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Sumário

EMBARGOS À EXECUÇÃO ..................................................................................................................... 2

1. CONCEITO ............................................................................................................................................... 2 1

2. CABIMENTO............................................................................................................................................ 2

3. PROCEDIMENTO................................................................................................................................... 3

4. ESTRUTURA............................................................................................................................................. 8

5. EXERCÍCIO .............................................................................................................................................11
EMBARGOS À EXECUÇÃO

1. CONCEITO
É um INCIDENTE da execução, por meio do qual o EMBARGANTE (devedor)

poderá alegar vícios (‘defeitos”) relativos a essa fase processual, com o objetivo de
extinguir algum ato executivo ou mesmo a execução como um todo.

Atenção! No exame de ordem, a banca FGV, em algumas questões, já chamou os

embargos à execução de “embargos do devedor” e “embargos à penhora”.

Há divergência quanto à natureza jurídica dos Embargos à Execução, se a natureza


é de defesa ou de ação. No exame de ordem, orientamos os examinandos, a utilizar o

entendimento de que se trata de meio de DEFESA, da forma como já foi cobrado em


provas anteriores.

2. CABIMENTO
O fundamento legal para os Embargos à Execução encontra-se presente no art.
884 da CLT:

Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias
para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.

O prazo para oposição de Embargos à Execução, pelo executado, é de 5 DIAS. Se

o executado garantir a execução – depositando o valor, nomeando bem à penhora ou


apresentando seguro-garantia judicial –, o prazo de 5 dias será contado a partir da
garantia da execução.
Todavia, se o executado não garantir a execução e tiver seus bens penhorados
(ou contas bancárias bloqueadas), o prazo de 5 dias para os Embargos à Execução será
contado da penhora.
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Atenção! No caso da Fazenda Pública, considerando a inexistência de garantia do juízo,


o prazo será de 30 dias contados da citação (art. 1º-B da Lei nº 9.494/1997).

Após o executado opor Embargos à Execução, o exequente será intimado para,

em 5 DIAS, apresentar sua impugnação aos embargos

Na hora da prova você identificará que está diante dos Embargos à Execução
quando a proposta indicar:

● que a fase de conhecimento já acabou (provavelmente o examinador


destacará que há sentença com trânsito em julgado).
● a fase executória começou e que o embargante foi citado.
● ocorreu à garantia do juízo.

3. PROCEDIMENTO
No processo civil, existe a figura da “impugnação ao cumprimento de sentença”,

que equivale aos nossos Embargos à Execução, com uma estrutura diversa. Nessa
impugnação do processo civil, a matéria alegável é muito mais ampla. Veja o que diz o
art. 525, caput e § 1º, do CPC:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-
se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora
ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;


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II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,


novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.

Observe, que o rol de matérias alegáveis na impugnação ao cumprimento de


sentença no processo civil é muito mais amplo que o da CLT. A aplicação isolada do §
1º do art. 884 da CLT torna-se injusta, o que nos levaria a concluir que há lacuna

axiológica neste dispositivo. Portanto, a maioria dos processualistas, entende


subsidiariamente aplicável ao processo do trabalho o art. 525, § 1º, do CPC.

Art. 884, §1º, CLT. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da

decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.

Note que “cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da


dívida” são elementos absorvidos pelo inciso VII do art. 525, § 1º, do CPC, que trata de

causas extintivas da obrigação.


Atenção! Mesmo que a doutrina e a jurisprudência entendam pela aplicabilidade
subsidiária do art. 525, §1º, do CPC, as provas exigem a literalidade do art. 884, §1º, da
CLT, que fala apenas de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou
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prescrição da dívida. Portanto, recomendamos a você que considere correta eventual
alternativa que se restrinja à literalidade do art. 884, § 1º, da CLT.

Importante destacar nesse ponto, que o art. 11-A, caput e §§ 1º e 2º, da CLT torna

aplicável ao Processo do Trabalho a prescrição intercorrente mediante requerimento


ou de ofício.

Atenção! A súmula nº 114 do TST, que determina o contrário, deverá ser cancelada.

Art. 11-A, CLT. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de


dois anos.

§1º. A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa

de cumprir determinação judicial no curso da execução.

§2º. A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício


em qualquer grau de jurisdição.

Observe que, só há prescrição intercorrente quando o exequente deixar de praticar


ato que dependa exclusivamente dele para a continuação da execução. É comum, por
exemplo, que na liquidação por procedimento comum em que a continuação do

processo depende do exequente alegar e provar fatos novos.

É muito raro ouvir testemunhas na fase de execução, mas isso não é algo
impossível.
Exemplo: Marcelo, executado pagou o valor da execução em dinheiro, pessoalmente, ao
exequente, e pretenda provar por meio de testemunhas que efetuou tal pagamento,
para extinguir a execução.
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Art. 884, §2º, CLT. Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o
Presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar audiência para
a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5 (cinco) dias.

Portanto, havendo testemunhas – as quais neste caso devem ser arroladas nos
Embargos à Execução –, deverá ser designada audiência dentro dos 5 DIAS SEGUINTES.

Art. 884, §3º, CLT. Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a

sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo.

Atualmente, a impugnação da liquidação somente pode ocorrer antes da


homologação (art. 879, § 2º, com redação dada pela Lei 13.467/2017). Ademais, a única

medida de que o executado pode se valer na execução, em regra, consiste nos Embargos
de Execução. Em hipóteses excepcionais, outra medida cabível será a Exceção de Pré-
executividade.

Art. 884, §4º, CLT. Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à


liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.

Portanto, os embargos e a resposta (impugnação) do exequente serão apreciados

pelo juiz e decididos numa única sentença.

Atente-se que o “credor previdenciário” referido neste parágrafo é a União, que


tem legitimidade para cobrar as diferenças havidas nas contribuições previdenciárias.
Dessa sentença, caberá AGRAVO DE PETIÇÃO ao TRT, nos termos do art. 897,
alínea a e § 1º, da CLT.

Art. 884, §5º, CLT. Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato 7

normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação


ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.

Imagine, por exemplo, uma sentença, que está sendo executada, tiver

fundamentação contrária a um acórdão proferido pelo STF em controle concentrado de


constitucionalidade, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ou Ação Declaratória
de Constitucionalidade (ADC), que declara inconstitucional uma lei aplicada pelo juiz
naquela decisão. Ou, ainda, imagine que a interpretação dada pelo juiz em sua
fundamentação é reconhecida pelo STF como incompatível com a Constituição.

Checklist:
São hipóteses de inexigibilidade do cumprimento da decisão judicial:
• embasamento em dispositivo de lei declarado inconstitucional pelo STF;
• embasamento em interpretação declarada pelo STF como inconstitucional.
Nesses casos, a sentença proferida pelo juiz não será um título exigível
judicialmente.

Art. 884, §6º, CLT. A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades
filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições.

Atenção! Este parágrafo foi incluído pela Reforma Trabalhista, e já foi cobrado em várias
provas recentes. Muita atenção!
O §6º traz sujeitos que são isentos de garantir o juízo, e, consequentemente,
isentos de penhora ou qualquer outro ato constritivo de bens, como bloqueio de contas
bancárias.
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Os sujeitos são:

• Entidades filantrópicas: estas entidades são pessoas jurídicas sem fins lucrativos,
certificadas e reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a

finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação.

• Diretores ou ex-diretores de entidades filantrópicas: a isenção concedida às


entidades filantrópicas alcança os diretores e ex-diretores, prevenindo-os de futuras

desconsiderações da personalidade jurídica. Isso porque, se comprovados os requisitos


para a desconsideração da personalidade jurídica, os diretores seriam os executados.

4. ESTRUTURA
Como identificar que a peça é um Embargo à Execução? A proposta da prova
mencionará que o processo já se encontra na fase de execução, bem como já houve a
garantia do juízo. Finalmente, será indicada a existência de algum vício de execução.

Veja a estrutura:

AO DOUTO JUÍZO DA ___VARA DO TRABALHO DE ___.

Processo nº
EMBARGANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que litiga com
EMBARGADO, também qualificado, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado abaixo assinado (procuração anexa, com indicação de endereço
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profissional), com fulcro no art. 884 da CLT, APRESENTAR:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

Inicialmente, destaca-se o atendimento dos seguintes requisitos específicos dos


embargos à execução:

a) a garantia do juízo: o embargante garantiu integralmente o juízo através ____, com

base no art. 884 da CLT;

b) a tempestividade: os embargos são apresentados no prazo de 5 dias contados da


garantia, observado o disposto no art. 884 da CLT;

c) as custas processuais: no valor de R$ 44,26, que serão recolhidas pelo executado ao


final da execução, com base no art. 789-A, V, da CLT.

I – DOS FATOS

O embargado ajuizou reclamatória trabalhista em face do embargante, cujos


pedidos foram julgados totalmente procedentes. Iniciada a execução, o embargante foi
citado para pagar o valor devido ou garantir o juízo no prazo de 48 horas, o que foi

feito, mediante ______ (destaque a forma de garantia do juízo).


O perito calculista foi intimado para elaborar a conta, a qual foi homologada pelo
juiz. No prazo legal, o embargante apresenta os presentes embargos objetivando
impugnar os cálculos homologados pelo Douto Juízo.
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II – MÉRITO

01 – DAS HORAS EXTRAS

A sentença transitada em julgado condenou o embargante a pagar horas extras

diárias, acrescidas de 50%, bem como reflexos. Ao apresentar os cálculos de liquidação,


o perito judicial computou 100% de adicional de horas extras, o que foi homologado
por este Douto Juízo.

Nos termos do art. 879, §1º, da CLT, não se poderá modificar ou inovar a sentença
liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal. A homologação dos
cálculos contrários aos limites impostos pelo título executivo judicial implica violação à

coisa julgada e, portanto, ao art. 5º, XXXVI, da CF.

Pelo exposto, requer a correção dos cálculos apresentados pelo perito judicial,
para considerar o adicional de horas extras de apenas 50%.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo exposto, requer o embargante o recebimento dos embargos, a


notificação do embargado para manifestar-se no prazo de 5 dias e a procedência dos

pedidos formulados.

Termos em que,
pede deferimento.

Local e data.
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Advogado

OAB nº

5. EXERCÍCIO
Renato Aidar, brasileiro, viúvo, engenheiro, portador da cédula de identidade nº 456,
inscrito no CPF/MF sob o nº 789, residente e domiciliado na Rua CERS, casa 7 – Recife
– Pernambuco – CEP: 555, em consulta com seus advogados declara que recebeu a visita

do Oficial de Justiça em sua residência; na primeira vez, o oficial o citou para pagar uma
dívida trabalhista no montante de R$ 300.000,00, oriunda da 1º Vara do Trabalho de
Recife, no Processo nº 999; 48 horas depois, o Oficial retornou e penhorou o seu imóvel,

avaliando-o, pelo valor de mercado, em R$ 330.000,00; destaca que tem apenas esse
imóvel, no qual mora com sua filha. O oficial de Justiça informou que há uma execução
movida pela ex-empregada Letícia Saraiva contra Renato; nas contas homologadas,

verificou-se que a correção monetária foi calculada considerando o mês da prestação


dos serviços; e, por fim, ao retornar para penhorar o imóvel, o Oficial informou que a
dívida havia aumentado em 10%, porque o juiz aplicou a multa do art. 523, §1º, do CPC.
Diante do exposto, elabore a medida judicial adequada para a defesa dos interesses de
Renato, sem criar dados ou fatos não informados.

AO DOUTO JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE/PE. 12

Processo n° 999

RENATO AIDAR (“EMBARGANTE”), já qualificado nos autos em epígrafe, em que


litiga com LETÍCIA SARAIVA (“EMBARGADA”), também qualificada, vem à presença de
Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado abaixo assinado (procuração anexa,
com indicação de endereço profissional), com fulcro no art. 884 da CLT, APRESENTAR:

EMBARGOS À EXECUÇÃO
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

Inicialmente, destaca-se o atendimento dos seguintes requisitos específicos dos


embargos à execução:

a) a garantia do juízo: o embargante garantiu integralmente o juízo através do imóvel


em que reside com a sua filha, avaliado em R$ 330.000,00, com base no art. 884 da
CLT;
b) a tempestividade: os embargos são apresentados no prazo de 5 dias contados da
garantia, observado o disposto no art. 884 da CLT;
c) as custas processuais: no valor de R$ 44,26, que serão recolhidas pelo executado
ao final da execução, com base no art. 789-A, V, da CLT.

I – DOS FATOS
O embargante foi surpreendido com a visita de um Oficial de Justiça em sua
residência, que, na primeira vez, o citou para pagamento de uma dívida trabalhista no
valor de R$ 300.000,00, oriunda da 1ª Vara do Trabalho de Recife, no processo nº 999
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e, 48 horas depois retornou e penhorou o imóvel em que reside, avaliando-o, pelo
valor de R$ 330.000,00.

II – MÉRITO
01. IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA
Nos autos da Reclamação Trabalhista em questão, o embargante, teve penhorado
o único imóvel que possui e em que reside com a sua filha, avaliado, no valor de R$
330.000,00
Nos termos do art. 1º da Lei nº 8.009/90, o imóvel residencial próprio do casal, ou
da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer dívida.
Ressalte-se que, com base na súmula nº 364 do STJ, a impenhorabilidade de bem
de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas viúvas.
Pelo exposto, verifica-se que o bem em questão não é passível de penhora, razão
pela qual requer que seja desconstituída a penhora realizada.

02. CORREÇÃO MONETÁRIA


Nas contas homologadas, a correção monetária foi calculada considerando o mês
da prestação dos serviços.
Nos termos da súmula nº 381 do TST, a correção monetária deve ser calculada pelo
índice do mês subsequente ao da prestação dos serviços.
Pelo exposto, requer o embargante, que os cálculos sejam refeitos no que tange à
correção monetária.

03. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC


O Douto juízo acolheu a multa de 10% prevista no art. 523, §1º, do CPC.
Ocorre que, de acordo com o entendimento do TST, firmado em recurso de revista
repetitivo, a multa do art. 523, §1º, do CPC é indevida no Processo do Trabalho, tendo
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em vista que a CLT não é omissa neste caso, e possui regra própria estabelecendo a
penhora e como consequência do inadimplemento ou ausência de garantia da
execução no prazo previsto de 48 horas (art. 880 da CLT).
Pelo exposto, requer que seja afastada a multa do art. 523, §1º, do CPC.

III – REQUERIMENTOS FINAIS


Por todo exposto, requer o embargante o recebimento dos embargos, a
notificação do embargado para manifestar-se no prazo de 5 dias e a procedência dos
pedidos formulados.
Termos em que,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB nº

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