Você está na página 1de 12

alfaconcursos.com.

br

SUMÁRIO
AÇÃO PENAL
CONCEITO
CARACTERÍSTICAS
MODALIDADES
CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO PENAL
AÇÃO PENAL PÚBLICA
AÇÃO PENAL PRIVADA
TITULARIDADE
FUNDAMENTO
PRINCÍPIOS
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA

AÇÃO CIVIL EX DELICTO


SISTEMAS PROCESSUAIS
TIPOS DE AÇÃO CIVIL
LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA
COMPETÊNCIA
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA
AÇÃO PENAL
CONCEITO
O Estado é o único ente com legitimidade para punir. Desta forma, o Estado usurpou do
cidadão o direito de fazer justiça com as próprias mãos, mas em contrapartida ofereceu um
direito, e esse direito é o direito de ação. Portanto, a ação penal é um direito público e
subjetivo, constitucionalmente assegurado.
Art. 5º, XXXV, CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito.

CARACTERÍSTICAS
As características se resumem no revestimento, é dizer, a forma pela qual a ação penal se
apresenta, sendo elas:
a) um direito AUTÔNOMO, que não se confunde com o direito material que se pretende
tutelar;
b) um direito ABSTRATO, que independe do resultado final do processo; c) um direito
SUBJETIVO, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional;
d) um direito PÚBLICO, pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de
natureza pública;
e) um direito INSTRUMENTAL, sendo um meio para alcançar a efetividade do direito
material.

MODALIDADES
A ação penal é tipicamente classificada de acordo com a titularidade da ação. Quando o
titular for o Ministério Público (dominus litis), a ação será chamada de ação penal pública;
enquanto sendo o particular o titular da ação, a nomenclatura dada é ação penal privada. A
ação pública apresenta as seguintes modalidades:
a) Incondicionada — o exercício da ação independe de qualquer condição especial. É a
regra no processo penal, uma vez que, no silêncio da lei, a ação será pública
incondicionada.
b) Condicionada — a propositura da ação penal depende da prévia existência de uma
condição especial (representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça).

A ação penal privada pode ser ainda dividida em:


a) Exclusiva: é aquela em que pode ser exercida pelos seus familiares sempre que houver
ausência ou falecimento (C, A, D, I);
b) Personalíssima: apenas a própria vítima é quem pode prestar a queixa-crime. Ocorre
no CP unicamente no artigo 236 (induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento em casamento).
c) Subsidiária da Pública: é a ação promovida pela parte sempre que houver descaso ou
relaxamento do MP em relação à ação penal pública.
CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO PENAL
Condições para a elaboração da ação penal são requisitos que devem obrigatoriamente
ser observados, sob sanção de extinção do processo sem julgamento de mérito. Ora, o
indivíduo não pode se utilizar de qualquer forma o direito de ação, visto que tal instituto se
reveste de importância única. O legislador processual penal não distinguiu quais são as
condições na ação penal. Para isso, a jurisprudência e a doutrina se valem do Art. 3º do CPP,
no que tange à utilização da interpretação extensiva, aplicação analógica e aplicação dos
princípios gerais do Direito. Assim, utiliza-se do novo CPC para determinar quais são as
condições para o exercício da ação, sendo elas:
1. LEGITIMIDADE: é a legitimidade que as partes devem ter ao lançar mão do direito de ação.
Pode ser ad causam (quando a legitimidade paira sobre o aspecto subjetivo – Ex.: caso em que
o MP ofereça a denúncia em um crime de ação privada ou contra menor de 18 anos), haverá
vício de legitimidade ad causam; ou ad processum (relativo à legitimidade processual – Ex.:
um menor assinando uma queixa-crime ou queixa impetrada pelo querelante, o qual não tem
atividade postulatória).

2. INTERESSE DE AGIR: materializa-se em uma tríade de NECESSIDADE, UTILIDADE E


ADEQUAÇÃO. A necessidade é contrastada com a obrigatoriedade de se ter uma ação para que
haja a aplicação de uma pena. No processo civil não há que se falar em necessidade, pois as
partes podem simplesmente acordar em pagar custos, coisa impossível no processo penal. O
acusado não pode negociar a sua liberdade por conta de um acordo. Já a utilidade nada mais é
do que a esperança, ainda que mínima, da aplicação da pena. Por fim, a adequação, expressão
autoexplicativa, é utilizar o meio adequado para pleitear o direito em jogo.

