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2019/2020

FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 2º SEMESTRE 2019/2020

Índice
OBJETO DO PROCESSO 4

Pedido do Autor 4

CONCURSOS DE NORMAS 4

Pedido de defesa do réu (exceções perentórias) 6

TIPOLOGIA DAS EXCEÇÕES PERENTÓRIAS 8

Modalidades das exceções 9

FORMAS ANÓMALAS DO PEDIDO 11

MATÉRIA DA PROVA 22

Frustração da prova 25

Contratos probatório – contratos sobre a prova 25

Produção da prova 25

Meios de prova 30

REGIME DOS DOCUMENTOS AUTENTICADOS 32

VALOR PROBATÓRIA DA CONFISSÃO 34

Modalidades da confissão 34

Eficácia da confissão 35

Características da confissão 35

Força probatória da confissão 36

Prova por declarações de parte 36

TUTELA PROCESSUAL 40

Vicissitudes da instância 40

Causas de extinção da instância 41

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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES 42

Justificação para regulação 42

Tipologia de funções 44

Modalidades das providências cautelares 44

Regime das providências 45

Competência 45

Caducidade das providências cautelares 47

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Aulas Teóricas

24 de fevereiro

OBJETO DO PROCESSO

Pedido do Autor

CONCURSOS DE NORMAS

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FORMA DE TRATAMENTO JURÍDICO

6
Pedido de defesa do réu (exceções perentórias)
Uma das hipóteses que o réu tem é a chamada defesa por exceção, quer:

– englobando faco que integrem o mérito de conhecimento da causa - exceção dilatória


– ou factos impeditivos, modificativos ou restritivos – exceção perentória

artigo 576º estabelece a distinção entre exceções dilatórias e perentórias:2 - As


exceções dilatórias obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa e dão lugar à
absolvição da instância ou à remessa do processo para outro tribunal.

3 - As exceções perentórias importam a absolvição total ou parcial do pedido e consistem
na invocação de factos que impedem, modificam ou extinguem o efeito jurídico dos factos
articulados pelo auto

De acordo com o que estabelece o artigo 571º/2 2ª parte - defende-se por exceção quando:

– alega factos que obstam à apreciação do mérito da ação


🡪 EXCEÇÃO DILATÓRIA
– ou que, servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito
invocado pelo autor, determinam a improcedência total ou parcial do pedido.
🡪 EXCEÇÃO PERENTÓRIA

Neste caso o réu não está a por em causa os factos invocados pelo autor (isso é a chamada
defesa por impugnação) – o que ele está a dizer é que por exemplo: é verdade que
aconteceu a celebração do contrato, MAS o contrato é inválido (exceção perentória de
invalidade: o réu aceita aquilo que o autor diz, mas no fundo fica com a posição de
autor )

🡪 ELEMENTO MATERIAL – DE INVOCAÇÃO DE


UM TAL EFEITO, IMPEDITIVO, MODIFICATIVO
OU EXTINTIVO

🡪 ELEMENTOS PROCESSUAL – DE PRODUÇÃO


DESSE EFEITO

Em relação a essas exceções perentórias importa


referir que em regra, ao contrario do que se sucede com as exceções dilatórias (em que a

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regra é exatamente ao contrário), estas não são de conhecimento oficioso do tribunal
– MAS existem algumas exceções:

talvez a mais importante seja a do artigo 286º do CC em relação à nulidade, e também o


571º (culpa do lesado).

- A exceção tem de ser fundamentada – nas exceções não se fala em causa de pedir mas
sim em fundamentos das exceções (artigo 5º/1), MAS no fundo o fundamento da
exceção perentória é a causa de pedir da exceção perentória – sendo perfeitamente
possível o convite a aperfeiçoamento à contestação, exatamente pela
circunstância de a fundamentação invocada pelo réu ser inconcludente

- Cruzando a matéria da exceção perentória com a regra que encontramos no artigo 573º/1,
toda a defesa deve ser deduzida na contestação, excetuados os incidentes que a lei mande
deduzir em separado, NESTE SENTIDO, o reu tem o direito de invocar a sanção
perentória na contestação

ou se a for exterior à contestação – 611º/1 - encerramento da discussão da primeira


instância - Sem prejuízo das restrições estabelecidas noutras disposições legais,
nomeadamente quanto às condições em que pode ser alterada a causa de pedir, deve
a sentença tomar em consideração os factos constitutivos, modificativos ou extintivos
do direito que se produzam posteriormente à proposição da ação, de modo que a
decisão corresponda à situação existente no momento do encerramento da discussão.

729º / g) – acusação à execução - Fundamentos de oposição à execução baseada


em sentença

Fundando-se a execução em sentença, a oposição só pode ter algum dos fundamentos


seguintes:

g) Qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação, desde que seja posterior ao


encerramento da discussão no processo de declaração e se prove por documento; a
prescrição do direito ou da obrigação pode ser provada por qualquer meio;
🡪
exatamente porque as outras estão precludidas

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TIPOLOGIA DAS EXCEÇÕES PERENTÓRIAS

– Exceções perentórias (materiais perentórias)


o exceções perentórias – são definitivas, uma vez invocada produzem um efeito
que não é suscetível de ser alterado posteriormente – ex: pagamento – se o réu
invocar o pagamento e o tribunal reconhecer o pagamento invoca uma exceção
perentória de direito material perentória – quando a dívida se extingue não é
possível que posteriormente a invocação dessa exceção deixe de vigorar, uma vez
que estando pago, está pago
o exceções dilatórias – impedem determinado efeito num determinado
momento, MAS esse efeito pode vir a produzir-se mais tarde – ex: exceção de não
cumprimento do contrato – 428º CC – exceção que vale apenas enquanto um
autor não tiver realizado a prestação – esta exceção é um exceção de direito
material, mas é uma exceção dilatória, uma vez que a partir do momento em que
é realizada a prestação sinalagmática a exceção perde eficácia e não produz efeito
ou exceção moratória – em que por exemplo, A diz que não tem que pagar por que
o autor lhe concedeu uma moratória de 3 anos e neste momento não teria que
pagar, MAS quando decorrer o prazo de pagar tem de pagar e neste setido o efeito
é temporário – implica uma dilação dos efeitos para um momento
posterior, MAS não impede a produção dos mesmos

– Dentro de um critério normativo temos que distinguir entre:


o exceções em sentido estrito/stricto sensu – a exceção baseia-se num contra
direito que o réu possui e portanto a exceção destina-se a destruir os efeitos que
decorrem do direito invocado pelo autor – se o autor invocar no contrato e o réu
vier dizer que o mesmo é nulo ou anulável ou inválido, este invoca um contra
direito e destrói os direitos que decorrem do direito do autor – destina-se
a impedir o efeito que o autor invoca
o exceções em sentido amplo/lato sensu – nos casos de pagamento da dívida,
porque se houve pagamento o direito que o autor invoca já estava extinto, já não
existia – destina-se a produzir um efeito já não existe, a exceção não se
destina a produzir um efeito pois o mesmo já está produzido antes

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Modalidades das exceções

Resulta da lei que as exceções podem ser:

– IMPEDITIVAS – obstam ao preenchimento de uma previsão legal e, portanto, de


uma determinada previsão legal especifica
o imputação de invalidades + causas dessa invalidade (erro, dolo, coação)

ex: obstam a que um contrato seja considerado válido

– EXTINTIVAS – extinguem o direito invocado pelo autor


o caducidade
o verificação de condição resolutiva
o cumprimento das obrigações
– MODIFICATIVAS – modificam os efeitos pretendidos pelo autor, não o extinguem,
mas impõe condições ao exercício desse direito
o prescrição – não extingue, apenas impede a exigibilidade 🡪 MAS existe o
crédito, mesmo depois de prescrito, APENAS deixa de ser exigível
o Quais as consequências destas exceções modificativas?

TODAS AS EXCEÇÕES TÊM UM EFEITO – 576º/3 - As exceções perentórias importam a


absolvição total ou parcial do pedido e consistem na invocação de factos que impedem,
modificam ou extinguem o efeito jurídico dos factos articulados pelo autor.

– improcedência da causa

MAS na modificativa há que distinguir 2 situações:

1- na prescrição – aqui a consequência é a improcedência da ação

2 – exceções dilatórias modificativa – produzem efeitos apenas temporariamente - ex:


exceção de não cumprimento do contrato 🡪 consequência é a chamada condenação in
futurum e condicional do réu – 610º/1 - O facto de não ser exigível, no momento em que
a ação foi proposta, não impede que se conheça da existência da obrigação, desde que o réu
a conteste, nem que este seja condenado a satisfazer a prestação no momento próprio.

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Nesta matéria, há que fazer uma referência ao regime que vale ao nível europeu:

REGULAMENTO DE BRUXELAS 1 BIS – ARTIGO 29º/1

SECÇÃO 9 - Litispendência e conexão

Artigo 29.o

1.   Sem prejuízo do disposto no artigo 31.o, n.o 2, quando ações com a mesma causa de
pedir e entre as mesmas partes forem submetidas à apreciação de tribunais de
diferentes Estados-Membros, qualquer tribunal que não seja o tribunal
demandado em primeiro lugar deve suspender oficiosamente a instância até que
seja estabelecida a competência do tribunal demandado em primeiro lugar.

Importa ter presente que o tribunal de justiça interpretando autonomamente esta


identidade de objeto vem definir a chamada teoria de núcleo essencial que se afasta
bastante daquilo que vigora entre nós ao nível de direito interno – e qual a justificação?

A ótica é que continua a ser um requisito de reconhecimento de decisões que não haja uma
decisão incompatível com a decisão que se pretende conhecer – o que interessa no fundo,
segundo a teoria do núcleo essencial é que não haja decisões incompatíveis – e
vem dizer que as ações são idênticas se os resultados delas forem consequências
incompatíveis

Neste sentido – verifica-se a exceção de litispendência quando os resultados das ações


forem executados de forma incompatível entre si - conclusão identidade de ações é algo
diferente caso seja considerada ao nível europeu e caso seja considerada ao nível interno

AÇÕES TURPEDO – Ação de apreciação negativa

Ex: até ao tribunal italiano se declarar incompetente a não poderia continuar no


país competente 🡪 intenção de tropear a justiça noutro EM

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FORMAS ANÓMALAS DO PEDIDO

Em muitos casos o pedido que a parte formula é um pedido líquido, mas pode não suceder

Normalmente trata-se de uma prestação já vencida, o autor pede tudo aquilo que tem
direito

Em muitos casos formula um único pedido, costuma também ser certo ou fixo, MAS TUDO
ISTO PODE NÃO SUCEDER

– Pedidos genéricos – quando o pedido não é liquido – o pedido é formulado de


forma genérica – 556º CPC
o Quando é que é possível formar um pedido genérico? Situações reguladas nas
alíneas do nº 1 do 556º CCP:

a) Quando o objeto mediato da ação seja uma universalidade, de facto ou de direito;


b) Quando não seja ainda possível determinar, de modo definitivo, as consequências do
facto ilícito, ou o lesado pretenda usar da faculdade que lhe confere o artigo 569.º do
Código Civil; - estamos no âmbito da responsabilidade, responsabilidade civil por facto
ilícito e daqui resulta que o autor não tem que quantificar em termos precisos o montante
da indemnização a que julga ter direito
c) Quando a fixação do quantitativo esteja dependente de prestação de contas ou de outro
ato que deva ser praticado pelo réu. – ex: prestação de contas e depois pede-se a restituição
do saldo

Se o pedido genérico for formulado fora do regime?

A lei não contempla nenhuma sanação para este vício – MAS MTS considera que se pode
aplicar o artigo 590º em que incumbe ainda ao juiz convidar as partes ao suprimento das
insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada

Se for formulado um pedido genérico o tribunal condena genericamente – MAS o artigo


609º/2 – permite que mesmo quando celebrado um pedido liquido, se os danos não forem
qualificados o tribunal pode proferir uma decisão genérica de modo a evitar a
improcedência da ação – NO ENTANTO, estará sujeito a liquidação

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– Condenação in futuro – 557º CCP – quando é que é admissível?

- Tratando-se de prestações periódicas, se o devedor deixar de pagar, podem


compreender-se no pedido e na condenação tanto as prestações já vencidas como as que se
vencerem enquanto subsistir a obrigação.


- Pode ainda pedir-se a condenação em prestações futuras quando se pretenda obter o


despejo de um prédio no momento em que findar o arrendamento e nos casos semelhantes
em que a falta de título executivo na data do vencimento da prestação possa causar grave
prejuízo ao credor.

🡪 PROBLEMA COMPATIBILIDADE DO ARTIGO 557º E 610º/1 – em que


também se prevê uma condenação in futuro

O facto de não ser exigível, no momento em que a ação foi proposta, não
impede que se conheça da existência da obrigação, desde que o réu a
conteste, nem que este seja condenado a satisfazer a prestação no momento
próprio.


O ARTIGO 557º ENCONTRA-SE PREVISTO A POSSIBILIDADE DE A PARTIR


SE PODER FORMULAR UM PEDIDO DE CONDENÇÃ IN FUTURO

NO 610º O AUTOR DIZ QUE A DÍVIDA É IMEDIATAMENTE EXIGÍVEL E ACABA


POR NÃO SER – APLICA-SE O 610º TAMBÉM PODE UMA LÓGICA DE
ECONOMIA PROCESSUAL

– Pedidos parciais- não esgota a totalidade daquilo que o autor tem direito
o pedido parcial aberto – o autor diz que pedido por exemplo 100, mas reserva
a possibilidade de mais tarde vir a pedir mais pois não sabe quais os danos
que vai ter no futuro
o pedido oculto – agora peço 10 e aparentemente parece que só quero 10 – é
problemático porque leva a que os tribunais competentes possam ser
distintos e pode inviabilizar a possibilidade de existir recurso e pode até
haver uma consideração da parte que assim atua como litigante de
má fé – com intuito de defraudar ou de prejudicar o réu

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– Cumulação de pedidos - o autor formula mais do que um pedido – 553º - 555º - há
3 formas de cumulação de pedidos
o artigo 555º - autor formula vários pedidos contra o reu e pretende a
procedência e a satisfação de todos eles – regra especial quanto ao valor da
causa = valor da soma de todos os pedidos (297º/2) EXCETO naquilo que se
designa como conjugação aparente [ ex: pedido de anulação do contrato e
restituição daquilo que foi entregue ao autor invalidamente]
o Pode o autor deduzir cumulativamente contra o mesmo réu, num só processo,
vários pedidos que sejam compatíveis, se não se verificarem as
circunstâncias que impedem a coligação
▪ Requisitos para a cumulação de pedidos:
● compatibilidade substantiva – caso não exista pode dar origem a
ineptidão da petição inicial 🡪 186º/2 c)
● Remissão para a coligação no 555º/1 – 37º/ 1 e 2 – competência
absoluta (não relativa) do tribunal para todos os pedidos e
adequação da forma de processo, ou seja, os vários pedidos têm
de seguir entre eles formas compatíveis

1 - A coligação não é admissível quando aos pedidos correspondam formas de processo


diferentes ou a cumulação possa ofender regras de competência internacional ou
em razão da matéria ou da hierarquia.


