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O Advogado e as Autoridades

Judiciárias
Abraão Jordão Gregório Mota
ht
Cícero Filho Tavares
Cindy Mariel de Souza Cabral
Elson Martiniano de Lima Filho
Fernanda Cabral Martins
Hudson Andrade Viana
Jair Carlos
Josigley Melo de Oliveira
Pedro Henrique Alves de Carvalho
Renato de Lima Dantas Caldas
Yago Marinho Guedelha
Relação Triangular da Justiça
• Juiz – Órgão do Poder Judiciário - Art. 92, I ao VII, CF/88 e Art. 1º, I ao VIII, LC 35/79
(LOMAN)

• Ministério Público – Função Essencial à Justiça - Art. 127, caput, CF/88 e Art. 1º, caput, Lei nº
8.625/93 (LOMP)

• Advogado – Função Essencial à Justiça – Art. 133, CF/88 e Art. 2º, caput, Lei nº 8.906/94
(Estatuto da OAB)

• Delegado de Polícia* – Segurança Pública – Art. 144, §4º, CF/88


Relação Triangular da Justiça
• “A atividade do Juiz, dos advogados e do Ministério Público obedece ao
princípio dos líquidos em vasos comunicantes: - as virtudes e os defeitos de
um são, na realidade, a repercussão das virtudes e dos defeitos dos outros” –
Alberto Deodato Maia Barreto Filho.
Juiz

Juiz: agente político ou servidor público? (natureza jurídica)


Visão STF (aposentadoria compulsória como penalização?)
Função de freios e contrapesos da atividade jurisdicional
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.(CF 88)
TÍTULO IV, CAPÍTULO III, Do poder judiciário(localização
na CF 88)
Juiz

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal,


disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto,
mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Juiz

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão


públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes,
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;
Juiz
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros;
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial
transitada em julgado;
Juiz

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na


forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts.
37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
Juiz
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
Juiz

V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,


antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração .

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia


administrativa e financeira.
Advocacia
Disciplinamento básico: CF Art. 133/ lei 8.906/94 (Estatuto da advocacia e Ordem
dos advogados do Brasil)
Previsão constitucional (CF/88)
• O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus
atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
Advogado (Lei 8.906/94)
• Formação (habilitação jurídica/ registro na OAB);
• Ministério privado e múnus público (presta serviço público e exerce função social);
• Atividades privativas (postulação judicial, atividades de consultoria, assessoria e
direção jurídicas – art. 1º Lei 8.906/94)
Princípios da advocacia

• Indispensabilidade (o advogado é indispensável à administração da justiça);


• Imunidade (inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei);

Obs: Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e


membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e
respeito recíprocos (art. 6º da EAOAB)
A atividade de advocacia (Lei 8.906/94)
Art. 1º - São atividades privativas de advocacia:
I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
• § 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas
corpus em qualquer instância ou tribunal;
• § 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob a pena de nulidade,
só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por
advogados.
A advocacia – abrangência de atuação

• Advocacia Geral da União (Art. 131) – Representa a União, judicial e


extrajudicialmente;
• Defensoria Pública (Art. 134) – Orientação jurídica e a defesa de todos os
direitos, dos necessitados, na forma do art. 5º LXXIV;
• Advocacia Particular - Quando exercida por profissional liberal mediante
contratação de honorários com o cliente, ou ainda nos casos de advogado
empregado na iniciativa privada.
RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
1. Imparcialidade é garantia do jurisdicionado e decorrência do princípio do
juiz natural.
2. Diferença de Suspeição e Impedimento: existência de dois níveis de
potencial perda de imparcialidade
PROCESSO CIVIL

IMPEDIMENTO:
● Participação do Juiz é vedada. (A lei presume a parcialidade)
SUSPEIÇÃO:
● Teoricamente o risco da parcialidade é menor.
RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
CAUSAS DE IMPEDIMENTO ENVOLVENDO ADVOGADOS -
(CPC/2015)Art. 144: Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas
funções no processo:
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro
do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.


RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
CPC/73 - Não previa o relacionamento do Juiz com o Advogado como causa de
Suspeição:

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:


I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; […]
Obs: Jurisprudência entendia como rol taxativo - não permitia incluir o
advogado

NOVO CPC - Inclusão do Advogado - Art. 145. Há suspeição do juiz:


I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
Suspeição: A atitude ética do Juiz e do Advogado perante as amizades.

