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ÉTICA PROFISSIONAL

Profº Rafael de Almeida Pujol


Da atividade da advocacia – art. 1 a 5
“É considerado pelo Regulamento Geral como efetivo exercício da atividade da
advocacia a participação mínima anual em cinco atos privativos ao advogado,
previstos no art. 1o do Estatuto da Advocacia e da OAB e no Provimento no
66/1988 do Conselho Federal da OAB, sendo que a sua comprovação é feita por
meio de certidão expedida por cartório ou secretaria judicial, cópia autenticada dos
atos ou certidão expedida no órgão público no qual o advogado exerça suas
funções”
EAOAB comentado
Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
I - a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais;

(§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de


habeas corpus em qualquer instância ou tribunal)

Juizados - ADI 1127/DF – “I – O advogado é indispensável à


administração da Justiça. Sua presença, contudo, pode ser dispensada
em certos atos Jurisdicionais”

CLT - Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar


pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas
reclamações até o final.
II - as atividades de consultoria, assessoria e
direção jurídicas.

Advocacia preventiva e consultiva – atos que busquem evitar o


litígio; orientar o cliente; auxiliar na negociação etc.

A assessoria jurídica (...) se perfaz auxiliando quem deve tomar


decisões. (...) Direção jurídica tem o significado de administrar,
gerir, coordenar, definir diretrizes de serviços jurídicos. (...)
LOBO apud EAOAB comentado
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob
pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos
órgãos competentes, quando visados por advogados.
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com
outra atividade.

• Visados por advogados = assinados; porém, obviamente, este assume


a responsabilidade pelo conteúdo.

• CED – art. 40 (...) sendo vedados: IV - a divulgação de serviços de


advocacia juntamente com a de outras atividades ou a indicação de
vínculos entre uns e outras;
Art. 3. § 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito,
pode praticar os atos previstos no art. 1º, na forma do
regimento geral, em conjunto com advogado e sob
responsabilidade deste.

Regulamento geral:

Art. 29. Os atos de advocacia, previstos no art. 1º do Estatuto, podem ser subscritos por
estagiário inscrito na OAB, em conjunto com o advogado ou o defensor público.
§ 1º O estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguintes atos, sob a
responsabilidade do advogado:
I – retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga;
II – obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de
processos em curso ou findos;
III – assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos.
§ 2º Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer isoladamente,
quando receber autorização ou substabelecimento do advogado.
Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo
prova do mandato.
§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem
procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze
dias, prorrogável por igual período.

Dispensa de prova de mandato: Autarquias, defensores e advogados


públicos – capacidade postulatória decorre da investidura no cargo.
Art. 5. § 2º A procuração para o foro em geral habilita o
advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo
ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.

Poderes especiais

CPC - Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento
público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar
todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer
a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o
qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar
declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de
cláusula específica.
Das Incompatibilidades e Impedimentos art. 27
a 30 EAOAB

02 motivações legislativas: II – Proteção da própria advocacia:


proteger a igualdade de oportunidades
I – Interesse Público: evitar a profissionais
confusão ou mistura de interesses
pela quebra da regularidade,
imparcialidade e generalidade de
serviços públicos
Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o
impedimento, a proibição parcial do exercício da advocacia.

Incompatibilidades Impedimentos
é total e absoluta, iniciando na não afetam a inscrição na OAB;
data da assunção do cargo ou tampouco a condição de
função advogado, apenas impõem
- Descumprimento: exercício restrições ou limitações ao
irregular da profissão exercício da advocacia
(contravenção penal, art. 47, DL
3.688/41)
ANOTAÇÃO

É dever do advogado comunicar à seccional a assunção de cargo


ou função incompatível ou impeditiva.

E se não comunicar?

