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Violação sexual mediante fraude

(art 215 do CP)

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ou que, por qualquer outra causa, não pode
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou oferecer resistência, nos termos do 217-A do
outro meio que impeça ou dificulte a livre Código Penal (Estupro de Vulnerável).
manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o
Conduta
fim de obter vantagem econômica, aplica-se
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
também multa.
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro
meio que impeça ou dificulte a livre
Considerações Iniciais manifestação de vontade da vítima”
Estamos diante do chamado “estelionato sexual”,
O crime de violação sexual mediante fraude onde o agente utiliza-se da fraude ou outro meio
nasce com a Lei nº 12.015/2009 que une num só que impeça ou dificulte a livre manifestação de
tipo penal as condutas de “posse sexual mediante vontade da vítima, para ter conjunção carnal ou
fraude” (art. 215) e “atentado ao pudor mediante praticar outro ato libidinoso.
fraude” (art. 216). Aqui, não há emprego de violência ou grave
Além da fusão das condutas, a reforma de 2009 ameaça para se conseguir a finalidade lasciva do
majorou a pena do tipo fundamental , o que agente.
importa em novatio legis in pejus, impedindo a
retroatividade para alcançar fatos passados. Os núcleos do tipo penal são “ter” e “praticar”
com as seguintes condutas:
Objeto Jurídico a) ter conjunção carnal com alguém; e
b) praticar outro ato libidinoso com alguém.
Tutela-se a dignidade sexual da vítima, em
As condutas descritas são praticadas utilizando-
especial a sua liberdade que é lesada pelo
se como meio o emprego da fraude ou outro
emprego da fraude.
meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da vítima.
Sujeitos Podemos definir a fraude como o engodo, o ardil
ou o artifício que leva a vítima ao engano.
Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, que pode ser praticado Atenção!!!
por qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma É de se ressaltar que a fraude empregada deve
condição especial. ser idônea a enganar a vítima, mas não pode
Se autor da infração é ascendente, padrasto ou anular por completo a sua capacidade de
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, entendimento ou de resistência, sob pena de
tutor, curador, preceptor ou empregador da caracterizar, a depender da situação concreta, o
vítima ou por qualquer outro título tiver estupro de vulnerável (art. 217-A, do Código
autoridade sobre ela a pena será aumentada de Penal).
metade nos termos do art. 226, II, do Código Por outro lado, a fraude grosseira não
Penal. caracterizará o crime, tornando a conduta atípica.
A avaliação da fraude, ou seja, sua idoneidade ou
Sujeito Passivo inidoneidade, levará em conta o caso concreto,
A vítima do crime pode ser qualquer pessoa, não as peculiaridades da vítima, bem como o tempo e
mais se exigindo qualquer condição especial. o local em que ocorreu a conduta.
No entanto, quando o crime é praticado contra
vítima menor de 14 anos ou quando por O art. 215 ainda prevê a prática mediante “outro
enfermidade ou deficiência mental, não tem o meio que impeça ou dificulte a livre
necessário discernimento para a prática do ato, manifestação de vontade da vítima”.
Trata-se de uma fórmula genérica que deve o crime é cometido com o fim de obter vantagem
assemelhar-se à fraude, isto é, deve ser meio que econômica, aplica-se também multa, nos termos
tenha a mesma capacidade de ludibriar a vítima, do parágrafo único.
desde que não chegue ao extremo de inviabilizar
a sua livre manifestação. Consumação e Tentativa
Elemento Subjetivo O crime se consuma com a violação sexual
mediante, ou seja, com a prática da conjunção
É o dolo, consistente na vontade consciente do carnal ou outro ato libidinoso, sendo
sujeito ativo de ter conjunção carnal ou praticar perfeitamente possível a ocorrência na forma
outro ato libidinoso com alguém, mediante tentada quando, iniciada a execução, o ato sexual
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a desejado pelo agente não se consuma por
livre manifestação de vontade da vítima. circunstâncias alheias a sua vontade.
Não se exige nenhuma finalidade especial do
agente para a realização do delito. No entanto, se

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