2 - Quando aos pedidos correspondam formas de processo que, embora diversas, não
sigam uma tramitação manifestamente incompatível, pode o juiz autorizar a
cumulação, sempre que nela haja interesse relevante ou quando a apreciação
conjunta das pretensões seja indispensável para a justa composição do litígio.

Pode formular-se, num único processo quaisquer pedidos mesmo que não tenham
qualquer conexão e que digam respeito a factos distintos?

Esta não seria a melhor solução, a maneira de ultrapassar tal situação é aplicando
analogicamente a cumulação de pedidos 🡪 ARTIGO 37º/4 e 5 – obstáculos à coligação:

4 - Se o tribunal, oficiosamente ou a requerimento de algum dos réus, entender que, não


obstante a verificação dos requisitos da coligação, há inconveniente grave em que as causas
sejam instruídas, discutidas e julgadas conjuntamente, determina, em despacho
fundamentado, a notificação do autor para indicar, no prazo fixado, qual o pedido ou os

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pedidos que continuam a ser apreciados no processo, sob cominação de, não o fazendo, ser o
réu absolvido da instância quanto a todos eles, aplicando-se o disposto nos n.os 2 e 3 do
artigo seguinte.


5 - No caso previsto no número anterior, se as novas ações forem propostas dentro de 30


dias a contar do trânsito em julgado do despacho que ordenou a separação, os efeitos civis
da propositura da ação e da citação do réu retrotraem-se à data em que estes factos se
produziram no primeiro processo.

ESTABELECE A NECESSIDADE DE UMA CONEXÃO ENTRE OS PEDIDOS – e


aplica-se este critério de conexão entre pedidos também à cumulação simples

FALTA DE REQUSITOS

- Compatibilidade substantiva – caso não exista pode dar origem a ineptidão da petição
inicial 🡪 186º/2 c)

- se faltar algumas das situações de incompatibilidade processual 🡪 absolvição do réu da


instancia com base nesse erro

o Cumulação alternativa – cumulação de vários pedidos pretendendo que o


réu cumpra apenas 1 deles – Lembram as obrigações alternativas, em que
o devedor tem que prestar uma coisa, MAS pode em alternativa prestar outra

Artigo 553º - É permitido fazer pedidos alternativos, com relação a


direitos que por sua natureza ou origem sejam alternativos, ou que
possam resolver-se em alternativa; Quando a escolha da prestação
pertença ao devedor, a circunstância de não ser alternativo o pedido
não obsta a que se profira uma condenação em alternativa.

Artigo 297º/3 - No caso de pedidos ALTERNATIVOS, atende-se


unicamente ao pedido de maior valor e, no caso de pedidos
SUBSIDIÁRIOS, ao pedido formulado em primeiro lugar.

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o Cumulação subsidiária – formulação de um pedido principal e de um
pedido subsidiário – artigo 554º - Podem formular-se pedidos
subsidiários. Diz-se subsidiário o pedido que é apresentado ao tribunal
para ser tomado em consideração somente no caso de não proceder um
pedido anterior.

Só se atende ao pedido subsidiário, caso o principal não seja


procedente

Por força do nº2 temos uma remissão para o regime da coligação - A


oposição entre os pedidos não impede que sejam deduzidos nos termos do
número anterior; mas obstam a isso as circunstâncias que impedem a
coligação de autores e réus. – competência absoluta para todos os pedidos
em relação às normas do processo

MAS a grande especialidade dos pedidos subsidiários


é o de que conforme se diz na parte inicial do nº2 do
artigo 554º “não impede a cumulação subsidiária a
incompatibilidade substantiva entre os pedidos”

Ex: a pessoa não pode ser ao mesmo tempo proprietária e


usufrutuária, se no pedido principal formular um pedido de
reivindicação da propriedade e como pedido subsidiário o pedido
de reivindicação do usufruto não tem qualquer problema – ou é
considerado uma coisa ou outra, só se atende ao segundo pedido
quando o principal não for considerado procedente

🞭 Não se exige compatibilidade substantiva


🞭 Não se exige conexão entre os pedidos

Aplica-se novamente o disposto no artigo 297º/3 no caso de conexão - No caso de


pedidos ALTERNATIVOS, atende-se unicamente ao pedido de maior valor
e, no caso de pedidos SUBSIDIÁRIOS, ao pedido formulado em primeiro
lugar.

Valor da ação – valor do pedido principal

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PROBLEMA: o pedido subsidiário só a vem a ser considerado na hipótese
do pedido principal não ser considerado procedente – o que pode querer
dizer que o pedido subsidiário pode nunca ser considerado pelo tribunal,
MAS a propositura da ação tem algumas consequências, em que uma
delas é a da interrupção da prescrição – que admitem que o pedido
subsidiário é o relativo a um crédito e em princípio, de acordo com o artigo
323º, a prescrição interrompe-se. Verifica-se a interrupção da
prescrição também no pedido subsidiário? A resposta tem de ser
positiva. Apesar do tribunal não vir a apreciar o pedido subsidiário não
deixa de se verificar a interrupção da prescrição. Em todo o caso, o pedido
subsidiário pode vir a ser apreciado, e nesse caso a interrupção da
prescrição é algo que não pode deixar de ser considerado

– COLIGAÇÃO – contém ao mesmo tempo uma cumulação:


🗹 objetiva - sempre que há coligação há diferentes pedidos que são cumulados
🗹 e subjetiva - com vários autores ou vários réus
🗹 MAS ainda com a particularidade de haver uma distribuição dos pedidos por partes
diferentes

A diferença entre coligação e litisconsórcio – é a de que o litisconsórcio é uma pluralidade de partes,


em que pode haver um julgamento de litisconsórcio de cumulação objetiva (cumulação de pedidos)

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MAS, esses pedidos são feitos com todos os litisconsortes ou contra todos os litisconsortes. Na
coligação, temos uma pluralidade de partes, pluralidade de pedidos, MAS SEMPRE COM ESTA
PARTICULARIDADE a de que os pedidos são distribuídos por partes diferentes – ex: cada um
dos autores formula uma pedido contra o réu ou 2 autores formulam um pedido contra o
réu; o autor formula um pedido e outro autor formula um pedido contra o mesmo autor 🡪
ideia de distribuição dos pedidos pelas várias partes

2 de março

Regime específico da coligação 🡪 36º e ss. CPC

COLIGAÇÃO

A cumulação de pedidos - artigo 37º - estabelece a competência absoluta do tribunal para


todos os pedidos coligados + compatibilidade das formas de processo

o Já a coligação exige uma conexão entre os pedidos – artigo 36º

REQUISITOS COLIGAÇÃO:

🗹 Conexão entre os pedidos

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🗹 Causa de pedir seja a mesma e única – 36º/1

🗹 Basear-se nos mesmos factos e aplicação das mesmas regras jurídicas ou aplicação
de cláusulas idênticas – 36º/2 - apreciação dos mesmos factos ou da interpretação e
aplicação das mesmas regras de direito ou de cláusulas de contratos perfeitamente
análogas.


🗹 Pedidos deduzidos contra os vários réus se baseiam na invocação da obrigação


cartular, quanto a uns, e da respetiva relação subjacente, quanto a outros. – ex: no
caso de 2 relações jurídicas, em que a letra é subscrito não pelo devedor, mas por 3º -
36º/3 – 2 relações jurídicas diferentes, 2 pedidos diferentes

1872º CC – é possível que vários pretensos filhos investigue a sua paternidade, numa
única ação 🡪 COLIGAÇÃO – o pedido feito contra o pretenso pai, por cada pretenso filho
que faz um pedido

Pode formular-se um pedido principal contra uma parte, e um pedido subsidiário contra
outro réu 🡪 39º - Pluralidade subjetiva subsidiária

É admitida a dedução subsidiária do mesmo pedido, ou a dedução de pedido subsidiário,


por autor ou contra réu diverso do que demanda ou é demandado a título principal, no
caso de dúvida fundamentada sobre o sujeito da relação controvertida.

O que é que acontece quando faltam os requisitos da coligação?

🞭 - incompetência absoluta do tribunal para um ou outro pedido


🞭 - ou incompatibilidade da forma do processo – exceção dilatória liminar 🡪 absolvição da
instancia

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🞭 - falta de conexão objetiva – em princípio, é sanável nos termos do artigo 38º -
Ocorrendo coligação sem que entre os pedidos exista a conexão exigida pelo artigo 36.o,
o juiz notifica o autor para, no prazo fixado, indicar qual o pedido que pretende
ver apreciado no processo 🡪 caso não o faça: sob cominação de, não o fazendo, o réu
ser absolvido da instância quanto a todos eles.

Aprecisção incidentais 🡪 artigo 91º/1 - O tribunal competente para a ação é também


competente para conhecer dos incidentes que nela se levantem e das questões que
o réu suscite como meio de defesa.

91º/2 – articula-se com a matéria do caso julgado 🡪 A decisão das questões e incidentes
suscitados não constitui, porém, caso julgado fora do processo respetivo – só tem
força de caso julgado naquela matéria em concreto se a pessoa foi reconhecida como
sucessora da pessoa falecida

exceto se alguma das partes requerer o julgamento com essa amplitude e o tribunal
for competente do ponto de vista internacional e em razão da matéria e da
hierarquia. – pedido de apreciação incidental – qualquer dos intervenientes pode
requere que a apreciação do sucessor valha não só nos efeitos daquele processo
como também valendo como caso julgado noutra ação

Pedido reconvencional – pedido formulado pelo réu, mas nem todos os pedidos formulados
pelo réu são pedidos reconvencionais

Quando é que estamos perante?

– Exatamente os mesmos elementos que o pedido do autor – material e processual


– Pedido autónomo – pedido diferente do pedido de defesa do réu, em que
normalmente pede a absolvição do pedido ou da instância; MAS o pedido
reconvencional é autónomo – ex: uma coisa é o reu invocar uma exceção e pedir com
base nela a absolvição, diferente é pedir uma indemnização
– Pedido formulado pelo réu contra o autor – em regra
– Facultativo – em regra, se não o formular o réu não perde nada com isso
– Ónus do réu – caso não o faça, fica precludido o seu direito

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Competência para as questões reconvencionais

1 - O tribunal da ação é competente para as questões deduzidas por via de


reconvenção, desde que tenha competência para elas em razão da nacionalidade, da
matéria e da hierarquia; se a não tiver, é o reconvindo absolvido da instância.
2 - Quando,
por virtude da reconvenção, o tribunal deixe de ser competente em razão do valor, deve o
juiz oficiosamente remeter o processo para o tribunal competente.

Valor da causa – uma vez que estamos perante um pedido, que em princípio é igual ao do
autor, a reconvenção tem um valor próprio, correspondente ao pedido reconvencional e
neste sentido – soma-se ao valor do pedido principal 🡪 artigo 299º/1 - Na determinação do
valor da causa, deve atender-se ao momento em que a ação é proposta, exceto quando
haja reconvenção ou intervenção principal.

Só não é assim, nas situações em que quando o pedido reconvencional não for distinto do
pedido do autor - O valor do pedido formulado pelo réu ou pelo interveniente só é somado
ao valor do pedido formulado pelo autor quando os pedidos sejam distintos, nos termos do
disposto no nº 3 do artigo 530º

530º/3 - Não se considera distinto o pedido, designadamente, quando a parte


pretenda conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico que o autor se propõe
obter ou quando a parte pretenda obter a mera compensação de créditos.


Admissibilidade da reconvenção

🡪 266º

🡪 393º

O que exige esta figura da reconvenção?

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– seja admissível por lei – o que pode não acontecer, como por ex: a regra do artigo
584º (Só é admissível réplica para o autor deduzir toda a defesa quanto à matéria
da reconvenção, não podendo a esta opor nova reconvenção.)
– exigência de conexão objetiva – que emerge da própria causa de pedir
– que a reconvenção se fundamente no fundamento da defesa – 266º/2/a)
– quando o réu se propõe tornar efetivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas
à coisa cuja entrega lhe é pedida;
266º/1/b)
– Compensação judiciária - Quando o réu pretende o reconhecimento de um crédito,
seja para obter a compensação seja para obter o pagamento do valor em que o
crédito invocado excede o do autor;
266º/1/c)

O que diferencia a reconvenção das outras exceções?

Em termos de competência absoluta; em termos de caso julgado no caso das


exceções, faz sentido apreciar a existência de contracrédito sem existir valor
de caso julgado em relação a esse contracrédito? Não

Na reconvenção pedido igual do autor e, portanto, existe um caso julgado


material

Uma coisa é a compensação judiciária – é invocada para ser obtida na ação,


outra coisa diferente é a compensação já ter ocorrido antes da propositura da
ação – aí já não se trata de extinguir o credito do autor na ação que ele
propôs e já não estamos no campo da compensação judiciária (266º):
compensação que é provocada na própria ação

– Igual efeito jurídico 🡪 Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o
mesmo efeito jurídico que o autor se propõe obter.

