‑
prudência do STF. A Organização das Na‑
ções Unidas – ONU e sua agência Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimen‑
to – PNUD possuem imunidade de jurisdi‑
ção e de execução relativamente a causas
trabalhistas (RE 597368 – Recurso Extra‑
ordinário. Min. Ellen Gracie – 05.2013).

1009 É reconhecido aos navios de todas as na‑


cionalidades o direito de passagem inocen‑
te no mar territorial brasileiro. A passagem
será considerada inocente desde que não
seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à se‑
gurança do Brasil, devendo ser contínua e
rápida (Art. 3º da Lei 8.617/93).

1010 Aos juízes federais compete processar e


julgar: os crimes de ingresso ou permanên‑
cia irregular de ESTRANGEIRO, a execu‑

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ção de CARTA ROGATÓRIA, após o “exe‑
quatur”, e de SENTENÇA ESTRANGEIRA,
após a homologação, as causas referentes
à nacionalidade, inclusive a respectiva op‑
ção, e à naturalização.
Compete ainda aos juízes federais, proces‑
sar e julgar: os crimes previstos em TRA‑
TADO OU CONVENÇÃO INTERNACIO‑
NAL, quando, iniciada a execução no País,
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido
no ESTRANGEIRO, ou reciprocamente.

1011 O Sistema de tomada de decisões do MER‑


COSUL está baseado no consenso. As de‑
cisões dos órgãos do MERCOSUL serão
tomadas por consenso e com a presença
de todos os Estados Partes (Art. 37 do Pro‑
tocolo de Ouro Preto 1994).

1012 Segundo a Lei 8.617/93: O mar territorial


brasileiro compreende uma faixa de doze
milhas marítima de largura, medidas a partir
da linha de baixa‑mar do litoral continental
e insular, tal como indicada nas cartas náu‑
ticas de grande escala, reconhecidas ofi‑
cialmente no Brasil (Art. 1); a zona contí‑
gua brasileira compreende uma faixa que
se estende das doze às vinte e quatro mi‑
lhas marítimas, contadas a partir das linhas

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de base que servem para medir a largura
do mar territorial (Art. 4); e A zona econô‑
mica exclusiva brasileira compreende uma
faixa que se estende das doze às duzentas
milhas marítimas, contadas a partir das li‑
nhas de base que servem para medir a lar‑
gura do mar territorial.

1013 Sobre a norma de jus cogens, é nulo um tra‑


tado que, no momento de sua conclusão,
conflite com uma norma imperativa de Di‑
reito Internacional geral. Para os fins da pre‑
sente Convenção, uma norma imperativa
de Direito Internacional geral é uma nor‑
ma aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo,
como norma da qual nenhuma derrogação
é permitida e que só pode ser modificada
por norma ulterior de Direito Internacional
geral da mesma natureza (Art. 53 da Con‑
venção de Viena sobre o Direito dos Trata‑
dos de 1969).

1014 A arbitragem é um dos meios que as partes


podem optar para solucionar as suas con‑
trovérsias. Por essa razão, extingue‑se o
processo, sem resolução de mérito quan‑
do as partes optarem pela convenção de
arbitragem, Art. 485, VII, CPC/2015.

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CAPÍTULO 16

DIREITO
AMBIENTAL
FREDERICO AMADO

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1015 No Brasil, coube à Lei 6.938/81, que apro‑


vou a Política Nacional do Meio Ambien‑
te, positivar o conceito de meio ambiente,
assim considerado “o conjunto de condi-
ções, leis, influências e interações de or-
dem física, química e biológica, que per-
mite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas” (artigo 3º, inciso I), sendo consi‑
derados recursos ambientais “a atmosfera,
as águas interiores, superficiais e subterrâ‑
neas, os estuários, o mar territorial, o solo,
o subsolo, os elementos da biosfera, a fau‑
na e a flora” (artigo 3º, inciso V).

1016 São espécies de meio ambiente o natu-


ral (formado pelos elementos com vida
(bióticos) ou sem vida (abióticos) da natu‑
reza, que existem independentemente da
intervenção humana, a exemplo da fauna,
da flora, das águas, do solo, do ar e dos re‑
cursos minerais), o cultural (composto por
bens materiais ou imateriais criados pelo
homem, desde que integrem o patrimô‑
nio cultural) o artificial (formado por bens
tangíveis ou intangíveis de criação humana,
mas que não compõem o patrimônio cul‑
tural, a exemplo de uma casa recém cons‑
truída ou de um novo automóvel) e o labo-
ral(previsto no artigo 200, inciso VIII, da
Constituição Federal).

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1017 De acordo com o artigo 23, incisos III, IV,


VI, VII e XI, da Constituição Federal, é com-
petência material comum da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municí-
pios, regulamentada pela Lei Complemen‑
tar 140/2011: proteger os documentos, as
obras e outros bens de valor histórico, ar‑
tístico e cultural, os monumentos, as pai‑
sagens naturais notáveis e os sítios arque‑
ológicos; impedir a evasão, a destruição e
a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou
cultural; proteger o meio ambiente e com‑
bater a poluição em qualquer de suas for‑
mas; preservar as florestas, a fauna e a flora
e registrar, acompanhar e fiscalizar as con‑
cessões de direitos de pesquisa e explo‑
ração de recursos hídricos e minerais em
seus territórios.

1018 Na forma do artigo 30, incisos VIII e IX, da


Constituição Federal, foram previstas com-
petências ambientais específicas para os
entes municipais, consistentes na promo‑
ção, no que couber, do adequado ordena‑
mento territorial, mediante planejamen‑
to e controle do uso, do parcelamento e
da ocupação do solo urbano, bem como a
proteção do patrimônio histórico-cultural

DIREITO AMBIENTAL
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local, observada a legislação e a ação fis‑
calizadora federal e estadual.

