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Prática Jurídica IV – Trabalho

Igor Roque de Oliveira – 113065874


Aula 10 – Atividade: “2023-2 Atividade Pratica”

1º Bloco - 4 horas

01- Pesquisar 4 decisões de negativa de homologação de acordos extraprocessuais ou endoprocessuais e indicar a


motivação adotada para tal negativa (indique o nº do processo, o nome do julgador ou do relator (em caso de
decisão de tribunal), e data de publicação da decisão, e o link do repositório onde foi encontrada.

1 - ACORDO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE HOMOLOGAÇÃO. Cumpre ao magistrado analisar se o Acordo extrajudicial


atende os requisitos de validade do ato jurídico e os parâmetros estabelecidos em lei. Na hipótese, ante a ausência de
controvérsia sobre as parcelas objeto da avença e de concessões recíprocas das partes, inválida a transação, não
havendo que se falar em homologação da avença. Mantida a decisão de origem.<br/><br/>(TRT da 2ª Região;
Processo: 1000287-68.2023.5.02.0030; Data: 25-09-2023; Órgão Julgador: 11ª Turma - Cadeira 1 - 11ª Turma;
Relator(a): LIBIA DA GRACA PIRES)

https://pje.trt2.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/1000287-68.2023.5.02.0030
“Com efeito, o negócio jurídico entabulado pelas partes caracteriza-se como transação, a qual exige a existência de concessões
mútuas das partes para sua validade e existência. Nesse sentido, o disposto no art.840, CC, que dispõe que "...é lícito aos
interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas....".

A transação exige a existência de res dubia, para sua validade. Em razão da ausência de controvérsia sobre a forma de extinção do
pacto, as verbas objeto do acordo são devidas à trabalhadora. Não se verifica qualquer benefício à empregada decorrente do
acordo homologado, ressaltando, inclusive, que as parcelas rescisórias foram objeto de parcelamento em 10 vezes, não tendo
havido sequer a inclusão do valor da multa do art.477, CLT, no acordo.

Na hipótese, o acordo apresentado tem a única finalidade de ratificar o parcelamento das verbas rescisórias pela empresa, com a
contrapartida de lhe ser garantida a quitação plena e geral de quaisquer parcelas decorrentes do vínculo de empregado mantido
entre as partes, o qual perdurou por mais de 22 anos.

Ante a inexistência de concessões recíprocas ou de qualquer benefício em favor da obreira, descaracterizada a transação,
demonstrando que o negócio jurídico entabulado entre as partes não preenche os requisitos de validade estabelecidos em lei,
notadamente, no que se refere à licitude e possibilidade do objeto.”

2. ACORDO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE HOMOLOGAÇÃO. Cumpre ao magistrado analisar se o Acordo extrajudicial


atende os requisitos de validade do ato jurídico e os parâmetros estabelecidos em lei. Na hipótese, verificado que o
objeto do acordo abrange parcela indisponível e irrenunciável, incabível a homologação pretendida pelas partes.
Mantida a decisão de origem.<br/><br/>(TRT da 2ª Região; Processo: 1001364-80.2022.5.02.0052; Data: 15-08-2023;
Órgão Julgador: 11ª Turma - Cadeira 1 - 11ª Turma; Relator(a): WILMA GOMES DA SILVA HERNANDES)

https://pje.trt2.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/1001364-80.2022.5.02.0052
“Feitas tais considerações, é importante frisar que, no caso, o Juízo singular, como visto, afastou a homologação da transação
extrajudicial firmada entre as partes, a qual dava quitação total ao contrato de trabalho, sob o fundamento de que: a) não se
poderia admitir a quitação geral e irrestrita do contrato de trabalho, salientando a ausência de comprovação do pagamento das
verbas rescisórias; b) não se poderia admitir a extensão dos efeitos da avença a terceiros que não participaram da transação; c)
que não se admitiria a transação no que se refere à estabilidade gestante, seja por não se caracterizar como res dubia, seja por
não integrar, exclusivamente, o campo de disponibilidade da autora.

As partes se conciliaram pelo valor líquido de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), sendo R$20.000,00 em favor da trabalhadora
e R$4.000,00, a título de honorários advocatícios, em favor da patrona da trabalhadora, para pagamento em parcelas únicas, em
10 dias úteis, a contar da publicação da decisão homologatória do acordo. Ainda, foi requerida a expedição de ofício ao Ministério
do Trabalho e Emprego para habilitação da autora no seguro-desemprego, desde que a trabalhadora preencha os requisitos
exigíveis.
Houve discriminação das verbas que compõem a avença, quais sejam, indenização do período de estabilidade gestante, vale
alimentação e vale refeição do período de estabilidade gestante e indenização pela contratação de advogados. Foi pactuada a
multa de 50% em caso de descumprimento, tendo sido informado que a rescisão contratual já havia sido regularmente realizada,
com o pagamento das verbas respectiva.

Por fim, constou que:

"...Com o cumprimento integral do presente acordo, a Reclamante dá à FBM e todas as demais sociedades que compõe o mesmo
Grupo Econômico, seja no Brasil, seja no exterior, a mais plena, geral, rasa, e irrevogável quitação quanto ao extinto contrato de
trabalho e à relação jurídica mantida, para nada mais reclamar seja a que título for em qualquer esfera, jurisdicional,
administrativa ou extrajudicial, e de fato ou evento de qualquer natureza que se deu entre as Partes, exonerando e desobrigando
a FBM e demais empresas do mesmo grupo econômico....".(Id. 546a258).

As partes foram assistidas por advogados próprios, conforme exigência do art.855-B, CLT. Houve declaração de vontade livre e
consciente, ressaltando que não há qualquer indício ou alegação de vício de consentimento na celebração do acordo.

Todavia, o termo firmado pelas partes não preenche os requisitos legais para a validade dos negócios jurídicos, consoante
estabelece o art. 104 do CC, quais sejam, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou
não defesa em lei, notadamente no que se refere à transação sobre as verbas decorrente do período estabilitário e no tocante à
extensão da quitação a terceiros que não participaram da avença.”

3. ACORDO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE HOMOLOGAÇÃO. Cumpre ao magistrado analisar se o Acordo extrajudicial


atende os requisitos de validade do ato jurídico e os parâmetros estabelecidos em lei. Na hipótese, ante a ausência de
controvérsia sobre as parcelas objeto da avença e de concessões recíprocas das partes, inválida a transação, não
havendo que se falar em homologação da avença. Mantida a decisão de origem.<br/><br/>(TRT da 2ª Região;
Processo: 1000144-61.2023.5.02.0521; Data: 26-06-2023; Órgão Julgador: 11ª Turma - Cadeira 1 - 11ª Turma;
Relator(a): LIBIA DA GRACA PIRES)

https://pje.trt2.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/1000144-61.2023.5.02.0521
“Na hipótese, o Juízo singular afastou a homologação da transação extrajudicial firmada entre as partes sob o fundamento de que
inexistem concessões mútuas, tratando-se de mera quitação de verbas rescisórias e incontroversas, de forma parcelada, e que não
se admite a quitação geral do contrato de trabalho.

As partes se conciliaram pelo valor líquido de R$25.762,33, sendo R$14.362,83, relativo às verbas rescisórias, e R$11.400,00,
referente às diferenças de FGTS do período do vínculo.

As partes foram assistidas por advogados próprios, conforme exigência do art.855-B, CLT. Houve declaração de vontade livre e
consciente, ressaltando que não há qualquer indício ou alegação de vício de consentimento na celebração do acordo.

Todavia, o termo firmado pelas partes não preenche os requisitos legais para a validade dos negócios jurídicos, consoante
estabelece o art. 104 do CC, quais sejam, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou
não defesa em lei, notadamente no que se refere à transação sobre as verbas incontroversas.”

4. ACORDO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE HOMOLOGAÇÃO. Cumpre ao magistrado analisar se o Acordo extrajudicial


atende os requisitos de validade do ato jurídico e os parâmetros estabelecidos em lei. Na hipótese, verificada a
ausência de regularidade, na representação processual da ex-empregada, após a fluência do prazo concedido pelo
juízo. Portanto, ausente pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo que não pode ser
suprida em momento processual subsequente à sentença. Mantida a decisão de origem.<br/><br/>(TRT da 2ª Região;
Processo: 1001284-88.2022.5.02.0708; Data: 07-03-2023; Órgão Julgador: 11ª Turma - Cadeira 1 - 11ª Turma;
Relator(a): WILMA GOMES DA SILVA HERNANDES)

https://pje.trt2.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/1001284-88.2022.5.02.0708
“A petição de acordo Judicial é datada de 03/10/2022 e foi distribuída em 05/102022. Não obstante, a autora outorgou Procuração
a sua advogada somente no dia 18/10/2022 e mencionada Procuração foi juntado aos autos somente após ser prolatada a
sentença.

Na hipótese, a autora juntou os documentos necessários à regularização formal do processo apenas em data posterior à decisão
proferida pelo juízo de primeiro grau , em 26 de outubro de 2022. Reitere-se que, no caso ora analisado, as determinações expressas
no despacho saneador não foram cumpridas, no prazo de 5 dias úteis, fixado pelo juízo.
As partes se conciliaram pelo valor líquido de R$ 23.885,62 (vinte e três mil, oitocentos e oitenta e cinco mil e sessenta e dois
centavos), para pagamento em parcela única, com retenção de imposto de renda do valor de R$ 5.699,19 (cinco mil, seiscentos e
noventa e nove reais e dezenove centavos), bem como a garantia do fornecimento do plano de saúde, até 02/02/2023. A verba foi
apresentada em formato global, sem discriminação de natureza e valores, apontando, com indicação do caráter indenizatório do
referido montante, sendo consignado ainda, que "o TRABALHADOR outorga à UNILEVER a mais ampla, total e irrevogável quitação
quanto ao extinto contrato de trabalho, renunciando a qualquer direito de estabilidade ou de reintegração, para nada mais
reclamar a esses títulos ou a qualquer outro...renunciando ao direito de qualquer natureza...". (id a1560f2 - Pág. 4- Fls. 09)

Ocorre que, ainda que fosse possível e lícito conciliar, nos termos da petição juntada, com a indicação do alcance amplo de sua
quitação, as partes deixaram de regularizar o feito. Assim sendo, deixaram de preencher os requisitos expressos no Art. 855-B.”

02- O Cais do Valongo preserva uma memória de resistência e luta por direitos, pelo reconhecimento da humanidade
de um coletivo de trabalhadoras e trabalhadores (as pessoas escravizadas). Fale sobre o reconhecimento normativo
da resistência possível às pessoas que trabalham hoje quando o meio ambiente de trabalho é nocivo, e as condições
de trabalho apresentam risco de vida (com base na CLT, Convenções 155 e 190 da OIT). Explique como você,
profissional do Direito, especializado em Direito e Processo do Trabalho, orientaria um grupo que te apresentasse
um relato de nocividade no meio ambiente do trabalho, com prejuízos para a saúde física e mental.

Tanto a legislação nacional quanto os instrumentos internacionais reconhecem a importância de proporcionar


ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Além disso, garantem o direito dos trabalhadores de resistir e recusar
tarefas quando confrontados com condições que representem risco grave e iminente à sua vida ou saúde, desde que
seja exercida de acordo com os procedimentos estabelecidos para garantir a efetividade da proteção adequada aos
trabalhadores.

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no Brasil:

A CLT, no contexto brasileiro, estabelece direitos e deveres tanto para empregadores quanto para empregados.
No que diz respeito a ambientes de trabalho prejudiciais à saúde e com risco de vida, a CLT prevê diversas normas e
regulamentações. Os artigos 154 a 201, por exemplo, tratam das condições de segurança e saúde no trabalho, incluindo
a obrigatoriedade de fornecimento de equipamentos de proteção, a realização de exames médicos periódicos, e a
adoção de medidas que visem à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

Convenção 155 da OIT:

A Convenção 155 da OIT trata da segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores. Ela estabelece princípios
gerais para a promoção desses aspectos no ambiente de trabalho. Um ponto importante é o reconhecimento do direito
dos trabalhadores de recusar a executar uma tarefa específica se tiverem motivos razoáveis para acreditar que ela
representa um perigo grave e iminente para sua vida ou saúde. No entanto, essa recusa deve ser feita em condições
específicas e sob certas formalidades, de modo a garantir a eficácia dessa proteção.

Convenção 190 da OIT:

A Convenção 190 da OIT, que trata da violência e assédio no mundo do trabalho, também tem relevância nesse
contexto. Ela reconhece que a violência e o assédio podem criar um ambiente de trabalho perigoso e prejudicial à
saúde mental e física dos trabalhadores. A Convenção destaca a importância de medidas preventivas e protetivas para
combater essas situações, garantindo um ambiente de trabalho seguro e saudável.

Como profissional do Direito, agiria orientado para a busca de soluções legais visando a proteção dos direitos:

Inicialmente, buscaria obter informações detalhadas sobre as condições de trabalho que estão sendo
relatadas, incluídas, a natureza das atividades desempenhadas, os riscos à saúde, e qualquer evidência documental.

Analisaria se a empresa está cumprindo todas as normas e regulamentações pertinentes, tanto as


estabelecidas pela CLT quanto aquelas específicas para o setor de atividade em questão, por exemplo, fornecimento
de equipamentos de proteção individual, programas de prevenção de acidentes etc.
Examinaria a legislação trabalhista acerca dos casos de condições de trabalho prejudiciais à saúde, por
exemplo, normas específicas sobre segurança e medicina do trabalho, jornada de trabalho etc.

A partir disso, informaria o grupo sobre possíveis canais internos existentes na empresa para relatar problemas
relacionados ao ambiente de trabalho, como ouvidorias, setores de recursos humanos ou comissões internas de
prevenção de acidentes (CIPAs) que podem ser acionados.

Caso a situação não seja resolvida internamente ou se houver retaliação contra os trabalhadores por relatarem
as condições inadequadas, discutiria possíveis ações legais, como denúncias ao Ministério Público do Trabalho, ações
judiciais (Ação Trabalhista, Conciliação, Reclamação Trabalhista Coletiva) etc. Além disso, recomendaria que os
trabalhadores buscassem avaliação médica para documentar os efeitos da exposição ao ambiente de trabalho nocivo.

2º Bloco – 4 horas

03- Em que consiste o chamado Poder Normativo da Justiça do Trabalho? Indique a previsão legal e constitucional

O poder normativo da Justiça do Trabalho consistia em uma competência para decidir, criar e modificar normas,
em matéria de dissídios coletivos, sempre respeitando as garantias mínimas previstas em lei. Era a competência
constitucional dos tribunais do trabalho para proferir decisões nos processos de dissídios econômicos, criando
condições de trabalho com força obrigatória

Tal poder normativo encontrava amparo constitucional na antiga redação do art. 114, 2º da CF, conforme se lê
abaixo: CF, Art. 114, 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos
sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições , respeitadas as
disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho . (grifo nosso)

Contudo, após a reforma do Poder Judiciário com a EC 45/04, foi retirada essa competência da justiça do
trabalho não podendo mais as decisões dos tribunais criar normas ou condições de trabalho, devendo apenas decidir
os conflitos ajuizados, respeitando as disposições mínimas legais de proteção do trabalho, conforme se verifica da atual
redação do art. 114, 2º da CF: CF, Art. 114, 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a
Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Também tem assento na Lei de Greve (art. 8° da Lei n° 7.783/89) e na Consolidação das Leis Trabalhistas (artigos
766 e 856 a 875 da CLT). As decisões resultantes do Poder Normativo, chamadas de sentenças normativas – são
imperativas, impondo-se às partes, sejam empregados, sejam empregadores.

