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org.

Leonardo Dantas Silva


I ' I

presidente da RepQblica
JOSE SARNEY

Ministro da Cultura
JOSE APARECIDO DE OLIVEIRA

Secretário Geral do MINC


JOAQUIM ITAPARY FILHO

Coordenador do Programa Nacional do Centenário da Abolição


CARLOS ALVES DE MOURA ALGUNS
Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
DOCUMENTOS
FERNANDO DE MELLO FREYRE , PARA A

Foi feito depósito legal

Alguns documentos para a hist6ria da escravidão / organiza-


-
ção de Leonardo Dantas Silva. Recife: FUNDAJ, Edito-
ra Massangana, 1988.
214 p. - (Abolição, Fundação Joaquim Nabuco, v. 111
Inclui bibliografia
ISBN 85-7019-155-3
1. ESCRAVOS: BRASIL: HISTORIA
2. ESCRAVOS: COMERCIO. I. Tltulo. II. Fundaflo Recife
Joaquim Nabuco. III.Série. Fundaçh Joaquim Nabuco
CDU 1.326(81 )(O911 Editora Massangana
2.326.1 1988
ISBN 85-7019-155-3
Q 1988 Leonardo Dantas Silva
Reservados todos os direitos desta edição

Reprodução proibida, mesmo parcialmente, sem autorização da


Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco

-
Fundação Joaquim Nabuco Editora Massangana
-
Rua Dois Irmãos, 15 - Apipucos Recife - PE - Brasil
CEP 52.071

Impresso no Brasil
Printed in Brazil

Conselho Editorial
Fernando de Mello Freyre (Presidente)
Alubio Bezerra Coutinho
Bráolio do Nascimento
Clbvis de Vasconcelos Cavalcanti .
Frederico Pernambucano de Mello '
Gilberto de Mello Kujawski
José Geraldo Nogueira Moutinho A escravidão tem suas origens com a prõpria humanidade: desde
Leonardo Dantas Silva os tempos blblicos, descritos no livro do GBnesis. os vencidos eram tor-
Luiz Antônio Barreto nados à condição de escravos, em troca de suas vidas. A escravidão era
Maria do Carmo Tavares de Miranda dessa forma, vista como um gesto humanitário, chegando a fazer parte
Tânia Bacelar de todos os grandes c6digos da antiguidade, como o de Harnurabi, com
especial enfoque no Direito Romano e nas Ordenações do Reino, que
Direção Executiva da Editora Massangana serviram de norma escrita ao mundo português at8 o século XIX.
Depois que Antão Gonçalves e Nunes Tristáo capituraram os aze-
-
Leonardo Dantas Silva Diretor Geral negues do Rio do Ouro, em 1441, a serviço do Infante D. Henrique de
-
Maria da Conceição Luna Rodrigues Gerente Administrativo Portugal, as expedições portuguesas e espanholas transfonnaramse em
-
Si'lvio Bentzen Pessoa Diretor de Editoração verdadeiras empresas,, com objetivo de incrementar o com6rcio escravo,
fixando na Costa da Africa, várias feitorias, especialmente na regiáo do
Evaldo Donato - Diretor de Comercialização Cabo Branco, estabelecendo-se poçtenomente na ilha de Arguim (1448)
Capa: Vanilda B. Pordeus, Composição: Maria do Carmo Oliveira e e no Senegal (1460), com a finalidade de adquirir prisioneiros de triboç
Selme Galvão. Revisão: Rômulo Freire, Ednéa Paiva, Rosa Martins, africanas, para transformti-Ias em escrava.
Ana Carmelina e Edilice Pessoa. Na estimativa de Vitorino Magalh3es Godinho, in Os descobri-
mentos e a economia mundial v. 1V (Lisboa, 1981-83), citado por JosB
Ilustração da capa: A Escravidao -"Negros novos" e a legenda Ramos Tinhoráo, in Os negras em Portugal (Lisboa, 1988), foram im-
original do desenho refletindo cena thica do tempo em que era ainda portados como escravos berberes, árabes e n e g m africanos, entre 1448
permitido o tráfico de escravos, De: Joann Moritz Rugendas. e 1505, de 136.000 a 151.000 indivlduos.1
Em Portugal, foram os escravos, inicialmente, destinados aas ser-
Folha de guarda: Mapa de Pernambuco publicado em 1624 no origi- viços domésticos e logo em seguida passaram a ser usados na florescen-
nal holandes, "Roteiro do rico Brasrl, no da Prata e Magalhjes, no te lavoura da canade-açúcar nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde.
qual se vê as condições de suas terras e cidades, comercro, frutos e
fertilidade de seu solo, ilustrado com gravuras em cobre':
'Em 1638 n%ose punha mais resistencia A escravidão de negros; o
Conselho Eclesiástico ao pretender educar os escravos na religião
reformada, achou dispensável 'cogitar-se atualmente se 6 lícito a
um cristão comprar e vender negros para escravizá-los'. E no mes-
mo ano já se diz: 'sem escravos não é possível fazer alguma coisa
.
no Brasil. . e por nenhum modo podem ser dispensados: se al-
".
g u h sentir-se nisto agravado, será um escrúpulo inútil'
7 - op. cit p. 183, nota 27.
8 - op. cit. p. 181 nota 23.
9 - COSTA, F. A. Pereira d a Anais Pemambucanos. Recife,
1983-1985, v. V11, p. 195 (Coleçao Pernambucana 2Vase).
10 - MELLO, JosB AntBnio Gonsalves de. op. c i t p. 184.
-
11 CALMON, Pedro. op. cit p. 347.
-
12 MELLO, Joçé AntBnio Gonsalves de. op. cit. p. 185186. Vide ainda
a obra de Gaspar Barlaeus, Histbria dos feitos recentemente
praticados durante oito anos n o Brasil etc., impresso em
Amsterdarn em 1647, traduzida para o portugués por Cláudio Braw
dão, Coleção Recife v. IV, 1980, que às p. 253-254 nos dá porme-
norizada descrição dos quilomboç dos Palmares.
- -
13 COUTO, Domingos do Loreto (c 1696 c 1762). Desagravos do
Brasil e g161ais de Pernarnbuco, 1981, p. 545 (Coleção Recife
.
v. Xl)
14 - KOSTER, Henry. Travels in Brazil. Londres, 1816. Esta obra foi
traduzida para o portugub por Luiz da Câmara Cascudo e sua r e
edição publicada sob o titulo Viagens a o Nordeste do Brasil.
Recife, 1978, v. XVII. (Coleção Pemambucana, 15 fase).
15 - COSTA, F. A. Pereira d a op. cit v. IX, p. 313-317. DIARIO DA VIAGEM DO CAPITÃO
JOÃO BLAER, AOS PALMARES EM 1645

RELAÇÃO DAS GUERRAS FEITAS AOS PALMARES


DE PERNAMBUCO NO TEMPO DO GOVERNADOR
D. PEDRO DE ALMEIDA DE 1675 A 1678 27

MEM~RIA DOS FEITOS QUE SE DERAM


DURANTE OS PRIMEIROS ANOS DE
GUERRA COM OS NEGROS QUILOMBOLAS
DOS PALMARES, SEU DESTROÇO
E PAZ ACEITA EM JUNHO DE 1678
cONDIÇ~ES AJUSTADAS COM O GOVERNADOR
DOS PAULISTAS DOMINGOS JORGE VELHO D i k i a da viagem
EM 1 4 DE AGOSTO DE 1693 PARA CONQUISTAR
E DESTRUIR OS NEGROS DE PALMARES da Capitãa 9aáe Btaes
DOCUMENTOS DOS QUILOMBOS DE GOIANA-CATUCAS
aad Pae~cariasem 1645 *
DCCADAS DO ROSARIO DOS PRETOS.
DOCUMENTOS DA IRMANDADE

MANUSCRITOS DA IGREJA DE NOSSA


SENHORA DO ROSARIO DOS
HOMENS PRETOS DO RECIFE

LIVRO DE COMPRA E VENDA DE ESCRAVOS - 1864 A 26 de fevereiro partiu de Salgados o capitão Jogo Blaer com
sua gente e tendo marchado duas milhas chegou a um rio chamado
Elinga, al6m do qual havia um alto monte; dali caminhamos ainda
DOCUMENTAÇÁO: ESCRITURAS DE ESCRAVOS - 1866 duas milhas e chegamos junto a um rio de nomesebahúma, em cuja
margem meridional pernoitamos e onde, na mesma tarde, os nonos
Indios fisgaram alguns peixes chamados tarairais.
A 27 do mesmo, pela manhã, transpusemos o rio e o alto mon-
te e, tendo marchado boas quatro milhas, chegamos a um pequeno
rio chamado Tamala, onde descansamos um pouco: prosseguindo
depois a marcha, um quarto de milha além chegamos a um antigo en-
genho de nome S. Miguel onde ainda vimos jazeralgum cobre e ferra-
gens do velho engenho, dali caminhamos uma milha e chegamos ao
rios. Miguel, acampando pela noite na sua margem do norte.
A 28 continuamos a marcha ao longo da dita margem, pores
paço dum quarto de milha; atravessamos então o rio e caminhamos
uma milha pequena, quando de novo passamos para o lado norte e
após meia milha de marcha encontramos alguns rnondgs ou annadi-

