Você está na página 1de 57

TEORIA E PARTE

GERAL DE
RECURSOS
CONTEÚDO:
CONCEITO DE RECURSO

MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS

CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

 QUANTO À EXTENSÃO DA MATÉRIA: RECURSO PARCIAL E RECURSO TOTAL

 QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO: LIVRE E VINCULADA

ATOS SUJEITOS A RECURSO E RECURSOS EM ESPÉCIE

DESISTÊNCIA DO RECURSO

RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER


CONCEITO
 ETIMOLOGICAMENTE: refluxo, refazer o curso, retomar o caminho ou correr para o

lugar de onde veio.

 JURÍDICO: usado de forma ampla, com intuito de identificar todo meio empregado

por quem pretenda defender o seu direito.

 ASCEPÇÃO TÉCNICA E RESTRITA: meio ou instrumento destinado a provocar o

reexame de decisão judicial, no mesmo processo em que proferida, com a


finalidade de obter-lhe a invalidação, reforma, esclarecimento ou a integração.
MEIOS DE IMPUGNÃÇÃO DE
DECISÕES JUDICIAIS
 RECURSOS

 AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO

 SUCEDÂNEOS RECURSAIS
RECURSOS

 Meio de impugnação da decisão judicial utilizado dentro do

mesmo processo em que é proferida. Há o prolongamento,

extensão, do curso do processo.


AÇÃO AUTÔNOMA DE IMPUGNAÇÃO

 Instrumento de impugnação da decisão judicial, pelo qual se dá a origem a um


processo novo, com objetivo de atacar ou interferir em decisão judicial.
 Diferencia-se do recurso porque não é veiculada no mesmo processo em que a
decisão recorrida fora proferida.
 Exemplos:
 Ação rescisória
 A querela nullitatis*
 Embargos de terceiros
 Mandado de segurança
 Habeas corpus contra ato judicial
 Reclamação
SUCEDÂNEO RECURSAL
 TODO meio de impugnação de decisão judicial que nem é recurso nem é ação

autônoma de impugnação.
 Portanto, engloba todas as formas de impugnação da decisão.

 Exemplos:

 Pedido de reconsideração

 Pedido de suspensão da segurança

 Correição parcial
CLASSIFICAÇÃO DOS
RECURSOS
 QUANTO À EXTENSÃO DA MATÉRIA: recurso parcial e total

 Art. 1002 do CPC – decisão impugnada em parte (parcial) ou no todo (total)

 Parcial – em virtude de limitação voluntária não compreende a totalidade do

conteúdo impugnável da decisão. O recorrente decide impugnar apenas uma parcela


ou um capítulo da decisão.
QUANDO ACONTECE?
 Em decisões que contém mais de uma resolução
 Mais de uma pretensão

*diz-se que cada parte dessa constitui um capítulo de sentença*

Mérito (pedido formulado pela parte)


Os capítulos podem versar sobre

Matéria processual
Matéria + mérito
OS CAPÍTULOS PODEM SER
Dependentes ou condicionantes –
está condicionado a um pedido principal
Ex. Danos morais e juros de mora
Ex. honorário sucumbenciais

Independentes –
Subsistem

Ex. justiça gratuita e dano moral


CAPÍTULO ACESSÓRIO
 Se o recorrente impugnar o capítulo principal, os acessórios estarão incluídos,

mesmo em caso de silêncio a respeito deles.

Ex. Se a parte recorrer do montante principal, o recurso abrange os capítulos


relacionados a juros, à correção monetária e às verbas da sucumbência.
O QUE ACONTECE COM O
CAPÍTULO NÃO IMPUGNADO?
O TRIBUNAL PODE ADENTRAR O
EXAME DE ASPECTOS DE CAPÍTULOS
NÃO IMPUGNADOS?
§ 1º, ART. 1.013 DO CPC

Caput. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da


matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo


tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no
processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado.
RECURSO TOTAL
 Abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida. Se o recorrente não

especificar a parte em que impugna a decisão, o recurso de ser interpretado como


total. (MOREIRA, José Carlos Barbosa).

 Recurso integral é o que contém impugnação de toda a decisão, em todos os seus

capítulos, e portanto, opera a devolução de toda a matéria decidida; (DINAMARCO,


Cândido).
QUANTO A
FUNDAMENTAÇÃO: LIVRE

 Aquele que o recorrente está livre para, nas razões do seu recurso, deduzir

qualquer tipo de critica em relação à decisão, sem implicações na sua


admissibilidade.

 A causa de pedir recursal não é delimitada pela lei, podendo o recorrente impugnar

a decisão alegando qualquer vício.

 Ex. apelação, agravo de instrumento e recurso ordinário.


QUANTO A FUNDAMENTAÇÃO
VINCULADA
 A lei limita o tipo de crítica que se possa fazer contra a decisão impugnada. O recurso

caracteriza-se por ter fundamentação típica. É preciso encaixar a fundamentação do recurso


em um dos tipos legais.

 Não se pode utilizar o recurso para veicular qualquer espécie de crítica à decisão recorrida.

