Você está na página 1de 22

CAPA

1
2
Introdução
Em geral, toda advogada e advogado que atua em
processos judiciais lida diariamente com prazos e, por
isso, sobre o assunto é muito comum ter dúvidas so-
bre: contagem correta, o prazo certo para cada ato,
recursos, dentre outras questões relacionadas.

Conhecer os prazos processuais e suas particulari-


dades é essencial, pois de nada adianta o seu cliente
ter o direito, se ele não for exercido no dentro do pe-
ríodo correto.

Por isso, o objetivo neste e-book é demonstrar os


principais prazos descritos no CPC/15, a fim de que
a advogada ou advogado tenha conhecimento sobre
todas as regras processuais relativas ao cumprimento
de prazos.

3
CAPA

4
Antes mesmo de se iniciar um prazo é preciso que
as partes ou interessados tenham conhecimento so-
bre o tema ali tratado. Por isso, a lei determina quais
são as formas de dar conhecimento do ato processual
a quem for interessado, são elas:

1- Citação - é o ato pelo qual o juiz dá conhecimen-


to aos interessados sobre o processo. É o ato que cha-
ma os interessados para compor o litígio (art. 238,
CPC/15);

2- Intimação - é o ato pelo qual se dá ciência aos in-


teressados dos termos do processo (art. 269, CPC/15);

3- Carta de ordem - é a forma de comunicação que


ocorre entre o juiz de um tribunal superior a um juiz
de tribunal que está em grau menor de hierarquia;

4- Carta rogatória - é a forma de comunicação que


ocorre entre juízes que estão em países distintos;

5- Carta precatória - é a forma de comunicação que


ocorre entre juízes de comarcas distintas, dentro do
mesmo grau de hierarquia;

6- Carta arbitral - é a forma de comunicação entre


5
o juiz e a entidade arbitral;

7- Videoconferência - é permitida a prática de atos


processuais por meio de videoconferência ou outro
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
em tempo real (art. 236, § 3º do CPC/15).

Em relação às formas de comunicação acima listadas,


cabe destaque a citação que possui alguns prazos es-
pecíficos. Nos demais meios de comunicação, os pra-
zos são aqueles estipulados no artigo 231 do CPC/15,
tratados no tópico anterior.

Citação

A citação é ato indispensável à validade do processo


(art. 239, CPC/15), com exceção dos casos em que
há indeferimento da petição inicial, com ou sem re-
solução do mérito, ou quando o pedido de liminar é
julgado improcedente, pois sem ela a relação proces-
sual não se forma.

Em relação aos prazos para citação, o CPC dispõe o


seguinte:

 Para interromper a prescrição, o autor precisa ado-


6
tar em dez dias as providências necessárias para via-
bilizar a citação (art. 240, § 1º e 2º do CPC/15);

 Não se fará a citação, salvo para evitar o pereci-


mento do direito: de cônjuge, de companheiro ou de
qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou na linha colateral em segundo grau,
no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; de
noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casa-
mento; de doente, enquanto grave o seu estado (art.
244 do CPC/15).

 A citação por correio poderá ser recebida por fun-


cionário da portaria, em casos de condomínios edi-
lícios ou nos loteamentos com controle de acesso.
Mas, este funcionário poderá recusar o recebimento,
se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o des-
tinatário da correspondência está ausente (art. 248, §
4º do CPC/15);

 Na citação por hora certa, o oficial de justiça, irá


comparecer ao domicílio ou à residência do citando
a fim de realizar a diligência (art. 253, CPC/15);

7
 Se houver demora para citação por parte exclusi-
vamente do judiciário, a parte não será prejudicada
(art.240, § 3º, CPC/15).

8
CAPA

9
Os prazos judiciais estão todos no CPC/15?

Regra geral, todos os atos judiciais possuem prazos


determinados no Código de Processo Civil.

Eventualmente, a lei pode não tratar especificamente


sobre o prazo para cumprir determinado ato. Quan-
do isso acontecer, cabe a quem julga determinar o
prazo a ser cumprido no caso concreto, consideran-
do a complexidade do ato processual e, seguindo os
critérios de razoabilidade (art. 218, §1º, CPC/15).

E quando o prazo não for determinado pela


lei e nem por quem julga?

Nesse caso, o artigo 218, § 2º e § 3º do CPC/15


informam que:

 Se o ato processual indicar o comparecimento em


juízo, o prazo será contado após 48 horas da intima-
ção;

 Se a intimação determinar a prática de algum ato


diverso do comparecimento, o prazo será de 5 dias.

