Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
SUMÁRIO
AÇÃO PENAL
CONCEITO
CARACTERÍSTICAS
MODALIDADES
CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO PENAL
AÇÃO PENAL PÚBLICA
AÇÃO PENAL PRIVADA
TITULARIDADE
FUNDAMENTO
PRINCÍPIOS
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA
CARACTERÍSTICAS
As características se resumem no revestimento, é dizer, a forma pela qual a ação penal se
apresenta, sendo elas:
a) um direito AUTÔNOMO, que não se confunde com o direito material que se pretende
tutelar;
b) um direito ABSTRATO, que independe do resultado final do processo; c) um direito
SUBJETIVO, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional;
d) um direito PÚBLICO, pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de
natureza pública;
e) um direito INSTRUMENTAL, sendo um meio para alcançar a efetividade do direito
material.
MODALIDADES
A ação penal é tipicamente classificada de acordo com a titularidade da ação. Quando o
titular for o Ministério Público (dominus litis), a ação será chamada de ação penal pública;
enquanto sendo o particular o titular da ação, a nomenclatura dada é ação penal privada. A
ação pública apresenta as seguintes modalidades:
a) Incondicionada — o exercício da ação independe de qualquer condição especial. É a
regra no processo penal, uma vez que, no silêncio da lei, a ação será pública
incondicionada.
b) Condicionada — a propositura da ação penal depende da prévia existência de uma
condição especial (representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça).
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir,
de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido
ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do
patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal
será PÚBLICA.
Art. 25. A representação será irretratável, DEPOIS DE OFERECIDA
A DENÚNCIA.
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o AUTO
DE PRISÃO EM FLAGRANTE ou por meio de PORTARIA expedida
pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do
Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública,
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e
indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
OBS.: deve ser salientado ainda que, dentro do prazo decadencial, a representação pode ser
novamente oferecida, tornando a ser viável a apresentação de denúncia pelo Ministério
Público. É o que se chama de retratação da retratação.
TITULARIDADE
A regra é que o titular do direito de ação é a vítima. Se o querelante for menor de 18 anos,
mentalmente enfermo, retardado mental e não tiver REPRESENTANTE LEGAL, ou seus
interesses colidirem com os deste último, o direito de queixa poderá ser exercido por curador
especial, nomeado para o ato (Art. 33 do CPP).
No caso de morte do ofendido, ou de declaração de ausência, o direito de queixa, ou de
dar prosseguimento à acusação passa a ser do CADI (Cônjuge ou Companheiro(a) 🡪
Ascendente 🡪 Descendente 🡪 Irmão – CUIDADO com este rol taxativo e sucessivo – A ordem é
essa: CADI), conforme dispõe o Art. 31 do CPP. No caso de ação penal privada
PERSONALÍSSIMA, o direito de ação é intransferível e só a vítima será capaz de propor a ação
penal.
FUNDAMENTO
A petição inicial da ação penal privada é a QUEIXA-CRIME, regulada entre os Arts. 24 a
62 do CPP e Art. 100 do CP.
PRINCÍPIOS
1) Princípio da OPORTUNIDADE: o ofendido tem a faculdade, não o dever de propor a ação
penal.
Deste princípio decorre o instituto da DECADÊNCIA, que nada mais é do que a perda do
direito de ingresso com a ação após o lapso de tempo de 6 meses, a contar do conhecimento da
autoria. Portanto, em se falando de ação penal privada, caso a parte não queira entrar com a
ação basta aguardar a transcorrer do prazo, visto que NÃO HÁ ARQUIVAMENTO de crimes de
ação penal privada.
Aqui também se encontra o instituto da RENÚNCIA, que poderá se dar de maneira tácita
ou expressa.
⮚ Renúncia expressa é aquela que consta de declaração escrita e assinada pelo
ofendido, por seu representante ou por procurador com poderes especiais (Art. 50
do CPP).
⮚ Renúncia tácita decorre da prática de ato incompatível com a intenção de exercer o
direito de queixa e admite qualquer meio de prova (Art. 57 do CPP). Ex.: casamento
com o autor do crime.
Nos termos do Art. 49 do Código de Processo Penal, a renúncia em relação a um dos
autores do crime A TODOS SE ESTENDE (ato unilateral). Trata-se de regra decorrente do
princípio da indivisibilidade da ação privada (Art. 48 do CPP).
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um
dos autores do crime, a todos se estenderá.
ATENÇÃO! Tanto a renúncia quanto a decadência extinguem a punibilidade (Art. 107,
CP).
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer DENÚNCIA SUBSTITUTIVA,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Assim, funcionará o MP como ASSISTENTE LITISCONSORCIAL da ação. A ação privada
subsidiária é indisponível. Se o querelante sinalizar com o perdão ou for desidioso, tentando
com isso ocasionar a perempção, será afastado, assumindo o MP dali por diante como parte
principal (este fenômeno é conhecido como AÇÃO PENAL INDIRETA). Restará ao querelante
afastado habilitar-se como assistente de acusação.
Caso o Ministério Público entenda que a ação proposta pelo particular NÃO atende aos
mínimos requisitos legais, ou seja, é desprovida de justa causa (indícios razoáveis de autoria e
materialidade), deverá se manifestar pela rejeição da inicial pelo magistrado. Este último,
contudo, não vinculado ao parecer ministerial, poderá receber a queixa-crime, dando assim
início ao processo. Poderá o MP impetrar habeas corpus em favor do réu, para trancar o
processo iniciado.
SISTEMAS PROCESSUAIS
Os sistemas processuais são as formas de se ingressar na esfera judicial para a
propositura de uma demanda. A doutrina aponta alguns tipos de sistemas:
• Sistema da Solidariedade ou da Identidade: aqui haverá duas ações, uma cível
outra criminal, desenvolvendo-se em processo único. Pode ser movido por
pessoas distintas, contra responsáveis diversos.
• Sistema da Independência Absoluta: cada responsabilidade tramitará em um
processo autônomo, que não sofrerá influência de outro.
• Sistema da Interdependência (ou independência relativa): prevê
independência de processos, mas com influência, em alguns casos, da ação
penal na ação civil. É o sistema adotado no Brasil (Art. 935 do CC).
ATENÇÃO! As esferas civil e penal são independentes, mas havendo negativa de autoria
ou inexistência de fato, além de outras hipóteses previstas em lei, a esfera penal incidirá
sobre a civil.
Como já citado, a sentença condenatória transitada em julgado na esfera criminal gera
título executivo judicial, fixando a autoria e a materialidade, que não mais poderão ser
discutidas na esfera civil. A lei autoriza o juiz fixar, na sentença condenatória,
independentemente do pedido das partes, um valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (CPP, Art. 387, IV):
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
Conforme a própria ressalva da Lei, isso, contudo, não impede que a vítima pretenda
valor superior ao fixado na sentença. Nesse caso, deverá valer-se da liquidação para apuração
do dano efetivamente sofrido.
ATENÇÃO! Quem executa a ação de indenização é o juiz cível, visto que o CC prevê, no
Art. 935, que as esferas são independentes!
COMPETÊNCIA
Cabe à vítima optar entre ajuizar a ação civil no lugar do seu domicílio ou no local do fato,
havendo concorrência de foros. Nada impede que opte por ajuizar a ação no domicílio do réu.
No caso de acidentes com veículos ou aeronaves, dispõe o novo CPC, no Art. 53, V:
Art. 53. É competente o foro:
(...)
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação
de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
Havendo sentença de absolvição por inexistência de fato, negativa de autoria ou
excludentes de ilicitude, não há que se falar em demanda de ação civil (Arts. 65 e 66 do CPP).
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa,
em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a
ação civil PODERÁ ser proposta quando não tiver sido,
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
No entanto, o Art. 67 salienta que cabe a ação civil em outros casos:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
informação;
ATENÇÃO! Tourinho Filho, entre outros doutrinadores, afirma que em havendo
inexistência de fato ou excludente de ilicitude, o arquivamento do IP faz coisa julgada
cível!
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
O artigo 107 do CP estabelece uma série de formas da extinção da punibilidade. No caso
de extinção da punibilidade do agente por Abolitio Criminis ou morte, a doutrina entende que
PERSISTIRÁ o dever de indenizar, logo, cabível a ação civil. O mesmo ocorre em havendo a
prescrição, renúncia, retratação e perdão judicial. A anistia, a graça e o indulto igualmente não
impedem a ação civil.
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
constitui crime.
O Art. 386 do CPP estabelece as hipóteses cabíveis de absolvição, por isso é preciso ver
cada hipótese per si:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte
dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
Como já visto, a inexistência material do fato impede a propositura da ação civil ex
delicto. A argumentação é que se torna incoerente uma absolvição criminal associada com
uma futura condenação civil.
II - não haver prova da existência do fato;
Pelo princípio do favor rei, ou in dubio pro reo, o juiz acaba por absolver o réu em
sentença absolutória. Isso não impede a propositura da ação civil.