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AO NOBRE JUÍZO DA ________ VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE SÃO

PAULO ESTADO DE SÃO PAULO -SP

*** Prezados, favor completar com as informações faltantes

ADAMISON ROBERTO LIBERATO, brasileiro, casado, síndico, inscrito no CPF sob


o nº e RG sob o nº 14780112 residente e domiciliado na Rua Carlos Sampaio, nº 118,
apartamento 132, bairro Bela Vista, CEP 013.333-020, São Paulo/SP, por intermédio do
advogado subscrito, devidamente constituído mediante instrumento de procuração,
ora colacionado (DOC. 01), vem respeitosamente perante este M.M Juízo, com fulcro
nos Artigos 186 e 927, do Código Civil Brasileiro, bem como no Artigo 05°, Inciso X, da
Constituição Federal, ajuizar a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em desfavor de SIBELE AUREA TEIXEIRA, brasileira, (estado


civil)__________________, inscrita no RG sob o nº___________, CPF sob o
nº_________________, residente e domiciliada na Rua Carlos Sampaio, nº 118,
apartamento____________, bairro Bela Vista, CEP 013.333-020, São Paulo/SP, pelos
motivos de fato e direito seguintes:

I – DOS FATOS

A parte autora é sindico e residente do condomínio situado na Rua Carlos


Sampaio nº 118, no bairro Bela Vista em São Paulo e se encontrava laborando na
garagem do referido condomínio na data de 19/04/2023 quando foi verbalmente
agredido e insultado pela ré que proferiu na frente de funcionários e de alguns
moradores que estavam no local palavras de baixo calão com intuito de denegrir a
imagem do autor e de insultá-lo frente as demais pessoas.

O autor se sentiu gravemente ferido em seu emocional pois é pessoa


homossexual e a ré se valeu de sua condição e opção sexual para proferir discurso de
ódio embasado em preconceitos e assim ofende-lo chamando de “rabo podre”, “bicha
escrota” ,“vergonha para o prédio”, simplesmente porque não aceitou o encargo como
sindico do autor pelo fato deste ser pessoa LGBTQIA+.

Diante do quadro e da conduta manifestamente reprovável da requerida alguns


transeuntes que passavam pelo local, indignados com a situação manifestaram apoio
ao requerente, inclusive se oferecendo para testemunhar a seu favor caso necessário.

Refere-se que o autor sempre se sentiu constrangido com a presente


condômina posto que já fazia cochichos em sua presença e difamava sua atuação
unicamente com base na preferência sexual do autor, diante do episódio o autor
registrou boletim de ocorrência e ingressou com inquérito criminal o qual a cópia
segue em anexo.
Ante a ofensa aos direitos do autor deverá ser a ré condenada ao pagamento
de indenização à título de danos morais.

II – DO MÉRITO

a. DOS DANOS MORAIS

Ante o quadro acima, verifica-se que a atitude adotada pela Demandada


resultou em violação da integridade moral do autor, uma vez que a atitude
preconceituosa da ré ocasionou grave danos à imagem do autor que se viu
extremamente constrangido e humilhado em área pública do condomínio em que é
síndico inclusive na presença de outros funcionários e moradores do local sendo que
tal fato se deu em plena luz do dia as 15h30 do dia 19/04/2023.

Averígua-se ser subjetiva a responsabilidade civil da requerida por ter agido


com dolo e requintes de crueldade ao ferir a dignidade do autor com base unicamente
em preconceito quanto à sua escolha sexual.

Assim, é de uma clareza solar a averiguação da culpa da ré pelo evento danoso


para que seja reconhecido o dever de indenizar, e, desse modo, a procedência do
pedido insurge com a verificação do dano e do nexo causal entre os prejuízos
experimentados pelo réu que teve a sua honra abalada por agressão verbal proferindo
discurso de ódio contra homossexuais pela ré.

