Conceito Atenção: para parte da doutrina, a possibilidade
jurídica do pedido, à luz do NCPC, é questão de mérito e não condição da ação. Direito de ação penal é o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. Principiologia da Ação Penal Pública → Cuidado: ação penal ≠ processo criminal, pois o direito de ação penal existe, ainda que não tenha Ela é obrigatória (presentes os motivos para tanto, o ocorrido o processo criminal. Ação Penal é o direito MP é obrigado a oferecer denúncia), indisponível e o processo criminal é meio pelo qual se dará o (depois de oferecida a denúncia o MP não pode exercício desse direito. desistir da ação), divisível (havendo mais de um suposto autor do crime, nada impede que venha o Possuidor do direito de ação penal Ministério Público a ajuizar a ação penal apenas em O estado, na figura do Ministério Público (em ações relação a um ou alguns deles, relegando a penais públicas), e a vítima, sob a condição de propositura quanto aos demais para momento querelante (em ações penais privadas). posterior) e intranscendente (a ação penal será ajuizada, unicamente, contra o responsável pela Atenção: quando, em crime de ação penal pública, autoria ou participação) o MP oferece DENÚNCIA e quando, em crime de ação penal privada, o QUERELANTE oferece Principiologia da Ação Penal Privada QUEIXA-CRIME, o Juiz precisa verificar se é possível ou não o recebimento daquela inicial Ela é oportuna (ainda que presentes os motivos para tanto, a vítima não é obrigada a oferecer queixa A inicial não será recebida quando (artigo 395, crime), disponível (depois de oferecida a queixa CPP): crime a vítima pode desistir da ação), indivisível (ou a) for manifestamente inepta (desrespeitar o artigo processa todos ou processa ninguém) e 41 do CPP); intranscendente (a ação penal será ajuizada, b) faltar pressuposto processual (artigo 267, IV, unicamente, contra o responsável pela autoria ou CPC) ou condição (possibilidade jurídica do pedido, participação). interesse de agir e legitimidade das partes) para o exercício da ação penal; → Na ação penal pública incondicionada, c) faltar justa causa (lastro probatório mínimo) para presentes os pressupostos e condições da ação, o o exercício da ação penal. MP não precisa de manifestação de vontade alguma para oferecimento da denúncia. Na ação Inépcia da inicial penal pública condicionada à representação da Ocorre quando nela não contém a exposição do vítima, ainda que presentes os pressupostos e fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a condições da ação, o MP precisa de manifestação qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos de vontade da vítima ou do representante legal quais se possa identificá-lo, a classificação do crime desta (não havendo, sucessores) para oferecimento e, quando necessário, o rol das testemunhas (artigo da denúncia. Na ação penal pública condicionada 41 do CPP). à requisição do ministro da justiça, ainda que presentes os pressupostos e condições da ação, o Pressupostos Processuais MP precisa da requisição do MJ para oferecimento Juiz, partes e demanda. Condições da ação: prática da denúncia. de fato aparentemente criminoso (possibilidade jurídica do pedido), punibilidade concreta (interesse de agir), legitimidade de parte (capazes de figurar nos pólos do processo) e justa causa (lastro Ação Penal Pública probatório mínimo que embase a acusação). Incondicionada (art. 24, 1ª Parte, do CPP e art. 100, caput, do CP). Principais observações O art. 38 do CPP estabelece o prazo para o O Ministério Público é o dominus litis, podendo oferecimento da representação, disciplinando que, instaurar o processo criminal independente da salvo disposição em contrário, será de seis meses, manifestação de vontade de qualquer pessoa e até contados do dia em que o ofendido vier a saber mesmo contra a vontade expressa ou tácita da quem foi o autor do crime, sob pena de decadência. vítima ou de seu representante legal. O Ministério Público tem, como regra, prazo de 5 A contagem desse prazo inclui o dia do início (é dias (denunciado preso) ou 15 dias (denunciado prazo material). Assim, por exemplo, conhecido o solto) para oferecimento da denúncia. Este prazo autor do fato no dia 20 de abril, esgota-se o prazo tem início a partir da data em que o órgão do em 19 de outubro do mesmo ano. Sua fluência Ministério Público receber os autos do inquérito acarreta a extinção da punibilidade (art. 107, IV, do policial ou das peças de informação. Este prazo tem CP). natureza processual, logo contam-se na forma A representação será irretratável após o prevista no art. 798, § 1º, do CPP, excluindo-se o dia oferecimento da denúncia, nos termos do art. 25 do