A parcialidade do Juiz pode prejudicar inclusive a “parte amiga”.

“[…] pois se o juiz é escrupuloso e possuidor de sólido caráter, tem tanto medo
que a amizade possa inconscientemente induzi-lo a ser parcial em prol do
cliente do amigo, que é naturalmente levado, por reação, a ser injusto contra
ele”.

(Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados, 3ª ed., Lisboa, Clássica, 1960, p. 159 – Piero
Calamandrei).
RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
Suspeição: A atitude ética do Juiz e do Advogado perante as amizades.

Portanto, a atitude ética do Juiz, quando perceber mínimas chances


de ser parcial, seria a de se autodeclarar suspeito (assim como
permite o art. 145 § 1º do CPC).

A do advogado seria a de invocar a suspeição mesmo nas


situações em que o magistrado fosse seu amigo.
(para que assim as partes não corram o risco de serem prejudicadas)
RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
HIPÓTESES TAXATIVAS OU EXEMPLIFICATIVAS ?
CRÍTICAS E DIVERGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS
STJ:
● Impedimento: divergência entre a 2ª e 3ª Turma.
● Suspeição: Rol Taxativo
Crítica: Ambas as situações devem ser interpretadas (assim como
nas legislações modernas) como róis exemplificativos uma vez que a
imparcialidade do juiz é uma garantia constitucional, é obrigatória
uma interpretação sistemática e teleológica das causas de
parcialidade, buscando sua máxima eficiência. (Daniel Amorim)
RELACIONAMENTO DO ADVOGADO COM
O JUIZ: POSSÍVEIS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTO.
PROCESSO PENAL
Impedimento:
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro
grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da
justiça ou perito;
Suspeição:
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
(não faz referência aos Advogados, entretanto, segundo a doutrina e a jurisprudência majoritária,
trata-se de um rol exemplificativo.) (HC 146796 SP)
Prerrogativas do Advogado

• O que são prerrogativas dos advogados?


• Prerrogativas são privilégios?
• Por que os advogados têm prerrogativas?

Estatuto da Advocacia
(Lei nº8906/1994) Artigos 6º e 7º
Prerrogativas do Advogado
• Receber tratamento à altura da dignidade da advocacia. Não há hierarquia nem subordinação entre
advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratarem-se com
consideração e respeito recíprocos.

• Exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional.

• Ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a inviolabilidade de seu


escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência e de suas
comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por
magistrado e acompanhada de representante da OAB.

• Estar frente a frente com o seu cliente, até mesmo quando se tratar de preso incomunicável., sendo
resguardado o sigilo profissional.

• Ter a presença de representante da OAB quando preso em flagrante no efetivo exercício profissional.
Prerrogativas do Advogado
• Ter acesso livre às salas de sessões dos tribunais, inclusive ao espaço reservado aos
magistrados.

• Ter acesso livre nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de
justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da
hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares.

• Ingressar livremente em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição pública ou


outro serviço público em que o advogado deva praticar ato, obter prova ou informação de
que necessite para o exercício de sua profissão.
Prerrogativas do Advogado

• Dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou
outra condição, observando-se a ordem de chegada.

• Sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância
judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido.

• Reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito
de lei, regulamento ou regimento.

• Permanecer, sentado ou em pé, bem como de se retirar, sem necessidade de pedir autorização a quem quer que seja.

• Ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los
pelos prazos legais.
Prerrogativas da Advogada
A Mulher Advogada tem um capítulo específico no art. 7º-A do Estatuto da Advocacia desbravando uma reflexão para o texto quanto às
gestantes, lactantes, adotantes e as mães que dão a luz.

Art. 7o-A. São direitos da advogada:       


I – gestante:       
a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de
metais e aparelhos de raios X;        
b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais
II – lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde
houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades
do bebê;          
III – gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência
na ordem das sustentações orais e das audiências a serem
realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua
condição;       
Prerrogativas da Advogada
IV – adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja
notificação por escrito ao cliente.          

§1º  Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico
ou o período de amamentação.        