 O recorrente deve alegar um dos vícios típicos para que seu recurso seja admissível.

 A alegação é indispensável para que o recurso preencha o requisito da regularidade formal.

Afirmando um dos vícios que permite a sua interposição.

 Precisa apontar o vício que fará com que o recurso seja conhecido.
EXEMPLO:
 Embargos de declaração. Precisa ser apontado um ou mais vícios para que seja

cabível – omissão, contradição, erro material e obscuridade.

 Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição

dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou

omissão, e não se sujeitam a preparo.


EXEMPLOS
 Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos
previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o
vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.


MODELO DE EMBARGO DE
DECLARAÇÃO
MODELO DE RECURSO DE
APELAÇÃO
ATOS SUJEITOS A RECURSOS
EM ESPÉCIE
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,
decisões interlocutórias e despachos.

SOMENTE DECISÕES JUDICIAIS


SENTENÇAS art. 203, em seu §
1º do CPC
"Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos

especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o

juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase

cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a

execução".
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS § 2o do
artigo 203 do CPC

 § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de

natureza decisória que não se enquadre no § 1º.

 É a decisão interlocutória pelo qual o juiz, no curso do processo,

resolve questão incidente, tendo, portanto, como recurso o agravo.


Ela pode ser definida também como pronunciamento de outras
decisões, que não são consideradas sentença.
DESPACHO § 3o do artigo 203
do CPC
São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados
no processo, de ofício ou a requerimento da parte.

Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.

Os despachos são os demais pronunciamentos do juiz, também chamados de atos


ordinatórios ou de impulso oficial, pois dão andamento ao processo. Como não têm
conteúdo decisório, não são passíveis de recurso.
ATOS QUE NÃO CABEM
RECURSOS
 Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria:

VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.

 Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões

interlocutórias e despachos.

§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória,

independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e

revistos pelo juiz quando necessário.


CONT.... Art. 93 DA CF/88
 Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os
seguintes princípios:

XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de


administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
O QUE PODE SER FEITO COM
ESSES ATOS?
DESSISTÊNCIA DO RECURSO
 Também conhecida como revogação do recurso, como se trata de uma demanda,

ela pode ser revogada pelo recorrente.

Pode ser: PARCIAL


TOTAL
COMO SE DÁ?
 Até o julgamento ou prolação do voto

 Por escrito ou sustentação oral

 Independe de consentimento da outra parte – CPC, art. 998

 Independe de homologação judicial para a produção dos efeitos – CPC, art.

200

 Necessita de homologação para produzir efeitos a desistência da ação – CPC,

art. 200, §ú
CPC, Art. 998
 O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido

ou dos litisconsortes, desistir do recurso.

Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de


questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela
objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais
repetitivos.
CPC, Art. 200. 
 Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou

bilaterais de vontade produzem imediatamente a


constituição, modificação ou extinção de direitos
processuais.

Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos


após homologação judicial.
DESISTÊNCIA X RENÚNCIA
 DESITÊNCIA = RECURSO INTERPOSTO

 RENÚNCIA = SEM INTERPOIÇÃO DE RECURSO


CARACTERÍSTICAS
 DESITÊNCIA é conduta determinante – produz resultado desfavorável, e, portanto, produz

efeitos apenas para o recorrente.

 Em caso de litisconsórcio unitário a desistência precisa da desistência de todos os

litisconsortes.

 Extingue o procedimento recursal

 Obs. É diferente da extinção por inadmissibilidade.

 Não extingue o procedimento recursal se houver outro recurso pendente de análise.

 Desistência parcial não gera extinção do procedimento recursal.

 Impede interposição de novo recurso de que se desistiu, ainda que dentro do prazo.

 Desistência é fato impeditivo e implica a inadmissibilidade do recurso.


JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

JUÍZO DE MÉRITO DO RECURSO


JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Trata-se da análise da aptidão de um procedimento ter o seu mérito – objeto litigioso –
examinado;

Duplo exame:

Primeiro: exame do conteúdo da postulação;

Examina-se: admissibilidade ou inadmissibilidade;

Tem prioridade lógica; Sempre antes do juízo de mérito

Validade dos atos jurídicos;


Cont....
 Pode ser: positivo (conhece ou admite) ou negativo;

 Positivo – analisa o mérito;

 Negativo – não analisa o mérito;

 Provisório (a quo) ou definitivo (ad quem):

Obs. Exceto o Agravo de Instrumento (art. 1015 e segs. CPC), os recursos são interposto perante o juízo a
quo;

Em regra o juízo a quo não tem competência para fazer o juízo de admissibilidade;

Exceto: em recurso extraordinário e especial;

No tribunal:

Feito pelo relator do recurso (cabendo agravo interno art. 932, III e 1.021, CPC);
REQUISITOS DE
ADMINISSIBILIDADE
 Intrínsecos: relativos a própria existência do direito de recorrer – cabimento,

legitimação, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de


recorrer.

 Extrínsecos: relativos ao modo de exercício do direito de recorrer – preparo,

tempestividade e regularidade formal.


Cabimento
 A decisão é, em tese, recorrível?

 Qual o recurso cabível?

 Será cabido quando:

 Recurso adequado contra a decisão recorrível;

 Previsão legal do recurso;

 Se o recurso é adequado para combater a decisão;


Princípios

 Fungibilidade:

 Conversão de um recurso em outro, em caso de equívoco da

parte; (erro grosseiro ou preclusão)

 Aplicação do principio da instrumentalidade das formas.

 Art. 1032-1033 do CPC regras para recurso extraordinário.


Unicidade, unirrecorribilidade
ou singularidade
 Impede a utilização simultânea de dois recursos contra a mesma decisão;

 O último recurso será inadmissível;

 Um único recurso pode impugnar mais de uma decisão;

 Possibilidades:

 Acórdãos complexos – recursos especial e extraordinário;

 Doutrina: embargo de declaração e recurso contra a decisão;


Taxatividade
legitimidade
 Art. 996 do CPC;

 Parte vencida;

 Terceiro interessado prejudicado;

 Ministério Público – parte ou fiscal.


Interesse
 Segue a metodologia do interesse de agir;

 Precisa haver utilidade – recorrente, em tese, espera que haja situação mais

vantajosa com o recurso;

 Enunciado 126 da Súm. STJ – ex. de recurso inútil;


Inexistência de fato impeditivo ou
extintivo do poder de recorrer
Impeditivos:

Factum proprium;

Desistência ou procedência do pedido são impeditivos de recorrer

Exceto se for para discutir a validade de tais atos;

Extintivo:

renúncia e aceitação;
Tempestividade
 Prazo fixado em lei;

 Unificação dos prazos em quinze dias, exceto embargos de declaração (art.

1003, § 5º do CPC);

 Apenas dias úteis (art. 209, CPC);

 Termo inicial do prazo recursal = intimação da decisão (art. 1003, CPC)

 Intimação deve vir acompanhada do conteúdo da decisão;

 Podendo ser ao advogado ou a sociedade de advogados (art. 1003, caput, CPC);

 É verificado pela data do protocolo;

 Se for antes do início do prazo recursal? (art. 2018, § 4º, CPC)


Regularidade formal.
A regra da dialeticidade dos recursos
 Requisitos formais em lei – forma segundo a qual o recurso deve revestir-se;

Capacidade postulatória;
Preparo
 Consiste no adiantamento das despesas relativas ao processamento do recurso;

 Falta de preparo – deserção;

 Comprovado no momento da interposição (art. 1007, CPC);

 Anexando as guias de recolhimento;

 PROBLEMAS RELACIONADOS AO PREPARO

 falha na comprovação do preparo;

 Ausência de preparo (pagamento em DOBRO), art. 1007, §4º, CPC;

 Preparo insuficiente.

* OBS. Nenhum dos casos autoriza a inadmissibilidade imediata do recurso. INTIMAR a parte recorrente para
correção do defeito, art. 932, § ú, CPC.
JUÍZO DE MÉRITO
 Trata-se da apuração da existência ou inexistência de fundamentação para o que se

postula, tirando-se daí as consequências cabíveis, ou seja, acolhendo-se ou


rejeitando-se a postulação.

 Depende do juízo de admissibilidade; sua análise é determinada pelo juízo de

admissibilidade;

 Analisa se é procedente ou improcedente;


CONCEITO DE MÉRITO DO
RECURSO
 Trata-se da pretensão recursal, ou seja, a matéria devolvida para a reanálise de

sua: INVALIDAÇÃO, REFORMA, INTEGRAÇÃO OU ESCLARECIMENTO (ED).

 Causa de pedir do recurso;

 Pedido recursal;
A CAUSA DE PEDIR RECURSAL:
o error in procedendo e o error
in iudicando
 Causa de pedir própria, ou fato jurídico apto a autorizar a reforma, a
invalidação, a integração e o esclarecimento da decisão recorrida.
 Error in iudicando – fatos capazes de gerar a reforma da decisão;

 Error in procedendo – fatos capazes de invalidar a decisão;


Ex. error in iudicando
 O tribunal ad quem constata a ocorrência de litispendência, não obstante o juiz de

primeiro grau ter rejeitado a preliminar.

 Formal – decisão interlocutória está sem erro – válida;

 Conteúdo – decisão com defeito.

 O que justifica a reforma da decisão;

 Ad quem provê o recurso para que a decisão seja reformada.


Error in procedendo

 Ocorre o desrespeito da norma de procedimento e provoca prejuízo ao

recorrente.

 Ex. o juiz designa perícia, e não determina a intimação das partes

para indicar assistentes técnicos e formular quesitos.

 Ad quem provê o recurso para que a decisão seja invalidada.


Ad quem

PROVIMENTO?

NEGA PROVIMENTO?
Exercícios

 Grupos

 Cada grupo deverá elaborar 4 questões, podendo ser dissertativa ou

discursiva.

 Com gabarito

Você também pode gostar