A jurisprudência da SDC do TST abraçou o entendimento de que a redação do § 2º do artigo 114 da CR/88,
embora não tenha extirpado o poder normativo definitivamente da Justiça do Trabalho, fixou a necessidade do mútuo
consenso das partes, ao menos tácito, como pressuposto intransponível para o ajuizamento do dissídio coletivo de
natureza econômica.

Na realidade, a EC n.º 45/04, que introduziu a exigência do comum acordo para os dissídios coletivos, reduziu
substancialmente o Poder Normativo da Justiça do Trabalho, transformando-o, na prática, em juízo arbitral estatal,
dependente da vontade das partes em conflito, como já afirmado pelo TST

04- Pesquisar 4 decisões de Dissídio Coletivo de Natureza Econômica (por meio das quais os tribunais trabalhistas
exercem o Poder Normativo), que utilizem o conceito de “vazio da lei”, e explicar o conceito de acordo com a
jurisprudência pesquisada.

1. DISSÍDIO COLETIVO. NATUREZA ECONÔMICA. LIMITES DO PODER NORMATIVO - Nos termos do §2º, do art.114 da
CF88, "recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum
acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas
as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente". Como visto, a
Constituição Federal impôs limites ao poder normativo da Justiça do Trabalho. Diante de tais restrições, o Judiciário
Trabalhista só pode atuar no vazio legislativo para aprovar cláusulas que não sejam contrárias à Ordem Constitucional
nem reservadas, pela própria Constituição, à previsão legal, observando-se sempre o que já foi convencionado entre
as partes. (TRT da 5ª Região; Processo: 0000236-25.2019.5.05.0000; Data de assinatura: 09-07-2020; Órgão Julgador:
Gab. Des. Marcos Oliveira Gurgel - Dissídios Coletivos; Relator(a): MARCOS OLIVEIRA GURGEL)

https://pje.trt5.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/0000236-25.2019.5.05.0000

2. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO. PRESSUPOSTO PROCESSUAL NÃO
OBSERVADO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO - A exigência do "comum acordo", prevista no §2º do
art.114 da CF88, representa pressuposto específico de constituição e desenvolvimento válido e regular do Dissídio
Coletivo de natureza econômica. Deste modo, quando o Suscitado, em defesa, diz expressamente que não concorda
com a propositura do dissídio, o processo deve ser extinto, sem resolução de mérito, por ausência de pressuposto de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo (art.485, inc.IV do CPC/15).(TRT da 5ª Região;
Processo: 0001726-53.2017.5.05.0000; Data de assinatura: 06-04-2018; Órgão Julgador: Gab. Des. Marcos Oliveira
Gurgel - Dissídios Coletivos; Relator(a): MARCOS OLIVEIRA GURGEL)

https://pje.trt5.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/0001726-53.2017.5.05.0000

3. DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. COMUM ACORDO - Mesmo nos casos de dissídio coletivo de natureza econômica,
existindo greve da categoria, não se pode exigir o "comum acordo", previsto no art.114, §2º, da Constituição Federal.
Neste sentido encontra-se o posicionamento da SDC do c.TST, conforme acórdão proferido no TST-RO-11143-
55.2015.5.03.0000, datado de junho/2016. (TRT da 5ª Região; Processo: 0000497-58.2017.5.05.0000; Data de
assinatura: 30-05-2017; Órgão Julgador: Gab. Des. Marcos Oliveira Gurgel - Dissídios Coletivos; Relator(a): MARCOS
OLIVEIRA GURGEL)

https://pje.trt5.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/0000497-58.2017.5.05.0000