do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. CPP. A contrario sensu, será retratável até este O prazo para oferecimento da denúncia é momento. impróprio, o que significa que seu escoamento não acarreta preclusão. Logo, ainda que esgotado o prazo legal do Ministério Público, se a vítima ou Ação Penal Pública quem tenha qualidade para representá-la não ajuizar a ação penal privada subsidiária da pública Condicionada à Requisição do nos termos do art. 29 do CPP, poderá a denúncia ser apresentada pelo Promotor em qualquer tempo, Ministro da Justiça desde que antes da extinção da punibilidade pela (art. 24, 2. a Parte, do CPP e art. 100, § 1º, do CP). prescrição ou outra causa. Principais observações Ação Penal Pública O Ministério Público é o dominus litis, contudo, para instaurar o processo criminal, depende da Condicionada à Representação requisição por parte do Ministro da Justiça. Ao contrário do que ocorre com a representação,
do Ofendido inexiste fixação de prazo decadencial para o
exercício da requisição pelo Ministro da Justiça, (art. 24, 2. a Parte, do CPP e art. 100, § 1º, do CP). podendo ela ocorrer até a prescrição do crime praticado. Principais observações O Ministro da Justiça pode se retratar da O Ministério Público é o dominus litis, contudo, para requisição, desde que antes de ajuizada a ação instaurar o processo criminal, depende da penal. manifestação de vontade da vítima ou de seu O MP, assim como não se vincula à representação, representante legal. também não se vincula à requisição. Esta manifestação de vontade da vítima é condição de procedibilidade para a ação e se materializa através da representação. Sem embargo do que Ação Penal Privada Exclusiva dispõe o art. 39, caput e parágrafos, do CPP, a (art. 30 do CPP e art. 100, § 2.º, do CP). representação não exige forma específica, bastando que contenha a narrativa, ainda que Principais observações sucinta, do fato a ser apurado e que traduza a A titularidade da ação é, como regra, da vítima inequívoca vontade da vítima ou de seu maior e capaz (art. 30, 1ª parte, do CPP). representante em ver responsabilizado Lembre-se que a queixa é indivisível. criminalmente o autor do fato. Sendo o ofendido menor de 18 anos ou portador A representação é indivisível, pois ela se refere ao de deficiência mental, o direito de queixa-crime FATO. Lembre-se, contudo, que a ação penal deverá ser exercido pelo seu representante legal pública é divisível. (pais, tutor, curador, guardião legal), independentemente da vontade da vítima (art. 30, Renúncia ao direito de queixa e perdão do 2ª parte, do CPP). ofendido Sendo morta a vítima ou judicialmente declarada a Tanto a renúncia (artigos 49 e 50 do CPP) ao sua ausência, o direito de queixa (salvo no caso da exercício do direito de queixa como o perdão do ação personalíssima, que será tratada mais adiante) ofendido (artigos 51 e 59 do CPP) são institutos poderá ser exercido pelo cônjuge, ascendente, relacionados ao princípio da indivisibilidade (são descendente ou irmão daquela, conforme reza o art. extensíveis) e tem como efeito extinguir a 31 do CPP. A ordem estabelecida nesse artigo deve punibilidade do querelado (artigo 107, V, CPB). ser observada em relação à preferência para o ajuizamento. Destarte, em primeiro lugar está o cônjuge. Na omissão ou recusa deste em propor a Perempção ação penal, poderá fazê-lo o legitimado seguinte e (artigo 107, IV, do CPB e artigo 60 do CPP): assim por diante. Perda do direito de prosseguir na ação privada, ou Pessoas Jurídicas seja, a sanção jurídica cominada ao querelante em De acordo com o preceituado no art. 37 do CPP, decorrência de sua inércia ou negligência. poderão figurar como autores da ação penal Art. 60. Nos casos em que somente se procede privada as fundações, associações ou sociedades mediante queixa, considerar-se-á perempta a legalmente constituídas, hipótese na qual deverão ação penal: ser representadas por quem os respectivos I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio promover o andamento do processo durante 30 destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. dias seguidos; Como regra geral, o direito de queixa deverá ser II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo exercido no prazo de seis meses, contados do dia sua incapacidade, não comparecer em juízo, para em que o ofendido, seu representante legal ou cada prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 uma das pessoas do art. 31 do CPP (no caso de (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber morte da vítima ou de sua ausência) vierem a saber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; quem foi o autor do crime, conforme reza o art. 38 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem do CPP. motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido Atenção: o pedido de instauração de inquérito de condenação nas alegações finais; policial ou mesmo a feitura de B.O na polícia não IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta tem o poder de interromper o curso do prazo se extinguir sem deixar sucessor. decadencial. → Atenção: caso a acusação seja por 2 crimes e Sendo o ofendido menor de 18 anos, o direito de somente, por ocasião das alegações finais, houver queixa poderá ser exercido apenas pelo seu pedido de condenação para 1 deles, ocorre representante legal, o qual deverá ater-se à perempção com relação ao crime para o qual não normatização do art. 38. Se, contudo, o houve o pedido. representante legal não ajuizar a ação penal no prazo de que dispõe, poderá fazê-lo o próprio ofendido após completar a maioridade, pois, para Ação penal Privada ele, é apenas a partir desse momento que tem início a fluência do prazo decadencial, e não do dia em Subsidiária da Pública que tomou conhecimento da autoria do crime. (artigos 5º, LIX, CF/88, 29 do CPP e 100, § 3.o, do CP): O Ministério Público pode aditar a Queixa em ação penal privada exclusiva? Pode, mas há restrições: Principais observações Pode para: incluir dados faltantes, como lugar, dia, Traduz-se na possibilidade de ser ajuizada ação hora e modus operandi Não pode para: inclusão de penal privada em crime de ação pública quando coautores ou partícipes e inovar os fatos descritos esta não for intentada no prazo legal. na Queixa. Esta modalidade de processo criminal, sem embargo de não ter sido ajuizada pelo Ministério Público, rege-se pelos princípios da ação penal pública, induzimento a erro essencial e ocultação de sendo-lhe inaplicáveis, portanto, institutos próprios impedimento, tipificado no art. 236 do Código da ação penal privada, como o perdão do ofendido Penal. e a perempção. O titular da ação, contudo, é o ofendido. O MP só Observações finais retoma a titularidade em caso de negligência do ofendido (artigo 29, in fine, CPP) Súmula 714 do STF: é concorrente a legitimidade Escoado o prazo para o Ministério Público oferecer do ofendido, mediante queixa, e do ministério denúncia e havendo inércia deste, surgirá para o público, condicionada à representação do ofendido ou, na falta, para qualquer das pessoas do ofendido, para a ação penal por crime contra a art. 31 do CPP, a possibilidade de ingresso da ação honra de servidor público em razão do exercício de penal privada subsidiária da pública. suas funções. O prazo para oferecimento da queixa é de 6 meses, contados da data em que se esgotar o prazo do Atenção: quem determina qual é a espécie de ação Ministério Público para oferecer a denúncia. penal para cada crime é o Código Penal e a regra Durante estes 6 meses, temos uma legitimidade é que independentemente da vítima e do contexto concorrente entre o MP e o ofendido. a ação penal seja a que está definida no Código Após estes 6 meses, o ofendido perde o direito de Penal. As únicas exceções a esta regra são os crimes ingressar com a queixa (decadência imprópria) e o de lesão corporal dolosa leve e lesão corporal MP tem até a ocorrência de prescrição do crime culposa. para ingressar com denúncia Ação de Prevenção Penal Papel do Ministério Público após o ofendido ter É aquela deflagrada com a finalidade de aplicar, ingressado com queixa subsidiária (artigo 29 do exclusivamente ao acusado inimputável na forma do CPP): art. 26 do Código Penal, medida de segurança, em Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de sentença denominada como absolutória imprópria. ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, Ação penal sem demanda intervir em todos os termos do processo, fornecer É o antigo processo judicialiforme (ação penal de elementos de prova, interpor recurso e, a todo ofício), não recepcionado pela CF/88, em que o tempo, no caso de negligência do querelante, próprio juiz, de ofício, instaura processo penal retomar a ação como parte principal. condenatório ou o delegado iniciava processo → Atenção: institutos próprios de ação penal penal na delegacia. privada (renúncia, perdão, perempção) e decadência (como causa extintiva de punibilidade) não tem aplicação neste tipo de ação, pois o crime objeto dela é crime de ação penal pública.
Ação Penal Privada
Personalíssima Principais observações Espécie de ação penal privada onde a queixa pode ser proposta única e exclusivamente pelo próprio ofendido, não sendo permitido a outras pessoas (ascendentes, descendentes, cônjuge ou irmão) intentá-la em seu lugar ou prosseguir na que já foi ajuizada. Na atualidade, a única hipótese de crime de ação penal privada personalíssima refere-se ao crime de