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NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

 Princípios fundamentais:
 Colocação dos respectivos preceitos na parte inicial do código (art. 3º a
11º)

Excepções:

 O Princípio do inquisitório está nos preceitos relativos à instrução (art.


411º), porque as regras da instrução foram colocadas na parte geral do
código (art. 410º e seg),uma vez que o inquisitório contende com a
instrução
 O Princípio da adequação formal está nas disposições relativas à forma do
processo (art. 547º), porque tem que ver com aspectos relativos à
tramitação do processo, às formalidades a praticar no processo, cujas
regras estão no art. 543º e ss.

 Os preceitos relativos à instrução foram retirados em bloco da


regulamentação da acção declarativa e colocados no título V, do livro III

 Reordenação dos processos especiais no livro V e eliminação de certos


processos:
 Processo especial de tutela da personalidade transita dos processos de
jurisdição voluntária (art. 878º a 880º)
 Processos eliminados: expurgação de hipotecas e da extinção de
privilégios

 Clarificação do regime do ónus de alegação e reforço dos poderes de


cognição do tribunal (art. 5º)
 Epígrafe omite referência ao “princípio do dispositivo”
 Fala-se agora em Ónus de alegação; limita-se aos “factos essenciais”
 Não há preclusões quanto a
o Factos instrumentais
o Factos complementares ou concretizadores
 Juiz deve conhecer desses factos, desde que resultem da instrução
 Preceito inclui a norma do antigo 664º

Agora fala-se em ónus de alegação das partes, que se cruza com os poderes
de cognição do tribunal. É a junção de duas dimensões: a do ónus de alegação e dos
poderes de cognição.

Portanto, enquanto autor só tenho que alegar factos que preencham a causa
de pedir, logo não tenho mais ónus do que este e daqui resulta um novo rumo em
relação ao que estávamos habituados.

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Isto implica que as petições podem ser mais curtas. Assim, ou a petição é mal
elaborada, logo inepta, absolvendo o réu da instancia, o que não é problema; ou a
petição não é inepta, logo ou é capaz de suportar o processo ou então é deficiente
ainda que não inepta. Se é deficiente, o caminho é convidar o autor ao
aperfeiçoamento, nos termos do art. 590º/4.

Assim, não há mais possibilidade de uma acção ser julgada improcedente no


saneador, a pretexto de insuficiência.

Há certas acções em que a causa de pedir é complexa. Por exemplo, uma


acção de despejo por necessidade do prédio para habitação própria – este é o
elemento nuclear, mas sem os complementares (como ser proprietário há mais de 5
anos) a acção está incompleta.

O que o juiz tem que fazer é:

o Considerando a petição é inepta (o que não é, é incompleta, logo não a


pode julgar improcedente) tem que convidar ao aperfeiçoamento. Não é
uma faculdade. Esta previsão do art. 590º/4 é a mesma do art. 508º/3
(antigo CPC). Logo, não pode haver mais acções a terminar no
saneador a este pretexto. Se o fizer, o juiz viola o art. 590º/4.

 O art. 5º/2, b) implica uma restrição ainda maior ao dispositivo.

 Confirmação do dever de gestão processual, nele englobando o que era


tratado como poderes de direcção do juiz (6º) – antigo 265º/1 e 2
 Aproveitando o que resultou do regime processual experimental (DL
108/2006)
 Consagração de uma visão participada do processo, pois as partes devem
ser ouvidas
 As decisões de gestão processual são irrecorríveis, salvo das decisões
proferidas neste domínio (art. 630º/2)

 Apresentação a juízo dos actos processuais (art. 144º)


 Obrigatória a transmissão electrónica de dados, havendo mandatário
constituído (nº1)
 Outras formas de apresentação, não havendo mandatário constituído (nº7)
 Casos de justo impedimento (nº8)

 Consagração da regra da gravação da audiência final de acções,


incidentes e procedimentos cautelares – art. 155º
 Deixa de haver nexo entre gravação e recorribilidade
 Tudo se processa oralmente na audiência final
 Acta apenas assinala o início e o termo de cada depoimento, requerimento,
resposta, despacho e alegações orais

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 A gravação é disponibilizada às partes em 2 dias


 Há prazo de 10 dias, a contar da disponibilização das gravações, para
arguir deficiências da gravação
 Juiz pode determinar transcrição de requerimentos, respostas e despachos.
Nunca os depoimentos.