§2º  Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou que der à luz serão concedidos pelo
prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). 120 (cento e
vinte) dias.
Ética no Jogo Processual
1. A questão da falta de Ética
- Alexandre de Morais Rosa: Teoria dos Jogos e o Processo Penal.

- Processo = Jogo / Guerra.


Ética = Fair Play.
Advogados e Magistrados devem jogar
limpo sob pena de sujarem sua reputação
Acolhendo ou não a teoria dos jogos, teremos que lidar com o jogo sujo e as
diversas modalidades de doping (jogo sujo). Responda-me, caro leitor, se nunca
conheceu jogadores de acusação ou julgadores em que a recompensa é a
crueldade e penas altas, custe o que custar, diante de suas recompensas pessoais
(por exemplo: acreditam que o crime deve receber resposta fura, forte, e
imediata, assumindo os riscos de que um inocente possa ser condenado?).
Nunca enfrentou defensores que manipulam e fraudam provas? Caso tenha
conhecido ou enfrentado, por mais que possamos discutir a moralidade ou a
ética das recompensas eleitas no jogo processual da vida real, levar em
consideração essa informação será ou não relevante na eleição das táticas e
Advogados e Magistrados devem jogar
limpo sob pena de sujarem sua reputação
esratégias possíveis? Aceitar, deste modo, que as recompensas guiam as ações
dos agentes processuais é uma maneira de enfrentar mais realisticamente o jogo
processual em que, para muitos, vencer para além do Fair Play, justifica-se. As
recompensas pode estar contaminadas por um ódio que não se satisfaz com a
vitória, porque deseja o derramamento de sangue. Para alguns
acusadores/defensores, em nome da vitória, não há limites. Reconhecer essa
possibilidade é um ganho estratégico.
Juiz garantidor das regras do jogo
1. Juiz estar para impor/promover a paz

2. Função do Código de Ética da Magistratura Nacional


Imparcialidade e Transparência.
Integridade Pessoal e Profissional.
Diligência e Dedicação.
Conhecimento e Capacitação.
Cortesia e Prudência.
Dignidade, Honra e Decoro.
Excessos no Exercício da Advocacia
Constituição Federal de 1988:
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Estatuto da Advocacia – Lei nº 8.906/94:


Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.
[...]
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações,
nos limites desta lei.
Excessos no Exercício da Advocacia
Estatuto da Advocacia – Lei nº 8.906/94:

Art. 7º, § 2º: “O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria,
difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de
sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a
OAB, pelos excessos que cometer.” (Vide ADIN 1.127-8)
Excessos no Exercício da Advocacia
Posicionamento do Superior Tribunal de Justiça

Segundo o STJ, a imunidade profissional do advogado não possui caráter absoluto,


uma vez que não autoriza a ofensa gratuita entre as partes envolvidas no processo.
(REsp 919.656/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 04/11/2010, DJe 12/11/2010)

Tal imunidade não alcança os excessos desnecessários ao debate da causa, contra a


honra de pessoas envolvidas no processo, seja em relação à parte contrária, a uma
testemunha ou mesmo ao juiz.
Excessos no Exercício da Advocacia
Representação de Advogados contra Juízes

Ao exercer o direito de oferecimento de representação contra Juiz, deve o Advogado,


em sua petição, fazê-lo dentro dos limites objetivos dos fatos e em observância à
finalidade para a qual se presta o órgão de controle, sendo vedado ao representante
extrapolar no exercício de seu direito, sob pena de violação ao patrimônio subjetivo de
terceiros.

