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ATIVIDADE PERSECUTÓRIA:
AULA 01: APRESENTAÇÃO, SUJEITOS, PARTES DO
PROCESSO PENAL E COMUNICAÇÃO DOS ATOS
PROCESSUAIS
APRESENTAÇÃO
Renan Silva Malachias Ferreira
OAB 445167/SP
Celular: (19) 99704-6103
Graduado em Direito pela PUC-Campinas
Pós-Graduado em Conciliação e Mediação de Conflitos pelo Centro de Mediadores; Direito Penal e Processo
Penal Contemporâneo; Direito Sistêmico; Constelação Sistêmica Integrada
Mestrando em Direito Público e Econômico
Advogado, Mediador Judicial, Professor e Escritor
Antes de iniciarmos vamos lembrar que:
1) O Direito é uma discussão e não uma certeza.
2) Opiniões diferentes são sempre bem vindas, elas nos ensinam e servem para estudar e discutir
(positivamente)
3) Professores não são entidades oniscientes, podem e vão errar, então me corrija sempre que puder, só que
com educação.
4) O trabalho de um Jurista não é decorar a lei, mas ser capaz de entende-la e aplica-la, então aprenda a
interpretar e criar raciocínios lógicos.
1) SISTEMAS PROCESSUAIS
▪ SISTEMAS PROCESSUAIS: estão intrinsecamente relacionado com o papel
que os atores processuais exercem, tanto na fase pré-processual quanto na
fase processual.
❑ SISTEMA INQUISITÓRIO: caracteriza-se pela inexistência de separação de
funções, de modo que o mesmo juiz que inicia a ação penal defende o réu e
julga o processo.
❑ SISTEMA ACUSATÓRIO: há clara separação das tarefas de acusar, defender e
julgar, sendo que nesse sistema o órgão acusador possui o ônus de comprovar
todas as suas alegações e o réu tem em seu favor todos os direitos e garantias
constitucionalmente assegurados. A Constituição brasileira adota
expressamente o sistema acusatório (Art. 129, I, CF/88).
❑ SISTEMA MISTO: caracteriza-se pela predominância do caráter inquisitório na
fase pré-processual, em que não há contraditório, e pela presença do caráter
acusatório no seio do processo, sendo que alguns autores consideram que o
sistema adotado no Brasil é o misto, haja vista as características do inquérito
policial.
2) SUJEITOS NO PROCESSO PENAL
▪ PROCESSO (GÊNERO): composto de dois aspectos:
a) OBJETIVO: procedimento.
b) SUBJETIVO: relação jurídico-processual.
Art. 268 CPP/41: “Em todos os termos da ação pública (não se admite a
intervenção na fase do IP), poderá intervir, como assistente do Ministério
Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das
pessoas mencionadas no Art. 31”.
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO:
❑ ATÉ QUANDO PODE INGRESSAR NO FEITO O ASSISTENTE?:
❖ Art. 269 CPP/41: O assistente será admitido enquanto não
passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em
que se achar.
❑ O CORRÉU NO MESMO PROCESSO PODERÁ INTERVIR COMO
ASSISTENTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO?:
❖ Não (Art. 270 CPP/41).
❑ SOBRE O PEDIDO DE HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE NOS
AUTOS, CABE RECURSO?:
❖ O MP será ouvido porém NÃO cabe recurso (Art. 273 CPP/41).
❑ QUAL O MEIO CABÍVEL PARA IMPUGNAR A DECISÃO QUE NÃO
ADMITE A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE?:
❖ Mandado de Segurança.
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO:
❑ O QUE PODE FAZER O ASSISTENTE?:
❖ Art. 271 CPP/41: ao assistente será permitido propor meios de
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os
articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos
interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos
dos arts. 584, § 1º, e 598.
❑ ASSISTENTE PODE ARROLAR TESTEMUNHAS?:
❖ Sim (Majoritário).
❑ HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE NO TRIBUNAL DO JÚRI?:
❖ Art. 430 CPP/41: o assistente somente será admitido se tiver
requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da
sessão na qual pretenda atuar.
