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É uma essência do princípio do devido processo legal. Consiste no direito do réu de ser ouvido
e na proibição de que haja decisão sem que se tenha ouvido os interessados;
Considerações doutrinárias:
Ada Pellegrini Grinover: [...] com inteira razão, traz subsídios importantes, especialmente sobre
o “contraditório” como condição de validade das provas”, enfatizando, nesse particular e para
esse fim, a necessidade da presença das partes e do juiz quando da coleta de provas.
Bastos: O contraditório é, pois, a exteriorização da própria defesa. A todo ato produzido caberá
igual direito da outra parte de opor-lhe ou de dar-lhe a versão que lhe convenha, ou ainda de
fornecer uma interpretação jurídica diversa daquela feita pelo autor. Daí o caráter dialético do
processo, que caminha através de contradições a serem finalmente superadas pela atividade
sintetizadora do juiz.
Celso Ribeiro Bastos: diz que, com esse dispositivo, a Constituição assegura aos litigantes,
indiciados, ou acusados, “condições que lhe[s] possibilitem trazer para o processo todos os
elementos tendentes a esclarecer a verdade”
Bulos: diz que se trata do princípio constitucional “que fornece aos acusados em geral o amparo
necessário para que levem ao processo (...) os argumentos necessários para esclarecer a
verdade, ou, se for o caso, faculta-lhes calar-se, não produzindo provas contra si mesmos”.
Fernando Capez: Implica o dever de o Estado proporcionar a todo acusado a mais completa
defesa, seja pessoal (autodefesa), seja técnica (efetuada por defensor), e o de prestar assistência
jurídica integral e gratuita aos necessitados (CF, art. 5º, LXXIV). Desse princípio também decorre
a obrigatoriedade de se observar a ordem natural do processo, de modo que a defesa se
manifeste sem em último lugar. Assim, qualquer que seja a situação que dê ensejo a que, no
processo penal, o Ministério Publico se manifeste depois da defesa (salvo, é obvio nas hipóteses
de contrarrazões de recurso, de sustentação oral ou de manifestação dos procuradores de
justiça, em segunda instância), obriga sempre, seja aberta vista dos autos à defensoria do
acusado, para que possa exercer seu direito de defesa na amplitude que a lei consagra. O pacto
internacional de Direitos Civis e Políticos, em seu art. 14, 3, d, assegura a toda pessoa acusada
de infração penal o direito de se defender pessoalmente por meio de um defensor constituído
ou nomeado peça Justiça, quando lhe faltarem recursos suficientes área contratar algum.
Bulos: insere-se no conteúdo “do princípio constitucional da ampla defesa a chamada defesa
técnica – aquela exercida pela atuação profissional de um advogado”, a qual, segundo ele, “Além
de ser um direito, (...) é, também, uma garantia, porque tem por escopo atingir uma solução
justa”.
Fundamentos:
Contraditório – art. 5º, inc. LV
Jurisprudência
Não observância dos princípios do Contraditório e Ampla Defesa
ACESSO: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-rs/1231670251/inteiro-teor-
1231670535
Fatos: O relatório refere-se a uma denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Jonas
Manuel Santos Mattos por crimes como roubo, corrupção de menor e posse de drogas. No
primeiro fato, ele roubou dinheiro, objetos e ameaçou a vítima com um simulacro de arma de
fogo. No segundo fato, corrompeu ou facilitou a corrupção de um menor de idade. E no terceiro
fato, foi encontrado com drogas em sua casa sem autorização legal.
Defesa: A defesa do réu apelou em seu favor, levantando a nulidade do processo a partir da
decisão de fl. 213. A defesa alega que o juiz acolheu o pedido do Ministério Público para juntar
depoimentos sem ouvir a Defensoria Pública. A defesa pede a anulação do processo a partir
dessa decisão, além da reabertura da instrução criminal. Quanto ao mérito, a defesa afirma que
não há suporte probatório para a condenação do réu, pedindo sua absolvição. A Procuradoria
de Justiça defende o desprovimento do recurso.
Decisão: O relator, Des. José Conrado Kurtz de Souza, anulou o processo a partir da decisão que
determinou a juntada dos depoimentos de Nathan Jordão dos Santos Mattos e sua mãe, Vera
Solange, em outro processo. Isso porque os depoimentos não foram submetidos ao crivo do
contraditório e da ampla defesa no processo penal, ou seja, o réu e sua defesa não participaram
da produção da prova.
A prova emprestada só deve ser utilizada em casos excepcionais, sendo imperioso o respeito
aos princípios do contraditório e da ampla defesa para que ela seja considerada válida.
Destarte, não tendo sido ouvidos o adolescente e sua mãe pelo juízo de primeiro grau
responsável pelo julgamento do presente caso, deve ser afastada e desentranhada a prova
emprestada e anulado o feito a partir da decisão que determinou a juntada dos respectivos
depoimentos aos autos.
Considerando que o Magistrado sentenciante já expôs sua convicção em face da prova coletada
durante a instrução criminal, eventual determinação para que prolate nova sentença importará
violação do princípio do livre convencimento motivado do Juiz. Portanto, sob o imperativo do
princípio do devido processo legal e da inarredável imparcialidade do Magistrado, é concedido
habeas corpus de ofício para que o processo, a partir de seu retorno ao primeiro grau, esteja
sob a presidência de outro Magistrado.
PRELIMINAR DE NULIDADE ACOLHIDA EM FACE DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. HABEAS CORPUS CONCEDIDO
DE OFÍCIO. POR MAIORIA.
Fatos: Trata-se de uma decisão judicial que negou um pedido de anulação de um processo penal
feito por um réu que alegava ter havido irregularidades na citação e na falta de resposta à
acusação. O ministro relator afirmou que não havia fundamentos suficientes para infirmar o
julgamento anterior. Ele enfatizou que o princípio do contraditório e da ampla defesa é um
corolário do Estado Democrático de Direito e da dignidade da pessoa humana, e é dever dos
operadores do direito respeitar esses princípios para condenar ou absolver um réu de maneira
justa e legítima.
Defesa: O relator destacou ainda que, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), a vigência do princípio pas de nullité sans grief no campo das nulidades exige a
manutenção do ato impugnado que, embora praticado em desacordo com a formalidade legal,
atinge sua finalidade, cabendo à parte demonstrar a ocorrência de efetivo prejuízo. Em relação
ao caso em questão, o Tribunal de origem afirmou que não houve prejuízo para a parte, já que
o requerente tomou ciência da acusação que pendia contra si, não havendo nenhuma
irregularidade na citação.
Decisão: Por fim, o relator citou um precedente para fundamentar sua decisão e afirmou que o
acórdão recorrido estava em consonância com o entendimento jurisprudencial do STJ. Sendo
assim, a decisão anterior deveria ser mantida, não havendo motivos para acolher o pedido de
anulação do processo penal. O réu não demonstrou ter sofrido prejuízo em decorrência da falta
de resposta à acusação, e a defesa preliminar foi apresentada oportunamente, em
conformidade com os ditames processuais penais.