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AO JUÍZO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTA CLARA DO NORTE – NORTEGRANDE

Maria das Graças Silva, brasileira, aposentada, inscrita sob o CPF nº ____, residente e
domiciliada na cidade de Santa Clara do Norte, estado de Nortegrande, vem, respeitosamente,
por meio de sua advogada devidamente constituída que esta subscreve, a qual receberá as
intimações em seu endereço profissional na _____________, e-mail, perante Vossa Excelência,
propor, com fundamento nos arts. 148, 166, 171, 186, 927 do Código Civil Brasileiro; art. 14 do
Código de Defesa do Consumidor, a presente:

AÇÃO ANULATÓRIA DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO COM REPETIÇÃO DE INDÉBITOS C/C


PEDIDO LIMINAR DE SUSPENSÃO DOS DESCONTOS C/C DANOS MORAIS

Em face do Banco Nacional S.A., instituição financeira de direito privado, com sede na _____,
Nortegrande, CEP nº _____, inscrita no CNPJ sob o nº _____, com endereço eletrônico
banconacional@.com, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I- DA JUSTIÇA GRATUITA

A autora não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio
ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa, com fundamento no
artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e artigo 98 do Código de Processo Civil. Desse modo, a
autora faz jus à concessão da gratuidade da Justiça.

II- DOS FATOS

A autora recebeu uma ligação de um funcionário do Banco Nacional S.A., instituição financeira
onde recebe sua aposentadoria (parte requerida), oferecendo um empréstimo consignado.
Esta, não entendendo a proposta, a aceitou. O funcionário solicitou seus dados pessoais e sua
assinatura em alguns documentos, os quais a autora forneceu sem compreender o conteúdo,
assinando, dessa forma, o contrato.

Com o passar do tempo, a requerente percebeu um desconto mensal excessivo da sua


aposentadoria, de modo que buscou esclarecimentos com seus filhos e descobriu que havia
assinado um contrato de empréstimo consignado de forma indevida. A situação se tornou
motivo de grande preocupação para a autora, visto que o valor dos descontos era
insustentável considerando a sua renda de apenas um salário mínimo, o que resultou em uma
situação de extrema vulnerabilidade e angústia financeira.

III- DO DIREITO

a) DA RESPONSABILIDADE
Claro está que o caso envolve uma relação de consumo, devendo ser aplicado o Código de
Defesa do Consumidor, além das regras do Código Civil. Posto isto, o art. 171 do CC dispõe:

“Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio


jurídico:

I- por incapacidade relativa do agente;

II- por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores.”.

Embora seja cediço que bancos não doam dinheiro, não é incomum que idosos sejam
ludibriados ou confundidos pelas palavras dos funcionários do banco. Nota-se que, além da
ilegalidade da forma de contratação, há presença de um vício de consentimento da parte
autora, vez que se trata de uma pessoa idosa, analfabeta e que não tem conhecimento de seus
direitos como consumidora.

Por certo, sabendo da vulnerabilidade das transações que envolvem empréstimo consignado
em benefícios previdenciários, evidenciada pelas inúmeras ocorrências de vícios de
consentimento e fraudes em todo o país, a instituição financeira assume os riscos do negócio,
devendo, portanto, restituir em dobro os valores descontados em seu benefício
previdenciário, nos termos do art. 42 do CDC.

b) DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Conforme preceitua o Código de Defesa do Consumidor:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor


inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

Tendo em vista que o referido empréstimo se encontra, até a presente data, incluído em seu
benefício previdenciário, requer que sejam as parcelas que forem descontadas, no decurso da
presente demanda, ao final devolvidos de forma dobrada, pois foram debitadas de forma
indevida.

c) DOS DANOS MORAIS

Diante dos fatos acima narrados, é evidente a configuração dos danos morais sofridos. A
obrigação de reparar dano causado a outrem é sedimentada em nosso ordenamento jurídico,
e prevista no Código Civil.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

O requerido deve responder pela falta de lisura e a má-fé ao induzir ao erro a parte autora,
aproveitando-se de sua vulnerabilidade e falta de conhecimento em decorrência de sua idade
avançada em benefício próprio.

IV- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer seja:

Digne-se Vossa Excelência em, recebendo a presente petição inicial com os documentos que a
instruem, designar a data da audiência de conciliação, instrução e julgamento.

A total procedência dos pedidos formulados, nos termos:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita;

b) A citação do requerido para tomar conhecimento da presente para, querendo, no prazo


legal contestá-la, sob as penas dos artigos 285 e 319 do CPC;

c) Protesta a produção de todos os meios de prova admitidos em direito;

d) A inversão do ônus da prova em favor da autora, conforme o art. 6º, inciso VII do CDC;

e) Requer seja deferida a suspensão liminarmente INALDITA ALTERA PART dos valores
creditados indevidamente pelo Requerido em conta bancária da Requerente, bem como seja
determinada a suspensão dos descontos relacionados à aposentadoria da autora;

f) Seja reconhecida a inexistência de relação jurídica, em relação aos contratos indicados, com
a anulação destes;

g) Condenar o réu ao pagamento de indenização pelos danos morais causados à autora em


valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado, o qual, no entendimento da
autora, deve ser equivalente a R$ 15.000 (quinze mil reais);

i) Condenar o requerido, nos termos do art. 42, parágrafo único do CDC, a restituir em dobro a
quantia paga pela requerente nos meses em que sua aposentadoria foi descontada;

j) Incluir na esperada condenação do réu a incidência de juros e correção monetária, na forma


da lei em vigor, desde sua citação;

Por fim, a autora expressa seu interesse na realização da audiência de conciliação ou


mediação, em atenção ao determinado no inciso VII do art. 319 do Código de Processo Civil.

Dá-se a causa o valor de R$ 27.400,00 (vinte e sete mil e quatrocentos reais).

Nestes termos, pede deferimento


Nortegrande, 06 de março de 2024

Advogada

OAB/UF nº

ROL DE DOCUMENTOS

Procuração

Declaração de hipossuficiência

Documentos pessoais (RG, CPF)

Comprovante de endereço

Contrato

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