Isto não obsta a q o juiz determine uma pausa nos trabalhos, se o advogado
requerer 3 ou 5 minutos para pensar no requerimento, entre outras situações. O que
se pretende é evitar as delongas que existiam antigamente.

 Consagração de regime de controlo sobre a eventual inobservância de


prazos pelo juiz ou pela secretaria
 Prazo do juiz: esgotado o prazo para a prática do acto e decorridos 3
meses sobre o termo do prazo, o juiz deverá no processo indicar com
precisão a razão desse incumprimento de prazo (156º/4 e 5). Não é
admissível a desculpa de “cumulação de processos”. Todos os meses a
secretaria deve fazer um “apanhado” das situações em que isto aconteceu,
remeter ao Presidente do Tribunal, o qual exporá a situação a quem de
direito (cfr. Nova lei do sistema judiciário). Isto implica que o advogado não
tenha que se preocupar com estas situações, porque o sistema as auto –
controla.
 Prazo da secretaria: decorridos 10 dias sobre o termo do prazo (162º/4 e 5)

 Correcção oficiosa do erro na qualificação/designação do meio


processual
 Juiz determina que se sigam os termos processuais adequados – 193º/3.
Ou seja, corrige para que possa conhecer do mérito da pretensão. Há uma
norma semelhante, que é o art. 218º, que tem a ver com a distribuição dos
processos nos tribunais superiores.

 Reformulação da regulamentação sobre o regime processual de


invocação de contra créditos pelo réu – 266º/2
 O pedido de reconhecimento de crédito do réu assume a via
reconvencional, seja para obter a compensação, seja para obter o
pagamento do valor em que o crédito invocado excede o do autor

 Suspensão da instância por acordo – 272º/4


 Períodos que, na sua totalidade, não excedam 3 meses
 Sem que saí resulte adiamento da audiência final – 275º/4 e 272º/4.
 Esta norma não está isolada.
 O nº 1 continua a prever a suspensão por despacho do juiz. Agora já não
depende só dos advogados.

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 Procedimento cautelares
 Inversão do contencioso – 369º a 371º
o Dispensa de instauração da acção principal
o Propositura da acção principal pelo requerido
o Sem prejuízo das regras sobre a distribuição do ónus da prova

A inversão é notificada à parte contrária, que se não reagir em 30 dias,


propondo uma acção, a decisão torna-se definitiva, ou seja, vale como composição
definitiva do litígio. Se reagir, não se torna definitiva. Na acção principal, quem tem que
fazer prova dos factos constitutivos é o autor.

 Arresto de bens vendidos, com dispensa de prova do justo receio de perda


da garantia patrimonial – 396º/3 – arresto especial
o Destina-se a facilitar a posição do credor. O arresto pressupõe a
verificação da probabilidade da existência do crédito e do justo receio
de perda da garantia patrimonial. O credor – vendedor, vende e espera
o preço.
o Assim, no âmbito da venda de bens, o credor do preço pode pedir o
arresto dos concretos bens vendidos, sem ter que provar o justo receio
da perda

