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DIREITO PROCESSUAL PENAL

ATIVIDADE PERSECUTÓRIA:
AULA 01: APRESENTAÇÃO, SUJEITOS, PARTES DO
PROCESSO PENAL E COMUNICAÇÃO DOS ATOS
PROCESSUAIS
APRESENTAÇÃO
Renan Silva Malachias Ferreira
OAB 445167/SP
Celular: (19) 99704-6103
Graduado em Direito pela PUC-Campinas
Pós-Graduado em Conciliação e Mediação de Conflitos pelo Centro de Mediadores; Direito Penal e Processo
Penal Contemporâneo; Direito Sistêmico; Constelação Sistêmica Integrada
Mestrando em Direito Público e Econômico
Advogado, Mediador Judicial, Professor e Escritor
Antes de iniciarmos vamos lembrar que:
1) O Direito é uma discussão e não uma certeza.
2) Opiniões diferentes são sempre bem vindas, elas nos ensinam e servem para estudar e discutir
(positivamente)
3) Professores não são entidades oniscientes, podem e vão errar, então me corrija sempre que puder, só que
com educação.
4) O trabalho de um Jurista não é decorar a lei, mas ser capaz de entende-la e aplica-la, então aprenda a
interpretar e criar raciocínios lógicos.
1) SISTEMAS PROCESSUAIS
▪ SISTEMAS PROCESSUAIS: estão intrinsecamente relacionado com o papel
que os atores processuais exercem, tanto na fase pré-processual quanto na
fase processual.
❑ SISTEMA INQUISITÓRIO: caracteriza-se pela inexistência de separação de
funções, de modo que o mesmo juiz que inicia a ação penal defende o réu e
julga o processo.
❑ SISTEMA ACUSATÓRIO: há clara separação das tarefas de acusar, defender e
julgar, sendo que nesse sistema o órgão acusador possui o ônus de comprovar
todas as suas alegações e o réu tem em seu favor todos os direitos e garantias
constitucionalmente assegurados. A Constituição brasileira adota
expressamente o sistema acusatório (Art. 129, I, CF/88).
❑ SISTEMA MISTO: caracteriza-se pela predominância do caráter inquisitório na
fase pré-processual, em que não há contraditório, e pela presença do caráter
acusatório no seio do processo, sendo que alguns autores consideram que o
sistema adotado no Brasil é o misto, haja vista as características do inquérito
policial.
2) SUJEITOS NO PROCESSO PENAL
▪ PROCESSO (GÊNERO): composto de dois aspectos:
a) OBJETIVO: procedimento.
b) SUBJETIVO: relação jurídico-processual.

▪ SUJEITOS DO PROCESSO PENAL: são as pessoas entre as quais se institui,


se desenvolve e se completa a relação jurídico-processual
a) ESTADO-JUIZ
b) PARTE ATIVA: MP ou querelante.
c) PARTE PASSIVA: acusado ou querelado.
3) JUIZ (ART. 251 A 256 DO CPP/41)
▪ A) ESTADO-JUIZ: órgão incumbido de conduzir o processo.
▪ (Art. 251 CPP/41): Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e
manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar
a força pública).

▪ Ao juiz compete a função de aplicar o direito objetivo ao caso concreto de


forma totalmente imparcial.

▪ Dessa forma, tem-se o juiz como um garantidor da regularidade do processo


e da ordem dos atos, podendo requisitar até mesmo força pública se
necessário (exercício do poder de polícia pela autoridade judiciária).
▪ B) PODERES DO JUIZ:
❑ PODER DE DISCIPLINA: visa coordenar e inspecionar a atividade
das partes (ex. recusa as perguntas da parte que puderem induzir a
resposta).
❑ PODER DE IMPULSÃO: consiste nas providências adotadas pelo juiz
para que processo tenha um andamento regular (ex. citação do
acusado).
❑ PODER DE INSTRUÇÃO: permite ao juiz, de ofício, mesmo antes do
início da ação penal, determinar a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, bem como determinar, no curso
da instrução ou antes de proferir sentença, a realização de diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
❑ PODERES ANÔMALOS: aqueles que não são típicos (Art. 28 CPP/41
princípio da obrigatoriedade: ocorre quando o juiz discorda da
promoção de arquivamento do inquérito policial. Nesse caso, o
magistrado deverá encaminhar os autos ao Procurador-Geral de
Justiça, a quem compete a decisão final).
❑ Hoje os Poderes Anômalos foram substituídos pela novação legislativa
do Pacote Anti-crime (LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019)
onde o artigo que permitia ao Juiz revisar o Arquivamento foi
substituído por este:
Art. 28 do CPP. “Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à
vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.”
§ 1º “Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação,
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.”
§ 2º “Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.”
▪ C) PRERROGATIVAS DO JUIZ:

❑ VITALICIEDADE: Somente será adquirida após 2 (dois) anos de


exercício, podendo o juiz perder o cargo após esse período somente
se houver sentença judicial transitada em julgado em seu desfavor.

