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Comarca de Goiânia
VOTO
“(…)
Superada esta questão, passo à análise dos pedidos formulados nos autos, a fim
de possibilitar o normal prosseguimento do feito.
[...]
Em análise aos autos, tem-se que estes pedidos não merecem deferimento.
Quanto à dívida com a Sra Eliana Teixeira Aguiar, não há nos autos provas de
sua existência, posto que juntado somente um contrato de prestação de serviços,
o que não comprova os valores e meses em que o de cujus não efetuou o
pagamento dos referidos honorários. Assim, diante do não reconhecimento da
[…].”
Pois bem.
Antes de adentrar ao mérito do recurso propriamente dito, hei por bem, fazer um
breve esboço de pontos específicos do processo de origem (processo digital n.
0171752.52.2015.8.09.0175).
Diz que o autor da herança deixou quatro filhos: Norton Teixeira Monteiro,
Maurício Teixeira Monteiro, Cristina Teixeira Monteiro e Cláudia Teixeira Monteiro.
“1 - Apartamento n° 1.201, do Edifício Art I Siron Franco, sito a Rua Rui Brasil
Cavalcante n2 496, Setor Oeste, medindo 142,62 m2 [...], adquirido
exclusivamente pelo autor do espólio (após a sua separação de fato) em
28/03/2011, pelo valor de R$ 335.000,00 (trezentos e trinta e cinco mil reais)
mediante antecipação pelo Banco Santander, empréstimo, de valores salariais
que estão sendo recebidos parceladamente (doc. em anexo demonstrativo de
pagamento). Atualmente, o bem apresenta o valor de mercado estimado em R$
530.000,00 (quinhentos e trinta mil reais);
6.1 120 (cento e vinte) parcelas no valor unitário de R$ 2.207,95 (dois mil
duzentos e sete reais noventa e cinco centavos) (doc. em anexo — demonstrativo
de pagamento) totalizando R$ 268.158,00 (duzentos e sessenta e oito mil cento e
cinquenta e oito reais) (DECISÃO ADM n. 200804671197),
7 - Valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a ser pago com as devidas correções
por MAURÍCIO TEIXEIRA MONTEIRO ao espólio, pois em 10/07/14 esse
contraiu um empréstimo junto ao autor de herança (cheque n° 900637 da CAIXA,
Ag. 2535), que deveria ter sido pago em 24 (vinte e quatro) parcelas de R$
807,00 (oitocentos e sete reais) (doc. em anexo — contrato de mútuo), contudo
como isso não ocorreu, nos termos cláusula 5ª, §22 do instrumento firmado entre
as partes, ocorreu a rescisão do contrato e o vencimento antecipado da dívida, a
qual deverá ser atualizada no momento oportuno.
No evento 03, movimentação 103, dos autos de origem foi determinado que as
parcelas referentes às diferenças salariais pagas pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da
O IPTU constitui obrigação propter rem, possuindo como fato gerador "a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física", na
forma do art. 32 do CTN.
Outrossim, insta consignar que há notícia nos autos de que o inventariante era
curador do de cujus e que residia com ele no apartamento 1.201 do Edifício Art I Siron Franco, no
Setor Oeste, Goiânia, antes do seu falecimento e que, após o óbito (09.05.2015), continuou
residindo no imóvel a fim de zelar do patrimônio. Por outro lado, não consta dos autos qualquer
pedido dos demais herdeiros para desocupação do referido imóvel.
Extrai-se ainda dos autos que a sala comercial de n. 403, situada na Rua 10, n.
93, Setor Oeste, Goiânia, encontra-se locada desde 05.02.2016, conforme contrato jungido no
evento n. 01, arquivo 28.12, contrato de locação da sala, sendo de responsabilidade do locatário
as despesas relativas aos encargos de impostos (IPTU), taxas e tributos que sobre ela incida
(cláusula 5ª), a partir da locação.
Deste modo, deverá o espólio arcar com o pagamento das despesas relativas ao
condomínio, IPTU, IPVA e demais taxas relativas aos bens que lhe pertencem, exceto em relação
à sala n. 403, situada na Rua 10, n. 93, Setor Oeste, Goiânia, desde a sua locação (05.02.2016),
conforme contrato jungido no evento n. 01, arquivo 28.12contratodelocacaodasal, sendo do
locatário as despesas relativas aos encargos de impostos (IPTU), taxas e tributos que sobre ela
incidam (cláusula 5ª), a partir da locação.
Ressalto que o deslinde dado a este ponto na ação de inventário não impede a
suposta credora de pleitear em ação própria ou como incidente do inventário o recebimento do
valor que entende ter direito.
Ademais, a norma processual civil prevê, inclusive, até mesmo o mecanismo para
evitar decisões conflitantes. Assim, tendo em vista que a magistrada condutora do feito proferiu
decisão deferindo o levantamento de alvará para pagamento da mesma verba quando postulado
pelos demais herdeiros e pela inventariante anterior, em situação idêntica, deve ser reformada a
decisão recorrida neste ponto, a fim de garantir o tratamento isonômico entre os herdeiros.
Écomo voto.
RELATOR
/C60
Comarca de Goiânia
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