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Aluno(s) Sara Stefhany Carmo Rocha Turma(s) 361

Professor Daniel Rennó


Data: 03/11/2021 às 07:30
Limite: 08/11/2021 às 23:59
INSTRUÇÕES
1. A atividade poderá ser realizada em grupo de até 08 alunos, devendo a folha de resposta
indicar o nome completo de cada um dos alunos e a respectiva turma.

2. Para fins de atribuição dos pontos, serão avaliados o raciocínio jurídico, a fundamentação
das respostas, a indicação de artigos de lei e as eventuais citações doutrinárias e
jurisprudenciais, bem como a observância dessas instruções.

3. As questões abertas deverão ser respondidas no máximo em 15 (quinze) linhas. O conteúdo


que ultrapassar o limite imposto não será avaliado.

4. As respostas devem ser inseridas nesta folha, a ser salva em arquivo .doc do Microsoft
Word, apresentando suas respostas no espaço específico abaixo.

5. Favor observar o prazo máximo para envio. Não serão aceitos envios posteriores ao prazo
estipulado acima.

6. A eventual inobservância das instruções será penalizada com a perda de 1,0 ponto para cada
descumprimento verificado.

7. É antiga a máxima jurídica segundo a qual o exercício de um direito não pode ficar
pendente de forma indefinida no tempo. O titular deve exercê-lo dentro de um determinado
prazo, pois o direito não socorre aqueles que dormem. Com fundamento na pacificação
social, na certeza e na segurança da ordem jurídica, é que surge a matéria da prescrição e
da decadência. Pode-se ainda afirmar que a prescrição e a decadência estão fundadas em
uma espécie de boa-fé do próprio legislador ou do sistema jurídico.” (TARTUCE,
Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método).
QUESTÕES
(10 pontos). Pedro entabulou negociações para a compra de um terreno de João Víctor por R$
550.000,00. Na data marcada para a conclusão do negócio frente ao cartório competente, Pedro
lembrou que não estaria na cidade, em razão de importante reunião de negócios em Miami.
Consultando seu advogado Frederico, ele realizou, então, um contrato de mandato com Otávio,
pessoa de sua extrema confiança, formalizando uma procuração por instrumento particular para
que ele pudesse lhe representar na formalização da escritura pública de compra e venda. Face ao
exposto, a orientação do Dr. Frederico foi correta? Ou seja, Otávio poderá ultimar o negócio e
assinar a escritura de compra e venda em nome de Pedro, utilizando-se da procuração particular
outorgada? Explique de forma fundamentada juridicamente, sob pena de desconsideração da
resposta.
Conforme dispõe po Artigo 653 do Código Civil opera-se o mandato quando alguém recebe de
outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o
instrumento do mandato conforme o disposto no Artigo 654 do CC. Ademais, a procuração
pode ser realizada através de instrumento público ou particular.
À luz do art. 108 do Código Civil:
“Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.”
Vale ressaltar, o imóvel supracitado possui o valor de R$ 550.000,00 e a outorga do mandato
está sujeita à forma exigida por lei para o ato ser praticado.
Por conseguinte, a orientação do Dr. Frederico foi incorreta uma ve que esta foi realizada por
instrumento particular e, para fins de negociações imobiliárias, apenas a pública possui valor
legal, além do fato do valor do imóvel ser superior a trinsta salários mínimos.

(10 pontos). No regular transporte dos seus passageiros, o ônibus da Viação Girão & Silva
Ltda. foi abalroado pelo caminhão da Farias Bartilotti Ltda., que trafegava na contramão em
razão de ultrapassagem malfeita. Somente o motorista do ônibus e a passageira Mônica
faleceram. Importante notar que Mônica, poucos minutos antes da colisão, trocou de poltrona e
veio a se sentar exatamente no banco localizado atrás do motorista, local que foi atingido pelo
caminhão, embora constasse na passagem que sua poltrona era a última no coletivo.
Consultado(a) como advogado(a), a família de Mônica deseja orientações sobre como proceder.
Afinal, o fato de i. a Viação não ter tido culpa, pois foi o caminhão o causador do dano, já que
trafegava na contramão da direção, bem como ii. ter a passageira trocado de poltrona, passando
por sua livre vontade para a poltrona localizada atrás do motorista, afetam o resultado de uma
possível ação de indenização contra a Viação Girão & Silva Ltda.? Explique de forma
fundamentada juridicamente, sob pena de desconsideração da resposta.
O Art. 734 do CC dispõe sobre a responsabilidade civil do transportador, considerando nula
excludente com base na alegação de fato de terceiro, sendo exonerado somente se o fato
constituir causa estranha ao transporte eliminando a relação de causalidade entre o dano e o
desempenho do contrato. Ademais, segundo o Art. 738 do CC o passageiro deve sujeitar-se às
normas estabelecidas pelo transportador, abstendo-se de quaisquer atos que dificultem ou
impeçam a execução normal do serviço.
O CCDC manteve o princípio da responsabilidade objetiva do prestador de serviços, admitindo
como excludentes somente a comprovada a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro (art. 14, §
3º do CC), que rompem o nexo causal. Ademais, incumbe a empresa o ônus de demonstrar
que o evento danoso se verificou por culpa exclusiva da vítima ou por fato exclusivo de
terceiro.
Por conseguinte, a família de Mônica deve entrar com uma ação indenizatória, já que o caso
supracitado trata de um caso fortuito interno. Caso a Viação Girão & Silva Ltda. queira se
eximir da responsabilidade, deve indenizar a família de Mônica para depois discutir a culpa
pelo acidente, movendo ação regressiva contra o terceiro. Se comprovado a culpa de Mônica
será reduzida a indenização, levando em consideração o Artigo 738 do CC.

(10 pontos). Letícia Cássia formalizou com a empresa Diorio Villela Engenharia e Construção
Ltda. o contrato de empreitada DLC TP n. 03/2008 tendo por objeto a execução de obras de
construção de sua casa no Bairro Cristais em Nova Lima/MG. A execução dos trabalhos
seguiria o projeto arquitetônico do renomado arquiteto Lucas Brasileiro, regionalmente
conhecido por sua genialidade, inspirado pelo padrão arquitetônico do distrito alemão de
Kranichstein, em Darmstadt. No decorrer da execução do contrato, Letícia solicita à empreiteira
que aprimore ainda mais o projeto de Lucas, introduzindo modificações de alto impacto, a fim
de que sua casa se torne referencial na região, equiparando-se àquelas de Mullerstrasse e
Herzogpark, regiões mais caras de Munique, na Alemanha.
Ela afirma ser a dona da obra e quem está pagando por tudo, motivo pelo qual sua vontade deve
ser cumprida, já que ela está disposta a pagar o que for necessário e quaisquer acréscimos no
preço. Consultado(a) como advogado(a), é possível a empresa recusar realizar tais
modificações, tendo em vista que a dona da obra está disposta a arcar com todos e quaisquer
acréscimos? Explique de forma fundamentada juridicamente, sob pena de desconsideração da
resposta.
O Art. 610 do CC o empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou
com ele e os materiais. Nesse sentido, o artigo 619 do Código Civil estabelece que o
empreiteiro tem o dever de executar a construção ou reforma conforme o aceito por quem a
incomendou.
Ademais, dispõe o Art. 621 do CC:
“Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da obra introduzir modificações no
projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a terceiros, a não ser que, por
motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, fique comprovada a inconveniência ou a
excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária. Parágrafo único. A
proibição deste artigo não abrange alterações de pouca monta, ressalvada sempre a unidade
estética da obra projetada.”
No caso supracitado, as modificações almejadas por Letícia são de alto impacto, não tendo
nenhuma ligação com qualquer razão técnica, sendo a empresa obrigada a recusar fazer tais
modificações, mesmo a dona da obra estando disposta a arcar com os gastos e acréscimos,
considerando o Princípio da Obrigatoriedade do Contrato.

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