❑ INAMOVIBILIDADE: garante ao juiz a possibilidade de ser removido


para outra comarca tão somente com o seu consentimento. Se houver
interesse público, todavia, haverá a remoção, desde que haja decisão
por voto da maioria absoluta do respectivo Tribunal ou do Conselho
Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa (Art. 93, VIII, CF/88).

❑ IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO: consiste na impossibilidade de


redução do subsídio do magistrado.
▪ D) GARANTIAS DE IMPARCIALIDADE DO JUIZ:

❑ IMPEDIMENTO: é uma circunstância objetiva e intrínseca ao


processo, de modo que, caso algum ato seja praticado, ele deve ser
considerado inexistente. Pode ser alegado a qualquer tempo e vem
previsto em rol taxativo, gerando a inexistência do feito (Art. 252 e
253 do CPP/41).

❑ SUSPEIÇÃO: é uma circunstância subjetiva e extrínseca ao processo


e, ocasionando a sua nulidade. Sujeita-se à preclusão e vem prevista
em rol exemplificativo, gerando nulidade (Art. 254, 255, 256 do
CPP/41).
4) MINISTÉRIO PÚBLICO (ART. 257
A 258 DO CPP/41)

▪ A) MINISTÉRIO PÚBLICO: é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis
(Art. 127 CF/88).
▪ B) ATRIBUIÇÕES NO PROCESSO PENAL: promover, privativamente, a
ação penal pública e fiscalizar a execução da lei (Exemplo: parecer em
segundo grau ou atuação como fiscal em ações penais privadas - Art. 257
CPP/41).
▪ No âmbito da investigação criminal, concluído o inquérito policial (se
houver), os autos serão remetidos ao Ministério Público, que poderá
requerer diligências, pedir o arquivamento ou oferecer a denúncia.
▪ C) (IM)PARCIALIDADE DO MP:
❑ O MP É PARTE PARCIAL OU IMPARCIAL?: Nas ações penais
privadas, é parte imparcial. Nas ações penais públicas, existem duas
correntes: I) Parcial (maj.); II) Imparcial.
✓IMPARCIAL: na medida em que somente lhe interessa a
verdade e a correta aplicação da lei penal.
✓PARCIAL (MAJORITÁRIA): a Constituição da República adotou
expressamente o sistema acusatório, de modo que nesse modelo
é necessária a presença de partes com interesses opostos. Isso
não impossibilita de forma alguma que o parquet pleiteie a
absolvição do acusado se ficar comprovada a sua inocência.
PARQUET: do francês: “local onde ficam os
magistrados do ministério público fora das
audiências”. Através de petit parc “pequeno parque”.
Lugar onde aconteciam as audiências dos
procuradores do rei. Designa o corpo de membros do
ministério público.
▪ D) PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL:
❑ O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTÁ OBRIGADO A OFERECER
DENÚNCIA OU A PEDIR A CONDENAÇÃO DO ACUSADO?:
Não, se ausentes os requisitos legais (PROVA DA MATERIALIDADE e
INDÍCIOS DE AUTORIA).

▪ E) IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO MEMBRO DO MP:


❑ O membro do Ministério Público está sujeito às causas de
impedimento e de suspeição dos magistrados (Art. 258 CPP/41).
Art. 258 CPP/41: ”Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que
o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhes for
aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes”.
▪ F) PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL: visa proibir a figura do
acusador de exceção, tendo a pessoa o direito de ser processada por um
órgão cujas atribuições estão previamente descritas na lei.
❑ O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL É ADMITIDO NO
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO?:
✓ I) STJ: admite a aplicação do princípio.
✓ II) STF: entende que a aplicação de tal princípio no direito
brasileiro depende de lei, pois não está expressamente previsto
na Constituição.

