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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Processo n˚ (...)

CONDOMÍNIO BOSQUE DAS ARARS, devidamente representado por seu sídico


MARCELO RODRIGUES (conforme ata de eleição em anexo), ambos devidamente
qualificados nos autos, vem por meio de seu advogado (confomre procuração em anexo),
mui respeitosamente à presença de Vossa Excêlencia, com fulcro no art. 335 e ss. do
Código de Processo Civil, apresentar:

CONTESTAÇÃO

em face de JOÃO, já devidamente qualificada nos autos em epígrafe, pelos motivos


de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS
O requerente, enquanto anadava pela calçada na rua onde morava, foi atingindo na
cabeça por um pote de vidro, lançado da janela do apartamento 601 do edíficio do
CONDOMÍNIO BOSQUE DAS ARARAS, cujo sindíco é MARCELO RODRIGUES.

Com o impacto, o requerente desmaiou, sendo socorrido por transeuntes, que contataram
o Corpo de Bombeiros, sendo o requerente transferido de imediato para o Hospital
Municipal X, sendo internado, submetido à exames e, em seguida, a uma cirurgia para
estagnar a hemrragia interna sofrida.

O requerente, caminhoneiro autôonomo, permaneceu internado por 30 dias, causando


uma perda de R$ 20.000,00, por motivis de deixar de executar contratos já negociados.

Após a alta, retornou à suas atividades laborais.

Contudo, 20 dias após seu retorno, voltou ao Hospital X, alegando que se sentia mal,
ocasião em que foi constatada a necessidade de realização de nova cirurgia, em
decorrencia de infecção no crânio, causada por uma gaze cirúrgica deixada em seu corpo
na primeira cirurgia.

O requerente ficou mais 30 dias internado, deixando de realizar outros contratos,


causando prejuízo de R$10.000,00 reais.

O requerente ingressou com ação indenizatória, requerendo a compensação dos danos


sofridos, alegando que a integridade dos danos é a consequência da queda do pote de
vidro do condomínio, no valor total de R$ 30.000,00, a título de lucros cessantes, e 50
salários mínimos a título de danos morais, pela violação de sua integridade física.

PRELIMINARMENTE

1. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA
Conforme dispõe o Código Civil, em seu artigo 938, “aquele que habita prédio, ou parte
dele, responde pelo dano proveniente das coisa que dele caírem ou forme lançadas em
lugar indevido”.
Isto posto, evidencia-se que o Condomínio Bosque das Araras não é legitimado passivo
da ação, haja vista que existe o conhecimento de que o referido pote de vidro fora lançado
do apartamento 601.

O Condomínio somente seria parte legítima caso houvesse impossibilidade de


individualização da unidade de onde fora lançado o objeto, sendo assim o habitante da
unidade autonoma, seja este proprietário ou possuidor, o legimado passivo da ação.

Dada a individualização do apartamento de onde fora lançad o pote, não há que se falar
em responsabilidade do condomínio, não sendo este, portanto, legitimado passivo da
presente ação.

DO DIREITO/DO MÉRITO/DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA:

• DA AUSENCIA DE NEXO CAUSAL NA SEGUNDO INTERNAÇÃO.

No presente caso, após análise minuciosa dos fatos, se evidencia que não há qualquer
obrigação de indenizar do Condomínio em relação aos danos decorrentes da segunda
cirurgia sofrida pelo autor, tendo em vista que o referido dano se deu em virtude de erro
médico, cometido pelo Hospital X, não tendo relação direta e indireta com a queda do
referido pote de vidro.

Neste sentido, dispõe o art. 403 do Código Civil que “Ainda que a inexecução resulte de
dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes
por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.

Isto posto, visto que a segunda cirurgia se deu em decorrência de erro médico, não tendo
qulquer relação direta e imediata com o pote de vidro, fato este que se comprova pelo
requerente ter retornado à suas atividades laborais após a primeira cirurgia, tendo este
se sentido mal após decorridos 20 dias da mesma, sendo constatado no Hospital X uma
infecção no crânio em virtude de gaze deixada no corpo do autor na primeira cirurgia, não
há que se falar em obrigação de indenizar do requerido em relçao aos prejuízos
decorrentes da segunda cirurgia.