3. JUSTA CAUSA: com a reforma do CPP, é comum as bancas cobrarem um posicionamento


advindo da reforma do Código, o qual salientou a necessidade da “Justa Causa” (Art. 395, III,
CPP), diga-se, a apresentação de um lastro probatório mínimo (indícios de autoria e de
materialidade) para a implementação da ação penal.
Em relação à POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, o novo CPC (2015) excluiu a
menção desse requisito (para Renato Brasileiro e Nestor Távora), o qual prediz que, para que
haja ação penal, a lei deve proteger um direito que foi ferido. O motivo da exclusão, segundo a
doutrina, é que tal dispositivo se tratava de categoria que necessitava de excessiva retórica
para ser justificada no ordenamento jurídico. A exclusão da possibilidade jurídica do pedido
foi cobrada em 2017 pela banca Cespe/UnB, de forma que são consideradas condições
genéricas da ação penal apenas a legitimidade, o interesse de agir e a justa causa. No entanto,
parte da doutrina e algumas bancas (FUNDATEC) afirmam que deve ainda existir a
possibilidade jurídica do pedido, logo, não há pacifismo quanto ao tema.
4. ORIGINALIDADE: a doutrina minoritária considera ainda como condição genérica da ação a
originalidade. Para Afrânio Jardim e André Nicolitt, a ação penal deve ser original, não se
admitindo reprodução, em face da vedação da dupla persecução criminal (bis in idem).

ATENÇÃO! São condições específicas de procedibilidade a REPRESENTAÇÃO da vítima e a


REQUISIÇÃO do MJ!

AÇÃO PENAL PÚBLICA


Como visto, a ação penal pública é um direito titularizado pelo MP. Os PRINCÍPIOS que regem a
ação penal pública são os seguintes:

1) Princípio da OBRIGATORIEDADE ou LEGALIDADE – O Ministério Público tem o dever, e


não a faculdade, de ingressar com a ação penal pública, quando concluir que houve um fato
típico e ilícito e tiver indícios de sua autoria. O Ministério Público NÃO tem liberdade para
apreciar a oportunidade e a conveniência de propor a ação, como ocorre na ação penal privada.
Como o órgão Ministerial tem o dever de ingressar com a ação penal pública, o pedido de
arquivamento deve ser motivado (artigo 28 do Código de Processo Penal).

ATENÇÃO! E se o MP não oferecer a denúncia quando deve? Ora, o MP deve denunciar


quando houver indícios de autoria (in dubio pro societate) e materialidade para ação penal.
Deixando de fazê-lo, o promotor poderá cometer crime de prevaricação.
2) Princípio da INDISPONIBILIDADE: é ainda conhecido como princípio da indesistibilidade.
O princípio da indisponibilidade é um desdobramento do princípio da obrigatoriedade. Depois
de proposta a ação, o Ministério Público não pode desistir (Art. 42 do CPP), visto que crimes
de ação penal pública são revestidos de interesse público.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
3) Princípio da (IN)DIVISIBILIDADE: Indivisibilidade significa incapacidade de particionar
os fatos ou os autores. É o que entende a doutrina majoritária, visto que o MP DEVE denunciar
todos os infratores, desde que haja elementos que o convença disso. No entanto, para o STF e
STJ, como pode o MP aditar a denúncia como novos elementos (autores ou crimes), a ação
penal pública, na verdade, é DIVISÍVEL.

