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HISTÓRIA – 11.ºANO
comércio estrangeiro. Na ausência do rei D. João VI e da Corte, os ingleses Revolução Liberal de 1820
controlavam o exército, o comércio e o governo portugueses, o país sob o domínio do general inglês
Beresford.Toda esta situação de descontentamento levava muitos portugueses a desejar fazer uma revolução,
de acordo com as ideias de liberdade e igualdade vindas de França. Foram os impulsionadores para que, em
1820, militares do Porto se revoltassem contra o regime absoluto e a situação do reino. A Revolução Liberal
espalhou-se por todo o país, os ingleses foram afastados das suas funções militares e políticas e foi criado um
governo provisório que incluía revolucionários de Lisboa e do Porto. Foram organizadas as primeiras eleições
para deputados às Cortes Constituintes. A primeira Constituição portuguesa, elaborada de acordo com as
ideias liberais, foi aprovada em 1822.
Reconhecer o papel das revoluções liberais na obtenção do direito de igualdade
Na segunda metade do século XVIII, considerado o Século das Luzes e o Século das Revoluções, as doutrinas
iluministas e as novas formas de governo propostas pelos seus filósofos tiveram as suas primeiras aplicações
práticas nos Estados Unidos da América e em França, na forma, de facto, de revoluções liberais, que abalaram o
mundo atlântico e levaram à queda do Antigo Regime em quase todos os países do Ocidente com a vitória da
burguesia sobre as ordens privilegiadas desse regime.
Os principais fundamentos do Iluminismo, a nível político, acabaram por negar qualquer tipo de absolutismo ou
despotismo, defendendo a liberdade política, a divisão de poderes, o contrato social entre governantes e
governados, a soberania do povo. Neste contrato, o povo, detentor da soberania, delega nos governantes a
autoridade necessária ao governo, mas tem o direito de a revogar.
A nível social, defendiam a igualdade social e a abolição de grupos privilegiados, já que todos os cidadãos da
nação eram iguais e com direitos iguais. Portanto, criado um sistema político baseado no direito social que todos
os seres humanos possuíam à nascença, direitos e deveres inatos e que nenhuma lei imposta pelo estado lhes
poderia tirar. Assim, com base no pensamento iluminista, surgiu um conjunto básico de direitos inerentes à
natureza humana: o direito à igualdade, à liberdade, à propriedade…
Rousseau (1712-1778), o filósofo que maior influência exerceu no Movimento das Luzes, escreveu O Contrato
Social, ideia iluminista que defende que todos os homens livres e iguais são igualmente depositários da
soberania, soberania popular, sendo todos os cidadãos, através do voto universal, os verdadeiros detentores do
poder político da autoridade do Estado, que delegam nos governantes, que podem ser destituídos se não
governarem com justiça. Montesquieu (1689-1755), o grande teórico político, influenciado pelo
Parlamentarismo inglês, na sua obra O Espírito das Leis, com enorme repercussão no seu tempo e, mais tarde,
nas constituições políticas liberais, defendeu o desdobramento da autoridade do Estado em três
poderes:legislativo, executivo e judicial, cada um entregue a entidades diferentes e assim evitar os abusos de
poder.
A primeira Constituição Liberal, baseada nos ideais iluministas de igualdade e liberdade políticas e sociais, foi
aprovada em 1787, após a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América face à Inglaterra.
Criando um Estado Federal, os americanos deram origem ao primeiro estado com bases democráticas no Novo
Mundo, com a afirmação prática das teorias iluministas. Em 1789, inicia-se, em França, a Revolução Francesa
tendo sido abolido o Antigo Regime, proclamada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e aprovada a
Constituição de 1971, com base nos princípios da liberdade, igualdade e separação dos poderes.
Compreender que os princípios da igualdade de direitos e de soberania nacional se
contrapõem a legitimidade dinástica
Legitimidade é o direito à legalidade de sucessão e legitimidade dinástica é o direito
do monarca passar o poder político de pai para filho. Os princípios da igualdade de
direitos e de soberania nacional contrapõem-se à legitimidade dinástica, porque
defendem que todos os homens são livres e iguais e que todos são depositários da
soberania, soberania popular, que exercem através do voto. Para o poder político ser
considerado legítimo é preciso que haja um consenso entre governantes e governados.
Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão Analisar alterações de mentalidade e de comportamentos que acompanharam
as revoluções liberais: o cidadão ator-político, o direito à propriedade e à livre iniciativa
As revoluções liberais pressupuseram várias alterações de mentalidade e de comportamentos, como o de
cidadão-ator político. O cidadão intervém na governação, na vida política como eleitor e detentor de cargos
políticos, participa em assembleias, em clubes de discussão, escreve livros ou artigos nos jornais, manifesta as
suas ideias, apresenta as suas obras. E o cidadão passa a ter direito à propriedade, direito à posse de bens e
propriedades e à livre iniciativa, podendo ter um qualquer negócio ou exercer uma qualquer profissão, dentro
do respeito pela lei.
A ideologia das Luzes do século XVIII foi sistematizada na Enciclopédia, espécie de dicionário ilustrado que
contém todos os conhecimentos da época. Os seus primeiros diretores foram Diderot, filósofo, e D’Alembert,
matemático, com a colaboração dos mais ilustres intelectuais e cientistas do século XVIII, entre os quais o
médico português Ribeiro Sanches. A Enciclopédia, publicada em fascículos e apresentada de forma atrativa e
ao alcance de todos, foi um poderoso instrumento de expansão cultural e de transmissão das ideias
revolucionárias.
Durante mais de três séculos, o tráfico negreiro constituiu uma das molas fundamentais do capitalismo
mercantil, fornecendo a mão-de-obra necessária às plantações do Novo Mundo e representando em si uma forma
importante de acumulação de capital, na Europa.
De acordo com os princípios do iluminismo, o abolicionismo foi um movimento político que visou à abolição
da escravatura e do comércio de africanos e tornou-se uma das formas mais representativas de ativismo político
do século XIX até a atualidade.
A 19 de setembro de 1761, pela mão de Sebastião José de Carvalho e Melo, então conde de Oeiras e assinado
por D. José, foi emitido um alvará libertando todos os escravos negros provenientes
da América, África ou Ásia assim que chegassem à metrópole (Portugal continental), após desembarque. A
intenção declarada era a falta de mão-de obra nos domínios ultramarinos e acabar com o desemprego dos
“moços de servir” em Portugal continental. No início do século XIX, por pressão da Grã-Bretanha, Portugal
proibiu o comércio atlântico de escravos e, em 1854, por decreto, foram libertados todos os escravos cativos, e,
dois anos mais tarde, também foram libertados todos os escravos da Igreja Católica nas colónias. Persistindo
ainda o tráfico clandestino, a 25 de fevereiro de 1869, produziu-se finalmente a abolição "prática" e completa
da escravatura em todo o espaço controlado pelo Império Português. Na década de 1930, morreu a última
escrava em Portugal com cerca de 120 anos de idade. Após a Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, em França, foi abolida a escravidão, em 1794.
Embora todas as nações do mundo já tenham abolido a escravidão, ainda há persistência ilegal em manter essa
prática. Em decorrência disso, foi criada uma classificação anual do índice global de escravidão, de forma a
desmascarar uma prática hedionda incompatível com os princípios da igualdade e da liberdade.
Conclusão
As doutrinas iluministas e as novas formas de governo propostas pelos seus filósofos provocaram revoluções
liberais, que abalaram o mundo atlântico e levaram à queda do Antigo Regime em quase todos os países do
Ocidente com a vitória da burguesia, grupo social culto com poder económico, mas sem poder político.
As Revoluções da Luzes contestavam qualquer tipo de absolutismo, defendiam a liberdade política com a divisão
de poderes, o contrato social entre governantes e governados, a soberania do povo, defendiam a igualdade
social e a abolição de grupos privilegiados, consequentemente, o fim da sociedade estratificada e hierarquizada
do Antigo Regime. Portanto, foi criado um sistema político baseado no direito social intrínseco a todos os seres
humanos, direitos e deveres inatos e que nenhuma lei imposta pelo estado pode tirar, direitos inerentes à
natureza humana: o direito à igualdade, à liberdade, entre outros…
A soberania popular manifesta-se através do voto universal, sendo todos os cidadãos os verdadeiros
detentores do poder político da autoridade do Estado.
Com a vitória da burguesia sobre as ordens privilegiadas do Antigo Regime, uma nova era nasceu nas relações
entre os homens, uma era de liberdade e de tolerância, uma era de democracia.
Bibliografia