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PROCESSO Nº XXXXX
EXECUÇÃO
Apelante: XXXX
Apelada: XXXXX
xxx, por sua advogada que esta subscreve, nã o se conformando com a R. Sentença de fls.,
vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO DE APELAÇÃO,
consubstanciado nas razõ es anexas:
Outrossim, requer seja o mesmo recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, a fim de
evitar dano AO CREDOR/APELANTE, intimando-se a parte contrá ria, para, querendo,
apresentar as Contrarrazõ es, remetendo-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça, para
que seja devidamente processado e julgado, com a juntada da anexa custa de preparo e taxa
de remessa e retorno.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Sã o Paulo, XXXXXXX
Cristiane de Assis
OAB/SP nº 121.289
RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: XXXXXXX
APELADA: XXXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL:
COLENDA TURMA:
ÍNCLITOS JULGADORES
Trata-se de Açã o de Execuçã o por quantia certa contra devedor solvente, no qual, apó s o
processo estar suspenso pelo artigo 791, III do CPC, ingressou a executada com “pré-
executividade” arguindo a prescriçã o intercorrente.
O MM. Juiz “a quo” acolheu o pedido de prescriçã o intercorrente, julgando extinto o
processo nos seguintes termos, em seu tó pico final:
“.. Diante do exposto, JULGO O PROCESSO EXTINTO movido por XXX contra YYY, uma vez consumada a prescrição.
Sem sucumbência. Transitada em julgado, remetam-se os autos ao arquivo. Publique-se, registre-se e intime-se...”
Em que pese, o respeito ao culto Magistrado a r. Sentença merece reforma. Senã o,
vejamos:
Acolhe-se o Apelante a esse Egrégio Tribunal para apresentar suas Razões, as quais, sem sombra de dúvidas,
levarão à reforma da r. Sentença prolatada pelo MM. Juiz Monocrático, o qual não agiu com o costumeiro acerto,
deixando de observar uma farta jurisprudência e um incontestável pensamento doutrinário favorável ao Apelante,
além de haver interpretado de forma errônea os acontecimentos e dispositivos legais que regulam a matéria.
DOS FATOS
No caso presente não houve prescrição intercorrente.
Ora, a apelada, numa manobra pouco recomendá vel, requereu o acolhimento da prescriçã o
intercorrente da presente execuçã o, bem como, fosse declarado a nulidade dos cheques
juntados aos autos. Mais adiante, requereu ainda, que fosse desbloqueado o veículo da
apelada, por nã o ter tido “interesse” do credor em levar adiante a presente execuçã o.
Com a afirmaçã o falaciosa da apelada, levou a erro o culto magistrado monocrá tico a
entender que nã o houve diligência por parte do apelante em localizar bens da executada, o
que nã o é verdade, e, portanto acolher a tese da prescriçã o intercoorrente.
Compulsando os autos, verifica-se que o apelante, já de início teve dificuldades em
citar a executada, conforme se denota a fls. X, vindo a citar somente no dia XX e que,
conforme se verifica a fls. XX, a executada omitiu ao Sr. Oficial de Justiça, ao dizer que
não possuía bens para oferecer a penhora.
Nã o contente, ingressou a apelada, pasmen, com embargos à execuçã o sem garantir o Juízo
(documento anexo), no qual, foi julgado improcedente e confirmado pelo V. Acó rdã o de fls.
XXX, que, transitou em julgado.
Pondo uma “pá de cal” nas alegaçõ es da apelada que o apelante nã o teve interesse em
prosseguir com a execuçã o, podemos verificar a fls. XXX que o Sr. Oficial certificou que
os veículos nunca foram vistos na garagem do prédio da apelada.
Também silenciou a apelada que nesse período que o processo esteve arquivado, a patrona
do credor, por diversas vezes entrou em contato com seu antigo patrono, para ver a
possibilidade de compor quanto ao pagamento da divida.
A verdade é uma só . A apelada nunca quis pagar o que efetivamente devia, pois se o
quisesse poderia ter dado em pagamento na época os veículos que possuia. A proposta que
houve verbalmente, para pagamento nã o era nem no mínimo no valor original dos títulos.
DO DIREITO
O instituto da prescriçã o tem seu fundamento na segurança jurídica. Pois bem. Através dele
o legislador buscou evitar uma perpétua incerteza jurídica, e resguardar o interesse de
ordem pú blica em torno da existência e eficá cia dos direitos.
Além disso, existem ainda, condiçõ es elementares que devem ocorrer para que se possa
declarar a prescriçã o, seja ela comum, seja ela a intercorrente. Podemos citar: a inércia do
titular da açã o pelo seu nã o exercício; ausência de causas que influenciem seu curso; etc.
No caso, a prescriçã o intercorrente, é aquela que inicia seu curso apó s a citaçã o, se o
processo ficar paralisado. Essa paralisação, entretanto, não pode ser confundida com a
suspensão.
Conforme se verifica nos autos, o apelante diligenciou para indicar bens à penhora,
conforme se verifica a fls. XXXX, ou seja, nã o pode alegar que houve inércia do credor nos
autos, ao contrá rio, o que se viu foi sempre a executada apresentando teses infundadas,
petiçõ es procrastinató rias, tudo com o objetivo de ganhar tempo.
Além disso, o apelante pediu a suspensão da ação na forma do artigo 791, III do CPC, que
consiste numa situaçã o jurídica provisó ria, durante a qual, o processo nã o deixa de existir,
mas sofre estagnaçã o em seu curso e isso, ocorreu depois que foi iniciado a execuçã o por
nã o terem sido encontrados bens penhorá veis suficientes da devedora.
Assim, os efeitos da suspensão processual, conclui-se que não deve fluir o prazo
prescricional durante a suspensão processual executiva por falta de bens
penhoráveis do devedor, com isso, nã o poderá ser consumada a prescriçã o intercorrente
durante a suspensã o processual.
Tem sido este o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (REsp 5910 3º Turma):
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROCESSO DE EXECUÇÃO. TÍTULO DE CRÉDITO. EXECUÇÃO. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. EXECUÇÃO SUSPENSA. CPC. ART. 791 E 793. IMPOSSIBILIDADE DE FLUÊNCIA DO PRAZO.
PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO.