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2019/2020
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 2º SEMESTRE 2019/2020
Índice
OBJETO DO PROCESSO 4
Pedido do Autor 4
CONCURSOS DE NORMAS 4
MATÉRIA DA PROVA 22
Frustração da prova 25
Produção da prova 25
Meios de prova 30
Modalidades da confissão 34
Eficácia da confissão 35
Características da confissão 35
TUTELA PROCESSUAL 40
Vicissitudes da instância 40
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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES 42
Tipologia de funções 44
Competência 45
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Aulas Teóricas
24 de fevereiro
OBJETO DO PROCESSO
Pedido do Autor
CONCURSOS DE NORMAS
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FORMA DE TRATAMENTO JURÍDICO
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Pedido de defesa do réu (exceções perentórias)
Uma das hipóteses que o réu tem é a chamada defesa por exceção, quer:
De acordo com o que estabelece o artigo 571º/2 2ª parte - defende-se por exceção quando:
Neste caso o réu não está a por em causa os factos invocados pelo autor (isso é a chamada
defesa por impugnação) – o que ele está a dizer é que por exemplo: é verdade que
aconteceu a celebração do contrato, MAS o contrato é inválido (exceção perentória de
invalidade: o réu aceita aquilo que o autor diz, mas no fundo fica com a posição de
autor )
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regra é exatamente ao contrário), estas não são de conhecimento oficioso do tribunal
– MAS existem algumas exceções:
- A exceção tem de ser fundamentada – nas exceções não se fala em causa de pedir mas
sim em fundamentos das exceções (artigo 5º/1), MAS no fundo o fundamento da
exceção perentória é a causa de pedir da exceção perentória – sendo perfeitamente
possível o convite a aperfeiçoamento à contestação, exatamente pela
circunstância de a fundamentação invocada pelo réu ser inconcludente
- Cruzando a matéria da exceção perentória com a regra que encontramos no artigo 573º/1,
toda a defesa deve ser deduzida na contestação, excetuados os incidentes que a lei mande
deduzir em separado, NESTE SENTIDO, o reu tem o direito de invocar a sanção
perentória na contestação
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TIPOLOGIA DAS EXCEÇÕES PERENTÓRIAS
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Modalidades das exceções
– improcedência da causa
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Nesta matéria, há que fazer uma referência ao regime que vale ao nível europeu:
Artigo 29.o
1. Sem prejuízo do disposto no artigo 31.o, n.o 2, quando ações com a mesma causa de
pedir e entre as mesmas partes forem submetidas à apreciação de tribunais de
diferentes Estados-Membros, qualquer tribunal que não seja o tribunal
demandado em primeiro lugar deve suspender oficiosamente a instância até que
seja estabelecida a competência do tribunal demandado em primeiro lugar.
A ótica é que continua a ser um requisito de reconhecimento de decisões que não haja uma
decisão incompatível com a decisão que se pretende conhecer – o que interessa no fundo,
segundo a teoria do núcleo essencial é que não haja decisões incompatíveis – e
vem dizer que as ações são idênticas se os resultados delas forem consequências
incompatíveis
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FORMAS ANÓMALAS DO PEDIDO
Em muitos casos o pedido que a parte formula é um pedido líquido, mas pode não suceder
Normalmente trata-se de uma prestação já vencida, o autor pede tudo aquilo que tem
direito
Em muitos casos formula um único pedido, costuma também ser certo ou fixo, MAS TUDO
ISTO PODE NÃO SUCEDER
A lei não contempla nenhuma sanação para este vício – MAS MTS considera que se pode
aplicar o artigo 590º em que incumbe ainda ao juiz convidar as partes ao suprimento das
insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada
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– Condenação in futuro – 557º CCP – quando é que é admissível?
O facto de não ser exigível, no momento em que a ação foi proposta, não
impede que se conheça da existência da obrigação, desde que o réu a
conteste, nem que este seja condenado a satisfazer a prestação no momento
próprio.
– Pedidos parciais- não esgota a totalidade daquilo que o autor tem direito
o pedido parcial aberto – o autor diz que pedido por exemplo 100, mas reserva
a possibilidade de mais tarde vir a pedir mais pois não sabe quais os danos
que vai ter no futuro
o pedido oculto – agora peço 10 e aparentemente parece que só quero 10 – é
problemático porque leva a que os tribunais competentes possam ser
distintos e pode inviabilizar a possibilidade de existir recurso e pode até
haver uma consideração da parte que assim atua como litigante de
má fé – com intuito de defraudar ou de prejudicar o réu
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– Cumulação de pedidos - o autor formula mais do que um pedido – 553º - 555º - há
3 formas de cumulação de pedidos
o artigo 555º - autor formula vários pedidos contra o reu e pretende a
procedência e a satisfação de todos eles – regra especial quanto ao valor da
causa = valor da soma de todos os pedidos (297º/2) EXCETO naquilo que se
designa como conjugação aparente [ ex: pedido de anulação do contrato e
restituição daquilo que foi entregue ao autor invalidamente]
o Pode o autor deduzir cumulativamente contra o mesmo réu, num só processo,
vários pedidos que sejam compatíveis, se não se verificarem as
circunstâncias que impedem a coligação
▪ Requisitos para a cumulação de pedidos:
● compatibilidade substantiva – caso não exista pode dar origem a
ineptidão da petição inicial 🡪 186º/2 c)
● Remissão para a coligação no 555º/1 – 37º/ 1 e 2 – competência
absoluta (não relativa) do tribunal para todos os pedidos e
adequação da forma de processo, ou seja, os vários pedidos têm
de seguir entre eles formas compatíveis
2 - Quando aos pedidos correspondam formas de processo que, embora diversas, não
sigam uma tramitação manifestamente incompatível, pode o juiz autorizar a
cumulação, sempre que nela haja interesse relevante ou quando a apreciação
conjunta das pretensões seja indispensável para a justa composição do litígio.
Pode formular-se, num único processo quaisquer pedidos mesmo que não tenham
qualquer conexão e que digam respeito a factos distintos?
Esta não seria a melhor solução, a maneira de ultrapassar tal situação é aplicando
analogicamente a cumulação de pedidos 🡪 ARTIGO 37º/4 e 5 – obstáculos à coligação:
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pedidos que continuam a ser apreciados no processo, sob cominação de, não o fazendo, ser o
réu absolvido da instância quanto a todos eles, aplicando-se o disposto nos n.os 2 e 3 do
artigo seguinte.
FALTA DE REQUSITOS
- Compatibilidade substantiva – caso não exista pode dar origem a ineptidão da petição
inicial 🡪 186º/2 c)
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o Cumulação subsidiária – formulação de um pedido principal e de um
pedido subsidiário – artigo 554º - Podem formular-se pedidos
subsidiários. Diz-se subsidiário o pedido que é apresentado ao tribunal
para ser tomado em consideração somente no caso de não proceder um
pedido anterior.
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PROBLEMA: o pedido subsidiário só a vem a ser considerado na hipótese
do pedido principal não ser considerado procedente – o que pode querer
dizer que o pedido subsidiário pode nunca ser considerado pelo tribunal,
MAS a propositura da ação tem algumas consequências, em que uma
delas é a da interrupção da prescrição – que admitem que o pedido
subsidiário é o relativo a um crédito e em princípio, de acordo com o artigo
323º, a prescrição interrompe-se. Verifica-se a interrupção da
prescrição também no pedido subsidiário? A resposta tem de ser
positiva. Apesar do tribunal não vir a apreciar o pedido subsidiário não
deixa de se verificar a interrupção da prescrição. Em todo o caso, o pedido
subsidiário pode vir a ser apreciado, e nesse caso a interrupção da
prescrição é algo que não pode deixar de ser considerado
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MAS, esses pedidos são feitos com todos os litisconsortes ou contra todos os litisconsortes. Na
coligação, temos uma pluralidade de partes, pluralidade de pedidos, MAS SEMPRE COM ESTA
PARTICULARIDADE a de que os pedidos são distribuídos por partes diferentes – ex: cada um
dos autores formula uma pedido contra o réu ou 2 autores formulam um pedido contra o
réu; o autor formula um pedido e outro autor formula um pedido contra o mesmo autor 🡪
ideia de distribuição dos pedidos pelas várias partes
2 de março
COLIGAÇÃO
REQUISITOS COLIGAÇÃO:
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🗹 Causa de pedir seja a mesma e única – 36º/1
🗹 Basear-se nos mesmos factos e aplicação das mesmas regras jurídicas ou aplicação
de cláusulas idênticas – 36º/2 - apreciação dos mesmos factos ou da interpretação e
aplicação das mesmas regras de direito ou de cláusulas de contratos perfeitamente
análogas.
1872º CC – é possível que vários pretensos filhos investigue a sua paternidade, numa
única ação 🡪 COLIGAÇÃO – o pedido feito contra o pretenso pai, por cada pretenso filho
que faz um pedido
Pode formular-se um pedido principal contra uma parte, e um pedido subsidiário contra
outro réu 🡪 39º - Pluralidade subjetiva subsidiária
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🞭 - falta de conexão objetiva – em princípio, é sanável nos termos do artigo 38º -
Ocorrendo coligação sem que entre os pedidos exista a conexão exigida pelo artigo 36.o,
o juiz notifica o autor para, no prazo fixado, indicar qual o pedido que pretende
ver apreciado no processo 🡪 caso não o faça: sob cominação de, não o fazendo, o réu
ser absolvido da instância quanto a todos eles.
91º/2 – articula-se com a matéria do caso julgado 🡪 A decisão das questões e incidentes
suscitados não constitui, porém, caso julgado fora do processo respetivo – só tem
força de caso julgado naquela matéria em concreto se a pessoa foi reconhecida como
sucessora da pessoa falecida
exceto se alguma das partes requerer o julgamento com essa amplitude e o tribunal
for competente do ponto de vista internacional e em razão da matéria e da
hierarquia. – pedido de apreciação incidental – qualquer dos intervenientes pode
requere que a apreciação do sucessor valha não só nos efeitos daquele processo
como também valendo como caso julgado noutra ação
Pedido reconvencional – pedido formulado pelo réu, mas nem todos os pedidos formulados
pelo réu são pedidos reconvencionais
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Competência para as questões reconvencionais
Valor da causa – uma vez que estamos perante um pedido, que em princípio é igual ao do
autor, a reconvenção tem um valor próprio, correspondente ao pedido reconvencional e
neste sentido – soma-se ao valor do pedido principal 🡪 artigo 299º/1 - Na determinação do
valor da causa, deve atender-se ao momento em que a ação é proposta, exceto quando
haja reconvenção ou intervenção principal.
Só não é assim, nas situações em que quando o pedido reconvencional não for distinto do
pedido do autor - O valor do pedido formulado pelo réu ou pelo interveniente só é somado
ao valor do pedido formulado pelo autor quando os pedidos sejam distintos, nos termos do
disposto no nº 3 do artigo 530º
Admissibilidade da reconvenção
🡪 266º
🡪 393º
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– seja admissível por lei – o que pode não acontecer, como por ex: a regra do artigo
584º (Só é admissível réplica para o autor deduzir toda a defesa quanto à matéria
da reconvenção, não podendo a esta opor nova reconvenção.)
– exigência de conexão objetiva – que emerge da própria causa de pedir
– que a reconvenção se fundamente no fundamento da defesa – 266º/2/a)
– quando o réu se propõe tornar efetivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas
à coisa cuja entrega lhe é pedida;
266º/1/b)
– Compensação judiciária - Quando o réu pretende o reconhecimento de um crédito,
seja para obter a compensação seja para obter o pagamento do valor em que o
crédito invocado excede o do autor;
266º/1/c)
– Igual efeito jurídico 🡪 Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o
mesmo efeito jurídico que o autor se propõe obter.
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– Compatibilidade processual – artigo 93º exige competência absoluta para todos os
pedidos (pedido do autor e pedido de reconvenção do réu) incluindo competência
internacional 🡪 artigo 8º/3 Regulamento de Bruxelas I bis
Modalidades de reconvenção:
Casos em que a reconvenção é compatível com o pedido do autor; há outros em que o réu
exige que o pedido do autor não seja procedente
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09 de Março de 2020
MATÉRIA DA PROVA
⎯ Prova bastante – 346º CC: serve para contraprova – existência de duvidas sobre o
facto provado 🡪 aquela em que os valores probatórios cedem perante contraprova.
⎯ Prova plena – 347º CC: prova que só cede perante a prova do contrário – não
basta levantar duvidas sobre um determinado facto como ocorre na prova bastante.
⎯ Prova pleníssima: não admite prova em contrário 🡪 o que está provado, está
provado porque não há hipótese de impugnar – não admitem provas em contrário.
Quanto a valores negativos da prova – a prova não pode ter valor no processo 🡪 provas
ilícitas em processo. A prova é ilícita por um de dois motivos:
⎯ Modo da obtenção da prova é ilícito – 32º, nº8 CRP 🡪 segundo MTS esta regra
pode ser transposta para o processo civil através de analogia. Ex: fotografia obtida
num espaço público nunca pode ser considerada uma prova ilícita – só são ilícitas
quando se intrometem na vida privada.
⎯ A produção da prova é ilícito – ex: adquiridas por violação do sigilo quanto ao
segredo profissional.
Se estivermos perante uma prova ilícita: não pode ser valorada em processo 🡪 não
pode merecer valor positivo em processo (o tribunal desconsidera, pura e simplesmente, a
prova que seja considerada de forma ilícita). Ainda que a prova seja relevante, se ela for
ilícita, não é admissível.
Ónus da prova
⎯ Saber se não houver prova suficiente sobre um facto, o que é que acontece;
É preciso ter presente que no direito romano e até à idade media se admitiu que perante
uma duvida o tribunal se abstinha de decidir. Mas hoje em dia, há uma obrigação de o juiz
decidir: artigo 8º, nº1 CC.
🡺 À partida podemos pensar que uma afirmação do autor e uma negação do reu têm o
mesmo valor, mas tal não é assim: o autor afirma, por exemplo que celebrou um
contrato com o reu por determinada quantia e o reu vem negar esta afirmação –
aparentemente podíamos dizer que ambas as afirmações têm o mesmo valor. Mas
tal não é assim, porque a partir do momento em que temos uma negação do reu,
temos um facto controvertido 🡪 produção da prova por uma das provas: o autor é
que tem de provar a existência do contrato e da divida. Assim, enquanto não se fizer
prova do facto, a afirmação do reu considera-se verdadeira, até se demonstrar
perante prova que esta não é verdadeira.
Artigo 343º:
● Nº1: ações de simples apreciação negativa – compete ao réu a prova dos factos
constitutivos. Há quem entenda que isto que dizer que o autor não tem de fazer
prova de nenhuns factos e terá de ser o reu a alegar os factos constitutivos que o
autor negue. MAS, MTS não concorda com isto e, neste sentido, o professor defende
que, este artigo diz que em qualquer ação, como também nas de simples apreciação
negativa, compete ao autor fazer prova dos factos que alegue – ex: o autor diz que
pagou a divida e compete a este fazer a prova do pagamento – assim, se o reu
invocar o pagamento, a ação pode andar toda ela à roda da existência ou não de
pagamento: ou fica provado o pagamento e a ação procede ou não fica provado o
pagamento e a ação não procede 🡪 mas, a improcedência de uma ação de simples
apreciação negativa consiste em o tribunal não declarar que ele não é devedor – isto
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é completamente diferente de dizer que a divida não existe. Assim, se o réu quiser
uma decisão positiva sobre a existência da divida, o reu tem de deduzir um pedido
reconvencional no qual invoca factos constitutivos da divida e, o tribunal não
analisa apenas o pedido do autor e não declara que a divida não existe (mas é
diferente de declarar que a divida existe: caso em que tem de ser o réu a provar que
não é o devedor) 🡪 se não fosse assim, qualquer autor em vez de propor uma ação
de simples apreciação positiva, pedia uma ação de simples apreciação negativa.
● Nº3: verificação da condição suspensiva ou resolutiva – autor é que tem de
demonstrar que a condição suspensiva do seu direito se verificou.
A prova não incumbe à parte que normalmente incumbiria mas sim à outra parte – dá-se
também uma mudança, consequente, do facto.
● Nº1: Quando se verifique uma presunção legal, a pessoa que beneficia da mesma,
não tem de provar o facto presumido e terá de ser a parte contraria a ilidir a
presunção – 350º, nº1 CC.
● Nº2: dever de colaboração das partes na produção da prova.
- Uma coisa é não se poder provar o facto contrário, mas todas as presunções têm por base
um facto – a prova do facto (base da presunção) pode ser sempre impugnada.
🡺 O que é que acontece quando não for realizada a prova pela parte onerada (pela
parte a que a prova incumbe)?
- Situações de dúvida sobre a realidade do facto: 414º CPC – a dúvida sobre a
realidade do facto se resolve contra a parte a quem o facto couber: fixação do facto
contrário que deveria ter sido provado e não foi 🡪 ex: o reu alegou o pagamento e
não houve prova do pagamento – o tribunal ficciona que não houve pagamento.
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- Isto não quer dizer que não existam critérios especiais nesta situações1, visto que,
o artigo 414º é uma regra geral que cede perante critérios especiais: ex: 1145º CC; nº
do 1566º CC;
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17 DE ABRIL
Frustração da prova
Pode ser pelas circunstâncias de não ter havido colaboração na produção dessa mesma
prova.
A parte que está valorada com o ónus da prova, pode ter dificuldade em fazer produção,
quando a parte contraria tiver facilidade – dever de cooperação: obriga a parte a
cooperar, é exigível, e quando não se verifique há uma frustração
Os nºs 1 e 2 do artigo 345º têm ainda critérios específicos para cada um destes contratos
probatórios.
Produção da prova
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Direito a realizar a prova dos factos controvertidos que lhe sejam favoráveis – direito à
prova 🡪 direito ao processo equitativo (20º/4 CRP)
1. princípio da cooperação
a. cooperação do tribunal com as partes e com a produção da prova – 411º:
consagra os poderes inquisitórios do tribunal em matéria probatória – dentro
dos factos que o tribunal pode conhecer, alegados pelas partes ou
complementares, em relação a esses pode considerar, mas além desse na pode
pois violaria o princípio dispositivo, os factos que o tribunal pode conhecer
são somente factos controvertidos
b. cooperação de partes e terceiros – 417º - dever de cooperação de parte e
terceiros com o tribunal para a descoberta da verdade; circunstância de este
dever de cooperação das partes ou de interessados na resolução de litígios
está consagrada também nos artigos 473º-475º do CC
i. 429º/1; 430º
ii. 452º
iii. Se esta cooperação não existir – regulamento das custas
processuais 🡪 artigo 27º. sendo parte ou 3º, quem não cooperar com o
tribunal vai pagar uma multa; 417º/2: condenados em multa; pode
também dar origem a inversão do ónus da prova; se alguém depuser
em juízo e faltar à verdade 🡪 crime de falsas declarações
iv. 417º/3 – situações em que a lei admite que é legítima a recusa do
cumprimento desse dever de cooperação: a) violação da integridade
física - só se justifica quando for abusiva; b) vida privada ou familiar;
c) sigilo profissional
2. princípio da aquisição processual – característico da prova e tem uma
consagração no artigo 413º - regra em que o tribunal considera que toda e qualquer
prova, independentemente do modo pelo qual foi adquirido em processo ex: nos
próprios documentos que acompanham a PI um documento desses prova o
pagamento da divida – o autor não pode dizer que esse documento não tem
relevância porque quem tem de provar o pagamento da divida é o réu.
- Artigo 413º, 2ª parte – exceções: situações raras em que situações concretas só
podem ser alegadas pela parte que tem interesse como é o caso da anulabilidade, da
prescrição e da usucapião.
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3. princípio da imediação – importante quanto à produção da prova, princípio de
bom senso, na medida em que implica reduzir ao mínimo o nº de transmissões até
ao tribunal; impõe-se reduzir ao mínimo estas cadeias de transmissão – tal faz-se
“da boca do depoente para o ouvido do juiz”
– ex: se alguém presenciou um facto deve ser essa pessoa a ir a tribunal e não uma
pessoa a quem essa pessoa contou o que viu porque a transmissão da informação ou
até mesmo a compreensão da informação transmitida pode ser errónea.
Para reduzir ao mínimo as cadeias de transmissão de conhecimento entre a parte
ou testemunha ou perito e o tribunal é através da oralidade: a oralidade é um
princípio estruturante da produção de prova porque a produção de prova deve ser
realizada oralmente e não por escrito
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20 DE ABRIL DE 2019
- Meio de prova 🡪 facto probando – prova simples: uma testemunha produz em juízo um
certo sentido;
- Meio de prova 🡪 facto probatório 🡪 facto probando – prova complexa: temos um meio d
eprova que não prova o facto probando mas sim um facto probatório ou instrumental e é
deste que vamos retirar o facto probando – existem duas relações: meio de prova e facto
probatório e facto probatório e facto probando.
🡺 É possível haver uma relação fixada pela lei entre o facto probatório e o facto
probando que ocorre quando estamos perante uma presunção legal: ou seja,
presunções legais são exemplo de uma prova complexa.
⎯ Prova livre – não tem nenhum valor pré-fixado pela lei e o juiz formulará se ficou
ou não convencido com o facto;
Ex: uma escritura pública tem valor de prova legal mas uma prova testemunhal já é uma
prova livre (não há nenhum depoimento testemunhal que tenha um valor fixado por eli –
depende da convicção do juiz na veracidade da testemunha).
- Segundo MTS não é uma convicção qualquer nem puramente irracional porque a
circunstância de ser uma prudente convicção leva-nos a esquematizar o problema da
seguinte forma: a convicção é uma coisa puramente subjetiva e o temos de ver se há razoes
para estarmos ou não convencidos – mas, não basta uma mera convicção subjetiva: o juiz
pode estar muito convencido mas precisa de algo mais 🡪 será necessária uma convicção
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objetiva: a convicção do tribunal tem de ser objetivamente fundamentada – existem
critérios:
● Máximas de experiência: não são o único critério – todos nós temos conhecimento
empírico das regras de experiência comuns, como por exemplo, saber se colocar uma
tablete de chocolate no verão ao sol esta derrete 🡪 convicção do juiz prudente e que
seja objetivamente fundamentável e controlável
- Ex: acidente de viação – toda a gente sabe que quanto maior for a velocidade a que o
automóvel seguia, maior é o rasto de travagem que fica no asfalto 🡪 vamos supor que foi
provado em tribunal que o rasto de travagem foi de 7 metros e perante isto, pretendemos
se a velocidade que a velocidade a que o automóvel circulava seria excessiva – conhecendo
que há ligação entre o rasto e a velocidade, se temos rasto de 7 metros podemos inferir a
velocidade correspondente a esse rasto (que já é pré-definida) – ASSIM, o facto probatório
era o rasto e o facto probando a velocidade.
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de material pirotécnico e resolveu fumar e provou uma explosão, dizemos que a
causa da explosão é evidente e traduz uma relação típica.
Meios de prova
Os meios de prova constituem a convicção da veracidade do facto (ex: documento, confissão
da parte, prova testemunhal);
🡺 O CPC trata dos mesmos meios de prova na ótica do direito probatório formal:
produção da prova – como é que se regula a prova.
- Temos de conjugar o CC com o CPC.
Consta do CC uma noção de documento – artigo 362º - noção muito ampla: abrange por
exemplo uma fotografia e uma inscrição numa parede.
● Documentos autênticos
Artigo 371º - estes documentos fazem prova plena dos factos que referem como praticados
pela autoridade ou oficial público e dos factos que neles são atestados com base nas
perceções da entidade documentadora 🡪 é apenas sobre estes factos que, por exemplo, a
escritura publica, faz prova plena.
No que diz respeito aos factos que neles são atestados com base nas perceções da entidade
documentadora: o notário vai escrever aquilo que as partes disserem (ex: as partes dizem
que vão celebrar a compra e venda de um imóvel em Telheiras e o notário escreve nesse
sentido) – isto fica com força de prova plena. MAS, fica com força de prova plena que as
partes disseram que iam celebrar a compra e venda de um imóvel em telheiras – outra
coisa é saber se as partes o iam fazer, se não estavam em erro sobre a localização do
imóvel.
No que toca aos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial: o notário
tem de acautelar quem são as pessoas que estão na presença deles e tem de escrever isto e
se ele teve o cuidado de se certificar da identificação das partes, então aquilo que ele diz
corresponde à verdade 🡪 se uma das partes tiver um cartão falso, não podemos dizer que
isto corresponde à verdade.
🡺 Prova plena quer dizer que o valor probatório só pode ser ilidido pela prova do
contrário: não chega colocar duvidas sobre aquilo que se encontra atestado no
documento, exigindo-se prova do contrário (ex: provar-se que as partes não
disseram que o imóvel se situava em Telheiras).
Como é que podemos ilidir o valor probatório de prova plena do documento autentico?
- Artigo 372º CC: o documento é falso nos termos do nº2 deste artigo: falsidade ideológica ≠
noção de falsidade comum – assim, se a entidade documentadora refere praticar um facto
que não praticou ou afere um facto que não se verificou: falsidade ideológica, sendo o
documento falso e está ilidida a força probatória plena nos termos do nº1 do 371º.
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- Se não houve nenhum equivoco do notário ao atestar aquilo que as partes disseram, o
documento não é falso se aquilo que as partes disserem for falso 🡪 a falsidade do alegado
pelas partes pode ter relevância para a averiguar a falta ou vicio de vontade, mas não
para aferir a falsidade do documento.
22 DE ABRIL
Regime geral – se o documento nem tiver assinado o seu valor probatório não pode ser
forte – valor avaliado pelo tribunal que considera que se o documento tem ou não
relevância
Ex: 380º e 381º CC – podem haver escritos que sem assinatura têm valor probatório
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importante regra de ónus da prova – cabe ao apresentante do documento – regime
pesado para quem apresentou o documento que passa a ter o ónus de provar a veracidade
da assinatura
1. O documento particular cuja autoria seja reconhecida nos termos dos artigos
antecedentes (374º sem reconhecimento notorial; 375º com reconhecimento) faz prova plena
quanto às declarações atribuídas ao seu autor, sem prejuízo da arguição e prova da
falsidade do documento.
- Quando se sabe que a assinatura é verdadeira assume-se a
veracidade do documento, a não ser que se prove a falsidade do documento
(falsidade material)
Qual o valor probatório desta prova plena? Basta que a parte diga que a fotografia
não é verdadeira para que o valor seja ilidido – basta por em causa a veracidade da
própria fotografia, se houver impugnação já não faz prova plena
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VALOR PROBATÓRIA DA CONFISSÃO
Noção de confissão - Artigo 352º CC (Noção)
Modalidades da confissão
● Judicial ou extrajudicial
1. A confissão pode ser judicial ou extrajudicial.
- Pode ser feita em juízo (355º/2) ou
fora do juízo, extrajudicial
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Eficácia da confissão
Artigo 353º/1 CC – pressupor capacidade e legitimidade de quem confessa
1. A confissão só é eficaz quando feita por pessoa com capacidade e poder para dispor do
direito a que o facto confessado se refira.
Confissão realizada por um dos litisconsortes – a lei distingue consoante seja voluntário
ou necessário
Voluntário os interesses são divisíveis e neste sentido é eficaz, não vinculando os outros
réus, por exemplo.
a) Se for declarada insuficiente por lei ou recair sobre facto cujo reconhecimento
ou investigação a lei proíba;
ex: a lei exige um documento e tal não pode ser
Características da confissão
1 - A confissão é irretratável.
2 - Porém, as confissões expressas de factos, feitas nos articulados, podem ser retiradas,
enquanto a parte contrária as não tiver aceitado especificadamente.
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2. INDIVISIBILIDADE DA CONFISSÃO – artigo 360º CC
Não é possível dividir a confissão, aproveitando por exemplo só a parte em que é favorável
4. A confissão judicial que não seja escrita e a confissão extrajudicial feita a terceiro ou
contida em testamento são apreciadas livremente pelo tribunal.
- o que é? Aquela em que a parte pode requerer para prestar declarações – anteriormente, a
parte não podia voluntariamente disponibilizar-se para falar em juízo; isto deixou de
existir com a prova por declarações de parte
- pode ser realizada por iniciativa da própria parte ou pela remissão que consta do artigo
466º2 – que remete para a secção anterior
40
- qual é o valor probatório? 466º3: tribunal aprecia livremente as declarações da parte, se
não se tratar de uma confissão; na parte em que for confessório, temos de atender ao valor
probatório da confissão
Prova pericial
- 390º CC – é o tribunal que vai percecionar determinados factos 🡪 perceção direta dos
factos pelo tribunal
- tribunal tem conhecimento através do sentido que for adequado 🡪 ex.: se estiver em
causa a situação de um prédio onde vêm maus cheiros: o sentido não é a visão, mas o
olfato
- 391º CC: esta prova é livremente apreciável pelo tribunal – não tem uma valor
probatório predeterminado
- 494º CPC – verificação não judicial – veio simplificar algumas situações, permitindo que
o tribunal se fizesse substituir por uma entidade ou técnico que será incumbido de
proceder à apreciação dos factos 🡪 494º2: é livremente apreciada pelo tribunal, excetuando
o caso que está aí presente e que consubstancia uma prova plena – 371º
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Prova testemunhal
- prova que é realizada por uma determinada pessoa que promove informações – que
foram adquiridas sem que a pessoa fosse encarregada de as obter – se fosse encarregada,
seria um perito
- um cumprimento pode-se provar por prova testemunhal, desde que este não exija um
documento para a sua prova – prova testemunhal não substitui a prova documental
- 495º1: cláusula geral – todos os que tenham aptidão mental – por exemplo, um menor
pode plenamente de ser testemunha, dependendo dos factos que estejam em causa e da
ação
- 495º2: tribunal tem de verificar a capacidade das pessoas para depor como testemunha –
tem de avaliar caso a caso, para ver se a pessoa está em condições
- 496º: parte não pode depor como testemunha – MAS, hoje em dia, a própria parte pode
oferecer-se para prestar prova por declarações de parte – mas, não pode ser testemunha
- 495º: não há nenhum limite a que parentes, uniões de facto possam depor – MAS, de
acordo com o 497º: essas pessoas podem recusar-se a depor
- 499º: juiz é indicado pelas partes como testemunha – MAS, o que não pode acontecer é
que o juiz seja ao mesmo tempo testemunha: não pode continuar a ser juiz na ação
Procedimento probatório
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- testemunhas vão depor, no processo declarativo comum, na audiência final
- 513º: impõe o juramento – testemunha tem de prestar juramento que vai depor a
verdade
- muitas vezes, não é a testemunha que mente mas a sua própria memória
Provas atípicas
Além destes meios de prova que encontramos no CC, será que existem outros meios de
prova?
- Partes não podem criar meios de prova diferentes dos que estão enunciados na lei 🡪
345º2
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- E a lei contém meios de prova diferentes? SIM – exemplos: 416º CC: não parece ser
reconduzível a nenhum meio de prova que conhecemos; 978º2 CPC – revisão de sentença
estrangeira – admite-se que não necessite de revisão se pretender retirar apenas o valor
probatório da sentença estrangeira
- uma prova utilizada num processo, pode ser utilizada noutro? Isto tendo em contas as
provas constituendas – ex.: um depoimento testemunhal
- fora do 421º, temos 2 preceitos – 623º e 624º - já em matéria de caso julgado: estes tratam
do problema de saber qual é a relevância de uma sentença penal num processo civil:
TUTELA PROCESSUAL
Vicissitudes da instância
- 259º e seguintes CPC
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● 277º: situações de extinção da instância – várias causas:
o Julgamento
o Compromisso arbitral – cláusula de arbitragem celebrada entre as partes
durante a pendência do próprio processo
o Deserção da instância: 281º - quando as partes durante um determinado
tempo não dão o impulso processual para o andamento da causa – tendo em
conta os números 3 e 4, o tribunal tem de avisar a parte de que deve praticar
o determinado ato
o Desistência, confissão e transação
o Impossibilidade ou inutilidade superveniente da lide
⇒ Desistência: desistência do pedido, significa que o autor renuncia e reconhece que não
tem direito ao direito que invoca – 285º/1 – reconhecimento da falta de razão do próprio
direito;- Desistência da instancia é diferente – 285º/2 – não implica o reconhecimento
da falta de fundamento do direito invocado pelo autor – deixa intocado o direito
invocado pelo autor
Pode ser feita a qualquer momento o réu em nada é prejudicado – sem nenhuma
restrição
2 - A desistência do pedido é livre mas não prejudica a reconvenção, a não ser que o
pedido reconvencional seja dependente do formulado pelo autor.
⇒ Confissão do pedido – 283º . reconhecimento pelo réu do pedido formulado pelo autor
tem fundamento
⇒ Transação – negócio processual em que a parte se contenta com parte daquilo que
pediu
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Comum a estas realidades a circunstância da vontade das partes não ter relevância
quando se tratem de direitos indisponíveis no caso da transação não ser
Artigo 290º/3 e 4
3 - Lavrado o termo ou junto o documento, examina-se se, pelo seu objeto e pela qualidade
das pessoas que nela intervieram, a confissão, a desistência ou a transação é válida,
e, no caso afirmativo, assim é declarado por sentença, condenando-se ou
absolvendo-se nos seus precisos termos.
4 - A transação pode também fazer-se em ata, quando resulte de conciliação obtida pelo
juiz; em tal caso, limita-se este a homologá-la por sentença ditada para a ata, condenando
nos respetivos termos.
Tal é possível pois há uma relação entre o anterior processo e um novo processo – conexão
entre os processos
PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
Tempo que pode ocorrer até obtenção de um decisão definitiva – há situações que não se
compaginam como essa duração – há situações que exigem uma tutela provisória, MAS
automática – forma de compor provisoriamente até haver uma decisão definitiva ou uma
tutela definitiva numa ação – artigo 2º/2 parte final
exemplo: uma ação de alimentos, alguém será credor de alimentos de outra pessoa –
quando é que teremos uma sentença definitiva? Na melhor das hipóteses daqui a 2 anos.
E como é que a pessoa vai sobreviver? Se precisa de alimentos é agora – a lei prevê uma
providencia cautelar – alimentos provisórios – destinam-se a acautelar o efeito útil da
decisão definitiva
Justificação que resulta da lei – circunstância da tutela definitiva ser uma tutela
que pode vir a ocorrer algum tempo depois, daí que se costuma dizer que uma
das finalidades dos procedimentos cautelares é evitar o perigo da mora
Por isso mesmo só é exigida prova sumária – porque estes procedimentos cautelares de
acordo com o artigo 365º/3 🡪 é aplicável aos procedimentos cautelares o disposto nos
artigos 293º a 295º - Dos incidentes da instância
CARACTERÍSTICAS
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Funnu boris iuris – 368º/1 - A providência é decretada desde que haja probabilidade
séria da existência do direito e se mostre suficientemente fundado o receio da sua
lesão. - Basta que o juiz forme a convicção da aparência do direito
Uma tutela provisória não vale para sempre. Neste contexto, vale até ao momento em que
é emitida a tutela definitiva – vigora até surgir a tutela definitiva
Outra consequência – 364º - 4 - Nem o julgamento da matéria de facto, nem a decisão final
proferida no procedimento cautelar, têm qualquer influência no julgamento da ação
principal.
- sem relevância na ação principal; recomeça o processo e aquilo que foi
obtido no procedimento cautelar não tem nenhuma relevância para essa mesma ação
definitiva
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Tipologia de funções
⇒ Função de regulação provisória – vamos contruir uma decisão que vai regular
provisoriamente e que vigora até uma decisão definitiva – atribuição provisória da
posse ex: 1278º CC
⇒ Função de antecipação da tutela definitiva
artigo 364º/1 2ª parte - o procedimento cautelar é dependência de uma causa que tenha por
fundamento o direito acautelado e pode ser instaurado como preliminar ou como incidente
de ação declarativa ou executiva. - a tutela provisória e o procedimento cautelar em
princípio não chegam, depois de obtida a tutela provisória é sempre necessário
transformar numa tutela definitiva;
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⇒ Especificadas
o Garantia
Competência
artigo 78º CPC – competência territorial – suscetível de ser aplicado de acordo com o
princípio da coincidência
Pode ser antes da ação principal – e nesse sentido é necessário saber qual tribunal
competente – 364º/2 - Requerido antes de proposta a ação, é o procedimento apensado aos
autos desta, logo que a ação seja instaurada e se a ação vier a correr noutro tribunal, para
aí é remetido o apenso, ficando o juiz da ação com exclusiva competência para os termos
subsequentes à remessa.
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375º: efetividade da providência – tem uma tutela penal – crime de desobediência
qualificada – MAS, isto não pode ser aplicado ao não cumprimento das prestações
pecuniárias – MAS, 350º CP: não cumprimento de ação de alimentos é um crime
Não é possível requerer 2 vezes em relação à mesma ação a mesma providência – 362º/4 -
Não é admissível, na dependência da mesma causa, a repetição de providência que haja
sido julgada injustificada ou tenha caducado – segundo MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA
só é possível na presença de factos supervenientes
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Temos que analisar se a providencia que foi requerida é suscetível de ser transformada
numa tutela definitiva
b) Se, proposta a ação, o processo estiver parado mais de 30 dias, por negligência
do requerente;
2 - Quando a providência cautelar tenha sido substituída por caução, fica esta sem
efeito nos mesmos termos em que o ficaria a providência substituída, ordenando-se o
levantamento daquela.
Exemplo: o requerente obteve o arresto e instaurou ação condenatória que ganhou – não
pode ficar indefinidamente se não houver cumprimento voluntario por parte do devedor,
sem instaurar a ação executiva 🡪 tem 30 dias depois do transito em julgado para
instaurar essa ação sob pena de caducidade do arresto
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SENTENÇA – DECISÃO FINAL
O CPC refere vários tipos de decisões:
● Decisões de forma
● Decisões de mérito
Artigo 630º (art.o 679.o CPC 1961) Despachos que não admitem recurso
1 - Não admitem recurso os despachos de mero expediente nem os proferidos no uso legal
de um poder discricionário.
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Problema de interpretação das decisões
Resultados:
● Absolvição da instância
● Absolvição do pedido
● Condenação do pedido
● Procedência ou improcedência de ação
● uma impugnação deduzida pelo réu contra a petição inicial do autor – defesa por
impugnação, quando o réu contesta s factos alegados pelo autor
o réu impugnou o facto alegado pelo autor – a decisão de improcedência
verifica-se quando o autor não faça prova do facto constitutivo
● pode suceder que o réu venha a alegar uma exceção perentória
o ónus da prova incumbe ao réu – é necessário provar a exceção quando for
impugnada pelo autor
▪ Ex: réu alegou o pagamento, o autor impugnou o pagamento – o ónus
da prova incumbe ao réu
o quando o autor impugna a exceção o ónus da prova incumbe ao réu – o autor
não tem de fazer mais nada sem ser impugnar o facto alegado pelo réu
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3. Se for uma decisão final, que resolve o processo, nos termos do artigo 277º/a) essa
decisão extingue a instância
4. Possibilidade de a sentença ser executada 🡪 título executivo: condição suficiente
para que a execução possa ser instaurada
a. ex: pagamento de uma dívida – titulo executivo para obter o pagamento da
mesma
Vícios da decisão
A decisão pode ter alguns vícios e desvalores correspondentes
Como reagir? 614º/2 - Em caso de recurso, a retificação só pode ter lugar antes de ele
subir, podendo as partes alegar perante o tribunal superior o que entendam de seu direito
no tocante à retificação. ( se não admitir remete-se para o juiz)
614º/3 - Se nenhuma das partes recorrer, a retificação pode ter lugar a todo o tempo.
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b. erro judicial – diferente aquilo que consta do que aquilo que devia constar
da sentença - 616º/ 2 a) e b)
2 - Não cabendo recurso da decisão, é ainda lícito a qualquer das partes requerer a reforma
da sentença quando, por manifesto lapso do juiz:
b) Constem do processo documentos ou outro meio de prova plena que, só por si, impliquem
necessariamente decisão diversa da proferida.
Desvalores da decisão
● Inexistência da sentença – embora a lei não se refira a este desvalor temos que o
admitir; sentença que não produz efeitos;
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parte formulou, se a parte pediu o reconhecimento do usufruto o tribunal não pode
reconhecer a propriedade)
B – Os outros caso, só podem ser arguidas perante o tribunal que proferiu a sentença se
esta não admitir recurso ordinário, podendo o recurso, no caso contrário, ter
como fundamento qualquer dessas nulidades. (615º/4)
2 - É aplicável o mesmo princípio à contradição existente entre duas decisões que, dentro
do processo, versem sobre a mesma questão concreta da relação processual.
NOTAS:
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● Desvalores também aplicáveis aos DESPACHOS – 613º/3 - 3 - O disposto nos
números anteriores, bem como nos artigos subsequentes, aplica-se, com as
necessárias adaptações aos despachos.
CASO JULGADO
Uma vez proferida a sentença – o poder jurisdicional do juiz fica esgotado – o juiz não pode
voltar a pronunciar-se sobre aquela matéria – MAS tal não significa que a decisão não
possa ser reclamada por alguma das partes ou recorrida também por iniciativa de uma
das partes; pode também suceder que nenhuma delas interponha reclamação ou recurso e
neste sentido transita em julgado porque deixa de ser passível de qualquer
impugnação – nos termos do artigo 628º
Adquirindo o valor de caso julgado – aquilo que foi decidido é vinculativo para as
partes e para o tribunal
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o Efeito positivo e negativo – Processo diferente daquele em que a decisão foi
proferida
2 - Tanto a exceção da litispendência como a do caso julgado têm por fim evitar
que o tribunal seja colocado na alternativa de contradizer ou de reproduzir uma
decisão anterior.
1 - Repete-se a causa quando se propõe uma ação idêntica a outra quanto aos sujeitos, ao
pedido e à causa de pedir.
2 - Há identidade de sujeitos quando as partes são as mesmas sob o ponto de vista da sua
qualidade jurídica.
3 - Há identidade de pedido quando numa e noutra causa se pretende obter o mesmo efeito
jurídico.
4 - Há identidade de causa de pedir quando a pretensão deduzida nas duas ações procede
do mesmo facto jurídico. Nas ações reais a causa de pedir é o facto jurídico de que deriva o
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direito real; nas ações constitutivas e de anulação é o facto concreto ou a nulidade
específica que se invoca para obter o efeito pretendido.
- proibição de repetição
- proibição de contradição (as ações não são idênticas; pelo contrário, até são
contraditórias) – ex.: ação de divórcio: um dos conjugues ganha; o outro cônjuge entende
que era ele que tinha direito a pedir o divórcio contra o outro e intenta uma segunda ação
de divórcio – o objeto aqui não é o mesmo (primeiro temos A contra B e depois temos B
contra A): 2 ações cruzadas
C propõe uma ação contra D (devedor) e D é condenado a pagar a dívida que tem perante
C. D ação de apreciação negativa para provar que não é devedor de C – não é admissível
uma segunda ação para provar que C não é credor – através da exceção de caso julgado
Na petição inicial e contestação são alegados factos, MAS depois desse momento
muita coisa pode acontecer:
- Superveniência dos factos – factos que não foram incvocados porque a parte não
conhecia ou porque ainda não se tinha verificado – 588º/2
Factos supervenientes devem ser invocados pelas partes – parte a quem seja factos
que não foram invocados porque a parte não conhecia ou ainda não se tinham verificado – 588º,
nomeadamente o nº2 (superveniência objetiva e superveniência subjetiva) - estes factos devem ser
invocados pelas partes
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O que acontece se durante a pendencia da causa o réu pagar a dívida? A ação continua? De
acordo com o artigo 611º - no momento do encerramento da discussão que até esse momento
devem ser reveladas – tal é importante – réu tem o ónus de invocar este facto superveniente
A ação continua como se o réu não tivesse pago a dívida? NÃO – 611º: até ao momento do
encerramento da discussão, devem ser invocados pelas partes tudo o que seja relevante
para a decisão da causa – réu tem o ónus de invocar este facto superveniente na ação
62
obrigação desde que seja posterior ao encerramento da discussão no processo de
declaração e se prove por documento
Há diferença entre o autor e o réu – 573º CPC – concentração da defesa - o réu tem o
ónus de alegar todos os factos que podem servir de fundamento da sua defesa
- em relação ao réu: 573º: princípio da concentração da defesa: estabelece que o réu tem de
alegar todos os factos que podem servir de fundamento da sua defesa;
Artigo 573º Oportunidade de dedução da defesa 1 - Toda a defesa deve ser deduzida
na contestação, excetuados os incidentes que a lei mande deduzir em separado.
Referência – o autor não tem o ónus de invocar todos os factos no pedido, MAS o eu tem
de invocar todas as exceções que possa impor ao autor
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- não há nenhuma preclusão: daí o 729º g)
Conjugação do artigo 621º com o artigo 610º - parece que tratam da mesma materia com
soluções diferentes
A sentença constitui caso julgado nos precisos limites e termos em que julga: se a parte
decaiu por não estar verificada uma condição, por não ter decorrido um prazo ou por não
ter sido praticado determinado facto (exemplo, parte ou autor diz que se verificou uma
confição suspensiva), a sentença não obsta a que o pedido se renove quando a condição se
verifique, o prazo se preencha ou o facto se pratique.
A condição suspensiva ainda não se tinha verificado – a acondição não se veriricu se mais
tarde se vier a verificar a situação podemos
1 - O facto de não ser exigível, no momento em que a ação foi proposta, não impede que se
conheça da existência da obrigação, desde que o réu a conteste, nem que este seja
condenado a satisfazer a prestação no momento próprio.
Verificação da condição suspensiva, MAS não impede que se condene quando o facto se
venha a verificar
621º - situação que deve ser vista em conjugação com o artigo 343º/3 CC – ónus da prova –
se o autor invocar a condição suspensiva é o mesmo que a tem de provar
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610º situação em que o réu vem invocar uma exceção perentória dilatória e portanto,
quando o réu vem invocar tal exceção – aplica-se o artigo 610º
Réu diz que AINDA não é exigível, MAS vai ser depois de verificada a exceção (pode ser por exemplo
uma moratória)
• Limites objetivos do caso julgado – o que fica abrangido pelo caso julgado
Tem a ver com o objeto. O que está em causa quando se fala deste problema, as soluções
são complexas apesar do problema não ser.
Qualquer decisão tem a parte decisória (juiz decide) e tais decisões têm de ser
fundamentadas ( constam factos do quais resulte um motivo para a condenação do réu.
O problema é evidente que a condenação de pagar 10.000 está abrangido pelo caso
julgado, MAS para que tenha sido proferida é necessária fundamentação – factos que
justificam o pagamento dos 10.000€ - os factos que constituem o fundamento da
decisão também ficam abrangidos pelo caso julgado ou não?
A resposta genérica para esta questão: entende-se que os fundamentos só valem como
fundamentos daquela decisão
1 - O tribunal competente para a ação é também competente para conhecer dos incidentes
que nela se levantem e das questões que o réu suscite como meio de defesa.
2 - A decisão das questões e incidentes suscitados não constitui, porém, caso julgado
fora do processo respetivo*, exceto se alguma das partes requerer o julgamento com
essa amplitude e o tribunal for competente do ponto de vista internacional e em razão da
matéria e da hierarquia.
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* se o réu invocar a nulidade, o tribunal da causa tem competência para apreciar a
nulidade, MAS, de acordo com o nº2 a decisão da nulidade não constitui caso julgado fora
do processo respetivo; nulidade vale enquanto fundamento da decisão, MAS não vale como
autonomizado fora da decisão, não fica indiscutível, numa outra ação podem as artes
decidir se é nulo ou não
MAS, valerá para todo e qualquer caso ou temos que admitir toda e
qualquer exceção?