ATENÇÃO! Nos Tribunais Superiores, prevalece o entendimento de que, na ação penal


pública, vigora o princípio da DIVISIBILIDADE. O STJ entende que o princípio da
indivisibilidade da ação penal aplica-se tão somente à ação penal privada, conforme o Art.
48 do CPP.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao
processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua
indivisibilidade.
4) Princípio da INTRANSCENDÊNCIA ou PESSOALIDADE: a ação penal condenatória não
pode passar da pessoa do suposto autor do crime. O respectivo princípio é um desdobramento
do princípio da pessoalidade da pena, previsto no Art. 5º, XLV, CF.
5) Princípio da AUTORITARIEDADE (CAPEZ): Os órgãos encarregados da persecução penal
são públicos. O Estado é titular exclusivo do direito de punir e o faz por meio do devido
processo legal. O Ministério Público é titular exclusivo da ação penal pública. No caso de
INÉRCIA do Ministério Público, este princípio sofre relativização, pois a vítima pode ingressar
com ação penal privada subsidiária.
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA
Apesar de o Ministério Público ser o titular exclusivo da ação (somente ele pode oferecer a
denúncia), depende se de certas condições de procedibilidade para ingressar em juízo. Sem estas
condições, o Ministério Público NÃO pode oferecer a denúncia, não poderá haver Inquérito
Policial e nem mesmo prisão em flagrante. A condição exigida por lei pode ser a
REPRESENTAÇÃO do ofendido ou a REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir,
de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido
ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do
patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal
será PÚBLICA.
Art. 25. A representação será irretratável, DEPOIS DE OFERECIDA
A DENÚNCIA.
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o AUTO
DE PRISÃO EM FLAGRANTE ou por meio de PORTARIA expedida
pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do
Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública,
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e
indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
OBS.: deve ser salientado ainda que, dentro do prazo decadencial, a representação pode ser
novamente oferecida, tornando a ser viável a apresentação de denúncia pelo Ministério
Público. É o que se chama de retratação da retratação.

ATENÇÃO! A representação é condição específica de procedibilidade que permite que as


autoridades públicas façam 3 coisas: prendam em flagrante, ofereçam a denúncia e iniciem
o IP. Do contrário, não poderá haver nenhum desses institutos!
Tanto a requisição do MJ quanto a representação do ofendido ou de seu representante
legal não vinculam o MP, ou seja, tal órgão é dotado de autonomia no momento de enquadrar o
crime ou oferecer ou não a denúncia.
Quando houver concurso formal entre um crime de ação penal pública e outro de ação
penal privada, o órgão do MP não pode oferecer denúncia em relação aos dois. É
imprescindível que se forme um litisconsórcio entre o Promotor e o titular do jus querelandi,
para que ambos os delitos sejam objeto de acusação e possam ser apreciados conjuntamente
na sentença, aplicando-se o disposto no Art. 77, II, do CPP (continência). Cada ação penal é
promovida por seu titular, nos termos do Art. 100, caput, do CP.

AÇÃO PENAL PRIVADA


É a ação proposta pelo querelante ou seu representante legal. O Estado, titular exclusivo
do direito de punir (Art. 129, inciso I, da CF), por razões de política criminal, outorga ao
querelante o direito de ação. O querelante, em nome próprio, defende o interesse do Estado na
repressão dos delitos.

TITULARIDADE
A regra é que o titular do direito de ação é a vítima. Se o querelante for menor de 18 anos,
mentalmente enfermo, retardado mental e não tiver REPRESENTANTE LEGAL, ou seus
interesses colidirem com os deste último, o direito de queixa poderá ser exercido por curador
especial, nomeado para o ato (Art. 33 do CPP).
No caso de morte do ofendido, ou de declaração de ausência, o direito de queixa, ou de
dar prosseguimento à acusação passa a ser do CADI (Cônjuge ou Companheiro(a) 🡪
Ascendente 🡪 Descendente 🡪 Irmão – CUIDADO com este rol taxativo e sucessivo – A ordem é
essa: CADI), conforme dispõe o Art. 31 do CPP. No caso de ação penal privada
PERSONALÍSSIMA, o direito de ação é intransferível e só a vítima será capaz de propor a ação
penal.

FUNDAMENTO
A petição inicial da ação penal privada é a QUEIXA-CRIME, regulada entre os Arts. 24 a
62 do CPP e Art. 100 do CP.

