Você está na página 1de 17

Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

19/06/2023

Número: 6047346-08.2015.8.13.0024
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO SUMÁRIO
Órgão julgador: 9ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte
Última distribuição : 23/06/2015
Valor da causa: R$ 34.569,00
Assuntos: Pagamento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
HIDROELETRICA CONSTRUCOES E SERVICOSLTDA - ME
(AUTOR)
FELIPE PRATES ROZENBERG (ADVOGADO)
HERCULES GUERRA (ADVOGADO)
CLAUDIO ANTONIO MENDES (RÉU/RÉ)
ANA MARIA FERREIRA DE LARA RESENDE (ADVOGADO)
NEUZA MARIA APARECIDA MENDES (RÉU/RÉ)
ANA MARIA FERREIRA DE LARA RESENDE (ADVOGADO)

Outros participantes
DARLAN ULHOA LEITE (PERITO(A))
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9833521955 15/06/2023 18:36 Sentença Sentença
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Justiça de Primeira Instância

Comarca de BELO HORIZONTE / 9ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte

PROCESSO Nº: 6047346-08.2015.8.13.0024

CLASSE: [CÍVEL] PROCEDIMENTO SUMÁRIO (22)

ASSUNTO: [Pagamento]

AUTOR: HIDROELETRICA CONSTRUCOES E SERVICOSLTDA - ME

RÉU/RÉ: CLAUDIO ANTONIO MENDES e outros

I – RELATÓRIO

HIDROELÉTRICA CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA. – ME


ajuizou a presente ação de cobrança em face de CLÁUDIO ANTÔNIO MENDES e

NEUZA MARIA APARECIDA MENDES, qualificadas.

Alega que foi contratada para prestar serviços de reforma no imóvel dos
réus pelo valor inicialmente orçado de R$43.809,00, o qual foi posteriormente reduzido

para R$41.609,00, por ter sido excluída do contrato a reforma do quarto e do banheiro de
empregada.

Afirma que, no decorrer da prestação de serviço, foram surgindo novos

defeitos no imóvel dos réus, pelo que a autora efetuou outros serviços não previstos no
contrato original, como retirada de armários embutidos e tratamento de paredes com

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 1
infiltração; demolição de paredes e instalação de marco e portas; retirada de pisos de

madeira e assentamento de porcelanato; e alteração na rede elétrica e instalação de pontos


de tomadas, TV e telefone.

Destaca que os réus foram alertados sobre o aumento do escopo do contrato

e nunca se opuseram em ajustar posteriormente o orçamento.

Assevera que houve acréscimo de R$28.960,00 ao valor do contrato, que

passou a totalizar R$70.569,00.

Aduz que os réus pagaram apenas R$36.000,00, mas se recusam a quitar o


restante de R$34.569,00.

Ao final, pede que os réus sejam condenados ao pagamento da quantia de

R$34.569,00 (trinta e quatro mil, quinhentos e sessenta e nove reais).

Os réus apresentaram a contestação de Id nº 10829753.

Preliminarmente, impugnam o valor atribuído à causa.

No mérito, alegam que o valor inicialmente orçado foi, na realidade, de


R$40.109,00, ao passo que a autora disse que, em razão de um erro, foi acrescido valor no

contato, que passou para R$43.809,00.

Argumentam que nunca houve repactuação quanto ao preço dos serviços,


mas que a autora disse que prestaria serviços em lugar de outros excluídos do escopo

inicial, sem acréscimos.

Afirmam que apenas não foi quitada a última parcela, referente a 10% do
valor do contrato, em razão de desacordos no fechamento dos trabalhos.

Destacam que foi realizado pagamento de R$3.442,10 para conta pessoal de

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 2
uma sócia da autora, que assim solicitou expressamente em e-mail.

Reiteram que está pendente de pagamento apenas o importe de 10% do total


ajustado, já que os réus quitaram R$39.442,10.

Argumentam que o restante não foi pago em razão de alguns serviços terem

sido rejeitados.