C
DIBrlo da Viagem do CapitKo JoUo Blser aos Pai- em 1BSã RIAP. ~rrtt..(88):-
96, 1902.
lhas para pegar caça às quais, porém, estavam abandonadas; ali acam- nossa gente que só com grande trabalho tinha conseguido subir aque
pamos para no outro dia mandar examinar se não havia nas imedia- te rio Paraiba andando pelo leito cheio de penhascos submenos, por-
ções pegadas de negros; à mão direita do nosso acampamento ficava quanto às margens estão cobertas de vegetação tão densa que é quase
um grande lagradiza (alagadiço) ou pântano. imposslvel atravessá-la; este rio é muito piscoso e estende-se mais
A 1 de março pela manhã o capitão dos nossos lndios matou para o norte; ali pernoitamos.
à flexa um grande pássaro chamado Anhima, na nossa Ilngua pássaro A 7 do dito permanecemos acampados e mandamos a nossa
de chifre (hoornvogel), pois tem um corno do comprimento de um gente pescar; pegaram peixes em abundância tanto a flechadas como
dedo sobre a cabeça e outros em cada asa, os quais dizem servir de com anzóis.
contraveneno. A 8 do dito passamos para a margem sul deste rio e subimos o
A 2 do dito mês o capitão matou ainda um outro destes pás- rio Parengabo por espaço de cinco milhas, margeandeo ora dum ora
saros; neste dia mandamos a nossa gente e os índios à procura de pe- doutro lado; este caminho tivemo-lo nós mesmos que abri-lo; acam-
gadas; mas, nada encontraram, por isso ficamos ali aquela noite e pamos junto à margem sul do mesmo rio.
tamb6m o capitao João Blaer, tendo caldo mortalmente doente, vol- A 9 do dito pela manhã continuamos a marcha por dentro do
tou, com cinco holandeses e doze índios, carregado para as Alagoas; mato durante seis boas milhas e transpusemos alguns montes, um dos
o tenente Jurgens Reijmbach continuou conosco a marcha e cami- quais bem alto, até chegarmos ao passo de Dona Ana, distante cin-
nhamos uma milha por dentro do mato na margem sul do rios. Mi- co milhas de Salgados, junto a um rio de nome Itvbahúmma, perto
guel e quatro através duma campina chamada Campo de Húmanha; do qual pernoitamos.
ali pernoitamos I na I margem sul do rio S. Miguel, que estava todo A 10 do dito pela manhã marchamos duas milhas; tendo dei-
cheio de lajedos. xado à nossa direita um alto monte chamado Waipoú, chegamos na
A 3 do dito, prosseguindo na marcha através desta Campina campina a um rio arenoso e seco onde os nossos lndios mataram a
Hfimanha, passamos três rios arenosos e secos, nos quais apenas havia flechada seis grandes e dois pequenos porcos do mato; dali caminha-
água para beber; estes rios são chamados Cammera; continuando o ca- mos ainda três milhas em parte pelo leito do rio seco, até o rio S.
minho pela campina e, por espaço duma milha, por dentro do mato, Miguel, junto ao qual acampamos.
deixamos à nossa esquerda um monte muito alto chamado Taipoú; A 11 do dito seguimos rumo de oeste passando ora por dentro
pouco depois chegamos a um rio de nome Sagd junto ao qual acam- do mato, ora pela campina e às vezes pelo leito de rios secos, em
pamos. um dos quais, chamado S. Miguel, pernoitamos.
A 4 do dito, depois duma pequena milha de marcha, chegamos A 12 do dito subimos o rio de S. Miguel durante cinco milhas,
a um braço do citado rioSagoú; tlnhamos um bom caminho que dei- encontrando aqui e ali água para beber; depois passamos para a mar-
xamos à esquerda e metemo-nos pelo mato e, uma milha adiante, gem sul e chegamos a um campo aberto chamado Pasto Novo w
atravessamos um alto monte duas milhas além do qual pernoitamos Campo de Tamala; ali deixamos à nossa direita dois montes alcantila-
junto a um riacho. dos, a que dão o nome de Grasicqda; também havia em vários lugares
A 5 do dito marchamos durante três boas milhas por dentro muito capim comprido; esta campina tinha duas milhas de extensão
do mato e transpusemos alguns montes, porém nem altos nem In- e, tendo feito ainda meia milha por dentro do mato, acampamos e fi-
gremes e ali acampamos. zemos cavar poços a fim de achar água para beber.
A 6 do dito prosseguimos na marcha e chegamos a um rio d A 13 do dito pela manhã seguimos em direção ao norte e feito
nome Pevirgavo, o qual subimos por espaço de cinco milhas, ora n i meia milha de caminho chegamos de novo ao rio S. Miguel que um
ma,ora noutra margem, at6 chegarmos ao rio Para/ba, que despej quarto de milha mais adiante despenha-se dum monte situado ao
na Alagoa junto do engenho de Gabriel Soares; encontramos a nossa oeste; galgamos este, que era todo de penhascos e tem o nome de Ca-
gente, que havia reconduzido o capitão João Blaer para a Alagoas, a choeiradest. MigUel; esta cachoeira não 6 tão elevada quanto a do
cinco milhas do engenho de Gabriel Soares no lugar chamado Barra Paraiba, que tem bem quatro vezes a sua altura; estivemos acima de%
de Parúgavo, onde o rio Parengabo desemboca no Paraiba; disse a ta cachoeira do Para/ba, mas não junto a ela; neste lugar descansamos
um pouco e enviamos um negro, que trazíamos conosco, com alguns seguida chegamos ao velho Palmares que os negros haviam deixado
Indios a bater o mato, os quais trouxeram-nos quatro grandes porcos desde três anos, abandonando-opor ser um sltio muito insalubre e ali
do mato e um pequeno, mortos a f1echa;depois prosseguimos na mar- morrerem muitos dos seus; este Palmares tinha meia milha de compri-
cha e acampamos junto à margem sul do rio S. Miguel. do e duas portas; a rua era da largura de uma braça, havendo no cen-
A 14 do dito, depois de havermos subido por algum tempo tro duas cisternas; um pátio .onde tinha existido a casa do seu rei,
este rio, passamos para a margem norte e uma milha adiante galgamos em cujo local está ainda agora uma grande palhoça (groot kluys), no
um elevado monte, de bem meia milha de altura, de cima do qual qual o rei fazia exercício com a sua gente; as portas deste Palmares
subimos ainda um outro monte, porém não tão alto; caminhando eram cercadas por duas ordens de paliçadas ligadas por meio de tra-
quase sempre com rumo norte ou nordeste cerca duma milha além vessões, mas estavam tão cheias de mato que a muito custo consegui-
chegamos a um rio arenoso e seco, cheio de penhascos; marchando mos abrir passagem; dali por diante marchamos por espaço de milha
mais duas milhas passamos perto do lado ocidental duma cachoeira, e meia sempre por dentro de roças ou plantações abandonadas, nas
não muito íngreme, mas presentemente sem água, no rio que aflue quais, porém, havia muitas pacovas e canas com que matamos a fc+
para o Para/ba; no dito rio acampamos, chovendo durante a noite. me; em uma destas roças acampamos e assamospacovas.
A 15 do dito, pelas oito horas da manhã, conquanto ainda cho- A 19 do dito pela manhã caminhamos meia milha e chegamos
vesse, partimos e depois duma milha de caminho deixamos aquele rio ao outro Palmares, onde estiveram os quatro holandeses, com brasi-
à nossa direita chegando a um outro cheio de penhascos; no seu lei- lienses e tapuias e incendiaram-noem parte, pelo que os negros aban-
to marchamos durante todo o dia, saltando dum penhasco para ou- donaram-no e mudaram o pouso para dali a sete ou oito milhas para
tro como os cabritos nas ilhas do mar do Norte, na extensão de cin- o sul, onde construlram um novo Palmares igual ao que precedente-
co ou seis milhas, ora em direção ao norte, ora a leste, até o rio Para/- mente haviam habitado; uma milha adiante demos com um bonito
ba; choveu todo o dia e pernoitamos na margem norte deste rio. rio, cheio de penhascos, chamado Cabelero e afluente do rio Mondoú
A 16 do dito subimos o rio Paraiba bem umas seis milhas e \ que despeja na Alagoa do Norte; depois de ainda duas milhas de
mos à direita alguns altos montes; neste dia marchamos com granc marcha chegamos a um riacho, que corria em direção a leste, e pas-
trabalho por cima dos penhascos que eriçavam o leito do rio; onc samos dois montes tendo continuamente chuva; ali pernoitamos.
muitos dos nossos deram quedas entortando as suas armas e os s A 20 do dito, depais de caminharmos quatro boas milhas,
membros,.mas não se extraviaram; acampamos na margem norte passando alguns montes e rios, chegamos a um rio chamado Japondá;
Paraiba. durante este dia encontramos todas as meias horas mucambos feitos
A 17 do dito, partindo da margem norte do Para/ba, chega- pelos negros quando deixaram o velho Palmares pelo novo situado ao
mos, depois de boas cinco milhas de caminho, a um outro rio que, leste e sudeste do primeiro; duas milhas adiante demos com um outro
vindo do norte, despeja no Paraiba, e subimos por ele durante todo mucambo dos negros onde tivemos de esperar bem duas horas por
o tempo, o leito estava cheio de penhascos; neste dia esgotaram--- três dos nossos soldados estropiados;. ctiegados estes. ainda caminha-
os nossos vlveres bem como os dos brasilienses, quando teremos o mos uma milha, até que a noite caiu e nada mais podfamos ver, e
tros s6 Deus sabe; ali na margem sul deste rio pernoitamos, avistam estávamos despidos e com frio, pois tivemos chuva o dia inteiro; es-
do lado do norte um alto monte que no dia seguinte galgamos. tivemos acampados junto a um rio até a saída da lua; às duas horas
A 18 do dito ganhamos o cimo do referido monte, que era alto da madt'ugada fizemos alguns fachos que acendemos e marchamos
e lngreme e sobre o qual encontramos água para beber; a este monte milha e meia por dentro do mato até chegarmos à porta de Palmares,
demos o nome de Outeiro de mondés ou monte das armadilhas por quando já vinha amanhecendo.
quanto em cima dele havia bem cincoenta ou sessenta destas para pe-
A o amanhecer do dia 21 chegamos 8 porta ocidental cle Pal-
gar caça, mas eram todas velhas de três anos; transposto este monte
maris, que era dupla e cercadq de duas ordens de paliçadas com gros-
chegamos, uma milha adiante, a uma antiga plantação onde encontra-
sas fravessas entre ambas; arrombamo-la e encontramos do lado in-
mos algumas pacovas verdes; dali por diante tivemos que cortar ca-
terior um fosso cheio de estrepes em que calram ambos os nossos
minho atravbs de um denso tabocal na extensão de duas milhas; em
cometas; n3o ouvimos ruldo algum senão o produzido p o r dois ne podlamos conduzi-la tendo j6 muita gente estropiada que era mister
gros, um dos quais prendemos junto com a mulher e filho, os quais fazer carregar; enchemos os nossos bornais com alguma farinha seca
disseram que desde cinco ou seis dias ali havia apenas pouca gente, e feijões a f i m de voltarmos para casa; neste dia a nossa gente quei-
porquanto a maioria estava nas suas plantações e armando mondés no mou para mais de 60 casas nas roças abandonadas; o caminho deste
mato; ainda mataram os nossos brasilienses dois ou três negros no Palmares era marginado de alas de palmeiras que são de grande pr6sti-
pântano viiinho; disseram ainda os negros pegados que O seu rei m o aos negros porquanto em primeiro lugar cobrem com elas as suas
sabia da nossa chegada por ter sido avisado das Alagoas; u m dos nos- casas, em segundo fazem as suas camas, em terceiro abanos com que
sos cornetas, enraivecido por ter caldo nos estrepes, cortou a cabeça abanam o fogo, em quarto comem o interior dos cocos e destes fa-
a uma negra; pegamos tambem outra negra; n o centro de Palmams zem os seus cachimbos e comem o exterior dos cocos e também os
havia outra porta, ainda outra do lado do alagadiço e uma dupla do palmitos; dos cocos fazem azeite para comer e igualmente manteiga,
lado de leste; este Palmares tinha igualmente meia milha de compri- que B muito clara e branca e ainda uma especie de vinho; nestas Bwo-
do, a rua, larga duma braça, corria de oeste para leste e d o lado norte res pegam uns vermes da grossura de u m dedo os quais comem, pelo
fmva um grande alagadiço; no lado sul tinham derrubado grandes ár- que têm em grande estima estas áwores. Ali, também, feriram-se mui-
vores cruzando e atravessando-as umas em cima das outras e também tos dos nossos nos estrepes que havia por trás das suas casas. Este era
o terreno por tds das casas estava cheio de estrepes; as casas eram o Palrnares grande de que tanto se fala no Brasil; a terra ali 6 m u i t o
em número de 220 e no meio delas erguia-se uma igreja, quatro for- própria ao plantio de toda sorte de cereais, pois B irrigada p o r muitos
jas e uma grande casa de conselho; havia entre os habitantes toda
sorte de artlfices e o seu rei os governavacom-seve- justiça,-não pe
- e belos riachos; a nossa gente regressou à tarde sem nada ter consegui-
do; ainda esta noite dormimos nos Palmares
rnitindo-feiticeiros_entrewa~ua-gente-equando alguns negros fugiai A 23 do dito queimamos o Palmares com todas as casas exis-
(mandava-lhes crioulos ao encalço e uma vez pegados eram morto tentes em roda bem como os utensllios nelascontidos, que eram caba-
de sorte que entre eles reinava o temor, principalmente nos neg ças, balaios e potes fabricados ali mesmo; em seguida retiramenos
da Angola; o rei também tem uma casa distante dali duas milhas c vendo que nenhum proveito mais havia a tirar; após uma milha de
uma roça muito abundante, a qual casa fez construir ao saber da r marcha chegamos a u m rio, todo cheio de penhascos, denominado
sa vinda pelo que mandamos um dos nossos sargentos com vinte ho- Bonguá; ali deixamos de emboscada, junto aos Palmares u m dos nos-
mens a fim de prendê-lo; mas, todos tinham fugido de modo que ape- sos sargentos com 25 homens, mas, não soubemos o que conseguiram;
nas encontraram algumas vitualhas de pouca importância; n o cami- nesta tarde, próximo ao referido rio, ainda pegamos u m negro com
nho para a casa do rei tivemos de atravessar u m monte alto e muito a mulher e u m filho, e ali pernoitamos.
Ingreme, da altura de bem uma milha; queimamos a casa d o rei e A 24 do dito pela manhã subimos este r i o durante milha e
carregamos os vlveres; também encontramos roças grandes na maior meia, ora na margem norte, ora na meridional, e ali encontramos
parte de milho novo e achamos muito azeite de palmeira que os ne- u m negro cheio de boubas em companhia de uma velha brasiliense,
gros usam na sua comida, porbm nada mais; as suas roupas são quase escrava da filha d o rei, os quais nos disseram que nas vizinhanças ain-
todas de entrecasca de amores e pouca de algodão e todas as roças da corriam outros negros, pelo que acampamos ali e com vinte ho-
são habitadas por dois ou três casais; perguntamos aos negros qual O mens batemos o mato; chegando à casa da filha d o rei, que não estava
número da sua gente ao que nos responderam haver 500 homens nela, queimamo-la, mas nada conseguimos achar; passamos ali a noi-
alem das mulheres e crianças; presumimos que uns pelos outros h6 te.
1.500 habitantes segundo deles ouvimos; nesta noite dormimos nos A 25 d o d i t o permanecemos acampados e visitamos o mato em
Palmares redor num raio de cinco a seis milhas, porém sem resultado; pernoita-
A 22 do dito pela manha saiu novamente u m sargento com mos de novo ali.
vinte homens a bater o mato, mas apenas conseguiram pegar uma ne A 26 d o dito marchamos com rumo de.leste e de sudeste, du-
rante quatro boas milhas, sempre à vista de montes e transpusemos
gra cbxa de nome Lucrécia pertencente ao capitão de cavalaria Ley
que ali deixamos ficar porquanto ela não podia andar e nós não dois destes. cada u m de uma milha de extensão; deixamos a nossa di-
reita um grande monte muito alcantilado; fizemos sempre caminho
matamos alguns jacqús e à tarde atravessamos algum riachos indo
por dentro do mato e chegando à margem dum pequeno rio, ali per-
acampar junto à margem esquerda do Parafba.
noitamos.
A 1 de abril partimos pela manhã e durante uma milha tívemos
A 27 do dito pela manhã partimos com rumo de sudeste em de transpor cinco ou seis vezes um riacho, atravessamos em seguida
direção a um monte alto, porém não muito íngreme e marchamos um monte, de uma meia milha de altura e chegamos a uma estrada
duas milhas até alcançarmos o seu cimo; mandamos explorar, d o alto de carros distante três milhas do antigo engenho situado junto à Ala-
de uma h~ore,as imediações, e o espia descobriu a nossa direita uma goa do Sul; dormimos esta noite no engenho de Gabriel Soares.
grande planície e um elevado monte a oeste; transpusemos este mon- A 2 do dito marchamos com a nossa gente para o alojamento
te, que erguia-se muito ingreme, no que andamos três boas milhas na Alagoa do Sul, de onde havíamos partido.
antes de chegarmos a planície onde atravessamos alguns riachos are-
nosos e secos; a referida planície estava coberta de mato fechado e
de tabocas chamadas canabrava, de modo que só dificilmente podla-
mos avançar e não conseguimos conseivar o nosso rumo tão densa
era a vegetação; em seguida subimos um rio que despeja n o Parafba,
e junto a ele acampamos perto de um poço, por causa da chuva; pas-
samos mal a noite por não temos pindovas para fazer choças onde
nos abrigássemos da chuva que durou toda ela.
A 28 do dito pela manhã partimos deste rio e deixando-o à
nossa direita, chegamos a um outro que descemos por espaço de duas
milhas até a sua afluência na margem norte do Para/ba; descemos este
durante meia milha e acampamos junto a sua margem esquerda; cho-
veu muito durante a noite.
A 29 do dito pela manhã seguimos ao longo da mesma margem
do Paraiba e meia milha adiante nos embrenhamos pelo mato com
rumo norte e nordeste; depois marchamos para o sudeste ao longo do
rio e fizemos quatro milhas em direção ao sul; transpusemos alguns
montes de pouca elevação e pernoitamos na margem esquerda.
A 30 do dito pela manhã continuamos a marcha pela referida
margem, por espaço de três milhas, passando alguns pequenos mon-
tes, mas sempre por dentro do mato fechado que só com grande tra-
balho conseguíamos atravessar e algumas vezes tivemos de caminhar
pelo leito do rio por cima dos penhascos; neste dia os brasilienses
pegaram muitos peixes, mas a nossa gente poucos; também o capi-
tão dos índios matou dois patos; durante todo o dia choveu muito
e pernoitamos na margem esquerda do rio.
Extraido da c o l e 0 de In8ditos denomina* - Blkwn sn Pr(~Ierm uit B m f i k n [alta
A 31 do dito pela manhã prosseguimos descendo o rio ao lon- e pep6lr promdenta do Brerill e traduzido do holan&ls por P.lfre<(o de Csfvalho.
go da margem esquerda e tivemos que abrir caminho com grande di-
ficuldade atrav6s do mato fechado, até darmos com uma antiga estra-
da que percorremos até chegarmos de novo à margem do Parafba; este N.E. Para u m publicaç80, e trsduwo de Alfredo da b r v i l h o wfmu nvirbo. II visti &do-
cumento original, por Jo& Antbnio Gonrnlvei da Mello (1988).
rio é muito piscoso e nas suas vizinhanças há muita caça; neste dia
F