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– Compatibilidade processual – artigo 93º exige competência absoluta para todos os
pedidos (pedido do autor e pedido de reconvenção do réu) incluindo competência
internacional 🡪 artigo 8º/3 Regulamento de Bruxelas I bis 


Uma pessoa com domicílio no território de um Estado-Membro pode também ser


demandada: Se se tratar de um pedido reconvencional que derive do contrato ou
do facto em que se fundamenta a ação principal, no tribunal onde esta última
estiver pendente – exige-se que o tribunal português, por exemplo seja
competente para apreciar o contracrédito

Artigo 266º/3 - Não é admissível a reconvenção, quando ao pedido do réu


corresponda uma forma de processo diferente da que corresponde ao pedido do
autor, salvo se o juiz a autorizar, nos termos previstos nos nº 2 e 3 do artigo 37º,
com as necessárias adaptações.


Modalidades de reconvenção:

Casos em que a reconvenção é compatível com o pedido do autor; há outros em que o réu
exige que o pedido do autor não seja procedente

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09 de Março de 2020

MATÉRIA DA PROVA

Força probatória – em geral, importa distinguir quanto ao valor probatório positivo:

⎯ Prova bastante – 346º CC: serve para contraprova – existência de duvidas sobre o
facto provado 🡪 aquela em que os valores probatórios cedem perante contraprova.
⎯ Prova plena – 347º CC: prova que só cede perante a prova do contrário – não
basta levantar duvidas sobre um determinado facto como ocorre na prova bastante.
⎯ Prova pleníssima: não admite prova em contrário 🡪 o que está provado, está
provado porque não há hipótese de impugnar – não admitem provas em contrário.
Quanto a valores negativos da prova – a prova não pode ter valor no processo 🡪 provas
ilícitas em processo. A prova é ilícita por um de dois motivos:

⎯ Modo da obtenção da prova é ilícito – 32º, nº8 CRP 🡪 segundo MTS esta regra
pode ser transposta para o processo civil através de analogia. Ex: fotografia obtida
num espaço público nunca pode ser considerada uma prova ilícita – só são ilícitas
quando se intrometem na vida privada.
⎯ A produção da prova é ilícito – ex: adquiridas por violação do sigilo quanto ao
segredo profissional.
Se estivermos perante uma prova ilícita: não pode ser valorada em processo 🡪 não
pode merecer valor positivo em processo (o tribunal desconsidera, pura e simplesmente, a
prova que seja considerada de forma ilícita). Ainda que a prova seja relevante, se ela for
ilícita, não é admissível.

Provas ilícitas ≠ Provas excluídas – lei exclui a sua admissibilidade.

Ónus da prova

Há 2 problemas relacionados com o ónus da prova:


25
⎯ Saber a quem é que competente a prova desse facto;

⎯ Saber se não houver prova suficiente sobre um facto, o que é que acontece;

É preciso ter presente que no direito romano e até à idade media se admitiu que perante
uma duvida o tribunal se abstinha de decidir. Mas hoje em dia, há uma obrigação de o juiz
decidir: artigo 8º, nº1 CC.

🡺 À partida podemos pensar que uma afirmação do autor e uma negação do reu têm o
mesmo valor, mas tal não é assim: o autor afirma, por exemplo que celebrou um
contrato com o reu por determinada quantia e o reu vem negar esta afirmação –
aparentemente podíamos dizer que ambas as afirmações têm o mesmo valor. Mas
tal não é assim, porque a partir do momento em que temos uma negação do reu,
temos um facto controvertido 🡪 produção da prova por uma das provas: o autor é
que tem de provar a existência do contrato e da divida. Assim, enquanto não se fizer
prova do facto, a afirmação do reu considera-se verdadeira, até se demonstrar
perante prova que esta não é verdadeira.

Artigos 342º e ss. CC – direito probatório.

- Hoje em dia é completamente indiferente se a prova é um facto positivo (ação) ou um


facto negativo (omissão).

Artigo 343º:

● Nº1: ações de simples apreciação negativa – compete ao réu a prova dos factos
constitutivos. Há quem entenda que isto que dizer que o autor não tem de fazer
prova de nenhuns factos e terá de ser o reu a alegar os factos constitutivos que o
autor negue. MAS, MTS não concorda com isto e, neste sentido, o professor defende
que, este artigo diz que em qualquer ação, como também nas de simples apreciação
negativa, compete ao autor fazer prova dos factos que alegue – ex: o autor diz que
pagou a divida e compete a este fazer a prova do pagamento – assim, se o reu
invocar o pagamento, a ação pode andar toda ela à roda da existência ou não de
pagamento: ou fica provado o pagamento e a ação procede ou não fica provado o
pagamento e a ação não procede 🡪 mas, a improcedência de uma ação de simples
apreciação negativa consiste em o tribunal não declarar que ele não é devedor – isto
26
é completamente diferente de dizer que a divida não existe. Assim, se o réu quiser
uma decisão positiva sobre a existência da divida, o reu tem de deduzir um pedido
reconvencional no qual invoca factos constitutivos da divida e, o tribunal não
analisa apenas o pedido do autor e não declara que a divida não existe (mas é
diferente de declarar que a divida existe: caso em que tem de ser o réu a provar que
não é o devedor) 🡪 se não fosse assim, qualquer autor em vez de propor uma ação
de simples apreciação positiva, pedia uma ação de simples apreciação negativa.
● Nº3: verificação da condição suspensiva ou resolutiva – autor é que tem de
demonstrar que a condição suspensiva do seu direito se verificou.

Inversão do ónus da prova – exceção

A prova não incumbe à parte que normalmente incumbiria mas sim à outra parte – dá-se
também uma mudança, consequente, do facto.

Artigo 344º – várias situações:

● Nº1: Quando se verifique uma presunção legal, a pessoa que beneficia da mesma,
não tem de provar o facto presumido e terá de ser a parte contraria a ilidir a
presunção – 350º, nº1 CC.
● Nº2: dever de colaboração das partes na produção da prova.

Artigo 340º - presunções legais: situações em que de um facto se infere um facto


desconhecido. Normalmente, as presunções são presunções que se referem elas próprias a
facto (ex: presunção de paternidade que versam um facto que é a filiação). Mas, também
há presunções de direito (ex: 1268º), nas quais, ao invés de se presumir um facto,
presume-se um direito.

- Uma coisa é não se poder provar o facto contrário, mas todas as presunções têm por base
um facto – a prova do facto (base da presunção) pode ser sempre impugnada.

🡺 O que é que acontece quando não for realizada a prova pela parte onerada (pela
parte a que a prova incumbe)?
- Situações de dúvida sobre a realidade do facto: 414º CPC – a dúvida sobre a
realidade do facto se resolve contra a parte a quem o facto couber: fixação do facto
contrário que deveria ter sido provado e não foi 🡪 ex: o reu alegou o pagamento e
não houve prova do pagamento – o tribunal ficciona que não houve pagamento.
27
- Isto não quer dizer que não existam critérios especiais nesta situações1, visto que,
o artigo 414º é uma regra geral que cede perante critérios especiais: ex: 1145º CC; nº
do 1566º CC;

28
17 DE ABRIL

Frustração da prova
Pode ser pelas circunstâncias de não ter havido colaboração na produção dessa mesma
prova.

Artigo 7º/2 e 3 – traduz em termos genéricos um princípio de dever de cooperação, que se


traduz na obrigação de dar esclarecimentos sobre a matéria de facto

A parte que está valorada com o ónus da prova, pode ter dificuldade em fazer produção,
quando a parte contraria tiver facilidade – dever de cooperação: obriga a parte a
cooperar, é exigível, e quando não se verifique há uma frustração

Artigo 417º - estabelece um dever de cooperação das partes e de terceiros para a


descoberta da verdade e produção da prova

● 417º/2 – consequências da falta de cooperação da parte para a produção da prova –


recusa de colaboração é livremente avaliada pelo tribunal – verifica se em função
das circunstâncias se isso indicia algo que vá funcionar a contra si;
● remissão 344º/2 CCP- consequência mais forte: apropria falta de colaboração da
parte torna essa produção impossível – deixa de ser possível realizar a prova 🡪 esta
falta de colaboração implica a inversão do ónus da prova – quem destrói o
documento é que tem de provar que o facto não é verdadeiro

Contratos probatório – contratos sobre a prova


Artigo 345º - há 3 modalidades de convenções sobre a prova:

● Sobre o objeto da prova;


● Sobre o ónus da prova;
● Sobre os meios de prova;

Há um requisito comum a todos estes contratos: contratos probatórios só podem recair


sobre relações jurídicas disponíveis e não sobre relações indisponíveis (ex: ação de estado)
e não podem ser ofendidas regras de ordem pública (ex: alguns atos jurídicos exigem
forma especifica e as partes não podem dispensar essa forma – cabe na exceção do nº2:
bem como os poderes probatório do tribunal que constam do artigo 411º: as partes não
podem retirar poderes inquisitórios ao tribunal)

Os nºs 1 e 2 do artigo 345º têm ainda critérios específicos para cada um destes contratos
probatórios.

Produção da prova
29
Direito a realizar a prova dos factos controvertidos que lhe sejam favoráveis – direito à
prova 🡪 direito ao processo equitativo (20º/4 CRP)

Como se concretiza o direito à prova:

princípio dispositivo e do contraditório não é propriamente relevante, por não ser


especifico

1. princípio da cooperação
a. cooperação do tribunal com as partes e com a produção da prova – 411º:
consagra os poderes inquisitórios do tribunal em matéria probatória – dentro
dos factos que o tribunal pode conhecer, alegados pelas partes ou
complementares, em relação a esses pode considerar, mas além desse na pode
pois violaria o princípio dispositivo, os factos que o tribunal pode conhecer
são somente factos controvertidos
b. cooperação de partes e terceiros – 417º - dever de cooperação de parte e
terceiros com o tribunal para a descoberta da verdade; circunstância de este
dever de cooperação das partes ou de interessados na resolução de litígios
está consagrada também nos artigos 473º-475º do CC
i. 429º/1; 430º
ii. 452º
iii. Se esta cooperação não existir – regulamento das custas
processuais 🡪 artigo 27º. sendo parte ou 3º, quem não cooperar com o
tribunal vai pagar uma multa; 417º/2: condenados em multa; pode
também dar origem a inversão do ónus da prova; se alguém depuser
em juízo e faltar à verdade 🡪 crime de falsas declarações
iv. 417º/3 – situações em que a lei admite que é legítima a recusa do
cumprimento desse dever de cooperação: a) violação da integridade
física - só se justifica quando for abusiva; b) vida privada ou familiar;
c) sigilo profissional
2. princípio da aquisição processual – característico da prova e tem uma
consagração no artigo 413º - regra em que o tribunal considera que toda e qualquer
prova, independentemente do modo pelo qual foi adquirido em processo ex: nos
próprios documentos que acompanham a PI um documento desses prova o
pagamento da divida – o autor não pode dizer que esse documento não tem
relevância porque quem tem de provar o pagamento da divida é o réu.
- Artigo 413º, 2ª parte – exceções: situações raras em que situações concretas só
podem ser alegadas pela parte que tem interesse como é o caso da anulabilidade, da
prescrição e da usucapião.

30
3. princípio da imediação – importante quanto à produção da prova, princípio de
bom senso, na medida em que implica reduzir ao mínimo o nº de transmissões até
ao tribunal; impõe-se reduzir ao mínimo estas cadeias de transmissão – tal faz-se
“da boca do depoente para o ouvido do juiz”
– ex: se alguém presenciou um facto deve ser essa pessoa a ir a tribunal e não uma
pessoa a quem essa pessoa contou o que viu porque a transmissão da informação ou
até mesmo a compreensão da informação transmitida pode ser errónea.
Para reduzir ao mínimo as cadeias de transmissão de conhecimento entre a parte
ou testemunha ou perito e o tribunal é através da oralidade: a oralidade é um
princípio estruturante da produção de prova porque a produção de prova deve ser
realizada oralmente e não por escrito

DIFERENÇA ENTRE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA E PROVA CONSTITUENDA

Prova pré-constituída – existe antes e depois do processo – junção do documento

Prova constituenda – vai ser produzida em processo – prestação de depoimentos,


implica a produção da prova em juízo, atividade especifica de produção da prova

PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA

Artigo 419º - produção antecipada da prova – situação em que antes da propositura


da ação pode ser necessária a realização da prova e a prova é antecipada – tal sucede
quando a parte não está em condições de prestar no momento possível sendo restada antes
com a ideia de não a perder

31
20 DE ABRIL DE 2019

Apreciação e valoração da prova

- Meio de prova 🡪 facto probando – prova simples: uma testemunha produz em juízo um
certo sentido;

- Meio de prova 🡪 facto probatório 🡪 facto probando – prova complexa: temos um meio d
eprova que não prova o facto probando mas sim um facto probatório ou instrumental e é
deste que vamos retirar o facto probando – existem duas relações: meio de prova e facto
probatório e facto probatório e facto probando.

🡺 É possível haver uma relação fixada pela lei entre o facto probatório e o facto
probando que ocorre quando estamos perante uma presunção legal: ou seja,
presunções legais são exemplo de uma prova complexa.

Há dois critérios possíveis de avaliação da prova:

⎯ Prova legal – tem um valor fixando pela própria lei;

⎯ Prova livre – não tem nenhum valor pré-fixado pela lei e o juiz formulará se ficou
ou não convencido com o facto;
Ex: uma escritura pública tem valor de prova legal mas uma prova testemunhal já é uma
prova livre (não há nenhum depoimento testemunhal que tenha um valor fixado por eli –
depende da convicção do juiz na veracidade da testemunha).

A situação mais complexa sobre a qual a doutrina diverge é o problema da chamada


livre apreciação da prova: artigo 607º, nº5 CPC (a propósito da avaliação que o
tribunal vai fazer d aprova que foi produzida na audiência final) 🡪 o juiz aprecia
livremente as provas segundo a sua prudente convicção – MAS, há exceções porque nem
toda a prova está sujeita à livre apreciação.

- Segundo MTS não é uma convicção qualquer nem puramente irracional porque a
circunstância de ser uma prudente convicção leva-nos a esquematizar o problema da
seguinte forma: a convicção é uma coisa puramente subjetiva e o temos de ver se há razoes
para estarmos ou não convencidos – mas, não basta uma mera convicção subjetiva: o juiz
pode estar muito convencido mas precisa de algo mais 🡪 será necessária uma convicção
32
objetiva: a convicção do tribunal tem de ser objetivamente fundamentada – existem
critérios:

● Máximas de experiência: não são o único critério – todos nós temos conhecimento
empírico das regras de experiência comuns, como por exemplo, saber se colocar uma
tablete de chocolate no verão ao sol esta derrete 🡪 convicção do juiz prudente e que
seja objetivamente fundamentável e controlável

Nos meios de prova complexa, no âmbito de livre apreciação da prova fala-se de


presunções judiciais: artigos 349º, 350º e 351º CC: são estas presunções que quando
estamos no domínio da prova livre se verificam entre o facto probatório e o facto probando.

- Ex: acidente de viação – toda a gente sabe que quanto maior for a velocidade a que o
automóvel seguia, maior é o rasto de travagem que fica no asfalto 🡪 vamos supor que foi
provado em tribunal que o rasto de travagem foi de 7 metros e perante isto, pretendemos
se a velocidade que a velocidade a que o automóvel circulava seria excessiva – conhecendo
que há ligação entre o rasto e a velocidade, se temos rasto de 7 metros podemos inferir a
velocidade correspondente a esse rasto (que já é pré-definida) – ASSIM, o facto probatório
era o rasto e o facto probando a velocidade.

🡺 Para sabermos se estamos a aferir corretamente temos de ver se o facto probando é


a melhor explicação para o facto probatório.

Podemos ainda falar de prova de aparência ou de prima facie: a prova de primeira


aparência é uma prova muito importante e forte – temos de averiguar relação entre o facto
probatório e o facto probando e podemos dizer que quando mais forte for a relação entre
estes mais próximos estamos da prova prima facie, isto é, quando mais frequente, dor a
relação entre estes dois factos, tanto mais há prova de primeira aparência 🡪 esta é uma
prova forte porque corresponde àquilo que nem sequer se imagina que possa ter outra
explicação – ex: alguém caiu numas escadas que tinham sido lavadas e estavam
escorregadias – diríamos que a pessoa caiu porque as escadas estavam escorregadias 🡪
relação ente um facto probatório (a pessoa caiu) e vamos à procura do facto probando que
levou à queda.

🡺 Esta prova é bastante utilizada para fixar o nexo de causalidade ou a negligencia


porque fixa com grande facilidade e força ambos – ex: se alguém que estava a tratar

33
de material pirotécnico e resolveu fumar e provou uma explosão, dizemos que a
causa da explosão é evidente e traduz uma relação típica.

Em conclusão: quando a máxima de experiencia é uma regra abstrata e geral estamos no


domínio da prova de aparência.

Meios de prova
Os meios de prova constituem a convicção da veracidade do facto (ex: documento, confissão
da parte, prova testemunhal);

Os meios de prova típicos em Portugal encontram-se regulados no CC – artigos 349º e ss:


direito probatório material.

🡺 O CPC trata dos mesmos meios de prova na ótica do direito probatório formal:
produção da prova – como é que se regula a prova.
- Temos de conjugar o CC com o CPC.

Valor probatório da prova documental

Consta do CC uma noção de documento – artigo 362º - noção muito ampla: abrange por
exemplo uma fotografia e uma inscrição numa parede.

🡺 Os mais importantes são os documentos escritos: atender ao artigo 363º:


- Documentos autênticos (abrange os documentos oficiais e extraoficiais ou
notariais) e documentos particulares (dentro destes também se deve fazer uma
distinção – nº3 do artigo 363º - documentos autenticados que são os documentos cujo
conteúdo é confirmado por alguém no sentido de que alguém declara que o conteúdo
do documento corresponde àquilo que pretende transmitir e, depois temos os
documentos com conhecimento notarial que são aqueles em que se reconhece
apenas a letra e a assinatura ou apenas a assinatura – estes últimos encontram-se
abaixo dos autenticados. Depois, abaixo dos documentos com reconhecimento
notarial temos os documentos com reconhecimento simples: meramente assinados
sem reconhecimento e sem autenticação).

- Há deveres de colaboração quer de 3ºs quer de partes na matéria de prova documental 🡪


os artigos 429º a 431º tratam e referem-se ao dever de apresentação de prova documental
34
pela outra parte e os artigos 432º a 434º referem-se ao dever de apresentação da prova por
3ºs.

Análise da força probatória dos documentos:

● Documentos autênticos
Artigo 371º - estes documentos fazem prova plena dos factos que referem como praticados
pela autoridade ou oficial público e dos factos que neles são atestados com base nas
perceções da entidade documentadora 🡪 é apenas sobre estes factos que, por exemplo, a
escritura publica, faz prova plena.

No que diz respeito aos factos que neles são atestados com base nas perceções da entidade
documentadora: o notário vai escrever aquilo que as partes disserem (ex: as partes dizem
que vão celebrar a compra e venda de um imóvel em Telheiras e o notário escreve nesse
sentido) – isto fica com força de prova plena. MAS, fica com força de prova plena que as
partes disseram que iam celebrar a compra e venda de um imóvel em telheiras – outra
coisa é saber se as partes o iam fazer, se não estavam em erro sobre a localização do
imóvel.

No que toca aos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial: o notário
tem de acautelar quem são as pessoas que estão na presença deles e tem de escrever isto e
se ele teve o cuidado de se certificar da identificação das partes, então aquilo que ele diz
corresponde à verdade 🡪 se uma das partes tiver um cartão falso, não podemos dizer que
isto corresponde à verdade.

🡺 Prova plena quer dizer que o valor probatório só pode ser ilidido pela prova do
contrário: não chega colocar duvidas sobre aquilo que se encontra atestado no
documento, exigindo-se prova do contrário (ex: provar-se que as partes não
disseram que o imóvel se situava em Telheiras).

Como é que podemos ilidir o valor probatório de prova plena do documento autentico?

- Artigo 372º CC: o documento é falso nos termos do nº2 deste artigo: falsidade ideológica ≠
noção de falsidade comum – assim, se a entidade documentadora refere praticar um facto
que não praticou ou afere um facto que não se verificou: falsidade ideológica, sendo o
documento falso e está ilidida a força probatória plena nos termos do nº1 do 371º.

35
- Se não houve nenhum equivoco do notário ao atestar aquilo que as partes disseram, o
documento não é falso se aquilo que as partes disserem for falso 🡪 a falsidade do alegado
pelas partes pode ter relevância para a averiguar a falta ou vicio de vontade, mas não
para aferir a falsidade do documento.

22 DE ABRIL

REGIME DOS DOCUMENTOS AUTENTICADOS


Documentos autenticados têm a força probatória dos documentos autênticos – abrangido
pela força probatória a circunstância dos declarantes

Regime geral – se o documento nem tiver assinado o seu valor probatório não pode ser
forte – valor avaliado pelo tribunal que considera que se o documento tem ou não
relevância

Ex: 380º e 381º CC – podem haver escritos que sem assinatura têm valor probatório

Documentos assinados – valor probatório mais forte 🡪 artigo 374º e 376º

Artigo 374º
(Autoria da letra e da assinatura)

1. A letra e a assinatura, ou só a assinatura, de um documento particular consideram-se


verdadeiras, quando reconhecidas ou não impugnadas pela parte contra quem o
documento é apresentado, ou quando esta declare não saber se lhe pertencem, apesar de lhe
serem atribuídas, ou quando sejam havidas legal ou judicialmente como verdadeiras. o
documento pertence à pessoa se a parte a quem o documento for impugnado não
contrapurer a veracidade ou até reconhecer – demonstra que o documento pertence
ou tem origem nessa pessoa

Quando a assinatura é impugnada importa saber se a assinatura é verdadeira ou falsa.

2. Se a parte contra quem o documento é apresentado impugnar a veracidade da letra ou


da assinatura, ou declarar que não sabe se são verdadeiras, não lhe sendo elas imputadas,
incumbe à parte que apresentar o documento a prova da sua veracidade –

36
importante regra de ónus da prova – cabe ao apresentante do documento – regime
pesado para quem apresentou o documento que passa a ter o ónus de provar a veracidade
da assinatura

Artigo 376º (Força probatória)

1. O documento particular cuja autoria seja reconhecida nos termos dos artigos
antecedentes (374º sem reconhecimento notorial; 375º com reconhecimento) faz prova plena
quanto às declarações atribuídas ao seu autor, sem prejuízo da arguição e prova da
falsidade do documento.
- Quando se sabe que a assinatura é verdadeira assume-se a
veracidade do documento, a não ser que se prove a falsidade do documento
(falsidade material)

Artigo 376º/2 - Os factos compreendidos na declaração consideram-se provados na


medida em que forem contrários aos interesses do declarante; mas a declaração é
indivisível, nos termos prescritos para a prova por confissão.


- Reproduções mecânicas – designação tradicional que corresponde ao disposto no


artigo 368º 🡪 As reproduções fotográficas ou cinematográficas, os registos
fonográficos e, de um modo geral, quaisquer outras reproduções mecânicas de factos
ou de coisas fazem prova plena dos factos e das coisas que representam, se a parte
contra quem os documentos são apresentados não impugnar a sua exatidão.

Qual o valor probatório desta prova plena? Basta que a parte diga que a fotografia
não é verdadeira para que o valor seja ilidido – basta por em causa a veracidade da
própria fotografia, se houver impugnação já não faz prova plena

Diferença entre fotografias antigas e fotografias digitais, pois as fotografias digitais já se


enquadram no campo dos documentos eletrónicos - dentro dos documento eletrónico temos
que reconhecer 2 realidade:

● OFICIAIS - É possível pedir certidões eletrónicas (ex: do registo comercial) e estas


fazem prova nos mesmos meios da prova em suporte de papel;
● NÃO OFICIAIS

37
VALOR PROBATÓRIA DA CONFISSÃO
Noção de confissão - Artigo 352º CC (Noção)

Confissão é o reconhecimento que a parte faz da realidade de um facto que lhe é


desfavorável e favorece a parte contrária.

Modalidades da confissão

● Judicial ou extrajudicial

Artigo 355º (Modalidades)

1. A confissão pode ser judicial ou extrajudicial.
- Pode ser feita em juízo (355º/2) ou
fora do juízo, extrajudicial

2. Confissão judicial é a feita em juízo, competente ou não, mesmo quando arbitral, e


ainda que o processo seja de jurisdição voluntária.


Artigo 356º
(Formas da confissão judicial)

1. A confissão judicial espontânea pode ser feita nos articulados, segundo as


prescrições da lei processual, ou em qualquer outro ato do processo, firmado pela
parte pessoalmente ou por procurador especialmente autorizado


2. A confissão judicial provocada pode ser feita em depoimento de parte ou em


prestação de informações ou esclarecimentos ao tribunal.

● Confissão simples: quando a parte se limita a reconhecer o tal facto desfavorável


sem qualquer reserva

● Confissão qualificada: facto é reconhecido como outra qualificação jurídico como


aquela que o autor atribui

● Confissão complexa: quando o réu faz simultaneamente o seguinte, reconhece um


facto que lhe é desfavorável, MAS alega também um facto que destrói o efeito da
confissão (alegação de uma exceção perentória, por exemplo o autor alega que
emprestou determinada quantia ao réu a título de mutuo e o réu, reconhece que
celebrou um contrato de mútuo, MAS alega por exemplo o pagamento, neste
contexto estamos perante a confissão complexa)

38
Eficácia da confissão
Artigo 353º/1 CC – pressupor capacidade e legitimidade de quem confessa

1. A confissão só é eficaz quando feita por pessoa com capacidade e poder para dispor do
direito a que o facto confessado se refira.


Confissão realizada por um dos litisconsortes – a lei distingue consoante seja voluntário
ou necessário

2. A confissão feita pelo litisconsorte é eficaz, se o litisconsórcio for voluntário, embora


o seu efeito se restrinja ao interesse do confitente; mas não o é, se o litisconsórcio for
necessário.

Voluntário os interesses são divisíveis e neste sentido é eficaz, não vinculando os outros
réus, por exemplo.

Necessário é ineficaz, não vincula nenhum dos outros litisconsortes

Artigo 354º (Inadmissibilidade da confissão)

A confissão não faz prova contra o confitente:


a) Se for declarada insuficiente por lei ou recair sobre facto cujo reconhecimento
ou investigação a lei proíba;
ex: a lei exige um documento e tal não pode ser

b) Se recair sobre factos relativos a direitos indisponíveis;
se confessasse os factos queria


dizer que estava a dispor do direito e o direito é indisponível

c) Se o facto confessado for impossível ou notoriamente inexistente.

Características da confissão

1. IRRETRATABILIDADE DA CONFISSÃO – não pode ser retirada – artigo 465º CPC

1 - A confissão é irretratável.


2 - Porém, as confissões expressas de factos, feitas nos articulados, podem ser retiradas,
enquanto a parte contrária as não tiver aceitado especificadamente.

39
2. INDIVISIBILIDADE DA CONFISSÃO – artigo 360º CC

Artigo 360º (Indivisibilidade da confissão)

Se a declaração confessória, judicial ou extrajudicial, for acompanhada da narração de


outros factos ou circunstâncias tendentes a infirmar a eficácia do facto confessado ou a
modificar ou extinguir os seus efeitos, a parte que dela quiser aproveitar-se como
prova plena tem de aceitar também como verdadeiros os outros factos ou
circunstâncias, salvo se provar a sua inexatidão.

Não é possível dividir a confissão, aproveitando por exemplo só a parte em que é favorável

Força probatória da confissão


358º CC

1. A confissão judicial escrita tem força probatória plena contra o confitente.


4. A confissão judicial que não seja escrita e a confissão extrajudicial feita a terceiro ou
contida em testamento são apreciadas livremente pelo tribunal.