Aduzem que os funcionários da autora quebraram tudo, mesmo aquilo que


não estava abrangido pelo projeto, o que onerou os réus.

Alegam que nunca foram comunicados sobre os supostos defeitos existentes

no imóvel, mas informam que tomaram ciência apenas da existência de mofo atrás do
armário de um dos quartos.

Impugnam cada uma das cobranças individualizadas pela autora.

Alegam que notificaram a autora quanto à necessidade de alguns serviços

serem novamente executados, mas foram ignorados.

Reconhecem como devido o pagamento de apenas R$880,00.

Destacam que adquiriram vários materiais que deveriam ter sido comprados
pela autora, que, inclusive, danificou-os.

Sustentam que a autora não supervisionou adequadamente as obras.

Argumentam que é devida a recusa quanto ao pagamento pleiteado, como

consequência da exceção do contrato não cumprido.

Ao final, pugnam pela improcedência do pedido e pela condenação da


autora ao pagamento de multa por litigância de má-fé.

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 3
Os réus apresentaram também a reconvenção de Id nº 10830574, pela qual

pedem a condenação da autora à restituição das quantias de R$8.000,00 (oito mil reais),
referente a aluguéis pagos em razão de atraso na entrega da obra; R$12.422,14 (doze mil,
quatrocentos e vinte e dois reais e quatorze centavos) por materiais comprados pelos réus,

mas de responsabilidade da autora; R$110,00 (cento e dez reais) pelos serviços de faxina;
R$1.400,00, relativa a problemas de vazamento de água na área de serviço e no hall de

escada e recomposição e pintura da parede danificada pelo vazamento; R$13.076,00 (treze


mil e setenta e seis reais), referente a mão-de-obra para reexecução dos serviços mal

executados e não realizados pela autora; R$3.708,66 (três mil, setecentos e oito reais e
sessenta e seis centavos), referente a 84m2 de revestimento de parede da cozinha e da área

de serviço assentados com imperfeição; R$2.190,45 (dois mil, cento e noventa reais e
quarenta e cinco centavos), a título de multa contratual; e a compensação da quantia de
R$880,00 (oitocentos e oitenta reais).

Réplicas em Id nº 25611279 e 32846020.

Decisão de saneamento em Id nº

52957640.

Laudo pericial em Id nº 6518818074 e esclarecimentos em Id nº


8315088025.

Ata de audiência em Id nº 9805727096.

Memoriais em Id nº 9825772970 e 9826185341.

II – FUNDAMENTAÇÃO

II.I – IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

Sem razão os réus em sua impugnação ao valor da causa.

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 4
Com efeito, o valor atribuído à causa pela autora corresponde exatamente ao
montante pretendido a título de condenação dos réus, pelo que foi observada a regra do art.

292, inciso I, do CPC.

No mais, os fundamentos apresentados pelos réus demostram apenas a


discordância do total cobrado pela autora e nada se relacionam exatamente com as regras

de fixação do valor da causa.

Destarte, rejeito a preliminar.

II.II – MÉRITO

Presentes os pressupostos processuais, a legitimidade das partes e o interesse


de agir. O processo encontra-se regular e não há nulidades a serem sanadas. Ausentes
preliminares pendentes, passa-se ao exame do mérito.

Trata-se de ação de cobrança, por meio da qual a autora pede que os réus
sejam condenados ao pagamento da quantia de R$34.569,00 (trinta e quatro mil,
quinhentos e sessenta e nove reais).

A existência de relação jurídica entre as partes é incontroversa, relativa a um

contrato de empreitada global, pelo qual a autora se comprometeu a efetuar reformas no


imóvel dos réus.

Também é incontroverso que os réus realizaram pagamentos, ao passo que


também já admitiram desde logo na defesa ser devido o pagamento de R$880,00 que
compõe os pedidos iniciais.

Porém, as partes controvertem quanto à exigibilidade dos valores restantes

ora cobrados pela autora e quanto à aparente situação de descumprimento contratual


também pela autora, tanto no que se refere à execução de serviços não acordados, como no

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 5
relativo a serviços prestados com defeito.

Inicialmente, a fim de esclarecer as questões fáticas relativas ao contrato e


aos serviços, foi produzida prova oral em audiência.

Primeiramente, prestou depoimento a testemunha Adriana Pego. Disse que


intermediou a contratação da autora para prestar serviços no imóvel dos réus; que Miguel

era um dos sócios da ré; que foi celebrado contrato verbal; que não houve contrato escrito;

que não sabe o valor combinado pelas partes; que houve aditivo verbal quanto aos valores
inicialmente combinados; que as partes combinaram valores a mais para além do
inicialmente combinado; que não sabe o montante do acréscimo; que o réu CLÁUDIO
disse que tudo seria acertado ao final com a autora; que confirma que os valores

combinados seriam acrescidos ao inicialmente ajustado; que os valores posteriormente


combinados se referiam a acréscimos de serviços; que se lembra de que foram acrescidos a

instalação de ar-condicionado, azulejos, cerâmicas; que os lustres não estavam incluídos


no escopo inicial do contrato e seriam suportados pelo réu; que os materiais elétricos
ficaram por conta da autora; que porcelanatos, azulejos e pastilhas também teriam que ser
comprados pelo réu CLÁUDIO; que não lembra se os ralos estavam incluídos no escopo
do contrato; que os revestimentos comprados não foram adequados, mas sim empenados,
pelo que Miguel solicitou que fossem trocados, mas os réus manifestaram discordância;

que os materiais foram comprados pela ré NEUZA, mediante acompanhamento de Miguel;


que Miguel alertou os autores sobre a qualidade ruim dos materiais; que os materiais não

foram trocados; que a instalação de uma porta no quarto ficou bem feita, em que pese a
diferença de materiais da porta e do marco; que não foram pagos todos os valores
acertados; que não sabe se Miguel foi ressarcido pelos materiais comprados; que a retirada
de armários embutidos não estava incluída no orçamento inicial; que a retirada dos

armários foi solicitada posteriormente; que não sabe se foi acertada a retirada dos móveis
antes das obras; que não sabe se foi solicitada a demolição de paredes; que, pelo projeto,

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 6
haveriam de ser retirados pisos de madeira e de porcelanato; que a reforma da rede

elétrica, com instalação de novos pontos de tomada, TV e telefone, estava no projeto; que
não sabe se a troca de tubulações de PVC e de cobre estava prevista no contrato; que,
todavia, houve a substituição de encanamentos após a quebra das paredes; que havia

projeto luminotécnico e rebaixamento no apartamento inteiro; que o projeto luminotécnico


estava previsto no escopo inicial; que não sabe se houve excesso de entulho para além do
previsto; que foi solicitado corte de gesso nos armários dos quartos; que foi solicitada a

troca de toda a fiação do apartamento; que foram solicitados alvenaria, reboco,


recomposição de azulejos externos e desmontagem de jardineira; que foi solicitada a

instalação de soleiras e bancadas; que Miguel não relatou a necessidade de refazer serviços
na cozinha por causa de danos causados por marceneiro contratado pelo réu; que foi

realizada a compra de pedras de mármore carrara; que o mármore foi instalado; que todos

os serviços prestados foram relatados por Miguel; que houve várias alterações da obra no
decorrer da execução; que as alterações eram reportadas à depoente e aos réus; que os réus

alugaram apartamento no mesmo prédio durante a execução da obra; que, todavia, ainda
havia móveis e roupas no imóvel quando do início das obras; que tomou conhecimento de

que tudo foi executado pela autora; que não presenciou os ajustes referente aos acréscimos,
mas tomou conhecimento deles por meio de relatos do Miguel; que não foi comunicada

pela autora sobre impedimento na execução do projeto; que não constatou erros quanto à
execução do projeto; que houve um erro na colocação da sanca do quarto, mas a autora

refez o serviço.