▪ G) PRERROGATIVAS DO JUIZ: ao Promotor de Justiça são outorgadas as


mesmas garantias concedidas ao magistrado, ou seja:
❑ VITALICIEDADE
❑ INAMOVIBILIDADE
❑ IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO
▪ H) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MP:
❑ É POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
PELO MP?: Embora essa possibilidade não esteja expressamente
prevista na Constituição, com base na teoria dos poderes implícitos, o
STF entendeu que o Ministério Público pode promover a investigação
criminal.
▪ I) REQUISITOS PARA A REALIZAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
PELO MP: foram fixados alguns parâmetros para essa investigação
conduzida diretamente pelo Ministério Público:
▪ J) PARTICIPAÇÃO DE MEMBRO DO MP NA FASE INVESTIGATÓRIA:
❑ A PARTICIPAÇÃO DE MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA
FASE INVESTIGATÓRIA CRIMINAL ACARRETA O SEU
IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO PARA O OFERECIMENTO DA
DENÚNCIA?:
❖ Não (Súmula 234, do STJ): A Participação de membro do
Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o
seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
5) OFENDIDO OU VÍTIMA
▪ OFENDIDO: é o titular do bem jurídico atingido pela infração penal, isto é,
o sujeito passivo. A sua intervenção no processo penal pode ocorrer de duas
maneiras, como:
❑ A) QUERELANTE: a intervenção do ofendido como querelante
ocorre na ação penal privada, cuja legitimidade para propô-la
incumbe somente a ele (ou, na sua ausência, ao seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão).

❑ B) ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO: o ofendido poderá auxiliar o


Ministério Público desde o início da ação penal até a sentença penal
condenatória transitada em julgado, tendo em vista que, nas ações
penais públicas o Ministério Público é o titular da ação penal,
competindo-lhe privativamente sua propositura (Art. 268 CPP/41).
▪ Art. 474-A CPP (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021). Durante a instrução
em plenário, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato
deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de responsabilização
civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz presidente garantir o
cumprimento do disposto neste artigo, vedadas:
▪ I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto
de apuração nos autos;
▪ II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a
dignidade da vítima ou de testemunhas.
6) ACUSADO (ART. 259 A 267 DO CPP/41)
▪ A) ACUSADO: é o sujeito passivo da ação penal condenatória. É chamado de
acusado ou réu quando existe relação processual instaurada (a partir do
recebimento da denúncia). Antes, quando do inquérito, o que se tem é
indiciado. Em sede de execução penal, chama-se executado, apenado ou
sentenciado.
▪ Para que seja sujeito ativo da infração penal o indivíduo deve ser imputável,
isto é, possuir no mínimo 18 anos completos e não ser acometido de doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
▪ A Constituição prevê que a pessoa jurídica somente pode ser sujeito passivo
de delito contra a ordem econômico-financeira e de crime ambiental.
▪O legislador ordinário, inobstante previsão constitucional, somente
regulamentou os crimes contra o meio ambiente, sendo esta a única
hipótese de responsabilização penal da pessoa jurídica existente no
ordenamento jurídico.
▪ B) AUTODEFESA PELO RÉU :
❑ DIREITO DE AUDIÊNCIA: ao réu é possibilitado apresentar a sua versão
dos fatos, o que se faz por meio do interrogatório.
❑ DIREITO DE PRESENÇA: faculdade do réu acompanhar todos os atos
processuais.
❑ DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA CONTRA SI:
❑ DIREITO AO SILÊNCIO:
❑ DIREITO AO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:
❑ DIREITO A UM DEVIDO PROCESSO LEGAL:
❑ DIREITO DE NÃO SER PRESO SENÃO EM FLAGRANTE DELITO OU
POR ORDEM ESCRITA E FUNDAMENTADA DA AUTORIDADE
JUDICIÁRIA COMPETENTE:
❑ Art. 474, § 3o CPP. “Não se permitirá o uso de algemas no acusado
durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se
absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das
testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.”
7) DEFENSOR (ART. 259 A 267 DO CPP/41)
▪ A) DEFENSOR : a Constituição destaca que "o advogado é indispensável à
administração da justiça" (Art. 133 CF/88) e que “à Defensoria Pública
incumbe a orientação jurídica e defesa dos necessitados” (Art. 134 CF/88).
❑ O DIREITO AO DEFENSOR É UMA GARANTIA IMPOSTERGÁVEL
DO ACUSADO?: Sim
❖ Art. 261 CPP/41: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido,
será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa
técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será
sempre exercida através de manifestação fundamentada.
❑ E SE NÃO TIVER DEFENSOR?:
❖ Art. 263 CPP/41: Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado
defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo,
nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso
tenha habilitação.
❑ QUEM PAGARÁ AS CUSTAS DO DEFENSOR?:
a) ACUSADO POBRE: as custas serão pagas pelo Estado (Art.
263, Parágrafo único CPP/41). “O acusado, que não for pobre,
será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo,
arbitrados pelo juiz”.
b) ACUSADO QUE NÃO É POBRE: arcará com as próprias custas.