Segue abaixo precedentes do Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


FATOS NOVOS ALEGADOS EM RÉPLICA. ALTERAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR.
IMPOSSIBILIDADE. PUBLICAÇÃO NA REDE SOCIAL FACEBOOK. EXCESSO
PÚNIVEL. OFENSA À HONRA SUBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO.
INDENIZAÇÃO. ARBITRAMENTO.
1. Apelação interposta da sentença, proferida em ação de indenização
por danos morais, que julgou procedente o pedido para condenar o réu a
indenizar o autor por danos morais, em R$ 10.000,00, corrigido monetariamente
e acrescido de juros de mora.
2. De acordo com o artigo 435, do Código de Processo Civil, é lícito às partes, em
qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer
prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que
foram produzidos nos autos. Para que um fato novo seja considerado pelo juiz é
necessário que tenha ocorrido depois da propositura da ação, que influa no
julgamento da lide e que observe o contraditório. Não tendo os fatos novos
apresentados em réplica relação direta com os deduzidos na inicial, tratando-se
de novas ofensas que alteram a causa de pedir, ampliando os limites objetivos da
lide, deve ser mantida a sentença que não os levou em consideração, sob pena de
cerceamento de defesa da parte contrária e violação ao princípio do devido
processo legal.
3. Tendo o réu incorrido em excesso punível em comentários sobre o autor,
transmitidos na rede social da internet facebook, quando extrapolou da crítica
política, isto é, a censura ao homem público, para irrogar ofensas à dignidade e
ao decoro do autor, correta a sentença que o condenou a indenizar
pelos danos morais causados.
5. O valor da verba compensatória deve ser arbitrado em observância aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, consideradas as funções
preventiva, pedagógica, reparadora e punitiva, bem como a vedação de
enriquecimento ilícito. Majorado o valor da indenização para R$20.000,00
(vinte mil reais).
6. Recurso do autor conhecido e parcialmente provido. Recurso do réu
conhecido e improvido.

Com efeito, verifica-se que a responsabilidade civil, sabidamente, exige o


preenchimento de pressupostos legais bem definidos (art. 186 e 927 do Código Civil)
para sua configuração:

a) a verificação de uma conduta antijurídica / ilícita que abrange um


comportamento contrário ao direito, por ação ou omissão (= a culpa ou
dolo);

b) a prova incontroversa da existência de um dano (patrimonial ou moral),


no sentido de lesão a um bem jurídico;

c) a existência comprovada de um nexo de causalidade entre a conduta


antijurídica e o resultado lesivo, de forma a perquirir se o dano (caso
existente) decorreu da prática de ato ilícito ou não.

Outrossim, outro fator importante para a quantificação da indenização é a


gravidade do dano, prevista no art. 944, caput e parágrafo único do Código Civil,
abaixo transcritos para melhor compreensão:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.1


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da
culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

Além disso, conforme aduz Antunes Varela, "a gravidade do dano há de


medir-se por um padrão objetivo e não à luz de fatores subjetivos, o dano deve ser de
tal modo grave que justifique a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao
lesado."

No caso dos autos há danos cometidos ou responsabilidade a ser imputada a


demandada, sendo o quantum pretendido manifestamente condizente com a
realidade em tela.

Diante de todo o exposto, deve ser julgado manifestamente procedente o


pedido de indenização por Danos Morais.

b. Da Breve reflexão e consideração acerca do quantum indenizatório.

Apenas a título de reflexão, infelizmente, os Patamares utilizados pelos Juízes


para arbitramento do Dano Moral ficaram estagnados ao longo dos últimos anos. Por
exemplo, uma condenação no ano de 2015 para uma determinada situação que era
arbitrada em R$ 5.000,00, ultrapassados quase dez anos, os Magistrados analisam
apenas o caso específico e mantém a quantia.

1
VARELA, João de Matos Antunes. Das obrigações em geral. Vol. 1. Décima Edição. Revista
Atualizada. Livraria Almedina: Coimbra. 1994.
Ora, o custo de vida de todos aumentam juntamente com a inflação, o Salário
Mínimo aumenta, o preço de alimentos e até mesmo o teto estabelecido pela Lei dos
Juizados Especiais acompanham correções monetárias, mas por outro lado, o
arbitramento do dano moral mantém-se estagnado ao longo de anos/décadas, pois a
observância dos Magistrados ficou limitada apenas ao valor em si, esquecendo que R$
5.000,00 em 2015 não é mais os mesmos R$ 5.000,00 no ano de 2023.

