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Golpe empréstimo

AO JUÍZO DO_____ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG


Peça: Petiçã o Inicial
XXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, aposentado, portador da Identidade MG
154766XXXXXXXXXXXXX, inscrito no CPF XXXXXXXXXXXX, residente e domiciliado na
XXXXXXXXXXX, Bairro Grajaú , Belo Horizonte/MG, CEP 30.431-146, vem, respeitosamente
por meio de seus procuradores (procuraçã o anexa), com endereço profissional no
endereço completo, onde deverá receber as notificaçõ es desta demanda, com fulcro nos art.
927 do Có digo Civil e 84 do Có digo de Defesa do Consumidor, apresentar:

AÇAO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, em face


de

AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A., pessoa jurídica, inscrita no


CNPJ: 07.707.650/0001-10, localizada à Rua Amador Bueno, 474, Bloco C, 1º andar, Santo
Amaro –Sã o Paulo/SP. pelas razõ es de fato e de direito que seguem adiante.
Quadro resumo da ação
1. Contrataçã o de empréstimo financeiro. 2.Requer ressarcimento de valores depositados.
3. Requer indenizaçã o por danos morais.
Rito preferencial - idoso
Justiça gratuita
Valor da causa: R$ 26.427,49
Preliminarmente
Autor requer gratuidade de justiça
Inicialmente afirma, sob as penas da lei, ser pessoa juridicamente necessitada, sem
condiçõ es financeiras para arcar com o pagamento das custas processuais e honorá rios
sucumbenciais sem prejuízo do sustento pró prio ou de sua família, razã o pela qual requer o
deferimento da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Có digo de Processo.

Fatos
O requerente entrou em contato com a requerida em busca de empréstimo financeiro em
meados de junho deste ano no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). Logo apó s este
primeiro contato, o atendimento continuou através de conversas pelo aplicativo Whatsapp,
conforme documentos anexados.
Ato contínuo, o requerente recebeu o contrato, assinou e devolveu para a requerida. A
partir deste ato, conforme conteú do das conversas, fora solicitado ao requerente diversos
pagamentos com o intuito de liberar o crédito solicitado, a título de pagamento de tarifas
ou taxas bancá rias, mas que seriam creditadas no valor do montante.
Como se observa, perfeitamente caracteriza-se um golpe, nã o tendo sido identificado no
momento pelo requerente, contudo, só veio à tona a partir do acesso do requerente ao site
da requerida, onde notadamente demonstra não possuir mecanismos de segurança
adequados para prevenção desses atos.
Os depó sitos realizados pelo requerente foram:
05/07/2021
R$ 840,90
Caixa Econô mica Federal
05/07/2021
R$ 998,80
Banco Itaú
05/07/2021
R$ 386,00
Caixa Econô mica Federal
06/07/2021
R$1.000,00
Banco Itaú
06/07/2021
R$ 499,80
Caixa Econô mica Federal
06/07/2021
R$ 500,00
Banco Itaú
07/07/2021
R$2.584,99
Banco Itaú
TOTAL:
R$ 6.427,49
Desta forma, o Requerente entrou em contato com a instituiçã o bancá ria e a financeira,
sendo informado por ambas que nã o constava solicitaçã o de empréstimo no sistema e que
nem mesmo nenhuma negociaçã o neste sentido, concluindo assim que o requerente havia
sido vítima de uma fraude.
Sendo ainda, informado que nã o era responsabilidade do banco, tampouco da financiadora,
nã o sendo possível a devoluçã o do valor fraudado.
Diante de tamanho dano e constrangimento, o Requerentes dirigiu à s autoridades policiais
tomando as medidas necessá rias, com a realizaçã o do boletim de ocorrência, conforme
anexo.
Resta informar que, inicialmente o requerente entrou em contato pelo site da requerida, e
que, a partir daí já recebeu uma mensagem pelo aplicativo, sendo que o fundo de tela
aparecia a logomarca da financeira Aimoré, o que induziu o requerente a erro.
Em síntese sã o os fatos.
Fundamentos
Da relaçã o de consumo
Nos termos do artigo 3o, caput, do Có digo de Defesa do Consumidor, FORNECEDOR é toda
pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como, os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produçã o, montagem, criaçã o,
construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o, distribuiçã o ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
Nesse sentido, deve-se reconhecer que a Requerida é, reconhecidamente, umas das maiores
empresas no ramo de empréstimo financeiro, impondo-se o reconhecimento de que se
trata de fornecedora, nos termos da legislaçã o em vigor.
CONSUMIDOR, por outro lado, nos termos do artigo 2o do CDC, é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatá rio final. Evidente, in casu,
que o Requerente adquiriu um produto (empréstimo financeiro) como destinatá rio final,
enquadrando-se, portanto, no conceito de consumidor.
De acordo com o artigo 3o do CDC, o produto é qualquer bem, mó vel ou imó vel, material ou
imaterial; enquanto serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e
securitá ria.
Assim, diante da comercializaçã o de um serviço de natureza financeira, impõ e-se o
reconhecimento da relaçã o de consumo existente entre as partes.
Do dever de indenizar
Com o advento da Lei 8.078/90, Có digo de Defesa do Consumidor, é plenamente possível
responsabilizar as instituiçõ es financeiras por ato de terceiros, nos termos do artigo 14 da
referida lei. In verbis:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
Neste interim, ao contrá rio da responsabilidade subjetiva, na qual é essencial a
demonstraçã o da culpa, na responsabilidade objetiva a culpa é presumida. Nesses casos, é a
instituiçã o financeira que deve provar alguns dos excludentes de sua responsabilidade,
caso contrá rio fatalmente será condenada a Indenizar a vítima.
Ainda que a fraude tenha sido praticada por terceiros, deve a instituiçã o financeira possui
um site mas nã o possui segurança, ressaltando, responder de forma objetiva pelos danos
causados ao consumidor, uma vez que é de sua responsabilidade a garantia de bom
funcionamento dos seus serviços e da segurança por eles oferecida, sendo que o contato
telefó nico foi repassado pela atendente, certamente por de seus funcioná rios.
Portanto, a referida responsabilidade decorre do risco do empreendimento, sendo
caracterizada como fortuito interno. Logo, deve ser reconhecida sua responsabilidade.
Neste sentindo, destaca-se a Sú mula 479 do Superior Tribunal de Justiça, a qual dispõ e:
"As instituiçõ es financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no â mbito de operaçõ es