EXCEÇÕES:
● a ação posterior respeita a uma prestação sinalagmática daquela que foi apreciada
na primeira ação – tendo em conta a nulidade, um contrato de compra e venda o
autor propôs a ação contra o réu para pagamento do preço – o tribunal reconhece
que o contrato é nulo absolvendo o réu do pedido, depois de tudo isto, esta nulidade
não valendo fora do processo; se agora o réu vier a pedir a entrega da coisa, não
pode ser – neste caso a nulidade tem de valer para uma das prestações
sinalagmáticas e para as outras – aquilo que for definido numa ação em
relação a uma das prestações sinalagmáticas tem de valer noutra ação em
relação a outra prestação sinalagmática
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● relações de prejudicialidade, quando tenham o mesmo pedido – autor instaura a
ação para obter a anulação de um contrato realizado com o réu invocando por
exemplo que o contrato é anulável porque houve uma coação exigida sobre o autor –
ação considerada procedente, o contrato é anulável, depois o autor intenta uma ação
de indemnização – além da anulação quer também uma indemnização – só faz
sentido que a anulação seja vinculativa, = partes, objeto da segunda ação depende
da 1º, fundamento =, factos =
Casos especiais
🡪 ação de simples apreciação negativa – caso que foge em várias matérias aquilo que é a
situação normal ou paradigmática em processo civil – em matéria de caso julgado o
problema é em relação à improcedência – o autor solicita que o tribunal declarasse que o
réu não era proprietário e o tribunal não declarou que o réu não era proprietário – a tal
decisão de improcedência de ação de simples apreciação negativa significa que o réu é
proprietário ou significa que o tribunal não declara que o réu não é proprietário sem que
se resulte algo positivo
Até porque se o réu quiser que seja considerado proprietário pode recorrer à reconvenção
266º CPC – pedir que ele próprio seja considerado como proprietário
• Limites subjetivos do caso julgado – quem fica abrangido pelo caso julgado
- saber quem são as pessoas que ficam vinculadas pelo caso julgado – há uma resposta
imediata: as partes na ação ficam desde logo vinculadas pela decisão do caso julgado – os
problemas dos limites subjetivos do caso julgado não se colocam neste âmbito, MAS em
determinadas situações quem não foi parte na ação pode ficar vinculado a este caso
julgado – é esta a dimensão do problema dos limites subjetivos
- juristas romanos deixaram-nos uma regra de acordo com a qual o caso julgado não
prejudica, nem beneficia terceiros
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Segundo MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA esta ideia não é uma ideia correta – MAS e
importante para recebermos a temática dos limites subjetivos do caso julgado
Decisões dos tribunais beneficiam ou prejudicam terceiros – ex: devedor deixa de ser
considerado proprietário por ter sido exercido um direito de reivindicação – bem deixando
de ser propriedade do devedor, credores perderam parte de garantia patrimonial – o caso
julgado pode prejudicar terceiros – e tal é também muito comum na vida
jurídica
Se em vez do devedor ter perdido o bem pela circunstância de ser procedente a ação de
revindicação – se antes tivesse vendido o bem, os credores também viam diminuída a sua
garantia patrimonial - ou seja, também na vida fora dos tribunais também pode afetar
terceiros (beneficiando ou prejudicando)
Nas questões relativas ao estado das pessoas, o caso julgado produz efeitos mesmo
em relação a terceiros quando, proposta a ação contra todos os interessados diretos,
tenha havido oposição, sem prejuízo do disposto, quanto a certas ações, na lei civil.
Evidente que fica reconhecido em relação às partes, MAS também em relação a terceiros –
eficácia absoluta do caso julgado no âmbito das ações de Estado
O que é que justifica esta ideia? Quando a decisão é proferida numa ação entre os
legítimos contraditores então aquilo que for definido nessa ação tem uma eficácia erga
omnes – aquilo que resultar de uma ação de cônjuges, por exemplo, divorcio é oponível
perante terceiros
só pode acontecer entre o pai e o filho ou entre os cônjuges então tem de vigorar de forma
absoluta – não há hipótese de entender que algum 3º pode ou teria legitimidade para ser
parte nessa ação – relatividade absoluta: é relativo porque não podemos imaginar que
pudesse ser de outra forma, aquilo que for definido entre as partes vale erga omnes
Não tenha havido oposição 🡪 todos os processos admitem por força do contraditório –
exigência somente de possibilidade de oposição 🡪 MAS hoje redundante, pois há sempre a
possibilidade de contraditório
● Terceiro com qualidade de parte - Caso em que é terceiro, MAS tem a mesma
qualidade jurídica que qualquer das partes na ação – 581º/2 – definição das partes: as
partes são as mesmas quando tenham a mesma qualidade jurídica
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Artigo 263.o Legitimidade do transmitente - Substituição deste pelo adquirente
3 - A sentença produz efeitos em relação ao adquirente, ainda que este não intervenha
no processo, exceto no caso de a ação estar sujeita a registo e o adquirente registar a
transmissão antes de feito o registo da ação. – Estabelece que mesmo que o adquirente
não chegue a intervir o caso julgado é lhe extensível
● Obrigações solidárias
O caso julgado entre o credor e um dos devedores não é oponível aos restantes devedores,
mas pode ser oposto por estes, desde que não se baseie em fundamento que respeite
pessoalmente aquele devedor.
O caso julgado entre um dos credores e o devedor não é oponível aos outros credores; mas
pode ser oposto por estes ao devedor, sem prejuízo das exceções pessoais que o devedor
tenha o direito de invocar em relação a cada um deles.
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Artigo 635º (Caso julgado)
1. O caso julgado entre credor e devedor não é oponível ao fiador, mas a este é lícito
invocá-lo em seu benefício, salvo se respeitar a circunstâncias pessoais do devedor que não
excluam a responsabilidade do fiador.
- um caso julgado condenatório ao devedor não é
oponível ao devedor, MAS se favorecer o fiador é extensível, improcedência
aproveita ao devedor, se for procedente não prejudicia o devedor – terceiero não
pode ser prejudicado pelo caso julgado
2. O caso julgado entre credor e fiador aproveita ao devedor, desde que respeite à
obrigação principal, mas não o prejudica o caso julgado desfavorável.
● Artigo 291º
O caso julgado não vale para sempre – vale até quando se mantiver inalterada a situação
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Exemplo: se alguém tiver sido reconhecido como proprietário o caso julgado vale quanto o
proprietário alienar o bem
Obrigações duradouras – ex: obrigações de alimentos, vale isto para sempre? A resposta
é que não, pois tal como acontece no âmbito dos negócios jurídicos se houver uma
alteração das circunstâncias tal tem de ser acompanhado
Alterações de facto é o mais normal; Quanto às modificações de direito, tal pode justificar
a alteração do caso julgado? Imediatamente aplicável nos termos do artigo 12º
Quando a lei se declarar inconstitucional, o passado está coberto pelo caso julgado, e para
o futuro? Modifica-se para o futuro.
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