A fixação do valor da indenização em virtude de dano moral puro, deve resultar


de arbitramento por parte do magistrado, mediante estimativa prudencial e que leve
em conta a compensação pela dor vivenciada e necessidade de ser suficiente para
dissuadir de igual e novo atentado, mas por outro lado, a fixação deve ser levada em
consideração os reajustes monetários estabelecidos pela nossa própria sociedade.

Portanto, devemos utilizar como parâmetro para a condenação o patamar


equivalente ao salário mínimo, de modo que, não há outra interpretação para o caso
em tela senão uma condenação por danos morais em quantia justa e razoável
equivalente a R$ 20.000,00 do teto estabelecido na Lei nº 9.099/95.

II – DAS TESTEMUNHAS ARROLADAS

O autor se compromete nos termos do art. 450 e 455 do CPC intimar e levar as
seguintes testemunhas para depor em audiência de instrução a ser aprazada pelo
juízo:

 RICARDO APARECIDO PINHEIRO DA SILVA, brasileiro, inscrito no RG sob


o nº 41320829, zelador, residente e domiciliado na rua Carlos Sampaio
118 ap. 155, Bairro Bela Vista, CEP 013.333-020, São Paulo/SP;

 GILCLEIDE VIEIRA SANTOS, brasileira, porteira, inscrita no RG sob o nº


41264575, residente e domiciliada na rua Carlos Sampaio nº 118, ap.
155, bairro Bela Vista, CEP 013.333-020, São Paulo/SP;

 CARLOS ALBERTO DIEGUES, brasileiro, inscrito no RG sob o nº 7957226,


residente e domiciliado na Rua Carlos Sampaio 118 ap. 144, Bairro Bela
Vista, CEP 013.333-020, São Paulo/SP;

 LIZABETE ZOUZIN FONTES DE REZENDE, brasileira, residente e


domiciliada na rua Carlos Sampaio 118 ap. 51 Bairro Bela Vista, CEP
013.333-020, São Paulo/SP;

III- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do que ficou esclarecido, a parte Autora REQUER a este M.M Juízo se
digne de mandar citar a parte Demandada, para responder, no prazo legal, a presente
ação, sob pena do art. 344 do NCPC e de revelia, tendo como verdadeiros todos os
fatos, aqui narrados, e acompanhar o presente feito, até sentença final que deverá
julgar PROCEDENTE o pedido desta ação para:
a) condenar a Demandante ao pagamento de indenização a título de DANOS
MORAIS, com base no valor indenizatório reparatório na forma dos Artigos 186 e 927,
ambos do Código Civil, devendo ser fixado de forma proporcional e razoável atento ao
caráter punitivo-pedagógico (ex vi art. 944 do CC), no justo valor de R$ 20.000,00
(VINTE MIL REAIS), acrescida de juros e correção monetária a partir da data de
arbitramento deste M.M Juízo.

b) Para provar o quanto alegado, a Demandante requer A PRODUÇÃO DE


TODOS OS MEIOS DE PROVA EM ESPECIAL A DOCUMENTAL E A ORAL , admitidos em
Direito a juntada de documentos anexos a esta inicial, chamando a atenção, inclusive,
que todos as fotografias e vídeos foram registrados pela Autora em anexo.

c) Declara o patrono da Autora a este M.M Juízo, na forma do Artigo 425, IV, do
CPC, que as cópias colacionadas à presente peça, estão todas de acordo com os
originais, dando-lhes fé, sob pena de responsabilidade pessoal.

d) Requer seja concedida AJG ao autor nos termos do art. 98 e 99 do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$20.000,00 (VINTE MIL REAIS).

Nesses termos, pede deferimento.


São Paulo /SP, 13 de novembro de 2023.

ADVOGADO
OAB/SP

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