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CONTESTAÇÃO

CONCEITO:
A Contestação decorre do Direito Constitucional de ampla defesa contido no
artigo 5°, LV da CF. É o meio de defesa do réu ante as acusações do autor, a
contestação do processo civil não é uma obrigação, é um direito e fica a ônus do
réu. No CPC de 1973, a contestação era apenas uma das peças de defesa do
requerido contida do artigo 297. Atualmente a Contestação está prevista nos artigos
335 a 343 do Novo Código de Processo Civil que trouxe algumas mudanças em
relação ao Código anterior.

REQUISITOS:
A Contestação não possui requisitos de admissibilidade como a petição
inicial os tem. O único requisito que impede o não recebimento da Contestação é o
prazo de 15 dias, a não observância desse prazo acarreta intempestividade e a
consequente revelia. Outrora, como se verá adiante, a Reconvenção (que agora
deve constar na Contestação) deve obedecer a todos os requisitos da petição inicial.

EFEITOS:
Apresentada a Contestação, o processo tem seu curso normal, produz-se as
provas e o mérito da causa é levado a julgamento, observados os argumentos e
pedidos do autor e analisada defesa do réu. Entretanto, não apresentada a
Contestação ou se acontece a intempestividade desta apresentação, ocorre a
Revelia do Réu, conforme artigo 344, momento em que se considerarão verdadeiras
todas as alegações do autor, podendo este, após tal momento, alegar apenas fato
novo, ou que possa por Lei ser alegado a qualquer tempo, ou assunto o qual o juiz
possa conhecer de ofício.

PROCEDIMENTO:
Recebida a petição inicial, o juiz mandará citar o réu para que haja a
audiência de conciliação ou mediação, conforme consta no artigo 334 do CPC.
Ocorrida ou não a conciliação, a partir da data da audiência ou a partir da data do
protocolo do pedido de cancelamento da audiência, o réu tem 15 dias para que
apresente a contestação, a contar dos termos mencionados contidos no artigo 335.
Quando na petição inicial o autor já informar a não opção pela realização da
audiência e havendo também a recusa por parte do réu. o Prazo para a contestação
irá depender da forma como foi citado o réu, nos termos do artigo 335, III, do CPC.
A Contestação deve ser dirigida ao juízo onde foi distribuída a causa
indicando-se o número do processo. O réu, no momento da Contestação deve
alegar toda a matéria de defesa de uma só vez, buscando refutar todas as
alegações do autor, sob pena de presumir-se verdadeiro o que não foi impugnado, é
o que consta no artigo 341 do CPC.

INOVAÇÕES DO CPC DE 2015 QUANTO À CONTESTAÇÃO:


O Código de Processo Civil de 1973 trazia 05 possibilidades de petições a
serem apresentadas pelo réu como primeira peça de defesa. Havia a Contestação, a
Reconvenção, e a Exceção, além dessas o tal diploma ainda previa a Impugnação
ao valor da causa e a Impugnação ao pedido de assistência judiciária gratuita.
O Código de 2015 inovou ao reduzir todas estas possibilidades de defesa
em uma única peça: a CONTESTAÇÃO. De acordo com os artigos 336 a 342 do
CPC, o réu deve alegar TODA e QUALQUER matéria que venha a importar na
defesa sob pena de preclusão do direito de manifestar, só cabendo manifestação
posterior no que se diz respeito a fato novo, matéria de Ordem Pública, ou matéria
que pode ser conhecida a qualquer tempo.
Quando se diz TODA e QUALQUER, significa que as preliminares mérito
não podem mais estar em peças separadas, (ex.: Exceção de Incompetência)
devendo ser alegadas em tópico próprio no corpo da contestação (ex.: artigo 337,
incisos I ao XIII). A Reconvenção, antes apresentada como peça separada, agora
deve fazer parte da Contestação ou deve substituí-la, conforme consta no artigo 343
do CPC.
Outra mudança significativa no que se diz respeito à Contestação é o prazo
para a apresentação. O Código de 1973 previa apenas o prazo de 15 dias contados
após a juntada nos autos do documento que comprovara a citação do réu. Já o
Código de 2015 prevê várias hipóteses para contagem do prazo, conforme se
observa no artigo 335 do CPC, o que requer um maior cuidado do advogado em
acompanhar o deslinde processual.
HISTÓRIA

João andava pela calçada da rua onde morava, em Goiânia, quando foi
atingido na cabeça por um pote de vidro lançado da janela do apartamento 601 do
edifício do Condomínio Bosque das Araras, cujo síndico é o Sr. Marcelo
Rodrigues. João desmaiou com o impacto, sendo socorrido por transeuntes que
contataram o Corpo de Bombeiros, que o transferiu, de imediato, via
ambulância, para o Hospital Municipal X. Lá chegando, João foi internado e
submetido a exames e, em seguida, a uma cirurgia para estagnar a hemorragia
interna sofrida. João, caminhoneiro autônomo que tem como principal fonte de
renda a contratação de fretes, permaneceu internado por 30 dias, deixando de
executar contratos já negociados. A internação de João, nesse período, causou uma
perda de R$ 20 mil. Após sua alta, ele retomou sua função como caminhoneiro,
realizando novos fretes. Contudo, 20 dias após seu retorno às atividades laborais,
João, sentindo-se mal, voltou ao Hospital X. Foi constatada a necessidade de
realização de nova cirurgia, em decorrência de uma infecção no crânio
causada por uma gaze cirúrgica deixada no seu corpo por ocasião da
primeira cirurgia. João ficou mais 30 dias internado, deixando de realizar outros
contratos. A internação de João, por este novo período, causou uma perda de R$ 10
mil. João ingressa com ação indenizatória perante a 2ª Vara Cível da Comarca da
Capital contra o Condomínio Bosque das Araras, requerendo a compensação dos
danos sofridos, alegando que a integralidade dos danos é consequência da queda
do pote de vidro do condomínio, no valor total de R$ 30 mil, a título de
lucros cessantes, e 50 salários mínimos a título de danos morais, pela violação de
sua integridade física. Na qualidade de advogado(a) do Condomínio Bosque das
Araras, apresente a contestação a inicial apresentada.
ESTRUTURA DA PEÇA

ENDEREÇAMENTO: MM. JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


GOIÂNIA-GO

TIPO DE PEÇA: contestação à ação indenizatória proposta por João.

PRELIMINAR- ILEGITIMIDADE PASSIVA: O Condomínio deverá arguir em


preliminar que não é legitimado passivo da ação, (art. 337, inciso XI, do Código de
Processo Civil) tendo em vista o conhecimento de que o pote de vidro foi lançado de
apartamento individualizado – 601 –, isto é, de unidade autônoma reconhecida. De
acordo com o Art. 938 do Código Civil, “aquele que habitar prédio, ou parte dele,
responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em
lugar indevido”. Assim, o habitante (proprietário, locatário, comodatário, usufrutuário
ou mero possuidor) da unidade autônoma é que deveria ser acionado, não o
Condomínio (observar artigo 339 do CPC). O Condomínio somente seria parte
legítima na impossibilidade de se reconhecer de qual unidade quedou o objeto.

DOS FATOS: narrativa do que ocorreu

DOS FUNDAMENTOS

1- AUSENCIA DE NEXO CAUSAL


Demonstre que a Responsabilidade Civil vem disciplinado no a art. 186 do Código
Civil, e que são pressupostos da Responsabilidade Civil a) conduta culposa, que se
extrai da expressão “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imperícia”; b) nexo causal, expresso no verbo “causar”; c) dano, revelado nas
expressões “violar direito ou causar dano a outrem”, assim temos que o nexo causal
é o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido. No
presente caso evidente que inexiste o nexo de causalidade entre a conduta do
morador do prédio e a segunda cirurgia realizada pela vítima, pois o único motivo da
realização do procedimento foi à inobservância dos médicos do hospital X, devendo
este ser responsabilizado pelo fato. Dessa forma, deve-se requerer a ausência de
nexo causal entre os resultados com qualquer conduta do polo passivo.
2- IMPUGNAÇAO CONTRA O LUCRO SESSANTES

Citar o artigo 403 do Código Civil, explique que citado artigo demonstra que o dolo
da parte não altera o valor da indenização devida, a qual deverá se ater ao montante
dos danos ocasionados. No presente caso em relação às alegações do autor não
restou comprovado de maneira evidente que durante o período que ficou internado,
referente aos 30 dias, teria a obrigação de cumprir contratos de fretes, no
quantitativo de R$ 30.000,00 (trinta mil) reais. Sendo que não apresentou nenhuma
prova do lucro cessante oriunda do dano sofrido referente ao montante apresentado
pelo autor. Não demonstrou também que os contratos deveriam ser cumpridos por
ele podendo haver a possibilidade que outras pessoas cumprissem o contrato.
Ressalte que a concessão do valor pleiteado pode configurar enriquecimento ilícito
já que não resta comprovado por parte do autor a obrigação real da
responsabilidade de indenização requer que seja negado tal quesito.

3- IMPUGNAÇAO DO DANO MORAL

O dano moral está presente no Código Civil no artigo 186 e 927, destaque que para
a configuração do dano moral, há a necessidade de lesão a um dos direitos da
personalidade, tais como a honra, a dignidade, a intimidade ou a imagem. Não há no
presente caso, notadamente porque o autor, como dito, sequer provou o dano
material que sofrera por lucro cessante de sua atividade laboral, não havendo falar,
pois, em implicação de dano moral não passando de mero aborrecimento já que não
houver lesão aos seus direitos inerentes a personalidade.
A concessão do dano moral pode configurar enriquecimento sem causa, diante
disso, pleiteia-se sua impugnação.

DOS PEDIDOS

a) Extinto o processo por falta de legitimidade do polo passivo;


b) Requer seja declarada a ausência de nexo causal entre os
resultados com qualquer conduta do polo passivo;
c) Desconsiderado o pleito de lucros cessantes, com vistas ao artigo
938 do CCB;
d) Rejeitado o pleito de Danos Morais, por o Condomínio não ser
legitimo para figurar no polo passivo.
e) Condenado, o Autor, ao pagamento dos Honorários Advocatícios,
conforme Artigo 338, Parágrafo Unico do CPC.
f) não quer a ocorrência de audiência de mediação ou conciliação;
g) Pretende demonstrar todo o alegado por meio de provas periciais,
testemunhais, documentais, a serem oportunamente produzidas na
forma do artigo 336 do CPC.

DO VALOR DA CAUSA Deverá corresponder ao valor do contrato ou da parte


controvertida, artigo 292, II CPC.

Nestes termos
Pede deferimento.

Data completa

Nome advogado
Numeração da OAB/UF

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