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EXMO (A) SR (A) DR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL DA

ou JEC.......ª VARA FEDERAL ou VARA CÍVEL (Especificar) DA


SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE .......

Respeitosamente vem propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAS E MORAIS C/C


REPETIÇÃO DE INDÉBITO E TUTELA ANTECIPADA EM VIRTUDE DE
FRAUDE EM EMPRÉSTMO CONSIGNADO.

................, brasileiro (a) .........., aposentado (a) , estado civil ......, portador da
Cédula de Identidade ...... - SSP/SP ........, inscrito no CPF sob o nº .......
residente e domiciliado em ........ nº 0, nesta comarca de ............/SP ...... , por
intermédio dos seus advogados e bastantes procuradores que esta
subscrevem, vem, perante Vossa Excelência, propor AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAS E MORAIS C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E TUTELA ANTECIPADA em face de .............. – Instituição
financeira (privada ou autarquia) ............, com superintendência regional na
Rua ..............., .......... do BANCO ......., pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o nº ....... com sede na Cidade de ......... no....
Andar ..., .........SP, CEP .........., devendo ser citada na pessoa do seu
representante legal, com fundamento legal na Lei 9099-95 - que dispõe sobre
os Juizados Especiais, o que faz pelas seguintes razões de fato e de direito.

 DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, afirma a autora que não possui condições de arcar com as


custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento
próprio bem como o de sua família, razão pela qual requer os benefícios da
gratuidade da justiça, nos termos do art. 99 do Novo Código de Processo
Civil. Para tanto, faz juntada do documento necessário, qual seja, a
declaração de pobreza e comprovante de residência.

 Dos Fatos
O idoso, ora Requerente, de ....... anos de idade, e atualmente é aposentado
(a) junto ao INSS, recebendo o benefício por meio do Banco .....

Ocorreu que, no dia ..... mês ..... Ano ...... por volta das ..... horas, ao se dirigir
ao Banco ..... em tal cidade ..... , o Autor foi fazer a retirada de sua
aposentadoria, quando percebeu descontos no seu benefício.... (descrever
Fatos) .......

Sem entender o motivo dos descontos, a autora dirigiu-se até sua agência e
tomou conhecimento que havia um empréstimo pessoal no valor de R$.......
(.......), como mostra cópia do extrato anexo......

Assim, mesmo procurou imediatamente a polícia e comunicou o ocorrido,


registrando um Boletim de Ocorrência, uma vez que tinha sido vítima de
fraude.

Empós, dirigiu-se a cidade de ...... para requerer informações junto a Agência


do INSS ...... onde lhe disseram que a única informação que tinham era que
havia um empréstimo em favor do Banco demandado, autorizando o desconto
de R$.......) no benefício do autor (CONTRATO .....), e que não dispunham de
cópia de tal empréstimo, limitando-se apenas a efetuar os descontos
(documentação em anexo).

Perceba, Excelência, que a ausência de critérios para a aprovação de


empréstimos pelo INSS é patente, deixando os segurados totalmente
vulneráveis a fraudes desta natureza, o que é realmente um VERDADEIRO
ABSURDO. Portanto, neste caso, o Instituto réu é solidariamente responsável
pelos descontos que têm sido efetuados no benefício da autora.

A supramencionada importância foi conferida pelo autor, inexistindo, até a


presente data, qualquer depósito na sua conta bancária em decorrência do
empréstimo acima identificado, sobrevindo, entretanto, descontos no seu
benefício previdenciário dos valores referentes às parcelas do pagamento.

De fato, a demandante não contratou tal empréstimo bancário ou autorizou


que terceiros o fizessem, nunca tendo constituído procurador para tanto.

Insta salientar a gravidade do constrangimento por que passou e passa


o Pleiteante, por se tratar de um CIDADÃO COM IDADE AVANÇADA
(nascido em 00/00/0000, conforme RG anexo) que jamais vivenciou tal
situação. É tormentoso a um idoso com um VASTO PASSADO HONESTO
ser protagonista de uma adversidade injustificada numa etapa da vida
onde o que se busca e se precisa é de paz e tranquilidade.

Ora Excelencia, a culpa, por negligência do Requerido, está cabalmente


demonstrada pelos fatos anteriormente expostos e pelos documentos
juntados aos autos.

