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DIREITO PENAL V

“A batida do martelo do juiz ao prolatar a


sentença, percutindo na madeira e deslocando
uma massa de ar causando ruído, representa
justamente a atuação da norma no mundo real
e concreto. É o abstrato, a idéia, invadindo o
mundo da matéria...”
Ivo Aguiar
Módulo I
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL
• Primeiramente, à guisa, acréscimo de informações a Lei 12.845/13 dispõe sobre atendimento obrigatório e integral de
pessoas em situação de violência sexual

• Art. 1o  Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e multidisciplinar,
visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência sexual, e
encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social.

• Art. 2o  Considera-se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida.

• Art. 3o  O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende os
seguintes serviços:
• I - diagnóstico e tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas;
• II - amparo médico, psicológico e social imediatos;
• III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas
com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência sexual;
• IV - profilaxia da gravidez;
• V - profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST;
• VI - coleta de material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia;
• VII - fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis.
• § 1o  Os serviços de que trata esta Lei são prestados de forma gratuita aos que deles necessitarem.
• § 2o  No tratamento das lesões, caberá ao médico preservar materiais que possam ser coletados no exame médico
legal.
• § 3o  Cabe ao órgão de medicina legal o exame de DNA para identificação do agressor.
Art. 225 - AÇÃO PENAL – interpretação topológica
Ação penal

Crimes previstos nos capítulos I e II

Regra: APPública condicionada à representação do ofendido

Exceções: APPública Incondicionada

Vítima menor de 18 anos ou vulnerável

Art. 213 § 2º. (morte)- Súmula 608 STF

Crimes previstos nos demais capítulos

APPública incondicionada

Art. 234-B – segredo de justiça


Arts. 226 e 234-A: CAPs aplicáveis a este capítulo

Aumento de ½

Se resultar gravidez

Se o agente é CCADI, tio, padrasto, madrasta, tutor, curador,


preceptor ou empregador da vítima ou por qq outro título
tem autoridade sobre ela

Aumento de 1/6 a ½ - se o agente transmite à vítima doença


sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador

Aumento de ¼ se o crime é cometido com concurso de duas ou mais


pessoas
Art. 217-A
Sistema de vulnerabilidade
Menor de 14 anos

Portador de enfermidade ou doença mental que não tem o discernimento para a prática
do ato

Quem por qq outra causa não pode oferecer resistência

Ex.: vítima em coma; desmaiada; tetraplégica

Vítima embriagada

Embriaguez completa = 217-A

Embriaguez incompleta = 215 (redução da


capacidade de compreensão) ou fato atípico

Presunção relativa que admite prova em contrário

Erro de tipo ante a apresentação de RG falso e compleição física do menor


Arts. 213 - ESTUPRO e 217-A – ESTUPRO DE VULNERÁVEL
• Objetividade jurídica – liberdade sexual (213) 3 dignidade e moralidade sexual (217-A)
• Sujeito ativo – crime comum, pode ser praticado tanto por homem como por mulher. Admissível a coautoria e
participação
– Partícipe = aquele que sem realizar a conduta típica induz ou auxilia outrem.
– Coautoria = 1 constrange a vítima mediante grave ameaça (aponta a arma) e outro mantém relação sexual. Se
houver troca de parceiros haverá dois crimes de estupro em concurso material
• Sujeito passivo – qq pessoa, tanto homem como mulher
Sujeito passivo

Capacidade de resistência

Totalmente suprimida =
217-A

Somente reduzida = 215

idade

18 ou + = 213 caput

Crime só com violência ou ameaça

14 até - 18 =
213 § 1º.

Crime só com violência ou ameaça

- 14 anos = 217-A

Consentimento inválido
• Elemento objetivo do tipo – crime complexo
• Há dois verbos, duas condutas típicas e a realização de qq delas torna o indivíduo autor do crime
• 1ª. Constranger = empregar violência ou grave ameaça
• 2ª. Praticar conjunção carnal ou qq ato libidinoso com a vítima. Ex.: sexo oral; carícias de conotação
libidinosa; penetração com objetos
– Não se exige o contato físico. Ex.: obrigar, mediante ameaça, a vítima a se masturbar = 213

• QUESTÃO E SE HOUVER VÁRIOS ATOS LIBIDINOSOS EM SEQUÊNCIA NO MESMO CONTEXTO FÁTICO?


CONCURSO DE CRIMES OU CRIME ÚNICO? Depende:

• 1 Haverá crime único no caso de atos libidinosos que constituem antecedentes lógicos da conjunção
carnal (ex.: preliminares como beijar a vítima e acariciar seu corpo)

• 2 Haverá concurso de crimes no caso dos atos libidinosos revelarem uma nova violação sexual
independente da conjunção carnal (ex.: sexo oral ou anal) Doutrina e jurisprudência divergem quanto a
espécie de concurso:
– Crime continuado (art. 71)
– Concurso material (art. 69), pois, se trata de um tipo misto cumulativo

• QUESTÃO: QUAL INFRAÇÃO PENAL COMETE O AGENTE QUE “ROUBA UM BEIJO DA VÍTIMA”? HÁ NESTE
CASO ESTUPRO? É POSSÍVEL APLICAR-SE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA?
• Elemento normativo do tipo: dissentimento da vítima. No caso desta consentir
haverá fato atípico

• Observa-se que no art. 213 o dissentimento da vítima é elementar do tipo penal,


assim, sendo a vítima maior de 14 anos e mentalmente sã somente haverá crime se
o agente empregar violência ou ameaça
– A não concordância da vítmia pode ser ativa (gritos, espernear, brigar com o estuprador) ou passiva
(não resistir, pois, teme por um mal ainda maior ,por exemplo, sua morte)

• No caso do art. 217-A o consentimento do ofendido é juridicamente irrelevante


havendo crime mesmo que esta consinta com a prática libidnonsa

• Consumação e tentativa: consuma-se com a prática do primeiro ato libidinoso


independentemente da conjunção carnal. Admite-se a tentativa no caso do agente,
comprovada a finalidade libidinosa, empregar violência ou ameaça mas não
conseguir a prática de qualquer ato libidinoso

• É possível aplicar-se à espécie o art. 15 CP (desistência voluntária)


Crime qualificado pelo
resultado – art. 213 § 1º., 2º.

Preterdoloso
Dolo – ato libidinoso
Culpa – lesão grave ou morte

Resultado agravador decorre


da violência inerente ao delito
Art. 215 – Violação sexual mediante fraude
• Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso, com alguém mediante fraude
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Pena: reclusão de 2 a 6 anos
• Parágrafo único: se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,
aplica-se também a multa

• Exs.: Ginecologista que a pretexto de realizar exame de rotina apalpa seus seios e
realiza exame ginecológico na vítima; indivíduo que faz se passar por pai de santo e
através de atos libidinosos promete livrar a vítima de “encosto” (Victor E. R.
Gonçalves); gêmeo se faz passar pelo irmão e mantém relação sexual com a
cunhada (André Estefam); em um baile de máscaras indivíduo se faz passar pelo
marido e pratica atos libidinosos com a esposa daquele (Damásio E. de Jesus);
praticar ato libidinoso com vítima em estado de embriaguez incompleta que reduza
sua capacidade de consentimento
Art. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL
• Objetividade jurídica: liberdade sexual

• Sujeitos ativo e passivo: Conforme doutrina de André Estefam trata-se de crime bipróprio, pois, tanto sujeito
ativo quanto passivo são especificados pelo tipo penal
– § único – CAP se sujeito passivo for menor de 18 anos

• Entenda-se: incrimina-se o fato do sujeito ativo (superior) aproveitando-se da sua condição de superioridade
em uma relação de emprego, cargo ou função constranger seu subordinado a uma prática libidinosa. Ex.: trocar
favores sexuais por promoção no emprego ou por aumento de salário

Sujeito ativo: superior


hierárquico

Elação de emprego,
cargo ou função

Sujeito passivo
subordinado
• Elemento objetivo do tipo – constranger no sentido de importunar, de incomodar mas
sempre com a consciência de que o faz abusando de sua condição de superioridade

• Elemento normativo do tipo: relação de cargo, emprego ou função


– Cargo = relações em função pública
– Emprego = relações trabalhistas seja o emprego formal ou informal
– Função = engloba as funções de magistério e eclesiásticas (professor-aluno; líder
espiritual-seguidores)

• Elemento subjetivo do tipo: trata-se de crime doloso. O dolo deve ser abrangente, ou seja, o
sujeito ativo deve ter a consicência e vontade de tirar vantagem sexual aproveitando-se de
sua condição de superior hierárquico e subjugando a vontade de seu subordinado
– Deve-se ter cautela para não confundir a conduta típica com o interesse sentimental
sincero, ou seja, com o flerte

• Consumação: trata-se de crime formal cuja consumação ocorre com o ato de


constrangimento independentemente da prática libidinosa a qual se ocorrer é mero
exaurimento
Art. 218 caput – Corrupção de menores
• Objetividade jurídica – dignidade sexual do menor de 14 anos (ingresso precoce nas práticas sexuais)
• Sujeito passivo - menor de 14 anos
– Se for maior de 14 = art. 227 caput ou § 1º. Conforme a idade

• Elemento objetivo do tipo – induzir no sentido de persuadir, convencer à satisfação da lascívia, da


luxúria de outrem. Ex.: praticar striptease; fazer sexo pelo telefone; vestir fantasia
– Se a conduta da vítima envolver a prática de ato libidinoso = art. 217-A

• Elemento subjetivo do tipo – dolo com o fim específico de satisfação da luxúria alheia
– Art. 244-B ECA: corrupção de menores = praticar crime ou induzir menor de 18 anos a praticá-lo

• Consumação – crime formal cuja consumação ocorre com a prática do ato de indução (promessas,
súplicas, convencimentos), independentemente da efetiva prática do ato por parte do sujeito passivo, o
qual será mero exaurimento.
– Aplica-se analogicamente a SÚMULA 500 STJ - A configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.

• Tentativa - admissível
Art. 218-A – Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou
adolescente
• Sujeito passivo – menor de 14 anos
– se maior de 18 anos = fato atípico
– Se maior de 14 e menor de 18 anos = art. 232 ECA

• Elemento objetivo do tipo – incrimina-se a prática de ato libidinoso na presença de menor


de 14 anos, o qual não interfere na prática sexual, caso contrário, haverá crime de estupro de
vulnerável (art. 217-A CP)
– O comportamento do sujeito passivo limita-se à contemplação passiva

• QUESTÃO: Qual crime comete o agente que induz menor de 14 anos a assistir filme
pornográfico (cinema, TV, internet)? – 2 correntes:
– 1ª. Art. 241-D § único I ECA (André Estefam)
– 2ª. Art. 218-A CP (Guiherme de Souza Nucci)

• Consumação – no momento em que o menor de 14 anos presencia a prática de atos


libidinosos por terceiros
• Tentativa – admissível (menor evade-se do ambiente antes do início da prática libidinosa)
• TIPOS PENAIS ASSEMELHADOS NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGENTE
• Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena
de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente. Pena – reclusão, de 4
(quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

• Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. Pena – reclusão, de 4
(quatro) a 8 (oito) anos, e multa.)

• Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa

• Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra
forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

• Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, e multa.
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual
• Primeiramente esclareça-se que o a pessoa que se prostitui não comete crime (princípio da reserva
legal). O Direito Penal, a grosso modo, incrimina os comportamentos que revelam um aproveitamento
econômico da prostituição alheia. Abaixo um rol dos dispositivos legais:

• Há dois dispositivos legais que incriminam o comportamento do agente que induz, que atrai uma pessoa
à prostituição ou outra forma de exploração sexual

• 1º. Art. 218-B = cujo sujeito passivo é o menor de 18 anos ou pessoa que por enfermidade ou deficiência
mental não tem discernimento para prática de ato libidinoso
– Neste artigo tutela-se a dignidade e moralidade sexual do menor ou incapaz, o qual não
compreende que o ingresso à prostituição produz consequências deletérias
• 2º. Art. 228 = cujo sujeito passivo é subsidiário, ou seja, qualquer pessoa que não se encontre como
vítima do artigo supra referido

• 3º. Art. 229 = manutenção de casa de prostituição


• 4º. Art. 230 = rufianismo (cafetão)

• Há dois dispositivos que incriminam o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual
• 1º. Art. 213 = tráfico internacional
• 2º. Art. 213-B = tráfico interno
Art. 218-B – "favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança
ou adolescente ou de vulnerável".
Revogou tacitamente o art. 244-A do ECA
 A Lei 12.978/14 acrescentou o inciso VIII ao artigo 1º. Da Lei 8072/90 transformando este delito em crime
hediondo
– Art. 1º. VIII lei 8072/90 - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança
ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

• Objetitividade jurídica - dignidade e moralidade sexual do menor ou incapaz

• Sujeito passivo - menor de 18 anos ou pessoa que por enfermidade ou deficiência mental não tem discernimento
para prática de ato libidinoso

• Elemento objetivo do tipo – em regra o crime é comissivo, no entanto, é possível cometê-lo por omissão quando
houver inércia do agente perante seu dever jurídico de agir para evitar o resultado (art. 13 § 2º. – crime omissivo
impróprio)
– Comete o delito o agente que impede que a prostituta abandone a prostituição (neste caso a prostituta será a
vítima do delito)

• Consumação – no momento em que a vítima se encontra à disposição para a realização de “programas”, ou seja, o
crime estará consumado a partir do instante que a vítima está à disposição de clientes no que se chamou de
“estado de prostituição”, não se exigindo a efetiva prática de atos sexuais mediante contraprestação pecuniária

• Tentativa – admissível na hipótese em que o agente tenta atraí-la à prostituição mas a vítima não cede a seu
induzimento
• Art. 218-B § 2º. – figuras equiparadas

• I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de
18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput deste artigo
– Incrimina-se o cliente que mantém programa com a prostituta maior de 14 e
menor de 18 anos
– Se a prostituta for maior de 18 anos o fato será atípico para o cliente
– Se a prostituta for menor de 14 anos o cliente responderá como autor de
estupro de vulnerável e quem a induziu à prostituição como partícipe deste
crime (art. 217-A)

• II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as


práticas referidas no caput deste artigo
– Este inciso somente incidirá se na hipótese houver prostitua maior de 14 e
menor de 18 anos
– Responderá pelo art. 229 CP se no local somente houver prostitutas maiores de
18 anos
– Art. 218-B § 3º. – efeito obrigatório da condenação
• Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual

• Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual,
facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:

• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

• § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,


tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma,
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:

• Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.

• § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

• Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, além da pena correspondente à violência.

• § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.


• ART. 229 – MANUTENÇÃO DE CASA DE PROSTITUIÇÃO

• Consumação: trata-se de crime habitual cuja consumação depende da comprovação de que


a conduta é praticada de modo contínuo e reiterado configurando um “estilo de vida”
– O verbo núcleo é manter o que dá uma idéia de continuidade e permanência
– Não admite tentativa

• QUESTÃO: Em que termos é possível a prisão em flagrante?

• QUESTÃO: Ante a proliferação de estabelecimentos desta natureza, assim como, perante


uma certa conivência dos poderes públicos, bem como, certa aceitação da sociedade, é
possível falar que o desuso na incriminação deste tipo penal operou sua revogação tácita? O
alvará de funcionamento como lanchonete, drive in, bar ou similar exclui o crime?

• Art. 230 – RUFIANISMO


• Consumação: trata-se de crime habitual cuja consumação depende da comprovação de que
a conduta é praticada de modo contínuo e reiterado configurando um “estilo de vida”
– O verbo núcleo é TIRAR PROVEITO o que dá uma idéia de continuidade e permanência
– Não admite tentativa
• Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual

• Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que


nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída
de alguém que vá exercê-la no estrangeiro.

• Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.

• § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa


traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la,
transferi-la ou alojá-la.

• § 2o A pena é aumentada da metade se:

• I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; II - a vítima, por enfermidade ou


deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III -
se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu,
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV - há
emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

• § 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa."
• Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual

• Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional


para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual:

• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

• § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa
traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou
alojá-la.

• § 2o A pena é aumentada da metade se:


I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; II - a vítima, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III - se o agente é
ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância; ou IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

• § 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também


multa."
Dos crimes contra o ultraje público ao pudor
• ART. 233 – ATO OBSCENO
• Objetividade jurídica – o pudor público, o sentimento social de pudor cujo titular é a coletividade (crime vago)

• Elemento objetivo do tipo – incrimina-se a conduta do agente que realiza ato de conotação sexual em local acessível
ao público
• Trata-se de tipo penal aberto cujo preceito primário se encontra incompleto, desta feita, a tipicidade depende de
complemento por atividade interpretativa do operador do direito conforme os costumes, o local, a época (não haverá
crime se o fato ocorrer em praia de naturismo ou no caso de nudez parcial durante desfiles de carnaval)
– Exs.: micção em público com exposição do pênis; chispada; relação sexual em local público; exposição acintosa
dos órgãos sexuais, seios ou nádegas

• Elemento normativo do tipo – somente haverá o delito se a conduta for praticada em:
– Local público: ruas; becos; vielas; praças; praias; parques
– Local aberto ao público: são os locais em que se ingressa mediante pagamento de ingresso como cinema; teatro;
estádios de futebol; casas de shows musicais
– Local exposto ao público: são locais privados mas de visibilidade ao público em geral: varanda; janela aberta;
dentro de automóvel

• Consumação – com a prática do ato desde que haja a possibilidade de visualização por outrem. O tipo penal não exige
que o ato obsceno seja efetivamente visto por alguém, bastando para a consumação a probabilddiade de que seja visto
– Assim, entende a jurisprudência de que não haverá crime se o ato for praticado em local absolutamente ermo
e afastado

• Tentativa – não admite, pois, se trata de crime unissubsistente


Dos crimes contra o ultraje público ao pudor

• Art. 234 – escrito ou objeto obsceno

• QUESTÕES

• 1 Comete este delito o proprietário de sex shop?

• 2 Comete este delito o indivíduo que pinta obras de


arte ou expõe gravuras ou fotografias de pessoas
com conotação sexual (nu artístico)?
CAPÍTULO VII

DISPOSIÇÕES GERAIS

Aumento de pena

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:


I – (VETADO);
II – (VETADO);
III - de metade, se do crime resultar gravidez;
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.

Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em
segredo de justiça
Módulo II
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA,
A INCOLUMIDADE PÚBLICA E A
PAZ PÚBLICA
BIGAMIA
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo
casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai
casamento com pessoa casada, conhecendo essa
circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de
um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro
casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia,
considera-se inexistente o crime.
Objeto jurídico: A organização da família.
Sujeito ativo: A pessoa casada que contrai novo matrimônio, na
bigamia própria do caput. A pessoa solteira, viúva ou divorciada,
que se casa com pessoa que sabe ser casada, é sujeito ativo do
crime de bigamia imprópria na figura mais branda do § 1º deste
artigo 235 do nosso Diploma Penal.
Sujeito passivo: O Estado, o cônjuge do primeiro matrimônio e o
do segundo, se de boa-fé.
Tipo subjetivo: O dolo
Tipo objetivo: contrair novo casamento.
Casamento de pessoa não casada com outra casada (§ 1º): No §
1º está a incriminação contra quem não sendo casado (solteiro,
viúvo ou divorciado), casa com pessoa casada, conhecendo esta
circunstância.
Tipo subjetivo: Em face da expressão “conhecendo” o tipo
requer o dolo direto não bastando o dolo eventual.
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o
outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
casamento anterior;
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do
contraente enganado e não pode se intentada senão depois de
transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.

Objeto jurídico: A regular formação da família.


Sujeito ativo: O cônjuge que induziu em erro ou ocultou
impedimento.
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge enganado.
Tipo objetivo: Contrair casamento {...}
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Objeto jurídico: A regular formação da família.
Cabem transação e suspensão condicional do processo (Lei
9.099/95).
Sujeito ativo: O cônjuge (ou ambos os cônjuges) que contrai
matrimônio sabendo da existência de impedimento absoluto.
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge desconhecedor do
impedimento.
Tipo objetivo: casa sabendo da existência de impedimento que
cause ao ato nulidade absoluta
Basta que não declare o obstáculo à assunção do matrimônio
para configuração com a simples omissão do agente
desnecessária qualquer ação dele no sentido de ocultar o
impedimento.
Tipo subjetivo: É o dolo direto .
Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para
celebração de casamento: Pena – detenção, de 1 (um) a 3
(três) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
(crime subsidiário).

Cabe a suspensão condicional do processo (Artigo 89 da Lei


9.099/95).
Objeto jurídico: A disciplina jurídica do casamento.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa ou mesmo o funcionário
público sem atribuição para celebrar casamento.
Sujeito passivo: O Estado, bem como o cônjuge de boa fé.
Tipo objetivo: atribuir-se falsamente competência para
celebração de casamento.
Elemento subjetivo: O dolo
Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave. (subsidiário meio para
outro mais grave).

Cabível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei


9.099/95)
Objeto jurídico: A disciplina jurídica do casamento
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Estado, o contraente ou seu representante legal
iludido
Consuma-se com a efetiva simulação. Admite-se tentativa.
Poderão ser partícipes o juiz, escrivão, testemunhas ou outras
pessoas.
“Tipo objetivo: simular (fingir, representar)
casamento mediante engano de outra pessoa.
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de
nascimento inexiste:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.


Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado e pessoa prejudicada pelo
registro.
Tipo objetivo: Trata-se de promover dar causa,
requerer, provocar. A conduta deve objetivar a inscrição
falsa, ou seja, o registro do nascimento de uma criança
não concebida ou de um natimorto.
Tipo subjetivo: O dolo
242. Dar parto alheio com próprio; registrar como seu filho de
outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou
alterando direito inerente ao estado civil:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de


reconhecida nobreza: Pena – detenção, de um a dois anos,
podendo o juiz deixar de aplicar a pena.

Parto suposto (1ª figura do caput):


Objeto jurídico: Estado de filiação.
Sujeito ativo: Só mulher
Sujeito passivo: Os herdeiros prejudicados.
Tipo objetivo: Dar parto alheio como próprio
Tipo subjetivo: O dolo.
Registro de filho alheio (adoção à brasileira) 2ª figura do caput.
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas prejudicadas pelo
registro.
Tipo objetivo: Registrar com o sentido de declarar o
nascimento, providenciar sua inscrição no registro civil.
Tipo subjetivo: dolo.

Ocultação de recém-nascido (3ª figura do Caput do art. 242).


Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Tipo objetivo: Ocultar, esconder, sonegar o recém-nascido
Tipo subjetivo: O dolo
Substituição do recém-nascido (4ª figura do caput).
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Tipo objetivo: É punida a substituição, ou seja, a troca
de recém-nascido, atribuindo-se a um os direitos de
estado civil do outro. Desnecessária à configuração, o
registro de nascimento das crianças substituídas. A
troca pode ser por criança viva ou natimorta.
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra
instituição de assistência filho próprio ou alheio,
ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com
o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Cabe a suspensão condicional do processo (Art. 89 da
Lei 9.099/95).
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Tipo objetivo: abandonar em instituição pública ou
particular,
Tipo subjetivo: O dolo
DOS CRIMES CONTRA A
ASSISTÊNCIA FAMILIAR
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta)
anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando o pagamento de pensão alimentícia judicialmente
acordada, fixada ou majorada; deixar sem justa causa, de
socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de uma a
dez vezes o maior salário mínimo vigente no país.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo
solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por
abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de
pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.
Objeto jurídico: A proteção da família.
Sujeito ativo: Somente os cônjuges, pais,
ascendentes ou descendentes.
Sujeito passivo: As mesmas pessoas acima.
Tipo objetivo: Trata-se de três figuras típicas em
que a falta de justa causa é elemento normativo:
1) deixar, 2) faltar 3) deixar de socorrer,
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 245. Entregar filho menor de dezoito anos a pessoa em cuja
companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou
materialmente em perigo: Pena – detenção, de um a dois anos.
§ 1º. A pena é de um a quatro anos de reclusão, se o agente
pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o
exterior.
§ 2º. Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem,
embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação
de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito
de obter lucro.
Objeto jurídico: A assistência aos filho menores.
Sujeito ativo: No caput e § 1º somente os pais (naturais ou
adotivos).
Sujeito passivo: O filho menor de 18 anos, independentemente
da natureza da filiação.
Tipo objetivo: Entende-se entregar
Tipo subjetivo: É o dolo direto (“saiba”) ou dolo eventual (“deve
saber”).
Participação autônoma (§ 2º do art. 245-CP).
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O filho menor de 18 anos,
independentemente da natureza da filiação.
Tipo objetivo: Pune-se quem auxilia a efetivação de ato
destinado ao envio de menor para o exterior. Exemplos:
preparação de papéis ou passaporte, compra de
passagem, embarque etc.
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à
instrução primária de filho em idade escolar:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa.
Sujeito ativo: genitores
Sujeito passivo: filho (a)
Tipo objetivo: Deixar de prover
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 247. Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a
seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância:
I – frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com
pessoa viciosa ou de má vida;
II – frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe
o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
III – resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV – mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração
pública:
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.

Objeto jurídico: A preservação moral do adolescente.


Sujeito ativo: Os pais ou qualquer pessoa responsável legal pelo
adolescente.
Sujeito passivo: O jovem de idade inferior a 18 anos.
Tipo objetivo: permitir alguém (expressa ou tacitamente)
Tipo subjetivo: O dolo
Art. 248. Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do
lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele
exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar
a outrem, sem ordem do pai, do tutor ou do curador, algum
menor de dezoito anos, ou interdito, ou deixar, sem justa causa,
de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.

Objeto jurídico: Os direitos do poder familiar, tutela ou curatela


Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: menor ou Interdito.
Tipo objetivo: induzir.
Tipo subjetivo: O dolo.
CRIMES CONTRA A
INCOLUMIDADE PÚBLICA
Incêndio
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a
vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Bem jurídico tutelado: a incolumidade pública, o perigo comum que pode
decorrer das chamas de um incêndio. A simples exposição à perigo justifica a
proteção penal. Sem a existência de perigo para a vida, integridade física ou
patrimônio de outrem, não há crime de incêndio.
Dolo: vontade consciente de causar incêndio.
Consumação: superveniência da situação de perigo comum concreto. Fogo
com proporções significativas.
Admite tentativa: não logra atingir o bem visado ou, alcançando-o, é
prontamente extinto (por chuva, terceiros, etc.)
Praticado de forma livre e comissivamente. Instântaneo. 
Formas qualificadas: §1º.
Ação pública incondicionada.
Forma culposa: prevista. Ex. aquele que ateia fogo em vegetação sem
guarnecê-la da proteção necessária, dando causa a incêndio, com
consequentes danos ao patrimônio alheio e perigo para a incolumidade
pública.
Concurso de crimes: quando objetiva com o incêndio lesionar ou matar.
Explosão
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de
dinamite ou de substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos
análogos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses
previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das
coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos
análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos,
é de detenção, de três meses a um ano.
Bem jurídico tutelado: incolumidade pública, perigo comum que
pode decorrer da conduta.
Simples exposição a perigo justifica a proteção.
Sujeito ativo: qualquer um.
Sujeito passivo: coletividade e pessoa especialmente atingida.
Dolo de causar a explosão ou arremessar ou colocar engenho de
dinamite ou substância análoga.
Consuma-se com a instalação da situação de perigo iminente.
Praticado de forma livre e de perigo concreto à vida, integridade
física ou patrimônio.
Forma privilegiada: art. 250,§1.
Formas majoradas no art. 250, § 1, I e II.
Figura culposa prevista.
Crimes de perigo comum

Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive o proprietário


do bem incendiado.
Sujeito passivo: coletividade e os sujeitos que tem a
integridade pessoal ou patrimonial lesada ou ameaçada
pelo dano.
Crime de incêndio é de perigo, caracterizando-se pela
exposição a um número indeterminado de pessoas a
perigo. Senão art. 132 do CP.
Perigo concreto e efetivo. Senão no máximo será dano -
art. 163 do CP.
Uso de gás tóxico ou asfixiante

Bem jurídico tutelado: incolumidade pública, o perigo


comum que pode decorrer das condutas.
Sujeito ativo: qualquer um.
Sujeito passivo: coletividade e a pessoa específica que
tem sua vida posta em risco.
Gás tóxico: ocasiona envenenamento ou asfixiante. 
Perícia necessária.
Derrogado parcialmente pelo art. 54 da Lei 9.605-98.
Crime de Perigo concreto. 

Na forma majorada : art. 250, § 1, i e ii.


