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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA ÚNICA

DA COMARCA DE CIDADE/ESTADO.

PRIORIDADE PROCESSUAL CONFORME O ART. 1048, I, DO CPC E ART. 71 DO ESTATUTO


DO IDOSO, ALÉ M DISSO, É DEFICIENTE VISUAL.

NOME, nacionalidade, estado civil, funçã o, portadora do RG nº xxxxx e inscrita no CPF sob
nº xxxxx, residente e domiciliada na Rua xxxxx, nº, Bairro xxxxx, CEP 00000-000,
Cidade/Estado. Por intermédio de seu advogado legalmente constituído através de
instrumento procurató rio em anexo, Dr. NOME – OAB/00.000, com endereço profissional
à Rua xxxxx, nº , Bairro , CEP 00000000, na cidade de Cidade/Estado, onde recebe
notificaçõ es e quaisquer outras intimaçõ es, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Senhoria propor:
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA,
Em face do FULANO LTDA, Sociedade Anô nima Aberta, CNPJ nº xxxxxxxxxx, na pessoa de
seu representante legal, com endereço na Rua xxxxx, nº , Centro, CEP 00000000,
Cidade/Estado. Pelas razõ es de fato e de direito a seguir expostas:
1. O CONTRATO FRAUDULENTO E OS DESCONTOS INDEVIDOS:
A promovente é beneficiá ria de aposentadoria por idade junto ao INSS. Número do
benefício 0000000.
Em consulta junto ao ó rgã o previdenciá rio, constatou que foram descontados do valor do
seu benefício quantias referentes aos seguintes empréstimos consignados:
· Data: 04/09/2013;
· Contrato nº 000000, com o Fulano LTDA;
· Valor emprestado de R$ 3.516,42 (Três mil e quinhentos e dezesseis reais e quarenta
e dois centavos). Pagamento dividido em 58 parcelas mensais de R$ 108,91 (Cento e
oito reais e noventa e um centavos).
· Data: 27/10/2014;
· Contrato nº 0000000, com o Fulano LTDA;
· Valor emprestado de R$ 3.833,71 (Três mil e oitocentos e trinta e três reais e setenta
e um centavos). Pagamento dividido em 72 parcelas mensais de R$ 108,91 (Cento e
oito reais e noventa e um centavos).
Dessas, 13 parcelas já foram debitadas do benefício da promovente do primeiro
empréstimo e 37 parcelas do segundo empréstimo.
Ocorre que a promovente jamais realizou qualquer empréstimo ou financiamento
consignado com a instituiçã o bancá ria demanda.
Saliente-se que, conforme documentaçã o apresentada em anexo, nã o foi depositada, na
conta bancá ria da promovida, nenhuma quantia correspondente ao valor emprestado.
Trata-se, portanto, de um empréstimo fraudulento, de modo que sã o indevidos os
descontos consignados no benefício previdenciá rio da autora.
2. O QUE SE PRETENDE:
Devolução dos valores pagos:
Que a promovida seja compelida a devolver, em dobro os valores debitados do benefício da
autora.
Por se caracterizar como uma conduta ilícita, que causou prejuízo à parte Autora, o CDC é
bastante claro quanto à cobrança de quantia indevida, assim vejamos:
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente nã o será exposto a ridículo,
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Pará grafo Ú nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetiçã o do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipó tese de engano justificá vel.
Reparação pelos danos sofridos:
Almeja, ainda, reparaçã o por danos extrapatrimoniais, decorrentes das lesõ es que sofreram
a demandante, que ficou sem parte dos seus rendimentos, prejudicando a saú de das
finanças da família, constituída por ela, a autora, seu esposo e mais dois filhos maiores.
A reparaçã o ocorrerá independentemente de o agente ter agido com culpa, já que o nosso
ordenamento adota a teoria da responsabilidade objetiva (Art. 12 do CDC).
E assim se posiciona nossa jurisprudência:

TJ-SC - Apelação Cível: AC 415765 SC 2009.041576-5


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO NÃO
PACTUADO. DESCONTO INDEVIDO DAS PARCELAS EFETUADO DIRETAMENTE NO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO PERCEBIDO PELA AUTORA. DÍVIDA INEXISTENTE.
NEGLIGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DEVER DE INDENIZAR
CARACTERIZADO. DANOS MORAIS PRESUMIDOS. PLEITO DE MINORAÇÃO DO
QUANTUM ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. VALOR ADEQUADO AO GRAU
DE CULPA DA APELANTE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE OBSERVADOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
Configura dano moral presumido, passível de indenizaçã o, a atitude negligente da
instituiçã o financeira que desconta do benefício previdenciá rio percebido pela autora,
parcela referente a empréstimo que esta nã o contratou. "Comete ilícito, passível de
indenizaçã o por dano moral, estabelecimento bancá rio que desconta do benefício
previdenciá rio do autor, parcela referente a empréstimo consignado nã o contratado pelo
consumidor. Mantém-se o valor dos danos morais arbitrados, quando em consonâ ncia com
à posiçã o econô mica e social das partes, à gravidade de sua culpa e à s repercussõ es da
ofensa, desde que respeitada a essência moral do direito." (Ap. , de Lages, rel. Monteiro
Rocha, Quarta Câ mara de Direito Civil, 31/10/2008). O quantum indenizató rio arbitrado
deve traduzir-se em montante que, por um lado, sirva de lenitivo ao dano moral sofrido,
sem importar em enriquecimento sem causa do ofendido; e, por outro lado, represente
advertência ao ofensor e à sociedade de que nã o se aceita a conduta assumida, ou a lesã o
dela proveniente.
A indenizaçã o por dano moral que se pleiteia é direito a todos. E no ordenamento jurídico
infraconstitucional, além do CDC, está o Código de Leis Substantivas Civis de 2002 a
defender o mesmo direito da parte autora. Com efeito, o artigo 927 do Código Civil:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.”
E o ato ilícito presente neste acidente de consumo é, conforme norma ínsita no artigo 186
do Código Civil:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
O direito à indenizaçã o por danos morais encontra-se expressamente consagrado em nossa
Constituição Federal, como se vê pela leitura do seu artigo 5º, inciso V e X, os quais
transcrevemos:
“V- É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem” (artigo 5º, inciso V, CF).
“X- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral, decorrente de sua violação” (artigo 5º,
inciso X, CF).
É correto que, antes mesmo do direito à indenizaçã o moral, ter sido erigido à categoria de
garantia constitucional, já era previsto em nossa legislaçã o infraconstitucional, bem como
reconhecida pela Justiça.
O comando constitucional do artigo 5º, inciso V e X, também é claro quando ao direito da
parte autora a indenizaçã o do dano moral sofrido. É um direito constitucional. E se nã o
bastasse o direito constitucional previsto no artigo 5º, é a pró pria Carta Magno que em
seu preâ mbulo alicerça solidamente como um dos princípios fundamentais de nossa naçã o
e, via de consequência, da vida em sociedade, a defesa da dignidade da pessoa humana.
Dignidade que foi ultrajada, desprezada pelos réus.
É assente a doutrina no sentido da reparaçã o do dano sofrido. Assim é que Sérgio Severo
afirma:
“Dano patrimonial é aquele que repercute, direta ou indiretamente, sobre o patrimônio da
vítima, reduzindo-o de forma determinável, gerando uma menos-valia, que deve ser
indenizado para que se reconduza o patrimônio ao seu status quo ante, seja por uma
reposição in natura ou por equivalente pecuniário” (In os danos extrapatrimoniais. São
Paulo: Saraiva, 1996, p. 40).
A existência do dano moral é inegável. A dor experimentada pela Requerente pelo
vexame de ter em seu benefício descontos indevidos, que prejudicaram sua vida
financeira e psicológica por negligência e descontrole dos Requeridos, é irrefragável
e absoluta, não havendo necessidade de prova, porque não é de se imaginar que uma
pessoa tenha sensação de bem estar quando é prejudicada no corpo financeiro,
psicológico e social, por ser uma pessoa idosa, e ter seus princípios de vida feridos
sem nenhuma contribuição, por falta de controle do Requerido.
Os descontos indevidos no benefício da autora e o abalo emocional por negligência e
descontrole do Requerido, IMPÕE A ESTAS A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR OS DANOS
MORAIS (artigo 5º, X, da Constituição Federal) que a Requerente vem sofrendo, com a
má cula de seu bom nome e sua honra, além da preocupaçã o e intranquilidade por conta
