Você está na página 1de 5

MM. JUÍZO DA 2ª VARA DA COMARCA DE CAMPO MAIOR.

Processo n°: 0801328-80.2017.8.18.0026

O MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ, já devidamente qualificado


nos autos de AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO AO CARGO PÚBLICO C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS, movida por AURILENE PEREIRA DOS SANTOS, já identificada no processo,
vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar

IMPUGNAÇÃO AOS EMBARGOS DECLARAÇÃO

1. DOS FATOS

Trata-se de Ação de Reintegração ao Cargo Público c/c Pedido de Indenização por


Danos Morais ajuizada pela embargante em face do embargado.

Compulsando os autos, a embargante disse ter sido nomeada para o cargo efetivo de
auxiliar de serviços gerais no município de Nossa Senhora de Nazaré em 01/02/2012, após prévia aprovação
em concurso público. Não obstante, afirma que em 30/11/2012, sem prévio procedimento administrativo
disciplinar, o chefe do executivo municipal exonerou verbalmente a autora e outros servidores municipais.

A embargante, requereu liminarmente a concessão de sua reintegração no cargo público


municipal de auxiliar de serviços gerais para exercer as funções que desempenhava antes da exoneração. No
mérito requer a confirmação da liminar, o pagamento de verbas remuneratórias referentes ao mês de
novembro de 2012 e indenização por danos morais.

Pedido liminar indeferido em decisão ID 668919, sob o argumento de não restar


presente o perigo da demora ante o extensivo lapso temporal decorrido entre a exoneração da autora e o
ajuizamento da ação.

Cumpre salientar que fora realizada audiência de instrução, na qual o Magistrado


ordenou a realização de diligência requerendo a certidão sobre a existência de ação judicial contra o concurso
público realizado pelo Município.

Em seguida, juntou-se petição inicial e sentença proferida nos autos do processo retro,
além disso os autos foram remetidos para o Ministério Público manifestar-se, que suscitou a ocorrência de
prescrição da pretensão autoral.
Desta feita, foram opostos embargos de declaração pela embargante, alegando que o
Douto Julgador fora omisso em sua sentença, no qual extinguiu o presente processo, pelo fato de o objeto da
ação estar prescrito.

Assim, condenando-a efetuar o pagamento de custas, despesas processuais e honorários


advocatícios fixados em 10% do valor da causa, congruente ID 44720494. No caso em tela, a embargante
questiona a respeito de sua exoneração da embargante ter sido quando encontrava-se em estado gravídico.

Por outro lado, claramente fora evidenciado que houve o transcurso do prazo
prescricional para o ajuizamento da ação, uma vez que proposta após mais de 5 (cinco) anos do fim do
vínculo administrativo entre as partes.

Referido vínculo, de acordo com a provas dos autos, se encerrou em outubro/2012, ao


passo que a presente ação foi ajuizada em novembro/2017.

2. DAS RAZÕES DA IMPUGNAÇÃO

As alegações da parte Embargante são desprovidas de qualquer fundamento jurídico,


pois analisando-se os embargos percebe-se que NÃO HOUVE OMISSÃO, OBSCURIDADE E
CONTRADIÇÃO a serem sanadas na decisão impugnada.

O Embargante apenas tenta procrastinar o feito e rediscutir a matéria já analisada, o que


é de total impertinência processual.

O juízo analisou e definiu que:

Sentença

(Omissis...)

Da prescrição

A prescrição, segundo o artigo 189 do código civil, é a extinção da


pretensão (ação judicial para assegurar um direito) pelo tempo. O
texto do mencionado artigo descreve que quando um direito é
violado, nasce uma pretensão, ou seja, o direito de ingressar com
uma ação para assegurar o direito violado.

Essa pretensão é extinta pela prescrição, após a passagem do prazo,


definido em lei. Caso a pessoa não apresente a ação à justiça dentro
do prazo, ela perde a oportunidade de ingressar com a ação judicial.

No caso, nos termos do que dispõe o decreto nº 20.910/1932, é de


cinco anos o prazo de prescrição para exercício de ação contra a
administração pública: "art. 1º as dívidas passivas da união, dos
estados e dos municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação
contra a fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua
natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato
do qual se originarem".