PRINCÍPIOS
1) Princípio da OPORTUNIDADE: o ofendido tem a faculdade, não o dever de propor a ação
penal.
Deste princípio decorre o instituto da DECADÊNCIA, que nada mais é do que a perda do
direito de ingresso com a ação após o lapso de tempo de 6 meses, a contar do conhecimento da
autoria. Portanto, em se falando de ação penal privada, caso a parte não queira entrar com a
ação basta aguardar a transcorrer do prazo, visto que NÃO HÁ ARQUIVAMENTO de crimes de
ação penal privada.
Aqui também se encontra o instituto da RENÚNCIA, que poderá se dar de maneira tácita
ou expressa.
⮚ Renúncia expressa é aquela que consta de declaração escrita e assinada pelo
ofendido, por seu representante ou por procurador com poderes especiais (Art. 50
do CPP).
⮚ Renúncia tácita decorre da prática de ato incompatível com a intenção de exercer o
direito de queixa e admite qualquer meio de prova (Art. 57 do CPP). Ex.: casamento
com o autor do crime.
Nos termos do Art. 49 do Código de Processo Penal, a renúncia em relação a um dos
autores do crime A TODOS SE ESTENDE (ato unilateral). Trata-se de regra decorrente do
princípio da indivisibilidade da ação privada (Art. 48 do CPP).
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um
dos autores do crime, a todos se estenderá.
ATENÇÃO! Tanto a renúncia quanto a decadência extinguem a punibilidade (Art. 107,
CP).

2) Princípio da DISPONIBILIDADE: o ofendido pode desistir ou abandonar a ação penal


privada até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da
perempção (artigos 51 e 60 do CPP, respectivamente).
⮚ O PERDÃO é um ato pelo qual o querelante desiste do prosseguimento da ação
penal privada, desculpando o querelado pela prática da infração penal. O perdão só
é cabível quando a ação penal já se iniciou com o recebimento da queixa e
pressupõe também que não tenha havido trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Cuida-se de ATO BILATERAL, uma vez que gera a extinção da punibilidade
somente se for aceito pelo ofendido. O próprio Art. 107, V, do Código Penal diz que
se extingue a punibilidade pelo perdão aceito. O silêncio aqui presume aceitação
(Art. 58 - três dias). Assim, o perdão, se concedido a um dos querelados, a todos se
estende, mas somente extingue a punibilidade daqueles que o aceitarem (Art. 51
do CPP). Aquele que não aceitar seguirá no processo, almejando ser absolvido.
⮚ Já a PEREMPÇÃO é uma sanção aplicada ao querelante, consistente na perda do
direito de prosseguir na ação penal privada, em razão de sua inércia ou omissão no
transcorrer da ação penal.
ATENÇÃO! Trata-se também de causas extintivas da punibilidade que, todavia, só têm
vez após o início da ação penal. Não se aplicam à ação penal privada subsidiária da
pública o perdão e a perempção, visto que a ação originária é pública.
Cuida-se de instituto inaplicável quando proposta ação privada em crime de ação pública
(ação privada subsidiária), pois, neste caso, se o querelante se mostrar desidioso, o Ministério
Público reassume a titularidade da ação, não se podendo cogitar o perdão perempção porque,
na origem, o delito é de ação pública (Art. 29 do CPP).
São hipóteses de Perempção (Art. 60, CPP):
• Omissão em DAR ANDAMENTO ao processo por 30 DIAS;
• Ausência de SUBSTITUIÇÃO no polo ativo em 60 DIAS a contar da MORTE do
querelante;
• Ausência INJUSTIFICADA a ato a que deva estar presente;
• Ausência de pedido de CONDENAÇÃO nas alegações finais;
• Extinção da PESSOA JURÍDICA sem deixar sucessor.
3) Princípio da INDIVISIBILIDADE: o ofendido é obrigado a incluir na queixa todos os
ofensores. Não é obrigado a apresentar a queixa, mas, se o fizer, é obrigado a interpor contra
todos (Art. 48 do CPP).
4) Princípio da INTRANSCENDÊNCIA: Trata-se de princípio constitucional que impõe que a
ação penal só pode ser ajuizada contra o autor do fato e nunca contra os seus sucessores.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo
caberá intentar a ação privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente
por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na
ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte
que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a
ação penal.
§ 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às
despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao
próprio sustento ou da família.
§ 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade
policial em cuja circunscrição residir o ofendido.

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente


enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa
poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o
processo penal.
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito
de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa,
terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na
ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto,
qualquer delas PROSSEGUIR NA AÇÃO, caso o querelante desista da
instância ou a abandone.

ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA


A.P.P. EXCLUSIVAMENTE PRIVADA: É aquela proposta pelo ofendido ou seu
representante legal, que permite, no caso de morte do fendido, a transferência do direito de
oferecer queixa ou prosseguir na ação o CADI (Cônjuge – Companheiro(a), Ascendente,
Descendente ou Irmão) do Art. 31 do CPP.
A.P.P. PERSONALÍSSIMA: É aquela que pode ser promovida ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE
pelo ofendido. De tal modo, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a
extinção da punibilidade do agente. Ex.: Induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento (Art. 236 do CP).
A.P.P. SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: A ação penal privada subsidiária da pública é espécie
de ação penal privada, e como previsto, é iniciada por queixa substitutiva ou subsidiária,
também sendo prevista pela própria CF/88 no Art. 5º, LIX:
Art. 5º, LIX, CF/88 - será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
Tem cabimento a partir da inércia do MP, que, nos prazos legais, deixa de atuar. O
importante aqui é diferenciar o que é inércia. Após receber o relatório, cabe ao MP: 1) Ordenar
e homologar o arquivamento;
2) Requisitar novas diligências;
3) Promover a denúncia.
Da negativa dessas situações, caberá a aplicação da ação penal privada subsidiária da
pública, lembrando que o prazo de inércia é de 5 DIAS quando o indiciado estiver preso e 15
DIAS se estiver solto (Art. 46, CPP). Vale dizer que esse prazo é impróprio, ou seja, pode o MP
realizar qualquer uma das condutas acima, ainda que o ultrapassado o prazo, até a prescrição
do crime.
Essa ação trata-se de mera faculdade, cabendo ao particular optar entre manejar ou não
a ação, gozando como regra do prazo de seis meses, iniciados, contudo, do encerramento do
prazo que o MP dispõe para atuar (logo, no 6º dia de o investigado estiver preso, ou no 16º dia
se o investigado estiver solto).
⮚ Prazo para implementar a ação penal privada subsidiária: 6 MESES, A CONTAR DA
INÉRCIA DO MP.
⮚ Petição inicial: QUEIXA-CRIME SUBSTITUTIVA.
ATENÇÃO! Como a ação em que está tramitando é de caráter público, permanece o MP
como sendo o titular da ação, sendo esta regida pelos princípios da ação penal pública.
Assim, nos termos do Art. 29, poderá o MP:

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer DENÚNCIA SUBSTITUTIVA,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Assim, funcionará o MP como ASSISTENTE LITISCONSORCIAL da ação. A ação privada
subsidiária é indisponível. Se o querelante sinalizar com o perdão ou for desidioso, tentando
com isso ocasionar a perempção, será afastado, assumindo o MP dali por diante como parte
principal (este fenômeno é conhecido como AÇÃO PENAL INDIRETA). Restará ao querelante
afastado habilitar-se como assistente de acusação.
Caso o Ministério Público entenda que a ação proposta pelo particular NÃO atende aos
mínimos requisitos legais, ou seja, é desprovida de justa causa (indícios razoáveis de autoria e
materialidade), deverá se manifestar pela rejeição da inicial pelo magistrado. Este último,
contudo, não vinculado ao parecer ministerial, poderá receber a queixa-crime, dando assim
início ao processo. Poderá o MP impetrar habeas corpus em favor do réu, para trancar o
processo iniciado.

AÇÃO CIVIL EX DELICTO


Um comportamento criminoso, em diversos momentos, pode repercutir em várias áreas
do direito, a saber, na área cível. O Art. 5º, V da CF/88 assegura a indenização pelo dano
material e moral. Como vários crimes envolvem a dilapidação do patrimônio, o próprio Código
Penal previu no Art. 91, I, que a sentença penal condenatória torna certa a obrigação de
reparar o dano, por isso é chamada de TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL, independentemente
do órgão judicial que a profira.
CONCEITO: é uma ação proveniente do dano provocado pelo crime, com o cunho de
indenizar a vítima do crime e reparar o dano.