Após, foi inquirida a testemunha Júnia Alcântara. Disse que foi sócia da
testemunha Adriana; que participou da elaboração do projeto no imóvel dos réus; que foi

tudo colocado em um papel, mas não sabe se foi um contrato; que não sabe se o
documento foi assinado; que não se lembra se tudo foi cumprido e não compareceu ao

local quando do fim das obras para verificar; que houve acréscimos durante a execução
dos serviços, para além do escopo inicial; que não sabe se os réus concordaram em pagar

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 7
pelos acréscimos; que a autora repassava os acréscimos necessários e os respectivos

valores aos réus; que Miguel respondia pela autora; que não sabe o valor inicialmente
combinado; que não sabe se foram realizados todos os acertos quanto aos pagamentos; que
não sabe quem comprou lustres, luminárias e spots; que não sabe se foi pactuada a retirada

de móveis antes do início das obras; que não acompanhava a obra diariamente, mas apenas
um pouco; que não lembra se foi solicitada a retirada de armários embutidos; que não

lembra se houve tratamento das paredes que apresentavam infiltração; que não lembra se
houve demolição de alguma parede; que houve a retirada de pisos de madeira; que não

lembra se houve instalação de portas; que houve alterações na rede elétrica, mas não sabe
exatamente se toda ou parcialmente; que não lembra se foram instalados pontos de tomada

para além do previsto inicialmente; que que não lembra se foi trocada a tubulação do
banheiro; que foi solicitado rebaixamento de teto, mas não sabe se na suíte; que lembra
que foi entregue projeto luminotécnico encadernado antes da obra; que o ar-condicionado
não estava no projeto, mas se deparou com um técnico quando fez visita ao local das

obras; que houve pintura, colocação de porcelanato nas paredes; que houve troca de
azulejos no banheiro; que houve compra de mármore carrara, mas não sabe quem

comprou; que houve troca de soleira; que passou especificações de projeto para Miguel e o
viu em visitas realizadas ao imóvel; que não lembra se Miguel relatou impedimentos na

execução das obras; que não sabe se algum serviço não foi executado pela autora; que a
depoente não alterou o projeto inicial durante a execução das obras; que não lembra se

houve execução errada de projeto pela autora.

Por fim, prestou depoimento a testemunha Tobias Vaz da Costa. Disse que
não trabalha e nem trabalhou para a autora; que não participou das obras no imóvel dos

réus; que não tem conhecimento de contrato celebrado pelas partes; que não sabe se a
autora prestou serviços aos réus; que alugou imóvel para os réus durante cerca de seis

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 8
meses; que o aluguel se estendeu por mais quatro ou seis meses; que o valor mensal era de

R$3.000,00 ou de R$3.500,00; que não se recorda da data de início da locação, mas


acredita que foi em 2016.

Com base nos depoimentos prestados, especialmente aquele da testemunha

comum Adriana, extraem-se elementos conducentes à conclusão de que as partes ajustaram


sim acréscimos ao escopo do projeto inicial, tendo os réus se comprometido a realizar os

pagamentos à autora ao final das obras.

Depreende-se também que o fornecimento de materiais elétricos ficou por


conta da autora, ao passo que os réus se comprometeram a providenciar os demais
materiais, como porcelanato, azulejos e lustres.

Não obstante essa conclusão preliminar, faz-se necessário avaliar as


ponderações apresentadas no laudo pericial de 6518818074.

Constata-se da leitura do laudo pericial que, dos itens objeto do pedido


inicial, o Perito indicou os seguintes como carentes de amparo tanto em documentos, como

no que se refere à constatação concreta de sua prestação:

a) troca de registros e parte das instalações de PVC e cobre, no valor

de R$1.400,00;

b) remoção de excesso de entulho, no valor de R$910,00;

c) retirada e regularização de reboco, impermeabilização de paredes,

chapisco e novo reboco, no valor de R$2.810,00;

d) troca de toda a rede elétrica do apartamento, no valor de


R$8.800,00;

e) execução da alvenaria e reboco abaixo da janela da sacada, com

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 9
recomposição de azulejos externos, desmontagem de jardineira e

outros serviços correlatos, no valor de R$910,00;

f) retoques de massa e pintura no teto da cozinha, no valor de


R$170,00;

Pontua-se que, em que pese o Perito tenha indicado ausência de

documentação relativa à troca da rede elétrica, a prova oral produzida em audiência

esclareceu que esse serviço estava previsto no projeto inicial e que, posteriormente, foi
ampliado.