❑ LEGITIMIDADE RECURSAL DO ASSISTENTE?:
❖ Restrita, subsidiária e supletiva do MP.
▪ ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO:
❑ PRAZO RECURSAL PARA O ASSISTENTE?:
❖ Estando habilitado: prazo será de 5 (cinco) dias. Não estando habilitado: o
prazo será de 15 (quinze) dias. Ressalte-se que tal prazo somente correrá após
o transcurso do prazo do Ministério Público, de acordo com a Súmula 448, do
STF.
❑ O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO PODERÁ RECORRER PARA
AUMENTAR A PENA IMPOSTA AO ACUSADO?:
❖ Sim, desde que o Ministério Público não tenha recorrido dessa decisão (HC
137.339-RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 09/11/2010).
❑ O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO TEM LEGITIMIDADE PARA
RECORRER DE DECISÃO QUE ABSOLVEU O RÉU, MESMO QUE
O MINISTÉRIO PÚBLICO TENHA PEDIDO A ABSOLVIÇÃO?:
❖ Sim, pois o assistente possui legitimidade para interpor recurso de apelação
de forma supletiva, ainda que o Ministério Público tenha requerido a
absolvição do réu (STJ, 6ª Turma, Resp 1.451.720-SP, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 28/04/2015)
8) FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
(ART. 274 DO CPP/41)
▪ FUNCIONÁRIOS DO PODER JUDICIÁRIO: prestam serviço aos órgãos do
Poder Judiciário e recebem remuneração paga pelos cofres públicos.
Exemplos: diretores de secretaria (vara federal), escrivães (varas estaduais),
analistas, técnicos, escreventes e oficiais de justiça.
❑ IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO: Sim
❖ Art. 274 CPP/41: “As prescrições sobre suspeição dos juízes
estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes
for aplicável”.
9) PERITOS E INTÉRPRETES
(ART. 275 A 281 DO CPP/41)
▪ A) AUXILIARES DO JUÍZO: aqueles que, não sendo servidores da justiça,
colaboram com o juiz nos pontos em que este precisa de esclarecimentos ou
de conhecimentos especializados. (Exemplos: PERITOS e INTÉRPRETES).
❑ AS TESTEMUNHAS E ASSISTENTES TÉCNICOS SE AMOLDAM AO
CONCEITO DE AUXILIARES DO JUÍZO?: Não.
▪ B) PERITO: é a figura que auxilia o Juiz em casos de alta complexidade ou
em que a natureza da questão envolvida necessita de conhecimento técnico
especializado. Esse auxiliar da justiça pode ser OFICIAL (quando compõe
os quadros do Estado) ou NÃO OFICIAL (quando não é funcionário público
e é de livre escolha do magistrado).
▪ C) INTÉRPRETE : é aquela pessoa que detém conhecimento específico
sobre determinado idioma estrangeiro, intermediando a comunicação entre
o magistrado e aquela pessoa a ser ouvida.
10) INTRODUÇÃO
▪ FORMAS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL: os atos de comunicação no
Processo Penal são:
❑ CITAÇÃO
❑ INTIMAÇÃO
❑ NOTIFICAÇÃO
▪ ESPÉCIES DE CITAÇÃO:
❑ A) REAL (OU PESSOAL): através do oficial de justiça. (REGRA)
❑ B) FICTA (OU PRESUMIDA): hora certa ou edital. (EXECEÇÃO)
❑ CITAÇÃO DO MILITAR?:
➢ CHEFE DO RESPECTIVO SERVIÇO (Art. 358 CPP/41).
❑ E SE O RÉU FOR MILITAR?:
➢ CHEFE DO RESPECTIVO SERVIÇO (Art. 358 CPP/41).
Art. 362 CPP/41: Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts.
227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-
lhe-á nomeado defensor dativo.
Consoante o disposto no Art. 252 a 254 do CPC/15, que trata da citação por
hora certa, esta será cabível sempre que por duas vezes, o Oficial de Justiça
tenha procurado o réu em seu domicílio sem o encontrar (REQUISITO
OBJETIVO) e houver a suspeita, com base em dados concretos, de que o
acusado esteja se ocultando para evitar a citação (REQUISITO SUBJETIVO).