>-
Restituldas as capitanias de Pernambuco ao domínio de Sua '
Alteza, livre já dos inimigos que de fora asykramonquistar; sendo \
poderosas as nossaC5rmasParãsãcudiF o inimigo, que tantos anos ' '
nos oprimiu; nuncaforam eficazes p a r a ~ d e ~ t r u i ~ c p n t ~ á r i o ~ q u e ~ d a s
portas a dentro nos infestou; não sendo menores os danos deste, do
que tiiiiia sido as hostilidades daquele; náo foi o descuido a causa
de se não conseguir este negócio; porque todos os Governadores,
que nesta praça assistiram com cuidado se empregaram nesta e m
presa; porém as dificuldades do sítio, a aspereza dos caminhos, a
impossibilidade das conduções, fez impossível, a quem o valor nao
fez poderoso; os melhores Cabos desta Praça, os mais experimenta-
dos soldados desta Guerra se ocuparam nestas levas, e náo sendo
pouco o trabalho, que padeceram, foi muito pouco o fruto que al-
cancaram.
E para que com alguma evidência se conheça o incontrasttivel
desta empresa, brevemente recopilarei as noticias, aue a ex~eribncia
descobriu; estende pela parte superior do rio de S. ~ r a n d s c ouma
corda de mata brava, que vem a fazer termo sobre o sertão do Cabo
5 C *. (