Da mesma forma, a testemunha Adriana confirmou que foram trocados os


encanamentos de cobre e de PVC.

No total, desconsiderando os valores de R$1.400,00 e de R$8.800,00 com


base no apontamento acima, os serviços que carecem de amparo documental, técnico e de

constatação concreta totalizam R$4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais).

Destaca-se que, em que pese o Perito tenha apresentado orçamento diverso


quanto a vários dos itens executados pela autora, não se mostra adequada a redução do
valor devido, pois, como apontado pela testemunha Adriana em seu depoimento, os réus

concordaram com os valores e se comprometeram a quitá-los ao final das obras.

Já sobre o fornecimento de materiais, reitera-se que os elétricos ficaram por

conta da autora, ao passo que os réus se comprometeram a providenciar os demais


materiais, como porcelanato, azulejos e lustres.

De toda forma, estabelece o art. 610, §1º, do Código Civil que “a obrigação

de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”.

Destarte, ausentes provas de que a autora teria assumido a obrigação de

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 10
fornecer outros materiais para além dos elétricos, conclui-se que os réus arcariam com os

respectivos custos, destacando-se aqui os gastos comprovados em Id nº 1554384 com


compra de mármore carrara para instalação nos banheiros, que devem ser ressarcidos à
autora.

Com base nesses apontamentos, do total de R$34.569,00 pleiteado pela


autora, devem ser descontados R$4.800,00 referentes a serviços que carecem de lastro,

bem como o importe de R$3.442,10, cujo pagamento foi comprovado pelos réus em Id nº
10830326.

Assim, à autora é devido o pagamento de R$26.326,90 (vinte e seis mil,


trezentos e vinte e seis reais e noventa centavos).

Consigna-se não se aplicável ao presente caso a hipótese de exceção do


contrato não cumprido para isentar os réus quanto aos pagamentos, pois se extrai dos autos
que a autora cumpriu sim as próprias obrigações, mas, mesmo assim, os réus quedaram-se

inadimplentes.

Também não auxilia os réus a alegação de vícios na prestação dos serviços,


pois, conforme esclarecido pela testemunha Adriana, os revestimentos comprados não

foram adequados, mas sim empenados, pelo que Miguel alertou os réus e solicitou que
fossem trocados, mas os réus manifestaram discordância.

Fato é que, como os próprios réus anuíram com a qualidade ruim dos

materiais, ao passo que lhes cabia esse fornecimento, e não ao réu, não podem pretender
agora se esquivar de responsabilidade com base exatamente na qualidade precária dos

materiais.

Reforça-se a inocorrência de vícios na instalação nos revestimentos com


base no que foi destacado pelo Perito em seus esclarecimentos de Id nº 8315088025.

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 11
Em arremate, também sem razão os réus em argumentarem que a autora

obrigatoriamente deveria ter apresentado orçamento quanto aos valores.

Não obstante o art. 40 do CDC determine aos fornecedores a entrega de


orçamento, e o art. 619 do Código Civil que acréscimos no projeto se deem por escrito,

não se pode perder de perspectiva que, neste caso, todas as negociações ocorreram
informalmente.

Em que pese desejado que as partes fossem organizadas e deixassem tudo


formalizado para evitar discussões posteriores como a presente, fato é que os réus
autorizaram os serviços, inclusive os adicionais, e concordaram em realizar os pagamentos
dos acréscimos ao final das obras, pelo que agora, com base no princípio da boa-fé, não se

mostra lícito que busquem se esquivar dessa obrigação com base em um detalhe legal.