Tipo subjetivo: dolo ou culpa. 
Consumação: instalação da situação de perigo.
Ex. de modalidade culposa: vazamento de gases tóxicos
em empresas decorrentes de negligência na
manutenção das máquinas, ou imprudência ou
imperícia.
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou
transporte de explosivos ou gás tóxico, ou
asfixiante

Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou


transportar, sem licença da autoridade, substância ou
engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Bem jurídico: incolumidade pública.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: coletividade.
Sem licença de autoridade. 
Conduta dolosa de praticar qualquer das condutas do tipo.
Não há previsão da culpa.
Consumação: prática de qualquer conduta descrita no tipo.
Perigo abstrato, presumido pelo legislador, em face das condutas.
Tentativa de difícil configuração.
Possuir e transportar são modalidades permanentes.
Substâncias ou engenhos explosivo, o dispositivo foi derrogado pelo
art. 16, §u, II da Lei 10.826/2003, que pune de forma mais grave (3 a 6
anos) aquele que possui, detém, fabrica ou emprega artefato explosivo
ou incendiário sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar.
 Os verbos "fornecer", “transportar” e “adquirir” mencionados no art.
253 não foram inseridos no art. 16, parágrafo único.
Módulo III
DOS CRIMES CONTRA A
FÉ PÚBLICA
GENERALIDADES
OBJETIVIDADE JURÍDICA

primária: fé pública - presunção, sob os aspectos objetivos e subjetivos, de que os documentos


são autênticos. Em outras palavras é a crença coletiva na verdade de certos atos, símbolos e
documentos.
aspecto objetivo: autenticidade do documento em si;
aspecto subjetivo: legitimidade da autoria
presunção relativa: juris tantum, admite prova em contrário comprovando a falsidade;

secundária: patrimônio do sujeito passivo lesado com a falsidade documental. Ex.: repasse de
moeda falsa art. 289 CP;

SUJEITOS DOS DELITOS

ATIVO:
regra geral: CRIMES COMUNS – qualquer pessoa;
excepcionalmente: CRIMES PRÓPRIOS – a lei exige determinadas condições do sujeito ativo.
Ex.: art. 302 (atestado médico falso - médico)

PASSIVO:
Principal, primário: Estado titular da fé pública (CRIMES VAGOS);
Secundário: pessoa física ou jurídica que venha sofrer dano ou potencialidade de dano em
razão da falsidade. Ex.: falsidade pode ofender direitos de 3os., às vezes não, só lesa a fé
pública
GENERALIDADES
• FALSIDADE MATERIAL:

– Alteração do elemento físico do documento

– 1º. Falsidade material por alteração: modificação


de doc. verdadeiro (rasuras, emendas);

– 2º. Falsidade material por contrafação: criação


de doc. inexistente

• FALSIDADE IDEOLÓGICA:
– Alteração do conteúdo do documento - declarações e
idéias, não há rasuras ou emendas. O documento
em si é verdadeiro, falsa é a idéia que ele contém.
CARACTERÍSTICAS COMUNS AOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
1 Imitação ou alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante
Aptidão enganar o homem médio. O critério é o homem médio e o falso deve incidir sobre
fato juridicamente relevante
falso grosseiro = fato atípico
Súmula 73 STJ A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, de competência da Justiça Estadual

2 Potencialidade de dano
Condições de causar dano, ou seja, capacidade em si de iludir a vítima . São crimes
formais, assim, não se exige o dano efetivo basta a probabilidade do dano

falso grosseiro não tem tal potencialidade = fato atípico;


TJRS – 14/03/07 FALSIDADE MATERIAL – CNH – TIPICIDADE SUBJETIVA –
DÚVIDA – FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA – ATIPICIDADE. O Direito Penal e, assim, o
nosso Código, exige para a tipificação dos fatos não só a tipicidade objetiva (com seus
elementos objetivos, subjetivos e normativos), mas também a tipicidade subjetiva, vale
dizer, o dolo....A falsificação grosseira, inábil para ludibriar as autoridades encarregadas
da fiscalização de trânsito, perceptível ao simples toque, em razão da distinção da
textura do papel oficial e do uso no falso, conduz à atipicidade do fato, mormente
quando a perícia não é conclusiva.

3 Dolo
falsidade material independe de qq fim específico.
falsidade ideológica - elemento subjetivo específico, há finalidade específica, especial fim
de agir. A falsidade ideológica é realizada com um fim específico - art. 299 parte final CP
não há crime culposo. Ex.: tabelião, por equívoco, registra óbito de pessoa ainda viva.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO NULO

se a falsidade formar um documento nulo não


haverá crime. O documento nulo não produz
efeitos jurídicos, portanto, não poderá causar
lesão a direitos. Não há potencialidade lesiva
no documento nulo.
ART. 289 – FALSIFICAÇÃO DE MOEDA
• OBJETO JURÍDICO

– primário = fé pública
– secundário = patrimônio

• OBJETO MATERIAL
– moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou
estrangeiro
• Em se tratando de moeda fora de circulação = art. 171

• SUJEITOS

– ATIVO = crime comum

– PASSIVO – CRIME VAGO


• principal = Estado;
• secundário ou eventual = pessoa física ou jurídica titular do
patrimônio lesionado pela falsificação
• ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO – CONDUTA - falsificar

– Fabricação = criar moeda falsa


– Alteração = modificar ou adulterar moeda verdadeira

• Potencialidade lesiva – princípio da lesividade

– aptidão para enganar o homem médio da sociedade


– se grosseira haverá atipicidade relativa e desclassificação para estelionato
de competência da Justiça Estadual (SÚMULA 73 STJ)

• OBS.: o art. 289 CP é de competência da Justiça Federal

• ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO

– dolo sem fim específico


• Animus jocandi – Damásio E. de Jesus “não constitui o delito o fato de
o sujeito agir com finalidade artística ou para demonstrar habilidade ou
técnica”

– dolo ABRANGENTE – conhecimento de que a moeda tem curso legal no


país ou estrangeiro

– Não há modalidade culposa.


• CONSUMAÇÃO

– CRIME FORMAL: com a falsificação (1 única moeda) -


vantagem ou da circulação da mesma (exaurimento).

– quantidade de moedas falsificadas = circunstâncias judiciais


desfavoráveis a serem consideradas na fixação da pena-base
(art. 59 CP)

– Falsificação de diversas moedas no mesmo contexto fático =


crime único

– Várias falsificações em ocasiões distintas = art. 71 CP.

• TENTATIVA – 2 CORRENTES

– 1ª. Admissível. Ex.: agente é surpreendido no momento em


que ia falsificar a primeira moeda;

– 2ª. NÃO, pois, já está configurado o 291 consumado (posse de


ARTIGO 289 § 1º.
• TRF 1ª. Região 13/01/06 “...o crime de moeda falsa se caracteriza pela simples guarda de
cédulas idôneas, não se exigindo que a falsificação seja perfeita, bastando seja hábil a enganar
um homem médio....A colocação em circulação de moeda falsa hábil a enganar um homem
comum e a comprovação de plena consciência de sua falsidade são suficientes para ensejar a
condenação do acusado com espeque no art. 289 §1º. do CP”

• TRF 3ª. REGIÃO – 28/01/05 “...O crime previsto no § 1º. do art. 289 CP consuma-se
mediante a simples guarda da moeda falsa, sendo, pois, irrelevante o fato de o agente não ter
chegado a coloca-la em circulação”.

• TRF 3ª. REGIÃO – RT 759/743 “Caracteriza-se o tipo penal previsto no art. 289 § 1º. do CP
quando ocorrer por parte do agente simples posse ou guarda de moeda falsa”.

• TRF 5ª. REGIÃO – 24/02/05 “...no crime de moeda falsa, que, em sua objetividade jurídica,
tutela a fé pública, introduzir dinheiro falso em circulação constitui o delito configurado no art.
289 § 1º. Do CPB, da classe do de consumação antecipada ou de simples atividade, também
chamado de formais”.

• TRF 4ª. REGIÃO “A alegação de falta de intenção dolosa em causar prejuízo à vítima ou de
levar vantagem na negociação é irrelevante para descaracterizar o crime previsto no art. 289 §
1º. Do CP, pois este se consuma com a simples introdução de moeda falsa em circulação”.

• diversos atos sucessivos e separados no tempo de introdução de moeda em circulação = crime


continuado art. 71 CP
– TRF 4ª. REGIÃO – 20/04/05 “....A prática de uma mesma ação do tipo previsto no art.
289 § 1º. Do CP, por exemplo a introdução em circulação de moeda falsa, por mais de
uma oportunidade, enseja ao reconhecimento da existência da continuidade delitiva”.
ARTIGO 289 § 1º.

• Pune o agente que dolosamente (dolo ab initio) coloca


moeda falsa em circulação

• Se o agente falsificador também for quem põe moeda


falsa em circulação = crime único = 289 caput

• TRF 1ª. REGIÃO “Não se configura o crime do § 1º.


do art. 289 do CP, quando o paciente, tomando
conhecimento da falsidade, restitui a moeda ao
vendedor”. (ausência de dolo = atipicidade)
ART. 289 § 2º.
• Natureza jurídica: privilégio pela boa-fé - IMPO = JECRIM Federal – art. 98 § 1º. e Lei
10.259/01

– TRF 3ª. REGIÃO – 24/01/05 “....Comprovado nos autos que o réu, tendo recebido
moeda falsa de boa-fé, ao perceber a inautenticidade, agiu livre e conscientemente com
o fim de reintroduzi-la em circulação para evitar prejuízo, sendo de rigor a manutenção
do decreto condenatório....Consumação do tipo previsto no art. 289 § 2º. CP com a
recolocação da cédula falsa em circulação, mediante a entrega da nota inautêntica a
terceira pessoa”.

• ART. 289 §3º, 4º. – CRIME PRÓPRIO


– § 4º.: Luiz Regis Prado “o agente retira o dinheiro do local onde se encontra e o põe em
circulação antecipadamente, de forma abusiva”.
– art. 30 CP comunicabilidade da circunstância objetiva

• Guilherme de Souza Nucci “há um limite para a fabricação ou emissão de moeda, controlado
pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central, ultrapassar esse limite constitui
crime”.
• QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA

• É POSSÍVEL A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA À ESPÉCIE?

• SE O AGENTE FALSIFICAR MOEDA E COM ELAS


ADQUIRIR UM VEÍCULO HAVERÁ CRIME ÚNICO OU
CONCURSO FORMAL COM ESTELIONATO?
ARTIGO – 291 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA
• Punição autônoma de ato preparatório do art 289 CP

• COMPETÊNCIA - Justiça Federal – art. 109, IV CF

• OBJETO MATERIAL - interpretação analógica.

– Se o agente possui petrechos para falsificação de moedas (291) e efetivamente as falsifica (289) responde
somente por este último delito. NÃO HÁ CONCURSO – princípio da consunção – 291 = antefactum
impunível

• ELEMENTO SUBJETIVO - elemento subjetivo específico = destinação


– Certeza de destinação do maquinismo, aparelho ou instrumento à falsificação, caso contrário, se
destinado a outras fraudes poderá restar tipificado o delito de estelionato.

• CRIME FORMAL, PERMANENTE e de PERIGO ABSTRATO


– Consumando-se independentemente da colocação da moeda em circulação ou da obtenção de qualquer
vantagem ou ainda de causar prejuízo a 3º.
– Consumado mesmo que não comprovada a efetiva fabricação de moedas falsas, bastando a comprovação
da destinação específica para tanto

• TENTATIVA – 2 CORRENTES:
– 1ª. Doutrina majoritária – admite. Ex.: agente visando adquirir máquina de falsificar $ paga o valor a quem
a produziu mas por CAVA não a recebe (ex. Damásio)
– 2ª. Não admite já que se trata de excepcional tipificação de ato preparatório.
ARTIGO 297 – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO
• Objeto material: documento público, ou seja, aquele elaborado por funcionário público no
exercício de sua funções e conforme as prescrições legais e regulamentares
• Exs.: CNH; RG; CPF; passaporte; certidões de nascimento, casamento ou óbito; carteira da
OAB; título de eleitor

• ARTIGO 297 § 2º. – DOCUMENTOS PÚBLICOS POR EQUIPARAÇÃO

I. testamento particular – art. 1876 CC


II. livros mercantis - escrituração mercantil – art. 1179 à 1195 CC; outros livros legais – art. 100,
I a VII Lei 6404/76 (Lei das SAs)
III. entidade paraestatal = autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e
fundações instituídas pelo poder público
IV. Ações de sociedades por ações (SAs; comanditas por ações)
V. Títulos ao portador ou transmissíveis por endosso (cheque; nota promissória; duplicata e
letra de câmbio)
ARTIGO 297 – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO
• SUJEITO ATIVO – CRIME COMUM
– art. 297 §1º. = CAP. Ex.: tabelião que, em ato de venda de imóvel, atesta presente, pessoa que sabia
falecida

• SUJEITO PASSIVO
– principal = ESTADO titular da fé pública
– secundário ou evental = 3º. eventualmente lesionado pela falsificação

• ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO – CONDUTA

– FALSIFICAR = CONTRAFAÇÃO – criar doc. público falso, o doc.


– ALTERAR: é a modificação de dizeres, símbolos, números, letras, etc. O agente atua modificando um
doc. verdadeiro pré-existente.

– AS CONDUTAS SÃO FALSIFICAR E ALTERAR, SE HOUVER SUPRESSÃO DE PALAVRAS, DIZERES, LETRAS


OU NÚMEROS = ART. 305 CP

• É ESPÉCIE DE FALSIDADE MATERIAL, pois, há alteração no elemento formal, externo ao documento.

• ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO


– DOLO - NÃO há fim específico - NÃO há forma culposa

• Consumação – crime formal – com o mero ato de falsificação independentemente de uso ou obtenção de
vantagem
• ARTIGO 297 § 3º. – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO
PREVIDENCIÁRIO

• ARTIGO 298 – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR

– O conceito de documento particular é residual, ou seja, trata-se


daquele documento que não é público

• A Lei 12.737/12 acrescentou o § único ao dispositivo em tela, in


verbis:  

• Falsificação de cartão  
– Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a
documento particular o cartão de crédito ou débito.
ARTIGO 299 – FALSIDADE IDEOLÓGICA
• Objeto material - documento público ou particular

• Sujeito ativo – crime comum

• particular pode cometer falsidade ideológico em documento PÚBLICO,


DESDE QUE NA MODALIDADE MEDIATA, ou seja, FAZER FUNCionário
PÚBLICO INSERIR declaração falsa naquele

• Ex.: escritura pública em que o particular declara ser solteiro quando é


casado

• ART. 299 § ÚNICO: CAP – funcionário público RATIONE MUNERIS

• TJSP “oficial de registro de imóveis.. que lavra falsos registros....”.

• TJSP “oficial de justiça que certifica, falsamente, a citação de réu em


ação de despejo...”.

ARTIGO 299 – FALSIDADE IDEOLÓGICA
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO – CONDUTAS

• 1a. OMITIR: deixa de inserir declaração que dele deveria constar. crime omissivo próprio.

• 2a. INSERIR DECLARAÇÃO FALSA OU QUE DELE DEVERIA CONSTAR.


– Ex.: ARTIGO 130 LEP

– TJSP “médico que assina declaração ou atestado de óbito ideologicamente falso para efeito de alteração
da verdade no Registro Público....”.

– STF “A inserção de falsa declaração de emprego em carteira profissional de trabalho caracteriza falsidade
ideológica”.

– TJSP “Fiador que declara falsamente, em contrato de locação, ser proprietário de imóvel que já não lhe
pertence”.

– TJSC “Réu na qualidade de despachante junto ao DETRAN, tendo ciência de que o automóvel, em
acidente, vitimara seu proprietário e virara sucata, ainda assim, providenciou seu emplacamento...”

– TJSP “A inserção em compromisso de compra e venda, de falsa declaração de estado civil com o escopo
de prejudicar o cônjuge, de quem pretendia se separar.....”.

– TJSP “falsa declaração de parentesco em pedido de financiamento..”


• ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO – CONDUTAS

• 3ª. FAZER INSERIR: utilizar-se de 3º. para incluir no documento


declaração falsa ou que dele deveria constar

– STF “Falsidade ideológica.Declaração de acumulação de cargos.


Comete o art. 299 do CP quem, induzindo em erro a autoridade, omite
a verdade na declaração escrita.....e silencia acumulações , que o
impediriam de exercer novo cargo”.

– STF “agente que faz inserir em livro registro de hóspedes de hotel,


endereço falso de sua residência, com o propósito de dificultar
trabalhos de investigação policial sobre outros delitos que planeja
praticar e efetivamente pratica”.

• FALSIDADE IMEDIATA – 1ª. e 2ª. condutas : quem confecciona o


documento é quem comete o falso

• FALSIDADE MEDIATA – 3ª. conduta: a lei não pune quem confecciona o


documento mas quem lhe passa informação falsa
• Se quem insere a declaração sabe do falso também responde pelo
crime
• ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO – deve ser comprovada a finalidade específica
de modificação, aquisição, transferência ou extinção de direitos em prejuízo alheio

• CONSUMAÇÃO - CRIME FORMAL

– Consumação com a prática da conduta omissiva ou comissiva independentemente


do agente conseguir o fim desejado, o qual se atingido é mero exaurimento

– TRF 5ª. Região “A confecção e fornecimento de certificados falsos de conclusão


do primeiro ou segundo graus e históricos escolares enquadra-se no tipo
penal....cujo momento consumativo, por ser crime formal, ocorre com a omissão
ou inserção direta ou indireta da declaração contendo a falsidade...”.