❑ OS ADVOGADOS ESTÃO OBRIGADOS A PRESTAR SEUS


SERVIÇOS QUANDO NOMEADOS PELO JUÍZO?:
❖ Sim, no Estado de São Paulo existe uma lista da Assistência
Judiciária (Art. 264, CPP/41). “Salvo motivo relevante, os
advogados e solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de
cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados,
quando nomeados pelo Juiz”.
❑ QUEM PODE SER DEFENSOR NO PROCESSO PENAL?:

a) ADVOGADO CONSTITUÍDO: advogado particular contratado


pelo acusado.
b) DEFENSOR PÚBLICO: profissional de Direito apontado pelo
Estado para representar pessoas que não podem subsidiar um
advogado particular, nos locais em que houver Defensoria
Pública instalada (Art. 134 CF/88).
c) DEFENSOR AD HOC: advogado nomeado pelo juiz apenas para
um ato específico e determinado devido à ausência injustificada
de seu defensor constituído.
d) DEFENSOR DATIVO: advogado nomeado pelo juiz quando o
acusado não tiver condições de contratar um advogado ou
quando não o fizer, nos locais e que ainda não houver
Defensoria Pública instalada.
❑ SÚMULAS RELEVANTES ACERCA DA DEFESA TÉCNICA NO
PROCESSO PENAL?:
a) Súmula 523-STF: no processo penal, a falta de defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver
prejuízo para o réu.
b) Súmula 707-STF: constitui nulidade a falta de intimação do
denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto
da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo.
c) Súmula 708-STF: é nulo o julgamento da apelação se, após a
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não
foi previamente intimado para constituir outro.

❑ O DEFENSOR TAMBÉM ESTÁ SUJEITO A IMPEDIMENTOS?:


❖ Sim, nos termos do Art. 267, do CPP/41: “Nos termos do art. 252,
não funcionarão como defensores os parentes do juiz”. Idem Juiz.
❑ ABANDONO DO PROCESSO PELO DEFENSOR POR MOTIVO
INJUSTIFICADO?:
❖ Aplicação de multa (Art. 265 CPP/41): ” O defensor não poderá
abandonar o processo sem justo motivo, previamente comunicado
ao juiz, sob pena de responder por infração disciplinar perante o
órgão correicional competente.”.
❑ ADIAMENTODA AUDIÊNCIA POR IMPOSSIBILIDADE DE
COMPARECIMENTO DO DEFENSOR?:
❖ Possibilidade (Art. 265, § 1º CPP/41): “A audiência poderá ser
adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder
comparecer”.
❑ MOMENTO DA PROVA DO IMPEDIMENTO PELO DEFENSOR
PARA O ADIAMENTO DA AUDIÊNCIA?:
❖ até a sua abertura (Art. 265, § 2º CPP/41).
6) ASSISTENTES (ART. 268 A 273 CPP/41)
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO: o ofendido poderá auxiliar o Ministério
Público desde o início da ação penal até a sentença penal condenatória
transitada em julgado, tendo em vista que, nas ações penais públicas o
Ministério Público é o titular da ação penal, competindo-lhe privativamente
sua propositura (Art. 268 CPP/41).