O excesso configura conduta ilícita, prevista no artigo 187 do Código Civil e enseja
reparação.
Excessos no Exercício da Advocacia
Precedente Judicial de Ação de Reparação Civil por Excesso no Direito de
Representação Contra Juiz (Acórdão do TJ/RS)
“Caso concreto em que o réu excedeu-se ao defender seus interesses (advogado em
causa própria), pois apresentou reclamação junto à Corregedoria Nacional de Justiça e
arguiu exceção de suspeição aduzindo acusação de parcialidade ao magistrado que
estaria favorecendo abertamente seu ex-procurador, pois Desembargador aposentado.
Conduta do profissional da advocacia que, indubitavelmente, pôs em xeque a
seriedade, a reputação e a idoneidade do magistrado. Evidenciados, portanto, o ato
ilícito do réu, o dano à moral do autor e o nexo causal entre eles, presente o dever de
indenizar.”
Excessos no Exercício da Advocacia
Precedente Judicial de Ação de Reparação Civil por Excesso no Direito de
Representação Contra Juiz (Acórdão do TJ/RS)
“O advogado, no exercício de sua profissão, indispensável à administração da justiça,
goza de imunidade quanto a suas manifestações em juízo ou fora dele (arts. 133 da CF
e 7º, § 2º, do EOAB). Isso, no entanto, não afasta a sua responsabilização quando
cometa excessos, sendo caso de incidência do disposto no art. 187 do CC.”
“Caso em que o autor [Juiz] não contribuiu para o agir excessivo do réu [Advogado]
que o atacou no que há de mais precioso para um magistrado – a sua imparcialidade.”
(TJ-RS - AC: 70073403768 RS, Relator: Carlos Eduardo Richinitti, Data de Julgamento:
13/09/2017, Nona Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 15/09/2017)
A DISCIPLINA ÉTICA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO
AMPARO NORMATIVO:
Lei nº 8.625 de 1993 - Lei Orgânica do Ministério Público
Portaria nº 98 de 2017 - Código de Ética e de Conduta do Ministério Público
Lei Orgânica do Ministério Público
Art. 43. Dos Deveres e Vedações dos Membros do Ministério Público
IX - Tratar com urbanidade as partes, funcionários e auxiliares de
justiça
•“Não há lugar no foro para as iras, ódios, prevenções e vinganças. A Justiça
não se desenvolve pela rudeza nem pelos ressentimentos. Controvérsia não é
sinônimo de rixa pessoal. Ela se desenvolve na inteligência e na cultura e não
no campo de batalha. Busca-se a Justiça, que responde aos mais elevados
anseios da alma humana. As atitudes hão de condizer com a majestade da
Corte.” (FILHO, p. 265, 1975).
Lei Orgânica do Ministério Público
O Ministério Público e a Urbanidade na Ação Penal Pública
Lei Orgânica do Ministério Público
XII - Atender aos interessados, a qualquer momento, nos casos urgentes

Resolução nº 88 de 2012 do Conselho Nacional do Ministério Público


Código de Ética - Portaria nº 98 de 2017
Instituído após os Acórdãos nº 1956/2016 - TCU - 1ª Câmara e nº 7893/2016 - TCU -
2ª Câmara, emanados pelo Tribunal de Contas da União, os quais recomendam,
respectivamente, ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios a elaboração e instituição formal de um Código de Ética. A elaboração do Código
ocorreu a partir de uma necessidade da Instituição de disciplina neste sentido, quando já há
algum tempo a magistratura e os Advogados já possuíam a sua legislação.
Código de Ética nº 98 de 2017
Disciplina o Ministério Público da União - composto por Ministério Público
Federal, Ministério Público Militar, Ministério Público dos Estados e Distrito
Federal e Ministério Público do Trabalho, e a Escola Superior do MPU Vincula
servidores e colaboradores do MPU
DOS PRINCÍPIOS E VALORES
Art. 3º - Os princípios e valores fundamentais deste código são:
IV - Lisura: valor que vai além do cumprimento da estrita legalidade dos atos,
na medida em que abarca valores éticos e morais;
V - Transparência: objetiva corroborar a divulgação de informações, tanto
entre suas unidades quanto para a sociedade, visando à promoção do
desenvolvimento de cultura interna de intercâmbio de informações para
fortalecimento da atuação institucional e do controle social, ressalvados os
casos de sigilo legalmente previstos;
DOS PRINCÍPIOS E VALORES
O Ministério Público e a sua relação com a Mídia
Transparência: dispor de dados institucionais como orçamento anual,
execução orçamentária e financeira, licitação, instrumentos contratuais
congêneres, gestão de pessoas e relatórios de gestão fiscal da Lei da
Responsabilidade fiscal;

Publicidade: Desnecessidade de dar publicidade a atos em procedimentos


investigativos; Prejuízo à parte.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS

Fonte: Jusbrasil
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS
•A Lei prevê que o tratamento deve ser de igual para igual, os advogados (na
grande maioria) principalmente no começo da carreira, não tem tanta coragem
para combaterem ou se manifestarem na própria audiência.