Conforme se depreende dos fatos, vê-se que há uma dupla responsabilidade


no caso em tela, que recai tanto na pessoa do Banco réu, que além de ter
levado a efeito empréstimo eivado de fraude, constatada a ocorrência, não
ressarciu o autor até a presente data, quanto do INSS que autorizou e efetuou
o empréstimo consignado, sem nenhum critério preventivo, ou no mínimo uma
cópia do empréstimo que constasse a assinatura do tomador do empréstimo.

Destarte, não há como escusar-se o Banco Réu, tampouco o INSS da


obrigação de indenizar, posto que a responsabilidade civil neste caso é
solidária.

A cobrança indevida e o dano moral, no caso, são facilmente perceptíveis,


pois dúvida não há de que, em face do ocorrido, o Suplicante viu-se numa
situação, no mínimo, incômoda e constrangedora diante dos valores
injustamente descontados da sua aposentadoria.

Portanto, todos os requisitos exigidos para a reparação do dano moral estão


presentes, pois após a Constituição de 1988 tornou-se definitivamente
assentado o entendimento de que responde pela reparação do dano moral a
empresa que, de forma errônea, cobra indevidamente alguém, configurando-
se tal conduta num ato ilícito.

 DO DIREITO

 DA COBRANÇA INDEVIDA

O Código de Defesa do Consumidor, em seu


artigo 42, parágrafo único, estabelece o direito daquele que é
indevidamente cobrado de receber em dobro o valor pago. Dispõe tal artigo:

Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida


tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.

Conveniente trazer à lume jurisprudência dos Tribunais de Justiça pátrios:

TJRJ - APELACAO: APL 2188628620078190001 RJ 0218862-


86.2007.8.19.0001. Relator (a): DES. MARCO AURELIO FROES.
Julgamento: 14/10/2010. Órgão Julgador: NONA CÂMARA CIVEL. Ementa:
APELAÇÃO CÍVEL. EMPRÉSTIMO NÃO CONTRATADO. FRAUDE.
DESCONTOS INDEVIDOS NA APOSENTADORIA DO AUTOR,
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. FATOS QUE RESTARAM
INCONTROVERSOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TESE DE FATO DE
TERCEIRO QUE NÃO ILIDE O DEVER DE INDENIZAR. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. TEORIA DO RISCO DO
EMPREENDIMENTO. DESCONTOS E NEGATIVAÇÃO INDEVIDOS.
DANOS MORAIS

CONFIGURADOS. ANULAÇÃO DO EMPRÉSTIMO E CONDENAÇÃO DO


RÉU À REPETIÇÃO DO INDÉBITO, EM DOBRO, QUE DEVEM SER
MANTIDAS. VERBA MORAL FIXADA DE FORMA MODERADA, NÃO
COMPORTANDO ALTERAÇÃO. ACERTO DO JULGADO. ART. 557, caput,
do CPC. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS.

CIVIL - CONSUMIDOR - ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO -


AUSÊNCIA DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO SOBRE A ORIGEM DA
COBRANÇA - LANÇAMENTO DE VALOR EM FATURA SEM LASTRO EM
QUALQUER OPERAÇÃO MERCANTIL - COBRANÇA INDEVIDA -
PAGAMENTO - RESTITUIÇÃO EM DOBRO - DESNECESSIDADE DA
COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ.

As administradoras de cartões de crédito possuem controle sobre as


operações mercantis dos cartões de seus clientes. Em sede de cautelar
preparatória, embora instada a exibir documento que demonstre a origem da
cobrança, a instituição nada traz e não apresenta escusa legítima, submete-
se às consequências do art. 359 e 845 do CPC. Ademais, tratando-se de
relação de consumo, o fornecedor deve acautelar-se contra eventual inversão
dos ônus da prova. No caso, o apelante não coligiu qualquer documento,
apesar de ser o único a ter condições para isso (mesmo porque seria
impossível ao cliente provar o fato negativo de que não efetuou o
gasto).2. Configura cobrança indevida o lançamento na fatura do cartão
sem lastro em qualquer operação mercantil. 3. Se houve o pagamento
de valor cobrado indevidamente, impõe-se a restituição em dobro,
consoante art. 42, parágrafo único do CDC.

4. Para a repetição do valor em dobro, é desnecessário perquirir-se


sobre ocorrência de má-fé do fornecedor, bastando a ausência de erro
justificável. 5. Apelo improvido. (TJDFT. 20050111072177APC, Relator
HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, 4ª Turma Cível, julgado em 10/04/2006, DJ
09/05/2006 p. 95).

