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Questão 1) – De acordo com o art.

562 do CPC, estando devidamente instruída a petição


inicial o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção
ou reintegração de posse, do contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Diante disso,
pergunta-se: poderá o magistrado designar audiência de justificação prévia, sem a
citação do réu? Justifique sua resposta!

R: A audiência de justificação prévia tem como finalidade receber elementos


capazes de convencer o juiz a conceder a liminar, ou seja, uma oportunidade para
autor trazer ao processo além de documentos que via de regra são juntados à
petição inicial, a ouvida prévia de testemunhas com o foco em garanti liminar
inaudita altera parte, pois o Réu mesmo presente na audiência poderá formular fala
de defesa, no entanto, este não é momento para contestação, e sua presença se faz
necessária para confirmar a validade do ato.
Para Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2019) (doutrina minoritária) o texto
do art. 562, do CPC/2015 é pacífico de entendimento, haja vista que para que
aconteça a Audiência de justificação prévia é essencial a citação e intimação do
Réu, pois como parte interessada é direito de ele assistir a audiência, inclusive na
presença de seu advogado, se já o tenha, neste caso podendo apresentar contradita
e formular perguntas, bem como apresentar documentos que respaldem negativa
de liminar.
Na doutrina majoritária, a presença do réu é facultativa, assim, sendo sua
citação impedida de forma fundamentada pelo réu, e podendo optar por não
comparecer à audiência de justificação prévia, fato que não gerará revelia, uma vez
que não trata de discursão do mérito do processo, mas da concessão ou denegação
de mandado liminar de manutenção ou reintegração, o prazo de contestação
somente se iniciará, após deliberação da liminar.
Contudo, sendo a ação litigada em desfavor de pessoas jurídicas de direito
público, não será deliberado mandado liminar de manutenção ou reintegração sem
audiência previa com seus representantes judiciais.

Questão 2) – De acordo com o art. 562 do CPC, estando devidamente instruída a petição
inicial o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção
ou reintegração de posse, do contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Diante disso,
pergunta-se: poderá o magistrado indeferir a liminar de plano, mesmo que estejam
presentes os requisitos exigidos pelo art. 561 do CPC? Justifique sua resposta!

R: Em regra, não. O juiz determinará a audiência para que se finde a tentativa de


cumprimento de tais requisitos, defende Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2019) ,
que pela leitura do art. 562, caput, não sendo a justificação apresentada na inicial
portadora de informações suficientes que o magistrado delibere pelo mandado
liminar de manutenção ou reintegração antes de ser realizada, deverá (verbo
impositivo) o juiz citar o réu e intimar o autor para a audiência de justificação
prévia, logo não pode o juiz, sem realizar a audiência de justificação prévia,
indeferir a medida liminar, pois se assim o fizer estará cerceando o direito do autor
em demonstrar os fatos que respaldam suas arguições.
Como contrapartida, há possibilidade de indeferimento, mesmo que
cumpridos os requisitos, nos casos em que a própria posse não estiver atendendo a
função social, uma vez que constitucionalizado o direito civil.

 Questão 3) – João da Silva, morador de uma gleba de terras na cidade de Santa Maria-
DF há cinco anos, vem sofrendo turbação em sua posse, o que se dá a mais de ano e dia,
pela pessoa de Mário de Tal, tendo, em razão disso, ajuizado Ação de Manutenção de
posse em desfavor do referido senhor, perante o Juizado Especial da Circunscrição
Judiciária de Santa Maria, todavia, o douto juiz indeferiu a petição inicial nos termos do
art. 485, inciso VI do CPC, sob a argumentação de incompatibilidade do rito adotado,
posto que, segundo o magistrado, o art. 558 do CPC estabelece que o rito a ser adotado
nas ações possessórias de força velha será obrigatoriamente o comum, em razão de
expressa disposição de Lei, aliado à incompatibilidade dos procedimentos especiais com
o rito sumaríssimo. Diante disso, diga: assiste razão ao magistrado?