1019 Em regra, todas as pessoas políticas terão


competência para legislar sobre o meio
ambiente. Nesse sentido, na forma do arti‑
go 24, incisos VI, VII e VIII, da Constituição
Federal, compete à União, aos estados e
ao Distrito Federal legislar sobre: florestas,
caça, pesca, fauna, conservação da nature‑
za, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da
poluição; proteção ao patrimônio históri‑
co, cultural, artístico, turístico e paisagísti‑
co; responsabilidade por dano ao meio am‑
biente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico.

1020 Já a competência legiferante municipal para


legislar a respeito do Direito Ambiental não
está prevista no artigo 24, da Lei Maior, e
sim no artigo 30, incisos I e II, vez que com‑
pete aos municípios legislar sobre assuntos
de interesse local e suplementar a legisla‑
ção federal e a estadual no que couber.

1021 De acordo com a cabeça do artigo 225, da


Constituição Federal, todos têm direito ao

DIREITO AMBIENTAL
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meio ambiente ecologicamente equilibra-
do (direito fundamental de 3ª geração e
imaterial), bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impon‑
do-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

1022 A Constituição Federal (artigo 225, §1º) co‑


minou deveres ambientais ao Poder Públi-
co para efetivar o direito fundamental ao
meio ambiente ecologicamente equilibra‑
do, a exemplo de: preservar e restaurar os
processos ecológicos essenciais e prover
o manejo ecológico das espécies e ecos‑
sistemas; preservar a diversidade e a in‑
tegridade do patrimônio genético do País
e fiscalizar as entidades dedicadas à pes‑
quisa e manipulação de material genético;
controlar a produção, a comercialização e
o emprego de técnicas, métodos e subs‑
tâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente.

1023 A Constituição Federal (artigo 225, §1º)


cominou deveres ambientais ao Poder Pú-
blico para efetivar o direito fundamental
ao meio ambiente ecologicamente equili‑
brado, a exemplo de promover a educação

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ambiental em todos os níveis de ensino e
a conscientização pública para a preserva‑
ção do meio ambiente; proteger a fauna e
a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecoló‑
gica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.

1024 Aquele que explorar recursos minerais fica


obrigado a recuperar o meio ambiente de‑
gradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente,
na forma da lei (artigo 225, § 2º, da Cons‑
tituição). As usinas que operem com re-
ator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não po‑
derão ser instaladas (artigo 225, § 6º, da
Constituição).

1025 Na forma do artigo 216, da Constituição,


“constituem patrimônio cultural brasileiro
os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjun‑
to, portadores de referência à identidade,
à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem: I–as formas de expres‑
são; II–os modos de criar, fazer e viver; III–
as criações científicas, artísticas e tecno‑

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lógicas; IV–as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais; V–os
conjuntos urbanos e sítios de valor histó‑
rico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.

1026 O Princípio da Prevenção trabalha com a


certeza científica. Volta-se ao risco certo,
conhecido ou concreto, pois o órgão am‑
biental licenciador já conhece a existência,
natureza e extensão dos impactos ambien‑
tais causados por determinada atividade, já
vastamente estudada pela ciência ambien‑
tal. Por outro lado, o Princípio da Precau-
ção é o da dúvida científica. Trabalha com
risco incerto, desconhecido ou abstrato.

1027 Para o Princípio do Desenvolvimento Sus-


tentável, o desenvolvimento econômico
não poderá ocorrer a todo custo, tendo
em vista que o planeta Terra não tem uma
capacidade ilimitada de suportar a polui‑
ção. É odesenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprome‑
ter a capacidade das gerações futuras de
suprir suas próprias necessidades.

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1028 O Princípio do Poluidor-pagador defende


que não é justo que o empreendedor in‑
ternalize os lucros e socialize os prejuízos
ambientais. Logo, deverá o poluidor arcar
com os custos sociais da degradação cau‑
sada, internalizando as externalidades ne‑
gativas, a exemplo do dever de reparar os
danos ambientais.

1029 Para o Princípio do Usuário-pagador, aque‑


les que utilizarem recursos naturais, princi‑
palmente com finalidades econômicas, de‑
verão pagar por sua utilização, sendo mais
amplo que o Princípio do Poluidor-pagador.
Já o Princípio do Protetor-recebedor pre‑
ga que as pessoas que protegem o meio
ambiente devem ser incentivadas pelo Es‑
tado e pela sociedade, pois estão prestan‑
do serviços em prol de toda a coletividade.

1030 A Lei 6.938/81 aprovou no Brasil a Política


Nacional do Meio Ambiente, que tem por
objetivo a preservação, melhoria e recu‑
peração da qualidade ambiental propícia à
vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos
interesses da segurança nacional e à pro‑
teção da dignidade da vida humana.

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1031 Compete ao SISNAMA – Sistema Nacio-


nal do Meio Ambiente implementar a Po‑
lítica Nacional do Meio Ambiente, sendo
formado por órgãos e entidades da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu‑
nicípios, bem como as fundações instituí‑
das pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambien‑
tal. O SISNAMA tem a seguinte composi‑
ção: I - órgão superior: o Conselho de Go‑
verno; II - órgão consultivo e deliberativo:
o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA); III–órgão central: o Ministério
do Meio Ambiente (MMA, antiga Secreta‑
ria de Meio Ambiente); IV - órgão executor:
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBA‑
MA) e o Instituto Chico Mendes (ICMBIO);
V - órgãos Seccionais: os órgãos ou entida‑
des estaduais e distritais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo
controle e fiscalização de atividades capa‑
zes de provocar a degradação ambiental;
VI - órgãos Locais: os órgãos ou entidades
municipais, responsáveis pelo controle e
fiscalização dessas atividades, nas suas res‑
pectivas jurisdições.

