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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ª

VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO LOURENÇO-MG

LOJÃO CHALÉ LTDA., pessoa jurídica de direito privado, devidamente registrado no


CNPJ nº xxx.xxx/xxxxx-xx, com endereço profissional à Rua xxx, Nº xx, São Lourenço/MG,
neste ato, REPRESENTADO legalmente por FABRICIANO MURTA, brasileiro,
administrador, inscrito sob o CPF/MF Nº xxx.xxx.xxx.xx, domiciliado e residente em São
Lourenço/MG, vem, respeitosamente, à presença de V. Exª. por meio de sua advogada,
xxxxxx, OAB/CE 021-32, endereço eletrônico xxxxxxxx, que esta subscreve (Procuração
anexa), com fundamento nos arts 700 e 701 do Código Processual Civil de 2015 e art. 206, §
5º, I, do Código Civil, Propor:

AÇÃO MONITÓRIA

Em face de PEÇANHA, brasileiro, solteiro, vendedor, inscrito no CPF/MF sob o N°


xxx.xxx.xxx.xx, domiciliado e residente na Rua X, casa Y, nº 1, CEP xxxxx-xx, São
Lourenço/MG, nos termos e fundamentos a seguir expostos.

I. DOS FATOS

Em 31/10/2012, quarta-feira, Peçanha comprou o equivalente a R$ 100.000,00 (cem


mil reais) em eletrodomésticos no lojão Chalé Ltda, e no lugar do pagamento, foi emitida
uma nota promissória em caráter pro solvendo no mesmo valor, R$ 100.000,00 (cem mil
reais), com vencimento em 25 de janeiro de 2013, sexta-feira, dia útil.
Contudo, a data acordada para ser realizado o pagamento não foi cumprida.
Após inúmeras tentativas, sem sucesso, de cobrar o crédito amigavelmente, não foi
adimplida a obrigação do devedor no vencimento.
Portanto, diante de toda a documentação pertinente ao negócio jurídico acostada aos
autos, solicito a cobrança por meio judicial, do valor atualizado e com consectários legais, de
R$ 280.000,00 (Duzentos e oitenta mil reais), pelo não cumprimento da obrigação.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


DA TEMPESTIVIDADE PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO MONITÓRIA

Nos termos do inciso I, do artigo 784 do Código Processual Civil, a nota


promissória traduz-se como título executivo extrajudicial, com prazo prescricional para a
execução de 3 (três) anos, a contar do seu vencimento, nos termos do art. 70 da lei Uniforme
de Genebra (Decreto 57.663/66).

art. 70. Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem


em 3 (três) anos a contar do seu vencimento.

Nesse sentido, o prazo para a execução da nota promissória findou-se em 25/01/2013.


No caso em questão, dispondo de prova escrita sem eficácia de título executivo, é
pertinente o manejo da presente ação, conforme redação dada no art. 700 do CPC/2015.

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar,
com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito
de exigir do devedor capaz:
I - O pagamento de quantia em dinheiro;
II - A entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou
imóvel;
III - O adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

Cumpre-nos ressaltar as lições de Luiz Guilherme Marinonni, o qual, sobre o tema,


salienta:

“O procedimento monitório foi pensado como alternativa para uma


mais tempestiva prestação jurisdicional, podendo ser usado por quem
tem prova escrita, sem eficácia executiva, de obrigação, e pretende
obter soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou infungível ou de
bem móvel ou imóvel ou ainda a prestação de fazer e não fazer. Diante
da petição inicial devidamente acompanhada com a prova escrita, o
juiz deve mandar expedir o mandado de pagamento ou de entrega de
coisa. O devedor, no prazo de quinze dias, poderá cumprir o mandado
– caso em que ficará isento do pagamento de custas e obterá uma
redução no valor dos honorários advocatícios para cinco por cento do
valor da causa (art. 701, e seu § 1º, CPC)-, restar inerte ou apresentar
embargos ao mandado. Não apresentados ou rejeitados os embargos, o
título executivo é constituído”(MARINONI, Luiz Guilherme, Novo
Código de Processo Civil comentado, 3ª Edição, 2017, p.796)”

Neste ato, é perfeitamente viável que Fabriciano, credor da nota promissória, se


utilize da via monitória para recebimento da quantia, pois o título é prova escrita da dívida,
cuja admissão é pacífica diante da redação do enunciado da Súmula nº 504 do STJ.
Súmula nº 504 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória
em face do emitente de nota promissória sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.

Portanto, entende-se que é perfeitamente cabível a presente demanda, pois como já


supracitado, o vencimento da promissória foi dia 25/01/2013 e o Sr. Fabriciano Murta só deu
a entrada do feito, dia 05/01/2017, 4 anos e 20 dias depois, já findado o prazo da eficácia da
execução da promissória e anterior ao prazo de prescrição da propositura da presente ação,
que é de 5 anos, conforme art. 206 § 5, I do Código Civil.

Art. 206. Prescreve:


§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento público ou particular;

Em concordância, ainda temos a Súmula 504 do Superior Tribunal de Justiça, que


corrobora:
“O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia
seguinte ao vencimento do título.”

Vejamos também o entendimento do TJ-MG sobre o tema:


“APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À MONITÓRIA - NOTA
PROMISSÓRIA - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL - TERMO
INICIAL - DIA SUBSEQUENTE AO VENCIMENTO DO
TÍTULO - CONFIGURAÇÃO - Consoante entendimento firmado
pelo STJ, no julgamento do REsp 1.262.056/SP, apreciado sob a
sistemática dos recursos repetitivos, o prazo quinquenal para o
ajuizamento de ação monitória lastreada em nota promissória sem
força executiva deflagra-se no dia subsequente à data de vencimento
registrada na cártula. (TJMG - Apelação Cível Nº
1.0394.14.008511-6/001; Relator (a): Des.(a) Fernando Lins; 18ª
CÂMARA CÍVEL; Julgamento em 26/05/2020; Publicação da
sumula em 03/06/2020).
Assim, a tempestividade da aludida inicial preenche os requisitos exigidos pela
legislação civil, que não se confundirá com a relação cambiária representada pelo título
emitido, pois a promissória foi feita em caráter pro solvendo.

III. DOS PEDIDOS


Ante o exposto, demonstrada a legitimidade do autor, o interesse processual e a
coexistência dos pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo, requer que se
digne Vossa Excelência a:

a) O recebimento da presente ação devidamente instruída com os documentos que


acompanham, determinando-se o registro e autuação;
b) A total procedência da ação para determinar ao Réu o pagamento imediato do valor
estipulado em R$ 280.000,00 (Duzentos e oitenta mil reais) , no prazo de 15 (quinze)
dias para o cumprimento;
c) A inclusão do executado no cadastro de inadimplentes até que seja cumprida a
determinação, nos termos do art. 782, § 3º do CPC;
d) A produção de toda prova admitida em Direito;
e) A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 5%
ao valor atribuído à causa nos termos do Art. 701 do CPC/15;
f) Por fim, a procedência da ação, com o fito de CONSTITUIR, de pleno direito, o
respectivo título judicial da obrigação declinada, convertendo-se o mandado inicial
em mandado executivo, se não realizado o pagamento e não apresentados embargos
pelo réu em conformidade com o artigo 701, § 2º do Código de Processo Civil de
2015.

Dá-se a causa o valor de R$ 280.000,00 (Duzentos e oitenta mil reais)


Termos em que,
Pede deferimento.
São Lourenço/MG, na data da assinatura eletrônica.

xxxxxxxxxx
OAB/CE 021-32

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