R: Segundo o código Civil, no art. 558, estabelece que o rito especial somente será
adotado até um ano e um dia da turbação, ameaça e esbulho, passado o prazo de
ano e dia, será de rito comum. No entanto, como se trata de rito especial, aqui é
necessário observar a lei especial, que neste caso, prevalecerá sob o princípio da
especificidade, a lei n. 9.099, artigo 3º, estabelece que em processos de reintegração
de posse, cabe esta, desde que o valor da causa não ultrapasse o limite do juizado
especial (40 sal. Mínimos).
Lei 9.099 - Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação,
processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim
consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado
no inciso I deste artigo.

A luz objetiva do artigo 558, do CPC/2015 e seu parágrafo único o trato do


magistrado na ação está objetivamente correto, se considerado que não trata de
turbação continuada e sim sucessória e independente, iniciada a mais de um ano e
um dia.
Conduto, Elídio Donizete (2017) , emerge o Enunciado n 238/CJF/STJ, da III
Jornada de Direito Civil; STJ, REsp 55.027/MG, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito, julgado em 27.04.2004, do qual depreende o autor “que na hipótese de
ajuizamento da ação possessória, além de ano e dia da ocorrência da turbação ou
do esbulho, nada impede que o magistrado conceda a tutela possessória em caráter
liminar, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos
necessários sua concessão. Como a demanda tramitará pelo procedimento comum,
os dispositivos inerentes a este procedimento podem e devem ser aplicados”
Ou ainda, como por se tratar de decisão interlocutória, esta seria cabível a
interposição de agravo de instrumento (art. 1015, do CPC/2015) com pedido de
revisão da decisão uma vez que conforme defende a doutrina (Adroaldo Furtado
Fabricio ) à turbação se refere a violação prolongada no tempo, que tem natureza
continuada, logo quanto ela perdura não há que se falar em decurso de prazo, pois
enquanto ela está acontecendo, fica impossível identificar se o ato ofensivo é
somente um, a se manter, ou se está ocorrendo turbações sucessivas, entre si , que
no caso se for, ai sim não ocorre a continuidade. No caso em tela, revela que o autor
“vem sofrendo turbação em sua posse”, ou seja, não se cessou turbação, para então
se contar o prazo, e se definir se é apenas um ato que ocorreu a mais de um ano, ou
se são turbações sucessivas, independentes entre si, o que afastaria a continuidade.
Ainda se ressalta que, apensar de a questão não trazer esta informação, mas em um
caso concreto, sendo informado o valor da causa e, sendo este valor inferior a 40
salários mínimos poderá ser julgada pelo juizado especial, artigo 3°, IV da lei 9.099.
Questão 4) - João da Silva firmou contrato de financiamento de um imóvel situado na
cidade de Goiânia, com a empresa Caloteiros de tal, sendo que, referida empresa está
situada em São Paulo, enquanto João é domiciliado em Brasília, apesar de ser
funcionário público do Município do Novo Gama-GO, onde efetua o pagamento das
parcelas do referido financiamento, possuindo, o referido contrato, cláusula de eleição de
foro na cidade do Rio de Janeiro. Tendo em vista a necessidade de se ingressar com
Ação de consignação em pagamento, indaga-se: qual o juízo competente para conhecer
do referido pleito, sabendo-se que a obrigação é quesível? Justifique sua resposta!

R: Sendo a obrigação quesível a Ação de consignação em pagamento deve ser


ajuizada no lugar do adimplemento (art. 540, do CPC/2013 c/c art. 337 do CC),
logo o juízo competente será o juizado do Município do Novo Gama- GO.

Questão 5) – Numa ação de consignação em pagamento o réu alega que o valor


depositado pelo Autor é inferior ao valor devido, informando a quantia correta, motivo
pelo qual fora o Autor intimado a complementar o valor depositado, no prazo de dez
dias, o que fora feito pelo mesmo. Diante disso, pergunta-se: quem será condenado a
arcar com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios nesse caso?
Justifique sua resposta, abordando, caso haja, a divergência acerca do tema!

