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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA____ª SECRETARIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE BETIM/MG

TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA – AUTOR MAIOR DE 60 ANOS

JOSÉ TUME DA ROCHA, brasileiro, casado, aposentado, portador do RG MG-4.253.069


SSP/MG, inscrito CPF sob o nº 474.845.356-72, sem endereço eletrô nico, residente e
domiciliado na Rua Boa Esperança, nº 106, Bairro Citrolâ ndia, Betim/MG, CEP 32.641-596,
neste ato representado por seus Procuradores e Advogados abaixo assinados, conforme
instrumento que ora se junta, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos
previstos no artigos 5º, XXXII e 170, V, ambos da Constituiçã o da Repú blica, bem como
artigos 81 e 83, da lei nº 8.078/90 (Có digo de Defesa do Consumidor), ajuizar a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE C/C INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


C/C COM DANOS MORAIS

em face de BANCO MERCANTIL DO BRASIL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob o nº 17.184.037/0001-10, com sede localizada na Rua Rio de Janeiro, nº 680
Centro, CEP 30.160-912, Belo Horizonte/MG, sob os fatos e fundamentos de direito que a
seguir se expõ e:

Praça Tiradentes, nº 97, sala 302, Betim/MG – CEP: 32.600-028


Fone/Fax: (31) 9 7564-9826 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br
DOS FATOS
O Autor meados de maio de 2020, sem solicitar, recebeu em sua residência um
cartã o de crédito nº 4390130982638020, da bandeira VISA, denominado “Mercantil do
Brasil Pleno”, conforme em anexo.
O Autor além de nã o autorizar o envio, nã o pediu cartã o como também nã o
desbloqueou o cartã o de crédito, demonstrando assim sua boa-fé.
A remessa feita pela instituiçã o financeira foi feita de forma unilateral e abusiva.
Além disso, com tal conduta, agiu em manifesto abusivo de direito, na medida em
que se aproveitou da condiçã o do Autor, idoso, analfabeto e aposentado para impingir-lhe
seus produtos e serviços, ferindo brutalmente o princípio da boa-fé objetiva, ficando,
demonstrado, desta forma, o cará ter abusivo e ilegal da conduta ora em questã o. E ainda,
nossos tribunais superiores já se pronunciaram por súmula dizendo que, constitui
prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia solicitação do
consumidor, conforme será abordado mais adiante.
Ademais, o Autor, sem utilizar o cartã o de crédito agora está sendo cobrado por
dois boletos, um no valor de R$5.912,70 e outro no valor de R$4.793,70.
COBRANÇA ABUSIVA E ILEGAL.
Por conseqü ência, em razã o da conduta praticada pelo Requerido em enviar cartã o
sem solicitar assim como cobrar por uma dívida inexistente, o Autor sofreu danos de
ordem moral, já que a mesma gerou profunda frustraçã o, transtornos e incô modos que
extrapolam os limites do simples aborrecimento em mero dissabor.
Em virtude de todos os fatos mencionados, nã o resta alternativa a nã o ser a
presente açã o, para que a Autora possa pleitear seus direitos, e uma indenizaçã o, tendo em
visto toda lamentá vel e constrangedora situaçã o.

DO DIREITO
A caracterizaçã o de relaçã o de consumo entre as partes estabelece tendo em vista
que a empresa Ré é prestadora de serviços e, portanto, fornecedora de produtos e serviços
nos termos do art. 3º do CDC, e a Autora como consumidora, de acordo com o conceito
previsto no art. 2º do mesmo diploma.

1. Da reparação do dano e da inversão do ônus da prova

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No caso concreto, as disposiçõ es do CDC, sobretudo o art. 6º VI e VIII, do referido
diploma legal, aduz sobre a inversã o do ô nus da prova, e da efetiva reparaçã o dos danos
sofridos.
Desta forma, tendo em vista total desvantagem e vulnerabilidade por parte do
consumidor, a inversã o do ô nus da prova tem como finalidade igualar as partes no
processo judicial em questã o, tanto na parte técnica, quanto na financeira.

2. Da súmula 532 do STJ e do CDC


O Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou sobre este tipo de situaçã o através
da Sú mula 532 que diz que:

Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem


prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato
ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa.