– TJSP “expedição de certidões de protesto ideologicamente falsas. Delito que se


aperfeiçoa com a simples potencialidade do dano objetivado pelo agente”.

• TENTATIVA
– é admissível nas formas comissivas, ou seja, na 1ª. e 3ª. Condutas

• ABUSO DE FOLHA EM BRANCO

• 1º. Se o papel foi assinado em branco e entregue a alguém para preenche-lo e este o
faz em DESACORDO com as instruções dadas = FALSIDADE IDEOLÓGICA;

• 2º. Se o papel em branco foi obtido de forma ilícita = FALSIDADE MATERIAL


• QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO TEMA

• 1 QUAL CRIME COMETE O AGENTE QUE FALSIFICA


DOCUMENTOS E ATRAVÉS DESTES COMETE
SONEGAÇÃO FISCAL?

• 2 QUAL CRIME COMETE O AGENTE QUE FALSIFICA


DOCUMENTO DE IDENTIDADE E COM ESTE SE FAZ
PASSAR POR OUTRA PESSOA?

• 3 QUAL CIRME COMETE O AGENTE QUE FALSIFICA


DOCUMENTOS E COM ESTES PRATICA ESTELIONATOS?

• 4 QUAL CRIME COMETE O AGENTE QUE FALSIFICA


DOCUMENTO E DEPOIS O UTILIZA?
ART. 302 – ATESTADO MÉDICO FALSO
• É forma de FALSIDADE IDEOLÓGICA, pois o documento é verdadeiro, falsa é a idéia,
o conteúdo deste.
– o médico não falsifica a folha do atestado, mas sim o diagnóstico.

• SUJETIO ATIVO - SOMENTE O MÉDICO = CRIME PRÓPRIO


– Se outra pessoa falsificar atestado haverá falsificação de documento particular (art. 298) ou público
em se tratando de atestado de médico do SUS (art. 297)
– QUEM USA O ATESTADO FALSO É AUTOR DO 304 E NÃO PARTÍCIPE DO 302.

• ELEMENTO SUBJETIVO - DOLO


– não há forma culposa
– se houver fim de lucro incidirá pena de multa cumulativamente (302 § único)

• CONSUMAÇÃO – trata-se de crime formal cuja consumação ocorre com a entrega


do atestado, independentemente do uso efetivo deste
ART. 304 – USO DE DOCUMENTO FALSO

 
Crime remetido = a descrição típica remete a outros tipos penais, inclusive quanto à pena.
– o uso deve incidir sobre documento falso, se faltar um elemento do falso, NÃO HÁ CRIME DE USO
– a pendência da decisão sobre a falsidade ou não do documento = causa suspensiva do trâmite da ação penal
(Questão incidental e prejudicial homogênea)

• Sujeito ativo - crime comum, EXCETO o falsificador


– Se o usuário for também o falsificador responderá somente pela falsificação, pois o uso é fato posterior
impunível.

• Elemento objetivo do tipo – conduta


– fazer uso = exige-se o uso efetivo. Por conseguinte, o mero PORTE é ATÍPICO, pois, não fez uso. Ex.: documento é
descoberto pela autoridade em busca pessoal ou domiciliar = FATO ATÍPICO,

• Consumação - crime de mera conduta.


– com o uso efetivo, independentemente de obtenção de qualquer vantagem ulterior
• Tentativa - inadmissível = crime unissubsistente

• Algumas Súmulas relacionadas à competência


• Súmula 200 STJ
• Súmula 104 STJ
• Súmula Vinculante 36
• Com base na doutrina de Fernando Capez elaboramos o seguinte quadro acerca das hipóteses de supressão de documentos
ARTIGO 305 SUPRESSÃO DE ARTIGO 314 EXTRAVIO, ARTIGO 337 SUBTRAÇÃO OU ARTIGO 356 SONEGAÇÃO DE
DOCUMENTO destruir, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU PAPEL OU OBJETO DE VALOR
suprimir ou ocultar, em INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO subtrair, ou PROBATÓRIO inutilizar, total
benefício próprio ou de DOCUMENTO extraviar livro inutilizar, total ou ou parcialmente, ou deixar de
outrem, ou em prejuízo alheio, oficial ou qualquer parcialmente, livro oficial, restituir autos, documento ou
documento público ou documento, de que tem a processo ou documento objeto de valor probatório,
particular verdadeiro, de que guarda em razão do cargo, confiado à custódia de que recebeu na qualidade de
não podia dispor sonegá-lo ou inutilizá-lo, total funcionário, em razão de advogado ou procurador
ou parcialmente ofício, ou de particular em
serviço público

Reclusão de 2 a 6 anos se o Reclusão de 1 a 4 anos e Reclusão de 2 a 5 anos e Detenção de 6 meses a 3 anos


documento é público ou de 1 a subsidiariedade expressa subsidiariedade expressa e multa
5 anos se é particular e multa
(se for público 305 prevalece
sobre o 337)

Sujeito ativo particular crime Interpretação topológica - Interpretação topológica - Sujeito ativo advogado ou
comum Sujeito ativo FP (intraneus) Sujeito ativo particular crime procurador crime próprio
crime funcional e próprio comum
(ratione muneris)

Objeto jurídico = Fé Pública Objeto jurídico = Objeto jurídico = Interpretação topológica -


Administração Pública Administração Pública Objeto Jurídico =
Administração da Justiça

Há elemento subjetivo Trata-se de crime funcional Não há elemento subjetivo Trata-se de crime próprio, mas
específico do tipo, há uma sem qualquer finalidade específico do tipo (não há não funcional, sem qualquer
finalidade especifica, qual seja, específica finalidade específica) finalidade específica
o benefício próprio ou
benefício ou prejuízo de
outrem
Art. 305 – supressão de documentos
• Os arts. 305 e 337 diferem pelo objeto jurídico tutelado e pela finalidade específica
do agente que se comprovada afasta o 337 (delito subsidiário expresso) fazendo
prevalecer o 305 crime mais grave.

• Os arts. 314 e 356 diferem pelo sujeito ativo

• Diferem 314 e 337 pelo sujeito ativo: 337 é crime comum; 314 crime funcional e,
portanto próprio que só pode ser praticado pelo FP que tem a guarda do objeto
material. É possível perceber essa diferença pelo emprego de um verbo núcleo
diferente: o 314 incrimina a conduta de extraviar que só pode ser cometida por
quem tem a posse do objeto material, ou seja, o FP, daí o nomen júris do delito:
ARTIGO 314 EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU
DOCUMENTO. Já o 337 incrimina a conduta de subtrair, que deve ser praticada por
quem não tem a custódia do documento e precisa surrupi-á-lo, ou seja, o
particular, daí o nomen júris ARTIGO 337 SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO
OU DOCUMENTO.
Art. 307 – Falsa identidade
• Conceito de identidade conjunto de características que qualificam um
indivíduo individualizando-o em relação a outros como seu nome, idade,
sexo, estado civil, profissão, condição social.

• Crime subsidiário = susidiariedade expressa.


– Somente será punido caso o fato não configure crime mais grave. Ex.:
estelionato, violação sexual mediante fraude, bigamia

• Elemento objetivo do tipo – condutas

• atribuir-se ou atribuir a 3º identidade falsa de pessoa existente ou de


fictícia, desde que verossímil pelo homem médio da sociedade (falso
grosseiro é atípico)

• Não há crime no silêncio por ausência de realização da conduta típica.


Art. 307 – Falsa identidade
• Questões peculiares
• 1ª. art. 68 LCP “recusar a identificar-se quando devidamente requisitado pela autoridade pública para tanto. Pena
= multa”.

• 2ª. art. 45 LCP “atribuir-se a condição de funcionário público sem objetivar qualquer vantagem ou prejuízo
alheio.Pena = 1 a 3 meses ou multa”

• 3ª. Art. 46 LCP “uso indevido de uniforme”.

• 4ª. Trocar fotografia em documento de identidade (RG) – 2 correntes:


– 1ª. Art. 307 CP
– 2ª. Art. 297 CP

• 5ª. Tício, por ocasião de prisão em flagrante, mente sua identificação perante a autoridade policial – 2 correntes:
– 1ª. Fato atípico, pois, Tício exerce seu direito constitucionalde auto-defesa e de não se auto incriminar
– 2ª. art. 307 CP - STF entende que a apresentação de identidade falsa perante autoridade policial com o
objetivo de ocultar maus antecedentes é crime previsto no Código Penal (artigo 307) e a conduta não está
protegida pelo princípio constitucional da autodefesa (artigo 5º, inciso LXIII, da CF/88). falsa identidade não
constitui exercício de autodefesa. o STF entendeu que a falsa atribuição de identidade não constituem direito
de autodefesa, configurando tal conduta o crime previsto no art. 307 do CP. (fonte:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=19119)4)
• Neste sentido a recente Súmula 522 STJ “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.”.
Art. 308 - Uso de documento de Identidade alheio
• Princípio da subsidiariedade expressa (subespécie de falsa identidade através do uso de documento de
identidade alheio)
– Somente restará tipificado se o fato não constituir crime mais grave. Ex.: 171

•  Objeto material - documento de identidade autêntico / verdadeiro


– Ex.: RG, CNH, CPF, OAB, passaporte, título de eleitor, INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA

• Elemento objetivo do tipo – condutas típicas


– 1ª. Usar documento de identidade alheio autêntico fazendo-se passar por seu titular OU
– 2ª. Ceder documento de identidade próprio ou alheio e autêntico para 3º dele se utilizar
– Exs,: empréstimo de CNH verdadeira; uso de documento de identidade alheio e autêntico por
foragido da justiça como próprio para escapar de ocorrência policial

• Consumação – com o uso do documento atribuindo-se falsa identidade OU com o ato de cessão do
documento

• Tentativa – depende da conduta típica


– usar documento alheio – crime unissubsistente – NÃO admite, usar = consumado, não usar = fato
atípico
– ceder documento – crime plurissubsistente – ADMITE
 
Art. 311 - Adulteração de sinal identificador de veículo
automotor
• Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo
automotor, de seu componente ou equipamento. Pena - reclusão, de três a seis anos, e
multa. 

• Ex.: placas; número do chassi ou do motor

• Ex.: alteração de placas; pinagem ou raspagem de numeração do motor ou chassi;


emprego de ácido; fita isolante nos números das placas; sobreposição de números de
chassi

• O tipo penal incrimina o compoetamento do agente adulterador.

• O condutor do veículo pode responder por receptação dolosa ou culposa conforme o


grau de ciência da adulteração realizada por outrem, caso contrário, o fato será para
este atípico
Artigo 311-A - Fraude em certames de interesse público.
•Incrimina-se o indevido acesso antecipado ao conteúdo sigiloso de concursos e exames
públicos (OAB; ENEM; ENADE, etc)

•Sujeito ativo – crime comum. Incrimina-se inclusive o candidato que utiliza referidas
informações (conduta utilizar)

•Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de


comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público; II - avaliação ou exame públicos; III - processo seletivo para ingresso no
ensino superior; IV - exame ou processo seletivo previstos em lei. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa.

•§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de
pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.

•§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

•§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.
Módulo IV
DOS CRIMES CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Crimes contra a administração pública
1.1. Espécies
• crimes praticados por funcionário público;
• crimes praticados por particular;
• crimes praticados contra a administração da justiça.

Dos Crimes Praticados por Funcionário Público

• Os crimes praticados por funcionário público são chamados pela doutrina crimes funcionais.
São crimes que estão relacionados com a função pública. Na classificação geral dos delitos,
tais crimes estão inseridos na categoria dos crimes próprios, pois a lei exige uma característica
específica no sujeito ativo: ser funcionário público.

• O Código de Processo Penal traz um rito diferente para os crimes praticados por funcionário
público (arts. 513 a 518), em que existe a defesa preliminar antes do recebimento da denúncia
(art. 514 CPP).

• SÚMULA 330 STJ É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do CPP, na
ação penal instruída por inquérito policial.
ARTIGO 327 – CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS
• Adotou o CP conceito extensivo que abarca todas as espécies que compõem o gênero
agente públiac, ou seja, todos os que desempenham, de algum modo, função na
Administração direta ou indireta do Estado.... Ex.: agente político; escrevente
auxiliar de cartório; estudante de Direito em estágio junto à Defensoria Pública, ao MP ou
magistratura; oficial de cartório de protestos de título; Perito judicial; o contador da
prefeitura municipal

1 Administração Direta

2 Administração Indireta - autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista,


fundações e agências reguladoras.
– Autarquia: Ex.: INSS, IPESP, Banco Central, USP, CADE (lei 8884/94), inclusive as
agências reguladoras (ANATEL; ANP; ANAC; ANA)
– Empresa pública: Ex.: EBCT, imprensa oficial, caixas econômicas,
– Sociedade de economia mista: Ex.: Banco do Brasil,
– Fundação: EX.: FUNAI

3 terceiro setor - serviços sociais autônomos e ONGS, organizações sociais, OSCIPs.

4 empresas privadas contratadas ou conveniadas para o fim de execução de


atividade típica da Administração
ARTIGO 327 § 1º. – FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO
• 1 entidade paraestatal = terceiro setor

• Fernando Capez “é a entidade que se posta paralelamente ao Estado, com a finalidade de


prestar serviços de relevância pública. São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que integram o terceiro setor ( o primeiro é o Estado, detentor do Poder Público, e o
segundo as empresas que estão no mercado, visando lucro). Não pertencem à Administração
Indireta, pois não integram a estrutura do Estado. Exs.: SESC, SENAI, SESI, SENAC”;

• 2 Empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para execução de


atividade típica da administração pública
– funcionários de empresas privadas que estejam exercendo serviço próprio do Estado.
empresas privadas que executam serviços de natureza pública por delegação do Estado
(concessão, permissão ou autorização).

• empresa prestadora de serviço contratada...: EX.: iluminação pública, coleta de lixo, saúde,
energia elétrica, telefonia, estradas e rodagem, rodovias,

• empresa prestadora de serviço conveniada....:


– STJ – 22.8.05 “O advogado que, por força de convênio celebrado como o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa
de dos agraciados com o benefício da Justiça Públicas, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais”.
– STJ – 06.12.04 “O médico particular,participante do sistema único de saúde, exerce atividade típica da Administração Pública,
mediante contrato de direito público ou convênio....inserindo-se, pois, no conceito de funcionário público para fins penais”.

– STJ – 24.05.04 “...Administradores de hospital conveniado ao SUS e médicos que atendem pacientes segurados por esta
autarquia estão inseridos nesta concepção, por exercerem função pública delegada”.