1032 Nos termos do artigo 9º, da Lei 6.938/81,


são instrumentos da Política Nacional de

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Meio Ambiente: I–o estabelecimento de
padrões de qualidade ambiental; II–o zo‑
neamento ambiental; III–a avaliação de im‑
pactos ambientais; IV–o licenciamento e a
revisão de atividades efetiva ou potencial‑
mente poluidoras; V–os incentivos à pro‑
dução e instalação de equipamentos e a
criação ou absorção de tecnologia, volta‑
dos para a melhoria da qualidade ambiental;
VI–a criação de espaços territoriais espe‑
cialmente protegidos pelo Poder Público
federal, estadual e municipal, tais como
áreas de proteção ambiental, de relevante
interesse ecológico e reservas extrativis‑
tas; VII–o sistema nacional de informações
sobre o meio ambiente.

1033 Nos termos do artigo 9º, da Lei 6.938/81,


são instrumentos da Política Nacional de
Meio Ambiente: VIII–o Cadastro Técni‑
co Federal de Atividades e Instrumen‑
to de Defesa Ambiental; IX–as penalida‑
des disciplinares ou compensatórias pelo
não cumprimento das medidas necessá‑
rias à preservação ou correção da degra‑
dação ambiental; X–a instituição do Rela‑
tório de Qualidade do Meio Ambiente, a
ser divulgado anualmente pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis–IBAMA; XI–a garan‑

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tia da prestação de informações relativas
ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder
Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII–o Cadastro Técnico Federal de ativida‑
des potencialmente poluidoras e/ou utili‑
zadoras dos recursos ambientais. XIII–ins‑
trumentos econômicos, como concessão
florestal, servidão ambiental, seguro am‑
biental e outros.

1034 O licenciamento ambiental é um instru‑


mento da Política Nacional do Meio Am‑
biente que objetiva controlar a poluição.
De acordo com o artigo 10, da Lei 6.938/81,
a construção, instalação, ampliação e fun‑
cionamento de estabelecimentos e ativi‑
dades utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar de‑
gradação ambiental dependerão de prévio
licenciamento ambiental.

1035 De acordo com o artigo 1º, inciso I, da Re‑


solução CONAMA 237/97, o licenciamen-
to ambiental é definido como o procedi‑
mento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localiza‑
ção, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizado‑

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ras de recursos ambientais, consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental, consideran‑
do as disposições legais e regulamentares
e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

1036 Na forma do artigo 1º, inciso II, da Resolução


CONAMA 237/9, a licença ambiental é ato
administrativo pelo qual o órgão ambien‑
tal competente, estabelece as condições,
restrições e medidas de controle ambien‑
tal que deverão ser obedecidas pelo em‑
preendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar, instalar, ampliar e operar empre‑
endimentos ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental.

1037 São três as espécies de licença ambien-


tal: Licença Prévia (LP) - concedida na fase
preliminar do planejamento do empreen‑
dimento ou atividade aprovando sua loca‑
lização e concepção, atestando a viabilida‑
de ambiental e estabelecendo os requisitos
básicos e condicionantes a serem atendidos
nas próximas fases de sua implementação;

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Licença de Instalação (LI) - autoriza a insta‑
lação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes
dos planos, programas e projetos aprova‑
dos, incluindo as medidas de controle am‑
biental e demais condicionantes, da qual
constituem motivo determinante; Licença
de Operação (LO) - autoriza a operação da
atividade ou empreendimento, após a ve‑
rificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as me‑
didas de controle ambiental e condicionan‑
tes determinados para a operação.

1038 Os estudos ambientais são todos e quais‑


quer estudos relativos aos aspectos am‑
bientais relacionados à localização, instala‑
ção, operação e ampliação de uma atividade
ou empreendimento, apresentado como
subsídio para a análise da licença requeri‑
da, tais como: relatório ambiental, plano
e projeto de controle ambiental, relatório
ambiental preliminar, diagnóstico ambien‑
tal, plano de manejo, plano de recupera‑
ção de área degradada e análise preliminar
de risco (artigo 1º, inciso III, da Resolução
CONAMA 237/97).

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1039 O EPIA (estudo prévio de impacto ambien‑


tal) ou EIA (estudo de impacto ambiental)
é uma espécie de estudo ambiental com
previsão constitucional, sendo vinculado o
ato administrativo do órgão ambiental que
determina a sua elaboração ou que o dis‑
pensa. Consoante o artigo 225, §1º, inciso
IV, da Lei Maior, incumbe ao Poder Público
exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causa‑
dora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto am‑
biental, a que se dará publicidade.

1040 Além do EIA, que goza de previsão cons‑


titucional, há ainda o RIMA (Relatório de
Impacto Ambiental), que é previsto no ar‑
tigo 9º, da Resolução CONAMA 01/1986.
Trata-se de documento conexo ao EIA que
contém as suas conclusões, devendo ser
apresentado de forma objetiva e adequada
a sua compreensão, em linguagem acessí‑
vel à população, pois é dotado de publici‑
dade. É possível que seja designada audi-
ência pública para o debate do RIMA pela
comunidade a ser afetada pelo empreen‑
dimento, que tem por finalidade expor aos
interessados o conteúdo do produto em
análise e do seu referido relatório, dirimin‑
do dúvidas e recolhendo dos presentes as

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críticas e sugestões a respeito, consoan‑
te previsto no artigo 1º, da Resolução CO‑
NAMA 09/1987. Assim, sempre que julgar
necessário, ou quando for solicitado por
entidade civil, pelo Ministério Público, ou
por 50 ou mais cidadãos, o Órgão de Meio
Ambiente promoverá a realização de audi‑
ência pública.