Art. 34. Constitui infração disciplinar:


I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar,
por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos
ou impedidos;
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as
seguintes atividades:
I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo
e seus substitutos legais
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos
tribunais e conselhos de contas (...)
III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da
Administração Pública direta ou indireta (e concessionárias) (...)
V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente
a atividade policial de qualquer natureza;
VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições
financeiras, inclusive privadas.
Exceção – inc. III – não ter poder de decisão sobre 3ºs; magistério
jurídico.
REGRA GERAL

incompatibilidade a todos
que tenham poder de
decisão sobre interesses e
patrimônio de terceiros
Executivo Legislativo Judiciário

deve requerer o àqueles que todos; exceção:


licenciamento exercem a Juízes eleitorais
enquanto durar o administração das
mandato; Casas
Legislativas e
seus vices;
MAGISTRATURA – “QUARENTENA”

CRFB/1988

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


• Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
• V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração.
AUXILIARES NOS JUIZADOS ESPECIAIS

EMENTA N. 021/2013/COP. Os Juízes Leigos, escolhidos dentre


advogados, ficam apenas impedidos de exercer a advocacia nos Juizados
Especiais, na forma prevista nas Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009 e no
art. 30, I, da Lei 8.906/94. Caso os Conciliadores sejam também
escolhidos dentre advogados, caberá a mesma regra aplicável aos Juízes
Leigos, ou seja, serão eles apenas impedidos para o exercício da
advocacia nos Juizados Especiais (Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009) e
na forma do art. 30, I, da Lei n. 8.906/94. (Consulta 49.0000.2012.000359-
7 – Conselho Pleno CF OAB)
Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais,
Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da
Administração Pública direta, indireta e fundacional são
exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia
vinculada à função que exerçam, durante o período da
investidura.

“O objetivo da restrição é inequívoco, qual seja, coibir que o advogado em


exercício de tão importante múnus público e inevitavelmente ciente e
envolvido com os interesses do ente e da coisa pública, possa fazer uso
dessa situação privilegiada para captar clientela, em prejuízo do
interesse público e da advocacia.” EAOAB comentado
Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:
I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional
contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja
vinculada a entidade empregadora (Exceção – Docentes de
cursos jurídicos)
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis
(...) contra o Estado e prestadores de serviço ao Estado

• Diminuição do âmbito de atuação profissional


• Justificativa - dever de agir sempre em interesse da administração
pública a que se vinculam;
Quem trabalha na Administração Indireta também fica
impedido contra a Administração Direta?

EXERCÍCIO PROFISSIONAL - FUNCIONÁRIO DE SOCIEDADE DE ECONOMIA


MISTA - REGIME DA CLT - IMPEDIMENTO PARA ADVOGAR CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA A QUE SE VINCULA A ENTIDADE QUE O REMUNERA. Nos termos do
inciso I do art. 30 da Lei nº 8.906/94, são impedidos de exercer a advocacia os
servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública
que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. O conceito de
Fazenda Pública não se limita apenas à União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, mas também se aplica aos órgãos pertencentes à Administração Pública
Direta como os Ministérios, Secretarias e também aos órgãos da Administração
Indireta, como as Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas, Sociedades
de Economia Mista, Estatais e afins. Ainda que esteja submetido ao regime da
CLT, o funcionário de sociedade de economia mista mantém vínculo de
emprego com a Administração Pública e, dessa forma, está impedido de exercer
a advocacia contra a Fazenda Pública a que se vincula aquela entidade. Proc. E-
5.002/2018 - v.u., em 26/04/2018, do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO TEIXEIRA
OZI, Rev. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI - Presidente Dr. PEDRO PAULO WENDEL
GASPARINI.
MEMBROS DO PODER LEGISLATIVO

Agentes políticos dotados


de mandato decorrente de
escolha popular através de
sufrágio: Senadores, Deputados
Federais e estaduais e Vereadores,
aos quais há impedimento para
advogar contra a administração
pública por inteiro.
Referências

BRASIL. Lei 8.906 de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB). D.O.U de 5 de julho de 1994.

OAB. Resolução n. 02 de 2015. Aprova o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil –
OAB. Brasília: 19 de outubro de 2015.

PIOVEZAN, Giovani Cassio. Estatuto da advocacia e da OAB comentado. Curitiba: OABPR, 2015. 481 p.

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