– STF – JSTF 168/345 “Funcionário Público para efeitos penais: titulares de tabelionato e ofícios de registro....O artigo 236 da
CF ao dispor que – os serviços notariais e de registro serão exercidos em caráter privado, por delegação do poder público
- ....confirmou a publicidade da natureza, do qual resulta a consideração do seu pessoal como funcionários públicos, para
efeitos penais, ainda que não para outros efeitos”.
• QUESTÃO PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA

• HAJA VISTA QUE A CONDIÇÃO DE SERVIDOR


PÚBLICO É INDIVIDUAL, PESSOAL, PERGUNTA-
SE:É POSSÍVEL QUE UM PARTICULAR SEJA
COAUTOR DE CRIME FUNCIONAL? É POSSÍVEL
QUE UM PARTICULAR COMETA UM CRIME
FUNCIONAL (POR EXEMPLO CORRUPÇÃO
PASSIVA DO ART. 317 CP)? JUSTIFIQUE E
FUNDAMENTE
Diferença entre atividade típica DA administração
Pública e atividade PARA a administração pública
• Damásio E. de Jesus “A norma faz referências a contratos e convênios
administrativos firmados ou celebrados com o fim de execução de atividades da
Administração e não com a finalidade de exercício de atividades para a
Administração (consumo interno da Administração). Com isso, exclui os
funcionários de empresas contratadas para a execução de obras ou serviços de
interesse da própria Administração Pública, como a construção ou reforma de um
edifício público.

• Ex.: pedreiro ou pintor de empresa contratada para a reforma de um edifício


público não é equiparado a funcionário público. Resulta, assim, que os executores
de obra para a Administração não são equiparados aos funcionários de empresas
concessionárias ou permissionárias de serviços públicos (como as que exploram
rodovias, telefonia, energia elétrica, etc)”.

• Ex.: trabalhador de empreiteira contratada para construir viaduto.


• APLICABILIDADE DA EQUIPARAÇÃO DO CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONSTANTE DO § 1º.

• Interpretação geográfica ou topológica – A equiparação constante do § 1º. Somente será


aplicada caso o funcionário público seja sujeito ativo do crime e não sujeito passivo.
– Ex.: ofender a honra de empregado de empresa privada concessionária de serviço público
ou de autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista não constitui desacato
mas crime contra a honra agravado pelo exercício funcional.

– STF “Crime contra a honra. Delito praticado contra dirigente de sociedade de economia
mista. Pretendida equiparação deste a funcionário público. Inadmissibilidade....É quando
menos razoável o entendimento de que a equiparação estatuída no art. 327 § 1º. do CP,
não alcança servidor senão quando sujeito ativo do delito”.

– STJ “Desacato. Conceito. Alcance do art. 327 § 1º. do CP. A ofensa constitutiva do
desacato deve resultar em desprestígio ou irreverência ao funcionário, aplicando-se a
equiparação prevista no § 1º. do art. 327, do CP, apenas quando for ele sujeito ativo e
não passivo”.

– TACRIMSP “O empregado de autarquia é funcionário público enquanto sujeito ativo do


crime, mas não se lhe estende essa qualidade, quando sujeito passivo da infração”

– TJSP “O empregado de empresa de economia mista somente é equiparado ao funcionário


público para efeitos penais, quando é sujeito ativo e não passivo do delito”.
1.3. Causas de Aumento de Pena – Artigo 327, § 2.º, do
Código Penal

Segundo o artigo 327, § 2.º, do Código Penal as causas de


aumento da pena decorrem quando o autor do crime
exerce:

 cargo em comissão (cargo de confiança);

 cargo de direção ou assessoramento de órgãos da


administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública e fundação instituída pelo Poder
Público.
Art. 312 - PECULATO
• ESPÉCIES:
• caput – 1ª. parte = peculato-apropriação; 2ª. Parte = peculato-desvio
• § 1º. = peculato-furto;
• § 2º. = peculato culposo
• § 3º. = causa de extinção da punibilidade e de diminuição de pena
• 313 = peculato-estelionato

• Conceito: pode ser conceituado como a apropriação indébita funcional, ou seja, aquela
praticada pelo FP em razão da função pública.

• Objetividade jurídica: erário público, moralidade e probidade administrativa

• Objeto material - $, valor, qualquer bem móvel público ou particular


– prestação de serviço, mão-de-obra não é objeto material pode configurar ato de
improbidade administrativa previsto na Lei 8429/90
• Sujeito ativo - crime próprio, sujeito ativo é o funcionário público. A condição de funcionário
público é elementar do tipo, a qual, conforme artigo 30, é comunicável no caso de concurso
de agentes, sendo assim, particular pode ser co-autor ou partícipe do delito
– Ex.: mensalão, valérioduto

• Elemento objetivo – conduta


• 1º. Posse lícita. O FP recebe a posse ou detenção do $ ou bem móvel, em razão do cargo e,
portanto, de forma legítima e lícita

• 2º. inversão da posse lícita em propriedade ilícita (neste momento há a consumação). Neste
segundo momento há duas condutas incriminadas no caput do art. 312:

• 1ª. Apropriação: Animus de assenhoreamento definitivo (animus rem sibi habendi);


 
• 2ª. Desvio: o FP detentor de posse funcional legítima decide empregar o objeto material em
fim particular diverso de sua destinação pública origina.l Ex.: empresta $ público a amigo;
doa $ público ao cunhado.
• Elemento subjetivo do tipo: dolo

• CONSUMAÇÃO – crime MATERIAL

• 1ª. Peculato-apropriação: com a inversão da posse; no momento em que, com a apropriação


passa a agir como se dono fosse. C. Mira 1914. No instante em que transforma a posse
funcional legítima em domínio ilegítimo.

• 2ª. Peculato-desvio: com o desvio para indevida finalidade particular, independentemente


de conseguir qualquer proveito próprio. C. Mira 1915
 
• TENTATIVA - em ambas as condutas é admissível.

• Duas importantes observações são colacionadas por Damásio E. de Jesus


•  1ª. A aprovação das contas públicas pelo Tribunal de Contas NÃO exclui o delito, mesmo
que as contas prestadas pelo FP estejam corretas haverá o crime se comprovada a
apropriação ou o desvio. Ex.: as contas podem ter sido maquiadas, pode ter havido caixa 2 e
contabilidades paralelas
• 2ª. Compensação posterior - não exclui o delito
ARTIGO 312 § 1º. – PECULATO FURTO ou IMPRÓPRIO
• Se o FP, embora NÃO tendo a POSSE do $, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário

• Elemento objetivo – 2 condutas


 
• 1º. Subtração efetuada pelo próprio FP facilitada pela função
– Há subtração pelo FP de bem particular sob custódia da Administração Pública,
aproveitando-se de facilidade que o cargo lhe proporciona (FP não tem a posse)

• 2º. FP aproveitando-se da função somente facilita a subtração que será efetuada por outro
(outro FP ou particular).
– O FP, aproveitando-se da função, dolosamente, concorre para que outro subtraia o bem. Ex.:
FP, intencionalmente, deixa a porta aberta para que outro subtraia o bem. Neste caso ambos
responderão por peculato-furto (312 § 1º c.c 30 CP)
–  OBS: se não se valer da função ambos responderão por furto. Ex.: arromba a porta da
repartição e subtrai o bem = 155 § 4º., I CP.
– OBS: Se não houver liame subjetivo entre o FP e o 3º. teremos 2 delitos: FP = 312 § 1º. E o
particular = 155 CP
•  
ARTIGO 312 § 2º. – PECULATO CULPOSO
• FP, culposamente, concorre para o crime de outrem (FP / particular).

• Ex.: FP, culposamente, facilita a subtração, apropriação ou desvio de bens por outro
• se o FP culposamente causar prejuízo à Adm. Pública, por si só, sem que outro participe = NÃO HÁ
CRIME

• Consumação - com o crime doloso do outro. Assim, se o FP for negligente, ou seja, deixar a porta
da repartição aberta, mas não ocorrer o delito pelo 3º., não haverá peculato culposo.

• Tentativa - não, pois se trata de CRIME CULPOSO


• Ex.: FP, por esquecimento, deixa porta da repartição aberta e outro tenta subtrair bens, não
obtendo êxito por CAVA. Neste caso este outro responde por tentativa de 155, mas para o FP o
fato é atípico

• QUESTÃO PARA REFLEXÃO

• Suponha que Tício, funcionário público, culposamente concorra para que Mévio também
funcionário público, aproveitando-se da função, subtraia bens da repartição. Tipifique
corretamente a conduta de cada qual
REPARAÇÃO DO DANO E O CRIME DE PECULATO
Reparação do dano
Art. 312 § 3º.

Peculato doloso

Antes do recebimento da denúncia = art. 16 CP

Após o recebimento da denúncia = 65 III b CP (atenuante)

Peculato culposo

se anterior à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade

Se posterior à sentença irrecorrível reduz de ½ a pena


ARTIGO 313 – PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM ou PECULATO
ESTELIONATO
• apropriar-se de $ ou qq utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem

• Elementar do tipo: erro espontâneo de outrem. Se o FP induzir o particular em erro (erro


provocado pelo FP) haverá estelionato
• O erro do particular pode incidir sobre: coisa entregue ao FP; a pessoa do FP a quem a coisa deve
ser entregue; a obrigação de entregar;

• Exs.:
• TJSP – tabelião que recebe indevidamente $ da vítima que o supunha encarregado da cobrança
(FP por equiparação do art. 327 § 1º.); 
• TACRSP – escrivão de cartório de notas que tendo recebido $ para pagamento de SISA e lavratura
de escritura se apropria do valor (FP por equiparação do art. 327 § 1º.);

• Elemento subjetivo: O dolo do FP somente surge após a entrega da coisa pelo particular, se desde
o início o FP deseja induzi-lo em erro haverá estelionato. No momento da entrega NÃO há dolo,
em momento posterior, ao perceber o erro espontâneo do extraneus o FP decide apropriar-se do
objeto material
– dolo ab initio, desde o início o FP age com dolo, induzindo o extraneus em erro = 171.
ART. 313-A – insercão de dados falsos em sistema de Art. 313-B – modificação ou alteração não autorizada de
informações sistema de informações

Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações
dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos ou programa de informática sem autorização ou solicitação
nos sistemas informatizados ou bancos de dados da de autoridade competente
Administracão Pública, com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano

Pena: reclusão de 2 a 12 anos e multa Pena: detenção de 3 meses a 2 anos e multa

Trata-se de CRIME PRÓPRIO QUALIFICADO. Verifica-se tratar- Pode ser praticado por qualquer FP. Trata-se de CRIME
se de crime que somente pode ser praticado pelo FP cujas PRÓPRIO
atribuições envolvem a atuação em bancos de dados

Há elemento subjetivo específico do tipo, há finalidade Não há elemento subjetivo específico do tipo, bastando o
específica, a qual pela maior lesividade justifica o aumento dolo, ou seja, a consciência e intenção de alterar dados
de reprimenda penal (obtenção de vantagem indevida ou indevidamente.
causação de dano)

Crime formal cuja consumação ocorre com a realização de um Crime de mera conduta cuja consumação ocorre com a
dos verbos núcleos do tipo (tipo misto alternativo) realização de um dos verbos núcleos do tipo (tipo misto
independentemente da obtenção da vantagem ou da alternativo). O exaurimento consistente no dano à
causação do dano que são meros exaurimentos Administração Pública ou ao administrado configura
exaurimento erigido à categoria de CAP
ART. 316 – CONCUSSÃO
• Conceito – é de certa forma uma extorsão cometida por funcionário público em razão da função. Só que este
ao invés de fazer uso de violência física ou grave ameaça, utiliza-se do cargo público para pressionar e subjugar
a vítima.
• Objeto jurídico
– Primário = moralidade e eficiência na administração pública
– Secundário = patrimônio e integridade psíquica do particular

• Sujeito ativo - CRIME PRÓPRIO (funcionário público)


– Particular pode ser coautor ou partícipe (art. 30 CP)

• Sujeito passivo – Administração Pública e secundariamente o particular lesado


– Se diante da exigência do FP, o particular cede e paga a vantagem exigida, este extraneus não comete 333
CP, pois, é sujeito passivo do 316 CP

• Elemento objetivo – conduta


• exigir = ordenar, impor. Trata-se de crime de forma livre. Ex.: exigência oral, escrita, através de gestos.
• A exigência pode ser direta ou indireta.
– 1. Direta = expressa, sem rodeios e pessoalmente, face a face, diante do sujeito passivo
– 2. Indireta que se divide em 2 formas: por interposta pessoa (art. 30 CP); de forma capciosa, velada,
implícita

• OBS.: se houver SOLICITAÇÃO por parte do funcionário público = 317 CP


• Elemento normativo do tipo - a exigência deve ser EM RAZÃO DA FUNÇÃO, ou seja, AINDA
QUE FORA DA FUNCÃO OU ANTES DE ASSUMI-LA, MAS EM RAZÃO DELA

• Elemento subjetivo - dolo


• Há elemento subjetivo específico do tipo, ou seja, um fim específico de agir, qual seja a
obtenção de vantagem patrimonial indevida para si ou para outrem
– se beneficiar a própria administração pública = 316 § 1º (excesso de exação)

• Consumação e tentativa
• consumação com a EXIGÊNCIA (CRIME FORMAL).
• obtenção da vantagem = EXAURIMENTO
•  
• Tentativa – DEPENDE
•  
• 1º. Se conduta unissubsistente = NÃO ADMITE. Ex.: exigência oral ou por gestos
•  
• 2º. Se conduta plurissubsistente = ADMITE. Ex.: exigência escrita na carta extraviada
ART. 316, § 1º. – EXCESSO DE EXAÇÃO
• Exação = cobrança correta, legal de tributos. PUNE-SE O EXCESSO NA COBRANÇA.
• Objeto material – tributos ou contribuição social 
• Sujeito ativo – crime próprio mas o particular pode ser coautor ou partícipe (art. 30 CP)
• Elemento objetivo do tipo – conduta típica - 2 hipóteses 
– 1ª. EXIGÊNCIA INDEVIDA de tributo ou contribuição social – extraneus não deve o
tributo ou contribuição social.
– 2ª cobrança vexatória ou gravosa de tributo DEVIDO = o tributo, contribuição social é
devido, mas a lei não autoriza o modo como este é cobrado.

• Em suma: incrimina-se a exigência de tributo não devido ou a exigência de tributo devido


mas através meio de cobrança não autorizado em lei
• OBS.: NA HIPÓTESE DO ART. 316, § 1º. CP, O TRIBUTO É RECOLHIDO EM PROL DO ESTADO

• Consumação - crime FORMAL = consuma-se com a exigência/emprego do meio vexatório ou


gravoso
– o efetivo pagamento do tributo/contribuição social = exaurimento
 
• Tentativa – depende: se unissubsistente = NÃO; se plurissubsistente = SIM
ART. 316, § 2º. – QUALIFICADORA
• 2 etapas: 

• 1ª. O funcionário público recebe INDEVIDAMENTE o


tributo/contribuição social com fim de recolher aos cofres públicos
(se o fizer incide no § 1º.), mas não o faz.
 