4. Preliminar de falta de comum acordo. Acolhimento da preliminar que não implica a extinção pura e simples do
processo. Releitura do art. 114, § 2º, da CF/88. Análise das cláusulas econômicas com base na Lei nº 10.192/2001. O
acolhimento da preliminar de falta de comum acordo, para a instauração do Dissídio Coletivo Econômico, não implica
a extinção pura e simples do processo, sem julgamento do mérito, inibindo somente o exercício do Poder Normativo
do Judiciário Trabalhista na fixação de cláusulas coletivas novas. Assim, impõe-se, respeitadas as disposições mínimas
legais de proteção do trabalho e as convencionadas anteriormente, a manutenção do status quo ante, pela declaração
de manutenção das cláusulas e condições de trabalho preexistentes, e que vem sendo praticadas entre as partes, pela
aplicação da Sumula nº 277 e PN 120, ambos do TST; bem como a fixação de reajuste salarial, previsto na Lei
10.192/2001 (artigos 9, 10, 11, 12 e 13), que estabelece o direito subjetivo dos trabalhadores ao reajuste salarial na
data base, e, ipso iure, a correção das demais cláusulas de natureza econômica.<br/><br/>(TRT da 2ª Região; Processo:
1001111-98.2015.5.02.0000; Data: 27-10-2015; Órgão Julgador: SDC - Cadeira 7 - Seção Especializada em Dissídio
Coletivo; Relator(a): IVANI CONTINI BRAMANTE)

https://pje.trt2.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/1001111-98.2015.5.02.0000

O STF (RE 197.911-9-PE) deliberou que o poder normativo da Justiça do Trabalho somente poderá ser exercido
quando: (a) a lei seja omissa; (b) não for contrário a legislação vigente; (c) não se sobreponha aos termos da legislação;
(d) estabeleça cláusulas normativas e ou obrigacionais, cujos conteúdos não estejam vedados pela ordem
constitucional; (e) a matéria tratada na sentença normativa não esteja reservada de forma explícita ao regramento
legal (lei ordinária ou lei complementar) por expressa previsão constitucional.

Nesse sentido, interpretou o § 2º do art. 114 da CF/88 para estabelecer duas ordens de limites ao poder
normativo da Justiça do Trabalho: 1) observância dos preceitos constitucionais; 2) não invasão da esfera reservada à
lei (princípio da reserva legal).

Estabeleceu que o poder normativo não pode ser elevado a um poder irrestrito de legislar, estando restrito a
atuar no 'vazio legislativo', de forma subsidiária ou supletiva, mas, subordinado à lei. Por conseguinte, não pode
produzir normas ou disposições contrárias à Constituição.
Desse modo, os Tribunais Trabalhistas não podem complementarem legislação preexistente e, também, não
podem suprir omissão do legislador, quando a Constituição delega à lei infraconstitucional a regulamentação de
determinada matéria. Em outras palavras esse entendimento nos diz que o vazio da lei não se confunde com omissão
do legislador.

Com a EC 45, o poder normativo da Justiça Laboral foi mitigado, porque a CF apenas passou a prever
expressamente que, ajuizado o dissídio coletivo de natureza econômica por comum acordo, caberá "à Justiça do
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente", não fazendo mais referência à possibilidade de o Judiciário Trabalhista "estabelecer
normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho", como estava
na redação original do § 2º, art. 114, CF.

4 horas

05- Sistematizar o acórdão do STF (ARE 647651 foi reautuado para RE 999435 (Tema nº 638) proferido no Dissídio
Coletivo de Natureza Jurídica sujo objeto foi a necessidade de prévia negociação coletiva para as dispensas coletivas.

O Plenário do STF decidiu que é imprescindível a participação prévia de sindicatos nos casos de demissões
coletivas. A decisão majoritária foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 999435, com repercussão
geral (Tema 638).

O caso diz respeito à dispensa, em 2009, de mais de quatro mil empregados da Empresa Brasileira de
Aeronáutica S.A. (Embraer). No recurso, a empresa e a Eleb Equipamentos Ltda. questionavam decisão do Tribunal
Superior do Trabalho (TST) que estabeleceu, em relação a casos futuros, a necessidade de negociação coletiva visando
à rescisão.