1041 Determina o artigo 225, §1º, inciso III, da


Constituição, que incumbe ao Poder Pú‑
blico definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente pro-
tegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a in‑
tegridade dos atributos que justifiquem
sua proteção.

1042 Os espaços territoriais ambientais mais


importantes são as áreas de preservação
permanente (artigos 3º e 6º , do novo Có‑
digo Florestal ), a reserva legal (artigo 12,
do novo Código Florestal) e as unidades de
conservação (Lei 9.985/2000). A Flores‑
ta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossen‑
se e a Zona Costeira são patrimônio nacio-

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nal, e sua utilização far-se-á, na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais, nos
termos do artigo 225, 4º, da Constituição.

1043 De acordo com o artigo 3º, inciso II, do


novo Código Florestal, a área de preserva-
ção permanente - APP é a “área protegi‑
da, coberta ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilida‑
de geológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das popula‑
ções humanas”.

1044 Consideram-se de preservação permanen‑


te, pelo só efeito do Código Florestal, as
florestas e demais formas de vegetação na‑
tural situadas ao longo dos rios ou de qual‑
quer curso d’água natural perene e inter‑
mitente, excluídos os efêmeros (variando
de 30 a 500m); ao redor das lagoas, lagos
ou reservatórios d’água artificiais; nas nas‑
centes, ainda que intermitentes e nos cha‑
mados “olhos d’água”, qualquer que seja a
sua situação topográfica, num raio mínimo
de 50 (cinquenta) metros de largura; nos

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manguezais em toda a sua extensão; nas
veredas e nas restingas, como fixadoras de
dunas ou estabilizadoras de mangues, den‑
tre outras.

1045 Em regra, não será possível a exploração


de vegetação situada em APP. Excepcio‑
nalmente, nos termos do artigo 8º, do novo
Código Florestal, a supressão de vegeta‑
ção em área de preservação permanente
somente poderá ser autorizada em caso
de baixo impacto ambiental, de utilidade
pública ou de interesse social, sendo ainda
permitido o acesso de pessoas e animais
às Áreas de Preservação Permanente para
obtenção de água e para realização de ati‑
vidades de baixo impacto ambiental.

1046 De acordo com o artigo 3º, inciso III, do


novo Código Florestal, reserva legal é a
“área localizada no interior de uma pro‑
priedade ou posse rural, delimitada nos
termos do art. 12, com a função de asse‑
gurar o uso econômico de modo susten‑
tável dos recursos naturais do imóvel rural,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a con‑
servação da biodiversidade, bem como o

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abrigo e a proteção de fauna silvestre e da
flora nativa” .

1047 O percentual mínimo a que corresponderá


à reserva legal variará de acordo com o Bio‑
ma e a região do Brasil, nos termos do arti‑
go 12, da Lei 12.651/2012, podendo ser as‑
sim sintetizado: A) No mínimo de 80%, nas
propriedades rurais localizadas em área de
floresta na Amazônia Legal; B) No mínimo
de 35%, nas propriedades rurais localizadas
em área de cerrado na Amazônia Legal; C)
No mínimo de 20%, nas demais formas de
vegetação em outras regiões do Brasil.

1048 Em regra, a vegetação situada em área de


reserva legal não poderá ser suprimida.
Contudo, será possível uma exploração
que atenda a sustentabilidade, utilizada sob
regime de manejo florestal sustentável, de
acordo com princípios e critérios técnicos
e científicos estabelecidos no regulamen‑
to, que se opera através de um corte sele‑
tivo de árvores com o objetivo de manter
a perenidade dos recursos naturais.

1049 As unidades de conservação também são


espaços territoriais ambientais especial‑
mente protegidos pelo Poder Público,

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sendo reguladas pela Lei 9.985/2000, que
instituiu o SNUC – Sistema Nacional de Uni‑
dades de Conservação, constituído pelo
conjunto das unidades de conservação fe‑
derais, estaduais (e do Distrito Federal) e
municipais. Nos termos do artigo 2º, inci‑
so I, da Lei 9.985/00, considera-se unidade
de conservação “o espaço territorial e seus
recursos ambientais, incluindo as águas ju‑
risdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Po‑
der Público, com objetivos de conservação
e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garan‑
tias adequadas de proteção”, podendo ser
instituídas por todas as pessoas políticas.

1050 As unidades de conservação serão cria‑


das por ato do Poder Público, ou seja,
por lei ou decreto. Entretanto, mesmo que
nascida por decreto, a desafetação ou re-
dução dos limites de uma unidade de con-
servação só pode ser feita mediante lei
específica. É que a Constituição Federal
(artigo 225, §1º, III) diz que a alteração e a
supressão de um espaço territorial espe‑
cialmente protegido apenas serão permi‑
tidas através de lei. É pressuposto para a
instituição de uma unidade de conservação
a realização prévia de estudos técnicos e

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de consulta pública que permitam identi‑
ficar a localização, a dimensão e os limites
mais adequados para a unidade.

1051 As unidades de conservação são divididas


em dois grandes grupos: unidades de pro-
teção integral e unidades de uso sustentável.
Nas unidades de proteção integral o obje‑
tivo básico é preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais, salvo raras exceções. É
o grupo em que há uma maior proteção,
sendo ideal para áreas ambientais intocá‑
veis em razão do seu elevado valor natural,
a exemplo do Parque Nacional de Fernan‑
do de Noronha.

1052 São cinco as unidades de conservação de


proteção integral: estação ecológica (tem
como objetivo a preservação da natureza
e a realização de pesquisas científicas); re-
serva biológica (tem como finalidade a pre‑
servação integral da biota e demais atribu‑
tos naturais existentes em seus limites, sem
interferência humana direta ou modifica‑
ções ambientais, excetuando-se as medi‑
das de recuperação de seus ecossistemas
alterados e as ações de manejo necessárias
para recuperar e preservar o equilíbrio na‑

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tural, a diversidade biológica e os proces‑
sos ecológicos naturais); parque nacional(‑
tem como objetivo básico a preservação de
ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o de‑
senvolvimento de atividades de educação
e interpretação ambiental, de recreação
em contato com a natureza e de turismo
ecológico); monumento natural (tem como
finalidade básica preservar sítios naturais
raros, singulares ou de grande beleza cêni‑
ca) e refúgio da vida silvestre (tem como in‑
teresse proteger ambientes naturais onde
se asseguram condições para a existência
ou reprodução de espécies ou comunida‑
des da flora local e da fauna residente ou
migratória).

1053 Já nas unidades de conservação de uso sus-


tentável, o objetivo básico é compatibili‑
zar a conservação da natureza com o uso
sustentável de parcela dos seus recursos
naturais. Logo, o regime protetivo é me‑
nor, pois é possível a utilização direta dos
recursos naturais, desde que de maneira
sustentável, observado o regime jurídico
de cada categoria. São sete as unidades de
conservação de uso sustentável: área de
proteção ambiental, área de relevante in‑

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teresse ecológico, floresta nacional, reser‑
va extrativista, reserva da fauna, reserva de
desenvolvimento sustentável e a reserva
particular do patrimônio natural.

1054 A área de proteção ambiental é uma área


em geral extensa, com certo grau de ocu‑
pação humana, dotada de atributos abió‑
ticos, bióticos, estéticos ou culturais es‑
pecialmente importantes para a qualidade
de vida e o bem-estar das populações hu‑
manas, e tem como objetivos básicos pro‑
teger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sus‑
tentabilidade do uso dos recursos naturais.
Já a área de relevante interesse ecológi-
co é uma área em geral de pequena ex‑
tensão, com pouca ou nenhuma ocupação
humana, com características naturais ex‑
traordinárias ou que abriga exemplares ra‑
ros da biota regional, e tem como objetivo
manter os ecossistemas naturais de im‑
portância regional ou local e regular o uso
admissível dessas áreas, de modo a com‑
patibilizá-lo com os objetivos de conserva‑
ção da natureza.

1055 A floresta nacional é uma área com cober‑


tura florestal de espécies predominante‑

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mente nativas e tem como objetivo básico
o uso múltiplo sustentável dos recursos flo‑
restais e a pesquisa científica, com ênfase
em métodos para exploração sustentável
de florestas nativas. Já a reserva extrati-
vista é uma área utilizada por populações
extrativistas tradicionais, cuja subsistência
baseia-se no extrativismo e, complemen‑
tarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte,
e tem como objetivos básicos proteger os
meios de vida e a cultura dessas popula‑
ções, e assegurar o uso sustentável dos re‑
cursos naturais da unidade.

1056 A reserva da fauna é uma área natural com


populações animais de espécies nativas,
terrestres ou aquáticas, residentes ou mi‑
gratórias, adequadas para estudos técni‑
co-científicos sobre o manejo econômico
sustentável de recursos faunísticos. A re-
serva de desenvolvimento sustentável é
uma área natural que abriga populações
tradicionais, cuja existência baseia-se em
sistemas sustentáveis de exploração dos
recursos naturais, desenvolvidos ao lon‑
go de gerações e adaptados às condições
ecológicas locais e que desempenham um
papel fundamental na proteção da natu‑
reza e na manutenção da diversidade bio‑

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lógica. A reserva particular do patrimônio
natural é uma área privada, gravada com
perpetuidade, com o objetivo de conser‑
var a diversidade biológica.

1057 As unidades de conservação deverão dis‑


por de um plano de manejo, que pode ser
considerado como a lei interna da unidade
de conservação, pois define todo o seu re‑
gime jurídico. Legalmente, é definido como
o “documento técnico mediante o qual,
com fundamento nos objetivos gerais de
uma unidade de conservação, se estabele‑
ce o seu zoneamento e as normas que de‑
vem presidir o uso da área e o manejo dos
recursos naturais, inclusive a implantação
das estruturas físicas necessárias à gestão
da unidade”. De efeito, são proibidas, nas
unidades de conservação, quaisquer altera‑
ções, atividades ou modalidades de utiliza‑
ção em desacordo com os seus objetivos, o
seu Plano de Manejo e seus regulamentos.

1058 As unidades de conservação deverão pos‑


suir uma zona de amortecimento, assim
considerada o entorno de uma unidade de
conservação, onde as atividades humanas
estão sujeitas a normas e restrições especí‑
ficas, com o propósito de minimizar os im‑

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pactos negativos sobre a unidade, que será
delimitada no ato de criação da unidade ou
posteriormente no plano de manejo. Entre‑
tanto, conforme previsão expressa do arti‑
go 25, da Lei 9.985/2000, apenas a área de
proteção ambiental (APA) e a reserva par-
ticular do patrimônio natural (RPPN) não
deverão possuir zona de amortecimento.

1059 A responsabilidade ambiental das pesso‑


as físicas e jurídicas poderá exsurgir em
três esferas distintas: civil, administrativa
e criminal. De acordo com o artigo 225,
§3º, da Constituição Federal, “as condutas
e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e admi‑
nistrativas, independentemente da obriga‑
ção de reparar os danos causados”. Assim,
essas três instâncias de responsabilidade
ambiental gozam de previsão constitucio‑
nal, sendo, em regra, independentes, salvo
quando houver previsão legal em sentido
contrário.

1060 De acordo com o artigo 14, §1º, da Lei


6.938/81, é o poluidor obrigado, indepen-
dentemente da existência de culpa, a in‑
denizar ou reparar os danos causados ao

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meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade, razão pela qual a responsa-
bilidade civil por danos ambientais é obje-
tiva. Considera-se poluidor como a pessoa
física ou jurídica, de direito público ou pri‑
vado, responsável, direta ou indiretamen‑
te, por atividade causadora de degradação
ambiental.

1061 A responsabilidade civil entre todos os po‑


luidores, diretos ou indiretos, será solidá-
ria (STJ, REsp 1.056.540, de 25.08.2009),
sendo imprescritível a pretensão de re‑
paração dos danos ambientais (STJ,
REsp 647.493, de 22.05.2007), e incabível
a intervenção de terceiros, pois o direito
de regresso deverá ser exercido em ação
própria, devendo a ação civil pública discu‑
tir, unicamente, a relação jurídica referen‑
te à proteção do meio ambiente e das suas
consequências pela violação a ele pratica‑
da (STJ, REsp 232.187, de 23.03.2000).

1062 Para o STJ, a responsabilidade civil ambien‑


tal fundamenta-se na Teoria do Risco Inte-
gral. Será possível a inversão do ônus da
prova, com base no Princípio da Precaução
e na natureza pública da proteção, trans‑
ferindo para o empreendedor da atividade

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potencialmente lesiva o ônus de demons‑
trar a segurança do empreendimento (STJ,
REsp 972.902, de 25.08.2009). De acordo
com o novo Código Florestal, que positi‑
vou a jurisprudência do STJ, asobrigações
previstas na legislação florestal têm natu‑
reza real e são transmitidas ao sucessor, de
qualquer natureza, no caso de transferên‑
cia de domínio ou posse do imóvel rural
(obrigação propter rem).

1063 Nos termos do caput do artigo 70, da Lei


9.605/98, considera-se infração adminis-
trativa ambiental toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, pro‑
moção, proteção e recuperação do meio
ambiente, sujeitando o infrator, pessoa fí‑
sica ou jurídica às penalidades administra‑
tivas. Pelo cometimento de uma infração
administrativa ambiental, é possível a co‑
minação das seguintes penalidades: adver‑
tência; multa simples; multa diária; apreen‑
são dos animais, produtos e subprodutos
da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer na‑
tureza utilizados na infração; destruição
ou inutilização do produto; suspensão de
venda e fabricação do produto; embargo
de obra ou atividade; demolição de obra;

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suspensão parcial ou total de atividades e
restritiva de direitos.

1064 De maneira pioneira no Brasil, o artigo 225,


§3º, da Constituição Federal de 1988, au‑
torizou a responsabilização criminal das
pessoas jurídicas por delito ambiental. En‑
trementes, para que uma pessoa jurídica
seja responsabilizada por um crime am‑
biental no Brasil, é preciso que sejam re‑
alizados simultaneamente dois pressupos‑
tos previstos no artigo 3º, da Lei 9.605/98:
que o crime ambiental tenha sido cometi‑
do por decisão de seu representante legal
ou contratual, ou de seu órgão colegiado e
que o crime ambiental tenha se consuma‑
do no interesse ou benefício da entidade.
Contudo, a responsabilidade das pessoas
jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, coautoras ou partícipes do mes‑
mo fato, assim como não existe responsa‑
bilidade penal objetiva.

1065 “O prazo para execução de multas ambien‑


tais aplicadas pelos órgãos administrativos
é de cinco anos, contados da decisão ad‑
ministrativa irreformável”.

DIREITO AMBIENTAL
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CAPÍTULO 17

FILOSOFIA
BERNARDO MONTALVÃO

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1066 Maior autor da Escola Normativista: Kelsen

1067 Maior ícone da sociologia alemã atual: Ha‑


bermas e Luhmann.

1068 Maior ícone do Tridimensionalismo:


Miguel Reale

1069 Filósofo que defende o juiz hércules: Ro‑


nald Dworkin

1070 Autor da Teoria da Ação Comunicati‑


va: Habermas

1071 Autor da Teoria Sistêmica Funcio‑


nal: Luhmann

1072 Norma jurídica para Tercio Ferraz: norma‑


-comunicação.

1073 Norma jurídica, segundo a escola de exe‑


gese, é o mesmo que a lei.

1074 Ordenamento jurídico, para Kelsen, é um


conjunto de normas.

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1075 Ordenamento jurídico é o mesmo que sis‑


tema jurídico, segundo Bobbio.

1076 Para Bobbio, a unidade do sistema decorre


do ato de força.

1077 Características do ordenamento jurídi‑


co para Kelsen: unidade, completude e
coerência.

1078 Autor que sustentou a Teoria da Pondera‑


ção de Interesses: Robert Alexy

1079 Autor que defende uma Jurisprudência dos


Valores: Karl Larenz.

1080 Interpretação é uma mediação entre o tex‑


to e o seu sentido, segundo Larenz.

1081 Principal autor da Escola Histórica: Savigny.

1082 Principal autor da Jurisprudência dos Con‑


ceitos: Puchta.

1083 Princípio mais importante do Utilitarismo:


princípio da utilidade.

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1084 Norma e lei não são a mesma coisa, se‑


gundo Kelsen.

1085 O direito, segundo Miguel Reale, decorre


de uma relação dialética de implicação e
polaridade entre fato, valor e norma.

1086 Regras são uma espécie de norma, segun‑


do Dworkin.

1087 Segundo Dworkin, as regras segue o mo‑


delo do “tudo ou nada”.

1088 Dworkin sustenta uma concepção de justi‑


ça distributiva baseada na distribuição equi‑
librada dos resultados.

1089 Richard Posner é um dos maiores oposito‑


res ao movimento do Direito e Literatura.

1090 Ricahrd Posner é um dos maiores do movi‑


mento da “Law Economics”.

1091 Tercio Sampaio sustenta a ideia de que há


mais de uma Norma Fundamental.

1092 Leon Diguit é um dos maiores expoentes


do Sociologismo Jurídico Francês.
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1093 Pontes de Miranda sustenta que o estudo


do direito se subdivide em três segmentos:
técnico, histórico e metodológico.

1094 Machado Neto é um dos autores brasilei‑


ros que defende o Egologismo Jurídico.

1095 O “pai” do Egologismo Jurídico foi Car‑


los Cossio.

1096 Carlos Cossio sustenta que a norma é um


juízo lógico disjuntivo.

1097 Herbert Hart defende que há dois tipos


de normas: as de primeiro grau e as de se‑
gundo grau.

1098 As normas de segundo grau, segundo Hart,


são: norma de reconhecimento, norma de
adjudicação e norma de modificação.

1099 Norma de primeiro grau, segundo Hart, re‑


gulam as condutas humanas.

1100 Norma de reconhecimento, segundo Her‑


bert Hart, regula o pertencimento da norma
de primeiro grau ao ordenamento jurídico.

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1101 Aristóteles sustenta três tipos de justiça:


distributiva, comutativa e a equitativa.

1102 Phronesis é a arte de saber bem julgar


o conflito.

1103 Justiça comutativa é a justiça que se dá en‑


tre os iguais.

1104 Justiça Distributiva é a justiça que se mani‑


festa entre os desiguais.

1105 Justiça Equitativa é a justiça do


caso concreto.

1106 A dicotomia básica da doutrina de Luhmann


é: sistema/ambiente.

1107 Platão defende uma concepção jusnatura‑


lista de Direito.

1108 São Tomás de Aquino defende um jusnatu‑


ralismo teológico.

1109 Direito natural se difere do direito positivo


por ser imutável e pretender ser universal.

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1110 Samuel Pufendorf é o principal nome do


Jusnaturalismo Moderno.

1111 Gustav Radbruch é o primeiro autor a sus‑


tentar uma concepção pós-positivista
do direito.

1112 Rudolph Stammler é um dos autores que


sustenta uma concepção jusnaturalista do
direito em pleno século XX.

1113 A noção de sistema foi sustenta, pela pri‑


meira vez, pelo jusnaturalismo moderno.

1114 Kant é um dos maiores autores do jusnatu‑


ralismo moderno.

1115 Perelmann sustenta uma Teoria da Argu‑


mentação e compreende o Direito de ma‑
neira Retórica.

1116 A justiça, segundo Aristóteles, está no meio


termo. Ou seja, a justiça não está nos ex‑
tremos. Não é nem a opressão da vítima,
nem a imposição do mais forte. E este meio
termo reside naquilo que se pode denomi‑
nar por equidade. E o que é a equidade? A
justiça do caso concreto, aquela que pro‑

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curar ajustar a generalidade da lei à singu‑
laridade do caso.

1117 E o que é phronesis? Phronesis é a arte do


bem julgar, do julgar com prudência. Mas
para que o julgador exerça bem a arte de
julgar é preciso que ele seja dotado de uma
virtude. A virtude da epiequéia. Epiequéia
não é o mesmo que isonomia. Antes o con‑
trário. É a sabedoria prática de saber dife‑
renciar bem as situações, percebendo as
características de cada uma delas.

1118 Quais são as principais características do


Utilitarismo? O convencionalismo, o an‑
tifundacionismo e o consequencialismo.
Consequencialismo significa que as ações
humanas devem ser julgadas pelas conse‑
quências que acarretam. Se provocarem
um número maior de boas consequências
do que de consequências ruins, então, elas
podem ser consideradas como ações úteis.
Se ocorrer o oposto, elas não são consi‑
deradas como úteis, logo, não são capazes
de proporcionar uma vida feliz. Antifunda‑
cionismo significa que o utilitarismo é uma
teoria desprovida um fundamento último,
uma verdade última e absoluta, imutável e
universal. Por fim, por convencionalismo,

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compreende-se a circunstância de que o
utilitarismo pressupõe a noção de contra‑
to, ou seja, de que deve haver um acordo
entre os membros de uma certa coletivi‑
dade acerca do útil.

1119 Quais são os métodos utilizados pela Her‑


menêutica Jurídica? O gramatical, o siste‑
mático, o lógico, o evolutivo, o histórico, o
sociológico, o axiológico e, por fim, o tele‑
ológico. Os métodos pretendem balizar a
interpretação jurídica, delimitando o espa‑
ço de movimentação do intérprete.