• 2ª. O funcionário público após o recebimento e antes de recolhê-los
aos cofres públicos, DESVIA o tributo/contribuição social em seu
proveito ou de outrem

• Sintetiza Damásio E. de Jesus “ao invés de recolher aos cofres


públicos o que indevidamente recebeu, não o faz, dele se
apoderando”.
ARTIGO 317 – CORRUPÇÃO PASSIVA
• Trata-se da incriminação do FP que negocia o seu exercício funcional (há mercância e bilateralidade)

• Elementos objetivos do tipo – pluralidade de condutas (solicitar, receber ou aceitar promessa) 


• 1ª. SOLICITAR = pedir, requerer. Conduta de iniciativa do Funcionário Público
•  
• 2ª. RECEBER = pegar como pagamento. Iniciativa de um particular corruptor que se segue à conduta de
recebimento do funcionário público. Neste caso temos uma EXCEÇÃO PLURALISTA À TEORIA MONISTA
NO CONCURSO DE AGENTES:
– particular corruptor que oferece a vantagem ao FP = 333
– funcionário Público que recebe a vantagem oferecida pelo particular = 317

• 3ª. ACEITAR PROMESSA = concordar com a proposta futura feita pelo 3º. particular. Neste caso verifica-
se a iniciativa do particular que faz a oferta. Também temos uma EXCEÇÃO PLURALISTA À TEORIA
MONISTA NO CONCURSO DE AGENTES
– particular corruptor que faz a promessa = 333
– funcionário público que aceita a promessa = 317
• OBS.:  
• 1. a não identificação do corruptor não impede a punição do funcionário público corrupto já que são
delitos autônomos; 
• 2. a absolvição do particular (réu em ação penal conexa por 333) NÃO implica em absolvição do
funcionário público. Ex.: FP solicita vantagem e particular não concorda
• ESPÉCIES
•  
• ANTECEDENTE: 1º. Solicita, recebe a vantagem ou aceita a promessa; 2º. Prática do ato
funcional.
•  
• CONSEQUENTE: 1º. prática do ato funcional vendido; 2º. Solicitação, recebimento da
vantagem.
•  
• PRÓPRIA: realiza ato ilegal, ilícito, que se encontra fora de suas atribuições legais
•  
• IMPRÓPRIA: realiza ato legal, lícito que se encontra no rol de suas atribuicões legais
•  
• CONSUMAÇÃO - trata-se de CRIME FORMAL

• O momento consumativo ocorre no instante da prática da conduta típica (solicitar, receber


ou aceitar promessa), independentemente da prática do ato funcional, a qual é mero
exaurimento elevado à categoria de CAP pelo § 1º. O recebimento da vantagem econômica
indevida também é mero exaurimento.
• ARTIGO 317, § 1º, - efetiva realização do ato ou a indevida omissão deste = CAP

• ARTIGO 317, § 2º. – CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA

• Neste caso não há mercância, pois, o FP cede a pedido de outrem sem que ocorra a
“venda” de sua função pública. Há bilateralidade já que o FP cede a pedido de um
terceiro (sentimento pessoal), mas não há mercância envolvendo a “venda” do
exercício funcional

• OBSERVAÇÕES FINAIS
•  
• 1ª. Se relacionado à tributação aplica-se o art. 3º., II da Lei 8137/90 (Princípio da
Especialidade);
•  
• 2ª. Se relacionada à corrupção de testemunha, perito, tradutor ou intérprete
aplicam-se os arts. 342 § 1º. e 343 CP (Princípio da Especialidade)
Art. 319 - PREVARICAÇÃO
• Não há mercancia da função, o funcionário público viola um dever de ofício para satisfazer
objetivos pessoais (sentimento ou interesse pessoal).

• Elementos objetivos do tipo – conduta


• 1. retardar indevidamente ato de ofício (omissivo próprio)
 
• 2. não realizar indevidamente ato de ofício (omissivo próprio)

• 3. realizar ato de ofício contra disposição expressa de lei (comissivo)

• Elemento subjetivo do tipo – dolo com o fim específico = “satisfação de interesse ou


sentimento pessoal”
•  
• Consumação - crime formal = com a prática, omissão ou retardamento INDEVIDOS
independentemente da efetiva satisfação de seu sentimento ou interesse pessoal.

• Tentativa – admite somente na forma comissiva (praticar indevidamente ato de ofício)


• Art. 319-A Deixar o Diretor da Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar
ao preso o acesso a APARELHO TELEFÔNICO, DE RÁDIO OU SIMILAR, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Pena: detenção, de 3 meses a 1
ano

• Trata-se da incriminação do funcionário público que, dolosamente, deixa que referidos


aparelhos ingressem no sistema penitenciário (CRIME PRÓPRIO)

• OBS.: Só é punível a conduta dolosa, assim, a incriminação não alcança o funcionário incauto
(não há modalidade culposa).

• A pessoa que leva o celular para o detento comete o crime do art. 349-A
– Art. 349-A Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em
estabelecimento prisional. Pena: detenção, de três meses a um ano.
– Este é um crime comum que pode ser cometido por qualquer pessoa

• O PRESO/CONDENADO que porta o celular dentro do sistema penitenciário não comete crime
(reserva legal) mas somente FALTA GRAVE conforme inciso IV do artigo 50 LEP (tiver em sua
posse, utilizar ou fornecer, aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
com outros presos ou com o ambiente externo).
ART. 320 – CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
• A grosso modo incrimina-se o comportamento omissivo do superior hierárquico que tem o dever de
aplicar as devidas sanções disciplinares aos seus subordinados que cometerem faltas funcionais
• A incriminação é decorrência dos princípios da moralidade e eficiência na Administração Pública, assim
como, do poder disciplinar inerente à sua estrutura piramidal

• Sujeito ativo - Crime próprio que somente pode ser cometido pelo funcionário público SUPERIOR
HIERÁRQUICO em relação aos seus subordinados (sujeito passivo)

• Elementos objetivos – há 2 condutas típicas ambas omissivas (crime omissivo próprio)


– 1ª. deixar de responsabilizar o subordinado
– 2ª. deixar de comunicar a autoridade competente para tal responsabilizacão

• Elemento subjetivo – o crime é eminentemente doloso, assim, não se pune o superior que é desidioso
(não há formalidade culposa)
– Há elemento subjetivo específico, ou seja, há um fim específico de agir, assim, pune-se o superior
que se omite por indulgência, clemência, dó.
• Se a motivação for econômica = 317

• Consumação trata-se de crime OMISSIVO PRÓPRIO e de MERA CONDUTA consumando-se com a mera
omissão, independentemente de qualquer resultado naturalístico posterior, sendo assim, não admite
tentativa
 
ART. 321 – ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
• Consiste no fato em que o funcionário público, em razão da função e da facilidade que esta lhe
proporciona no acesso a outros funcionários públicos, promove, defende, patrocina interesse
privado legítimo ou ilegítimo perante a Administração Pública.

• Objeto jurídico - moralidade e eficiência administrativa

• Sujeito ativo - crime PRÓPRIO

• Elemento objetivo

• Com base na lição de Damásio E. de Jesus patrocinar = pleitear, advogar, facilitar. É necessário que
se aproveite das condições e facilidades que o exercício da função lhe proporciona

• Consumação - crime formal consumando-se com o 1º. ato de patrocínio, ou seja, a consumação
independe da obtenção do resultado almejado e pretendido, ou seja, a consumacão dispensa,
prescinde do efetivo patrocínio do interesse (DAMÁSIO).

• Art 321, § ÚNICO aumento de pena se o interesse particular patrocinado é ILÍCITO


DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• São crimes comuns que podem ser praticados por
qualquer pessoa

• O objeto jurídico tutelado é a moralidade e a


eficiência na Administração Pública (art. 37 CF) face
comportamentos de particulares que visam impedir
ou enxovalhar o bom desempenho funcional
Art. 329 - Resistência
• Objeto jurídico - normal funcionamento e desempenho funcional (art. 37 CF)
– tutela-se o princípio constitucional da EFICIÊNCIA

• Elemento objetivo – conduta

• Incrimina-se o ato de oposição violenta à execução de um ato funcional legal


– crime comissivo (não dá para resistir violentamente mediante omissão). Quer se dizer que o verbo núcleo do tipo
(opor-se) impõe um comportamento positivo, ou seja, um fazer do sujeito ativo.

• Meios de execução: ameaça ou violência contra a pessoa do funcionário público ou particular que o auxilie. NÃO
caracteriza o delito a violência exercida exclusivamente contra coisa podendo restar tipificado o delito de dano
qualificado pelo patrimônio público

• O ato de oposição deve ser anterior ou concomitante à execução do ato, pois, visa impedir sua execução
– se posterior NÃO há crime de resistência 329 podendo haver OUTRO delito como lesão corporal; tentativa de
homicídio; ameaça ou evasão violenta de preso (art. 352)

• Exs.: atirar objetos contra policiais militares por ocasião do flagrante; disparos de arma de fogo; ameaçar com faca ou
pedaço de pau; desferir socos ou pontapés; apontar revólver;
– NÃO há crime: na violência contra coisa (art. 163, § único III); rogar praga, amaldiçoar, cuspir, xingar ou humilhar
(art. 331)
• Consumação - crime formal – A consumação se dá com a mera oposição violenta, o efetivo
impedimento do ato funcional é exaurimento.

• Art. 329, § 1º - forma qualificada.


• Se em razão da oposição o ato legal EFETIVAMENTE NÃO SE EXECUTAR

• Art. 329, § 2º. – Concurso de crimes


• Imposição legal de concurso material de crimes sendo assim as penas devem ser somadas
– Ex.: resistência e lesão corporal; resistência e tentativa de homicídio

• QUESTÕES:
• 1 Suponha que Tício se oponha violentamente à um mandado de prisão legalmente
expedido e no mesmo contexto fático tente fugir e profira também dizeres ofensivos ao
executor do mandado. Neste caso qual crime Tício cometeu? 

• 2 Suponha que Tício se oponha violentamente contra dois policiais civis que legalmente
executam mandado de prisão preventiva contra aquele expedido. Neste caso, haverá crime
único ou concurso de crimes?
Art. 330 - Desobediência
• Elemento objetivo – conduta
• A conduta incriminada consiste em não cumprir ordem legal de FP. Trata-se de CRIME DE
FORMA LIVRE que pode ser cometido por ação ou omissão, dependendo do conteúdo da
ordem

• Elemento normativo do tipo


– legalidade da ordem; se ordem for ilegal não há crime de desobediência. Ex.: ordem
emanar de FP incompetente

• Consumação - crime de mera conduta consumando-se com a conduta comissiva ou omissiva


do particular desobediente

• Tentativa - depende

– se comissivo = admite, tenta desobedecer mas é impedido por CAVA.


– Se omissivo = não admite, pois é crime omissivo próprio
• OBS
• 1ª. NÃO HÁ crime de desobediência se legislação extrapenal (civil, administrativa) já aplica
sanção desta natureza ao fato SEM determinar a cumulação desta sanção extrapenal com a
sanção penal do art. 330;
•  
• 2ª. HÁ crime de desobediência se legislação extrapenal (civil, administrativa) além de prever
aplicação de sanção desta natureza ao fato também determinar a cumulação desta sanção
extrapenal com a sanção penal do 330;

• Situações em que há crime de desobediência


• negar-se a acareação; ausência de testemunha em ação penal; administrador de cemitério
que não permite a realização de exumação (Art. 163 § único do CPP )

• Hipóteses em que não há crime


•  recusa em submeter-se à reconstituição do crime (art. 7º. CPP) - direito de não auto-
acusação;
• recusa em fornecer material para exame grafotécnico (direito de não auto-acusação).
• negar-se à coleta de sangue (direito de não auto-acusação).
•  fuga sem violência (resistência passiva à voz de prisão).
• Questões:

• 1 Funcionário público pode ser sujeito ativo do crime de


desobediência? Por exemplo delegado de polícia descumpre
requisição judicial para instauração de inquérito policial

• 2 Há crime na desobediência de ordem legal emanada de


concessionário de serviço público configura o crime em testilha?

• 3 A embriaguez do particular que descumpre a ordem legal afasta a


incidência do art. 330 CP?
Art. 331 - Desacato
• Elemento objetivo – conduta

• Incrimina-se a conduta do indivíduo que desacata a função pública. Deve haver


nexo causal com o exercício da função
– desacatar = humilhar, desrespeitar, ofender o exercício funcional
– Trata-se de CRIME DE FORMA LIVRE que pode ser cometido por palavras,
gesticulação ofensiva, ameaças, vias de fato, escritos. Ex.: xingar, rasgar
mandado judicial, cuspir, tapa, palavras de baixo calão, atirar papéis no balcão.

• Consumação – trata-se de crime de mera conduta consumando-se com a mera


prolação da ofensa
– ofensa a mais de um FP ao mesmo tempo = CRIME ÚNICO, pois, o sujeito
passivo principal é o Estado e há uma única lesão à moralidade administrativa;

• Tentativa - não admite


• QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO TEMA

• 1 Como diferenciar o crime de desacato (art. 331 CP) do crime de injúria proferida
contra funcionário público em razão da função (art. 140 c.c 141, II CP )

• 2 Suponha que Tício em evidente estado de cólera, raiva e exaltação emocional


desacate um funcionário público em razão de sua função. Pergunta-se: a
configuração do crime depende do estado de ânimo calmo e refletido do agente?

• 3 Suponha que Tício em estado de embriaguez desacate um funcionário público


em razão de sua função. Pergunta-se: a embriaguez do agente afasta a incidência
do art. 331 CP?

• 4 Funcionário público pode ser sujeito ativo do crime de desacato ?

• 5 advogado pode ser sujeito ativo de desacato ?


Art. 332 – tráfico de influência
• Conforme Fernando Capez “consiste no fato do agente que, sob a alegação de possuir influência, prestígio, junto à
Administração Pública, reclama vantagem de outrem a pretexto de exercer influência nos atos por ela praticados”.

• Elemento normativo do tipo = ... A pretexto de influir ...Trata da alegação de falsa influência, de falso prestígio junto à
Administração Pública

• Objeto jurídico
– principal: prestígio, imagem da Adm. Pública junto à sociedade, a qual tem sua probidade, lealdade e eficiência
maculada;
– secundário: patrimônio do particular que, induzido em erro, crê na alegação de falsa influência junto a Adm.
Pública.

• Elementos objetivos do tipo – condutas - solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem
– se o agente dispuser verdadeiramente de referido prestígio e por esta razão corromper um funcionário público
será autor do crime de corrupção ativa (art. 333)

• CONSUMAÇÃO - é CRIME FORMAL consumando-se com a realização de uma das ações nucleares independentemente
do agente obter êxito no fim desejado

• Princípio da especialidade
– Art. 357 CP - exploração de prestígio
– Art. 337-C CP: tráfico de influência em transação comercial internacional
Art. 321 Advocacia Art. 332 tráfico de Art. 337-C tráfico de Art. 357 exploração
Administrativa influência (venda de influência em de prestígio: solicitar
patrocinar, direta ou fumaça): solicitar, transação comercial ou receber dinheiro
indiretamente, exigir, cobrar ou internacional solicitar, ou qualquer outra
interesse privado, obter, para si ou para exigir, cobrar ou utilidade, a pretexto
perante a outrem, vantagem ou obter, para si ou para de influir em juiz, MP,
Administração promessa de outrem, direta ou funcionário da justiça,
pública, valendo-se vantagem, a pretexto indiretamente, perito, tradutor,
da qualidade de de influir em ato vantagem ou intérprete ou
funcionário praticado por FP no promessa de testemunha.
exercício da função vantagem, a pretexto
de influir em ato
praticado por FP
estrangeiro no
exercício da função
relacionado a
transação comercial
internacional

Crime praticado por Crime praticado por Crime praticado por Crime praticado por
funcionário público particular particular particular
Objeto jurídico = Objeto jurídico = Objeto jurídico = Administração da
Administração Pública Administração Pública Administração Pública Justiça
ARTIGO 333 – CORRUPÇÃO ATIVA
• trata-se de exceção pluralista à teoria monista (unitária) no concurso de agentes já que a legislação
penal pune separadamente o funcionário público sujeito ativo de corrupção passiva (art. 317) e o
particular sujeito ativo de corrupção ativa (art. 333);
• Elemento objetivo - crime de forma livre que pode ser cometido por palavras, gestos, escritos

• Elemento subjetivo do tipo: dolo mas há finalidade específica, um peculiar fim de agir, assim, deve-se
comprovar que o particular ofertou indevida vantagem econômica ao FP para a realização futura do ato
funcional,

• Consumação- crime formal cuja consumação ocorre com a conduta do extraneus de oferecer ou
prometer vantagem indevida, independentemente da aceitação do FP

– Art. 333 § único - exaurimento como CAP – se em razão da vantagem ou promessa, o FP retarda ou
omite ato de ofício (omissão ilegal, indevida de ato de ofício) ou o pratica infringindo dever
funcional

• Tentativa
– se configurar conduta unissubsistente (palavras ou gestos) = não admite
– se configurar conduta plurissubsistente = admite. Ex.: e-mail desviado, carta extraviada.