O julgamento foi iniciado em maio de 2021, quando o relator, ministro Marco Aurélio, votou pelo provimento
do recurso por considerar desnecessária a negociação coletiva para a dispensa em massa. Na ocasião, os ministros
Nunes Marques e Alexandre de Moraes acompanharam esse entendimento e, em sentido contrário, o ministro Edson
Fachin votou pela obrigatoriedade da negociação. Ele foi seguido pelo ministro Luís Roberto Barroso, para quem não
deve haver uma vinculação propriamente dita, mas o dever de negociar.

Em voto-vista apresentado hoje, na retomada do julgamento, o ministro Dias Toffoli se uniu à divergência, por
entender que a participação dos sindicatos é imprescindível para a defesa das categorias profissionais. Assim como
Barroso, Toffoli observou que não se trata de pedir autorização ao sindicato para a dispensa, mas de envolvê-lo num
processo coletivo com foco na manutenção de empregos, a partir do dever de negociação pelo diálogo.

Função social

Segundo Toffoli, a participação de sindicatos, nessas situações, pode ajudar a encontrar soluções alternativas
ao rigor das dispensas coletivas, evitar a incidência de multas e contribuir para a recuperação e o crescimento da
economia e para a valorização do trabalho humano, cumprindo, de modo efetivo, a sua função social.

Intervenção x autorização

De modo geral, os ministros e as ministras que acompanharam essa vertente demonstraram preocupação com
os impactos sociais e econômicos das demissões coletivas e realçaram que a intervenção sindical prévia não se
confunde com autorização prévia dos sindicatos, mas estimula o diálogo, sem estabelecer condições ou assegurar a
estabilidade no emprego.

Também votaram nesse sentido, na sessão de hoje, as ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber e o ministro
Ricardo Lewandowski. Após ouvir os debates, o ministro Alexandre de Moraes, que havia acompanhado o relator no
início do julgamento, alterou seu posicionamento. Segundo ele, a melhor abordagem da questão deve ser a busca de
maior equilíbrio nas relações de trabalho a partir do dever de dialogar, principalmente em razão do fato de a
Constituição defender os direitos sociais e a empregabilidade.
Por decisão majoritária, a Corte negou provimento ao RE, vencidos os ministros Marco Aurélio, Nunes Marques
e Gilmar Mendes, que votou hoje.

Tese

Por maioria, a tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: “A intervenção sindical prévia é exigência
procedimental imprescindível para dispensa em massa de trabalhadores que não se confunde com a autorização prévia
por parte da entidade sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo”.

06- Aplica-se a prescrição intercorrente ao processo do trabalho?

A prescrição intercorrente é aquela que ocorre no curso do processo, motivada pela inércia da parte
Exequente. Na prática, a prescrição intercorrente tem por objetivo evitar a eternização indevida das execuções
trabalhistas, bem como a inércia do credor trabalhista.

A prescrição intercorrente aplicável ao processo do trabalho está prevista no art. 11-A da CLT. Da leitura do
artigo, verifica-se que esta espécie de prescrição ocorre no prazo de 2 anos a contar da data em que o credor/exequente
dos créditos trabalhistas deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução.

Entretanto o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, instância mais elevada de julgamento para temas
que envolvem o Direito e Processo Trabalho no Brasil, é de que não são em todos os processos que a prescrição
intercorrente se aplica.

Com a entrada em vigor da Reforma Trabalhista, o TST editou a Instrução Normativa 41/2018 do TST, que
dispõe sobre a aplicação das modificações processuais trazidas pela Lei 13.467/2017, e estabeleceu no seu artigo 2º,
que o fluxo da prescrição intercorrente se conta a partir do descumprimento da determinação judicial, desde que isso
ocorra após 11/11/2017.

07- A Suprema Corte, no último dia 20, finalizou o julgamento da Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI) 5.766
[1] e, por maioria de votos, reconheceu a parcial inconstitucionalidade dos dispositivos trazidos pela Lei nº
13.467/17, notadamente aqueles que exigiam a cobrança de honorários periciais e sucumbenciais do beneficiário
da Justiça gratuita. Cite os argumentos principais utilizados na referida decisão.

