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EXCELENTÍSSIMO(A) SR(A).

DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 14ª VARA CIVEL DA


COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS

COM AJG DEFERIDA!

PROCESSO Nº 001/1.16.0058494-3

JULIE BRUN MROSS., brasileira, solteira, maior, inscrita no CPF sob o nº


030.189.720-40, residente e domiciliada na Rua Fernando Osório, nº 440, Bairro Teresópolis,
CEP 91.720-330, na cidade de Porto Alegre/RS vem, por seu procurador, nos autos da Ação
declaratória de inexistência de débito c/c danos morais movida em face do BANCO DO BRASIL
S.A, em trâmite perante este douto Juízo, inconformado com a respeitável sentença dos autos,
por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar RECURSO DE APELAÇÃO, com o oferecimento das inclusas
razões, o que faz com fundamento no artigo 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil e no
prazo do artigo 1.003,§ 5º do referido diploma processual.

Requer, assim, seja o presente recurso recebido, processado e, após cumpridas


as formalidades legais, sejam os autos remetidos ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, acompanhados do comprovante do recolhimento das custas de preparo, o qual requer
a juntada.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre, 27 de Outubro de 2016.

Gregory Knuth Ribeiro


OAB/RS N° 82.917

Marcos Rodrigues
OAB/RS N° 93.918
RAZÕES DA APELAÇÃO

Apelante: JULIE BRUN MROSS


Apelado: BANCO DO BRASIL S.A

Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Colenda Turma

Doutos Julgadores;

A respeitável sentença proferida pelo douto Juízo “a quo”, merece ser


modificada pelos motivos que o Apelante passa a expor:

DOS FATOS:

O douto juízo a quo julgou procedente a ação e fixou a condenação de R$


5.000,00 a título de danos morais, entretanto estes valores não estão em consonância com os
danos sofridos, bem como com entendimento do TJ-RS.

DO DIREITO:
DANOS MORAIS

Excelência, temos como indispensável a condenação da instituição financeira


pelos danos morais, entretanto, especificamente com relação ao quantum indenizatório,
merece ser reformada, no sentido de majorá-lo.

Entre os direitos básicos do consumidor, está efetiva prevenção e reparação


de danos patrimoniais e morais, individuais, é o disposto no art. 6º, VI, do Código de Defesa do
Consumidor.
Indubitável é dizer que no Direito Consumerista qualquer cláusula contratual
que permita a PARTE RÉ diminua a sua responsabilidade perante a venda de produtos/serviços
é totalmente nula, com base no art. 51, inciso I, II e IV, CDC, veja:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
[...]
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-
fé ou a equidade;
Excelência, sem qualquer razão a parte Ré cobra por valor já saldado pela
parte autora, transformando o seu produto/serviço em defeituoso, conforme determina o CDC
em seu art. 14, § 1º, veja:

§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

Clarividente que o serviço/produto disponibilizado pela parte agravada no


mercado de consumo não trás a segurança necessária para o mercado de consumo, vez que
cobra da parte autora valor não pactuado, logo, este deve ser declarado como defeituoso, pois
consiste em disponibilização de produto/serviço que gera risco ao consumidor, por hora parte
autora.

Como ninguém tem o direito de causar sofrimento a outrem, impunemente,


a dor representada pelos transtornos, aborrecimentos, humilhações, constrangimentos e
prejuízos financeiros podem ser perfeitamente enfeixados como danos morais, que, por sua
vez, não podem deixar de ter uma reparação jurídica. A função de reparabilidade do dano
moral restou consagrada na CRFB em seu artigo 5º, incisos V e X, ipsis litteris:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de


indenização por dano material, moral ou à imagem;
[...]

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrentes de sua violação; (grifos nossos)

Com efeito, dispõem os artigos 186 e 927 do atual Diploma Civil, que:

Artigo 186 do CC/02: Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Artigo 927 do CC/02: Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Como se não bastasse à legislação mencionada em linhas pretéritas, o CDC


em seu art. 14 dispôs que nas relações de consumo é dever do fornecedor de
serviços/produtos responder objetivamente pelos danos causados pela disponibilização
defeituosa de seus serviços, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Desse modo é evidente que deve ser garantido a parte lesada, uma
reparação de danos que lhe compense o abalo, bem como sirva como impacto para
desestimular a reiteração de novos atos realizados pela instituição financeira.

Por fim o valor atribuído a título de danos morais, não condiz com a realizada
da sequela produzida. A humilhação, o descaso e as situações vexatórias, devem somar-se nas
conclusões do Desembargador para que este saiba majorar com justiça a condenação do
ofensor.

Neste sentido, a jurisprudência do nosso TRIBUNAL tem-se firmado no


seguinte entendimento:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. CASO CONCRETO. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS
RESTRITIVOS DE CRÉDITO. CONTRATAÇÃO DO SERVIÇO NÃO COMPROVADA.
DEVER DE INDENIZAR. MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. 1. Para
se fixar o valor a título de indenização por dano moral há que se levar em
conta o princípio da proporcionalidade, bem como as condições do ofendido
e a capacidade econômica da ofensora. Acresça-se a isso a reprovabilidade
da conduta ilícita praticada e, por fim, que o ressarcimento do dano não se
transforme em ganho desmesurado, deixando de corresponder à causa da
indenização. 2. Conforme demonstrado, a parte autora restou inscrita nos
órgãos restritivos de crédito, de forma indevida, já que não restou
comprovado pela parte ré a contratação de seus serviços. 5. Dessa forma,
levando em consideração as peculiaridades do caso concreto, entendo que a
quantia mereça ser majorada para R$ 8.000,00 (oito mil reais). RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70067745380, Quinta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Léo Romi Pilau Júnior, Julgado em
30/03/2016)

APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA
PARTE AUTORA EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. 1. Preliminar
contrarrecursal. Desacolhimento. Razões de apelo que, embora sucintas,
atendem aos requisitos do art. 1.010 do CPC. 2. Hipótese em que a
contratação objeto da inscrição foi realizada entre a ré e a sociedade limitada
na qual o autor figura como sócio. Independência patrimonial da pessoa
física e da jurídica. Responsabilidade subsidiária não verificada. 3. Conduta
da ré que causou efetivo dano moral, pois é sabido que são grandes os
transtornos de quem tem seu nome inscrito em cadastro de maus pagadores
e o crédito abalado perante o comércio de bens. Desnecessidade de
comprovação do prejuízo advindo. 4. Revela-se adequada a majoração do
valor da indenização a título de dano morais para R$10.000,00, patamar
comumente adotado por este Colegiado em situações análogas. Esta quantia
assegura o caráter repressivo e pedagógico da indenização e, também, não
pode ser considerada elevada a configurar enriquecimento sem causa da
parte autora. PRELIMINAR REJEITADA. APELO DESPROVIDO. RECURSO
ADESIVO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70072532757, Quinta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em
31/05/2017)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. JULGAMENTO COM


FUNDAMENTO NO ART. 557, § 1º - A, CPC. AUSÊNCIA DE PROVA DA
CONTRATAÇÃO. INSCRIÇÃO NOS ÓRGÃOS RESTRITIVOS DE CRÉDITO. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. VALOR DA CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO. VERBA
HONORÁRIA. MANUTENÇÃO. Valor fixado na origem majorado para R$
10.000,00, observadas as peculiaridades do caso concreto, bem como a
natureza jurídica da condenação e os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade. Para a fixação da verba honorária, o magistrado deve ater-se
para os requisitos do artigo 20, § 3º, do CPC, quais sejam, a complexidade e o
tempo da demanda, o zelo profissional e a natureza da causa. Honorários
majorados. RECURSO DA AUTORA, DE PLANO, PROVIDO. (Apelação Cível Nº
70049219520, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso
Caubi Soares Delabary, Julgado em 15/06/2012). Grifou-se.

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. COBRANÇA INDEVIDA DE


VALORES PELA AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTRATAÇÃO DOS SERVIÇOS DE
TELEFONIA. Hipótese em que os elementos de prova acostados aos autos
evidenciaram que houve falha na prestação de serviço de telefonia objeto do
contrato entabulado entre as partes, com a cobrança de serviços não
contratados pela parte autora. Inexigibilidade dos valores cobrados
indevidamente. Responsabilidade pelos danos advindos do fato do serviço.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. Havendo a cobrança indevida de valores
referente a serviços não solicitados resta configurado o dever de indenizar os
danos morais devidos pelo evidente desgaste psicológico pelo qual passou a
autora, pelas diversas tentativas para solucionar o impasse, sem êxito, tanto
é que necessitou ajuizar a demanda para conseguir a solução do conflito.
Transtorno enfrentado pelo consumidor que ultrapassa a condição de mero
dissabor, quebrando a sua harmonia psíquica, o que se mostra suficiente
para caracterizar o abalo moral. QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS.
MAJORAÇÃO. Valor fixado na origem a titulo de indenização por danos
morais majorado (R$ 8.000,00) (...) (Apelação Cível Nº 70057760563, Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares
Delabary, Julgado em 18/12/2013). Grifou-se.
Por fim deve ser analisado a condição econômica das partes, a repercussão
do fato, bem como a conduta da instituição financeira para majoração dos danos morais, para
que o valor não seja inexpressiva frente a grave lesão cometida pelo agravado.

Requer-se assim a majoração para no mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais),


tendo em vista a grave lesão cometida, bem como o entendimento jurisprudencial.

DO PEDIDO

Exposta toda a situação fática capaz de comprovar a ofensa à legalidade e


aos direitos da apelante, condições estas que carecem de apreciação por este Juízo, requer
seja julgado Procedente a apelação, bem como seja majorado o valor fixado em danos morais
da sentença.

Termos em que pede e espera deferimento.

Porto Alegre, 23 de outubro de 2023.

Gregory Knuth Ribeiro


OAB/RS N° 82.917

Marcos Rodrigues
OAB/RS N° 93.918

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