•O artigo 6º da Lei nº 8.906/94 determina a inexistência de hierarquia e


subordinação entre advogados, magistrados e promotores de justiça.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS
•Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e
membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e
respeito recíprocos.
•Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da
justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento
compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu
desempenho.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS
•Entretanto, apesar do que revela a norma, o cotidiano laboral enfrentado pelos
profissionais da advocacia é bem distinto. Tudo que existe é uma notável
discrepância no tocante ao tratamento destinado a cada classe profissional
apontada.
•Preceitos da dignidade da justiça - Comissão de Prerrogativa da OAB
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO I
•Advogada Sabrina Milane Veras Campos é patrona de uma das partes em AÇÃO DE
GUARDA que tramita na 2ª Vara de Família de Fortaleza/CE sob o nº
0171752-05.2017.8.06.0001, o qual tinha como objetivo a guarda de duas crianças, pleiteada
pelo pai.

•Ela peticionou tutela de urgência desde em 22.11.2017, tendo buscado contato, por reiteradas
vezes, com o juiz titular da 2ª Vara de Família da Comarca de Fortaleza/CE, Dr. Joaquim Solón
Mota Júnior, para explicar a urgência da situação e pleitear celeridade no caso.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO I
•Ocorre que neste ínterim, uma das crianças, que sofria sérios problemas de saúde, veio a óbito, tendo
como causa: “asfixia por alimentos”, não havendo relação com a doença preexistente, conforme Laudo do
IML sob nº 718906/2017, Livro 1122, pagina 99, em anexo, motivo este que, conforme relatou a advogada,
justificava a urgência pleiteada e a necessidade em falar com o magistrado para despachar o pedido.

•Diante do Parecer do Ministério Público, desta vez favorável, a Juíza da 3ª Vara de


Família/CE, em respondência pela 2ª Vara de Família de Fortaleza/CE, reconhecendo
a urgência do caso, no dia 13.12.2017, deferiu o pedido de tutela de urgência,
concedendo a guarda da outra criança ao pai, atendendo ao pleito de urgência da
advogada protocolado desde o dia 22.11.2017.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO I
•Realizado o pregão, a procuradora SABRINA VERAS tentou, de forma preliminar, expor os fatos
referentes à morte de uma das crianças, momento em que fora abruptamente interrompida pelo
magistrado, que teria dito para advogada se calar, acusando-a de ter alardeado pelo fórum que a
equipe da 2ª Vara de Família seria a responsável pela morte das crianças, afirmando ainda que
após a audiência conversaria com a advogada sobre este assunto.
•Diante daquela situação, a advogada narrou ter tido receio do que poderia vir a sofrer, razão pela qual
passou a gravar a audiência, nas quais ocorreram fatos que a procuradora não comentou em respeito ao
sigilo profissional.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO II
•Audiência termina em agressões entre advogado e promotor em MG
•Caso foi em Uberlândia nesta quinta-feira (4).
Advogado disse que foi agredido; promotor relatou agressões mútuas.
•Um desentendimento entre o promotor de Justiça Áureo Barbosa Filho e o advogado
Leonardo Ferreira Nunes durante uma audiência no Juizado Especial de Pequenas Causas, em
Uberlândia, resultou em agressão física, segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar
(PM).
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO II
•Na manhã desta quinta-feira (4), o promotor de justiça deu um soco no rosto do
advogado após divergência em relação a um acordo de transação penal imposto a três
réus. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que as providências estão sendo
tomadas.
•Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, na audiência, não houve acordo entre o
advogado e o estagiário do promotor. O promotor foi chamado até a sala de audiência e se
desentendeu com o advogado.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO II
•Versões
•O advogado Leonardo Ferreira Nunes relatou aos policiais que Áureo Barbosa Filho estava nervoso,
agressivo e o insultou quando chegou ao local. Em seguida, o promotor rasgou e derrubou a pasta de
arquivo de Nunes, que, ao tentar sair da sala, levou um soco no rosto e chutes na perna.
•Segundo Áureo Barbosa Filho, em versão registrada no boletim de ocorrências, o advogado o insultou
e, durante a discussão, os dois teriam se agredido. O promotor também relatou que essa foi a segunda
vez que o advogado se comporta dessa maneira.
•Após a confusão, o promotor foi retirado do local pelos seguranças e pelo juiz de direito, que finalizou a
audiência. A pasta rasgada foi encaminhada para a Delegacia de Plantão.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO II