Se houver um depoimento testemunhas, isto é livremente apreciado, diferente é o


documento.

Se o documento do qual constar a confissão, for um documento autêntico, também ai


temos que atribuir força probatória plena

Prova por declarações de parte


466º e ss. CPC

A própria parte pode requerer para prestar declarações - As partes podem


requerer, até ao início das alegações orais em 1ª instância, a prestação de
declarações sobre factos em que tenham intervindo pessoalmente ou de que
tenham conhecimento direto.


O tribunal aprecia livremente as declarações das partes, salvo se as mesmas


constituírem confissão.

- o que é? Aquela em que a parte pode requerer para prestar declarações – anteriormente, a
parte não podia voluntariamente disponibilizar-se para falar em juízo; isto deixou de
existir com a prova por declarações de parte

- pode ser realizada por iniciativa da própria parte ou pela remissão que consta do artigo
466º2 – que remete para a secção anterior

40
- qual é o valor probatório? 466º3: tribunal aprecia livremente as declarações da parte, se
não se tratar de uma confissão; na parte em que for confessório, temos de atender ao valor
probatório da confissão

Prova pericial

- 388º CC: definições mais conseguidas

- alguém que é encarregado de obter uma dada informação sobre um facto e de a


transmitir ao tribunal

- realizada por um ou mais peritos

- ver os artigos 467º e seguintes CPC – sobre o procedimento da prova pericial

Quanto ao valor probatório:

● 389º CC 🡪 livremente apreciável pelo tribunal: problema clássico – porque


poderíamos dizer que há aqui uma contradição: o tribunal recorre à prova pericial
porque necessita e depois aprecia essa mesma prova 🡪 o tribunal não é perito, pelo
que a prova pode ser necessária, MAS, o que pode acontecer é que o tribunal tenha
dúvidas em relação a esta prova pericial – o tribunal não se substitui ao perito –
pode por exemplo ter dúvidas quanto à imparcialidade dos peritos – permite-se que
o juiz não fique vinculado ao resultado da perícia

Prova por inspeção judicial

- 390º CC – é o tribunal que vai percecionar determinados factos 🡪 perceção direta dos
factos pelo tribunal

- tribunal tem conhecimento através do sentido que for adequado 🡪 ex.: se estiver em
causa a situação de um prédio onde vêm maus cheiros: o sentido não é a visão, mas o
olfato

- tribunal toma conhecimento do facto pelos próprios meios

- 391º CC: esta prova é livremente apreciável pelo tribunal – não tem uma valor
probatório predeterminado

- 494º CPC – verificação não judicial – veio simplificar algumas situações, permitindo que
o tribunal se fizesse substituir por uma entidade ou técnico que será incumbido de
proceder à apreciação dos factos 🡪 494º2: é livremente apreciada pelo tribunal, excetuando
o caso que está aí presente e que consubstancia uma prova plena – 371º
41
Prova testemunhal

- prova que é realizada por uma determinada pessoa que promove informações – que
foram adquiridas sem que a pessoa fosse encarregada de as obter – se fosse encarregada,
seria um perito

392º e seguintes CC:

● 392º: admissibilidade da prova testemunhal


● 393º e 394º: casos em que a prova testemunhal não é admissível
● Uma coisa é o que conta do 393º2 e outra é a prova testemunhal ser utilizada para a
prova da falsidade do próprio documento – neste caso, nem teremos prova plena
● 395º: prova testemunhal não é possível para a prova dos factos extintivos da relação
obrigacional, mas nas condições referidas neste artigo

- um cumprimento pode-se provar por prova testemunhal, desde que este não exija um
documento para a sua prova – prova testemunhal não substitui a prova documental

Quem pode depor como testemunha?

- 495º1: cláusula geral – todos os que tenham aptidão mental – por exemplo, um menor
pode plenamente de ser testemunha, dependendo dos factos que estejam em causa e da
ação

- 495º2: tribunal tem de verificar a capacidade das pessoas para depor como testemunha –
tem de avaliar caso a caso, para ver se a pessoa está em condições

- 496º: parte não pode depor como testemunha – MAS, hoje em dia, a própria parte pode
oferecer-se para prestar prova por declarações de parte – mas, não pode ser testemunha

- 495º: não há nenhum limite a que parentes, uniões de facto possam depor – MAS, de
acordo com o 497º: essas pessoas podem recusar-se a depor

- 499º: juiz é indicado pelas partes como testemunha – MAS, o que não pode acontecer é
que o juiz seja ao mesmo tempo testemunha: não pode continuar a ser juiz na ação

Procedimento probatório

42
- testemunhas vão depor, no processo declarativo comum, na audiência final

- 513º: impõe o juramento – testemunha tem de prestar juramento que vai depor a
verdade

- 417º3 – possibilidades de recusa do depoimento

- saber quem interroga a testemunha: ou é o advogado ou é o juiz – 516º 2 e 4: em


Portugal, deve ser o advogado a interrogar a testemunha

- 516º3 e 5 – advogado tem de tomar alguns cuidados, na medida em que interroga a


testemunha

- advogado pode interrogar uma pergunta de modo a induzir a testemunha em erro:


pergunta capciosa

Incidentes de inquirição da testemunha

● impugnação: impugna-se a admissão da testemunha a depor – 495º


● contradita: 521º e 522º - invocação de qualquer circunstância que possa abalar a
veracidade do depoimento
● artigos 523º e 524º: confronto entre 2 testemunhas cujo depoimento foi contraditório
– algum deles não foi verdadeiro, sem que isto queira dizer que a testemunha esteja
a mentir voluntariamente.

Força probatória da testemunha

- prova testemunhal é apreciada livremente pelo tribunal

- muitas vezes, não é a testemunha que mente mas a sua própria memória

- prova testemunhal é a mais falível de todas as provas

Provas atípicas

Além destes meios de prova que encontramos no CC, será que existem outros meios de
prova?

- Partes não podem criar meios de prova diferentes dos que estão enunciados na lei 🡪
345º2

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- E a lei contém meios de prova diferentes? SIM – exemplos: 416º CC: não parece ser
reconduzível a nenhum meio de prova que conhecemos; 978º2 CPC – revisão de sentença
estrangeira – admite-se que não necessite de revisão se pretender retirar apenas o valor
probatório da sentença estrangeira

Valor extraprocessual das provas

- uma prova utilizada num processo, pode ser utilizada noutro? Isto tendo em contas as
provas constituendas – ex.: um depoimento testemunhal

- solução está no artigo 421º CPC

- fora do 421º, temos 2 preceitos – 623º e 624º - já em matéria de caso julgado: estes tratam
do problema de saber qual é a relevância de uma sentença penal num processo civil:

● 623º: respeita à condenação – diz-nos que esta constitui em relação a terceiros


presunção ilidível da existência dos factos que integram os pressupostos da punição
● 624º: quanto à decisão penal absolutória – constitui presunção ilidível da
inexistência desses factos
- no processo penal é possível absolver com o princípio in dúbio pro reo; MAS, o 624º
determina que a sentença tem de ser proferida com um determinado fundamento – casos
em que o tribunal decidiu que o arguido não praticou os factos

🡪 atender ao Regulamento Europeu 1206º/2001 quanto à prova

TUTELA PROCESSUAL

Vicissitudes da instância
- 259º e seguintes CPC

Instância: relação processual – há de nascer, viver e morrer:

● 259º1: Constituição da instância pela proposição da ação


● MAS, a instância pode suspender-se 🡪 269º: casos de suspensão da instância – deve
ser conjugado com o 276º: quando a suspensão termina – uma suspensão é
temporária

44
● 277º: situações de extinção da instância – várias causas:
o Julgamento
o Compromisso arbitral – cláusula de arbitragem celebrada entre as partes
durante a pendência do próprio processo
o Deserção da instância: 281º - quando as partes durante um determinado
tempo não dão o impulso processual para o andamento da causa – tendo em
conta os números 3 e 4, o tribunal tem de avisar a parte de que deve praticar
o determinado ato
o Desistência, confissão e transação
o Impossibilidade ou inutilidade superveniente da lide

Causas de extinção da instância

⇒ Desistência: desistência do pedido, significa que o autor renuncia e reconhece que não
tem direito ao direito que invoca – 285º/1 – reconhecimento da falta de razão do próprio
direito;- Desistência da instancia é diferente – 285º/2 – não implica o reconhecimento
da falta de fundamento do direito invocado pelo autor – deixa intocado o direito
invocado pelo autor

Pode ser feita a qualquer momento o réu em nada é prejudicado – sem nenhuma
restrição

NOTA: Artigo 286º - Tutela dos direitos do réu

1 - A desistência da instância depende da aceitação do réu desde que seja requerida


depois do oferecimento da contestação.


2 - A desistência do pedido é livre mas não prejudica a reconvenção, a não ser que o
pedido reconvencional seja dependente do formulado pelo autor.

⇒ Confissão do pedido – 283º . reconhecimento pelo réu do pedido formulado pelo autor
tem fundamento

⇒ Transação – negócio processual em que a parte se contenta com parte daquilo que
pediu

45
Comum a estas realidades a circunstância da vontade das partes não ter relevância
quando se tratem de direitos indisponíveis no caso da transação não ser

Artigo 290º/3 e 4

3 - Lavrado o termo ou junto o documento, examina-se se, pelo seu objeto e pela qualidade
das pessoas que nela intervieram, a confissão, a desistência ou a transação é válida,
e, no caso afirmativo, assim é declarado por sentença, condenando-se ou
absolvendo-se nos seus precisos termos.

4 - A transação pode também fazer-se em ata, quando resulte de conciliação obtida pelo
juiz; em tal caso, limita-se este a homologá-la por sentença ditada para a ata, condenando
nos respetivos termos.

🡪 Verifica primeiro a sua validade – requisitos processuais e substantivos (é


preciso não esquecer que estamos perante um negócio jurídico e neste sentido podem ser
nulas ou anuláveis – regime geral dos negócios jurídicos – 291º CPC)

⇒ Inutilidade da lide – prende-se com o interesse processual – resultado da ação


como inútil ou impossível é o que sucede numa ação deem que falece uma das
partes

Hipótese de renovação da instância – artigo 282º - é possível renovar a instância:

1 - Quando haja lugar a cessação ou alteração da obrigação alimentar judicialmente


fixada, é o respetivo pedido deduzido como dependência da causa principal, seguindo-se,
com as adaptações necessárias, os termos desta, e considerando-se renovada a instância.


2 - O disposto no número anterior é aplicável aos casos análogos, em que a decisão


proferida acerca de uma obrigação duradoura possa ser alterada em função de
circunstâncias supervenientes ao trânsito em julgado que careçam de ser judicialmente
apreciadas.

Tal é possível pois há uma relação entre o anterior processo e um novo processo – conexão
entre os processos

PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

Providências cautelares – aquilo que se obtém ou não em processo

Procedimento cautelar – destina-se a obter uma providencia cautelar


46
Justificação para regulação
O que justifica que no nosso CPC regule esta matéria, e qual a perspetiva pelo qual o faz

Tempo que pode ocorrer até obtenção de um decisão definitiva – há situações que não se
compaginam como essa duração – há situações que exigem uma tutela provisória, MAS
automática – forma de compor provisoriamente até haver uma decisão definitiva ou uma
tutela definitiva numa ação – artigo 2º/2 parte final

2 - A todo o direito, exceto quando a lei determine o contrário, corresponde a ação


adequada a fazê-lo reconhecer em juízo, a prevenir ou reparar a violação dele e a realizá-lo
coercivamente, bem como os procedimentos necessários para acautelar o efeito útil
da ação. – acautelar o efeito útil da tutela definitiva que vai ocorrer posteriormente

exemplo: uma ação de alimentos, alguém será credor de alimentos de outra pessoa –
quando é que teremos uma sentença definitiva? Na melhor das hipóteses daqui a 2 anos.
E como é que a pessoa vai sobreviver? Se precisa de alimentos é agora – a lei prevê uma
providencia cautelar – alimentos provisórios – destinam-se a acautelar o efeito útil da
decisão definitiva

Justificação que resulta da lei – circunstância da tutela definitiva ser uma tutela
que pode vir a ocorrer algum tempo depois, daí que se costuma dizer que uma
das finalidades dos procedimentos cautelares é evitar o perigo da mora

365º/1 - 1 - Com a petição, o requerente oferece prova sumária do direito ameaçado e


justifica o receio da lesão ( tutela definitiva quando obtida mais tarde pode já ser inútil)

368º/1 - 1 - A providência é decretada desde que haja probabilidade séria da existência


do direito e se mostre suficientemente fundado o receio da sua lesão.