1120 Quais são os tipos de interpretação? A ex‑


tensiva, a declaratória ou autêntica e a res‑
tritiva. Os tipos de interpretação referem‑
-se ao resultado da interpretação. Logo,
pretendem controlar o resultado final do
processo de interpretação, e não a inter‑
pretação em si.

1121 Qual o objeto da Ciência do Direito, se‑


gundo Hans Kelsen? A norma jurídica. Po‑
rém, segundo Carlos Cossio, o objeto da
Ciência do Direito seria a conduta huma‑
na. Esta, por sua vez, é estudada por meio
da norma jurídica.

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1122 Quais são as três características do siste‑


ma jurídico, segundo Kelsen? A unidade, a
coerência e a completude. Unidade, o sis‑
tema deriva de uma única norma, a norma
fundamental. Coerência, não há normas
contraditórias dentro do ordenamento ju‑
rídico. Completude, o ordenamento jurídi‑
co não possui lacunas.

1123 Segundo Kant, qual a distinção entre a nor‑


ma moral e a norma jurídica? A circunstân‑
cia de que a norma jurídica é heterônoma,
ao passo que a norma moral é autônoma.
Heteronomia é a circunstância de a nor‑
ma jurídica controlar o âmbito externo do
comportamento humano. Autonomia é a
circunstância de a norma moral controlar
o âmbito interno do comportamento.

1124 Segundo Kant, ainda, o Direito está com‑


pletamente contido dentro da Moral? Não.
Esta é a tese de Jeremy Bentham e Ge‑
org Jellinek. Segundo o filósofo inglês, as
normas jurídicas encontram-se contidas
dentro do campo da Moral. Esta tese fi‑
cou conhecida pelo norma de teoria do
mínimo ético.

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1125 Hart admite um grau de indeterminação


nos padrões de comportamento previs‑
tos na legislação e nos precedentes judi‑
ciais. Esta circunstância se refere à textu‑
ra aberta do direito, expressa por meio de
regras gerais de conduta, que deve ganhar
um sentido específico dado pela autorida‑
de competente, à luz do caso concreto.

1126 Segundo Miguel Reale, o melhor critério


para distinguir as normas morais das nor‑
mas jurídicas é a bilateralidade-atributiva.
Ou seja, a circunstância de que as normas
jurídicas são, ao mesmo tempo, bilaterais
(criam relações jurídicas bilaterais entre
dois ou mais indivíduos) e atributivas (criam
para os indivíduos envolvidos na relação a
possibilidade de um exigir do outro o cum‑
primento de uma certa prestação).

1127 O Direito, segundo Tercio Sampaio Ferraz


Jr, é uma Ciência? Sim, mas uma ciência
dogmática. Ou seja, um saber dogmático e
zetético. Dogmático, porque se destina a
oferecer pontos de partida para séries ar‑
gumentativas. Zetético, porque estes pon‑
tos de partida estão, constantemente, su‑
jeitos a sofrerem questionamentos.

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1128 O que é princípio, de acordo com a dou‑


trina de Robert Alexy? Mandados de oti‑
mização. Comandos normativos que pres‑
crevem ao operador do Direito, sobretudo
ao magistrado, que envide o máximo de
esforço na interpretação e a aplicação das
regras jurídicas.

1129 Segundo Alexy, quando os princípios en‑


tram em colisão entre si, um deles deve ser
extraído do ordenamento jurídico? Não.
Em verdade, neste caso, deve ser aplica‑
da a técnica da ponderação de interesses,
segundo a qual um princípio irá prevalecer
sobre o outro, a depender das circunstân‑
cias do caso concreto, sem que nenhum
deles venha a ser extraído do ordenamen‑
to jurídico.

1130 O que é norma jurídica, segundo Hans Kel‑


sen? Um juízo lógico hipotético. Ou seja,
um juízo lógico de natureza condicional,
constituído por três elementos, a saber: o
ilícito, a relação de imputação e a sanção.

1131 Segundo Hart, as normas jurídicas podem


ser classificadas em: normas primárias e
secundárias. Estas últimas, por seu turno,
desdobram-se em: norma de reconheci‑

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mento, norma de modificação e norma de
julgamento. A primeira identifica se uma
norma pertence, ou não, a sistema jurídi‑
co. A segunda regula o processo de modi‑
ficação do ordenamento jurídico, contro‑
lando, por exemplo, a revogação de uma
norma por outra. E a norma de julgamen‑
to disciplina a aplicação de uma norma de
conduta a um determinado caso concreto.

1132 Norma fundamental é o mesmo que Cons‑


tituição? Não. A Constituição é uma nor‑
ma posta e que faz parte do ordenamento
jurídico. A norma fundamental é uma nor‑
ma pressuposta e não faz parte do ordena‑
mento, antes é o pressuposto que justifica
o ordenamento jurídico.

1133 De acordo com Tercio Sampaio Ferraz Jr, a


dogmática jurídica é constituída por quais
modelos operacionais? O modelo analítico
que contém a teoria da norma jurídica e a
teoria do ordenamento jurídico. O modelo
hermenêutico que abrange a hermenêu‑
tica jurídica e a integração jurídica. E, por
fim, o modelo empírico, o qual engloba a
teoria da decisão jurídica e a teoria da ar‑
gumentação jurídica.

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1134 O que é Juiz Hércules, segundo Ronald


Dworkin? É um tipo ideal de juiz, investido
de algumas características, que teria, em
tese, a capacidade de alcançar a única res‑
posta correta que cada caso reclama.

1135 O que é norma mais que perfeita? É a nor‑


ma que, uma vez violada, acarreta ao infra‑
tor não apenas uma sanção, mas também a
nulidade do ato jurídico por ele praticado.

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