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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ

5ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE BELÉM


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Email: 5jecivelbelem@tjpa.jus.br

SENTENÇA

Processo nº: 0829510-96.2021.8.14.0301

Reclamante: LUCAS VINICIUS BRITO SARMENTO


Reclamada: BANCO BRADESCO S/A

Trata-se de ação declaratória de inexigibilidade de débito


c/c indenização por dano moral na qual o Reclamante alega, em síntese, e
requer, o seguinte:

“...1 - DOS FATOS

O Requerente, ao realizar uma transação comercial, foi


surpreendido ao ser informado que seu nome está
negativado nos Órgãos de Proteção ao Crédito do SPC e
SERASA, conforme extrato anexado aos autos no valor
de R$52,67 (cinquenta e dois reais e sessenta e sete
centavos) e R$1.093,17 (mil e noventa e três reais e
dezessete centavos), referente aos supostos contratos nº
020551942000032EC e 020551942000032CT, com data
de inclusão em 30/12/2017 e 01/06/2018, por essa razão
não foi autorizada a compra pretendida.

Convém destacar que o Requerente teve seu nome e CPF


incluído nos cadastros de SPC/SERASA, SEM
QUALQUER AVISO DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA
conforme determina o artigo 43 do Código de Defesa do
Consumidor, nem tampouco contato da Requerida, a fim
de prestar informações acerca da suposta dívida,
tratando-se, de débito e inclusão restritiva totalmente
indevida.

Como se pode verificar, a questão é preocupante, posto


que o Requerente desconhece a dívida em questão, além
do mais, buscou contato com a empresa, informando
esse ocorrido, a fim de resolver, amigavelmente, o
problema, mas esta, quedou-se inerte.

Firme nessas razões, especialmente, porque a Requerida


até a presente data, mesmo ciente da cobrança indevida,
não tomou nenhuma medida visando o cancelamento
desse débito e consequentemente a solução do problema,
por isso faz-se necessário o ajuizamento da presente
ação, em busca da reparação.

...

DOS PEDIDOS

1) O recebimento da presente demanda em todos os seus


termos, que seja determinada a citação da Requerida, na
pessoa de seu representante legal, para querendo, dentro
do prazo legal, contestar a presente ação, sob pena de
serem tidos como verdadeiros os fatos narrados na
inicial;

2) Seja DECLARADA a inexistência do débito com a


Requerida no valor R$52,67 (cinquenta e dois reais e
sessenta e sete centavos) e R$1.093,17 (mil e noventa e
três reais e dezessete centavos), referente aos supostos
contratos nº 020551942000032EC e
020551942000032CT, com data de inclusão em
30/12/2017 e 01/06/2018, bem como a exclusão do nome
do Requerente dos Órgãos de Proteção ao Crédito;
3) Que incida na condenação de danos morais, os juros
moratórios a partir da data do evento danoso que se
ocorreu em 30/12/2017, bem como correção monetária a
partir da sentença, ambos atualizados até a data do
efetivo pagamento da condenação, conforme dispõe a
súmula 54 do STJ;

4) Seja aplicada a inversão do ônus da prova nos moldes


do Código de Defesa do Consumidor, bem como deferida
a gratuidade da justiça.

5) Protesta ainda, pelos benefícios da gratuidade de


justiça, pois o reclamante não tem condições de arcar
com custas judiciais, nos termos da Lei 1.060/50;

6) Esgotadas as oportunidades de acordo, requer o


julgamento antecipado da lide em caso de
desnecessidade de audiência de instrução para produção
de provas sendo desde já dispensado pela parte autora;

7) A condenação da Requerida, ao pagamento de custas


e honorários advocatícios na ordem de 20% sobre o
valor da causa, caso haja recurso;

8) A condenação da Requerida a indenizar os danos


morais sofridos pelo Requerente, no montante de
R$12.000,00 (doze mil reais) por Vossa Excelência,
levando em consideração a capacidade financeira da
Requerida, bem como para desestimular a ocorrência de
novos ilícitos a outros consumidores.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito especialmente provas documentais
que seguem em anexo.

VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 12.145,84 (doze mil, cento e
quarenta e cinco reais e oitenta e quatro centavos), para
fins de alçada e direito....”

Em sua contestação o Reclamado referiu que o


Reclamante realizou um empréstimo via caixa eletrônico e não pagou a
dívida, razão pela qual, negativou o nome do Reclamante. Defende a tese de
regularidade do ato e inexistência do dever de indenizar, pugnando pela total
improcedência do pedido. Ao final, pleiteou a condenação do Reclamante em
litigância de má-fé.

Na audiência (id. 53446375), as partes mantiveram suas


posições antagônicas. Foi determinado ao Reclamante que inserisse aos autos
o comprovante de pagamento do débito e concedido prazo ao Reclamado para
manifestação. Após, os autos foram conclusos para sentença.

É o relatório. Decido.

Primeiramente, cumpre registrar que se cuida de relação


de consumo, em que figura o Reclamante como consumidor. Além disso, os
bancos são fornecedores de serviços e a eles é aplicado o Código de Defesa do
Consumidor (art. 3º, § 2º, do CDC; Súmula 297-STJ; STF ADI 2591).

Cinge-se a questão em se analisar se houve a prática de


algum ato ilícito pelo Reclamado e, caso positivo, quais as consequências
jurídicas do ato.

No presente caso, o Reclamante alega que teve seu nome


negativado indevidamente por débito que assevera já ter sido quitado, todavia,
não se desincumbiu de produzir provas mínimas do alegado, eis que não
trouxe aos autos os comprovantes de pagamento da dívida. Assim, diante da
ausência de provas mínimas das alegações autorais, em inobservância ao ônus
do Reclamante quanto ao fato constitutivo do seu direito, na forma do art. 373,
I, do CPC, a ação deve ser julgada improcedente.
O pedido de condenação do Reclamante em litigância de
má-fé, improcede, eis que não preenche os requisitos legais.

Posto isto, julgo improcedentes os pedidos da


Reclamante e do Reclamado, nos termos da fundamentação. Extingo o
processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Código
de Processo Civil.

Determino que as publicações dos atos processuais sejam


feitas em nome do advogado Guilherme da Costa Ferreira Pignaneli, OAB/RO
5546, OAB/PA 28178-A, OAB/AP 4263-A e OAB/AC 5021, conforme
requerido.

Concedo ao Reclamante os benefícios da gratuidade da


justiça, conforme requerido.

Isento as partes do pagamento de custas, despesas


processuais e honorários de sucumbência, em virtude da gratuidade do
primeiro grau de jurisdição dos Juizados Especiais (arts. 54 e 55, da Lei n.º
9099/95).

Certificado o trânsito em julgado e, não havendo


modificação da decisão, arquivem-se os autos com as baixas necessárias.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Belém, PA, 23 de maio de 2023.


TANIA BATISTELLO

Juíza de Direito Titular da 5ª Vara do JEC de Belém.

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