• Princípio da especialidade - ARTIGO 343 = CORRUPÇÃO DE TESTEMUHA, TRADUTOR, PERITO.


•  
• 2 QUESTÕES:

• 1 a oferta de vantagem moral, profissional caracteriza o delito? Por exemplo particular pede ao FP que
“dê um jeitinho”, que “quebre esse galho”, etc? Nestes casos, poderá haver crime para ambos os
envolvidos particular e FP?

• Entende-se que não há o delito nas pequenas gratificações entregues ao FP como forma de
agradecimento por um ato legal já praticado (cestas de natal, vinhos, whisky, chocolate, bolo, caixa de
bom-bons)
– entende-se que nestes casos não há dolo, ou seja, não há a intenção de “comprar” o ato funcional
já praticado, assim como, verifica-se que nestes casos a gratificação foi entregue após a prática do
ato e não para induzi-lo a praticá-lo.
– O artigo 333 CP incrimina o comportamento do particular que ao oferecer vantagem indevida visa
determinar o FP a praticar ato funcional, a oferta da vantagem é para que o FP o pratique e não
como forma de gratidão por um ato praticado.

• 2 E se o funcionário público repele a conduta do sujeito?


 
• Neste caso o particular responde por 333, mas o FP não responde por 317 
Lei 13.008/14 - Arts. 334 (DESCAMINHO) e 334-A (CONTRABANDO)
• “Descaminho” - é a importação ou exportação de objetos, mercadorias sem o pagamento dos devidos tributos

• Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria:
– Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

• Consumação – no momento da entrada ou saída do objeto material do território nacional


– Súmula 151 STJ a competência para processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens

• § 1o  Incorre na mesma pena quem:


– I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
– II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
– III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação
fraudulenta por parte de outrem;
– IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem
falsos.

• § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

• § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.” (NR)
Lei 13.008/14 - Arts. 334 (DESCAMINHO) e 334-A (CONTRABANDO)
• Contrabando – é a importação ou exportação de objetos, mercadorias consideradas ilegais

• Consumação – no momento da entrada ou saída do objeto material do território nacional


– Súmula 151 STJ a competência para processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se
pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens

• Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:


– Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (novatio legis inpejus – efeitos ex nunc)

• § 1o Incorre na mesma pena quem:


– I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
– II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão
público competente;
– III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
– IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
– V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira.

• § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

• § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.”
Art. 334 – Contrabando e descaminho
• Aplicação do Princípio da insignificância

• O STF aplica à espécie o art. 20 Lei 10.522/02, in verbis:

• Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do


Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de
débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria – Geral
da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou
inferior a R$ 10.000,00

• Victor E. R Gonçalves “O STF .... Tem reconhecido reiteradamente o


princípio da insignificância quando o valor é de até R$ 10.000,00, pois,
se o tributo sequer será cobrado, não deve também ser movida a ação
penal”.
Arts. 334 (DESCAMINHO) e 334-A (CONTRABANDO)
• QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA:

• 1 O PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO NA SEARA FISCAL EXTINGUE


A PUNIBILIDADE DO AGENTE?

• 2 O PARCELAMENTO NA SEARA FISCAL DO DÉBITO TRIBUTÁRIO


SUSPENDE O ANDAMENTO DA AÇÃO PENAL?

• 3 O INÍCIO DA AÇÃO PENAL ESTÁ VINCULADO AO TÉRMINO DO


PROCEDIMENTO FISCAL RESPECTIVO QUE APURA O DÉBITO
TRIBUTÁRIO? O ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO FISCAL É
CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE PARA A AÇÃO PENAL?
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
• São infrações penais cujo objetividade jurídica é a administração da
justiça, ou seja, o interesse do Estado em que a “máquina da justiça”
não seja indevidamente acionada ou cuja atuação não seja turbada.

• Em última instância tutela-se a aplicabilidade do Princípio


constitucional da eficiência à administração da Justiça

• Sujeitos ativos – em regra são crimes comuns, salvo exceções (art.


342 – crime próprio)
Art. 339 – DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
• Incrimina-se, grosso modo, a falsa atribuição da prática de um crime a outrem, a qual enseja o início de
investigação ou ação judicial.
• Objeto jurídico
– principal ou primário: administração da justiça = interesse do Estado em que a “máquina da justiça” não
seja inutilmente acionada em razão de falsas comunicações de crime.
– secundário: dignidade da pessoa do denunciado
• Sujeito passivo
– primário: Estado titular do objeto jurídico tutelado, qual seja, a Administração da Justiça no peculiar
aspecto da EFICIÊNCIA
– secundário: pessoa atingida em sua honra pela denunciação caluniosa.

• Elemento objetivo do tipo – conduta - dar causa: originar, iniciar, provocar investigação policial; investigação
administrativa; inquérito civil (Lei 7347/85 – LACP); processo judicial; ação de improbidade administrativa (Lei
8429/ - LIA)

• Trata-se de CRIME DE FORMA LIVRE: não se exigindo para sua configuração a apresentação formal por escrito
de notitia criminis

• Ex.: imputação de crime verdadeiro, mas cuja autoria seja falsa; de crime que não ocorreu

• Elemento subjetivo – por interpretação gramatical do próprio art. 339 somente admite-se o dolo DIRETO não
admitindo dolo eventual
• Consumação – trata-se de CRIME MATERIAL cuja consumação se
dará com a instauração da investigação policial (não há exigência de
instauração oficial de IP), com a instauração da ação penal, com a
instauração de investigação administrativa, de inquérito civil ou de
ação de improbidade administrativa

• Tentativa - admissível

• Art. 339 § 1º. - Anonimato como CAP. Ex.: logo após o trote agente é
pego pela autoridade

• Art. 339 § 2o. - Contravenção como causa de diminuição de pena (-


½)
• QUESTÕES:

• 1 Explique a diferença entre o crime de calúnia previsto no


art. 138 CP e o delito em tela

• 2 A falsa imputação de um crime já prescrito ou acobertado


por uma causa d isenção de pena ou de exclusão da
ilicitude configura o crime aqui em estudo?

• 3 É necessário aguardar o término do procedimento para


dar início à ação penal pela prática do 339?
ARTIGO 340 – COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU
CONTRAVENÇÃO
• Incrimina-se, grosso modo, a comunicação falsa da ocorrência de um crime de autoria desconhecida, a
qual enseja o início de investigação ou ação judicial Diferentemente do art. 339 não há vítima
determinada, não há indicação do autor da infração penal. Trata-se de crime de forma livre. Ex.: escrito,
oral
– Ex.: “A” motoboy se apropria do $ que recebeu para efetuar pagto bancário e diz à polícia que o $
foi roubado por desconhecidos (responderá por 168 em concurso material com 340); gestante
comunica falsamente crime de 213 para poder realizar o aborto, o que realmente ocorre
(responderá por 340 em concurso material com 124).

• Elemento subjetivo - dolo direto: não admite dolo eventual

• consumação - crime material: consuma-se com a ação da autoridade e não com a mera comunicação
falsa
•  
• Tentativa – admissível. Ex.: comunica infração penal inexistente e a autoridade NÃO inicia qualquer
investigação ou diligência

• QUESTÃO: Qual crime comete o agente que falsamente comunica à autoridade crime cometido por
pessoa imaginária com isto dando início a investigação policial?
 
ARTIGO 341 – AUTO ACUSAÇÃO FALSA
• Incrimina-se o fato do agente, perante a autoridade, se auto-acusar falsamente da prática de um crime

• ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO – CONDUTA - CRIME DE FORMA LIVRE


•  
• ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO – ELEMENTAR NORMATIVA - para a tipicidade do 341 o crime deve ter
sido praticado por outrem ou inexistente.

• CONSUMAÇÃO - CRIME FORMAL: com o conhecimento da acusação pela autoridade, não exigindo
qualquer providência desta para que o delito reste consumado

• Veja: é diferente dos arts. 339 e 340, pois, não há na descrição típica exigência de que ocorra
movimentação da “máquina da justiça”!!!

• TENTATIVA
• -se crime unissubsistente (palavras) – não admite
• - se crime plurissubsistente (escritao) – admite. Ex.: carta extraviada

• QUESTÃO: Comete delito o agente que, perante autoridade, falsamente se auto-acusa de atuar como
apontador do jogo do bicho?
ARTIGO 342 – FALSO TESTEMUNHO
• SUJEITO ATIVO - crime próprio que somente pode ser praticado por testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete
– Em nosso sentir trata-se de crime de mão própria que não admite coautoria. Assim, cada testemunha mentirosa
comete seu delito autônomo
– Ademais há exceção pluralista à teoria monista no concurso de agentes, pois, o agente que fornece $ para a
testemunha, não á partícipe de 342 mas autor de 343

• Como leciona Damásio E. de Jesus a testemunha informante ou descompromissada também comete o 342, pois,
referido compromisso de dizer a verdade não é elementar do delito. (Há corrente em contrário)

• RELEVÂNCIA DO TEOR DO DEPOIMENTO – PRINCÍPIO DA LESIVIDADE E ATIPICIDADE MATERIAL


• Damásio E. de Jesus “para que haja o falso é necessário que verse sobre fato juridicamente relevante ao deslinde do
processo e que possa de algum modo influir na decisão da causa ... não há crime quando o depoimento incide sobre
dados secundários e sem importância do fato objeto do processo sem potencialidade lesiva”.

• PARA FINS DE TIPIFICAÇÃO DO ART. 342 O QUE SE CONSIDERA FALSO?

• Conforme doutrina adotou-se a teoria subjetiva pela qual somente haverá falso testemunho quando houver
discrepância entre o que o sujeito ativo viu e o que relatou

• Elemento objetivo do tipo – fazer afirmação falsa; negar ou calar a verdade

• QUESTÃO: Testemunha tem o direito ao silêncio? Comete o crime a testemunha que cala a verdade para não se auto
incriminar?Fundamente sua resposta
• CONSUMACÃO - Trata-se de CRIME FORMAL que estará consumado com o término do depoimento ou entrega
do laudo pericial. Assim, a consumação do delito não depende da decisão final do processo em que ocorreu o
falso.
– Se o depoimento falso ocorre em juízo deprecado, neste ocorrerá a consumação e conforme artigo 70 CPP
o juízo deprecado será o competente para processar e julgar eventual ação penal
– Súmula 165 STJ compete à justiça federal processar e julgar crime de 342 cometido em processo
trabalhista.

• TENTATIVA – ADMISSÍVEL

• Art. 342 § 1º. - CAP se:


– O crime for cometido mediante $. Neste caso, o agente subornador não é partícipe do 342, mas autor do
343 (exceção pluralista à teoria monista no concurso de agentes)
– Se visa produzir prova em processo penal, ou processo civil em que for parte entidade da administração
pública direta ou indireta.

• Art. 342 § 2º. - NATUREZA JURÍDICA – causa de extinção da punibilidade consistente em RETRATACÃO DO
AGENTE (art. 107, VI CP)
– MOMENTO LIMITE – ELEMENTO NORMATIVO TEMPORAL - até a sentença de 1º. Grau no processo em
que ocorreu o falso testemunho

• QUESTÃO: É possível o oferecimento da denúncia pelo crime de falso testemunho anteriormente ao


julgamento da ação penal em que o depoimento falso ocorreu? É necessário aguardar-se o julgamento da ação
penal em que o depoimento falso ocorreu para que se dê início à ação penal pelo crime do art. 342 CP?
ARTIGO 345 – EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS
RAZÕES
• Objeto jurídico - Administracão da Justica. Busca-se evitar a satisfação pessoal de conflitos e o retorno
ao instituto da justiça privada, pois, hodiernamente prevalece o monopólio da jurisdição pelo Estado.
– Ex.: credor subtrai bens do devedor para saldar dívidas
•  
• Elemento objetivo do tipo – conduta - fazer justiça com as próprias mãos - CRIME DE FORMA LIVRE que
pode ser praticado através de fraude, subtração, grave ameaça, violência física
– Se o a violência física for o meio de execução haverá concurso material entre o art. 345 e eventual
crime contra a pessoa como lesão corporal, tentativa de homicídio, sequestro

• Elemento subjetivo do tipo - dolo: vontade livre e consciente de satisfazer pretensão que sabe legítima
ou a supõe legítima. O agente deve ter o conhecimento da legitimidade da pretensão ou, ao mínimo, a
suposição de tanto, pois, se tiver consciência de sua ilicitude haverá outro crime como furto, estelionato,
apropriação indébita, extorsão, etc.
– Elemento subjetivo específico: satisfazer pretensão legítima ou supostamente legítima

• Consumação - crime formal consumando-se com a realização da conduta típica independentemente da


efetiva satisfação da pretensão a qual é mero exaurimento. Assim, o delito estará consumado com o
comportamento do agente independentemente de que o meso efetivamente satisfaça sua pretensão
• Artigo 345 § único – espécie de ação penal

• 1º. Se o crime for cometido através de violência física: APP INCONDICIONADA


 
• 2º. . Se o crime for cometido através de fraude, dano à coisa, grave ameaça ou qualquer
outro meio: AP PRIVADA
 
• ARTIGO 346 – SUBTRAÇÃO OU DANO DE COISA PRÓPRIA EM PODER DE TERCEIRO

• tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de 3º., por
determinação judicial ou convenção.

• Trata-se de subtipo de 345. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido pelo
proprietário do bem
 
• Objeto material e elemento normativo do tipo: Coisa própria (de propriedade do próprio
sujeito ativo)

• Exs.: devedor subtrai o bem móvel próprio que estava em poder do credor como garantia da
dívida (Victor E. Rios Gonçalves)
ARTIGO 347 – FRAUDE PROCESSUAL
• Pede-se venia para colacionar exemplos de Fernando Capez: remoção de marcos em ação
possessória; colocar arma na mão da vítima para simular suicídio ou legítima defesa; apagar
mancha de sangue na roupa; alterar posição do corpo da vítima; simular deficiência visual motora
ou auditiva em ação trabalhista; alterar arma de fogo a ser periciada; apagar impressões digitais

• EXEMPLO: simular latrocínio em caso verdadeiro de homicídio dos pais

• Consumação - crime formal consumando-se no momento da fraude desde que seja apta a
enganar o juízo ou perito.