R: Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2019) apresenta o entendimento de Antônio


Carlos Marcato de que “parece evidente ser do auto o ônus da sucumbência, por
força do princípio da causalidade, na medida em que não teria havido a recursa
por parte do credor, tornando desnecessário o ajuizamento da ação consignatória,
se houvesse feito o autor uma oferta integral à época do pagamento”. Sendo então
este entendimento o pacifico na doutrina majoritária, com a inteligência que, se
deve por analogia aplicar-se o art. 67, VII, da Lei 8,245/91, ou seja, será esta
sentença de parcial procedência e assim sendo, a distribuição do ônus da
sucumbência deverá ser realizada nos termos do art. 86 do CPC/2015 (REsp
94.425-SP, rel. Min. Ruy Rosado – 4ª Turma- STJ).
Contudo, ainda há minoritário doutrina que defende o caput do Art. 54 trata-se de
uma faculdade atribuída pelo legislador ao autor, de modo que a complementação
do deposito não confere em assunção de culpa e, como o pedido do autor será
julgado procedente deve ser o réu condenado, com amparo ao princípio da
sucumbência, ao pagamento dos custos sucumbenciais.

Questão 6) – O Art. 541 do CPC diz que se tratando de prestações periódicas, uma vez
consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem
mais formalidades, as que se forem vencendo. Diante disso, pergunta-se: até quando o
autor poderá continuar a efetuar o depósito nos mesmos autos? Justifique sua resposta,
abordando, caso haja, a divergência acerca do tema!

R: Existem 4 correntes

A 1º corrente que é minoritária, defendida por Marcos Vinícius Rios, acredita que
deve ser aplicado de forma analógica o Art. 67, III da Lei 8245/91, sendo o limite
para os depósitos das parcelas vincendas a sentença.
Já a 2º corrente, majoritária, sustenta que enquanto não existir o transito em
julgado, e houver recurso deve-se analisar os fatos subsequentes conforme o Art.
933, CPC, e assim podendo ocorrer exame e as correções dos depósitos efetuados
após a publicação da decisão recorrida.
A 3º corrente, defendida Barbosa Moreira, assegura que as parcelas vincendas
podem ser depositadas enquanto pender julgamento de recurso com efeito
devolutivo amplo, porem sendo improprio o deposito em sede de recurso
excepcionais por possuírem efeito devolutivo restrito a matéria de objeto de
prequestionamento. (Súmula 211-STJ E 356-SFT)
A 4º e última corrente, defende que conforme o Art.505,I CPC, as relações jurídicas
de trato continuado e que se sobrevier a alteração do estado de fato ou de direito,
poderá a parte requerer a revisão do que foi estatuído na sentença, mesmo após o
seu transito em julgado, por se tratar de coisa julgada .

Questão 7) – O art. 544 do CPC elenca quais são as matérias que podem ser alegadas
pelo réu em sede de contestação, todavia, a doutrina diz que as matérias ali constantes
são meramente exemplificativas, cabendo, ao réu, valer-se das demais modalidades de
respostas, caso se faça necessário. Diante disso, pergunta-se: a reconvenção é compatível
com as respostas a serem apresentadas pelo réu nas ações de consignação em
pagamento? Justifique sua resposta!

R: Depende do pedido a ser formulado na reconvenção, na ação de consignação em


pagamento é descabida a reconvenção para a complementação do valor devido,
pois se o juiz ao reconhecer que o valor depositado está a menor, ele condenara o
autor de ofício, ou seja, a ação de consignação em pagamento nesse caso possuirá
natureza dúplice.
Porém para todo e qualquer outro pedido a reconvenção será meio cabível, como
estabelece o § único do art. 318, CPC

Questão 8) – É sabido por todos que os bens públicos não estão sujeitos à usucapião.
Com base nisso, pergunta-se: existe posse em bem público por particular não
autorizado? Justifique sua resposta!

R: Não é possível posse em bem público, a ocupação indevida de bem público


configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou
indenização por acessões e benfeitorias. Súmula 619.
 Questão 9) - Os termos jurídicos reconvenção e pedido contraposto limitado são
sinônimos? Em sua resposta diga no que consistem esses institutos, bem como se são
eles cabíveis nas ações de possessórias de força nova? Justifique sua resposta!

R: A reconvenção e o pedido contraposto são semelhantes, mas não podemos dizer


que são sinônimos. Ambos correspondem aos pleitos que o demandado faz em face
ao demandante em fase inicial. O pedido contraposto limitado é exclusivo da ação
possessória de força nova de acordo com o artigo 556. A doutrina clássica acredita
que a reconvenção não é admitida na ação possessória devido a sua natureza
dúplice, exigindo ação autônoma. Já a doutrina moderna não exige ação autônoma,
visto que as duas serão conexas e a defesa será simultânea, gerando ilegalidade
segundo os princípios abordados pelo novo código de processo civil. Assim, se na
ação de força nova for alguma das hipóteses previstas no artigo 556, não cabe a
reconvenção. Se é algo diverso dessas duas hipóteses previstas, cabe a reconvenção,
com base no artigo 318, parágrafo único, desde que preenchidos os requisitos do
343, pois, de acordo com o 556, após a defesa do réu, passa-se a aplicar o
procedimento comum, não havendo qualquer incompatibilidade.

Questão 10) – João da Silva, morador de uma gleba de terras públicas situada em
Sobradinho, há cinco anos, juntamente com sua família, fora, em julho de 2018,
notificado pela Terracap para desocupar o referido bem, uma vez que não dispunha de
autorização para tal ocupação. Diante disso, João buscou o Poder Judiciário, em
setembro de 2019, através de uma ação de Manutenção de posse com pedido de liminar,
perante o douto juiz da Vara Cível de Sobradinho, o qual deferiu a medida inaudita
altera pars, alegando que o referido senhor estava dando cumprimento à função social
do imóvel o que não era feito pela Terracap, e, por conseguinte, determinou à mesma
que se abstivesse de praticar qualquer ato contra a posse de João, sob pena de multa
diária de R$ 1.000,00. Pergunta-se: a decisão do douto juiz está em consonância com o
entendimento jurisprudencial de nossos Tribunais? Em sua resposta aponte, caso haja,
fundamentadamente, as possíveis falhas cometidas pelo douto juiz, indicando, também,
qual deveria ser a atitude a ser tomada pelo mesmo!

Não!
Primeiramente analisa-se aqui uma incompetência absoluta do juízo da vara cível,
uma vez que envolvendo a TerraCap, seria o juizado da fazenda pública, que no
DF, seria o da Vara do Meio ambiente.
A presente decisão viola a jurisprudência, tanto do Superior Tribunal de Justiça
quanto do Supremo Tribunal Federal, é firme em não ser possível a posse de bem
público, constituindo a sua ocupação mera detenção de natureza precária, e em
consequência não há o que citar no campo referente a tal manutenção.
E outro ponto, em que viola, seria sobre o reconhecimento da ação como força
nova, ainda se faz incorreta a aplicabilidade do alcance do procedimento especial,
uma vez que percorrido um ano e um dia da ameaça, seria esta de força velha, não
se valendo da possibilidade de pedido de liminar.
Se tratando de uma notificação, assim, ameaça, a ação correta, seria de interdito
proibitório.
Em detrimento da alegação do não cumprimento da função social da propriedade
pelo órgão público, embora haja divergências doutrinárias, por maioria, a
administração a deve cumprir, no entanto, em contrário, não cabe apropriação,
mas ação civil para impor ao Poder Público a obediência ao ditame constitucional,
assim o direito do cidadão de ter os bens públicos e particulares que o cercam
cumprindo a sua função social é um direito fundamental de 3ª. Geração, vinculados
ao princípio da solidariedade

Questão 11) – Designada audiência de justificação prévia, para qual se intimara o réu,
esse se apresentou acompanhado de três testemunhas. Diante disso, pergunta-se: poderá
o juiz ouvi-las? Justifique sua resposta, abordando, caso haja, a divergência existente
sobre o tema!

Nos termos de Marcos Vinícius Rios, O juiz não pode realizar a justificação antes
que o réu tenha sido citado. No entanto, como a finalidade dessa audiência é
permitir ao autor produzir provas bastantes para obter a liminar, existem duas
correntes quanto a oitiva, na minoritária, alega que sim, com base no princípio da
verdade real, caso não se sinta suficientemente esclarecido e queira ter maiores
elementos para apreciar a liminar. Isso não ofende o princípio do contraditório,
que é diferido. Na majoritária, resguardam a maior finalidade da audiência, seja
esta apenas liminar, não sendo possível a oitiva, razão que no tempo correto do
processo, terá suas testemunhas ouvidas, pois mais tarde, o réu terá toda a
oportunidade de apresentar as suas alegações.

