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Idade contemporânea

Esse período da história, já sob as luzes do Iluminismo que nascia, iniciou-se


um tempo de importantes modificações que geraram revoluções políticas. O
chamado “Século das Luzes”, acendeu novos ideais de vida e do pensamento,
trazendo transformações sociais significativas. A consolidação do iluminismo
que pregava a primazia da razão e do estudo científico como forma de garantir
o desenvolvimento humano, era uma dessas forças que modificaria muitas
paisagens da Idade Contemporânea. Os ideais iluministas trouxeram um
elevado grau de desenvolvimento científico, e a sociedade, sobretudo a
ocidental, passou por processos de laicização, comprometendo a relação
entre Estado e Igreja, que começaram a estabelecer desvinculações e assim o
poderia religioso veio a fenecer, diminuir. Além disso, foi o Iluminismo que ao
se propagar entre os burgueses, impulsionou o início da Revolução Francesa
em 1789 e os parisienses então, tomaram a prisão da Bastilha desencadeando
profundas mudanças no governo francês. O movimento iluminista fazia duras
críticas às práticas econômicas mercantilistas, ao absolutismo, e aos direitos
concedidos ao clero e a nobreza. Grandes participantes desse movimento
intelectual foram Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot e Adam Smith.
O desenvolvimento científico foi proporcionando progressos consideráveis
como a Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo. Com um modo
mais técnico de produção, as novas tecnologias surgiram dando seus primeiros
passos construindo os primeiros automóveis e antibióticos. Por outro lado, essa
mesma tecnologia criava armas letais que promoviam conflitos, guerras e
extermínios em massa. A política na Idade Contemporânea não teve grandes
sucessos quando as monarquias absolutistas perderam força, substituídas por
monarquias constitucionais, seguindo métodos mais democráticos nas
repúblicas, porém com algumas expressões autoritárias. Nesse mesmo cenário
político-econômico surgiu uma nova ideologia que hasteava uma bandeira de
soluções para a exploração praticada contra os trabalhadores no capitalismo,
surgindo então, o Socialismo. Essas ideias mobilizaram trabalhadores do
mundo todo, pois ansiavam viver sem ser explorados. (SCHWARCZ, Lilia
Moritz, 2019)
O Iluminismo

“A pergunta "o que é Iluminismo?" promoveu um importante debate na


Alemanha entre 1783 e 1784. Além de Immanuel Kant, famoso pela riqueza
das respostas, grandes pensadores já buscavam explicar o nome escolhido
para a época das transformações em que viviam: século das luzes, do
esclarecimento. É que, apesar de muito sugestiva, a metáfora da luz; da
clareza das ideias, não era precisa quanto a seus possíveis significados. E o
debate continuou, assim, até nossos dias, suscitando as mais variadas
definições.” (GRESPAN, pag.13,2008)
Para o Iluminismo, somente a razão aliada aos métodos científicos, era capaz
de demonstrar as verdades elementares que fomentariam o progresso do
conhecimento. Em meio a tantos pensadores iluministas ressaltamos Denis
Diderot e D’Alembert (1713-1784) filósofos, sendo grandes pensadores e
principal idealizadores da Enciclopédia. Essa publicação se tornaria, entre a
década de 1750 a 1770, em 35 volumes com cerca de 70.000 textos sobre os
mais variados assuntos. Um catálogo ornamentado de todo o conhecimento da
época em que foi produzida. A história então teria pela primeira vez, toda a
sabedoria humana reunida numa só coleção totalmente disponível ao público,
incentivando, assim, o pensamento livre.
O autor afirma que o Iluminismo trazia a liberdade de tudo criticar sem excluir o
que se criticava, mas, apenas desejava analisar pela razão, do que se tratava e
se teria bases para se sustentar. A crítica ao mesmo tempo, se dirige para o
que deve ser afirmado. Assim, não se restringe a uma simples crítica, mas
àquela que constituiu um elemento fundamental no movimento das ideias,
produzindo uma dinâmica, evitando assim, que se cristalizassem numa
totalidade estática, pronta. O Iluminismo não poderia agir diferente, já que se
definia justamente pelo repúdio de todo e qualquer sistema rígido e acabado de
pensamento. O dogma da razão que condena as religiões estabelecidas, funda
o deísmo, (doutrina que considera a razão como a única via capaz de nos
assegurar da existência de Deus). O deísmo difundiu-se e foi precursor do
ateísmo. Para o Iluminismo, a verdade que existe em qualquer religião é o
reconhecimento de um ser superior e de suas leis. Este núcleo verdadeiro
deveria ser conservado pela filosofia, e tudo o mais, rejeitado. (GRESPAN,
Jorge. 2008)
A Revolução Francesa entre Direitos, liberdade e Terror

A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade, ela inaugura


um tempo que levou à universalização dos direitos sociais e das liberdades
individuais, a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa
revolução abriu espaço para a consolidação de um sistema pautado pela
representatividade popular, hoje chamado de democracia representativa. A
Revolução Francesa só foi possível graças à popularização dos ideais do
Iluminismo.

O historiador Eric Hobsbawm afirma que:

[…]. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para


a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário
do nacionalismo. […] A ideologia do mundo moderno atingiu as antigas civilizações que tinham
até então resistido às ideias europeias inicialmente através da influência francesa. Essa foi a
obra da Revolução Francesa. (HOBSBAWM, Eric 2014, p. 98.

Resultado de uma crise política, econômica e social, a Revolução Francesa


aconteceu no final do século XVIII. Com achegada da crise, a monarquia
absolutista que existia na França há séculos e a antiga ordem de privilégios
que constituía o Antigo Regime Francês, chegaram ao fim. Governada por Luís
XVI a sociedade francesa era dividida em classes sociais, conhecidas como
Estados: 1. Primeiro Estado: clero; 2. Segundo Estado: nobreza; 3. Terceiro
Estado: povo, definição genérica que incorpora o restante da sociedade
francesa. Essa sociedade, apresentava uma desigualdade extrema, pois a
nobreza e o clero gozavam de muitos privilégios, como a isenção de tributos
tendo também o direito de cobrar impostos por suas terras. Essa desigualdade
foi gerando consequências econômicas negativas, por conta das mudanças
que estavam acontecendo no mundo, derivadas do avanço do capitalismo. As
tentativas de reforma que haviam sido cogitadas, fracassaram, porque nobreza
e clero impuseram forte resistência a qualquer medida que resultasse na perda
de seus privilégios.
A crise econômica impactou fortemente as relações sociais. A nobreza
intensificou a exploração sobre principalmente o campesinato e a classe média
francesa. Isso aconteceu devido a ocupação de cargos governamentais pela
nobreza quando eram da classe média, e pelo aumento dos impostos cobrados
aos camponeses. O aumento dos tributos de forma densa se deu, diante dos
camponeses que não possuíam terras. Obrigados a ceder uma parcela cada
vez maior de sua renda, perderam as condições básicas para a própria
subsistência. Por conta de tal imposição, a situação do campesinato nos vinte
anos que antecederam a Revolução Francesa agravou-se consideravelmente.
Os Estados Gerais que reuniam representantes dos três Estados debateram
soluções. Era comum que nessas assembleias, a nobreza e o clero sempre se
uniam para derrotar o Terceiro Estado. Como os representantes do Terceiro
Estado exigiram que o voto fosse individual, a burguesia que representava o
povo no conselho, teria força para aprovar os desejos do Terceiro Estado.
Sendo negado o voto individual, criou-se então uma Assembleia Nacional
Constituinte. Havia então uma esperança para o povo até que o rei se mostrou
contrário à Constituição que estava sendo elaborada e ordenou o fechamento
da Constituinte. No dia então de 14 de julho de 1789, a população parisiense
rebelou-se e atacou a Bastilha, prisão para onde eram enviados os opositores
do Absolutismo Francês e símbolo do Antigo Regime. Ocorreu então a Queda
da Bastilha, assim pelo ficou conhecida a tomada da prisão pela população
parisiense, marcando o início da Revolução Francesa. A partir da Queda da
Bastilha, o processo revolucionário estendeu-se por dez anos e finalizado com
o Golpe de 18 de Brumário, organizado por Napoleão Bonaparte. A Queda da
Bastilha espalhou um processo revolucionário por todo o país. Os camponeses
temendo que a aristocracia pudesse deixá-los sem alimentos, não titubearam e
partiram para o confronto. Essa reação conhecida como Grande Medo, se deu
entre julho e agosto de 1789, marcada por ataques e saqueamentos contra
propriedades de aristocratas e, muitas vezes, pelo assassinato dos donos
desses locais. Os camponeses lutavam pelo fim de impostos e por um maior
acesso aos alimentos, já que a fome era um problema grave. Numa forte e
radical reação do povo, mudanças foram acontecendo na França. Os
privilégios feudais foram abolidos naquele mês de agosto, e assim, foi
anunciada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que significou
talvez a maior uma conquista da Revolução Francesa. Esse documento
determinava, teoricamente, que todos os homens eram iguais perante a lei. As
tentativas de barrar a revolução tornaram-se claras quando foi promulgada a
nova Constituição Francesa em 1791, transformando a França em uma
Monarquia Constitucional e frustrando quem esperava ela seria uma República
com ampla democracia. Com isso, a Assembleia Nacional Constituinte
transformou-se em Assembleia Legislativa. (HOBSBAWM, Eric. 2014) Houve,
então, a consolidação de dois grupos políticos que marcaram a Revolução
Francesa: girondinos e jacobinos. Esses, possuíam visões diferentes em
relação ao processo revolucionário. Os girondinos acreditavam que as
mudanças deveriam ser contidas, já os jacobinos achavam que as mudanças
deveriam ser mais radicalizadas. Em meio a isso, o processo revolucionário
francês era considerado uma ameaça por outras nações absolutistas da
Europa, e muitas dessas começaram a conspirar para invadir o país.
Antecipando, a Assembleia declarou guerra contra a Áustria e a Prússia. Essa
declaração de guerra em abril de 1792, abriu caminho para uma forte
radicalização da Revolução Francesa e assim, deu-se início a um período
conhecido como Terror. O clima de guerra empurrou a sociedade francesa para
o lado dos jacobinos e dos sans-culottes. O resultado disso foi que os sans-
culottes se organizaram, derrubaram a Monarquia Francesa e instauraram a
República. (MORAES, L. Edmundo, 2017.)

O Terror

o Período do Terror ou Período dos Jacobinos, foi um momento da história da


França compreendido entre 5 de setembro de 1793, na queda dos girondinos e
27 de julho de 1794, quando se deu a prisão de Maximilien de Robespierre, ex-
líder dos Jacobinos que foi um precursor da ideia de um Terrorismo de Estado
nos séculos posteriores. As principais características dessa fase do Terror
fosse deu por conta dos jacobinos que declararam que o rei Luís XVI era
culpado de traição e seria condenado à execução na guilhotina. O mesmo
também veio acontecer com sua esposa Maria Antonieta. Numa Convenção
Nacional, os jacobinos, sob a liderança de Robespierre, estabeleçam várias
medidas que narrava os seus reais interesses e protestos como o fim da
escravidão nas colônias francesas; o desaparecimento de todos os privilégios;
uma larga divisão das grandes propriedades; restauração de preços de
produtos essenciais; uma necessária ajuda aos indigentes e uma educação
básica que deveria ser obrigatória e gratuita. Os girondinos tiveram uma reação
violenta diante das radicais medidas adotadas. Então, organizados, a
burguesia da França começou a perseguir, prender e assassinar vários
jacobinos, como meio de barrar as propostas estabelecidas. Os jacobinos, por
sua vez, reagiram com mais força, entendendo que a única forma de defender
a revolução, era pelo extermínio de todos aqueles que não compartilhavam do
mesmo ideal. E em 1793, cerca de 40 mil pessoas monarquistas, girondinos e
ricos burgueses foram executados pelos jacobinos. Padres e freiras foram
levados à guilhotina com as mais de cem pessoas consideradas inimigas do
povo francês. Esse massacre se deu sobretudo pela colaboração dos discursos
de Maximilian de Robespierre que tivera um papel crucial no processo de
incitação e organização das massas, os chamados “sem calções”, que eram
pessoas sem vínculo com a aristocracia tradicional. Robespierre conseguiu
canalizar a violência revolucionária e transformá-la numa “máquina de terror”
que se fez atuante a partir do ano de 1793, sobretudo a partir da execução do
rei Luís XVI." Dia 28 de Julho de 1794, a guilhotina instalada na Praça da
Concórdia de Paris decapitava Maximilien Robespierre e mais vinte e um
correligionários e principais aliados durante o regime do Terror. Terminava
assim a época mais negra da Revolução Francesa, na qual centenas de
pessoas foram executadas e presas. O desfecho desse cenário de extrema
crueldade e rebeldia se deu em 18 de Brumário do ano VIII (9 de novembro de
1799), Napoleão toma o poder por meio de um golpe militar e se declara cônsul
da França.

A Guilhotina, máquina da morte


A construção da Guilhotina teria tido a sua primeira inspiração diante de uma
gravura do alemão Albrecht Dürer, feita no século XVI, que mostra o ditador
romano Tito Mânlio decapitando seu próprio filho com um aparelho semelhante
a uma guilhotina. Constam em registros de que, durante a Idade Média,
equipamentos de cortar cabeças já funcionavam na Alemanha. Na Inglaterra e
na Escócia a partir do século XVI, surgiram versões mais aperfeiçoadas. No
primeiro projeto de guilhotina, havia uma lâmina horizontal. Foi o doutor Louis,
célebre cirurgião da época, que recomendou, em um relatório entregue em 7
de março de 1792, a construção de um aparelho a lâmina oblíqua, única
maneira de matar todos os condenados com certeza e rapidez, o que era
impossível com uma lâmina horizontal. Essas, dariam origem à guilhotina
francesa. Foi o médico francês Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) que
sugeriu a aplicação da pena de morte por meio dessa máquina. O médico
considerava ser este método de execução, mais humano do que o
enforcamento ou a decapitação com um machado. Na prática nem sempre a
morte era instantânea, pois, a agonia do enforcado poderia ser longa, caso o
dano aos ossos do pescoço não causasse a morte imediata; já em outras
decapitações, o machado não cumpria seu papel ao primeiro golpe, o que
aumentava consideravelmente o sofrimento da vítima. Guillotin estimava que a
instantaneidade da punição era a condição necessária e absoluta de uma
morte decente, daí surgir uma dúvida, guilhotina crueldade ou piedade?
A guilhotina foi usada durante a Revolução Francesa, para aplicar a pena de
morte por decapitação. O aparelho é constituído de uma grande armação reta
na qual é suspensa uma lâmina losangular pesada (de cerca de 40 kg). As
medidas e peso indicados são os das normas francesas. A lâmina é guiada à
parte superior da armação por uma corda, e fica mantida no alto até que a
cabeça do condenado seja colocada sobre uma barra que a impede de se
mover. Em seguida, a corda é liberada e a lâmina cai de uma distância de 2,3
metros, seccionando o pescoço da vítima. Calculam-se 40 mil vítimas da
guilhotina entre 1792 e 1799. No período do Terror, entre 1793 e 1795,
constataram-se 15 mil mortes na guilhotina. A pena de morte na França foi
abolida em 1981 pela Assembleia Nacional sob proposta de François
Mitterrand e Robert Badinter.
pt.wikipedia.org/wiki/Guilhotina https #cite_note-1

Um novo sentido à Morte

A partir do século XVIII a morte ganhou impressões românticas e eróticas, uma


vinculação entre Tanatos e Eros na arte e na literatura. Bernini (1598-1680) em
o êxtase de Santa Tereza e tantos outros esculpiam, pintavam e escreviam a
presença dos corpos nus junto as tragédias da morte representadas em
sacrifícios e sofrimentos diversos. O teatro barroco instala nos túmulos seus
enamorados, lembrando a literatura macabra como do Capuleto, a história do
monge e bela morta velada por ele. (ARIÈS, pag.42,2017) O autor afirma que a
morte vai ganhando, a partir de uma sensualidade e romântico, uma leitura de
beleza, retratada na arte de diversas formas. que se imprime. Várias cartas e
crônicas nesse período, eram feitas narrando o acontecimento da morte, entre
agonias e doenças. Uma jovem da família La Ferronays, em seu romantismo,
escreve:

“Morrer é uma recompensa, pois é o céu, a ideia favorita de toda a minha vida de menina. É a
morte que sempre me fez sorrir! jamais alguma coisa me fez com que a palavra morte se
tornasse lúgubre para mim” (ARIÈS, pag.43, 2017)

Em um outro depoimento, nesse mesmo período, havia um casal de noivos em


que o jovem, pela tuberculose, deixa a sua futura esposa. Ela diante do seu
grande amor, agora morto, diz:

“Seus olhos, já fixos, estão voltados para mim... e eu, sua mulher, senti o que jamais terá
imaginado, senti que a morte era a felicidade” (ARIÈS, pag.43, 2017)

O século XVIII, trazia esses traços do Romantismo, promovendo uma


complacência para com a ideia da morte. Até esse século a morte era muito
pessoal, era o ser pensando sobre sua morte e como faria para que tudo
ficasse com a sua partida. Assim, os testamentos ganharam força, como
documento que expunha todos os gostos e vontades daquele que partiria. O
trato com a morte foi-se modificando e as expressões sentimentais
aumentavam. A dor da separação era mais sentida e assim surge outra
mudança: a morte temida não é mais a própria morte, mas a do outro. Na
Idade Média não havia o interesse de se preocupar ou velar os mortos em seus
locais de sepultamento. A partir do século XIV e sobretudo no século XVII,
começou a surgir uma preocupação com os mortos, em localizar a sepultura,
essas visitas cheias de melancolia eram raras até então. Antes esses mortos
eram confiados à Igreja, ou muitos deles eram relegados a valas, fossas
criadas para receber esses corpos. Esse locai feitos acabaram pro proliferar
emanações pestilentas com odores feridos que acabaram por contaminar
muitas pessoas. Já, no chão da igreja, havia uma superlotação de corpos
enterrados, e esse acontecimento, demonstrava que a Igreja só havia se
preocupado com as almas e não com os cuidados com os corpos. Os túmulos
então adquiram um grande significado. As pessoas apresentavam suas
afeições a quem partiu, mesmo não aceitando a separação, e assim
apegavam-se aos seus restos, quando não havia pessoas que preferiam
conservar com álcool. Aqueles lugares que o cemitério tivera na Idade média,
agora ganhava um valor bem amis moral e ético. Os mortos eram enterrados
ás portas da igreja ou nos terrenos da mesma, mas nesse tempo a família
querendo mais se sentir à vontade para velar seus mortos, elas preferiam que
tais locais fossem da família do morto. Assim, a concessão da sepultura tornou-
se uma propriedade, perpetuamente assegurada para a família.
No século XIX houve -se a intensão de levar os cemitérios para fora da cidade,
mas com o passar do tempo essa ideia foi abolida, pois começaram a entender
que o cemitério era importante por abrir no seio do povo um tom de patriotismo
que zelava dos seus mortos. Em 1930 e 1950 ocorrem evoluções quando o
indivíduo já não morre mais em casa, mas no hospital, sozinho. Nos hospitais
os médicos da época eram os donos da morte, de seu momento e das
circunstâncias. Morre-se no hospital porque era o lugar agora de cuidado,
quando em casa já não se tem tantos recursos. Antes haviam asilos para
miseráveis e peregrinos e assim viver e morrer eram situações que oscilavam
no âmbito hospitalar. As pessoas buscavam o hospital para alcançar a cura,
mas começaram também a entender que eram na maioria das vezes para
morrer. Apesar desse quase paradoxo, as famílias com a chegada dos
hospitais, passam a confiar mais nessa instituição e seus médicos, do que na
própria família que presidia os momentos finais de um ente que ia falecer,
tratando de cuidar de tudo que ele precisava para atravessar o tempo que lhe
restava.

A morte teria que ser aceita pelos familiares sem que estes, pudessem
expressar a sua comoção em público, pois, qualquer comoção deveria ser em
particular ou às escondidas, não podendo também usar vestuário escuro que
definisse um luto e nenhuma expressão que não fosse as que apresentava
cotidianamente. Ariès vai falar dessa proibição dizendo que:

“Uma dor demasiada visível não inspira pena, mas repugnância; é um sinal de perturbação
mental ou de má-educação, é mórbida. Dentro do círculo familiar ainda se hesita em desabafar,
com medo de impressionar as crianças. Só se tem o direito de chorar quando ninguém vê nem
escuta: o luto solitário e envergonhado é o único recurso [...]”.

(ARIÈS, 2017) vai dizer que por conta dessas “normas” as pessoas
dissimulavam uma rápida resignação, para em tempo curto voltarem a viver de
forma normal, mas com o tempo, o interditar a morte não mais passou a ser
suportado, levando à morte muitos enlutados diante da tristeza e dor que
explodiam em si mesmos. O século XIX fala da morte do outro e dos abalos
que começam a repercutir quando a morte interdita começa a perder fôlego. O
autor vai lembrar da contribuição feita por Gorer, (1955). no seu livro sobre A
Pornografia da Morte. Ele Ressalta que Gorer vai chamar atenção para os
perigos da configuração da morte, explicando que a interdição da morte estava
sendo causada pelo declínio das crenças religiosas e pelo abandono da
realização dos “rituais de morte”. Dizia o Autor que antes o sexo era proibido
ser dito as crianças e a morte era escancarada para todos que velavam seus
mortos nos esquifes e cemitérios. Depois as crianças passaram a saber de
sexo em tenra idade e a morte foi a que passou a ser tabu. Na Sociedade
americana, o impacto da morte interdita não foi tão presente, mesmo porque
havia já existente uma interdição da morte para que ela não viesse turvar os
objetivos de preservar a felicidade. No século XVIII e na metade do século XIX,
sobretudo no campo, os enterros americanos seguiam a tradição a família,
amigos garantiam o cortejo, o pastor, o sacristão e o coveiro, além do
carpinteiro que ia fazer o caixão. Costumavam abrir a cova na propriedade da
família. havia nessas comunidades uma Igreja que ficava próximo ao cemitério.
Os americanos não colocam a morte no lugar de interdita, por um motivo que
foi surgindo nesses séculos citados, a morte passou a promover lucros, quando
empresas surgiam querendo vender um velório e todos os preparativos que se
tem nesses eventos fúnebres, e isso, para se manter, era necessário não
esconder a morte. já antes e depois da Revolução Industrial surgia um homem
mais interessados com suas posses e riquezas adquiridas. Contudo, ao
perceberem a realidade da morte que de uma certa forma quando já sentida
sua aproximação, imaginavam como fariam diante dos bens acumulados.
Muitos queriam que essas riquezas descessem aos túmulos com eles, sem que
fosse passado a frente, mas por questões de honra, era preciso deixar para os
familiares ou mais próximos. Os testamentos então incluíam os bens como
obra para serem bem vistos nos céus perante Deus. Sendo assim, o século
XVIII foi se apresentando naturalmente nos rituais fúnebres a riqueza e a
pobreza. Nas comunidades rurais, os familiares dos mortos aguardavam que
pelo menos os amigos comparecessem no velório, porque carpideiras, padres
e missa, não eram possíveis. Essa realidade que também era vista na Idade
Média, fez com que obras de caridade, de misericórdia, fossem formadas para
garantir um enterro naqueles povoados onde a pobreza residia.
A morte ganhou várias representações, sendo muitas vezes, vista de forma
normal no cotidiano dos indivíduos. Foi domesticada, romantizada, erotizada,
vagando no imaginário das pessoas, mas no século XIX ela vai ganhar feições
de medo. Dois principais receios na época eram da morte aparente e de ser
sepultado vivo. O autor sinaliza isso quando diz:

“O medo da morte aparente foi a primeira forma reconhecida do medo da morte”


(Ariès, pag. 91, 2017)

Logo em seguida esse medo se manifestou numa certa repugnância ao


cadáver, pois, o fascínio pelos corpos mortos não mais trazia o brilho na arte e
na literatura romântica e pós-romântica. O medo ganha força e começa a
produzir o silêncio acerca do assunto. daí em diante acabava as
representações sobre a morte. E esse silencio ganha força e o assunto
começaria a ficar cada vez mais ignorado e a morte rompe com os grilhões e
se torna selvagem e incompreensível, algo da ordem do insuportável. O
escritor, moralista e memorialista François de La Rochefoucauld (1613 - 1680)
vai dizer em seu livro Reflexões ou sentenças e máximas morais que:
“Não se pode olhar de frente nem o Sol nem a Morte.’ (Não se pode olhar de frente nem o Sol
nem a Morte. (ROCHEFOUCAULD, François de La, Pag.14,1664)

A frase ressalta uma realidade que iria se concretizar inevitavelmente. (MORIN,


pag. 268, 1970) faz uma apresentação da morte no século XIX, no início do
capítulo que fala sobre a crise contemporânea da morte. O autor vai ressaltar
que a morte se apresentou nua, sem imagens, sem misticismos e sem
representações, revelando sua face de dor, que gera saudade, vazios e
prantos em meio a angústias, neuroses e niilismo. Nesse período começou a
se discutir sobre a sociologia da morte. Vários escritos científicos, filosóficos
e literários começaram a surgir discutindo a morte agora pelo temor que ela
causava.

A primeira Guerra Mundial

Esse acontecimento marcou a história da humanidade. A primeira guerra do


século XX gerando um estado de guerra total que foi de 1914 a 1918. Tudo se
deu por conta dos choques que ocorreram na Europa entre países. Um
momento drástico marcado por uma carnificina com um saldo de
aproximadamente 10 milhões de mortos. Rivalidades econômicas, disputas
imperialistas, alianças militares, corrida armamentista, questões nacionalistas e
conflitos regados por ressentimentos do passado esquentaram a fornalha da
dissensão. Porém isso veio a ganhar mais força quando se deu o assassinato
do arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia, em Sarajevo, na
Bósnia, em junho de 1914. Esse conflito mundial seguiu em duas fases que
foram a guerra de movimento e a Guerra de trincheira, esta foi a mais longa (de
1915 a 1918) e mais conhecida pelo número de soldados que morreram em
batalha. A última fase é a mais conhecida por ter sido a mais longa (de 1915 a
1918) e por ter sido efetivamente caracterizada por um alto grau de mortalidade
dos soldados envolvidos. Os países envolvidos na Primeira Guerra Mundial
ficaram conhecidos como Tríplice Aliança, que foram a Alemanha, Áustria-
Hungria, Império Otomano e Itália. A Tríplice Entente eram a Rússia, Grã-
Bretanha e França. A Primeira Guerra Mundial não se resumiu ao envolvimento
desses países. Outras nações acabaram se envolvendo, pois, diversas outras
nações envolveram-se no conflito. No lado da Entente, países como Grécia,
Estados Unidos, Canadá, Japão e até mesmo o Brasil entraram no confronto.
No lado da Tríplice Aliança, houve a participação da Bulgária e de outros povos
e Estados clientes, como o Sultanato de Darfur. (HOBSBAWM, Eric.1995).
A Guerra de Movimento que se deu na primeira fase da Primeira Guerra
Mundial. foi um tempo que ocorrerem vários ataques muito rápidos. Na guerra
de trincheiras, usaram pela primeira vez armas químicas e os alemães
inicialmente utilizaram gás clorídrico, assim, como logo em seguida os
franceses e britânicos. Por fim, o gás clorídrico foi substituído pelo gás
mostarda. As batalhas em trincheiras, os soldados ficavam entrincheirados por
vários dias, numa luta constante por pequenos pedaços de territórios. Além do
inimigo real, haviam a fome e as doenças que surgiam como batalhas a serem
vencidas. Nesses combates havia a utilização de tecnologias bélicas novas
como tanques de guerra e aviões. Dessa forma, enquanto os homens lutavam
nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas como
empregadas. (RODRIGUES, Luiz Cesar B. 1994).
A Primeira Guerra Mundial chegou ao fim em 1918. A resolução do conflito só
aconteceu, entretanto, no ano de 1919 por meio do Tratado de Versalhes em
que houve um tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou
oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Após seis meses de negociações, em
Paris, esse tratado foi assinado como uma continuação do armistício de
novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos. O
principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as
responsabilidades por causar o conflito. A guerra gerou aproximadamente 10
milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu
indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos. (MATTOSO, Kátia M.
Queirós, 1977)

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