10
Como é feita a contagem dos prazos?

Os prazos são contados em dias úteis e a contagem


se inicia no dia seguinte à data de publicação. Assim,
se a publicação de uma sentença no Diário Oficial da
União ocorrer no dia 14/07/2020, considera-se como
dia inicial para contagem do prazo (15 dias para o re-
curso de apelação, por exemplo), o dia 15/07/2020
com término em 04/08/2020.

Se a contagem do prazo acontecer na sexta-feira ou


em dias que antecedem feriados, a regra permanece a
mesma, ou seja, prorroga a contagem para o primei-
ro dia útil seguinte. Por exemplo, se a publicação de
embargos de declaração ocorreu no Diário Oficial na
sexta-feira dia 24/07/2020, o início do prazo será na
segunda-feira, dia 27/07/2020.

E se, no exemplo acima, o recurso de apelação for


apresentado antes do início da contagem do prazo, ou
seja, antes do dia 15/07/2020? Nesse caso, não existe
problema, pois o recurso será considerado tempesti-
vo, ou seja, será aceito e admitido para julgamento
(art. 218, § 4º do CPC/15).

Ainda, sobre esse assunto, é importante considerar


11
que a contagem de prazos em dias úteis é válida so-
mente para processos judiciais, sendo que, em atos
extrajudiciais como notificação, por exemplo, o no-
tificante pode determinar se os prazos serão contados
em dias úteis ou corridos.

Quanto aos prazos que tramitam no processo ele-


trônico, vale lembrar que a contagem do prazo para
prática do ato pode ocorrer sem a intimação ou pu-
blicação da decisão. Assim, se a advogada ou advo-
gado acessar o processo e ter ciência da decisão, antes
mesmo da publicação em meios oficiais, passa a ter
ciência inequívoca e o prazo começa a ser contabili-
zado.

Existem hipóteses de suspensão do prazo pro-


cessual?

Sim, no artigo 220 do CPC/15, é determinado que


os prazos processuais ficam suspensos de 20 de de-
zembro a 20 de janeiro, período em que não são re-
alizadas audiências e nem sessões de julgamento.

Nesse período, os juízes, membros do Ministério


Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pú-
blica e os auxiliares da Justiça exercerão suas funções
12
normalmente, salvo em caso de férias individuais e
feriados.

Além da situação acima, os prazos podem ser sus-


pensos quando:

 A parte criar obstáculo para o cumprimento;

 Qualquer das hipóteses do artigo 313 do CPC,


por exemplo, falecimento, morte ou pela perda da
capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador;

 Durante a execução de programa instituído pelo


Poder Judiciário para promover a autocomposição
(acordo entre as partes);

Situações em que os prazos podem ser pror-


rogados

Quando o transporte for de difícil acesso na comar-


ca, seção ou subseção judiciária, os prazos podem ser
prorrogados por até dois meses e, em caso de calami-
dade pública, essa prorrogação pode durar mais tem-
po.

13
E se a advogada ou advogado perder o prazo,
o que pode ser feito?

Após transcorrer o prazo para realizar um ato, ex-


tingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato
processual. Assim, por exemplo, se o prazo do recurso
venceu, não é possível alterar a petição que foi apre-
sentada, salvo se a parte comprovar que não realizou
o ato por justa causa.

Por justa causa, entende-se o acontecimento que


ocorreu alheio à vontade da parte e que impediu a
prática do ato. Existindo a justa causa, quem julga
determinará a prática do ato em outro prazo.

Quem julga também tem prazo a cumprir?

Sim, de acordo com o artigo 226 do CPC/15, os


prazos são:

 Despachos em 5 (cinco) dias;

 Decisões interlocutórias em 10 (dez) dias;

 Sentenças em 30 (trinta) dias.

14
Os prazos acima podem ser prorrogados por moti-
vo justificado.

Quando há litisconsórcio, como os prazos


são contados?

O litisconsórcio acontece quando há mais de um


réu ou autor na mesma ação.

Nesse caso, os prazos são contados em dobro para


toda manifestação, em qualquer grau de jurisdição e
independente de requerimento, assim, os procurado-
res conseguem ter mais tempo para atuarem.

Mas, sobre essa regra, existem algumas observações:

 Os litisconsortes precisam ter procuradores diver-


sos e de escritórios diferentes;

 Se existirem mais de 2 réus, deverá ter sido apre-


sentada defesa de pelo menos dois deles. Se pelo me-
nos um dos réus contestar a ação, não ocorre a revelia
perante os demais (art. 345, I do CPC/15);

 Nos termos da súmula 641 do STF – o prazo em


dobro para interposição de recursos não será con-
15
siderado se somente um dos litisconsorte sucumbir
(perdeu no todo ou em parte a ação).