dos descontos na sua ú nica forte de renda.
A questã o de fato nã o oferece maiores controvérsias, nã o houve qualquer contribuiçã o da
Requerente para o evento danoso e, por outro lado, resta comprovados a negligência e o
descontrole do Requerido, ao permitir que fossem descontados tais valores que a autora
nã o solicitou ou requereu perante o requerido.
Nã o se trata da clá ssica hipó tese de falta de atençã o. Aqui a situaçã o é mais grave, pois em
razã o da negligência e da irresponsabilidade do Requerido, a Requerente teve baixa na sua
economia e na sua principal e ú nica forte de renda, ficando clara a obrigaçã o de indenizar o
dano moral daí advindo.
Uma vez reconhecido o dano ocasionado, cabe estipular o quanto indenizató rio que,
levando em consideraçã o o princípio da proporcionalidade e razoabilidade, e ainda todo o
abalo psicoló gico e econô mico da prejudicada e avaliando a capacidade financeira de quem
ocasionou o dano, deve ser fixado de forma a compensar o prejuízo sofrido, além de punir o
agente causador e evitar novas condutas ilícitas, preconizando o cará ter educativo e
reparató rio e evitando uma medida judicial abusiva e exagerada.
Assim, pelo evidente dano moral que provocou o Requerido, é de se impor-se a devida e
necessá ria condenaçã o, com arbitramento de indenizaçã o por danos morais em favor da
Requerente, no importe de R$ 10.000,00 (Dez mil reais).
3. TUTELA ANTECIPADA:
Notó ria a necessidade da concessã o de tutela antecipada, tendo em vista o preenchimento
de todos os seus requisitos, uma vez que é demonstrada prova inequívoco, geradora de
verossimilhança das alegaçõ es, bem como perigo de dano grave ou de difícil reparaçã o com
base no Art. 294, CPC.
Portanto, pretende-se com a antecipaçã o da tutela IMPEDIR A EFETIVAÇÃO DOS DEMAIS
DESCONTOS NO BENEFÍCIO DA PROMOVENTE por parte da promovida, para evitar que
mais danos sejam causados a autora.
4. JUSTIÇA GRATUITA:
Ante a ausência de condiçõ es financeiras da requerente, requer esta que lhe sejam
deferidas os benefícios da justiça gratuita, com fulcro no disposto ao inciso LXXIV, do art.
5º da Constituição Federal e nos artigos 98 e seguintes do Código de Processo Civil,
em virtude de ser pessoa hipossuficiente na acepçã o jurídica da palavra e sem
possibilidades de arcar com os encargos decorrentes do processo, sem prejuízo de seu
pró prio sustento e de sua família, conforme declaraçã o em anexo.
5. CONCLUSÃO:
Destarte, com base nos fatos e fundamentos de direito que acima foram expostos, requer a
Vossa Excelência que receba a presente açã o:
1. Que seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita com base no apresentado no item 4,
conforme requerido, tendo em vista que recebe apenas um salá rio mínimo correspondente
ao seu benefício;
2. Que sejam concedidos os EFEITOS DA TUTELA ANTECIPADA, no sentido de ordem ao
Promovido de imediata suspensã o dos descontos no benefício da promovente.
3. Condenando a Promovida a devolver à Autora, em dobro (conforme previsão do art.
42, parágrafo único, do CDC), os valores debitados indevidamente da conta da
requerente, cujo valor é de R$ 5.445,50 (Cinco mil e quatrocentos e quarenta e cinco
reais e cinquenta centavos);
4. Determinando a citaçã o da Promovida, no endereço indicado, para apresentar defesa,
sob pena de revelia com base no art. 344 do CPC;
5. Julgando, ao final, com base no exposto, PROCEDENTE O PEDIDO, com:
A) Declaraçã o de inexistência da relaçã o jurídica entre as partes, que se ampara nos
fraudulentos contratos nº 00000000 e nº 000000;
B) Condenaçã o da Promovida em obrigaçã o de fazer, no sentido de excluir do consignado
os débitos referentes aos contratos nº 00000 e nº 000000000, sob pena de R$ 1.000,00
(Mil reais) para cada novo débito indevido que efetive;
C) Condenaçã o da Promovida à devoluçã o em dobro de todos os valores debitados em
conta da demandante, com correçã o monetá ria e juros de mora a partir de cada débito
indevido;
D) Condenaçã o da Promovida a reparar os danos morais que provocaram, sob o valor de
R$ 10.000,00 (Dez mil reais). Devidamente corrigido e acrescido de juros de mora desde
o evento danoso, quando do primeiro débito;
E) Condenaçã o da Promovida sobre ô nus da sucumbência, inclusive honorá rios, quando for
o caso.
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, inclusive, com base no
art. 6º, VIII, do CDC, que seja invertido o ô nus da prova.
Dá-se à causa o valor de R$ 15.445,50 (Quinze mil e quatrocentos e quarenta e cinco
reais e cinquenta centavos).
Nestes termos,
Pede-se deferimento.
Cidade/Estado, Data de Mês de Ano.
NOME DO ADVOGADO.
OAB/PB 00000

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