I) Identificar e diferenciar as condutas de Estupro, Violação Sexual Mediante Fraude,
Importunação Sexual, Assédio Sexual e Estupro de Vulnerável, informando suas
estruturas e classificações.
Estupro – Art. 213
Núcleo do tipo é constranger o sujeito se valendo de violência ou grave ameaça. A violência é o emprego de força física sobre a vítima, consistente em lesões corporais ou vias de fato. A grave ameaça é a promessa de realização de mal grave, futuro e sério contra a vítima ou pessoa próxima. Contempla três condutas típicas 1) Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal. 2) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar outro ato libidinoso. 3) Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Para que seja considerado estupro, a discordância da vítima precisa ser séria e firme, demonstrando sua efetiva oposição ao ato sexual, devendo ter sido vencida somente pelo emprego de violência ou grave ameaça. O estupro é crime pluriofensivo (ofende mais de um bem jurídico: a liberdade sexual e a integridade corporal, se cometido mediante violência, ou então a liberdade individual, quando executado com emprego de grave ameaça); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), embora seja próprio na modalidade “constranger alguém a ter conjunção carnal”, pois nesse caso exige a relação heterossexual; material ou causal (consuma-se com a prática da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso); de forma livre (admite qualquer meio de execução); instantâneo (a consumação ocorre em um momento determinado, sem continuidade no tempo); em regra comissivo; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos). Violência sexual mediante fraude – Art. 215 Há dois núcleos do tipo: ter e praticar. Ter é conseguir ou obter conjunção carnal com alguém. Praticar é realizar ou efetuar outro ato libidinoso com alguém, consistente em qualquer ato idôneo à satisfação da lascívia e diverso da conjunção carnal. Para que haja o tipo penal o sujeito se vale da fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. O meio fraudulento do agente deve ser idôneo a ludibriar a vitima. A violação sexual mediante fraude é crime simples (ofende um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); material ou causal (consuma-se com a prática da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso); de forma livre (admite qualquer meio de execução); instantâneo (a consumação ocorre em um momento determinado, sem continuidade no tempo); em regra comissivo; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos). Importunação sexual – Art. 215 – A Núcleo do tipo é praticar. Praticar no sentido de cometer ou realizar um ato libidinoso. Não há emprego de violência ou grave ameaça e a vítima não é constrangida a praticar o ato libidinoso, sendo o agente a praticá-lo. A importunação sexual é crime simples (ofende um único bem jurídico); comum (ofende um único bem jurídico); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta criminosa, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de dano e forma livre (admite qualquer meio de execução); instantâneo (a consumação ocorre em um momento determinado, sem continuidade no tempo); em regra comissivo; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos). Assédio Sexual – Art. 216 A O núcleo do tipo é constranger. Porém, a conduta consiste em molestar, perturbar uma pessoa, intimidando-a, com o propósito de alcançar vantagem ou favorecimento sexual, afetando a sua dignidade, sua intimidade, sua tranquilidade e seu bem-estar. Deve ser praticado em razão da relação decorrente do exercício de emprego, cargo ou função entre o superior hierárquico e o funcionário público subalterno (Administração Pública) ou entre ascendente e subordinado, nas relações privadas. Deve, ainda ocorrer dentro do ambiente de trabalho. O assédio sexual é crime simples (ofende um único bem jurídico); próprio (somente pode ser praticado pelo ascendente ou superior hierárquico); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta criminosa, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); instantâneo (a consumação ocorre em um momento determinado, sem continuidade no tempo); em regra comissivo; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos). Estupro de Vulnerável – Art. 217 – A Há o critério etário, menores de 14 anos. É irrelevante o dissenso da vítima, pois a lei estabeleceu critérios para concluir pela ausência de vontade penalmente relevante. São pessoas incapazes para compreender e aceitar validamente atos de conotação sexual, razão pela qual não podem contra estes oferecer resistência. No estupro de vulnerável, o tipo penal não reclama a violência ou grave ameaça como meios de execução do delito. Basta a conjunção carnal ou outro ato libidinoso com a vítima, inclusive com sua anuência. O assédio sexual é crime simples (ofende um único bem jurídico); próprio (somente pode ser praticado pelo ascendente ou superior hierárquico); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta criminosa, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); instantâneo (a consumação ocorre em um momento determinado, sem continuidade no tempo); em regra comissivo; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos).