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Recursos do Blog Exame de Ordem para a 1ª fase do XXXIV Exame da OAB

Bom dia!

Muitos de vocês não estão conseguindo receber os mails com os recursos.

Não sei explicar o porquê desta dificuldade. É alguma coisa com a ferramenta RDStation, que
eu uso para os disparos de e-mial para muitas pessoas.

Para simplificar tudo, colei os recursos aqui, em um arquivo de word, para quem não
conseguiu ter acesso aos recursos.

Alguns pontos importantes:

1 – Elaboramos apenas 3 questões. Sei que vocês têm ciência de outros recursos, mas minhas
esperanças estão depositadas aqui. Não farei mais recursos.

2 – O prazo recursal vai iniciar na terça-feira. Neste final de semana vocês devem preparar
seus recursos.

3 – Os recursos NÃO podem ser iguais às fundamentações que vocês encontram aqui. Façam
paráfrases das redações e coloquem em suas próprias palavras. O sistema da FGV identifica
fundamentos idênticos e recursa recursos copiados.

4 – TODOS devem recorrer. A quantidade de recursos influencia a análise da banca.

5 – Eventual anulação NÃO prejudica ninguém. Se anularem uma questão que você acertou
sua nota fica a mesma. Se anularem uma questão que você acertou, sua nota majora um
ponto.

6 – Assim que a lsita preliminar de aprovados for divulgada na segunda, a OAB não poderá
mais retificar o gabarito.

7 – Não sei o horário de divulgação da lista. Teremos que aguardar.

Tenho a esperança de mais anulações. Vamso brigar para conseguir mais alguma coisa para
vocês!

Seguem agora os recursos. As questões indicadas abaixo são da prova amarela. Procurem as
correspondentes em suas provas.
A questão versa sobre o contrato de empreitada em que uma das
partes se torna insolvente em potencial, pois sofreu uma violenta
execução judicial, impondo redução de mais de 90% de seu ativo
patrimonial.

O gabarito oficial deu como correta a alternativa “A” com base no art.
477 do Código Civil. No entanto, a alternativa “D” também está correta
com base na interpretação do mesmo dispositivo.
O artigo 477 do Código Civil está contido no do Título V (Dos
Contratos em Geral), no Capítulo II (Da Extinção do Contrato) Seção
III (Da Exceção de Contrato não Cumprido):

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das


partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de
comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou,
pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela
satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

Da simples leitura, percebe-se que a resposta da alternativa “A” se


encontra no final do dispositivo, quando aponta a necessidade de
prova do adimplemento da obrigação ou “garantia bastante de
satisfazê-la” (gabarito oficial).

No entanto, a primeira parte do dispositivo versa sobre a alternativa


“D” quando expressamente dispõe que a parte pode se recusar a
cumprir a obrigação quando houver diminuição do patrimônio de um
dos contratantes “capaz de comprometer ou tornar duvidosa a
prestação”.

Ora, se a empresa tinha comprometido 90% do seu ativo patrimonial


em uma execução é permitido ao contratante invocar a exceção do
contrato não cumprido diante da iminência de insolvência (hipótese da
alternativa D).

Nesse sentido, a doutrina, ao tecer comentários a respeito do artigo


477:

[...] A partir desta construção, não há necessidade de que se aguarde


o efetivo inadimplemento, o que poderia gerar para juízos de monta ou
mesmo impossibilitar o desfazimento dos atos prejudiciais. Havendo
fundado receio de que a avença não terá fim desejado poderá a parte
que se sentir ameaçada requerer o cumprimento antecipado ou a
garantia de que o mesmo se dará ao termo contratual. Caso isso não
ocorra terá a parte o direito de não cumprir o que lhe cabe.
DIAS, Wagner Inácio Freitas; FARIAS, Cristiano Chaves de;
EHRHARDT JÚNIOR, Marcos e FIGUEIREDO Luciano. Código Civil
para concursos: doutrina, jurisprudência e questões de concursos. 6
ed. Salvador: Juspodivm, 2017.

Assim, a exceção do contrato não cumprido é espécie de suspensão


da exigibilidade da obrigação e não exige que o inadimplemento se
efetive para ser invocada, bastando tão somente a iminência de
insolvência tal como descrito na alternativa D da questão.

Por todo o exposto, tanto a alternativa A como a D estão corretas.


A questão versa sobre o contrato de doação pura a incapaz, pois
Tércio decide doar ao sobrinho Ricardo, 8 anos, certa quantia em
dinheiro.

O gabarito oficial deu como correta a letra C com base no art. 543 do
Código Civil

Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a


aceitação, desde que se trate de doação pura.

O contrato de doação constitui, regra geral: i) contrato


unilateral porque impõe obrigação a apenas uma das partes, isto é, o
doador e ii) negócio jurídico bilateral porque exige a manifestação de
vontade de ambas as partes, isto é, doador e donatário, cabendo a
este último realizar a aceitação.

No entanto, a questão versa sobre a exceção, isto é, doação pura a


incapaz não sendo exigida, portanto, a aceitação do donatário. Sendo
assim, o negócio jurídico deixa de ser bilateral e passa a ser unilateral,
reitere-se, porque não se exige aceitação do incapaz.

Ora, o negócio jurídico é bilateral quando exige a dupla manifestação


de vontade. Se a lei dispensa a manifestação de vontade do incapaz,
o negócio jurídico deixa de ser bilateral e passa a ser unilateral.
Na questão em tela a alternativa considerada correta pela banca foi a
letra D.

Entretanto, há um erro neste gabarito.

O advogado Leandro fez 3 requerimentos, a saber:

1- o destaque da parcela relativa aos honorários convencionados


(contratuais) do valor total devido a Hugo;

2 - a expedição de precatório em nome de Hugo;

3 - a expedição de requisição de pequeno valor em seu nome.


A questão versava sobre quais desses requerimentos deveriam ser
deferidos.

Contudo, a letra D está errada.

O advogado Leandro NÃO poderia requisitar a expedição de


requisição de pequeno valor em seu nome, pois há entendimento do
STF vedando essa possibilidade.

O ministro Alexandre de Moraes, no julgamento do RE 1.335.825,


Mato Grosso do Sul, entendeu que “É firme o entendimento desta
Corte (STF) no sentido da impossibilidade de expedição de requisição
de pagamento de honorários contratuais dissociados do principal a ser
requisitado”,.

Lembrando que a questão versa, exatamente, sobre os honorários


contratuais.

O Ministro colacionou diversas decisões do próprio STF corroborando


seu posicionamento:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. EXPEDIÇÃO DE RPV OU
PRECATÓRIO PARA PAGAMENTO EM SEPARADO.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO
SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. CONSONÂNCIA DA DECISÃO
AGRAVADA COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. AGRAVO MANEJADO SOB A
VIGÊNCIA DO CPC/2015.

1. O entendimento assinalado na decisão agravada não diverge da


jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal. Na esteira da
jurisprudência desta Suprema Corte, o enunciado da Súmula
Vinculante nº 47 não se aplica aos honorários contratuais ajustados
entre advogado e cliente. Impossibilidade de expedição, em separado,
de requisição de pequeno valor ou de precatório para o pagamento de
honorários advocatícios contratuais. Precedentes. 2. As razões do
agravo interno não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que
lastrearam a decisão agravada. 3. Ausente condenação anterior em
honorários, inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015. 4. Agravo interno
conhecido e não provido.” (RE 1190713-AgR, Rel. Min. ROSA
WEBER, Primeira Turma, DJe de 6/5/2019).

Em suma: o pagamento dos honorários contratuais deve ocorrer pelo


mesmo modo do crédito principal, sendo inviável a expedição de
requisição de pequeno valor no nome do advogado Leandro.

Pensar de modo diverso faria com que o advogado recebesse


honorários do contrato com seu cliente, antes mesmo do próprio
cliente receber.

É preciso recordar que a ação pertence ao cliente.

A banca certamente fez essa assertiva de olho no Art. 22, §4º, do


Estatuto e do Art. 51 do Código de Ética:

"Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na


OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por
arbitramento judicial e aos de sucumbência.

(...)

§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários


antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz
deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da
quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os
pagou."

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Art. 51. Os honorários da sucumbência e os honorários contratuais,


pertencendo ao advogado que houver atuado na causa, poderão ser
por ele executados, assistindo-lhe direito autônomo para promover a
execução do capítulo da sentença que os estabelecer
ou para postular, quando for o caso, a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor em seu favor
O Ministro Alexandre de Moraes, inclusive, deixou consignado que a
decisão por ele reformada havia determinado que a expedição de
requisição de pequeno valor (RPV) para pagamento de honorários
sucumbenciais, em separado, dos honorários contratuais.

O caso, portanto, diverge da hipótese elencada na Súmula Vinculante


47.

Assim como a alternativa D também diverge.

Logo, requer-se a anulação da questão em tela e a concessão de um


ponto ao ora recorrente.

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