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Curso: Reta Final TRF 3ª Região SP/MS

Prof. Leandro Leão Disciplina: Direito


@leandrocleao Processual Civil

AULA 01

TEORIA GERAL DO PROCESSO

LIDE à AÇÃO à JURISDIÇÃO à PROCESSO à PROVIMENTO JURISDICIONAL

1) LIDE: é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.


Duas ou mais pessoas disputam o mesmo bem jurídico.

2) JURISDIÇÃO

É a função do Estado-Juiz no intuito de solucionar conflitos, aplicando o direito ao caso concreto,


segundo a vontade da Lei

3) AÇÃO
É o meio utilizado para provocar a jurisdição, com objetivo de obter a tutela jurisdicional.
3.1) Natureza Jurídica
DIREITO SUBJETIVO PÚBLICO, exercido contra o Estado.
3.2) Condições da Ação

L egitimidade
I nteresse processual:
P ossibildiade jurídica do pedido:

i) LEGITIMIDADE:
à REGRA: LEGITIMIDADE Ordinária: Pleitear em nome próprio, direito próprio.
Art. 6º CPC: Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
à EXCEÇÃO: LEGITIMIDADE Extraordinária ou Substituição processual: Pleitear em nome próprio,
direito alheio. Deve ter expressa autorização legal.

ii) INTERESSE PROCSSUAL: surge diante do binômio: necessidade x adequação.

iii) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: É preciso que a pretensão formulada em juízo não
afronte o ordenamento jurídico.

ATENÇÃO: FALTA DE ALGUMA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO ACARRETA NA CARÊNCIA DE AÇÃO

4) PROCESSO e PROVIMENTO JURISDICIONAL


O processo é o instrumento da jurisdição, ou seja, é através do processo que o Judiciário dará a
resposta solicitada, que é o provimento jurisdicional.

O PROCESSO

1) ELEMENTOS DO PROCESSO
O processo é composto por elementos subjetivos (sujeitos) e por elementos objetivos.
A) SUBJETIVOS:
- Partes (autor e réu)
- Órgão Jurisdicional (Juiz e Auxiliares da jurisdição)
- Ministério Público (atuação arts. 81 e 82 CPC.)
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2) SUJEITOS DO PROCESSO
a) Partes e seus procuradores;
b) Ministério Público;
c) Juiz e seus auxiliares.

2.1) PARTES
a) Capacidade de ser parte: o indivíduo é titular de direitos e obrigações e, portanto, está legitimado
para defesa dos interesses em juízo.

b) Capacidade processual: é a aptidão para a estar em juízo (Art. 7º CPC).


Art. 7º Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo.
Art. 8º Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei
civil.
Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre
direitos reais imobiliários.

c) Capacidade postulatória: é a habilidade necessária para se dirigir ao magistrado (juiz). Em regra


será conferida ao advogado.
Exceções:
a) Impetrar habeas corpus;
b) Ações do JEC – Juizado Especial Cível quando o valor não exceder 20 salários mínimos;
c) Reclamações Trabalhistas

à FORMA DE ATUAÇÃO DO ADVOGADO: PROCURAÇÃO


Art. 36 do CPC: A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no
entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de
advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em
nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para
praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a
exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho
do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado
por despesas e perdas e danos.
Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte,
habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber,
dar quitação e firmar compromisso.
Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade
Certificadora credenciada, na forma da lei específica."

ATENÇÃO: Deveres das partes e procuradores (arts. 14 e 15 CPC)

Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade
II - proceder com lealdade e boa-fé
III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento
V - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.
V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de
natureza antecipatória ou final.
Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo,
cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las.

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Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as
use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra.

à CONSEQUÊNCIA PARA A VIOLAÇÃO DOS DEVERES

Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente.
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
Vl - provocar incidentes manifestamente infundados
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o
valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que
efetuou.
o
§ 1 Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou
solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
o
§ 2 O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou
liquidado por arbitramento.

2.2) DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

à Atuação (arts. 81 e 82 CPC)


a) PARTE: o membro do Ministério Público tem capacidade postulatória, e pode propor ações no
âmbito de suas atribuições:
- Ações que envolvam direito coletivo: ação civil pública para proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
- Ações que envolvam direito individual: ação de investigação de paternidade (Lei 8.560/92); nulidade
de casamento (art. 1.549 CC); extinção de fundação (art. 69 CC); nulidade de ato simulado em
prejuízo de norma de ordem pública (art. 168 CC) e suspensão e destituição do poder familiar (art.
1.637 CC)

b) FISCAL DA LEI ou custos legis:


- Quando houver interesse de incapazes;
- Nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição,
casamento, declaração de ausência e disposição de última vontade;
- Nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há
interesse público, evidenciado pela natureza da lide ou pela qualidade da parte.
LEITURA RECOMENDADA
TÍTULO III
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus
que às partes.
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e
disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela
natureza da lide ou qualidade da parte. (Redação dada pela Lei nº 9.415, de 23.12.1996)
Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;
II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da
verdade.
Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade
do processo.
Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude.

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2.3) DO JUIZ
O juiz tem a função de exercer a atividade Jurisdicional do Estado: condução dos processos,
pugnando pela administração da Justiça e aplicação do direito ao caso concreto.

à Poderes e Deveres do juiz: Art. 125 e 130 do CPC traz algumas funções:

Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do
processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Pode acontecer do juiz não ser imparcial, caso tenha algum vínculo com os litigantes, advogados ou
contenham próprios interesses em determinada demanda.

IMPEDIMENTO (art. 134 CPC)


Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério
Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,
consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o
terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
o
Parágrafo único. No caso do n IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o
patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
SUSPEIÇÃO: (art. 135 CPC)
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou
na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

2.4) DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA


Os auxiliares da justiça são funcionário, servidores públicos que, no exercício de suas
funções, atendem às determinações do juiz, dando sequência a atos de vital importância
para o desenvolvimento do processo e para a garantia da infra-estrutura necessária ao
exercício da jurisdição.
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de
organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
à DO SERVENTUÁRIO E DO OFICIAL DE JUSTIÇA
Art. 140. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições são determinadas pelas normas
de organização judiciária.

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A) ESCRIVÃO:
à FUNÇÕES:
Art. 141. Incumbe ao escrivão:
I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício;
II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticando todos os demais
atos, que Ihe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escrevente juramentado, de
preferência datilógrafo ou taquígrafo;
IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório, exceto:
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo;
V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado o
disposto no art. 155.

OBS.: Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substituto, e, não o havendo, nomeará
pessoa idônea para o ato
B) OFICIAL DE JUSTIÇA:
à FUNÇÕES
Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências próprias do seu ofício,
certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível,
realizar-se-á na presença de duas testemunhas;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido;
IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da ordem.
V - efetuar avaliações.
OBS.: RESPONSABILIDADES
Art. 144. O escrivão e o oficial de justiça são civilmente responsáveis:
I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir, dentro do prazo, os atos que Ihes impõe a lei, ou os que
o juiz, a que estão subordinados, Ihes comete;
II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
C) PERITO
É o auxiliar do juiz responsável por esclarecer situações fáticas que dependam de conhecimentos
técnicos específicos.
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por
perito, segundo o disposto no art. 421.
§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de
classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270,
de 10.12.1984)
§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do
órgão profissional em que estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
§ 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos
anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua
diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do
impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423). (Redação dada
pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que
causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a
lei penal estabelecer.

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