Questão 12) – Numa Ação possessória de força nova o douto juiz não se convenceu da
veracidade dos fatos alegados pelo autor, motivo pelo qual designou audiência de
justificação prévia, para qual determinou a citação e intimação do réu, todavia, no dia
determinado, o réu, que havia sido citado e intimado por hora certa, não compareceu,
nem constituiu advogado, motivo pelo qual, pergunta-se: o douto juiz deverá nomear
curador especial para defender seus interesses? Justifique sua resposta!

R: Como já visto, não há obrigação de comparecimento do réu à esta audiência,


uma vez que ainda não estamos no momento do contraditório do processo, não
sendo o réu ainda revel, e não há ainda necessidade de curador especial, nos termos
do art. 564 CPC.

Questão 13) – Numa ação de consignação em pagamento fundada na dúvida objetiva


quanto a quem seria o verdadeiro credor do valor depositado pelo autor, o douto juiz
determinou a citação dos três supostos credores, para que apresentassem respostas,
sendo que, os três concordaram com o valor depositado pelo autor, todavia, divergiram
quanto a quem seria o verdadeiro titular do crédito, pois cada um defendeu ser o seu
titular. Em razão disso, o douto juiz deverá dar a dívida como adimplida e dela liberado
o devedor, logo, pergunta-se: como o juiz deverá resolver a questão dos honorários
advocatícios a serem pagos ao autor, uma vez que saíra vencedor da lide e ainda não se
sabe quem é o verdadeiro credor daquela quantia e quais sucumbirão? Justifique sua
resposta!

R: Uma vez que liberado o devedor, findar-se-á a primeira fase do processo, como
ainda não há quem é o titular real do crédito, e por consequência não há em quem
aplicar o ônus da sucumbência. Para findar esta ação em favor do autor, o juiz
determinará a dedução do ônus de sucumbência do montante inicialmente
depositado pelo autor, e ao final do processo condenará os perdedores, sejam estes
os que antes se diziam titular do crédito, mas não são, a complementar o montante
inicial e pagar a sucumbência em relação ao credor vencedor da segunda fase.

Questão 14) - Aponte as principais diferenças existentes entre as Ações de Consignação


em Pagamento regulamentadas pelo CPC (Arts. 539 ao 549) e aquela regida pela Lei de
Locações, Lei 8.245/91.

R: Entre as diferenças que podemos encontrar entre as Ações de Consignação de


Pagamento regulamentadas pelo NCPC e aquelas regidas pela Lei de Locações,
estão: 1 – No NCPC, o depósito das prestações vencidas são as 4 seguintes até o
transito em julgado, já na Lei de Locações, até a sentença dada em 1º grau. 2 – O
prazo para complementar os valores do depósito são de 10 dias pelo NCPC, já a Lei
de Locações estabelece um prazo de 5 dias. 3 – No NCPC, o complemento pode
ocorrer independente do acréscimo, já na Lei de Locações, o complemento possui a
multa de 10% do valor da diferença. 4 – No NCPC se determina a competência no
lugar do pagamento, e na Lei de Locações, a competência pode ser no foro da coisa
ou no foro de eleição, se houver. 5 – No NCPC existe a natureza dúplice, não
admitindo a reconvenção, já na Lei de Locações, pode-se requerer o que se entende
de direito através da reconvenção. 6 – De forma procedimental, no NCPC, o juiz,
em atos autônomos, manda citar e depois depositar, sendo que o depósito por ser
feitos em até 5 dias. Já na Lei de Locações, o juiz faz por meio de um único ato,
mandando citar e depositar, devendo ocorrer esse depósito em até 24 horas. 7 - E,
por fim, o NCPC fixa os honorários com base no artigo 85, já a lei de locações
determina o percentual de 20% dos depósitos pré-estabelecidos.