financeiras"
Sendo assim, diante de todo o exposto, nã o resta dú vidas quanto a responsabilidade
objetiva da instituiçã o financeira que nã o possui mecanismos de segurança como forma de
blindar possíveis fraudes aos clientes, no valor de R$ 6.427,49 (seis mil quatrocentos e
vinte e sete reais e quarenta e nove centavos), conforme comprovantes de depó sitos
anexos.
Dos danos morais sofridos
A Constituiçã o Federal assegura o direito de indenizar à pessoa, conforme preconizam os
incisos V e X, do art. 5 da CF/88.
Em decorrência do fortuito ocorrido com o Requerente, sobreveio ao mesmo
constrangimento angustiante que jamais lhe ocorreu, causando-lhe abalos psicoló gicos,
uma vez que a situaçã o lhe causou grandes preocupaçõ es, desconsolo e frustraçã o.
Por todo o abalo sofrido pelo Requerente, impõ e à Requerida a obrigaçã o de indenizar
pelos danos que o mesmo vem sofrendo em decorrência de tal situaçã o.
A responsabilidade por pagamento de indenizaçõ es decorrentes tem espaço quando
verificados os elementos previstos nos arts. 186, 187 e 927 do Có digo Civil. Vejamos:
Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econô mico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará -lo.
Pará grafo ú nico. Haverá obrigaçã o de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Portanto, é inegá vel que o Requerente suportou inú meros prejuízos com a simples
solicitaçã o de um empréstimo, ficando demonstrado todos os requisitos a indenizaçã o, ou
seja, comprovada a responsabilidade objetiva dos agentes causadores do dano e o nexo de
causalidade entre a açã o e o dano.
Destarte, diante de todo o exposto alhures, requer a condenaçã o da Requerida a
indenizaçã o a título de danos morais no importe que entende o requerente ser justo e
condizente ao caso o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescidos de juros e correçã o
monetá ria a partir do evento danoso até que seja devidamente realizado o pagamento da
indenizaçã o.

Da Inversão Do Ônus Da Prova


Inequívoca a relaçã o de consumo entre as partes, impõ e fazer algumas ponderaçõ es. O art.
6º da legislaçã o consumerista prevê que é direito básico do consumidor a efetiva
prevenção e reparação dos danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos.
O ordenamento prevê também a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova a seu favor, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências.
Nas palavras de Flá vio Tartuce, “o conceito de hipossuficiência vai além do sentido literal
das expressõ es pobre ou sem recursos, aplicá veis nos casos de concessã o dos benefícios da
justiça gratuita, no campo processual. O conceito de hipossuficiência consumerista é mais
amplo, devendo ser apreciado pelo aplicador do direito caso a caso, no sentido de
reconhecer a disparidade técnica ou informacional, diante de uma situaçã o de
desconhecimento”.
No caso em apreço, o que se verifica é que o consumidor é hipossuficiente por se encontrar
em disparidade informacional em relaçã o ao Requerido
Ademais, a verossimilhança das alegaçõ es se encontra evidente eis que, conforme muito
bem pontuado, encontra demonstrado a fragilidade do sistema da requerida.
Assim, considerando a hipossuficiência e a verossimilhança das alegaçõ es, requer desde já ,
a inversã o do ô nus da prova a favor do requerente, que tem sido lesado graças à conduta da
Requerida.

Pedidos e requerimentos
Ante o exposto, pugna o Requerente:
a) pela concessã o dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da declaraçã o de
hipossuficiência anexa;
b) a inversã o do ô nus da prova, tendo em vista a hipossuficiência da Requerente, e a
verossimilhança das alegaçõ es;
c) seja designada uma audiência de tentativa de conciliaçã o, para que as partes
componham um acordo da forma amigá vel e talvez um parcelamento do débito;
d) a citaçã o da requerida para comparecer à mencionada audiência, advertindo-a sobre os
efeitos da revelia, conforme § 2º do mesmo artigo, bem como os procedimentos insertos
nos art. 277, § 1º, 3º, 4º e 5º, art. 278, art. 279, art. 280 e art. 281, todos do CPC, expedindo
para tanto, citaçã o pelos Correios;
No mérito:
e) seja julgado procedente a presente açã o, condenando a requerida a ressarcir os valores
depositados decorrentes da fragilidade do sistema interno;
f) seja condenada a requerida a indenizar o requerente por danos morais no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais);
g) seja a requerida condenada ao pagamento das custas, despesas processuais bem como os
honorá rios advocatícios sucumbenciais no importe de 20% sobre o valor total da
condenaçã o;
Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente documental, testemunhal e depoimento pessoal.
Dá -se à causa o valor de R$ 26.427,49 (vinte e seis mil quatrocentos e vinte e sete reais e
quarenta e nove centavos),
Nestes termos,
Pede deferimento.
Belo Horizonte, 19 de julho de 2021.
XXXXXX

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