Por tudo isso, e ausentes provas que amparem a defesa quanto ao


inadimplemento, os réus devem ser condenados ao pagamento de R$26.326,90 (vinte e

seis mil, trezentos e vinte e seis reais e noventa centavos).

Ausentes termos precisos para quando deveria ter sido realizado o


pagamento, em especial considerando que se tratou de negociação verbal, a correção

monetária deve ser contada do ajuizamento da ação e os juros de mora devem ser
computados da citação dos réus.

Passando-se à reconvenção, os réus pedem a condenação da autora à

restituição das quantias de R$8.000,00 (oito mil reais), referente a aluguéis pagos em razão
de atraso na entrega da obra; R$12.422,14 (doze mil, quatrocentos e vinte e dois reais e

quatorze centavos) por materiais comprados pelos réus, mas de responsabilidade da autora;
R$110,00 (cento e dez reais) pelos serviços de faxina; R$1.400,00, relativa a problemas de

vazamento de água na área de serviço e no hall de escada e recomposição e pintura da

parede danificada pelo vazamento; R$13.076,00 (treze mil e setenta e seis reais), referente

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 12
a mão-de-obra para reexecução dos serviços mal executados e não realizados pela autora;

R$3.708,66 (três mil, setecentos e oito reais e sessenta e seis centavos), referente a 84m2
de revestimento de parede da cozinha e da área de serviço assentados com imperfeição;
R$2.190,45 (dois mil, cento e noventa reais e quarenta e cinco centavos), a título de multa

contratual; e a compensação da quantia de R$880,00 (oitocentos e oitenta reais).

Sobre o pedido de condenação ao pagamento de R$8.000,00 (oito mil reais),

referente a aluguéis pagos em razão de atraso na entrega da obra, em que pesem os


documentos desordenadamente apresentados em Id nº 10831185, depreende-se que

realmente foi realizado esse gasto.

Corroboram-se os pagamentos também pelo depoimento prestado pela

testemunha Tobias, que alugou o imóvel aos réus.

Não obstante esse gasto tenha sido comprovado e a autora tenha confirmado
o comprometimento do prazo inicialmente previsto para a conclusão das obras, fato é que,

durante a execução dos serviços, o escopo inicial do contrato foi ampliado.

Por óbvio, fazendo-se necessários novos serviços para além dos inicialmente
contratados, tempo adicional também seria demandado para sua conclusão.

Nesse contexto, não se pode considerar que o tempo adicional necessário


para a execução das obras é atribuível à autora a título de serviço falho.

Mostra-se temerária a condenação da autora ao ressarcimento dos aluguéis


desembolsados, pois implicaria, na prática, atribuir à prestadora de serviço um custo

adicional referente a acréscimos na obra que foram livremente estipulados pelas partes, em
indevido enriquecimento ilícito dos réus.

Pedem os réus também indenização de R$12.422,14 (doze mil, quatrocentos

e vinte e dois reais e quatorze centavos) por materiais comprados, mas de responsabilidade

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 13
da autora.

Já ficou assente que, à exceção dos materiais elétricos, esses no importe de


R$5.071,65, cujo gasto foi demonstrado em Id nº 10831534, os demais deveriam ser
fornecidos pelos próprios réus.

Isso posto, aos réus é devido o ressarcimento de apenas R$5.071,65 (cinco

mil e setenta e um reais e sessenta e cinco centavos), cabendo-lhes arcar com o restante,

pois assim se comprometeram e é previsto pelo art. 610, §1º, do Código Civil.

Improcede o pedido de condenação da autora ao pagamento de R$110,00


(cento e dez reais) pelos serviços de faxina.

Além de a minuta contratual de Id nº 1554257 não reger a relação existente

entre as partes, já que nunca foi firmado instrumento escrito, é cediço que não está
abrangido no objeto próprio do contrato de empreitada o serviço de limpeza inerente a uma

faxina no imóvel, cujo custo, evidentemente, há de ser suportado pelos proprietários.