 Instrução – 410º e ss
 Junção de documentos – 423º
o Articulados – nº1
o Até 20 dias antes da audiência final – nº2
o Depois desse momento, não por mero arbítrio da parte, mas sim com
controlo do juiz – nº3
 Declarações de partes – 466º. Trata-se de um novo meio de prova. O autor
ou réu podem dispor-se a depor, mas o juiz aprecia livremente o
depoimento, salvo na parte confessória.
 Perícia singular nas acções de valor não superior a metade da alçada da
Relação – até €15.000,00 – 468º/3
 Verificações não judiciais qualificadas – 494º. Isto está sujeito a
contraditório, com todas as garantias
 Testemunhas – 485º e ss
o Apenas são notificadas a requerimento, logo são todas a apresentar,
excepto as que eu queira que sejam notificadas. Esta notificação é para
comparecer no tribunal e para video-conferência – 507º/2
o 10 testemunhas por cada parte – 511º/1
o Limite reduzido a metade, ou seja, 5 testemunhas, em acções de valor
não superior à alçada da 1ª instancia – até € 5.000,00
o Além do limite – 511ª/4 – o juiz pode autorizar, considerando as
circunstâncias do caso, que seja ultrapassado o limite de testemunhas.
Isto entronca na norma do 630º/2 (da gestão processual). Se o juiz
deferir, a decisão é irrecorrível. Se indeferir, é recorrível.

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 Acção declarativa comum


 Forma única de processo – 548º

 Adequação formal – 547º

 Flexibilização nas acções de valor não superior a metade da alçada da


relação (até €15.000,00) – 597º

 Acção deverá decorrer em torno de duas audiências: prévia e final

 Petição inicial – 552º


o Alegações dos factos essenciais que constituam a causa de pedir
o Requerimento probatório. Faz parte aquilo que diz respeito aos
documentos. E se eu só juntar documentos e mais tarde quiser juntar
testemunhas? É uma alteração ao requerimento probatório.
Exemplo de Requerimento probatório
Junta: X documentos
Arrola as seguintes testemunhas.

 Eventual despacho liminar – 590º/1. A lei prevê que o juiz possa, por si,
determinar em certos processos que haja despacho liminar ou quando a lei
imponha. Em princípio não há despacho liminar, mas pode haver. Há
sempre recurso do despacho de indeferimento liminar.

 Contestação – 572º
o Ónus de impugnação de factos essenciais
o Alegação dos factos essenciais em que se baseiam as excepções
o Requerimento probatório

 Réplica admitida em 2 casos – 584º


o Pedido reconvencional
o Acção de simples apreciação negativa

 Não há articulado para responder a excepções


 Eliminação da tréplica.

 Despacho pré saneador – 590º


o Suprimento de excepções dilatórias
o Determinar a junção de documentos
o Suprimento de irregularidades dos articulados
o Aperfeiçoamento dos articulados
o Caracter vinculado do despacho por força do 590º/4

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 Audiência prévia. O 591º diz quais as finalidades que podem ser cumpridas
na audiência prévia. Tudo são fins principais. Findos os articulados, o juiz
deve fazer uma audiência prévia e ver quais as finalidades que se justificam
no processo. Se o processo não termina no saneador, a audiência prévia
implica a programação dos actos da audiência final.
o Obrigatoriedade – 591º
o Não realização – 592º.
Há 2 casos em q não há:
 Casos em que o processo deva terminar no saneador com
absolvição da instância, mas a propósito de excepções
dilatórias, já discutidas nos articulados. Mas se não há
replica para responder a excepções Quid Iuris? Há aqui uma
pequena disfunção. Verificando o juiz que há uma excepção
arguida pelo réu ou uma que ele detecta ex officio, o que ele
deve fazer é notificar por escrito o autor para responder à
excepção, ou seja, aplica a gestão processual e assim
assegura o contraditório.
 A outra hipótese é em acções que correm em regime de
revelia inoperante.

Fora destes 2 casos, em princípio, deve haver audiência prévia,


cabendo ao juiz ver quais as finalidade a cumprir.

o Dispensa pelo juiz – 593º/1. O juiz assume-o por escrito, mas tem
que fazer 4 despachos ou pelo menos 3 – nº 2. Tem que fazer
despacho saneador, despacho a programar a audiência final e
despacho do objecto do litigio e da enunciação dos temas da prova
e há um quarto que depende. Se as partes querem a audiência
prévia, devem provocá-la (art. 593º - audiência potestativa).
o Audiência potestativa – 593º/3

Se o juiz a dispensar e se os advogados não a requererem, não há mais


motivos para ambos se queixarem no final. É aqui que entra a programação da
audiência final, que é uma função muito importante na audiência prévia.