Corresponde ao conhecimento sumário; no procedimento cautelar não temos o mesmo tipo


de conhecimento que temos numa ação normal; tem de ser mais expedito e neste sentido é
sumário;

Por isso mesmo só é exigida prova sumária – porque estes procedimentos cautelares de
acordo com o artigo 365º/3 🡪 é aplicável aos procedimentos cautelares o disposto nos
artigos 293º a 295º - Dos incidentes da instância

CARACTERÍSTICAS

1. evitar o perigo da mora


2. decidem de acordo com um conhecimento sumário

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Funnu boris iuris – 368º/1 - A providência é decretada desde que haja probabilidade
séria da existência do direito e se mostre suficientemente fundado o receio da sua
lesão. - Basta que o juiz forme a convicção da aparência do direito

As providencias cautelares destinam-se a ter uma função preventiva

Especial é a maneira como realizam a função preventiva – de maneira cautelar ou


provisória – a tutela definitiva aparecerá mais tarde

Uma tutela provisória não vale para sempre. Neste contexto, vale até ao momento em que
é emitida a tutela definitiva – vigora até surgir a tutela definitiva

Outra consequência – 364º - 4 - Nem o julgamento da matéria de facto, nem a decisão final
proferida no procedimento cautelar, têm qualquer influência no julgamento da ação
principal.
- sem relevância na ação principal; recomeça o processo e aquilo que foi
obtido no procedimento cautelar não tem nenhuma relevância para essa mesma ação
definitiva

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Tipologia de funções

⇒ Função de garantia de um direito – ex: arresto, artigo 619º CC

⇒ Função de regulação provisória – vamos contruir uma decisão que vai regular
provisoriamente e que vigora até uma decisão definitiva – atribuição provisória da
posse ex: 1278º CC
⇒ Função de antecipação da tutela definitiva

Artigo 368º/2 – princípio de proporcionalidade – o sacrifício importo ao requerido não pode


ser desproporcionado em ralação ao que o requerente vá obter

Instrumentalidade hipotética – como qualquer processo, também os procedimentos


cautelares são instrumentais, meio de tutela de qualquer coisa, servem de instrumento
para a tutela de qualquer coisa. MAS com esta particularidade, pois a ação de alimentos,
por exemplo, com características instrumentais de qualquer ação, os alimentos provisórios
são um instrumento que está ao serviço de outro instrumento que é a tutela definitiva –
exprime esta ligação entre tutela provisoria e definitiva – tutela provisória ao serviço
a tutela definitiva

artigo 364º/1 2ª parte - o procedimento cautelar é dependência de uma causa que tenha por
fundamento o direito acautelado e pode ser instaurado como preliminar ou como incidente
de ação declarativa ou executiva. - a tutela provisória e o procedimento cautelar em
princípio não chegam, depois de obtida a tutela provisória é sempre necessário
transformar numa tutela definitiva;

o momento em que o procedimento cautelar pode ser instaurado como preliminar ou


incidente; ex: no caso dos alimentos, tudo pode começar por uma ação de alimentos, MAS
se durante a mesma o autor achar que precisa de alimentos provisórios pode recorrer
como incidente do processo

Modalidades das providências cautelares

⇒ Comuns ou não especificadas - artigo 362º admite as providências cautelares não


especificadas
o 362º/1 – âmbito de aplicação sempre que alguém mostre fundado receio de
que outrem cause lesão grave e dificilmente reparável ao seu direito,
pode requerer a providência conservatória ou antecipatória concretamente
adequada a assegurar a efetividade do direito ameaçado.

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⇒ Especificadas
o Garantia

▪ Providência cautelar de arresto – 619º e ss. CC – sempre que o


credor tenha receio de perder o credito pode pedir um arresto de
bens – garantia patrimonial
▪ Arresto produz os mesmos efeitos da penhora
o Restituição

▪ Restituição da provisória posse – havendo esbulho violento o


possuidor pode pedir que seja reintegrada a posse da coisa
–reconstitui-se a situação que existia antes do esbulho – 378º -
decretada sem audiência previa
▪ suspensão de deliberações sociais – 380º - obter a suspensão de uma
deliberação tomada por associação ou sociedade
▪ embargo de obra nova – situação provisória
o finalidade de antecipação de tutela final

▪ Alimentos provisórios – 384º

▪ Arbitramento de reparamento de restituição provisória

Regime das providências

Competência
artigo 78º CPC – competência territorial – suscetível de ser aplicado de acordo com o
princípio da coincidência

Pode ser antes da ação principal – e nesse sentido é necessário saber qual tribunal
competente – 364º/2 - Requerido antes de proposta a ação, é o procedimento apensado aos
autos desta, logo que a ação seja instaurada e se a ação vier a correr noutro tribunal, para
aí é remetido o apenso, ficando o juiz da ação com exclusiva competência para os termos
subsequentes à remessa.


50
375º: efetividade da providência – tem uma tutela penal – crime de desobediência
qualificada – MAS, isto não pode ser aplicado ao não cumprimento das prestações
pecuniárias – MAS, 350º CP: não cumprimento de ação de alimentos é um crime

Cumulação de diferentes providencias cautelares não obsta à cumulação 🡪 artigo 376º/3 -


O tribunal não está adstrito à providência concretamente requerida, sendo aplicável à
cumulação de providências cautelares a que caibam formas de procedimento
diversas o preceituado nos nº 2 e 3 do artigo 37.º

Não é possível requerer 2 vezes em relação à mesma ação a mesma providência – 362º/4 -
Não é admissível, na dependência da mesma causa, a repetição de providência que haja
sido julgada injustificada ou tenha caducado – segundo MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA
só é possível na presença de factos supervenientes

Inversão do contencioso – 369º - providencias🡪 tutela provisoria, pressupõe que se


instaurara uma ação principal para chegar a uma tutela definitiva, MAS o que sucedia é
que a ação principal acabava por ser uma duplicação da providência cautelar, utilização de
iguais provas e argumentos – duplicação inútil de procedimento e processo –
estabelece-se o regime de inversão do contencioso – em vez de ser o requerente a intentar
a ação para confirmar, o requerido é que tem o ónus de impugnar se não o fizer passa a
tutela definitiva

Artigo 369º
Inversão do contencioso

1 - Mediante requerimento, o juiz, na decisão que decrete a providência, pode dispensar o


requerente do ónus de propositura da ação principal se a matéria adquirida no
procedimento lhe permitir formar convicção segura acerca da existência do direito
acautelado e se a natureza da providência decretada for adequada a realizar a
composição definitiva do litígio.
- requerida pelo requerente da providência, provas
inequívocas da existência do direito

2 - A dispensa prevista no número anterior pode ser requerida até ao encerramento da


audiência final; tratando-se de procedimento sem contraditório prévio, pode o requerido
opor-se à inversão do contencioso conjuntamente com a impugnação da providência
decretada.


3 - Se o direito acautelado estiver sujeito a caducidade, esta interrompe-se com o pedido de


inversão do contencioso, reiniciando-se a contagem do prazo a partir do trânsito em julgado
da decisão que negue o pedido.

51
Temos que analisar se a providencia que foi requerida é suscetível de ser transformada
numa tutela definitiva

ex 1: arresto – determina que determinados bens são arrestados e que servem de


garantia para o requerente da providencia, não quer dizer que o crédito exista – o arresto
de bens não é uma tutela definitiva, ninguém quer adquirir um arresto definitivo de bens
– arresto não é suscetível de inversão do contencioso, pela sua natureza

ex 2: alimentos provisórios admitem sem nenhuma dificuldade de inversão do


contencioso – se o requerido não instaurar a ação não há nenhum obstáculo na
transformação em alimentos definitivos

PARA QUE SE POSSA VERIFICAR A INVERSÃO DO CONTENCIOSO –


NECESSÁRIO QUE TENHA GENERICAMENTE ESTE FUNÇÃO DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFINITIVA

Requisitos para a inversão do contencioso:

1. Requerido faça o requerimento


2. convicção segura acerca da existência do direito
3. natureza da providência decretada for adequada a realizar a composição definitiva
do litígio

Caducidade das providências cautelares


373º CPC

Artigo 373º Caducidade da providência

1 - Sem prejuízo do disposto no artigo 369º, o procedimento cautelar extingue-se e,


quando decretada, a providência caduca:

a) Se o requerente não propuser a ação da qual a providência depende dentro de


30 dias contados da data em que lhe tiver sido notificado o trânsito em julgado da
decisão que a haja ordenado;


b) Se, proposta a ação, o processo estiver parado mais de 30 dias, por negligência
do requerente;

c) Se a ação vier a ser julgada improcedente, por decisão transitada em julgado;



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d) Se o réu for absolvido da instância e o requerente não propuser nova ação em
tempo de aproveitar os efeitos da proposição da anterior;


e) Se o direito que o requerente pretende acautelar se tiver extinguido.


2 - Quando a providência cautelar tenha sido substituída por caução, fica esta sem
efeito nos mesmos termos em que o ficaria a providência substituída, ordenando-se o
levantamento daquela.

3 - A extinção do procedimento ou o levantamento da providência são determinados


pelo juiz, com prévia audiência do requerente, logo que se mostre demonstrada nos
autos a ocorrência do facto extintivo.

Exemplo: o requerente obteve o arresto e instaurou ação condenatória que ganhou – não
pode ficar indefinidamente se não houver cumprimento voluntario por parte do devedor,
sem instaurar a ação executiva 🡪 tem 30 dias depois do transito em julgado para
instaurar essa ação sob pena de caducidade do arresto

As situações de caducidade não operam ex lege – necessitam de ser decretas pelo


juiz

53
SENTENÇA – DECISÃO FINAL
O CPC refere vários tipos de decisões:

● Despachos – decisões interlocutórias, não põe termo ao processo;


o despacho saneador – pode ser final do processo
● Sentenças – põe termo ao processo; proferida por um único juiz
● Acórdãos - quando as sentenças são proferidas por um tribunal coletivo, mais do
que um juiz – verbo acordar; acordo em

● Decisões de forma
● Decisões de mérito

Artigo 152º - refere a propósito dos despachos 2 modalidades especificas:

● despacho de mero expediente - prover ao andamento regular do processo, sem


interferir no conflito de interesses entre as partes

● despacho proferidos no uso legal de um poder discricionário - os despachos que


decidam matérias confiadas ao prudente arbítrio do julgador.

Regime especial em matéria de recurso – lei teve cuidado de diferenciar

Artigo 630º (art.o 679.o CPC 1961) Despachos que não admitem recurso

1 - Não admitem recurso os despachos de mero expediente nem os proferidos no uso legal
de um poder discricionário.


2 - Não é admissível recurso das decisões de simplificação ou de agilização processual,


proferidas nos termos previstos no n.o 1 do artigo 6.o, das decisões proferidas sobre as
nulidades previstas no n.o 1 do artigo 195.o e das decisões de adequação formal, proferidas
nos termos previstos no artigo 547.o, salvo se contenderem com os princípios da igualdade
ou do contraditório, com a aquisição processual de factos ou com a admissibilidade de
meios probatórios.

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Problema de interpretação das decisões
Resultados:

● Absolvição da instância
● Absolvição do pedido
● Condenação do pedido
● Procedência ou improcedência de ação

Aplicação do artigo 238º

Uma decisão de improcedência – pode resultar de:

● uma impugnação deduzida pelo réu contra a petição inicial do autor – defesa por
impugnação, quando o réu contesta s factos alegados pelo autor
o réu impugnou o facto alegado pelo autor – a decisão de improcedência
verifica-se quando o autor não faça prova do facto constitutivo
● pode suceder que o réu venha a alegar uma exceção perentória
o ónus da prova incumbe ao réu – é necessário provar a exceção quando for
impugnada pelo autor
▪ Ex: réu alegou o pagamento, o autor impugnou o pagamento – o ónus
da prova incumbe ao réu
o quando o autor impugna a exceção o ónus da prova incumbe ao réu – o autor
não tem de fazer mais nada sem ser impugnar o facto alegado pelo réu

Efeitos processuais da decisão

1. Regra do artigo 613º/1 – regra do esgotamento do poder jurisdicional do juiz


- Proferida a sentença, fica imediatamente esgotado o poder jurisdicional do juiz
quanto à matéria da causa.
- Decisão torna-se irrevogável ; quando a decisão é
proferida e comunicada às partes o poder jurisdicional do juiz fica esgotado,
juiz não pode voltar atrás
2. Efeito de caso julgado – a decisão torna-se indiscutível entre as próprias partes
a. caso julgado formal - conteúdo da decisão – artigo 620º - As sentenças e os
despachos que recaiam unicamente sobre a relação processual têm força
obrigatória dentro do processo.


b. caso julgado material – tem força dentro e fora do processo

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3. Se for uma decisão final, que resolve o processo, nos termos do artigo 277º/a) essa
decisão extingue a instância
4. Possibilidade de a sentença ser executada 🡪 título executivo: condição suficiente
para que a execução possa ser instaurada
a. ex: pagamento de uma dívida – titulo executivo para obter o pagamento da
mesma

Vícios da decisão
A decisão pode ter alguns vícios e desvalores correspondentes

1) Vício quanto à sua própria essência – desvalor da própria inexistência da


sentença
Uma sentença ainda que proferida por um juiz pode ser considerada inexistente, é
possível, apesar de muito raro.

ex: situação em que um juiz foi aposentado por incapacidade física/moral ou


profissional e ainda assim, nessa situação, depois de aposentação profere uma
sentença

2) Vícios respeitantes ao conteúdo


a. erros materiais - artigo 614º - erro em partes essenciais da sentença
i. Se a sentença omitir o nome das partes
ii. for omissa quanto a custas ou a algum dos elementos previstos no nº 6
do artigo 607º - qualquer sentença tem que no fim definir o pagamento
das custas, regra é que a parte vencida paga as custas, MAS nem
sempre a parte ganha ou perde totalmente – há que definir as custas
na medida do vencimento e perda
iii. erros de escrita ou de cálculo
iv. ou quaisquer inexatidões devidas a outra omissão ou lapso manifesto

Pode ser corrigida por simples despacho, a requerimento de qualquer das


partes ou por iniciativa do juiz.

Como reagir? 614º/2 - Em caso de recurso, a retificação só pode ter lugar antes de ele
subir, podendo as partes alegar perante o tribunal superior o que entendam de seu direito
no tocante à retificação. ( se não admitir remete-se para o juiz)

614º/3 - Se nenhuma das partes recorrer, a retificação pode ter lugar a todo o tempo.

56
b. erro judicial – diferente aquilo que consta do que aquilo que devia constar
da sentença - 616º/ 2 a) e b)

2 - Não cabendo recurso da decisão, é ainda lícito a qualquer das partes requerer a reforma
da sentença quando, por manifesto lapso do juiz:

a) Tenha ocorrido erro na determinação da norma aplicável ou na qualificação jurídica


dos factos;

b) Constem do processo documentos ou outro meio de prova plena que, só por si, impliquem
necessariamente decisão diversa da proferida.

