Você está na página 1de 3

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 2ª VARA DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ARACAJU-SE


Processo nº:
*******, já qualificado nos autos da açã o em epígrafe que move em face da BOXXE
COMERCIO LTDA-ME, vem, mui, respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
manifestar-se em relaçã o à CONTESTAÇÃ O fls. 23/33, apresentando sua RÉ PLICA, pelos
motivos de fato e de direito que a seguir expõ e:
IMPUGNAÇÃ O À CONTESTAÇÃ O
o que faz pelas razõ es de direito que passa a expor a seguir:
I - RESUMO DAS ALEGAÇÕ ES
Doutor Juiz, em apertada síntese e sob infundados argumentos, a ré busca se desvencilhar
da responsabilidade pelos constrangimentos morais e materiais gerados ao autor.
Como se verificará nas exposiçõ es realizadas por esta que lhe subscreve respeitavelmente,
a empresa ré incorre também em diversas inconsistências em sua contestaçã o. Tudo isso
demonstra uma conduta meramente protelató ria, que deve ser considerada também no
momento de proferimento da respeitá vel decisã o, a fim de que nã o se reitere.
Resumidamente, a ré apresentou as seguintes teses defensivas:
1. INCOMPETÊ NCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ANTE A COMPLEXIDADE DA
CAUSA
2. AUSÊ NCIA DE RESPONSABILIDADE DA BOXXJEANS
3. IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA
4. INEXISTÊ NCIA DE DANO MORAL
5. CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR
Destarte, é a presente para impugnar as teses lançadas em contestaçã o pela ré, bem como
para tecer consideraçõ es sobre seus efeitos nos presentes autos, pedindo vênia para fazê-
lo.
II - SÍNTESE DA DEMANDA
O Autor ajuizou a presente Açã o de Obrigaçã o de Fazer C/C Reparaçã o de Danos Morais em
razã o de ter adquirido uma calça de fabricaçã o da Reclamada em 21/07/2020. Com que
apresentou problemas, os quais nã o foram sanados dentro do prazo.
III - DOS FATOS ARBITRARIAMENTE ADUZIDOS EM CONTESTAÇÃ O E DA REALIDADE DOS
FATOS
Em sede contestaçã o a demandada aduziu que nã o foi juntado na integra uma ú nica
"prova" essencial para o deslinde da açã o.
Alega ainda que o Autor nã o demonstrou à Ré o seu desejo de exercitar os direitos
previstos no artigo 18, § 1º do Có digo de Defesa do Consumidor, o que nã o procede
Excelência vez que o Autor procurou a Requerida no intuito de ter solucionado o problema,
como se pode comprovar pelas conversas via WhatsApp, bem como solicitou o reembolso
de todos os valores pagos a título de troca, uma vez que todas essas despesas devem ser
informadas previamente, o que nã o foi atendido.
A demandada Excelência caso almejasse demonstrar a sua boa fé objetiva poderia, uma vez
nã o solucionando o problema, ter efetivado a troca ou proposto a restituiçã o do valor ao
Autor. No entanto, preferiu manter-se inerte.
Diante do aborrecimento e dos transtornos sofridos pelo Autor, acionou mais de uma vez
que fosse efetuada a TROCA da peça, vez que já havia submetido a primeira troca e nã o fora
solucionado o problema.
Contudo, a requerida se negou a assumir sua responsabilidade, transferindo a culpa para o
Autor.
Conforme se vê Excelência a restituiçã o do valor da calça foi efetuada na data de
21/07/2020, e a presente açã o foi proposta em 27/08/2020 havendo flagrante desrespeito
aos direitos do consumidor.
Ademais, a conduta praticada pela requerida foi em desacordo com o ordenamento
jurídico, devendo a requerida ser condenada à indenizaçã o pelos danos morais causados ao
autor.
Assim, é cabível o dano moral pleiteado tendo em vista que Autor foi prejudicado e a
situaçã o vivenciada possui grau de relevâ ncia significativa e capaz de ultrapassar
transtornos inerentes à s relaçõ es, atingindo bens jurídicos vinculados ao direito de
personalidade, devendo ser indenizado em razã o da conduta desrespeitosa da Requerida
que nã o se propô s à pronta soluçã o do problema.
2.1 - DA QUANTIFICAÇÃ O DO DANO MORAL. APLICAÇÃ O DA TEORIA DO DESESTIMULO
Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixaçã o da reparaçã o, vez que
nã o existem critérios determinados e fixos para a quantificaçã o do dano moral, a reparaçã o
do dano há de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o cometimento
do ilícito. Na seara da fixaçã o do valor da indenizaçã o devida, mister levar em consideraçã o
a gravidade do dano, a peculiaridade do lesado, além do porte econô mico da lesante,
também nã o se pode deixar de lado a funçã o pedagó gico-reparadora do dano moral
consubstanciada em impingir a ré uma sançã o bastante a fim de que nã o retorne a praticar
os mesmos atos.
As cortes superiores já sedimentaram jurisprudência com base na teoria do desestímulo.
Neste sentido, os entendimentos do STF e do STJ, respectivamente:
“(...) dupla funçã o da indenizaçã o civil por dano moral (reparaçã osançã o): a) cará ter
punitivo ou inibitó rio (“exemplaryorpunitivedamages”) e b) natureza compensató ria ou
reparató ria.” (STF, Rel. Min. Celso de Mello, Agravo de Instrumento nº 455846, j. 11.10.04)”
“O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ com o escopo de atender a sua dupla
funçã o: reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor, para que nã o
volte a reincidir.” (STJ, Resp 715320/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 11.09.2007).”
Desta forma, a justa fixaçã o do numerá rio a título de danos morais deve servir nã o só para
tentar reparar a lesã o sofrida pelo autor, como também deve servir como cará ter punitivo e
pedagó gico, para que outros nã o venham a sofrer com atitudes semelhantes do requerido.
Para concluir, vale transcrever trechos do acó rdã o em que a sempre pertinente Ministra
Nancy Andrighi, na relatoria Resp 318379-MG, comprovando o entendimento que STJ já
tem consagrado a doutrina da dupla funçã o na indenizaçã o do dano moral: compensató ria
e penalizante. Nesse voto, com precisã o a Ministra asseverou, in verbis:
“...a indenizaçã o por dano moral deve atender a uma relaçã o de proporcionalidade, nã o
podendo ser insignificante a ponto de nã o cumprir com sua funçã o penalizante, nem ser
excessiva a ponto de desbordar de sua ratioessendi compensató ria, e, assim, causar
enriquecimento indevido à parte. É preciso que o prejuízo da vítima seja aquilatado numa
visã o solidá ria da dor sofrida, para que a indenizaçã o se aproxime o má ximo possível do
justo.”
Assim, ratificam-se todos os pedidos da inicial, em especial que sejam julgados procedentes
todos os pedidos a fim de condenar o Réu ao pagamento da indenizaçã o no valor de R$
1.000,00 mil reias, devidamente corrigido, pelos danos morais, como medida da mais
inteira Justiça!
Que se dê normal prosseguimento ao feito.
Nestes termos,
Pede deferimento.
ARACAJU-SE 28 de Setembro de 2020
Leandro dos Santos Dias

Você também pode gostar