Sabemos que as sú mulas sã o o resumo de entendimentos consolidados de


julgamento no Tribunal. Embora nã o tenham efeito vinculante, servem de orientaçã o a
toda a comunidade jurídica sobre a jurisprudência repetitiva e firmada pelo STJ, que tem a
missã o constitucional de unificar a interpretaçã o das leis federais. Portanto, além de
vá lidas devem ser cumpridas, caracterizando assim, mais uma vez o dano moral.
A Sú mula 532 tem amparo no art. 39, III, do CDC, que proíbe o fornecedor de
enviar produtos ou prestar serviços sem solicitaçã o prévia.
Portanto, fica ainda mais claro o abuso praticado pela empresa Ré, nã o deixando
dú vidas sobre o dano configurado.
A responsabilidade do fornecedor por eventuais danos provados ao consumidor é
de natureza objetiva se decorrentes de defeito na prestaçã o do serviço, podendo o
fornecedor ser responsabilizado independentemente da comprovaçã o da existência de
culpa, nos termos do art. 14, caput, do CDC.

3. DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

É notó rio que o Autor nem sequer desbloqueou o cartã o, ainda mais que utilizou,
se nã o desbloqueou e nã o utilizou, nã o existe débito com o Réu.

Isto posto, deve a açã o ser julgada procedente e o débito ser declarado inexistente.

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4. Do dano moral
Da narrativa dos fatos, podemos inferir que nã o pairam dú vidas quanto ao ato
ilícito praticado pela demandada. A prática adotada pela empresa demandada revela
absoluto desprezo pelas mais básicas regras de respeito ao consumidor e á boa-fé
objetiva nas relações comerciais, impondo resposta à altura.
O instituo do dano moral nã o foi criado somente para neutralizar o abalo
suportado pelo ofendido, mas também para conferir uma carga didá tico-pedagó gica a ser
considerada pelo julgador, compensando a vítima e prevenindo a ocorrência de novos
dissabores a outros usuá rios. E o caso em apreço se enquadra perfeitamente nesses
ditames, tendo em vista que as empresas demandadas praticam esses atos abusivos
apenas porque sabem que muitos clientes/consumidores nã o buscarã o o judiciá rio a fim
de recuperar o valor pago indevidamente, seja por falta de conhecimento, seja pelo
custo/benefício de ingressar na justiça, assim sendo, se torna vantajoso para as
demandadas continuarem agindo assim e lesando seus clientes.
O art. 6º, VI, do CDC é claro quando diz que a reparaçã o do dano moral é um
direito bá sico do consumidor.
Desta forma, deve-se imputar a demandada a obrigaçã o de indenizar os prejuízos
incorridos pela Autora.
O descaso e o desrespeito a Autora e a outros consumidores devem, em tais
circunstâ ncias, ensejar a respectiva reparaçã o dos danos causados da forma mais
completa e abrangente possível, inclusive no plano meramente moral.
No art. 5º, X, da CF/88 fica claro que é assegurado a todos o direito de reparaçã o
por danos morais.
Devido ao constrangimento passado, a Autora claramente sofreu um dano de
ordem moral considerá vel.
Cumpre assinalar, finalmente que nã o se pode admitir como plausível a alegaçã o
de mero dissabor tendo em vista que essa justificativa apenas estimula condutas que nã o
respeitam os interesses dos consumidores.
Deste modo, requer que o banco Requerido seja condenado ao pagamento de
indenizaçã o por danos morais no valor de R$4.000,00.

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DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo exposto requer o Autor:
a) O deferimento da Justiça Gratuita (em anexo declaraçã o);
b) Requer o Autor, nos termos do art. 1. 048, inciso I, do CPC c/c o art. 71 do Estatuto
do Idoso, Lei nº 10.741/03, a concessã o do benefício da prioridade processual à
pessoa maior de 60 (sessenta anos), previsto nos referidos dispositivos. (Em anexo
a esta petiçã o, segue documento atestando a idade do Autor, cuja juntada aos autos
se pleiteia;

c) Seja julgado procedente a presente açã o, reconhecendo o abuso da Ré em enviar


cartã o de crédito sem solicitaçã o, assim como declarar inexistente qualquer débito
do Autor para com a Ré, e ainda o pagamento de R$4.000,00 a títulos de danos
morais;
d) O reconhecimento da relaçã o de consumo;
e) A inversã o do ô nus da prova, conforme o art. 6º, VIII do CDC;
f) A citaçã o da parte Requerida, para apresentar contestaçã o, sob pena de revelia;
g) A condenaçã o do Requerido no pagamento de honorá rios, custas e despesas
processuais;
h) Provará o alegado por todos os meios admitidos por direito.

Dá-se à causa, o valor de R$4.000,00.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Betim/MG, 12 de agosto de 2020.

Fernando de Paula Cortezzi Filho


OAB/MG 146.829

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