• DO QUANTUM INDENIZATÓRIO:

No caso em tela, ficou comprovado que a conduta do requerido não pode ensejar a
indenização de danos morais, entretanto, a título de argumentação, analisaremos os
danos morais na órbita da culpabilidade, para aplicação correta de remotíssima hipótese
de procedência da ação.

No caso de dano moral, o grau de culpa deve ser levado em consideração, juntamente
com a gravidade, extensão e repercussão da ofensa, bem como a intensidade do
sofrimento acarretado a vítima.

Ressalta-se, que não se pode imputar uma indenização injusta e exagerada. Por outro
lado, a indenização não é uma forma de enriquecer a vitima em detrimento de patrimônio
alheio.

O que se pretende é repor à vítima a situação em que estaria sem danos, sem que isto
possa representar um prêmio pecuniário ou especulação.

Se assim o fosse, estaríamos comprometendo as relações éticas e morais que regem o


comportamento humano desde a antiguidade.

Existe, pois Exa., um consenso na doutrina e jurisprudência, de que a reparação do dano


não pode ser tão insignificante que o causador nem o perceba, mas também não pode
ser tão elevada que possa transformar um pobre em rico.

No caso de dano moral, o grau de culpa deve ser levado em consideração, juntamente
com a gravidade, extensão e repercussão da ofensa, bem como a intensidade do
sofrimento.

Ressalta-se, que não se pode imputar uma indenização injusta e exagerada. Por outro
lado, a indenização não é uma forma de enriquecer a parte em detrimento de patrimônio
alheio. O que se pretende é repor a parte a situação em que estaria sem danos, sem que
isto possa representar um prêmio pecuniário ou especulação.

O montante indenizatório deve apenas propiciar uma satisfação pessoal, e jamais,


constituir prêmio pecuniário pelo constrangimento que se alega sofrer, pois se não houver
sofrimento, não há indenização a ser implementada. Se assim o fosse, estaríamos
comprometendo as relações éticas e morais que regem o comportamento humano desde
a antiguidade.

Na conformidade dos preceitos da legislação civil, como não existem parâmetros


matemáticos ou aritméticos para o DANO MORAL, as indenizações sob esta modalidade
são compostas, única e exclusivamente, por arbitramento.

O dano moral nada mais é do que a lesão de cunho não patrimonial seja em relação à
imagem, à honra, à integridade física, à liberdade, à reputação, ao estado psicológico,
dentre outros.

O ordenamento jurídico não admite que, por meio de reparação de um dano injusto, se
obtenha a modificação substancial da condição do lesado, anterior ao evento. A
indenização não pode se firmar como um meio de enriquecimento, por isso não pode ser
em montante exagerado ou absurdo.

Embora pretenda o autor utilizar solidariedade para o exame imparcial, parâmetros


devem balizar a fixação do VALOR PEDIDO, sob pena de se comprometer os princípios
éticos e legais do Direito.

Na fixação do quantum indenizatório, o cômputo jamais pode estar dissociado da


condição econômica ao autor, como também NÃO PODERÁ SE CONSTITUIR EM UMA
OBRIGAÇÃO DE ONEROSIDADE EXCESSIVA para os promovidos, que
comprovadamente não cometeram nenhum ato ilícito.

De forma que caso haja condenação em dano moral, o que se admite apenas sob forma
de argumentação, requer seja arbitrada pelo Douto Julgador a menor indenização
possível, dentro dos parâmetros da razoabilidade.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer:


a) O acolhimento da preliminar, extinguindo, sem resolução de mérito, a presente
ação, nos termos do art. 485, VI, do Código de Processo Civil;

b) No mérito, a redução da quantia pretendida em razão da evidente ausência de


nexo causal no tocante ao dano ocasionado pela segunda cirurgia, nos termos
do art. 944, do Código Civil;

c) A condenação do autor nas custas processuais e honorários advocatícios, nos


termos do art. 85, do Código de Processo Civil.

d) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Termos em que, pede deferimento.


(Local e data)
(Advogado)
(OAB)

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