Da prova documental acostada aos autos, se observa que apenas foi


juntado como prova de vínculo final entre a autora e o município réu
o contracheque referente à competência de outubro de 2012 e
contrato de empréstimo consignado celebrado em 17 de agosto de
2012 (id 619961), não constando nenhum documento que demonstra
ter a autora permanecido no cargo até a data que alega na inicial,
fato que poderia ser comprovado mediante apresentação de controle
de jornada. Sequer houve a indicação de tal comprovação na prova
oral produzida em audiência de instrução em id 12543868.

Portanto, claramente se vê que houve o transcurso do prazo


prescricional para o ajuizamento da ação, uma vez que proposta
após mais de 5 (cinco) anos do fim do vínculo administrativo
existente entre as partes. Tal vínculo, de acordo com a prova dos
autos, se encerrou em outubro/2012; ao passo que a presente ação
foi ajuizada em novembro/2017.

Segundo o código de processo civil, haverá resolução de mérito


quando o juiz decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a
ocorrência de decadência ou prescrição.

Neste contexto, a medida aplicável ao caso é a extinção do processo


com resolução do mérito.

Ante do exposto, extingo o presente processo com exame de mérito,


nos termos do 487, inciso ii, do código de processo civil, pois a
pretensão da parte autora resta atingida pela prescrição.

Condeno a parte autora no pagamento de custas, despesas


processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor da
causa (art. 85, parágrafo 2º, do cpc/2015). Todavia, concedo-lhes os
benefícios da justiça gratuita. Assim, as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes
ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa na


distribuição.

A referida sentença fez-se sem omissão, obscuridade ou erro material, pois foi
devidamente embasada no Código Civil e Código de Processo Civil, portanto devidamente CLARA E
FUNDAMENTADA.

Impende notar que, a tese da Embargante não merece prosperar, por que houve a
prescrição conforme previsão legal nos termos do art. 189 do Código Civil.

Essa pretensão é extinta pela prescrição, após a passagem do prazo, definido em lei.
Caso a pessoa não apresente a ação à Justiça dentro do prazo, ela perde a oportunidade de ingressar com a
ação judicial.

No caso, nos termos do que dispõe o Decreto nº 20.910/1932, é de cinco anos o prazo de
prescrição para exercício de ação contra a Administração Pública:

"Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos


Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a
Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua
natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou
fato do qual se originarem".

Restou cristalino o indevido embargo de declaração, operou-se a prescrição para a Ré,


ora Embargante, sobre o tema “exoneração”, com a pretensão de rediscutir a condenação, reafirmando que
houve excesso. Ora, esta discussão é totalmente incabível nos embargos de declaração e mais, mesmo que
cabíveis, não existiu qualquer excesso do magistrado, a lei foi aplicada, em seus justos limites.

O que de fato ocorre, é que a parte embargante, inconformada com a decisão que lhe foi
desfavorável, pretende por esta via rediscutir a decisão, num ato meramente procrastinatório.

É imperioso salientar que, a irresignação da parte embargante deve ser feita através de
recurso especifico, quando cabível, e não por meio dos embargos de declaração.

Conforme entendimento o E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:

“.... O juiz não está obrigado a responder todas as alegações das


partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para fundar
a decisão, nem se obriga a ater-se aos fundamentos indicados por
elas e tampouco a responder um a um todos os seus argumentos”
(rjsp, vol. 104, p 340).”

Os embargos de declaração são cabíveis apenas quando houver na sentença ou no


acórdão, obscuridade, contradição, omissão ou dúvida, conforme previsto no artigo 1022, incisos I, II e III do
Código de Processo Civil: In verbis

Art. 1022. Cabem embargos de declaração contra qualquer


decisão judicial para:

I- esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II- suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se


pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;

III – corrigir erro material.

No caso em tela, pela clareza da sentença entende-se que não houve qualquer omissão,
contradição, obscuridade ou dúvida e os embargos de declaração se revelam meramente procrastinatórios,
criando empecilhos e afrontando a legislação processual vigente, que visa acelerar e facilitar a prestação
jurisdicional.

Requer, portanto, que seja mantida a sentença embargada e que a embargante seja
condenada nas penas de litigância de má-fé, aplicando se o artigo 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil, no
valor de 2% (dois por cento) do valor da causa.

3. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a municipalidade que:

a) que seja mantida a decisão prolatada por este juízo.

b) que o embargante seja condenado por litigância de má fé, no valor


de 2% do valor da causa.
Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

Teresina (PI), 15 de Fevereiro de 2024.

Luís Vitor Sousa Santos Hochanny Fernandes Sampaio


OAB/PI 12.002 OAB/PI 9.130

Você também pode gostar