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de Santo Agostinho, correndo quase Norte a Sul, d o mesmo modo , >i c. C><
que corre a costa do mar; são as árvores principais Palmeiras agres. po o fez crescer na quantidade, e a vizinhança dos_ moradores-os fez
tes, que deram ao terreno o nome de Palmares; são estas tão fecun. destros nas armas; usam hoje de todas, umas que.fazem, outras-que
das para todos os usos da vida humana, que delas se fazem vinho, roubam; e murtas que compram; as que fazem são arcos e flechas, as
azeite, sal, roupas; as folhas servem às casas de cobertura; os ramos que roubam, e compram-So de-fogo; os nossos assaltos os t8m
de esteios, os frutos de sustento; c da contextura com que as pencas feito prevenidos, e o seu exercício os tem feito experimentados; n ã o / , -C-.
vivem todos juntqs porque u m sucosso não cabe a todos, em palma-1,, ,=, ,.,
se cobrem no tronco, se fazem cordas para todo o gênero de gia
ras, e amarras; não correm tão uniformemente estes Palmares, que
os não separem outras matas de diversas Arvores, com que na dis-
tância de sessenta lbguas, se acham distintos palrnares: a saber ao
l&.,
res distintos tem sua habitação, assim pelo sustento, como pela se- , I
gurança; são grandementetrab-alhadores, plantam todos os legumes
da terra, de cujos frutos formam providamente celeiros-para os tem- J :,
' -' -- o;
pos da guerra, e do inverno; o seu principal sustento é ~ milho'( o
Noroeste o Mucambo do Z s dezesseis lbguas de Porto Calvo; e grosso, dele fazem várias igua~rias;ascaças os-ajudam-muito,~~por-tc&.-f&h
ao Norte deste distancia de cinco lbguas o de A r o t i r e u e ~ elogo para que são aqueles~matosabundantes~de~s. ~

a parte do Leste destes dois Mucambos chamados os das Tabocas; e Toda forma-de_.Guerra se acha neles, com todos os-s
destes ao Noroeste quatorze Iéguas o de Da_mbrabaaga, e ao Norte \ P !
Maiores e inferiores, assim para o sucesso das pelejas, como para a
deste oito léguas a Cerca chamada Subupira; e ao Norte desta seis a s s i ~ r a a d o l R e i ; reconhecem-se todos obedientes a u m que se ,
16guas a Cerca Real chamada o M-o; a Oeste desta cinco léguas o chama o 8Ganga Z ~ m b a . ~ q u e _ q u ~ ~Senhor i z e r Grande; a este tem . , . .- , . >
Mocambo do QsenlE?, e nove 16guas da nossa povoação de Siri- por seu Rei e Senhor todos os mais assim naturais dos Palmares, e
nhaem para o Noroeste a cerca do &muJ;e vinte e cinco lbguas das como vindos de fora; tem palácio, Capas da suãamTIia~;Fassist~do
Alagoas para o Noroeste o Palmar de Andalaquituxe; Irmão do , de guardãs-e6flCIãTs, que costumam ter as Ca&z~Reais;é tratado
Zarnbi; e entre todos estes que são os m a z e s e mais defensáveis, com todos os respeitos de .Rei, e com todas as cerimbnias de Se- . - .
hA outros de menor conta, e de menor gente; distam estes Mocam- nhor; os que chegarnasua presença põem logo o joelhono-chão, e ' * " '
bos das nossas povoaçóes mais ou menos léguas, conforme o lan- batem as palmas das mãos, sinal do-seu reconhecimento-, e protes- ,',:
,-
çamento deles, porque como ocupam o vão de quarenta o u cinquen- , ~ . t a ç á O ~ a ~ l ~ e X c é l ê ~falam-lhe
ncía; p o r Majestade,~obedecem-lhepor
ta lbguas, uns estão mais remotos, outros mais próximos. admiração; habitam na sua Cidade-Gal, que chamam o Macaco, no- e.'' -,
me sortido da morte, que naquele lugar se deu a u m animal destes;
É o sitio naturalmente áspero, montuoso, e agreste, semeado
esta é a metrópole--tre.as mais Cidades-e povoações; está fortifi-
de toda a variedade de árvores conhecidas, e ignotas, com tal es- cada toda'= um cerco de pau-arpique, com treneiras abertas para
pessura, e confusão de ramos, que em muitas partes é impenetrável ofenderem a seu salvo os combatentes; e pela parte de fora toda se .i
a toda a luz; a diversidade de espinhos, e árvores rasteiras nocivas semeia de estrepes de ferro, e de fojos tão cavilosos, que perigar8
'
A

servem de impedir os passos, e de intrincar os troncos; entre os


montes se espraiam algumas várzeas fertilíssimas para as plantas; e
para a parte do Oeste do sertão dos Palmares se dilatam Campos
neles a maior vigilância; ocupa esta Cidade dilatado -espaço, forma-
se de r m i ç d e mil e quinhen>aç_caças; há entre eles Ministros de Jus- '
j
.
i .-
-
tiça para as execuçóes necessárias e todos os arremedos de qual- ~2.
largamente estendidos porbm infrutíferos, e só para pastos acomo- quer República-$ acha?iGeritreeles. ..C. .r . , ;. :,:-
dados. I
A este inculto e natural coito se recolheram alguns nègrosi a E com serem estes Bárbaros tão esquecidos de toda a sujei-
ção, n ã o ~ p e c d e r a m ~ d e ~ t o d ~ ~ ~ e c ~ Igreja; ~ h ~ c nesta
~ e ~ tcidade
o~da
quem ou os seus delitos, ou a intratabilidade de seus Senhores, fez
tem o - p x a a que recorrem nos seus apertos, e imagens a que en- ,
,. r' ~(
parecer menor castigo, do que o que receavam; podendo neles tanto
a imaginação, que se davam por seguros, onde podiam estar mais comendam suas tenções, quando se entrou nesta Capêia, achou-se
uma imagem do MeninoJesus muito perfeita; outra da Senhora da
:,

C;.'"
'

,- -
arriscados. Facilitou-lhes a com4dia a estancia, e com presas, que
começariam a fazer, e com persuasões da liberdade, que começaram Conce.çiãort.ã-&e S. Braz; escolhem u m dos mais ladinos, a quem
a espalhar se foram multiplicando. veneram como a P a o ç h o , este-os.bat~izaeos casa: porém o batismo - ,
b sem a forma determinada pela Igreja, e os casamentos sem as sin- o ~.
Há opinião que do tempo que houve negros cativos nestas gularidades, que pede ainda a lei da natureza; o seu apetite é a re- , . , :
w' a' Capitanias começaram a ter habitadores os Palrnares; n o t e m p g u e
,r z a Holandabtupo~estas Praças engrossou aquele nú.meio; porque-a
gra da sua e l e i ç á o ~ ~ ~ ã a ~ ~ asu mulheres
~ t e n i que quer, ensinam-se
entre_elesjlgumas orações cristãs, observam-se os documentos da
r L
mesma perturbaçao dos Senhores era a soltura dos escravos; o tem- , , .
L., '.
>-C.( <L
L. ,-e ,
fb que cabem na sua .oãpacidade; o Rei que nesta cidade assistia es. .v-
, .- - .
praças, vinte e cinco entradas se fizeram aos Palmares, e malogran-
tava acomodado com três mulheres, uma mulata e duas crioulas, da
do-se nelas grandescãbedais, a si-&a-fãz%iaa7ea~ corno da d o s rno-
primeira teve muitos filhos, das outras nenhum; O m o d o de vestir
radores, e perecendo~muito~~soldad~os, nunca se lhe enfraqueceram
entre si, 6 o mesmo que observam entre nós; mais o u menos enrou. as forças; e para que conste com evidênciao@aii?Íexidado q u e
pados conforme as possibilidades. tem dado este negócio; e os grandes abalos que t e m causado este
Esta B a principal cidade dos Palmares, este o Rei que os do. empenho, referirei o nome dos Cabos que lá fizeram entradas.
mina, as mais cidades estão a cargo de potentados, e Cabos Maiores Despojados os Holandeses destas capitanias, que injustarnen-
que as governam, e assistem nelas: umas maiores, e outras menores te dominavam pelo memorável mestre de campo General Francisco
" ' :conforme o sítio, e a fertilidade os convida, a segunda cidade cha- Barreto, cujo nome não s6 merece entalhar-se nos mármores d a
.C
ma-se Subupira; nesta-assiste o Irmão do Rei, que se chama o Zo- eternidade, mas também imprimir-se nas lâminas da nossa memória;
na,-16 fortificada toda de madeira e pedras, compreende mais dFoí;- pois foi o farol que nas trevas do nosso cativeiro, despedindo o s
.. tocentas casas; ocupa o vão de perto de uma légua d e comprido. E raios do seu valor, que Holanda sentiu, nos conduziu ao p o r t o segu-
, ,
abundante de Bguas porque corre por ela o .rio Cachingi;. esta era a ro da liberdade, que hoje logramos; recolhendo-se restaurador d e .-
i C . c estância onde se preparavam os negros para o combate de nossos todas estas capitanias, não quis deixar de as remir ultimamente d e f e 'i ,--;-,
assaltos: toda a cercavam fojos, e por todas as partes p o r vias aos todos os seus contrários; e a si entre os parabéns dos sucessos pas-
sados se acendeu o brio para os estragos futuros, e prevenindo per- --
,-.c 4
p nossos impulsos, estava semeada de estrepes; das mais cidades e
. . ' povoações darei notícia, quando lhe referir as ruínas. to de seiscentos homens com tudo o mais necessario para as mar- , . , ,
chas, os entregou a ordem do capitão André da Rocha para que fi- . -) ! L
Este B o inimigo que das portas a dentro destas capitanias se
, .-
conserva a tantos anos, a quem defendia mais o sítio, que a cons-
zesse a primeira entrada por aquelas m a t i s nunca dantes penetra- .. . -
, ; -,. -
.das: entrou a gente, começou a desembaraçar os estorvos daquelasc " ,
tancia; os danos que deste inimigo nos tem resultado sáo inumerá- . c montanhas, e a buscar os habitadores daqueles desertos; porémC--. .
b. <L & \
;
. veis; porque com eles periga a coroa, e se destroem os moradores;
periga a coroa porque a seus insultos se despovoavam os lugaies
.,r- como eram os capitães, que entraram briosos, e o s soldados resolu- ,.,
. ; ; :., -.a.--.
. tos, a-d[scó~diaasdes.u.~;do que tendo notícia o mestre d e Campo
C
:, circunvizinhos; e se despejavãm as capitanias adjacentes;-e deste. L..'..' General mandou o tenente Antonio Jacome Bezerra para continuar. i
:.&ano infalível se-seguiam outros inevitáveis, como era impossibili-
\ -
tar-se-a cons&ação de todo Pernambuco; porque como ocupam o s '
. :. o empenho; o que fez com tanto acerto, que alcançou uma famosa r c $ .
vitória, em que acabaram muitos dos Palmaristas,
- e se cativaram
. \"'
-
@'.iminentes
Palmares do rio de S. Francisco.at6 o Cabo de S. Agostinho, ficam
a Ipojuca, Sirinhaém, Alagoas U n < P 6 r t o Calvo, S. Mi--
' \ quase duzentos.
-- ----
.-. . ,

,A Este foi o primeiro estrago que sentiram aqueles palses; esta ;, -


guel, povoações donde se recolhem mantimentos para todas as mais f o i a primeira fortuna com que se ensaiaram as nossas resoluçóes; '
"

vilas,-e-freguesias, que estão a beira-mar; sem cujos provim6ntos fi- este foi o último aplauso com que se coroou o mestre de campo Ge- , ,
camiodas inconse~áveis;porque os frutos, que dão, são os de que neral em Pernambuco; tendo a g16ria de ser o Único restaurador +

mais se necessita: a saber: gados, farinhas, açúcares, tabacos, legu- destas capitanias; e o renome de ser o primeiro conquistador dos
mes, madeiras, peixe, azeites.
Destroem-se os Vassalos, porque a vida, e honra, a fazenda,
Palmares.
Teve circunstancias de prodigiosa aquela vitória; porque na-
.
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< S .

' . -
-1,,.i,'"'porque lhe-aifitroçam,_e lhe-roübam os e s c r ã ~ o s ; - ~hónia33orque
s quele tempo, as experiências eram muito poucas, e a multidão dos '

\ as mulheres,.filhas irrev-erentemente se-tratam; as vidas porquces- negros era muito grande; julga-se sustentavam..aqueles.matosde
C.,'c , tão
I-'' ?, &postos sempre a repentinos assaltos; demaisque os caminhos dezesseis-at6-vintemalrps; que com este feliz sucesso foram de-
, não são livres, as jornadas poucos seguras; e s6 sgmarchã com tro- clini-ndo, porque ficaram os segundos mais descobertos para as
.nossas entradas; e os negros mais tímidos para os seus assaltos.
' ., <Crq)pas; qué~possam rebater osseus encontros.
.c;\ C'''I 7 E parecendo fácil destruir-se este dano, foi até agora impos-
sível conseguir-se este intento: porque depois da restauração destas
Entraram depois vários Capitães, Sargentos-Mores, e Mestres
de Campo, e todos mereceram louvor, porque sobre o s trabalhos
que padeceram, causaram danos que se sentiram; e porque n o breve
deste papel não cabe a relação d o que obraram sirva-lhes só a de-
claração dos nomes para glória d o que mereceram.
Entraram nos Palmares o Capitão-Mor Sebaldo Luiz, o Capi-
deceram até 22 de-dezembro em que se descobriu uma grande cida-
tão Clemente da Rocha, o Capitão-Mor Christováo Luiz, o Capitão
de de mais de 2.000~asas.fortificada de estacada de pau-a-pique, e
JosB de Barros, o Capitão-Mor Gonsalo Moreira, o Capitão Cipriano
defendida com 3 força; e com soma grande de defensores, preveni-
Lopes, o Capitão Manoel Rebello de Abreu, o Tenente Antonio Ja-
dos com todo o g E i e r o de armas, e depois de se pelejar de uma e
come, o Capitão Braz da Rocha, o Capitão, Antônio da Silva, o Capi- outra parte mais de 2 112 horas, largaram os nossos soldados fogo a
tão Belchior Alvares, o Capitão Manoel Alvares Pereira, o Capitão algumas casas, que como são de material capaz de incêndios come-
Sebastião de Sá, o Capitão Domingos de Aguiar, O Capitão Francis- çaram a arder e os negros a fugir. Deram sobre eles, mataram mui-
co do Amaral, o Mestre de Campo Antonio Dias Cardoso, o Coronel tos, feriram nao poucos e prenderam 7Q; ao dia seguinte se incorpo- Cr
Zenobio Acheoli; o Sargento-Mor Manoel Lopes. raram outra vez os negros, e reconhecido pela nossa parte o sítio,
Com todas estas entradas ficaram as nossas povoaçóesdes- foram investidos, renhiu-se fortemente com dano considerável dos
' . 1 truldas, e os Palmares conservados; sendo a Causa principal deste Palmaristas; até que no seu retiro tiveram o seu remédio; Assistiu o h-- , --A
8
' => dificuldade dos caminhos, a falta das águas, o descomodo Sargento-Mor com arraial formado perto de 5 meses entre os segre-
r,
t
'e ,..
. ? '

dos soldados, porque como são montuosas as-serras, infecundas as dos ásperos daquele sertão padecendo indizíveis misérias excessi- V-
, Arvores, espessos os matos, para se abrirem é o trabalho excessivo,
porque os espinhos são infinitos, as ladeiras muito precipitadas, e
vos trabalhos, e fomes grandes; campeando sempre aquelas espes- +
suras: grande fruto se colheu desta assistência do arraial, porque
wb
', 2'i;fincapazes de carruagens para os mantimentos com que é forçoso tímidos os negros de tão próxima vizinhança mais de 100p_gp?çe 'w'
-- ?,-ri*'
que cada soldado leve as costas a arma, pólvora,~balas,capote, fari-
nha, Agua, peixe, carne e rede com que possa dormir; com a carga,
- ----
recolheram ao povoado
- ---- buscar seus s e n w e s . SC\
Nestas esperas alcançou por notícias o Sargento-Mor, que se ---:r
que os oprime, é maior que o estorvo, que os impede; ordinariamen- tinham passado os negros 25 léguas além dos Palmares entre as
te adoecem muitos, assim pelo excesso do trabalho, como pelo rigor
do frio; e estes ou se conduzem a ombros, ou se desamparam às fe-
fragosidades de uns carreiros tão espinhosos e bravos. que pare-
ciam incontrastáveis a toda a resolução; porém não os apatrocinou
1%. .,
I,
ras; e como os negros são senhores daqueles matos, e experimenta-
dos naquelas serras, o uso os tem feito robustos naquele trabalho, e
ainda assim a aspereza, porque assaltados dos nossos ficaram mui- C;i \
tos mortos, e os mais fugiram, aqui se feriu com uma-pala ao Gene-
-
fortes naquele exercício; com que nestas jornadas nos costumam fa- ral das-Armas, que se chamava o z b i , q!e-quq-dizer-Deus da *' cl
zer muitos danos, sem poderem receber nenhum estrago, porque p,<,\ ;^>
guerra, Negro-desingular v a l o r , ~ g ~ a n d e ~ n i m o L e ~ c o n s t â n c i a ~ r ~ a .
encobertos dos matos, e defendidos dos troncos se livram a si, e nos E3te é o espectador dos mais, porque a suaindústria, juizo e forta-
maltratam a 176s. leza aos nossos serve de embaraço, aos seus de exemplo, ficou -.-vivo,
--
Este era o estado em que achou os Palmares D. Pedro de Al- porém-aleijado, de uma(?e[na.
meida, quando entrou a governar estas Capitanias; e como os cla- Chegaram e&s novas com o Sargento-Mor a D. Pedro de Al-
mores do perigo comum, e a guerra da insolência dos negros era meida, e compreendendo dos Palmares o sitio, das entradas o peri-
geralmente lamentada de todos os moradores; logo tratou de acudir go, dos soldados o descômodo, dos negros a resolução, das cidades
.- 3 .. ,ao remédio daqueles Povos, e de conquistar a soberba daqueles
'
L;. ', "' inimigos; e dispondo com ordens as povoaçóes de Sirinhaém, Porto
a fortaleza, com madureza grande e zelo maior tratou de dar último
fim àqueles inimigos, e prevenindo todos os estorvos, que os suces- C r ,.,, ,. -
Calvo, Una, Alagoas, e rio de S. Francisco: mandou prevenir carnes sos passados lhe tinham descoberto com singular resolução, tomou -\ I z

, r e farinhas, para as levas que queria mandar; determinou a gente que


das mesmas freguesias se havia de tirar, elegeu os soldados pagos
a seu cargo esta empresa, e tendo notícia que na Capitania de Ser-
gipe del-Rei pertencente ao governo geral da Bahia, assistia o Capi-
,
que haviam de entrar, preveniu botica, Cirurgião, religiosos e tudo tão-Mor Fernáo-Ca-rrilho a quem a fama tinha feito conhecido nestas C,+h
mais que era necessário para a jornada, o que tudo entregou a or- Capitanias de Pernambuco, pelos sucessos felizes, que n o Sertão da
dem do Sargento-Mor Manoel Lopes, cuja experiência, zelo, e valor Bahia tinha conseguido destruindo os Mocambos e Aldeias dos Ta- C ,-;
prometeu bom sucesso as esperanças que nele se fundaram. puyas que infestavam aquelas partes, cujo valor e experiência f o i a c

Achou-se na Povoação do Porto Calvo em-2-e setembro de causa da quietação e segurança, que hoje logra aquela cidade, e .kp
.
,\ r .
., 'vn 1675, com 280 homens ent~e_bi~s,m"Iatos,--e-í@ps; em 21 de seus arredores, pois já estão os caminhos livres, os engenhos segu-
.
,- ' novembro-'pafirú para os Palmares, onde foram grandes os traba- ros, as fazendas sem receios, os gados quietos, e os moradores gos-
tosos, sendo neste empenho tão intentado de muitos, e não conse-
, lhos, excessivas as necessidades, e contínuos os perigos que se pa-
, ,..'
r:
guindo de nenhum, o seu assunto o serviço de sua Alteza, e não o
interesse de suas conveni8ncias, porque é patente a t o d o o Brasil, Partiu- desta-praça-do-Acrecife, e da presença de D. Pedro,
que nestas ocupações destroçou o seu cabedal, e não recolheu ne- Fernão Carrilho levando todas as ordens necesshrias para a empre-
sa, e todas as disposições convenientes para o intento. Causa prin-
nhum emolumento, achando-se por bem pago das vitórias que al-
cipal do bom sucesso que se conseguiu: porque n o lançamento das
cançou com o nome e glória que universalmente mereceu.
primeiras linhas consiste a perfeição da melhor fábrica, e como se
A este Capitão-Mor escreveu apertadamente D. Pedro de Al- tinha empenhado D. Pedro e m sair à luz com este emprego, estudou
meida para lhe entregar a Comissão deste negócio tão considerhvel; muito particularmente o modo com que se havia de fazer a guerra
a'ce?foü com gosto a empresa, e convidando alguns parentes e alia- servia-lhes alguns desacertos das levas passadas, de prevenção para
dos seus partiu logo para Pernambuco a avistar-se c o m D. Pedro; e o acerto das esperanças presentes, todas as pessoas que tinham al-
' 5 reconhecendo D. Pedro nele valor, e experiência, e satisfeito da prh- guma experiência daquelas montanhas consultou, para colher de to-
,.o tica com que discorria sobre os Sertões, escreveu logo a todas as .+ das a resolução mais certa para as direções, e assim foi o regimento,
Camaras destas Capitanias, para que dessem o concurso necesshrio
ao intento que determina conseguir; empenhou juntamente com car-
1 1
mais acertado ao sítio, e mais nocivo aos inimigos, que até a presen-
te se tinha feito, e como entendeu que a causa principal para se
C
L tas aos homens nobres e principais das povoações circunvizinhas conseguir este fim, consistia, em perpetuar arraial n o coração da-
, ' aos Palrnares, aplicando-lhes a glória daquela facção; estimulando- : queles desertos, para deles se fazerem assaltos, e terem sempre in-
I OS com a honra daquela empresa. quietos os negros; ordenou a Fernão Carrilho, que t o d o o seu cui-
dado havia de se perseverar, e persistir com arraial fortificado den-
t C Muito facilitou as Camaras, e a nobreza daquelas povoações a
cortês indiistria com que D. Pedro se mostrou independente da 916-
I tro dos Palmares; e como este empenho era o mais dificultoso desta
ria do último sucesso, e juntamente a isenção singular d o desinte- 1 conquista, porque a experiência tinha mostrado ser impossível as-
resse com que Ihes escreveu, que a Jóia que se costumava dar aos
Governadores, ele lhe oferecia para prêmio d o seu trabalho: e só ;
, sistir naquele sertão; pelos frios excessivos, grandes descdmodos,
faltas de mantimentos que se não podem prevenir, lá e m cima, e são
fiificultosos de conduzir das povoações de baixo. Atendendo a t u d o
queria ter parabéns de ver livre estas Capitanias dos sobressaltos
continuas, e dos perigos iminentes em que flutuava para a sua rul- D. Pedro com singular providência dispds pelas povoações circunvi-
na; e que o seu intento todo era o serviço que nesta matéria resulta- zinhas os mantimentos, de sorte que não faltassem a seu tempo aos
o va a Deus, e a Sua Alteza, e o sossego a seus vassalos; pois ao con- ' assistentes no arraial.
+ ~ b i trbrio ~ se seguiam duas-,monstruosidades indignas_dese_publicarem Com todos estes ditames, conselhos e ordens partiu Fernão
\ no-p, . - -.
a primeira .-levantarem-se
- com o d o m í n i o das, melhores Carrilho para a Capitania do Porto Calvo, onde o estava esperando a
Capitania-e-Pernambuco, negros cativos, a segunda era domina-- gente que se tinha conduzido das mais freguesias; que segundo a
, rem a seus próprios senhores seus mesmos~esZravos.~.' ~-
~

ordem de D. Pedro haviam de ser quatrocentos homens: achou Fer-


não Carrilho muito menos, e feita resenha contaram-se cento e oi-
Foram estas razões pelo que levaram de cortesia e zelo, efica- tenta e cinco,entre-brancos e indios,do. camarão; era t ã o poucõ èste
zes motivos para obrigar os ânimos dos que as leram, e poderosos
empenhos para rebater os impedimentos, que se Ihes opuseram; por
nÚmGõpara a multidão dos negros, - . aue
. dificultou a Cãmara de Por-
t o ~ a l v o ' s eera conveniente fazer-se a entrada: porém como Fernão
que no mesmo tempo, que despedia D. Pedro avisos para o que se Carrilho tinha conhecido bem o empenho de D. Pedro, atreveu-se a
Q;,ky intentava, se despachavam correios, para estorvar o que se preten- todas as dificuldades, e pedindo se fizesse algum ato de religião pa-
dia. sendo toda a causadesta contrarjedade dR,r~aaeíiEEsa, ou ra que patrocinasse o Céu a jornada. Cantou-se solenemente uma
c ~ ~ M' ~ re~~v~~~~i~~aa~a
' ' opórtiünidade, que mal fundada? esperanCãS- Missa a que assistiu a nobreza daquela Vila e todos os que haviam
fingiam; querendo assim indignamente n-egar a glória a quem ta? de entrar naquela Campanha.
b6m:d;'seynha dosmeios,-porém a verdade da causa desarmou as ti-
ras da i~veja,que ordinariamente-prevalece mais.o . zelo..paraas em- Aos vinte -u-m-de setembro-de .l676fez o primeiro passo para
r presas, qùeo-nganosiãra o-estor-vo. os Palmares,-Fernão qarrilho sendo da Vila acompanhado a t i entrar
\~r,'í.uf no mato d o Capitão Alvares, Christóvão Lins, e seu Irmão Sebaldo
Dispostos desta sorte os ânimos, prevenidos pelas Camaras Lins como mais experimentados naquelas manhas, e mais interessa-
os bastimentos. assinalando-se entre todas a da Vila de Olinda, e a
dos na boa fortuna que se esperava; Fernão Carrilho então juntando
da Capitania de Porto Calvo; porque aquela assistiu com dois mil todos os soldados que levava consigo Ihes disse: que o número não
cruzados, A esta com 500$000,e as mais com o que puderam.
dava nem tirava o ãnimo aos valorosos, que o valor p r ó p r i o s6 faria
Aos nove de outubro partiu Fernão Carrilho para a Cerca d e
I>,-'
animados os soldados; que posto a multidão dos i n i m i g o s era gran- SubupiLa, e prevenidos do necessário f o i abrindo aqueles matos, at6
de, era multidão de escravos, a quem a natureza c r i o u mais par3 qúe chegou a ter vista da Cidade, onde mandando fazer alto c o m t o -
C obedecer, que para resistir; que os negros pelejavam como fugidos,
. c que eles os iam buscar como Senhores; que as suas honras e3tããvam
do o silêncio, e sossego, despediu oitenta homens a descobrir as
circunstâncias da Cerca, situação da Cidade, e fortaleza das estaca-
, +bm r ) c perigosas_pelos seus ..desmanchas; suas fazendas pouco seguras
r\ 2
pelos seus roubos, suas vidas muito arriscadas pelos seus atrevi-
mentos, que nenhum dos que o acompanhavam defendia o alheio; e
das; voltaram os exploradores dizendo que tinha o inimigo lançado I
fogo à Cidade, e que s6 as cinzas eram demonstração da sua gran-
deza; com que se entendeu que tendo os negros notícia pelos fugk- jic7C4
-
y v c c i C
" ,' todos pelejavam pelo pr6prio; que era gr2nde d e s ~ c r é d i t o q a ~ > d o tivos de Acatirene. que Fernão Carrilho os-buscava, quiseram mais L

Pernambuco, servir-lhe de açoite, os mesmos negros, que p o r eles arruinar a Cidade que p6r em perigo as pessoas: apoderou-se deste
' j I 1-foram muiTas-- vez-amue s 6 i i i u ~ a v a mda guerra o m-me sítio a nossa Gente, nele formou arraial, fortificou-se e m baterias, e
$c c i 6 ' não o uso; por tantos anos estiveram com as armas nas mãos s e m deu-lhe o título de Bom Jesus, e a Cruz; titulo que elegeu para pa-
pre cofiiã Holanda, e ainda hoje estava do mesmo m o d o contra os drão da sua fortuna, e mandou que se invocasse e m todos o s suces-
Palmaristas; que se o m o d o d e gu-ar era diverço-por não-se= sos, e encontros; daqui despediu dois soldados a dar notícia ao Go-
Campanha, era t a m b h mais fácil por a s s a m ; que ele nao vernador D. Pedro de tudo o antecedente; pedindo-lhe socorro d e
qúeriãdo seúfrabãmo outro prêmio mais que o b o m sucesso; quem gente, e de mantimentos, pois naquele sítio determinava fazer as-
mais semeasse mais recolheria: porque-- e>- as presas ara eles haviam sento; despedidos os Correios, ordenou uma tropa para bater
de ser: que o G o v e m B n d , . Pedro n e m l i a queropara-si: q u e a aqueles matos, e combater aqueles inimigos; vagando pelo inculto
-
'
7 -
SíZZ%íKo j f i a a gl<ria deTa=&é serviço a Sua Alteza, e de
l i d i o conSid<ráveis daios e s t a s T a ~ i a n i a s ;e que se des-
v f V * s truissem os Palmaristas teriam terras para a sua cultura, n e w a -
daquelas asperezas em descobrimento dos negros; passados o i t o
dias na espeonça de-aigma f o ~ r u n a s erecolheram aesunidos, e
amo-s, com f&aAeAnte e cinco homens, q i Z G Õ r i g o - ~ -
&à* :
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!a o seu serviço, honra para a sua estimaçáo; que o seu intento era balho. se. retira&
. - . fugiti"os, d a l h poucos dias dee%-pãieceram --- ou- mnT\ C
buscar o maior Doder, porque queria ou acabar, o u vencer; por- tros- vinte c i n c o _ p o d e ~ d ~ m a ios d e s a 3 - i --
-~ - í w d -o
- sitio gara.oç_levar, bc
que do contrário se seguiria terem os negros noticia d o pouco po- que o b r i ó d a empresa-para os deter; com que se achou n o arraial
der, que levava, e zombarem da guerra que Ihes fazia: Fernão CaTilh-o c o m 130 h o m e n s .
Chegados os avisos a D. Pedro, e convocando a conselho o s
Receberam todos os Soldados com b o m ânimo estas razões, e Cabos Maiores da praça, p6s em pareceres a forma que havia de se-
e logo partiram em demanda da Cerca d e A qu?ltune, e* 6 o nome guir no socorro, que Fernão Carrilho pedia; para conseguir o f i m
da mãe do Rei, que assiste em m m b o fortificado, trinta Ié- que se intentava, e continuar n o sitio em que se aquartelara; resol-
I guas distante do Porto Calvo ao Noroeste, contavam-se então qua- veram todos, que despedisse u m Cabo Maior deste exército c o m
rC/' tro de outubro; tanto que do Mucambo se sentiu a nossa gente pre- trinta soldados pagos a fazer gente pelas povoaçóes circunvizinhas,
'
.
, \b-cipitadamente desampararam a Cerca, deram sobre eles o s nossos,
'mataram muitos, e surpreenderam nove, o u dez; a mãe d o Rei nem
e para lhe enviar os mantimentos necessários para o arraial; vota-
ram todos na pessoa do Sargento-Mor Manuel Lopes, porque a ex-
4 viva, nem moita aDareceu, e passados alguns dias,% achou a Dona
que a acompanhava morta.
peribncia daquele negbcio o tinha bem opinado n o conceito geral de
todos.
,(O*,'- h-0) Serviu este sucesso de nos dar Guias, e notícias porque pelos
Partiu o Sargento-Mor c o m trinta homens e fez altos nas Ala-
goas para a expedição da gente, e dos mantimentos; ação f o i esta
prisioneiros constou decerto que estava o ,Fki Gangazumba c o m seu
em que luziu muito o zelo de D. Pedro, e o empenho desta conquis-
ri &Irmão Gana Jbm, e todos os mais potentados, e Cabos maiores na ta; porque como desejava levar as novas desta fortuna solicitou os
L v,& Cerca Real c h a m a d a S u b u ; ocupa este Mucambo uma grande Ci- meios mais acertados para conseguir esta felicidade.
dade muito fortificada na distância de três montes, de pau-a-pique

I
com batarias da pedra, e madeira; distante da Cidade Real cinco ou Animou-se muito o arraial tanto q u e teve noticia d o cuidado
com que o Governador lhe prevenia o necessário para o sustento, e
\/P seis Iésuas. da Vila de Porto Calvo auarenta e cinco:. -servia
. . então
. de lhe multiplicava os companheiros para o trabalho; despediu entao
0 praça de arm2s, e nela intentava o 'Rei esperar a nossa gente, para Fernão Carrilho cinqüenta soldados à obediência d e tr6s Capitães
. t'b~
h:-):se defender em forma de batalha.
. I
38

Gonçalo Pereira da Costa, Mathias Fernandes. e Estevão Gonçalves,


a descortinar os segredos daqueles bosques; Os guias seguindo uma tícia; porém tiveram encontro com uma tropa, que o terror de nos-
trilha que descobriram tiveram um famoso encontro Com os negros, sos assaltos trazia atemorizada sem domicílio certo, nem descanso
,-c que estavam juntos, de que conseguiram uma memorável ~ i t ó r i a ;~ seguro, porque como delirava a cabeça do Rei entre os contínuos f

$tA \-%
qtie pereceram nyitos,e-se--penderam cinqüentae seis; entrando riscos, que os assaltavam discorriam os Vassalos por aquelas bre- e -af
ne es por prisioneiro o Ganga mulsa mestre de Campo..da-gen_tte de nhas sem ordem. e sem governo; cajlvaram t W e seis peças, mata-
>, .+x""~ngola; era este grande ~ 0 ~ ~ ~ o I m ~ ~ s o ~e binsolente; . e r b o .f o m ram muitos, entre os mortos se conheceu o -pote_ntado entre
eles; e atrevido en hw-I
C.- o m g o nesta ocasião, que se avalíõu o sucesso mais por favor do : -- t q n ~ t ' ã Mathias
- o Fernandes com vinte homens -W
<,. "'(
Clu, que por esforço dos soldados; acabaram nele os Cabos de
maior fama: como fora Gaqea~~Capiiãn-da. Guarda do. Rei, João Ta-
L puya Ambrósio am~s-~pitães-afamadose outros a quem ai- .
pela outra parte dos Mucambos, e grassando aqueles contornos,
descobriu alguns que andavam vagos sem se atreverem a fazer as-
sento certo; foram matéria ao nosso estrago, e ficaram presos qua-
%S*,)-?
1
h,
C*'b r â @ ~ ~ s S s e p u l t em~pérpetuo6squecimento;
ou o R ~fugiu
I ..,. --.Como a fortuna
tn170

!*'(\J: ' ~ ~-
a \ c o m a & ~ r n ~ ~ t e q u e~-i vdo
r o-.assalt-o.
u estava favorável aos nossos intentos, todos
os soldados receavam -ir aos encontros, para se recolherem com
<'& Tanto que a notlcia deste feliz sucesso bateu às portas do
e f-Tnosso arraial; foi grande o alvoroço que elegeu a todos, e maior a rléspojg?, e s t a m a por* que ia com h n o s prevencão se es-
Falhava quelas asperezas como dominadores, e a á o como es- &-
e/-. resolução com que se animaram para a empresa; logo se expediu m
-rt o Capitáo Mathias =andes com a sua tropa, saiue
òp outra leva, a cargo dos capitáes Estêvão Gonçalves, e Manoel da animoso e recolheu-se animado, porque aos fios da sua espada se
,,e. Siiveira Candoro; e em espaço de vinte e dois dias aos onze de no- ; atavam vinte e um oresos, e ficaram por ela enfiados muitos mortos; --C
omesmo sucesso aos Capitães Antonio Velho Tinoco, e Felippe de
Melllo de Albuquerque, os quais lançando-se.-para-a&arte do Mu-
2 5
cambo do Amaro, se ,recolheram com ,presas e ficaram algunç_com Ss-r
dano.
u
-
&K?-r
Neste mesmo tempo que o nosso arraial estava dominante
naquelas brenhas, cujas vias incultas nunca foram examinadas por
outros passos, de tal maneira se facilitaram as nossas tropas na di-
vagação daqueles desertos, que grassavam tão confiados, que não
receavam ser ofendidos tudo vence o valor, tudo contrasta a dili-
gência; tudo facilita a consti3ncia. daqui se colhe por ditame certo,
que nenhum trabalho é insuperável à resolução intrépida; e nenhum
soldado repugna a perigos formidáveis se Ihes presidem coraçóes
animosos: como D. Pedro era a alma que alentava esta empresa, do
seu brio aprenderam os Soldados a serem constantes, d o seu zelo a
'
eles; o Rei do furo serem diligentes, da sua vigilância a serem cuidadosos; da sua dis-
w m e n t e que larqou uma- posição a serem prudentes: com todas estas influências d o Gover-
@+ @+:-CfiGz geral que uma nador D. Pedro se conseguiu em quatro meses, o que se intentou ha
% @voar com as penas de todos os negros que se conglomeraram com 0 muitos anos; pareceu o sucesso por maravilhoso, lisonja que a for-
maior parte acabou à nossa fúria, a outros salvou a sua li- tuna lhe quis fazer; e pesadas bem as circunst~nciasfoi a certo que
a prudência soube dispor; mais custou a disposição que o sucesso,
pois gastando D. Pedro três anos em lavrar estes imposslveis, co-
L Recolhidos ao arraial estes capitães com as notícias do Rei fe- lheu em quatro meses o fruto destes trabalhos: não deixa de emular
$5; rido, acendeu-se o ânimo dos nossos; e em seu seguimento saiu ou- esta ação prodigiosa a restauração singular destas Capitanias; s6
tra leva de cinqüenta homens, e quatro capitães a saber, José de digo que se na primeira se venceu u m inimigo, que de fora nos veio
UCT Brito, Gonçalo de Siqueira, Domingos de Brito e Gonçalo Reis de conquistar, nesta se superou outro que das portas a dentro nos do-
2 C
'
Araújo discorreram estes pela vastidão daqueles matos em segui- minava.
v mento das relíquias do Mucambo do Amaro, não tiveram d o Rei no-
G.
\I Neste tempo que se contavam vinte e nove de janeiro de mil
r~tQs-eesetefia-eoitoO saio do Arraial d o :Bom Jesus ea-~, pos, com despesas de sua fazenda, e zelo d o serviço d e Sua Alteza e
Fernão Carrilho com um soldado menos que morreu, e c o m alguns neles gastara de assistência perto de três meses, e pelo r i o d e Moh-
feridos que mandou curar, e reglheu:se- na Vila de Port.%Calvo, dau, que lava as faldas a dois montes altos, e incultos encontrara
dando por destruidos os Palmares, e por vencidos 0 s Negros. Foi re- com uma tropa de negros, escondidos entre o s rochedos, e matos,
cebidõcom todas as demonstrações do aplauso, e c o m todos os pa- que o rio e montes fazem, porém como f o r a m o s nossos gentidos,
, rabens que merecia triunfo tão desejado; e como na tropa dos ne- e s c a p ~ a ~ s - u x &e ,morreram alquns.
i
j
'C gros, que se cativara na guerra se conhecesse u m negco- Todas estas notícias chegaram a D. Pedro d e Almeida junta- &&'c
-
, Mathi@s-D=bi, e uma_negraangQia-por nome @gdalena, i4 de-
maior idade, que era s o g o d e ~ m ~ ~ d o s _ f i l k & d ~ & Fernáo
i, Carrilho
mente com Fernão Carrilho, o qual f o i recebido c o m o s parabéns e c-,
alegrias gerais que pedia sucesso tão favorável a t o d o o Pernambu-
dandoTeõ?iéCessttrio para o provimento da viagem, o s mandou se co: e tomando D. Pedro informaçáo particular d o q u e restava n o s d Irs
i 1
-\
fossem em boa hora a buscar os seus companheiros, e Ihes dissesse,
que o seu arraial ficava fortificado, e que se não rendessem todos
Palmares, alcançou que a2 Cidades principais, cabos, e a m e l h o r
gente de guerra ficava morta e-destruída, e que a l g u m resto q u e fi-,.-
ao Governo de Pernambuco, logo havia de tornar a consumir, e a cava em companhia do Rei andava espalhado esperando a sua últi- !<i<,-e$ ,&
acabar o Rei e as relíquias que ficaram; c o E e s t e recado partiram os ma ruína; voando-então de-uma prudente indústria e razáo d e - a -
d- dois velhos; e com a maior tropa a si de soldados c o m negros e com do, ma"d@ u m Alferes-doutrinado nadísciplina-dacjüelao montã>~-!
e-a mais Nobreza, e povo da Vila, e seus contornos, se foi
para a Capela do Bom Jesus, onde se cantou solenemente uma Mis-
nhas;~quesubisse aqueles desertos,--e dissesse aos negros,-q.u.e fica-
va preparsndo - W n ã o - C a ~ i l h o para voltar a destruir asq-equenas
..-,, .' -.

sa em ação de graças do felicíssimo vencimento c o m que se domina- rellqü~iasquet X h á m ficado; e q u e T a n a a G a i s & r ~ e ~ ~ o d oaquele
-L-
r
ram aqueles inimigos; e com que se contrastaram aqueles impossi-
veis; que na opinião dos cursantes daqueles matos, e dos experi-
Sgrtãb, p m c n m r h r h a b i t a d o r dele ficasse c o m vida; q u e
eles-quisessem
-- -
viver e m paz com os Moradores, ele lhe ass-eguraria
em n o ~ m e _ d e . S í i ~ ~ a ~ o ~ n ~ b q m ~ r a t a mI hes ns at sosli _
-
- ~e' ? ~ b
mentados naquelas montanhas, foi o sucesso mais benéfico que o
CBu nos fez, que fortuna que o valor conseguiu. nahria terras para a sua v i v e n d a , ~ e ~ l h e s ~ e n t r e g a r i a m ~ a ~ u l h e r e s ,
& Logo conforme a ordem que levava Fernáo Carrilho do Go-
filho~~qüéefinóSâõ~jFo~~i.e~avam.
.- - c ---h
( V vernador D. Pedro y separaram os quintos para sua Alteza, e as Passados todos estes sucessos, alegres o s povos c o m estes q ' -'b?
1 mais peças se repartirampelos soldados; feita a r e r t i ç ã o por seis triunfos, livres os soldados destas marchas, sossegados o s morado- \
\ h ~ r n dse s i n W ~ a d o s com
, que ficaram os soldadoos satis-s do res destes insultos, e recebendo D. Pedro o s vivas, e parabéns desta 2 0
wq b' t~balho,que padeceram, e cõntentes do desinteresse que mx-a- n u b w t á o sinaular fortuna. correram os meses seauintes d e a b r i l e a u e *f15 .~ -

Gae
3 - 4 ~

\
v a ~Ação
. foi esta que de grande crédito para o Governador D. Pe- largou Õ Governo destas Capitanias a ~ k e - s A e ~ o u se aC a s t r o s e u

-
cc 2
+ dro, pois nela se conheceu publicamente o seu intento que era fazer , - sucessor; e m cujos dias brevemente se confirmou a verdade desta -.
'&\ a Sua Majestade este serviço tão grande; como libertar estas Capi- w.n r e m e lhe tocou parte da gl6ria que D. Pedro soube dispor. ;'~.r*J3
b-4
@> . a g16riadodejugo
tanias tirano, que as oprimia, sem esperança outra mais que
a conseguir.
Porque aos 18 de junho d o mesmo ano e m um sfibado 31 tarde,
véspera d o dia e m que na Paróquia d o Arrecife se celebrava a festa
Nesta mesma ocasião chegou aviso e m como uma tropa que d o nosso Portugubs Santo Antonio, entrou o alferes que tinha man- p\
tinha despedido o Sargento-Mor Manuel Lopes, que assistia nas dado D. Pedro aos Palmares com aviso, a c o m p a ' 1 h B i c - d e ~ 3 ~ . d 7 q.) h,
r
Alagoas para a condução dos mantimentos a cargo d e João Coelho, ei com 12 n e g r O ~ ~ ~ ~ u a ~ ~ ~ s e v ~ a m ~ p P r D. o s t c ~ a o /--

e Manuel de S. Paio, para correr os Campos de S. Miguel, topara ho-déATm6i8a-@-m ordem d o Rei para lhe renderem~vassaiagem, ' i10

' O,y
1 .
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com uma marcha de
a tropa sobre eles: Efn%am
re-ria
tai;l
quinze
sos souberam que encaminhava a w a , o Gana lomba,
e mataram muitos; pelos
deu
pre-
& E d T e T a p a z q u e ~ d è s ~ a v ~ m ~ ã i z e ~ d o qéul ee~~usd6e r a c o n q u i s - -ZLQ )
tãr a8fiCuldade~doçPalmares.que tantos governadores e Cabos in-
---
tenfãra%ènáo conseguiram; que sB ~ i K m Õ f ' e i G é r á Z 6 i uarbítrio,
~
i)ã\
h.?.,.
do Rei negro vaboso, e reconhecid~daquele6 brutas como Rei que n a s u e r i a m mais guerra, que-s_óqroc-m sai~ara~ vidas
s dos
&' a(,s t m . que fka_rarn, que e ç t i i a m S e m Cidades, sem mantimentos, s m u - -5C;
Logo chegou outra notícia que o Capitão Francisco Alves Ca- lhe= nem filhos; e-@erjispusesse dos que restavam como a sua+% '(u'e-
b*'melo, com Cento e trinta homens se espalhara pelos mesmos Cam- n6bi-eg=(ieterminasse. - , \ > , . A &E/

.
44

caminhospor desimpedidos e sendo este triunfo para


dssm rendimentos. "30 foi esta campanha para i,,a
aI,A,I de
fazendade nenhum Custo; porque sem nem des Me~ãiUadaa beitm
ru c a a ~seaaumentou
l, Com 0 lucro dos quintos, que s
, com a esperançade multiplicados aumentos que
mueies sertões ricos de excelentes madei
que ae der ta^ durtaute ad p k i ~ c e i z ~
pr
fort,ssims para engenhos, e pastos estendidos para
Aqora 6 que concluiu a r e s t a ~ r a ~ étotal
0 destas aaab de gueitira c c e ~ uegtaa
Perns&uco, porque agora se acham dominantes do
go, que dos portos e dentro as inquietava a tantos a
lizes sucessos que aqueles mesmos que nos de'struiam com su
q~it~rrcbd?aa daa P a t ~ a t t a ,
. -- orometem servir com seus trabalhos. Toda felicidade
,..,", nos
-c r

g16ria, toda a glbria desta ~0nCIuistasoube merecer o zelo g e n r ~ deu debfir~cee paz
e a p~dhnciasingular de D. Pedro de Aimeida, que não repara
em nenhum impossivel se dispds a conseguir esta fortuna; seu 4
ser&eterno na lembrança dos filhos de Pernambuco; seu vai
aceita errc juuh de 1678 *
mado nas incultas montanhas dos Palmares, seu aplauso es
nos ~er~btuos brados da fama.
Pedro Paulino da Fonseca
Por
S6cio honorário do Instituto
~rqueológico'eGeográfico Alagoano.

-
M e d r i a dos acontecimentos havidos nos primeiros anos de guerra
contra 0s negros das Palmeiras, e dos sucessos obtidos, atb a Paz
feita com 0 rei Gangasuma, em junho de 1678.

R@visfado InnitUto ~ ~ ~ u 0 0 1 6 g iHc ios t b r i ~e Geogdfico Br~sileiro, Rio de bneim,


47(1): 1424, 1884.

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