Como se depreende dos fatos expostos, o Banco demandado realizou


descontos bancários de uma dívida jamais contraída pelo requerente. Logo,
tem esta o direito de ser restituída em dobro pelos valores indevidamente
subtraídos do pagamento da sua aposentadoria. (Ajustar Fatos Caso a Caso).

 DO DANO MORAL

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do direito


à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos
fundamentais:

Art. 5º (...)

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;
(...)

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.
Como é sabido, o ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma
jurídica destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo
individual, causando prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão.
Sendo assim, o Código Civil define o ato ilícito em seu art. 186:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano, ainda que
exclusivamente moral.

O pré-falado art. 186 do CC define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se


que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil,
matéria tratada no art. 927 caput do mesmo diploma legal.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

O dano moral está plenamente configurado, visto que para sua caracterização
não é necessário a ocorrência de um dano material, demonstrável e concreto,
bastando apenas que se demonstre uma verdadeira lesão a sua moral e a
sua boa fama. Tal incongruência já foi devidamente superada no tempo.

A própria Constituição Federal de 1988 trouxe, em norma potenciada, a


possibilidade da cumulação de ambos, o que evidencia a sua diferença.
O DANO MORAL é, pois, na lição da doutrina autorizada:
a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, sem
repercussão patrimonial. Seja a dor-física – dor-sensação, como a denomina
Carpenter -, nascida de uma lesão material; seja a dor moral – dor-sentimento
-, de causa imaterial l(DEDA, Artur Oscar de Oliveira. A reparação dos
danos morais. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 8).

Vê-se, desde logo, que a própria lei já prevê a possibilidade de reparação de


danos morais decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situação
vexatória, do desconforto em que se encontra o autor.
Na verdade, prevalece o entendimento de que o dano moral dispensa prova
em concreto, tratando-se de presunção absoluta, não sendo, outrossim,
necessária à prova do dano patrimonial(CARLOS ALBERTO BITTAR,
Reparação Civil por Danos Morais, ed. RT, 1993, pág. 204).

O CASO EM TELA TRAZ À BAILA O TÍPICO CONSTRANGIMENTO


OCASIONADO A PESSOAS IDOSAS QUE SE VÊEM COBRADAS E
LESADAS POR DESCONTOS EFETUADOS EM SEUS PROVENTOS POR
SUPOSTOS EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS, negligenciado pela instituição
financeira ré.

A jurisprudência não destoa do entendimento aqui sufragado:

TJBA - APELAÇÃO: APL 3314542009 BA 33145-4/2009. Relator (a): JOSE


CICERO LANDIN NETO. Julgamento: 18/08/2009. Órgão Julgador: QUINTA
CÂMARA CÍVEL. Ementa: APELAÇAO CÍVEL. CDC. PRELIMINAR DE
DESERÇAO DO RECURSO REJEITADA, POIS A JUNTADA DE CÓPIA DOS
COMPROVANTES DE PAGAMENTO DO PREPARO CONSTITUI-SE EM
MERA IRREGULARIDADE.

AÇAO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE RESPONSABILIDADE CIVIL


EM FACE DA REALIZAÇAO DE DESCONTOS INDEVIDOS NOS
PROVENTOS DE APOSENTADORIA DA RECORRIDA DECORRENTE DE
DÉBITO QUE NAO CONTRAIU. O ALUDIDO DESCONTO, PORTANTO,
CONFIGURA-SE COMO INDEVIDO E ENSEJA INDENIZAÇAO POR DANO
MORAL. O DANO MORAL, NESTA HIPÓTESE, É PRESUMIDO E
DECORRE DA MÁ-PRESTAÇAO DE SERVIÇOS POR PARTE DO
RECORRENTE QUE APROPRIOU-SE INDEVIDAMENTE DE QUANTIAS
CORRESPONDENTES AOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA DO
RECORRIDO DE NATUREZA ALIMENTAR, SENDO DESPICIENDA A
PROVA DO PREJUÍZO EXPERIMENTADO PELA AUTORA DA AÇAO, QUE
FICOU IMPOSSIBILITADA.
Portanto, resta evidenciado o direito do Pleiteante de ser indenizado pelo
constrangimento da cobrança e descontos indevidos efetuados nos proventos
da sua aposentadoria.

 DO QUANTUM INDENIZATÓRIO DO DANO MORAL

Na aferição do quantum indenizatório, CLAYTON REIS (Avaliação do Dano


Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que deve ser levado
em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os seus direitos e
obrigações, pois, quanto maior, maior será a sua responsabilidade no
cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será o grau de
apenamento quando ele romper com o equilíbrio necessário na condução de
sua vida social". Continua, dizendo que"dentro do preceito do ‘in dubio pro
creditori’ consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil Brasileiro, o
importante é que o lesado, a principal parte do processo indenizatório seja
integralmente satisfeito, de forma que a compensação corresponda ao seu
direito maculado pela ação lesiva.

Isso leva à conclusão de que diante da disparidade do poder econômico


existente entre a Demandada e o Autor, e tendo em vista o gravame
produzido à tranquilidade do mesmo, mister se faz que o quantum
indenizatório corresponda a uma cifra cujo montante seja capaz de trazer o
devido apenamento ao Banco Réu, e de persuadi-lo a nunca mais deixar que
ocorram tamanhos desmandos contra as pessoas que se utilizam dos seus
serviços.

MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol., 9ª ed.,


Saraiva), ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla
função, a penal
constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição de seu
patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da
pessoa (integridade física, moral e intelectual) não poderá ser violado
impunemente e a função satisfatória ou compensatória,

pois, como o dano moral constitui um menoscabo a interesses jurídicos


extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não têm preço, a reparação
pecuniária visa proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a
ofensa causada.
Daí a necessidade de se observar as condições de ambas as partes.

O Ministro OSCAR CORREA, em acórdão do STF (RTJ 108/287), ao falar


sobre dano moral, bem salientou que
não se trata de “pecúnia doloris”, ou “pretium doloris”, que se não pode
avaliar e pagar; mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízo e
danos e abalos e tribulações irreversíveis, mas representa a consagração e o
reconhecimento pelo direito, do valor da importância desse bem, que é a
consideração moral, que se deve proteger tanto quanto, senão mais do que
os bens materiais e interesses que a lei protege.

Disso resulta que a toda injusta ofensa à moral deve existir a devida
reparação.

Assim, mediante a documentação acoplada comprovando à saciedade a


ocorrência de ato ilícito perpetrado pela Demandada, e, plenamente
caracterizado o dano moral de presunção jure et de jure, não resta alternativa
para o Autor senão socorrer-se do Poder Judiciário para ver o seu direito
tutelado e protegido, posto que esgotados todos os seus esforços em se ver
livre de tal situação.

 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Diante de tal relação de consumo, e em virtude da indiscutível situação de


hipossuficiência e fragilidade do consumidor, francamente desfavorável,
inevitável é a inversão, em seu favor, do ônus da prova.

Tal proteção está inserida no inciso VIII, do artigo 6º do CDC, onde visa
facilitar a defesa do consumidor lesado, com a inversão do ônus da prova, a
favor do mesmo:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências.
Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do ônus da prova se
faz necessária à verossimilhança da alegação, conforme o entendimento do
Juiz, ou a hipossuficiência do Autor.

A verossimilhança é mais que um indício de prova, tem uma aparência de


verdade, o que no caso em tela, se constata através dos documentos
acostados.

Por outro lado, a hipossuficiência é a diminuição da capacidade do


consumidor, diante da situação de vantagem econômica da empresa
fornecedora. O que por sua vez, facilmente se verifica, em virtude de a Parte
Demandante ser um simples aposentado, enquanto o Banco Demandado
constitui-se em uma instituição financeiro de grande vulto.

 DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Auspicioso é que, para que se garanta o Autor o direito constitucional de livre


acesso à Justiça e de tratamento igualitário entre as partes litigantes, seja
concedida a antecipação de tutela para SUSPENDER OS DESCONTOS
INDEVIDAMENTE REALIZADOS PELO BANCO DEMANDADO NO
PAGAMENTO DA SUA APOSENTADORIA A TÍTULO DE PARCELAS
RESTANTES DO NEGÓCIO JURÍDICO ORA COMBATIDO por não ser ele
responsável pelos débitos os quais está sendo indevidamente cobrada.

 DA TUTELA DE URGÊNCIA

A tutela de urgência ora pleiteada encontra guarida na expressa dicção do


artigo 300, do Novo CPC, que diz:

“ Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo.”