Questão 15) – Numa ação de consignação em pagamento de alugueres o réu alega que o
valor depositado pelo Autor é inferior ao valor devido, informando a quantia correta,
motivo pelo qual fora o Autor intimado para complementação dos referidos valores.
Diante disso, pergunta-se: qual o prazo que o autor possui para efetuar referida
complementação? A mesma exige algum acréscimo? Quem arcará com o ônus da
sucumbência, caso o autor resolva efetuar referida complementação? Justifique sua
resposta.

R: O prazo é de 5 dias contados da ciência do oferecimento da resposta, sendo o


valor devido acrescido em 10%. Caberá ao autor reconvindo a responsabilidade
pelas custas judiciais e honorários advocatícios de 20% sobre os valores do
depósito. Assim prevê o, inc. VII, art. 67, da Lei 8245/91

 Questão 16) – João da Silva, morador de uma gleba de terras públicas na cidade de
Santa Maria-DF, há cinco anos, vem sofrendo turbação em sua posse, o que se dá a
menos de ano e dia, pela pessoa de Mário de Tal, motivo pelo qual ajuizou Ação de
Manutenção de posse, com pedido de liminar, em desfavor do referido senhor, perante a
Vara Cível da Circunscrição Judiciária de Santa Maria, tendo, o douto juiz, indeferido a
petição inicial nos termos do art. 330 c/c 485, inciso VI, ambos do CPC, sob o
fundamento de que o autor era carecedor do direito de ação, uma vez que não há posse
em bem público, mas mera detenção, conforme verbete da súmula 619 do STJ, fato este
aliado a ilegitimidade do autor (uma vez que mero detentor e não possuidor) e da
inadequação da via eleita (já que ajuizara ação possessória para defender mera
detenção). Diante disso, pergunta-se: assiste razão ao magistrado? Justifique sua
reposta!

R: Considerando que o autor é mero detentor e não possuidor o magistrado estaria


correto em seu entendimento, todavia ponderando a respeito o REsp 1.296.964 , a
4ª Turma do STJ o Min. LUIS Felipe Salomão, sob a clareza do REsp o fato de o
autor postular não irar alterar a titularidade dominical do bem, este se manterá
sob o título do Estado, com sua sua natureza pública. Porém, na contenda entre
particulares, reconhecida no meio social como a manifestação e exteriorização do
poder fático e duradouro sobre a coisa, a relação será eminentemente possessória
e, por conseguinte, nos bens do patrimônio disponível do Estado, despojados de
destinação pública, será plenamente possível — ainda que de forma precária —, a
proteção possessória pelos ocupantes da terra pública que venham a lhe dar
função social”, resumiu o relator.
No voto, que foi acompanhado de forma unânime pelo colegiado, Salomão também
destacou que a posse deve ser analisada de forma autônoma em relação à
propriedade, por ser fenômeno de relevante densidade social.
Para o ministro, a posse deve expressar o aproveitamento concreto e efetivo do
bem para o alcance do interesse existencial, “tendo como vetor de ponderação a
dignidade da pessoa humana, sendo o acesso à posse um instrumento de redução
de desigualdades sociais e justiça distributiva”

Questão 17) - João da Silva firmou contrato de locação de um imóvel situado na cidade
de Santa Maria-DF, com a empresa Caloteiros de tal, sendo que, referida empresa, está
situada em Valparaíso de Goiás-GO, enquanto João possui domicílio necessário na
cidade de Brasília-DF, onde efetua o pagamento das parcelas do referido contrato, o
qual possui cláusula de eleição de foro na cidade do Gama-DF. Tendo em vista a
necessidade de se ingressar com Ação de consignação em pagamento dos referidos
alugueres, indaga-se: qual o juízo competente para conhecer do referido pleito, sabendo-
se que a obrigação é quesível? Justifique sua resposta!

R: o artigo 58, II, da lei 8245 determina que sendo a obrigação quesível a Ação de
consignação em pagamento deve ser ajuizada no lugar do for elegido (art. 58, II, da
Lei 8.245/91), logo o juízo competente será o juizado da cidade do Gama-DF.

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