Se se admitir recurso na própria alegação de recurso os erros devem ser


invocados; se não admitir recurso reclama-se para o próprio juiz 


Desvalores da decisão

● Inexistência da sentença – embora a lei não se refira a este desvalor temos que o
admitir; sentença que não produz efeitos;

● Nulidade – lei refere no artigo 615º CP

i. Não contenha a assinatura do juiz; - formalidade, agora já não se verifica com


tanta frequência porque se assiste uma informatização do sistema – aplicação
residual
ii. Não especifique os fundamentos de facto e de direito que justificam a decisão; -
não contenha nenhuma fundamentação ou uma fundamentação que nada tenha a
ver com aquilo que é decidido
iii. Os fundamentos estejam em oposição com a decisão ou ocorra alguma
ambiguidade ou obscuridade que torne a decisão ininteligível; -se a
fundamentação levar a uma orientação contrário, naturalmente que a sentença é
nula
iv. O juiz deixe de pronunciar-se sobre questões que devesse apreciar (omissão de
pronúncia) ou conheça de questões de que não podia tomar conhecimento (excesso
de pronúncia
v. O juiz condene em quantidade superior ou em objeto diverso do pedido;
condenção em plus, excesso de pronúncia ou num pedido diverso daquele que a

57
parte formulou, se a parte pediu o reconhecimento do usufruto o tribunal não pode
reconhecer a propriedade)

Assento 4/ 95 de 17 de maio - Quando o Tribunal conhecer oficiosamente da nulidade de


negócio jurídico invocado no pressuposto da sua validade, e se na acção tiverem sido
fixados os necessários factos materiais, deve a parte ser condenada na restituição do
recebido, com fundamento no n.º 1 do artigo 289.º do Código Civil – MAS se além disso o
tribunal vier a condenar a restituição o assento determina que não estamos perante um
caso de nulidade da própria sentença

Como se reage contra causas de nulidade da sentença?

A – falta de assinatura é suprida oficiosamente, ou a requerimento de qualquer das


partes, enquanto for possível colher a assinatura do juiz que proferiu a sentença, devendo
este declarar no processo a data em que após a assinatura. (615º/2)

B – Os outros caso, só podem ser arguidas perante o tribunal que proferiu a sentença se
esta não admitir recurso ordinário, podendo o recurso, no caso contrário, ter
como fundamento qualquer dessas nulidades. (615º/4)

● Ineficácia da decisão – vários os casos, MAS um deles é a situação que consta do


625º/1

Artigo 625.º Casos julgados contraditórios

1 - Havendo duas decisões contraditórias sobre a mesma pretensão, cumpre-se a que


passou em julgado em primeiro lugar.
- segunda decisão como ineficaz

2 - É aplicável o mesmo princípio à contradição existente entre duas decisões que, dentro
do processo, versem sobre a mesma questão concreta da relação processual.

Decisão proferida por um diplomata – imunidade de jurisdição impede que seja


demandado em juiz num outro estado ou num estado que está creditado no exercício de
uma sentença – resposta doutrinal 🡪 ineficácia

NOTAS:

● artigo 666º; 685º estendem também aos ACÓRDÃOS este desvalor

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● Desvalores também aplicáveis aos DESPACHOS – 613º/3 - 3 - O disposto nos
números anteriores, bem como nos artigos subsequentes, aplica-se, com as
necessárias adaptações aos despachos.

CASO JULGADO

Uma vez proferida a sentença – o poder jurisdicional do juiz fica esgotado – o juiz não pode
voltar a pronunciar-se sobre aquela matéria – MAS tal não significa que a decisão não
possa ser reclamada por alguma das partes ou recorrida também por iniciativa de uma
das partes; pode também suceder que nenhuma delas interponha reclamação ou recurso e
neste sentido transita em julgado porque deixa de ser passível de qualquer
impugnação – nos termos do artigo 628º

Artigo 628º - Noção de trânsito em julgado

A decisão considera-se transitada em julgado logo que não seja suscetível de


recurso ordinário ou de reclamação.

Adquirindo o valor de caso julgado – aquilo que foi decidido é vinculativo para as
partes e para o tribunal

Caso julgado formal e material

● Caso julgado formal – artigo 620º - As sentenças e os despachos que recaiam


unicamente sobre a relação processual têm força obrigatória dentro do processo - a
força obrigatória manifesta-se somente em relação àquele processo
● Caso julgado material – recai sobre o mérito da causa – força obrigatória dentro e
fora do processo – artigo 619º - Transitada em julgado a sentença ou o despacho
saneador que decida do mérito da causa, a decisão sobre a relação material
controvertida fica a ter força obrigatória dentro do processo e fora dele nos
limites fixados pelos artigos 580º e 581º, sem prejuízo do disposto nos artigos 696º a
702º

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o Efeito positivo e negativo – Processo diferente daquele em que a decisão foi
proferida

o Efeito positivo – aquilo que se designa como autoridade do caso julgado –


ex: 2 ações sucessivas, numa delas discute-se a propriedade de um bem entre
A e B e a ação é considerada procedente – entre A e B, ficou assente que A é
proprietário do bem; pouco tempo depois B ocupa ilicitamente parte daquele
terreno e A pretende ser indemnizado – nesta segunda ação de indemnização
pode voltar a discutir-se a propriedade? Não, pois numa ação anterior ficou
assente – vinculativo na anterior ação; vinculados a considerar A como
proprietário do imóvel

o Efeito negativo – exceção de caso julgado – 580º + 581º

Artigo 580º - Conceitos de litispendência e caso julgado

1 - As exceções da litispendência e do caso julgado pressupõem a repetição de uma causa;


se a causa se repete estando a anterior ainda em curso, há lugar à litispendência; se a
repetição se verifica depois de a primeira causa ter sido decidida por sentença que já não
admite recurso ordinário, há lugar à exceção do caso julgado.

2 - Tanto a exceção da litispendência como a do caso julgado têm por fim evitar
que o tribunal seja colocado na alternativa de contradizer ou de reproduzir uma
decisão anterior.


3 - É irrelevante a pendência da causa perante jurisdição estrangeira, salvo se outra for a


solução estabelecida em convenções internacionais.

Artigo 581º - Requisitos da litispendência e do caso julgado

1 - Repete-se a causa quando se propõe uma ação idêntica a outra quanto aos sujeitos, ao
pedido e à causa de pedir.


2 - Há identidade de sujeitos quando as partes são as mesmas sob o ponto de vista da sua
qualidade jurídica.

3 - Há identidade de pedido quando numa e noutra causa se pretende obter o mesmo efeito
jurídico.


4 - Há identidade de causa de pedir quando a pretensão deduzida nas duas ações procede
do mesmo facto jurídico. Nas ações reais a causa de pedir é o facto jurídico de que deriva o

60
direito real; nas ações constitutivas e de anulação é o facto concreto ou a nulidade
específica que se invoca para obter o efeito pretendido.

A exceção de caso julgado tem 2 funções:

- proibição de repetição

- proibição de contradição (as ações não são idênticas; pelo contrário, até são
contraditórias) – ex.: ação de divórcio: um dos conjugues ganha; o outro cônjuge entende
que era ele que tinha direito a pedir o divórcio contra o outro e intenta uma segunda ação
de divórcio – o objeto aqui não é o mesmo (primeiro temos A contra B e depois temos B
contra A): 2 ações cruzadas

C propõe uma ação contra D (devedor) e D é condenado a pagar a dívida que tem perante
C. D ação de apreciação negativa para provar que não é devedor de C – não é admissível
uma segunda ação para provar que C não é credor – através da exceção de caso julgado

Artigo 611º Atendibilidade dos factos jurídicos supervenientes

1 - Sem prejuízo das restrições estabelecidas noutras disposições legais,


nomeadamente quanto às condições em que pode ser alterada a causa de pedir
deve a sentença tomar em consideração os factos constitutivos,
modificativos ou extintivos do direito que se produzam posteriormente à
proposição da ação, de modo que a decisão corresponda à situação
existente no momento do encerramento da discussão.

Na petição inicial e contestação são alegados factos, MAS depois desse momento
muita coisa pode acontecer:

- Superveniência dos factos – factos que não foram incvocados porque a parte não
conhecia ou porque ainda não se tinha verificado – 588º/2

2 - Dizem-se supervenientes tanto os factos ocorridos posteriormente ao termo dos prazos


marcados nos artigos precedentes como os factos anteriores de que a parte só tenha
conhecimento depois de findarem esses prazos, devendo neste caso produzir-se prova da
superveniência.

Factos supervenientes devem ser invocados pelas partes – parte a quem seja factos
que não foram invocados porque a parte não conhecia ou ainda não se tinham verificado – 588º,
nomeadamente o nº2 (superveniência objetiva e superveniência subjetiva) - estes factos devem ser
invocados pelas partes

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O que acontece se durante a pendencia da causa o réu pagar a dívida? A ação continua? De
acordo com o artigo 611º - no momento do encerramento da discussão que até esse momento
devem ser reveladas – tal é importante – réu tem o ónus de invocar este facto superveniente

Momento do encerramento da discussão – na fase de audiência final – 604º/3 e)

e) Alegações orais, nas quais os advogados exponham as conclusões, de facto e de direito,


que hajam extraído da prova produzida, podendo cada advogado replicar uma vez.
- esse
momento que corresponde ao encerramento da audiência final

A ação continua como se o réu não tivesse pago a dívida? NÃO – 611º: até ao momento do
encerramento da discussão, devem ser invocados pelas partes tudo o que seja relevante
para a decisão da causa – réu tem o ónus de invocar este facto superveniente na ação

• o que é este momento do encerramento da discussão? Tem a ver com a audiência


final – 604º3 e): regula as chamadas alegações orais na audiência final – é esse momento
que corresponde ao encerramento da audiência final – esta tem os seus trâmites próprios;
depois disto, o juiz profere a sentença

• aspeto temporal: sentença deve refletir a situação que existe no momento do


encerramento da discussão – MAS, esta é proferida num momento posterior – ex. anterior
do pagamento: réu paga durante a pendência da causa – aplicando o 611º1, o réu tem o
ónus de invocar o pagamento – é um facto que ocorre no processo supervenientemente,
mas antes do encerramento da discussão; se o réu não invocar, o juiz não considera esse
facto, podendo até vir a condená-lo; E SE O PAGAMENTO OCORRER DEPOIS DO
ENCERRAMENTO DA DISCUSSÃO? Como o artigo só regula a primeira situação – isto
significa que tudo o que ocorra posteriormente é irrelevante em termos processuais – se o
pagamento ocorre depois não pode ser alegado em juízo – isto leva-nos a uma questão:

Referência temporal do caso julgado - é o encerramento de discussão da 1ª instância

- se o réu paga durante a pendência da causa se o réu não invoca o pagamento –


PRECLUSÃO

- tudo o que suceda depois do encerramento: é irrelevante, MAS não há nenhuma


preclusão – réu vai ser condenado porque não pode invocar o pagamento na causa, MAS
pode vir a invocar numa outra segunda ação

- relativamente ao facto de o pagamento ser realizado depois do encerramento da


discussão da 1ª instância  729º g): trata da oposição do executado na ação executiva;
oposição à execução pode ter fundamento qualquer facto extintivo ou modificativo da

62
obrigação desde que seja posterior ao encerramento da discussão no processo de
declaração e se prove por documento

Há diferença entre o autor e o réu – 573º CPC – concentração da defesa - o réu tem o
ónus de alegar todos os factos que podem servir de fundamento da sua defesa

- em relação ao réu: 573º: princípio da concentração da defesa: estabelece que o réu tem de
alegar todos os factos que podem servir de fundamento da sua defesa;

- e o que se passa em relação ao autor? Situação é diferente: na nossa ordem jurídica,


autor não tem nenhum ónus de esgotar na PI todos os fundamentos possíveis do seu
direito – ex.: ação de reivindicação – autor pede o reconhecimento da sua propriedade; tem
de alegar um fundamento, nomeadamente o do 1306º - tem de invocar todos os que se
verifiquem naquele momento? NÃO – pode apenas invocar uma – se o autor propuser a
ação e não ganhar a ação tendo em conta aquele fundamento; pode numa ação posterior
requerer o mesmo com base num outro fundamento  SITUAÇÃO DE DESIGUALDADE
ENTRE O AUTOR E O RÉU

Artigo 573º Oportunidade de dedução da defesa 1 - Toda a defesa deve ser deduzida
na contestação, excetuados os incidentes que a lei mande deduzir em separado.


2 - Depois da contestação só podem ser deduzidas as exceções, incidentes e meios de defesa


que sejam supervenientes, ou que a lei expressamente admita passado esse momento, ou
de que se deva conhecer oficiosamente.

Se não invocar – consequência – preclusão

Em relação ao autor a situação é completamente diferente porque na nossa ordem jurídica


– na ordenamento jurídico português o autor não tem nenhum ónus de esgotar na petição
inicial todos os fundamentos possíveis do seu direito

ex: ação de reivindicação – o autor pede o reconhecimento da sua propriedade – o autor se


propuser a ação com base em aquisição sucessória, pode numa ação posterior requerer o
conhecimento da propriedade, agora com base na usucapião

Referência – o autor não tem o ónus de invocar todos os factos no pedido, MAS o eu tem
de invocar todas as exceções que possa impor ao autor

Factos novos – ocorrem ou são conhecidos depois da discussão em primeira instancia –


só podem ser invocados até ao encerramento da discussão – em relação a eles não há
nehuma preclusão

- nunca podem ser invocados no processo pendente

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- não há nenhuma preclusão: daí o 729º g)

Conjugação do artigo 621º com o artigo 610º - parece que tratam da mesma materia com
soluções diferentes

621º - caso julgado real

Artigo 621º Alcance do caso julgado

A sentença constitui caso julgado nos precisos limites e termos em que julga: se a parte
decaiu por não estar verificada uma condição, por não ter decorrido um prazo ou por não
ter sido praticado determinado facto (exemplo, parte ou autor diz que se verificou uma
confição suspensiva), a sentença não obsta a que o pedido se renove quando a condição se
verifique, o prazo se preencha ou o facto se pratique.

A condição suspensiva ainda não se tinha verificado – a acondição não se veriricu se mais
tarde se vier a verificar a situação podemos

Artigo 610º Julgamento no caso de inexigibilidade da obrigação

1 - O facto de não ser exigível, no momento em que a ação foi proposta, não impede que se
conheça da existência da obrigação, desde que o réu a conteste, nem que este seja
condenado a satisfazer a prestação no momento próprio.


Verificação da condição suspensiva, MAS não impede que se condene quando o facto se
venha a verificar

MAS NÃO HÁ AQUI UMA CONTRADIÇÃO – A COMPATIBILIZAÇÃO

621º - situação que deve ser vista em conjugação com o artigo 343º/3 CC – ónus da prova –
se o autor invocar a condição suspensiva é o mesmo que a tem de provar

A exigibilidade da obrigação é invocada pelo autor, que invoca no decurso do prazo em


fundamento dessa mesma obrigação – casos em que o autor invoca – MAS depois vem a
verificar-se que não é assim

Autor diz que a dívida é exigível invocando os factos

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610º situação em que o réu vem invocar uma exceção perentória dilatória e portanto,
quando o réu vem invocar tal exceção – aplica-se o artigo 610º

Réu diz que AINDA não é exigível, MAS vai ser depois de verificada a exceção (pode ser por exemplo
uma moratória)

• Limites objetivos do caso julgado – o que fica abrangido pelo caso julgado

Tem a ver com o objeto. O que está em causa quando se fala deste problema, as soluções
são complexas apesar do problema não ser.

Qualquer decisão tem a parte decisória (juiz decide) e tais decisões têm de ser
fundamentadas ( constam factos do quais resulte um motivo para a condenação do réu.

O problema é evidente que a condenação de pagar 10.000 está abrangido pelo caso
julgado, MAS para que tenha sido proferida é necessária fundamentação – factos que
justificam o pagamento dos 10.000€ - os factos que constituem o fundamento da
decisão também ficam abrangidos pelo caso julgado ou não?

A resposta genérica para esta questão: entende-se que os fundamentos só valem como
fundamentos daquela decisão

Fundamentos ficam abrangidos enquanto fundamentos da decisão - NÃO


VALEM AUTONOMIZADOS DESSA DECISÃO

Fundamentos não adquirem valor de caso julgado autonomizados da


decisão

Artigo 91º Competência do tribunal em relação às questões incidentais

1 - O tribunal competente para a ação é também competente para conhecer dos incidentes
que nela se levantem e das questões que o réu suscite como meio de defesa.

Extensão da competência material do tribunal

2 - A decisão das questões e incidentes suscitados não constitui, porém, caso julgado
fora do processo respetivo*, exceto se alguma das partes requerer o julgamento com
essa amplitude e o tribunal for competente do ponto de vista internacional e em razão da
matéria e da hierarquia.

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* se o réu invocar a nulidade, o tribunal da causa tem competência para apreciar a
nulidade, MAS, de acordo com o nº2 a decisão da nulidade não constitui caso julgado fora
do processo respetivo; nulidade vale enquanto fundamento da decisão, MAS não vale como
autonomizado fora da decisão, não fica indiscutível, numa outra ação podem as artes
decidir se é nulo ou não

Contraprova de que no ordenamento jurídico português o caso julgado e os fundamentos


da decisão (MAS só enquanto fundamentos dessa mesma decisão, não funcionando
autonomizados)

MAS a lei amite a apreciação incidental – 2º parte do nº 2 do artigo 91º - nulidade


não fica abrangida fora do processo respetivo, MAS temos a exceção - exceto se alguma
das partes requerer o julgamento com essa amplitude e o tribunal for competente do ponto
de vista internacional e em razão da matéria e da hierarquia.

MAS, valerá para todo e qualquer caso ou temos que admitir toda e
qualquer exceção?

O réu em determinada ação impõe a nulidade do contrato, mais tarde o autor


impõe a nulidade, MAS com objeto diferente – as partes não estão vinculadas

EXCEÇÕES:

● a ação posterior respeita a uma prestação sinalagmática daquela que foi apreciada
na primeira ação – tendo em conta a nulidade, um contrato de compra e venda o
autor propôs a ação contra o réu para pagamento do preço – o tribunal reconhece
que o contrato é nulo absolvendo o réu do pedido, depois de tudo isto, esta nulidade
não valendo fora do processo; se agora o réu vier a pedir a entrega da coisa, não
pode ser – neste caso a nulidade tem de valer para uma das prestações
sinalagmáticas e para as outras – aquilo que for definido numa ação em
relação a uma das prestações sinalagmáticas tem de valer noutra ação em
relação a outra prestação sinalagmática

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● relações de prejudicialidade, quando tenham o mesmo pedido – autor instaura a
ação para obter a anulação de um contrato realizado com o réu invocando por
exemplo que o contrato é anulável porque houve uma coação exigida sobre o autor –
ação considerada procedente, o contrato é anulável, depois o autor intenta uma ação
de indemnização – além da anulação quer também uma indemnização – só faz
sentido que a anulação seja vinculativa, = partes, objeto da segunda ação depende
da 1º, fundamento =, factos =

Casos especiais

🡪 ação de simples apreciação negativa – caso que foge em várias matérias aquilo que é a
situação normal ou paradigmática em processo civil – em matéria de caso julgado o
problema é em relação à improcedência – o autor solicita que o tribunal declarasse que o
réu não era proprietário e o tribunal não declarou que o réu não era proprietário – a tal
decisão de improcedência de ação de simples apreciação negativa significa que o réu é
proprietário ou significa que o tribunal não declara que o réu não é proprietário sem que
se resulte algo positivo

Segundo MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA uma decisão improcedência de ação de simples


apreciação negativa deixa definido apenas que o tribunal não declara que o réu não é
proprietário não significando que o réu seja considerado proprietário

Até porque se o réu quiser que seja considerado proprietário pode recorrer à reconvenção
266º CPC – pedir que ele próprio seja considerado como proprietário

Se entendessem que resulta o efeito positivo estávamos a dar um efeito inútil à


reconvenção

• Limites subjetivos do caso julgado – quem fica abrangido pelo caso julgado

- saber quem são as pessoas que ficam vinculadas pelo caso julgado – há uma resposta
imediata: as partes na ação ficam desde logo vinculadas pela decisão do caso julgado – os
problemas dos limites subjetivos do caso julgado não se colocam neste âmbito, MAS em
determinadas situações quem não foi parte na ação pode ficar vinculado a este caso
julgado – é esta a dimensão do problema dos limites subjetivos

- juristas romanos deixaram-nos uma regra de acordo com a qual o caso julgado não
prejudica, nem beneficia terceiros
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Segundo MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA esta ideia não é uma ideia correta – MAS e
importante para recebermos a temática dos limites subjetivos do caso julgado

Decisões dos tribunais beneficiam ou prejudicam terceiros – ex: devedor deixa de ser
considerado proprietário por ter sido exercido um direito de reivindicação – bem deixando
de ser propriedade do devedor, credores perderam parte de garantia patrimonial – o caso
julgado pode prejudicar terceiros – e tal é também muito comum na vida
jurídica

Se em vez do devedor ter perdido o bem pela circunstância de ser procedente a ação de
revindicação – se antes tivesse vendido o bem, os credores também viam diminuída a sua
garantia patrimonial - ou seja, também na vida fora dos tribunais também pode afetar
terceiros (beneficiando ou prejudicando)

● Caso de eficácia absoluta do caso julgado – 622º CPC – quanto às chamadas


questões de Estado

Artigo 622º - Efeitos do caso julgado nas questões de estado

Nas questões relativas ao estado das pessoas, o caso julgado produz efeitos mesmo
em relação a terceiros quando, proposta a ação contra todos os interessados diretos,
tenha havido oposição, sem prejuízo do disposto, quanto a certas ações, na lei civil.

Evidente que fica reconhecido em relação às partes, MAS também em relação a terceiros –
eficácia absoluta do caso julgado no âmbito das ações de Estado

O que é que justifica esta ideia? Quando a decisão é proferida numa ação entre os
legítimos contraditores então aquilo que for definido nessa ação tem uma eficácia erga
omnes – aquilo que resultar de uma ação de cônjuges, por exemplo, divorcio é oponível
perante terceiros

só pode acontecer entre o pai e o filho ou entre os cônjuges então tem de vigorar de forma
absoluta – não há hipótese de entender que algum 3º pode ou teria legitimidade para ser
parte nessa ação – relatividade absoluta: é relativo porque não podemos imaginar que
pudesse ser de outra forma, aquilo que for definido entre as partes vale erga omnes

Não tenha havido oposição 🡪 todos os processos admitem por força do contraditório –
exigência somente de possibilidade de oposição 🡪 MAS hoje redundante, pois há sempre a
possibilidade de contraditório

● Terceiro com qualidade de parte - Caso em que é terceiro, MAS tem a mesma
qualidade jurídica que qualquer das partes na ação – 581º/2 – definição das partes: as
partes são as mesmas quando tenham a mesma qualidade jurídica
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Artigo 263.o Legitimidade do transmitente - Substituição deste pelo adquirente

1 - No caso de transmissão, por ato entre vivos, da coisa ou direito litigioso, o


transmitente continua a ter legitimidade para a causa enquanto o adquirente não for, por
meio de habilitação, admitido a substituí-lo.


2 - A substituição é admitida quando a parte contrária esteja de acordo e, na falta de


acordo, só deve recusar-se a substituição quando se entenda que a transmissão foi
efetuada para tornar mais difícil, no processo, a posição da parte contrária.


3 - A sentença produz efeitos em relação ao adquirente, ainda que este não intervenha
no processo, exceto no caso de a ação estar sujeita a registo e o adquirente registar a
transmissão antes de feito o registo da ação. – Estabelece que mesmo que o adquirente
não chegue a intervir o caso julgado é lhe extensível

Justificação – identidade de partes do 581º/2 – igual qualidade jurídica, o que vale em


relação a um vale em relação a outro – extensão do caso julgado

● Obrigações solidárias

Artigo 522º - (Caso julgado) – solidariedade passiva

O caso julgado entre o credor e um dos devedores não é oponível aos restantes devedores,
mas pode ser oposto por estes, desde que não se baseie em fundamento que respeite
pessoalmente aquele devedor.

Artigo 531º (Caso julgado) – solidariedade ativa

O caso julgado entre um dos credores e o devedor não é oponível aos outros credores; mas
pode ser oposto por estes ao devedor, sem prejuízo das exceções pessoais que o devedor
tenha o direito de invocar em relação a cada um deles.

Vários devedores, MAS foi demandado apenas um:

521º - não é oponível aos restantes devedores – quando é condenatório de um dos


devedores não é imposto a outros, se o devedor demandado for absolvido essa decisão
estende-se aos outros devedores não demandados

531º - não é oponível aos outros credores

● Sem relação com o objeto/Sem a mesma qualidade jurídica do que as partes


integrantes na ação– não têm a mesma qualidade jurídica que quem teve na ação

artigo 635º - domínio de uma relação de fiança

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Artigo 635º (Caso julgado)

1. O caso julgado entre credor e devedor não é oponível ao fiador, mas a este é lícito
invocá-lo em seu benefício, salvo se respeitar a circunstâncias pessoais do devedor que não
excluam a responsabilidade do fiador.
- um caso julgado condenatório ao devedor não é
oponível ao devedor, MAS se favorecer o fiador é extensível, improcedência
aproveita ao devedor, se for procedente não prejudicia o devedor – terceiero não
pode ser prejudicado pelo caso julgado

2. O caso julgado entre credor e fiador aproveita ao devedor, desde que respeite à
obrigação principal, mas não o prejudica o caso julgado desfavorável.

● Artigo 291º

Artigo 291º (Inoponibilidade da nulidade e da anulação)

1. A declaração de nulidade ou a anulação do negócio jurídico que respeite a bens imóveis,


ou a móveis sujeitos a registo, não prejudica os direitos adquiridos sobre os
mesmos bens, a título oneroso, por terceiro de boa fé, se o registo da aquisição
for anterior ao registo da acção de nulidade ou anulação ou ao registo do acordo
entre as partes acerca da invalidade do negócio. – se o registo da ação de anulação ou
declraçaõ de nulidade for anterior ao registo de aquisão, a decisão de ação de anulação ou
nulidade é extensível a esse 3º, se o registo de aquisição for posterior o 3º é prejudicado

Modificação do caso julgado


Pela circunstancia do caso julgado se referir algo que pode mudar no tempo

O caso julgado não vale para sempre – vale até quando se mantiver inalterada a situação

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Exemplo: se alguém tiver sido reconhecido como proprietário o caso julgado vale quanto o
proprietário alienar o bem

Obrigações duradouras – ex: obrigações de alimentos, vale isto para sempre? A resposta
é que não, pois tal como acontece no âmbito dos negócios jurídicos se houver uma
alteração das circunstâncias tal tem de ser acompanhado

Alterações de facto é o mais normal; Quanto às modificações de direito, tal pode justificar
a alteração do caso julgado? Imediatamente aplicável nos termos do artigo 12º

Quando a lei se declarar inconstitucional, o passado está coberto pelo caso julgado, e para
o futuro? Modifica-se para o futuro.

Artigo 619º - Valor da sentença transitada em julgado

1 - Transitada em julgado a sentença ou o despacho saneador que decida do mérito


da causa, a decisão sobre a relação material controvertida fica a ter força
obrigatória dentro do processo e fora dele nos limites fixados pelos artigos 580.o e
581.o, sem prejuízo do disposto nos artigos 696.o a 702.o.

2 - Mas se o réu tiver sido condenado a prestar alimentos ou a satisfazer outras


prestações dependentes de circunstâncias especiais quanto à sua medida ou à sua
duração, pode a sentença ser alterada desde que se modifiquem as circunstâncias
que determinaram a condenação.

Artigo 282º (art.o 292.o CPC 1961) Renovação da instância

1 - Quando haja lugar a cessação ou alteração da obrigação alimentar judicialmente


fixada, é o respetivo pedido deduzido como dependência da causa principal,
seguindo-se, com as adaptações necessárias, os termos desta, e considerando-se
renovada a instância.


2 - O disposto no número anterior é aplicável aos casos análogos, em que a decisão


proferida acerca de uma obrigação duradoura possa ser alterada em função de
circunstâncias supervenientes ao trânsito em julgado que careçam de ser
judicialmente apreciadas.

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