 Alteração do requerimento probatório – 598º/1. Pode também ser alterado


na audiência prévia, desde que esta se realize.

 Aditamento ou alteração de testemunhas – 598º/2. As testemunhas


aditadas são a apresentar. Se alterarmos podemos requerer a notificação.

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 Identificação do objecto do litígio e enunciação dos temas da prova – 596º


 Superação de um regime com mais de 70 anos, sem paralelo em sistemas
conhecidos
 Fim da quesitação sincopada e atomística de pontos de facto. Fim da base
instrutória. Não há perguntas. Não há arrumação de depoimentos por
factos.
 Os limites do processo são a causa de pedir e as excepções deduzidas
 Eliminação do velho 633º
 Instrução delimitada pela causa de pedir e pelas excepções deduzidas
 Assegurada a correspondência entre o quadro fáctico do processo e a
realidade histórica revelada nos autos, ou seja, acabou a ideia de que “o
que não está nos autos, não está no mundo”

Ex. 1: Despejo fundado em uso do locado para fim diverso daquele a que se destina: o
que o juiz quer saber é o uso que o locatário dá ao locado, cabendo tudo aqui.

Ex. 2: Despejo fundado no não uso do locado por mais de um ano: o juiz quer saber
se há falta de uso e há quanto tempo é que essa falta de uso dura.

Ex. 3: Acção de impugnação pauliana:

 Situação patrimonial do alienante após a alienação


 Natureza do acto (só releva acto não pessoal)
 Data da constituição do crédito
 Consequências da alienação quanto à possibilidade de o crédito vir a ser
satisfeito
 Sendo o negócio oneroso, consciência do alienante e do adquirente quanto
ao prejuízo que o acto causou ao credor.

Ex. 4: Excepção de prescrição do direito à indemnização: o juiz quer saber a data em


que o lesado teve conhecimento do direito ao ressarcimento.

Ex. 5: Acção por defeitos numa obra: em vez de um único tema “defeitos”,
segmentação dos “defeitos”

 Soalho
 Madeira
 …..

 Audiência final – 599º e ss


 Juiz singular – 599º
 Inadiabilidade – 603º - por impedimento do tribunal, por falta de advogado
por não terem confrontado agendas, havendo justo impedimento.
 Alegações de facto e direito em simultâneo – 604º/3, e)

 Sentença – 607º
 Decisão de facto e direito em simultâneo

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 Fundamentos de facto na sentença – 607º/4


 Declaração dos factos julgados provados e dos factos julgados não
provados
 Análise crítica das provas, indicando-se as ilações tiradas dos factos
instrumentais e especificando-se os demais fundamentos que foram
decisivos para a convicção do juiz
 Consideração dos factos que estão admitidos por acordo, provados por
documentos ou por confissão reduzida a escrito
 Compatibilização de toda a matéria de facto adquirida
 Extrair dos factos apurados as presunções impostas pela lei ou por regras
da experiência

Ex. 1: Despejo fundado em uso do locado para fim diverso daquele a que se destina: o
julgamento de facto implicará, por exemplo, a declaração de que o inquilino usa o
locado como estabelecimento de café

Ex. 2: Despejo fundado no não uso do locado por mais de um ano: o julgamento de
facto pode implicar a afirmação de que o inquilino habitacional tem o locado fechado,
abandonado e sem qualquer utilização há mais de 18 meses.

Ex. 3: Excepção de caducidade em acção de preferência: o julgamento de facto pode


passar pela declaração de que o preferente recebeu, em certa data, comunicação
escrita da qual constavam informações acerca da ocasião prevista para a formalização
do negócio, do preço e das condições de pagamento.

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