Tal regra não se aplica ao processo eletrônico, pois


nele as partes conseguem ter acesso de forma simul-
tânea ao processo e, portanto, cumprir o prazo ao
mesmo tempo.

Quando se inicia a contagem do prazo?

O prazo das partes, seus procuradores, Advocacia


Pública, Defensoria Pública e o Ministério Público
será contado da citação ou intimação.

A citação é o ato pelo qual o juiz dá conhecimento


aos interessados sobre o processo. É o ato que cha-
ma os interessados para compor o litígio (art. 238,
CPC/15). Já a intimação, é o ato pelo qual se dá ci-
ência aos interessados dos termos do processo, já de-
vidamente citados (art. 269, CPC/15).

Assim, de acordo com o artigo 231, CPC/15, quan-


do a citação ou intimação for:

 Por correio, a data de início do prazo será a partir


da juntada aos autos do aviso de recebimento;
16
 Por oficial de justiça, a data de início do prazo será
a partir da juntada aos autos do mandado cumprido;

 Ocorrer por ato do escrivão ou do chefe de secre-


taria, o prazo se iniciará na data de ocorrência;

 Por edital, o início do prazo será o dia útil seguin-


te ao fim da dilação assinada pelo juiz;

 Se for eletrônica, o prazo se iniciará no dia útil se-


guinte à consulta ao teor da citação ou da intimação
ou ao término do prazo para que a consulta se dê;

 Se realizar em cumprimento de carta, o prazo se


iniciará na data da juntada da comunicação ou, se
não existir, na data de juntada da carta aos autos de
origem devidamente cumprida;

 Se ocorrer em carga, o prazo se iniciará no dia da


carga em cartório ou secretaria.

 Nos juizados especiais, existe uma diferença, pois


os prazos se iniciam no momento do recebimento da
citação e não da juntada do AR nos autos, conforme
Enunciado 5 do FONAJE (Fórum Nacional de Jui-
zados Especiais).
17
CAPA

18
De acordo com o artigo 994 do CPC/15, são cabí-
veis os seguintes recursos:

 Apelação;
 Agravo de instrumento;
 Agravo interno;
 Embargos de declaração;
 Recurso ordinário;
 Recurso especial;
 Recurso extraordinário;
 Agravo em recurso especial ou extraordinário;
 Embargos de divergência.

De acordo com a legislação, o prazo é de 15 dias para


interposição de todo e qualquer recurso e de resposta
a eles, com exceção dos embargos de declaração que
possui cinco dias para oposição e resposta.

Ainda, quanto aos recursos é preciso observar o se-


guinte:

 O prazo para interposição de recurso conta-se da


data em que os advogados, a sociedade de advoga-
dos, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o
Ministério Público são intimados da decisão;

19
 Quando o recurso é enviado pelo correio, será con-
siderado como data de interposição, a data da posta-
gem;

 Se, durante o prazo para a interposição do recurso,


acontecer o falecimento da parte ou de seu advoga-
do ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o
curso do processo, o prazo será restituído em provei-
to da parte, do herdeiro ou do sucessor;

 Se houver insuficiência no preparo, a parte terá o


prazo de 5 (cinco) dias para regularização do valor;

 Se houver erro no preenchimento da guia de cus-


tas gerando dúvida ao julgador, a parte terá o prazo
de 5 (cinco) dias para esclarecimentos.

20
Conclusão
O direito não socorre aos que dormem! Este é o
ensinamento que todo profissional deve saber e, sig-
nifica que, para garantia do direito do cidadão é ne-
cessário que o seus procuradores estejam atentos aos
prazos.

Neste e-book abordamos os prazos mais significa-


tivos e recorrentes dentro da prática processual, por
isso, acreditamos que a partir do que foi dito até aqui,
as advogadas e advogados estarão mais seguros quan-
to ao cumprimento de prazos no exercício da advo-
cacia.

Se quiser saber mais sobre assuntos relacionados aos


prazos e outras questões do cotidiano da advocacia,
basta acompanhar os conteúdos no nosso blog, lá tem
materiais excelentes para te dar suporte e auxílio na
prática jurídica.

21
Conecte-se conosco!

    

Dúvidas?
Acesse a nossa
Central de Ajuda

JURISCORRESPONDENTE.COM.BR

22

Você também pode gostar