Art. 252 CPC/15: Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou
residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em
sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a
que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
Art. 253 CPC/15: No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho,
comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando
por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido
intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o
mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho,
conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver
revelia.
Art. 254 CPC/15:. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou
correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.
❑ INTIMAÇÃO ELETRÔNICA:
Art. 4°, § 3° e § 4°, da Lei n° 11.419/06:
§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil
seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça
eletrônico.
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que
seguir ao considerado como data da publicação.
❑ INTIMAÇÃO EM PRECATÓRIA:
1) Súmula 155 STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta
de intimação da expedição de carta precatória para inquirição de
testemunha.
2) Súmula 273 STJ: Intimada a defesa da expedição da carta precatória,
torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo
deprecado.
❑ SE APÓS O OFERECIMENTO DAS RAZÕES DE APELAÇÃO PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO, APESAR
DE INTIMADO, DEIXA DE SE MANIFESTAR, HÁ NULIDADE? Não,
fica evidenciado seu desinteresse na causa, não havendo mais
necessidade de sua intimação para os atos posteriores (STJ, Resp
1.035.320).
❑ O STF entende que a inobservância da intimação pessoal da
Defensoria Pública é espécie de nulidade relativa (STF, 2ª Turma, HC
133.476, Rel. Min. Teori Zavaski, julgado em 14 jun. 2016).
13) CONTAGEM DE PRAZOS NO PROCESSO
PENAL
▪ PRAZO: no processo penal não se computa o prazo do dia do começo, mas
se computa o do dia do vencimento. Os prazos serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou feriado.
▪ Se a publicação da intimação ocorrer aos finais de semana o termo inicial
(termo a quo) da contagem do prazo recursal será o primeiro dia útil
subsequente, sendo que a contagem do prazo inicia-se no dia seguinte.
▪ Caso a intimação seja realizada por meio eletrônico (diário eletrônico), o
início da contagem do prazo ocorrerá no primeiro dia útil subsequente à
data da publicação.
▪ Os prazos começarão a correr (i) da intimação, (ii) da audiência ou sessão
em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte e (iii) do
dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou
despacho.
▪ SÚMULA 710 STF: no processo penal, contam-se os prazos da data da
intimação e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou
de ordem.
▪ O prazo que terminar em domingo ou feriado considerar-se-á prorrogado
até o dia útil imediato.
▪ O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE afasta a incidência das regras do Novo
CPC, de modo que não é aplicável ao processo penal a contagem dos prazos
em dias úteis.
▪ Art. 798 CPP/41: Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
▪ § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.
▪ § 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será,
porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se
feita a prova do dia em que começou a correr.
▪ § 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato.
▪ § 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou
obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
▪ § 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da
audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente
a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da
sentença ou despacho.
▪ Art. 798-A (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022). Suspende-se o curso do
prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de
janeiro, inclusive, salvo nos seguintes casos: I - que envolvam réus presos,
nos processos vinculados a essas prisões;
▪ II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006
(Lei Maria da Penha);
▪ III - nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado
do juízo competente.
▪ Parágrafo único. Durante o período a que se refere o caput deste artigo,
fica vedada a realização de audiências e de sessões de julgamento, salvo nas
hipóteses dos incisos I, II e III do caput deste artigo.
14) REVELIA
▪ REVELIA: efeito aplicado ao réu que não atende ao chamado do juízo. Uma
vez declarada, o acusado não será mais intimado dos atos processuais
subsequentes, ressalvada a sentença.
❑ O COMPARECIMENTO DO RÉU EM MOMENTO ULTERIOR FAZ
CESSAR OS EFEITOS DA REVELIA?: Sim!
▪ HIPÓTESES DE REVELIA:
a) Deixar de comparecer sem motivo justificado a ato para o qual foi
intimado;
b) Mudança de endereço (Art. 367 CPP/41)
c) Deixa de comparecer à sessão de julgamento do júri (Art. 457
CPP – não há crise de instância).
▪ Diferentemente do que ocorre no Processo Civil, não há a presunção de
veracidade dos fatos.