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AO EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA

DA CIDADE DE ...

JOÃO, qualificação..., endereço... através do seu procurador que a esta


subscreve, que informa para fins do art. 319 e 320 do Código de Processo Civil,
vem, perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALOR C/C PEDIDO LIMINAR E


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face da EMPRESA DE CRIPTOMOEDAS, pessoa jurídica de direito


privado, qualificação..., endereçamento..., pelos fatos e fundamentos a seguir
aduzidos.

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

O Requerente é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não possuindo


condições financeiras para arcar com as custas processuais fazendo jus à
assistência judiaria gratuita nos termos do art. 98 e seguintes do CPC.

DOS FATOS

O Autor investiu R$ 70.000,00 (setenta mil reais) em uma empresa de


criptomoedas que se dizia a mais rentável.
Ao assistir uma campanha publicitária que pregava que quanto mais se
investisse, mais lucro se teria, o Requerente se sentiu atraído a investir suas
economias.
O problema começou quando os clientes começaram a pedir para fazer
saques. Toda vez que um cliente pedia para fazer algum saque dos valores
investidos, a empresa inventava uma desculpa para não depositar o valor na
conta do cliente, o que começou a causar estranhamento e servir de alerta.
Alguns clientes, desconfiados, começaram a alertar outros investidores,
mas a empresa sempre reprimia dizendo que eram apenas boatos.
Por precaução o Requerente fez diversas tentativas e solicitações para
sacar os valores por ele investidos, restando todas elas frustradas.
Diante do exposto, o Requerente vem, perante esse Excelentíssimo
Juízo, requerer a condenação da Requerida na devolução do valor pago de R$
70.000,00 (setenta mil reais), mas condenação por danos morais.

DO PEDIDO LIMINAR

O fumus boni iuris está presente nos comprovantes de depósitos feitos


pelo Requerente na conta indicada pela Requerida.
O perículum in mora está evidenciado no fato de que se o valor investido
não for restituído imediatamente o autor pode sofrer danos de difícil reparação à
sua saúde mental e ao seu patrimônio, uma vez que os sócios da empresa ré
podem evadirem-se ou dilapidar todo o patrimônio, inviabilizando a garantia do
juízo, CABENDO, PORTANTO, A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NOS TERMOS
DO ART. 300, DO CPC.
Diante da presença dos requisitos do art. 300 do CPC, pede-se, o
deferimento do pedido liminar para a restituição do valor pago de R$ 70.000,00
(setenta mil reais).

DO DIREITO
DA INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Preza-se aqui pela aplicação das regras do Código de Defesa do


Consumidor, uma vez que a relação entre João e a Empresa de Criptomoedas
é uma relação de consumo, nos termos do art. 2º e 3º do CDC, devendo se
conceder a inversão do ônus da prova em favor do requerente, nos termos do
art. 6º, do CDC.
O Código de Defesa do Consumidor- CDC, condena veementemente
qualquer espécie de propaganda enganosa, senão, vejamos:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário, inteira ou
parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo
por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a
respeito da natureza, características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.

O uso de propaganda enganosa para manipular a autonomia de vontade


do cliente é reprimida pelo CDC, justificando a necessidade de condenação do
Requerente em Danos Materiais e Danos Morais, nos termos dos arts. 927, 186
e 187 do Código Civil de 2002, uma vez que o Requerente foi enganado pela
parte Ré.
A responsabilidade da Ré é solidária e independe de culpa, nos termos
do art. 18, do CDC, uma vez que compõe a cadeia de fornecedor prevista nos
arts. 2º e 3º do CDC.

DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS

O CDC dá ao consumidor a faculdade de escolher como quer que o dano


seja reparado, conforme artigo a seguir.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta , apresentação ou publicidade, o
consumidor poderá , alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos
da oferta, apresentação ou publicidade ;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço
equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.

Logo, no que pese o CDC facultar em favor do Autor o direito de escolha,


pede-se a esse Excelentíssimo Juízo a condenação do Requerido na restituição
dos valores retidos indevidamente com a devida atualização monetária, mais os
devidos danos morais.

DO DANO MATERIAL
O Código Civil, em seu art. 389, afirma que, se não cumprida a obrigação,
responde o devedor por perdas e danos, incluindo juros, atualização e honorários
de advogado.
Os arts. 927, 186 e 187 do Código Civil que aquele que, por ato ilícito,
causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo:
Art. 186. Aquele que por ação, negligência ou imprudência
violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Esse direito de reparação ainda é fortemente defendido pelo CDC em seu


art. 14 e pela Constituição Federal de 1988, não restando alternativa para a Ré,
senão, devolver o valor investido, mais perdas e danos.

DOS DANOS MORAIS

Os danos morais não são justificados apenas pela ofensa a honra, como
muitos sugerem, mas, também, pela necessidade de repressão pedagógica a
atos que são condenados pela legislação, para que outras pessoas não sejam
lesadas.
No caso em tela, o Requerente foi vítima de um verdadeiro golpe, ficando
demasiadamente envergonhado perante familiares e amigos, uma vez que ficou
achando que foi feito de “bobo”.
Ademais, a amargura e tristeza sentida por vir todas as suas economias
sendo perdidas é imensurável.
No que diz respeito ao quantum indenizatório, deve-se buscar não cobrar
tão pouco para que não se minimize um problema tão grave, nem tão muito para
que não caracterize enriquecimento sem causa.
Nesse sentido, pede-se que a Requerida seja condenada ao pagamento
de indenização por danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
DOS PEDIDOS

Ante o exposto, pede-se:

a) O deferimento do pedido liminar para que seja restituída a quantia


paga de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) em favor do Requerente a
título de danos materiais;
b) A Concessão do benefício da gratuidade da justiça;
c) A intimação da parte contrária para contestar a presente ação, sob
pena de sofrer com os efeitos da revelia;
d) A condenação da Requerida no pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais);
e) A inversão do ônus da prova por tratar-se de relação de consumo;
f) A dispensa da audiência de conciliação, conforme preconiza o Código
de Processo Civil;
g) A condenação da Requerida nas custas processuais e no pagamento
de honorários advocatícios;
h) A procedência da presente ação para que a Requerida seja
condenada à restituição do valor pago de R$ 70.000,00 (setenta mil
reais) mais indenização por danos morais no valor de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais);
i) Pretende-se provar o alegado por todos os meios de provas em direito
admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).

Termos em que pede-se e espera deferimento.

Município..., data..., ...

ADVOGADO
OAB Nº... UF...

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