A situação narrada pela autora, bem como a necessidade de adequação dos


descontos em folha de pagamento e conta corrente, sob pena de perecimento
da autora e sua família, que ora encontram-se privadas do básico para o
sustento.

Tal fato, é claro, justifica a limitação dos descontos, o que é entendimento


predominante na jurisprudência dos nossos Tribunais, inclusive no Superior
Tribunal de Justiça.

Com efeito, inegável que os descontos efetuados podem comprometem a


subsistência da autora, uma vez que consomem parcela significativa do que
recebe a título de salário, sendo razoável a sua redução, conforme pleiteado.

Do contrário, haverá flagrante desrespeito aos princípios constitucionais da


dignidade da pessoa humana, bem como do artigo 7º, inciso X, da Carta
Magna, que prevê a proteção salarial.

Este tem sido o entendimento jurisprudencial, inclusive no Superior Tribunal


de Justiça:

“Trata-se de recurso especial (...), fundamentado no artigo 105, inciso III,


alíneas a e c, da Constituição Federal, manejado em face de acórdão
proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

Nas razões do especial, alega a parte recorrente, violação dos


artigos 187 e 944 do CC, 535e 649, IV, do CPC, 6º, IV e V, 14, 51, I e IV,
do CDC e à Súmula 297/STJ e dissídio jurisprudencial.(...) Com efeito, no
que pertine ao desconto em folha, a decisão proferida pelo Tribunal a quo, ao
limitar em 30% (trinta por cento) os descontos decorrentes de empréstimo
bancário efetuados na conta-corrente do ora recorrente, está em consonância
com o posicionamento firmado por este Egrégio Tribunal, no sentido de não
se admitir que a instituição financeira se aproprie integralmente do salário do
cliente depositado em sua conta corrente, com o objetivo de solver a dívida
decorrente do contrato de empréstimo, ainda que exista previsão contratual
para tanto. Isso porque, tais verbas, por terem nítido caráter alimentar, não
podem sofrer qualquer tipo de constrição”

(STJ, Resp 1.227.376-PR (2010/0218179-1), 3ª-T., j. Em 7.2.2011, Rel. O


Min. VASCO DELLA GIUSTINA).

 DOS PEDIDOS.
Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

 A CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA À


PLETEANTE POR SER POBRE NA FORMA DA LEI;

 SEJA DEFERIDA A TUTELA ANTECIPADA, INITIO


LITIS E INAUDITA ALTERAM PARS, COM VISTAS A IMPEDIR A
CONTINUIDADE DO DESCONTO INDEVIDO DE OUTRAS
PARCELAS RELATIVAS AO SUPOSTO EMPRÉSTIMO NO ÍNFIMO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA POSTULANTE, ORA
COMBATIDO, TENDO EM VISTA A DISCUSSÃO DO SUPOSTO
DÉBITO EM JUÍZO.

 O DEFERIMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, EM


FAVOR DA REQUERENTE, COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 6º,
INCISO VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR;

 A CITAÇÃO DOS REQUERIDOS PARA, QUERENDO,


CONTESTAREM A PRESENTE AÇÃO, NOS TERMOS DA LEI, POR
FUNDAMENTO NO PREJUÍZO MATERIAL E MORAL CLARAMENTE
DEMONSTRADO, SOB PENA DE REVELIA E CONFISSÃO.

· JULGAR PROCEDENTE “IN TOTUM” A PRESENTE DEMANDA,


CONDENANDO-SE A EMPRESA RÉ A RESTITUIR EM DOBRO OS
VALORES DESCONTADOS INDEVIDAMENTE NA APOSENTADORIA DA
PROMOVENTE, AINDA, AO PAGAMENTO INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE
REPARAÇÃO PELOS DANOS MORAIS CAUSADOS NO IMPORTE DE R$
20.000,00 (VINTE MIL REAIS), LEVANDO-SE EM LINHA DE CONTA AS
FINALIDADES DA REPRIMENDA E A IDADE AVANÇADA DO
POSTULANTE.

 A CONDENAÇÃO DOS RÉUS EM CUSTAS PROCESSUAIS E


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

 Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial prova documental, depoimento pessoal do
representante legal da empresa Ré, perícia, depoimentos de
testemunhas.

 Valor da Causa.
Dá-se á causa o valor de R$ ............... (........), para os devidos fins de Direito.

Termos em que,

Pede deferimento.

Cidade ..... Dia .... Mês ..... Ano.....

Advogado .......
OAB ......

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