Professor João Quinelato de Queiroz Secretário Geral da ESA. Doutor e Mestre em Direito Civil pela UERJ. Professor do Ibmec/RJ. ENDEREÇAMENTO DA APELAÇÃO • Peça de interposição: endereçada ao juízo prolator da sentença apelada (art. 1.010, caput, CPC). Ex: AO DOUTO JUÍZO DA 90º VARA CÍVEL DA COMARCA DE ALFA ou AO DOUTO JUÍZO DA 90º VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ALFA
• Razões do Recurso de Apelação: endereçadas ao Tribunal de Justiça.
Ex: AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ou AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ___ REGIÃO PEÇA DE INTERPOSIÇÃO RAZÕES RECURSAIS DIALETICIDADE RECURSAL
• “A jurisprudência, no geral, já vinha reconhecendo o princípio da
dialeticidade recursal, que impõe ao recorrente ‘dialogar’ com a decisão recorrida, atacando precisamente os seus fundamentos ou seus aspectos formais de modo a requerer a sua reforma ou anulação.” (AMARAL, Guilherme. Comentários às Alterações do Novo CPC. São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais. 2016) JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA Apelação Cível. Direito do Consumidor e Processual Civil. Energia elétrica. Sentença de improcedência. Apelo da parte autora. Efeito devolutivo do recurso de Apelação. Ao pleitear o reexame, a parte recorrente fixa os limites e a extensão da matéria que será apreciada pelo Tribunal. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, embora o recurso de apelação devolva ao Juízo ad quem toda a matéria objeto de controvérsia, seu efeito devolutivo encontra limites nas razões aventadas pelo recorrente, em homenagem ao princípio da dialeticidade. Assim, o julgador, no momento de decidir, está restrito aos limites da impugnação, em atenção ao princípio tantum devolutum quantum appellatum. No caso dos autos, os fundamentos da sentença não foram especificamente impugnados, tendo a apelante se limitado a reproduzir alegações genéricas acerca da irregularidade da interrupção do serviço, sem abordar o fundamento da improcedência que diz respeito ao reconhecimento da ilegitimidade da demandante por ausência de provas, mesmo após sucessivas intimações para sua comprovação. Recurso não conhecido. (0007131-63.2018.8.19.0075 - APELAÇÃO. Des(a). MARCO ANTONIO IBRAHIM - Julgamento: 16/12/2022 - VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL) FUNDAMENTOS LEGAIS DA DIALETICIDADE DOS RECURSOS Art. 932. Incumbe ao relator: III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; COMO SER DIALÉTICO NA APELAÇÃO? • Narrar os fatos e direito envolvendo o caso. • Colacionar a sentença apelada no Recurso, e dizer, especificamente, de qual parte se está recorrendo. (Efeito devolutivo) • Rebater TODOS os fundamentos do trecho da sentença que se deseja recorrer. • Ser claro quanto ao pleito recursal (anulação ou reforma da sentença?) PRELIMINARES DE APELAÇÃO
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. ESTRUTURA DO RECURSO DE APELAÇÃO Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão. EFEITOS DA APELAÇÃO • Efeito devolutivo: art. 1.013 Tantum devolutum quantum apellatum, provérbio em latim que significa que o Tribunal está restrito a analisar os fundamentos do apelo, não podendo ir além da matéria que lhe foi devolvida.
• Efeito suspensivo: art. 1.012 do CPC.
As sentenças nascem, em regra, sem produzir efeitos, pois o recurso que às impugna possui efeito suspensivo, ressalvados os casos excetuados pelo § 1º do art. 1.012 do CPC. EXCEÇÕES AO EFEITO SUSPENSIVO NA APELAÇÃO (ROL TAXATIVO) Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. REQUERIMENTO DE EFEITO SUSPENSIVO EM APELAÇÃO
• Pode ser efetuado diretamente ao Tribunal, antes da distribuição da
Apelação em 2º grau (art. 1.012, § 3º, inciso I do CPC). Necessidade de demonstrar o risco na demora em esperar a Apelação ‘subir’.
• Pode ser efetuado após distribuição da Apelação, e o pedido de
concessão de efeito suspensivo deve ser feito diretamente ao Desembargador Relator. REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO EM APELAÇÃO
• Requisitos do art. 300 do CPC:
• Probabilidade do direito alegado
• Perigo de dano irreparável ou risco ao resultado útil do processo.
PEDIDO RECURSAL • A Apelação deve ter como pedido a REFORMA ou a ANULAÇÃO da sentença.
• A reforma terá o efeito prático de substituição da sentença de 1º grau
pelo acórdão prolatado pelo Tribunal.
• A anulação terá o efeito de cassar a sentença de 1º grau com remessa
ao juízo de origem para que, sanado os vícios, profira uma nova sentença. POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO MONOCRÁTICO • O CPC permite que em determinados casos o Recurso de Apelação seja julgado por meio de decisão monocrática pelo Relator do recurso (art. 1.011, inciso I, do CPC). São as hipóteses previstas no art. 932, III e V, do CPC.
Art. 932. Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; COMO RECORRER DE UMA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR? Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará
especificadamente os fundamentos da decisão agravada.
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para
manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. CUIDADOS AO INTERPOR O AGRAVO INTERNO • Possibilidade de aplicação de multa (art. 1.021, § 4º, do CPC).
• Maior necessidade de ser dialético.
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. § 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final. AGRAVO INTERNO NA APELAÇÃO CÍVEL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA, QUE CONSTITUI OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE E DA CONGRUÊNCIA. A APELAÇÃO É O RECURSO CABÍVEL PARA IMPUGNAR SENTENÇA PROFERIDA POR JUÍZO DE DIREITO DE VARA CÍVEL. NA ESPÉCIE, FOI INTERPOSTO RECURSO INOMINADO, RECURSO ESSE QUE VISA IMPUGNAR SENTENÇA PROLATADA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS, NOS TERMOS DA LEI 9.099/95, EM SEU ARTIGO 41, SENDO ESSE ENDEREÇADO INCLUSIVE, PARA O CONSELHO RECURSAL. DESTAQUE-SE QUE O PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE CONSAGRA A PREMISSA DE QUE, PARA CADA DECISÃO IMPUGNADA, HÁ RECURSO ADEQUADO PREVISTO NO ORDENAMENTO JURÍDICO. TRATANDO-SE DE ERRO GROSSEIRO, NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE, TENDO EM VISTA QUE O EQUÍVOCO NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO SOMENTE É ESCUSÁVEL SE HOUVER DÚVIDA OBJETIVA ACERCA DO SEU CABIMENTO, OU SEJA, SEMPRE QUE HOUVER DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA OU JURISPRUDÊNCIA QUANTO À NATUREZA JURÍDICA DO ATO IMPUGNADO, CIRCUNSTÂNCIA ESSA QUE NÃO SE APRESENTA NO CASO EM COMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO INTERNO, COM APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 1021, § 4º DO CPC.