Art. 268 CPP/41: “Em todos os termos da ação pública (não se admite a
intervenção na fase do IP), poderá intervir, como assistente do Ministério
Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das
pessoas mencionadas no Art. 31”.
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO:
❑ ATÉ QUANDO PODE INGRESSAR NO FEITO O ASSISTENTE?:
❖ Art. 269 CPP/41: O assistente será admitido enquanto não
passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em
que se achar.
❑ O CORRÉU NO MESMO PROCESSO PODERÁ INTERVIR COMO
ASSISTENTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO?:
❖ Não (Art. 270 CPP/41).
❑ SOBRE O PEDIDO DE HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE NOS
AUTOS, CABE RECURSO?:
❖ O MP será ouvido porém NÃO cabe recurso (Art. 273 CPP/41).
❑ QUAL O MEIO CABÍVEL PARA IMPUGNAR A DECISÃO QUE NÃO
ADMITE A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE?:
❖ Mandado de Segurança.
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO:
❑ O QUE PODE FAZER O ASSISTENTE?:
❖ Art. 271 CPP/41: ao assistente será permitido propor meios de
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os
articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos
interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos
dos arts. 584, § 1º, e 598.
❑ ASSISTENTE PODE ARROLAR TESTEMUNHAS?:
❖ Sim (Majoritário).
❑ HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE NO TRIBUNAL DO JÚRI?:
❖ Art. 430 CPP/41: o assistente somente será admitido se tiver
requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da
sessão na qual pretenda atuar.
❑ LEGITIMIDADE RECURSAL DO ASSISTENTE?:
❖ Restrita, subsidiária e supletiva do MP.
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO:
❑ PRAZO RECURSAL PARA O ASSISTENTE?:
❖ Estando habilitado: prazo será de 5 (cinco) dias. Não estando habilitado: o
prazo será de 15 (quinze) dias. Ressalte-se que tal prazo somente correrá após
o transcurso do prazo do Ministério Público, de acordo com a Súmula 448, do
STF.
❑ O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO PODERÁ RECORRER PARA
AUMENTAR A PENA IMPOSTA AO ACUSADO?:
❖ Sim, desde que o Ministério Público não tenha recorrido dessa decisão (HC
137.339-RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 09/11/2010).
❑ O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO TEM LEGITIMIDADE PARA
RECORRER DE DECISÃO QUE ABSOLVEU O RÉU, MESMO QUE
O MINISTÉRIO PÚBLICO TENHA PEDIDO A ABSOLVIÇÃO?:
❖ Sim, pois o assistente possui legitimidade para interpor recurso de apelação
de forma supletiva, ainda que o Ministério Público tenha requerido a
absolvição do réu (STJ, 6ª Turma, Resp 1.451.720-SP, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 28/04/2015)
8) FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
(ART. 274 DO CPP/41)
▪ FUNCIONÁRIOS DO PODER JUDICIÁRIO: prestam serviço aos órgãos do
Poder Judiciário e recebem remuneração paga pelos cofres públicos.
Exemplos: diretores de secretaria (vara federal), escrivães (varas estaduais),
analistas, técnicos, escreventes e oficiais de justiça.

❑ IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO: Sim
❖ Art. 274 CPP/41: “As prescrições sobre suspeição dos juízes
estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes
for aplicável”.
9) PERITOS E INTÉRPRETES
(ART. 275 A 281 DO CPP/41)
▪ A) AUXILIARES DO JUÍZO: aqueles que, não sendo servidores da justiça,
colaboram com o juiz nos pontos em que este precisa de esclarecimentos ou
de conhecimentos especializados. (Exemplos: PERITOS e INTÉRPRETES).
❑ AS TESTEMUNHAS E ASSISTENTES TÉCNICOS SE AMOLDAM AO
CONCEITO DE AUXILIARES DO JUÍZO?: Não.
▪ B) PERITO: é a figura que auxilia o Juiz em casos de alta complexidade ou
em que a natureza da questão envolvida necessita de conhecimento técnico
especializado. Esse auxiliar da justiça pode ser OFICIAL (quando compõe
os quadros do Estado) ou NÃO OFICIAL (quando não é funcionário público
e é de livre escolha do magistrado).
▪ C) INTÉRPRETE : é aquela pessoa que detém conhecimento específico
sobre determinado idioma estrangeiro, intermediando a comunicação entre
o magistrado e aquela pessoa a ser ouvida.
10) INTRODUÇÃO
▪ FORMAS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL: os atos de comunicação no
Processo Penal são:
❑ CITAÇÃO

❑ INTIMAÇÃO

❑ NOTIFICAÇÃO

▪ O Código de Processo Penal não conferiu tratamento técnico à indicação do


nome de cada um desses atos, sendo a definição deles dada pela doutrina.
11) CITAÇÃO (ART. 351 A 369 CPP/41)
▪ CITAÇÃO: é o ato pelo qual o réu toma ciência dos termos da acusação,
sendo chamado a respondê-la e a comparecer aos atos do processo.
▪ A citação deve ser válida para que seja garantido ao acusado o exercício do
contraditório e da ampla defesa, de modo que a sua ausência ou a
inobservância de suas formalidades caracteriza a nulidade absoluta do
processo desde o seu início, podendo ser arguida até mesmo após o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória.

❑ A FALTA DE CITAÇÃO VÁLIDA IMPORTA EM NULIDADE?: Sim!


Art. 570 CPP/41: “A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou
notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de
o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-
la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando
reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte”.
▪ CIRCUNDUÇÃO: é o ato pelo qual se julga nula a citação.
▪ A citação deficiente ou incompleta acarreta nulidade relativa

▪ ESPÉCIES DE CITAÇÃO:
❑ A) REAL (OU PESSOAL): através do oficial de justiça. (REGRA)
❑ B) FICTA (OU PRESUMIDA): hora certa ou edital. (EXECEÇÃO)

▪ A) CITAÇÃO REAL (OU PESSOAL): através do OFICIAL DE JUSTIÇA.


❑ SE O RÉU ESTIVER NA COMARCA?: REGRA
➢ MANDATO – Oficial de Justiça (Art. 351 CPP/41).
➢ Indicações do Mandato (Art. 352 CPP/41).
➢ Requisitos do Mandato (Art. 357 CPP/41).
❑ E SE O RÉU ESTIVER EM OUTRA COMARCA?:
➢ CARTA PRECATÓRIA (Art. 353 CPP/41).
➢ Indicações da Carta Precatória (Art. 354 CPP/41).
➢ Devolução da Carta Precatória (Art. 355 CPP/41).
➢ CARÁTER ITINERANTE da Carta Precatória (Art. 355, § 1º
CPP/41).
➢ Urgência da Carta Precatória (Art. 356 CPP/41).

❑ E SE O RÉU ESTIVER EM OUTRO PAÍS?:


➢ CARTA ROGATÓRIA (Art. 368 CPP/41).

❑ CITAÇÃO DO MILITAR?:
➢ CHEFE DO RESPECTIVO SERVIÇO (Art. 358 CPP/41).
❑ E SE O RÉU FOR MILITAR?:
➢ CHEFE DO RESPECTIVO SERVIÇO (Art. 358 CPP/41).

❑ E SE O RÉU FOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO?:


➢ CHEFE DA SUA REPARTIÇÃO (Art. 359 CPP/41).

❑ E SE O RÉU ESTIVER DO PRESO?:


➢ PESSOALMENTE (Art. 360 CPP/41).

❑ QUAL MOMENTO EM QUE SE COMPLETA A FORMAÇÃO DO


PROCESSO?:
➢ COM A CITAÇÃO (Art. 363 CPP/41).
▪ B) CITAÇÃO FICTA (OU PRESUMIDA): EDITAL ou HORA CERTA.
❑ E SE O RÉU ESTIVER SE OCULTANDO?:
➢ I) HORA CERTA (Art. 362 CPP/41).
➢ II) EDITAL (Art. 363, § 1º CPP/41).
❑ E SE O RÉU ESTIVER EM LINS?: Lugar Incerto e Não Sabido
➢ I) EDITAL (Art. 361 CPP/41).

▪ I) CITAÇÃO POR EDITAL:


➢ Requisito: o réu não for encontrado
➢ Deve ter sido esgotados todos os meios de localização do réu.
➢ O edital deverá ser publicado em jornal de grande circulação na
imprensa oficial e afixado no átrio do fórum.
➢ Requisitos (Art. 365 CPP/41).
▪ CONSEQUÊNCIAS DA CITAÇÃO POR EDITAL: suspensão do processo e
do curso do prazo prescricional (Art. 366 CPP/41).
Art. 366 CPP/41: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.
❑ QUAL O PRAZO DE SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO?
❖ Súmula 415 STJ: O período de suspensão do prazo prescricional
é regulado pelo máximo da pena cominada.
❑ O QUE É CRISE DE INSTÂNCIA?: é a suspensão do processo em
razão da citação ficta.
❑ É NECESSÁRIA FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA PARA A
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS? SIM!
❖ Súmula 455 STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas
com base no artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a
justificando unicamente o mero decurso do tempo.
❑ QUAL O RECURSO CABÍVEL CONTRA A DECISÃO QUE
DETERMINA A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS?:
Correição Parcial.
❑ É POSSÍVEL A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS COM
FUNDAMENTO NO FATO DE AS TESTEMUNHAS SEREM
POLICIAIS? Sim!
(Não há constrangimento ilegal quando verificado que o Juiz singular
fundamentou, de maneira concreta, a produção antecipada da prova
testemunhal no fato de todas as testemunhas serem policiais federais, agentes
que diariamente se deparam com situações semelhantes a dos autos, que
estão envolvidos nos mais diversos tipos de investigação - RHC n. 30.592/CE,
Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe 1º/7/2014).

❑ O QUE É PRAZO DE DILAÇÃO DO EDITAL? É o tempo que deve


correr entre a publicação do edital e o momento em que se considera
efetivada a citação (15 dias).
❑ O EDITAL PRECISA TRANSCREVER INTEGRALMENTE A
DENÚNCIA? Não!
Súmula 366 STF: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da
lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os
fatos.
❑ É NECESSÁRIO ESGOTAR OS MEIOS PARA CITAÇÃO PESSOAL?
Sim!
Súmula 351 STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade
da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
❑ A CITAÇÃO POR EDITAL PODE OCORRER NO JECrim? Não, os
autos devem ser remetidos ao juízo comum.
❑ É POSSÍVEL A OITIVA ANTECIPADA DE TESTEMUNHAS
POLICIAIS, EM RAZÃO DOS INÚMEROS FLAGRANTES DE QUE
PARTICIPAM? a) Sim (STJ); b) Não (STF)
❑ O ARTIGO 366, DO CPP, INCIDE DE FORMA RETROATIVA? Não,
pois tem natureza mista (penal e processual penal – STF).
II) CITAÇÃO POR HORA CERTA: é cabível sempre que o acusado
deliberadamente se oculta para não ser citado. Diante disso, o Oficial de
Justiça certificará a ocorrência e procederá a citação com hora certa na forma
estabelecida no Código de Processo Civil (CPC/15) (Art. 362 CPP/41).

Art. 362 CPP/41: Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts.
227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-
lhe-á nomeado defensor dativo.

Consoante o disposto no Art. 252 a 254 do CPC/15, que trata da citação por
hora certa, esta será cabível sempre que por duas vezes, o Oficial de Justiça
tenha procurado o réu em seu domicílio sem o encontrar (REQUISITO
OBJETIVO) e houver a suspeita, com base em dados concretos, de que o
acusado esteja se ocultando para evitar a citação (REQUISITO SUBJETIVO).
Art. 252 CPC/15: Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou
residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em
sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a
que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
Art. 253 CPC/15: No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho,
comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando
por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido
intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o
mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho,
conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver
revelia.
Art. 254 CPC/15:. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou
correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.

EFEITO: nomeação de defensor dativo, ou seja, não suspende o processo e o


prazo prescricional (Art. 362, Paragrafo Único, CPP/41).
12) INTIMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO
(ART. 370 A 372 CPP/41)
INTIMAÇÃO: é a comunicação feita a alguém (ciência) acerca de um ato já
realizado nos autos.
NOTIFICAÇÃO: é a ciência dada a alguém acerca de seu dever ou de seu
ônus de praticar um ato processual, ou seja, diz respeito a um ato a ser
praticado no futuro.
OBS: na prática não há distinção entre a intimação e a notificação.
❑ A FALTA DE INTIMAÇÃO DA PRÁTICA DE ALGUM ATO
PROCESSUAL PODE DAR AZO À NULIDADE? Sim.
❑ APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS DISPOSITIVOS DA CITAÇÃO:
Art. 370 CPP/41: Nas intimações dos acusados, das testemunhas e
demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será
observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior.
❑ AS INTIMAÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DA DEFENSORIA
PÚBLICA E DO DEFENSOR DATIVO SÃO PESSOAIS? Sim!
Art. 370, § 4º CPP/41: A intimação do Ministério Público e do
defensor nomeado será pessoal.

❑ REGRA GERAL PARA A INTIMAÇÃO DO DEFENSOR


CONSTITUÍDO, DO ADVOGADO DO QUERELANTE E DO
ASSISTENTE: publicação no órgão oficial.
Art. 370, § 1º CPP/41: A intimação do defensor constituído, do
advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no
órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca,
incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
❑ E SE NÃO HOUVER ÓRGÃO DE PUBLICAÇÃO? A intimação far-se-
á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
Art. 370, § 2º CPP/41: Caso não haja órgão de publicação dos atos
judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo
escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de
recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.

❑ INTIMAÇÃO ELETRÔNICA:
Art. 4°, § 3° e § 4°, da Lei n° 11.419/06:
§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil
seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça
eletrônico.
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que
seguir ao considerado como data da publicação.
❑ INTIMAÇÃO EM PRECATÓRIA:
1) Súmula 155 STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta
de intimação da expedição de carta precatória para inquirição de
testemunha.
2) Súmula 273 STJ: Intimada a defesa da expedição da carta precatória,
torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo
deprecado.
❑ SE APÓS O OFERECIMENTO DAS RAZÕES DE APELAÇÃO PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO, APESAR
DE INTIMADO, DEIXA DE SE MANIFESTAR, HÁ NULIDADE? Não,
fica evidenciado seu desinteresse na causa, não havendo mais
necessidade de sua intimação para os atos posteriores (STJ, Resp
1.035.320).
❑ O STF entende que a inobservância da intimação pessoal da
Defensoria Pública é espécie de nulidade relativa (STF, 2ª Turma, HC
133.476, Rel. Min. Teori Zavaski, julgado em 14 jun. 2016).
13) CONTAGEM DE PRAZOS NO PROCESSO
PENAL
▪ PRAZO: no processo penal não se computa o prazo do dia do começo, mas
se computa o do dia do vencimento. Os prazos serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou feriado.
▪ Se a publicação da intimação ocorrer aos finais de semana o termo inicial
(termo a quo) da contagem do prazo recursal será o primeiro dia útil
subsequente, sendo que a contagem do prazo inicia-se no dia seguinte.
▪ Caso a intimação seja realizada por meio eletrônico (diário eletrônico), o
início da contagem do prazo ocorrerá no primeiro dia útil subsequente à
data da publicação.
▪ Os prazos começarão a correr (i) da intimação, (ii) da audiência ou sessão
em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte e (iii) do
dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou
despacho.
▪ SÚMULA 710 STF: no processo penal, contam-se os prazos da data da
intimação e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou
de ordem.
▪ O prazo que terminar em domingo ou feriado considerar-se-á prorrogado
até o dia útil imediato.
▪ O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE afasta a incidência das regras do Novo
CPC, de modo que não é aplicável ao processo penal a contagem dos prazos
em dias úteis.
▪ Art. 798 CPP/41: Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
▪ § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.
▪ § 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será,
porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se
feita a prova do dia em que começou a correr.
▪ § 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato.
▪ § 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou
obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
▪ § 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da
audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente
a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da
sentença ou despacho.
▪ Art. 798-A (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022). Suspende-se o curso do
prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de
janeiro, inclusive, salvo nos seguintes casos: I - que envolvam réus presos,
nos processos vinculados a essas prisões;
▪ II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006
(Lei Maria da Penha);
▪ III - nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado
do juízo competente.
▪ Parágrafo único. Durante o período a que se refere o caput deste artigo,
fica vedada a realização de audiências e de sessões de julgamento, salvo nas
hipóteses dos incisos I, II e III do caput deste artigo.
14) REVELIA
▪ REVELIA: efeito aplicado ao réu que não atende ao chamado do juízo. Uma
vez declarada, o acusado não será mais intimado dos atos processuais
subsequentes, ressalvada a sentença.
❑ O COMPARECIMENTO DO RÉU EM MOMENTO ULTERIOR FAZ
CESSAR OS EFEITOS DA REVELIA?: Sim!
▪ HIPÓTESES DE REVELIA:
a) Deixar de comparecer sem motivo justificado a ato para o qual foi
intimado;
b) Mudança de endereço (Art. 367 CPP/41)
c) Deixa de comparecer à sessão de julgamento do júri (Art. 457
CPP – não há crise de instância).
▪ Diferentemente do que ocorre no Processo Civil, não há a presunção de
veracidade dos fatos.

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