Improcede, pois, essa pretensão dos réus.

Improcedem também os pedidos referentes aos ressarcimento de


R$1.400,00, relativa a problemas de vazamento de água na área de serviço e no hall de

escada e recomposição e pintura da parede danificada pelo vazamento; R$13.076,00 (treze


mil e setenta e seis reais), referente a mão-de-obra para reexecução dos serviços mal

executados e não realizados pela autora; e R$3.708,66 (três mil, setecentos e oito reais e
sessenta e seis centavos), referente a 84m2 de revestimento de parede da cozinha e da área

de serviço assentados com imperfeição.

Conforme destacado pelo Perito, em que pese a existência de elementos


demonstrativos dos gastos incorridos pelos réus, não há provas de que foram realizados

como consequência de eventual vício na prestação dos serviços pela autora.

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 14
E especificamente quanto às cerâmicas, reitera-se que foram adquiridas

defeituosas pelos próprios réus, que não se dispuseram a substitui-las, mesmo após
alertados pela autora.

Os réus pedem também o recebimento de R$2.190,45 (dois mil, cento e

noventa reais e quarenta e cinco centavos), a título de multa contratual.

Como já exposto e reiterado, não existiu contrato escrito, pelo que a minuta
contratual de Id nº 1554257 não reflete exatamente o que ficou ajustado pelas partes.

Destarte, inexistentes provas de que, na negociação verbal, realmente foi

ajustada penalidade para o caso de eventual descumprimento contratual, o pedido


condenatório deve ser julgado improcedente.

Em suma, aos réus é devida a restituição de apenas R$5.071,65 (cinco mil e

setenta e um reais e sessenta e cinco centavos), referentes a materiais elétricos cujos custos
haveriam de ter sido suportados pela autora, mas foram desembolsados pelos réus.

Por fim, a autora não deve ser condenada ao pagamento de multa por

litigância de má-fé, pois não ficou caracterizada nenhuma das hipóteses do art. 80 do CPC.

III – DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fulcro no art. 487, inciso I, do CPC, JULGO

PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial.

Condeno os réus ao pagamento da quantia de R$26.326,90 (vinte e seis mil,

trezentos e vinte e seis reais e noventa centavos), devidamente atualizada com base nos
índices da tabela da CGJ-MG, desde a data da distribuição, e acrescida de juros de mora de

1% ao mês, a contar da citação.

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 15
Considerando a sucumbência recíproca, condeno a autora ao pagamento de

25% e os réus ao pagamento de 75% das custas processuais e dos honorários periciais (Id
nº 111855511), bem como de honorários advocatícios, na mesma proporção, arbitrados em
10% sobre o valor da condenação (art. 85, §2º, do CPC).

No mais, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a reconvenção.

Condeno a reconvinda ao pagamento da quantia de R$5.071,65 (cinco mil e

setenta e um reais e sessenta e cinco centavos), devidamente atualizada com base nos
índices da tabela da CGJ-MG, desde o desembolso, e acrescida de juros de mora de 1% ao

mês, a contar da citação, autorizada a compensação com a quantia devida pelos


reconvintes.

Considerando a sucumbência recíproca, condeno os reconvintes ao

pagamento de 85% e a reconvinda ao pagamento de 15% das custas processuais da


reconvenção, bem como de honorários advocatícios, na mesma proporção, arbitrados em

10% sobre o valor da condenação (art. 85, §2º, do CPC).

P. R. I.

MOEMA MIRANDA GONÇALVES

Juíza de Direito da 9ª Vara Cível

Avenida Raja Gabaglia, 1753, Luxemburgo, BELO HORIZONTE - MG - CEP:


30380-900

Número do documento: 23061518361117500009829610774


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061518361117500009829610774
Assinado eletronicamente por: MOEMA MIRANDA GONCALVES - 15/06/2023 18:36:11 Num. 9833521955 - Pág. 16

Você também pode gostar