O STF julgou a ADIN 5766, ajuizada pelo então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que, em síntese,
arguia a inconstitucionalidade dos artigos 790-B, 791-A e 844 da CLT que determinavam o pagamento (i) de honorários
periciais e sucumbenciais pelo beneficiário de justiça gratuita e (ii) de custas processuais por beneficiário de justiça
gratuita que faltar injustificadamente à audiência inicial.

Esses eram considerados alguns dos principais pontos trazidos pela Reforma Trabalhista de 2017, eis que havia
a alegação de que tais previsões impediam o acesso à Justiça do Trabalho pelos empregados considerados como
hipossuficientes.

No julgamento de ontem, após longo debate sobre o assunto, por maioria, foi julgado parcialmente procedente
o pedido formulado na referida ADIN, e considerados inconstitucionais os artigos 790-B, e § 4º, e 791-A, § 4º da CLT –
sobre a responsabilidade dos honorários periciais e sucumbenciais pela parte vencida, sendo considerado
improcedente – ou seja, constitucional – o dispositivo do 844, §2º da CLT (que impõe o pagamento de custas pelo
beneficiário que faltar injustificadamente à audiência inicial). Assim, a expectativa é que haja um substancial
incremento no ajuizamento de ações trabalhistas.

São inconstitucionais as normas trabalhistas que determinam o pagamento de honorários periciais e


advocatícios por beneficiários da justiça gratuita, caso percam a ação, mas obtenham créditos suficientes para o
pagamento dessas despesas, ainda que em outra demanda.

As previsões violam o art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal (CF), o qual determina que o Estado preste
assistência judicial, integral e gratuita, aos que comprovem insuficiência de recursos.
Entender que o mero fato de alguém ser vencedor de um processo retira a sua hipossuficiência seria uma
presunção absoluta da lei e representaria um obstáculo à efetiva aplicação da regra constitucional.

Nesse aspecto, a reforma trabalhista estipulou restrições inconstitucionais a direito fundamental, pois não é
razoável nem proporcional a imposição do pagamento de honorários periciais e de sucumbência pelo beneficiário da
justiça gratuita sem que se prove que ele efetivamente deixou de ser hipossuficiente.

É constitucional a imposição do pagamento de custas pelo beneficiário da justiça gratuita que faltar à audiência
inicial e não apresentar justificativa legal no prazo de 15 dias.

A medida é razoável e trata apenas de mais um requisito para a gratuidade judicial, a qual depende não apenas
da demonstração da hipossuficiência do reclamante, mas também de o beneficiário assumir o compromisso de
comparecer a todos os atos processuais, salvo motivo legalmente justificável.

08- Explique a diferença entre honorários contratuais e honorários de sucumbência.

Os termos "honorários contratuais" e "honorários de sucumbência" referem-se a diferentes tipos de


remuneração advocatícia em um contexto jurídico.

Honorários Contratuais:

Os honorários contratuais são os valores estabelecidos em um contrato prévio entre o advogado e seu cliente.
Antes de iniciar a prestação de serviços jurídicos, as partes podem acordar sobre a remuneração que será paga ao
advogado pelos serviços prestados. Essa remuneração pode ser estabelecida de diversas formas, como um valor fixo,
uma porcentagem sobre o valor da causa, um valor por hora de trabalho, ou outras modalidades previamente
acordadas. Os honorários contratuais são estipulados de acordo com a autonomia da vontade das partes.

Honorários de Sucumbência:

Os honorários de sucumbência são uma forma de remuneração advocatícia imposta judicialmente à parte
vencida no processo. Quando uma parte perde a ação judicial, o juiz pode determinar que ela pague os honorários
advocatícios da parte vencedora. Esses honorários têm o objetivo de compensar o trabalho do advogado da parte
vencedora e são fixados com base em critérios estabelecidos pela legislação. Nas ações trabalhistas no Brasil, por
exemplo, a condenação em honorários de sucumbência está prevista no artigo 791-A da CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho).

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