•O promotor confirmou à produção do MGTV que houve a confusão e que os dois envolvidos se
agrediram. Ele disse, também, que os dois passaram por exames de corpo de delito. O G1 entrou em
contato com advogado Leonardo Ferreira Nunes, que confirmou a versão apresentada à PM e disse que a
OAB tomará as medidas cabíveis.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO II
•OAB e Procuradoria-Geral de Justiça
•A presidente da OAB, doutora Ângela Parreira de Oliveira Botelho, e o conselheiro seccional doutor
Robison Divino Alves, estiveram no local dos fatos. Por meio de nota, a entidade ressaltou que entre as
instituições de classe deve haver respeito recíproco e tratou a confusão como um caso isolado.
•Foi dito, também, que providências já estão sendo tomadas, em defesa da prerrogativa do advogado.
•A Procuradoria-Geral de Justiça informou que ainda não recebeu os documentos relativos à ocorrência.
Assim que os receber, tomará as providências cabíveis.
•Fonte: g1.globo.com/minas
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO III
•CNJ dá pena máxima a seis entre cada dez juízes que pune: a aposentadoria forçada.
Nenhum foi exonerado
•Criado em 2005 como órgão de controle da atuação administrativa e financeira do
Judiciário, bem como do cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados, o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) puniu ao menos 100 juízes e desembargadores por
atos ilegais praticados durante o exercício da magistratura. As irregularidades
constatadas vão desde a venda de sentenças judiciais até a negligência na condução de
processos, entre outras violações ao Código de Ética da Magistratura.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO III
•Em 13 anos, seis em cada dez juízes (62%) foram punidos com a pena
máxima, a aposentadoria compulsória, que nada mais é do que se aposentar
antes de cumprir o tempo de serviço, com os devidos rendimentos assegurados
de forma vitalícia e integral. Além dos 62 aposentados, 6 receberam
advertência, 14 foram censurados, 6 sofreram remoção compulsória e 12
foram postos em disponibilidade. Os dados foram repassados pelo próprio
CNJ ao Congresso em Foco.
CASOS NOTICIADOS SOBRE DESAVENÇAS
ENTRE ADVOGADOS E AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS - CASO PRÁTICO III
•Não houve registro de exoneração nos cem processos. O quadro mostra
que as penalidades aplicadas nem de longe se assemelham às sanções sofridas
por um servidor público ou funcionário de empresa privada, por exemplo, que
pratica ato ilegal no ambiente de trabalho ou em função do cargo exercido.
•Fonte: Congressoemfoco.uol.com.br
Referências
• ALENCAR, Telsírio. OAB pede CNJ pena máxima a juiz que chamou advogada de
‘desqualificada. Disponível em:
<https://www.pautajudicial.com.br/noticia/oab-pede-cnj-pena-maxima-a-juiz-que-chamou-advogada-
de-desqualificada.html>. Acesso em: 06 Abr. 2019.

• Audiência termina em agressões entre advogado e promotor em MG Disponível em:


<http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2016/02/audiencia-termina-em-agress
oes-entre-advogado-e-promotor-em-mg.html>. Acesso em: 07 Abr. 2019

• BARRETO FILHO, Alberto Deodato Maia. Relações entre advogado, magistrado e membros do
ministério público. Disponível em: <
https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/view/871/814>. Acesso em: 05 Abr.
2019.

Referências
• CONSELHO SECCIONAL DA OAB/CE. Pedido de Desagravo Público Nº 42332018.
Disponível em:
<http://oabce.org.br/wp-content/uploads/2018/03/Relat%C3%B3rio-Voto-e-Ac%C3%B3rd%C3%
A3o_-Sabrina-Veras.pdf. Acesso em: 05 Abr. 2019.

• CNJ dá pena máxima a seis entre cada dez juízes que pune: a aposentadoria forçada. Nenhum foi
exonerado. Disponível em:
<https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/noticiascnj-%E2%80%9Cpuniu%E2%80%9
D-com-aposentadoria-62-dos-cem-juizes-processados-em-13-anos-do-orgao/>. Acesso em: 07 Abr.
2019

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