SISTEMAS PROCESSUAIS
Os sistemas processuais são as formas de se ingressar na esfera judicial para a
propositura de uma demanda. A doutrina aponta alguns tipos de sistemas:
• Sistema da Solidariedade ou da Identidade: aqui haverá duas ações, uma cível
outra criminal, desenvolvendo-se em processo único. Pode ser movido por
pessoas distintas, contra responsáveis diversos.
• Sistema da Independência Absoluta: cada responsabilidade tramitará em um
processo autônomo, que não sofrerá influência de outro.
• Sistema da Interdependência (ou independência relativa): prevê
independência de processos, mas com influência, em alguns casos, da ação
penal na ação civil. É o sistema adotado no Brasil (Art. 935 do CC).
ATENÇÃO! As esferas civil e penal são independentes, mas havendo negativa de autoria
ou inexistência de fato, além de outras hipóteses previstas em lei, a esfera penal incidirá
sobre a civil.
Como já citado, a sentença condenatória transitada em julgado na esfera criminal gera
título executivo judicial, fixando a autoria e a materialidade, que não mais poderão ser
discutidas na esfera civil. A lei autoriza o juiz fixar, na sentença condenatória,
independentemente do pedido das partes, um valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (CPP, Art. 387, IV):
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
Conforme a própria ressalva da Lei, isso, contudo, não impede que a vítima pretenda
valor superior ao fixado na sentença. Nesse caso, deverá valer-se da liquidação para apuração
do dano efetivamente sofrido.
ATENÇÃO! Quem executa a ação de indenização é o juiz cível, visto que o CC prevê, no
Art. 935, que as esferas são independentes!

TIPOS DE AÇÃO CIVIL


Sendo assim, a doutrina divide dois tipos de ação civil ex delicto:
⮚ Em sentido estrito, de conhecimento ou cognição (Art. 64, parágrafo único do CPP):
é a demanda proposta ANTES do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, isto é, não se fundamenta em uma sentença, devendo a parte instruir
a demanda para que o juiz proponha a reparação do dano. Pode ocorrer durante o
Inquérito ou Processo. Nestes termos, o juiz cível PODERÁ (de acordo com o STJ)
suspender o processo civil (em regra, por 01 ano) até que haja julgamento penal. ⮚
Em sentido amplo ou de execução (Art. 63, parágrafo único do CPP): é a demanda
civil lastreada em uma sentença penal condenatória após o trânsito em julgado.
Como ocorre após a decisão, NÃO demanda instrução probatória. Além disso, pode
o juiz criminal estabelecer um valor mínimo de ressarcimento (Art. 387, IV do CPP),
sem prejuízo da efetiva liquidação na esfera cível.
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão
promover-lhe a execução, NO JUÍZO CÍVEL, para o efeito da
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a
EXECUÇÃO poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do
inciso IV do caput do art. 387 deste Código SEM PREJUÍZO DA
LIQUIDAÇÃO para a apuração do dano efetivamente sofrido.
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
ressarcimento do dano PODERÁ ser proposta no juízo cível, contra o
autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil
PODERÁ suspender o curso desta, até o julgamento definitivo
daquela.
ATENÇÃO! Embora o parágrafo único do Art. 64 salienta a palavra PODERÁ, entende a
doutrina que a suspensão do curso do processo civil DEVERÁ acontecer, na expectativa
de não criar controvérsia entre as duas sentenças.

LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA


A legitimidade ativa da ação é da vítima, do seu representante legal (no caso de menor de
18 anos e doente mental), e havendo óbito ou ausência, passa para os herdeiros (Art. 63 do
CPP). Sendo a vítima pobre, a ação de conhecimento ou de execução será promovida, a seu
requerimento, pelo MP, que atuará em substituição processual (Art. 68 do CPP).
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre
(art. 32, §§ 1º e 2º), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou
a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo
Ministério Público.
ATENÇÃO! As defensorias públicas, quando devidamente estruturadas, podem propor a
ação civil ex delicto, mas enquanto não houver defensoria em todos os locais, incumbe
se ao MP essa função. Por isso o STF atentou que o Art. 68 é norma em trânsito de
inconstitucionalidade.
No polo passivo da ação irá figurar o autor do crime, sem prejuízo do efetivo responsável
cível, nas ações de conhecimento, como dispõe o Art. 64, caput:
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o
autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
ATENÇÃO! A doutrina majoritária entende que o responsável civil pode invocar todo e
qualquer argumento para se livrar da ação proveniente de sentença, pois não foi parte
do processo criminal, não oportunizando devidamente o contraditório e a ampla defesa.

COMPETÊNCIA
Cabe à vítima optar entre ajuizar a ação civil no lugar do seu domicílio ou no local do fato,
havendo concorrência de foros. Nada impede que opte por ajuizar a ação no domicílio do réu.
No caso de acidentes com veículos ou aeronaves, dispõe o novo CPC, no Art. 53, V:
Art. 53. É competente o foro:
(...)
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação
de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.

SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
Havendo sentença de absolvição por inexistência de fato, negativa de autoria ou
excludentes de ilicitude, não há que se falar em demanda de ação civil (Arts. 65 e 66 do CPP).
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa,
em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a
ação civil PODERÁ ser proposta quando não tiver sido,
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
No entanto, o Art. 67 salienta que cabe a ação civil em outros casos:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
informação;
ATENÇÃO! Tourinho Filho, entre outros doutrinadores, afirma que em havendo
inexistência de fato ou excludente de ilicitude, o arquivamento do IP faz coisa julgada
cível!
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
O artigo 107 do CP estabelece uma série de formas da extinção da punibilidade. No caso
de extinção da punibilidade do agente por Abolitio Criminis ou morte, a doutrina entende que
PERSISTIRÁ o dever de indenizar, logo, cabível a ação civil. O mesmo ocorre em havendo a
prescrição, renúncia, retratação e perdão judicial. A anistia, a graça e o indulto igualmente não
impedem a ação civil.
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
constitui crime.
O Art. 386 do CPP estabelece as hipóteses cabíveis de absolvição, por isso é preciso ver
cada hipótese per si:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte
dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
Como já visto, a inexistência material do fato impede a propositura da ação civil ex
delicto. A argumentação é que se torna incoerente uma absolvição criminal associada com
uma futura condenação civil.
II - não haver prova da existência do fato;
Pelo princípio do favor rei, ou in dubio pro reo, o juiz acaba por absolver o réu em
sentença absolutória. Isso não impede a propositura da ação civil.

III - não constituir o fato infração penal;


O fato praticado pelo agente pode não estar tipificado como crime, mas pode constituir
ilícito civil.
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
Ora, se o réu não concorreu com o crime, não há sentido em abrir as portas para a
indenização civil.
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
Fato semelhante ao inciso II, tal qual deverá ser tratado da mesma forma, ou seja, é
hipótese permissiva de ação civil.
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu
de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1ºdo art. 28, todos do Código
Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
Nesse caso, o réu foi absolvido por que existem circunstâncias que excluem o crime ou
isentam de pena. A regra aqui é que não cabe a pretensão indenizatória da esfera civil. No
entanto, excepcionalmente poderá haver ação civil nos casos:
Estado de necessidade agressivo (Arts. 929 e 930 do CC): trata-se de uma situação de
perigo em que é sacrificado o bem de terceiro diverso daquele causador de perigo. O ato
apenas será legítimo quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não
excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Legítima defesa real e aberratio ictus (erro na execução): caberá ação civil na legítima
defesa real quando o acusado tiver atingido terceiro inocente. Em havendo erro na execução,
caberá a ação indenizatória.
Agora, quanto às excludentes de ilicitude e aberratio ictus putativa, cabe ação civil? A
doutrina majoritária entende que essa decisão não faz coisa julgada civil, portanto não impede
a implantação da ação indenizatória.
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Por fim, de forma análoga aos demais casos, a falta de provas não impede a propositura
da ação civil.
ATENÇÃO! Em regra, as excludentes de culpabilidade não impedem a ação civil!

SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA


Essa ação julga improcedente a pretensão punitiva estatal, aplicando neste caso uma
medida de segurança. O juiz reconhece o fato típico e antijurídico, mas afasta a culpabilidade
do agente. Nestes casos, é cabível a ação civil de conhecimento contra o próprio incapaz ou
contra o seu responsável legal (Art. 932 do CC).

Você também pode gostar