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ISOLADA COMEÇANDO DO ZERO

PROCESSO CIVIL DE ACORDO COM O NOVO CPC


AULA 07

CITAÇÃO

1. DEFINIÇÃO

Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado


para integrar a relação processual (artigo 238, CPC)

É nulo o processo em que não tenha havido a citação, ressalvadas as


hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido
(artigo 239, CPC). É possível até que o réu não compareça, mas o que não se admite
é que o mesmo não tenha sido citado.

O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a ausência de


citação. É que, neste caso, apesar de não ter sido regularmente citado, a finalidade
fora alcançada: a ciência, pelo réu, do ajuizamento da ação. Por isso, fluirá a partir
desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução.

2. MODALIDADES

A citação pode ser real ou ficta.

Será real quando houver a certeza de que dela o destinatário tomou


conhecimento. É o caso da citação pelo correio e por intermédio de oficial de justiça
(art. 246, I E II, CPC). Nestas situações, como há a necessidade de que o réu ponha
sua assinatura no aviso de recebimento (se feita pelo correio) ou nota de ciente no
mandado (se feita por oficial de justiça), haverá uma certeza de que o mesmo tomou
conhecimento.

A citação ficta, por sua vez, é aquela em que há uma mera presunção ou
ficção de que o destinatário tomou conhecimento. Aqui se incluem as citações por
hora certa (feita quando há suspeita de ocultação do réu que fora procurado por duas
vezes) e por edital (réu incerto ou que reside em local incerto ou não sabido). Nestas
situações, não se tem a certeza de que o réu tomou conhecimento (pois inexiste
qualquer elemento “real” que afirme sua ciência), mas há tão somente uma presunção
criada pela lei.

3. EFEITOS

Visto ser um ato jurídico, a citação é capaz de produzir efeitos. Assim, a


citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor.

Ressalte-se que a interrupção da prescrição, operada pelo despacho que


ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de
propositura da ação. Assim, não será possível, por consequência, decretar a
prescrição ou decadência pela demora da citação, se esta ocorreu em virtude de
mecanismos inerentes à justiça (Súmula 106, STJ).

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AULA 07

4. PROIBIÇÕES

Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - de


quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de companheiro
ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha
colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III -
de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente,
enquanto grave o seu estado.

5. CITAÇÃO X INTIMAÇÃO

A citação não se confunde com intimação. Enquanto a citação é ato inicial


que chama o réu, interessado ou executado para compor a relação jurídica, a
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo,
para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, salvo
disposição em contrário.
As intimações serão feitas, preferencialmente, por meio eletrônico. Quando
não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela
publicação dos atos no órgão oficial.
Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure
apenas o nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na
Ordem dos Advogados do Brasil (artigo 272, § 1o, CPC)
Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes
das partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem
dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados.
Vale ressaltar que a grafia dos nomes das partes não deve conter
abreviaturas.
A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por
pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela
Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará
intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de
publicação.
Não sendo o caso de intimação eletrônica e na localidade não houver órgão
de publicação oficial, as intimações serão feitas às partes, aos seus representantes
legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo
escrivão ou chefe de secretaria.
A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o
órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.
Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça quando frustrada a
realização pelo correio.

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PRAZOS PROCESSUAIS

1. DEFINIÇÃO

Sabe-se que o direito não protege os que dormem. Assim, faz-se mister a
fixação de lapso temporal no qual deva ser o ato processual realizado, tudo com o fito
de evitar com que o processo se eternize.
Prazo processual é o lapso temporal no qual o ato processual deva ser
praticado.

2. CLASSIFICAÇÃO

Considerando os dispositivos legais pertinentes à matéria, podemos expor a


seguinte classificação:

 legais: são aqueles previstos em lei. Em regra, os atos processuais serão


realizados nos prazos previstos em lei (artigo 218, CPC). Assim, a resposta do réu
será apresentada em 15 (quinze) dias (artigo. 335, CPC); o recurso de apelação será
interposto no prazo de 15 (quinze) dias (art. 1.003, § 5o, CPC) etc.

 judiciais: são aqueles fixados pelo juiz. Quando a lei não estipular o prazo,
o juiz o fixará, atentando a complexidade do ato (ex: a lei não menciona qual o prazo
para a entrega do laudo pericial, deixando para que o juiz fixe).

Ressalte-se que, não havendo prazo legal ou judicial, o ato a cargo da parte
deverá ser realizado em 5 (cinco) dias (artigo 218 § 3o, CPC).

 peremptórios: são aqueles que não podem sofrer prorrogação. Coincidem


com os prazos legais, os quais, em regra, não sofrerão dilatação.

 dilatórios: aqueles suscetíveis de redução ou prorrogação mediante


convenção das partes (desde que feito ao juiz antes do vencimento e se funde em
motivo legítimo) ou decisão judicial.

ATENÇÃO!
Duas observações precisam ser feitas.

A primeira é que, nas comarcas de difícil transporte, o juiz poderá prorrogar


quaisquer prazos, mas nunca por mais de dois meses. Em caso de calamidade
pública, poderá ser excedido o limite em questão.

A segunda é que a classificação entre prazos dilatórios e peremptórios acabou


perdendo um pouco a importância com o CPC de 2015, uma vez que as partes
passaram a poder, mediante negócio processual, fixar regras de prorrogação de
prazos (artigo 190, CPC). Mas a diferença continua a existir: perceba que um ponto
de distinção dos prazos dilatórios e peremptórios é que o juiz não pode antecipar os
prazos peremptórios sem a anuência das partes.

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AULA 07

 próprios: são aqueles destinados às partes e cujo descumprimento


acarreta ônus, ou seja, ou posição de desvantagem no processo. Se o réu não
contestar dentro do prazo, por exemplo, sofrerá os efeitos da revelia (presunção de
veracidade dos fatos afirmados na petição inicial).

 impróprios: são destinados aos juízes e demais protagonistas da


jurisdição (auxiliares e serventuários). É o que ocorre, por exemplo, com o prazo que
o juiz dispõe para emitir um despacho (cinco dias) ou sentença (trinta dias), conforme
disposto no artigo 226, CPC. O descumprimento de um prazo impróprio não acarreta
uma posição de desvantagem por um motivo muitos simples: o magistrado e os
serventuários não possuem interesse no feito.

3. CONTAGEM

“Início do prazo” não se confunde com “cômputo do prazo”. O “início do prazo”


é marcado por ser o termo inicial fixado para a prática do ato (não levado em
consideração na contagem), ao passo que o “cômputo do prazo” é o primeiro dia
levado em consideração à contagem do prazo. Assim entende o legislador quando o
mesmo aponta que “contam-se os prazos excluindo-se o dia do começo e incluindo-
se o do vencimento” (artigo 224, CPC). Dessa forma, se Maria, por exemplo, for
intimada de uma decisão numa terça-feira (termo inicial ou início do prazo), o
cômputo somente se dará no primeiro dia útil seguinte (quarta-feira), e assim, por
diante.
Com o CPC/2015, os prazos passam a ser contados em dias úteis, de modo
que não se inclui no cômputo os sábados, domingos e feriados (artigo 219, CPC).
Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro
dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado
antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.

ATENÇÃO!

Lembre-se de que certos sujeitos possuem a prerrogativa de prazos mais


“elastecidos”. Assim:

O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público disporão


de prazo dobrado para manifestação nos autos (artigos 180 e 183, CPC); Quando os
litisconsortes tiverem diferentes procuradores, de diferentes escritórios de
advocacia, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e,
de modo geral, para falar nos autos (art. 229, CPC); a defensoria pública também
terá todos os prazos contados em dobro (art. 186, CPC).

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