– Fernando Capez “independe do real e efetivo engano, ainda que juiz ou perito não venham a
ser enganados”.
– Victor Eduardo Rios Gonçalves “é desnecessário que se consiga efetivamente enganá-los”.
• Tentativa - admissível

• Princípio da subsidiariedade implícita – art. 347 fica absorvido se o fato configurar crime mais
grave

• 2ª.princípio da especialidade - art. 312 CTB


ARTIGO 348 – FAVORECIMENTO PESSOAL
• A grosso modo incrimina-se a aposição de obstáculos à atividade de persecução criminal diante da colaboração de
terceiros na ocultação de criminosos

• Sujeito ativo – crime comum - qualquer pessoa, exceto participantes do delito anterior
 
• Elemento objetivo do tipo - prestar auxílio: CRIME DE FORMA LIVRE.
– Ex.: enganar autoridade; ocultação do autor do delito anterior; auxílio para a fuga como fornecer $ ou veículo
para fuga

• Momento do auxílio - posterior à consumação do delito anterior


• - se anterior ou durante o crime anterior o agente será considerado partícipe do crime anterior (art. 29)

• Elemento normativo do tipo – somente haverá o crime do art. 348 se houver auxílio a participante de crime anterior e
não de contravenção, sendo assim há 3 situações a saber:
• 1º. Crime apenado com reclusão = 348 caput
• 2º. Crime apenado com detenção = 348 § 1º.
• 3º. Contravenção penal = fato atípico

• Consumação - momento em que o beneficiado (autor do crime anterior) consegue se subtrair da autoridade pública,
furtar-se da ação da autoridade pública

• TentativA - admissível
ARTIGO 349 – FAVORECIMENTO REAL
• A grosso modo incrimina-se a conduta do agente que, sem participar do delito, torna seu
produto a salvo em prol do autor do crime anterior

• Sujeito ativo - crime comum, exceto participantes no delito anterior


 
• Objeto material - proveito ou produto do crime, não abrange o instrumento do crime
(instrumenta sceleris)
– se instrumento do crime = fato atípico (regra) ou pode configurar delito autônomo como
posse ou poerte ilegal de arma de fogo (art. 14 ou 16 do Estatuto do Desarmamento)

• Elemento subjetivo do tipo – dolo mas há especial fim de agir do favorecedor o qual busca
tornar seguro o proveito do crime para os participantes daquele delito.

• Consumação - crime formal consumando-se com a prestação do auxílio,


independentemente da efetiva segurança do proveito do crime anterior (exaurimento).

• QUESTÃO: Explique a diferença entre o o favorecedor do art. 349, do receptador do art.


180 e do partícipe do crime antecedente?
• Art. 349-A - Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a
entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou
similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Pena:
detenção, de três meses a um ano.

• O fato pode envolver 3 sujeitos:

• 1 o indivíduo que, dolosamente, leva o celular para o presidiário =


autor do art. 349-A

• 2 o agente penitenciário que, dolosamente, permite que o celular


ingresse no estabelecimento prisional = art. 319-A

• 3 o preso que fica na posse do celular = não há crime somente falta


grave – art. 50 IV LEP
ARTIGO 352 – EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA
• Incrimina-se a conduta do preso que busca fugir mediante violência ou grave ameaça contra a pessoa

• SUJEITO ATIVO – CRIME PRÓPRIO que somente pode ser cometido pelo preso provisório ou definitivo

• ELEMENTO OBJETIVO –2 CONDUTAS


• -1ª.evadir-se (efetiva fuga) ou tentar evadir-se através de violência física contra a pessoa
– concurso material com a violência praticada. Ex.:352 e 129 ou 121
– A grave ameaça não foi prevista como meio de execução, assim, haverá o crime do art. 147 CP

• Consumação - no momento da fuga OU simplesmente da tentativa da fuga, pois, é um crime de


atentado ou mero empreendimento
– exceção SUBJETIVA à teoria objetiva sobre a punibilidade da tentativa (Art. 14 § único CP)

• Tentativa - não admite, pois, o fato de tentar evadir-se com violência à pessoa já configura crime
consumado (crime de atentado ou mero empreendimento)

• QUESTÃO: Suponha que para fugir da penitenciária Tício arrombe as grades de sua cela destrunido-as
parcialmente? Neste caso Tício comete o crime em qustão? È possível incriminá-lo pelo crime previsto
no art. 163 (dano qualificado pela lesão ao patrimônio púlbico?
Art. 353 – Arrebatamento de preso

• Victor E. Rios Gonçalves “grupo de pessoas que


arrebatam preso, acusado de crime grave, do
interior de delegacia a fim de linchá-lo”.

• Haverá concurso material entre o delito em tela e o


crime contra a pessoa cometido (lesão coporal;
homicídio; tentativa de homicídio)
ARTIGO 354 – MOTIM DE PRESOS
• Sujeito ativo - crime próprio – somente presos

• Trata-se de CRIME COLETIVO, PLURISSUBJETIVO OU DE


CONCURSO NECESSÁRIO

• Consumação - crime material consumando-se com a


perturbação da ordem e disciplina carcerária. Ex.: violência
física contra funcionários;depredações.

– Se houver emprego de violência contra a pessoa haverá


concurso material entre este delito e crime contra a pessoa
(lesão corporal; tentativa de homicídio; etc)
Art. 355 – Patrocínio Infiel
• Pune-se a conduta do advogado ou procurar que, dolosamente, busca
prejudicar interesse de seu cliente.
• Sujeito ativo – crime próprio que só pode ser cometido por advogado ou
procurador

• Sujeito passivo – Primário é o Estado e secundário o indivíduo lesionado

• Consumação – crime material consumando-se com o efetivo prejuízo da


pessoa

• Art. 355 - § único – patrocínio simultâneo ou tergiversação

• Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende


na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias
Art. 357 – Exploração de prestígio
• Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
utilidade, a pretexto de influir em juiz, órgão do
Ministério Público. Funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha. Pena: reclusão
de 1 a 5 anos e multa

• Trata-se de crime especial em relação ao previsto


no art. 332 CP
Art. 332 tráfico de influência Art. 337-C tráfico de Art. 357 exploração de
(venda de fumaça): solicitar, influência em transação prestígio: solicitar ou receber
exigir, cobrar ou obter, para si comercial internacional dinheiro ou qualquer outra
ou para outrem, vantagem ou solicitar, exigir, cobrar ou utilidade, a pretexto de influir
promessa de vantagem, a obter, para si ou para outrem, em juiz, MP, funcionário da
pretexto de influir em ato direta ou indiretamente, justiça, perito, tradutor,
praticado por FP no exercício vantagem ou promessa de intérprete ou testemunha.
da função vantagem, a pretexto de
influir em ato praticado por
FP estrangeiro no exercício da
função relacionado a
transação comercial
internacional

Crime praticado por particular Crime praticado por particular Crime praticado por particular

Objeto jurídico = Objeto jurídico = Administração da Justiça


Administração Pública Administração Pública
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial: volume 4. São Paulo:
Saraiva, 2004
• CAMPOS, Pedro Franco de; THEODORO, Luis Marcelo Mileo; BECHARA, Fábio Ramazzini;
ESTEFAM, André. Direito Penal Aplicado, parte especial do Código Penal (arts. 121 a 361). São
Paulo: Saraiva, 2008
• ESTEFAM, André. Crimes sexuais – comentários à Lei 12.015/09. São Paulo: Saraiva, 2009
• _____________. Direito Penal, volume 4: parte especial (arts. 286 a 359-H). São Paulo: Saraiva,
2011
• GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte especial. 2ª.ed. São Paulo:
Saraiva, 2012
• JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal, 4º. Volume: parte especial: dos crimes contra a fé
pública e dos crimes contra a administração pública. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2010
• ________________________. Código Penal anotado. 18ª. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2007
• MIRABETE, Julio Fabrini; MIRABETE, Renato N. Manual de Direito Penal, volume 3: parte especial,
arts. 235 a 361 CP. 26ª. ed. ver. e atual. São Paulo: Atlas, 2012
• MIRABETE, Julio Fabrini. Código Penal interpretado. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 2001
• NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: parte geral, parte especial. São Paulo: Ed
RT, 2005
• ______________________. Código Penal Comentado. 6ª. ed. revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Ed. RT, 2006
Módulo V
CRIMINOLOGIA
CONCEITO
Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do
estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do
controle social do comportamento delitivo, e que trata
de fornecer uma informação válida, contrastada, sobre
a origem, dinâmica e variáveis do crime, considerando
este como problema individual e social, assim como
sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e
técnicas de intervenção positiva no homem delinquente
e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao
delito.
CARACTERÍSTICAS

1. MÉTODO: Empirismo e Interdisciplinaridade

2. OBJETO: Delito, Delinqüente, Vítima e Controle Social

3. FUNÇÃO: Prevenção, Intervenção e Resposta ao Delito


CIÊNCIA DO “SER”
CRIMINOLOGIA

X
CIÊNCIA DO “DEVER SER”
CIÊNCIAS JURÍDICAS
MÉTODO DA CRIMINOLOGIA: Empírico e Indutivo

MÉTODO DO DIREITO: Dogmático e Dedutivo


INTERDISCIPLINARIEDADE

Biologia (criminal)
INTEGRAÇÃO + COORDENAÇÃO

Sociologia (criminal)
=
Psicologia (criminal)
CRIMINOLOGIA
Direito (criminal), etc.
ORIGEM DA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA

ESCOLA CLÁSSICA

ORIENTAÇÃO CRIMINOLÓGICA
ETAPA “PRÉ-CIENTÍFICA” ( PRÉ-POSITIVISTA)

ESTATÍSTICA MORAL OU
ESCOLA CARTOGRÁFICA

ETAPA “CIENTÍFICA” = ESCOLA POSITIVISTA


ETAPA “PRÉ-CIENTÍFICA”

ESCOLA CLÁSSICA: Concebe o crime como fato


individual, isolado, como mera infração à lei: é a
contradição com a norma jurídica que dá sentido ao
delito, sem que seja necessária uma referência à
personalidade do autor (mero sujeito ativo do fato) ou
à sua realidade social, para compreendê-lo. O decisivo
é mesmo o fato, não o autor.

“LIVRE ARBÍTRIO = EQUIPOTENCIALIDADE”


CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA CLÁSSICA

1. CONCEITO DE HOMEM RACIONAL, IGUAL E LIVRE.

2. PACTO SOCIAL COMO FUNDAMENTO DA SOCIEDADE


CIVIL E DO PODER.

3. CONCEPÇÃO UTILITÁRIA DO CASTIGO.


ETAPA “PRÉ-CIENTÍFICA”
ORIENTAÇÃO CRIMINOLÓGICA ( PRÉ-POSITIVISTA)

1. Ciência Penitenciária: reforma do delinqüente

2. Fisionomia: “retrato robô” e “homem de maldade natural”

3. Frenologia: malformações cerebrais definindo o campo de incidência


delitiva.
4. Psiquiatria: Delinquente x Doente Mental

5. Antropologia: Delinquente atávico.


ETAPA “PRÉ-CIENTÍFICA”
ESCOLA CARTOGRÁFICA OU ESTATÍSTICA : Criam a concepção
do delito como fenômeno coletivo e fato social regular e normal, regido por leis
naturais, como qualquer outro acontecimento, e que deve ser submetido a
uma análise quantitativa. Para essa escola, crime é um fenômeno social de
massas, não um acontecimento individual; o delinquente concreto, com sua
eventual decisão, não altera em termos estatisticamente significativos o
volume e a estrutura da criminalidade. Qualquer sociedade, em todo
momento, deve pagar esse tributo, inseparável de sua organização fatal. Para a
Escola Cartográfica, o único método de investigação do crime e sua magnitude
é o método estatístico.
ETAPA “CIENTÍFICA” DA CRIMINOLOGIA

Surge como crítica e alternativa à Criminologia Clássica dando


lugar a uma polêmica quanto a substituição dos métodos
abstrato e dedutivo (clássico) pelo empírico e indutivo
(positivo). Teve origem na Itália onde dois estudiosos se
destacaram: Lombroso e Ferri. Ambos seguem direções
opostas em seus estudos, sendo Lombroso partidário da
antropologia e Ferri, da sociologia. Nesta etapa distingui-se
dois momentos importantes: A Escola Positivista e a Luta de
Escolas.
ETAPA “CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA

A ESCOLA POSITIVISTA: O modelo científico transcende a mera


descrição, reclama uma análise causal explicativa.
Para a Escola Positivista a chave de todo o conhecimento é o
método experimental. O estudo do delito passa a ser inseparável
do estudo do delinquente e sua realidade social. A finalidade da
lei penal deixa de ser o restabelecimento a ordem jurídica e
passa a ser o combate ao fenômeno social do crime e defender a
sociedade.
O positivismo criminológico professa uma concepção classista e
discriminatória da ordem social, imbuída de preconceitos e de
acordo com o mito da “diversidade” do delinquente.
A ANTROPOLOGIA DE LOMBROSO (Médico/ Psiquiatra)

“CRIMINOSO NATO”
CARACTERÍSTICAS DO CRIMINOSO NATO

1. Fronte esquiva e baixa


2. Grande desenvolvimento dos arcos
supraciliares
3. Assimetrias cranianas
4. Grande desenvolvimento das maçãs
do rosto
5.Orelhas em forma de asa
6. Uso freqüente de tatuagens
7.Notável insensibilidade à dor
8. Instabilidade afetiva
9. Uso frequente de determinados jargões
ESPÉCIES DE CRIMINOSO SEGUNDO LOMBROSO

1. “NATO”

2. LOUCO MORAL

3. EPILÉTICO

4. LOUCO

5. OCASIONAL

6. PASSIONAL

+ CRIMINALIDADE FEMININA E DELITOS POLÍTICOS


CRÍTICAS AO MÉTODO
DE LOMBROSO
A SOCIOLOGIA CRIMINAL DE FERRI - Advogado

“PAI DA MODERNA SOCIOLOGIA CRIMINAL”


O PENSAMENTO DE FERRI

1. RECHAÇA O LIVRE ARBÍTRIO

2. DELITO COMO ACONTENCIMENTO NORMAL E SOCIAL QUE SE VERIFICA


PELA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGUINTES FATORES:

2.1 Individuais: constituição orgânica do indivíduo, sua constituição psíquica,


características pessoais como idade sexo, estado civil, etc.
2.2 Físicos ou Telúricos: clima, estações, temperatura, etc

2.3 Sociais: densidade da população, opinião pública, família, moral, religião,


educação, alcoolismo, etc.
TESES PROPOSTAS POR FERRI

“SUBSTITUTIVOS PENAIS”
“SATURAÇÃO CRIMINAL”
CRÍTICAS AO MODELO PROPOSTO POR FERRI

A crítica que se faz a Ferri é quanto a proposta de


remissão dos direitos do indivíduo, em detrimento
da defesa eficaz da sociedade, uma sociedade
burguesa que estava nascendo à época.
Propugnava pela defesa da justiça da ordem social
( ordem social burguesa) a todo custo, incluindo o
sacrifício dos direitos individuais, da segurança
jurídica e da própria humanidade das penas.
O POSITIVISMO MODERADO DE GARÓFALO

Os aspectos fundamentais trazidos por Garófalo são:

1. Teoria do Delito Natural: Condutas nocivas por si próprias

2. Teoria da Criminalidade: Déficit moral (lascivos, violentos, assassinos e ladrões

3. Fundamento do Castigo ou Teoria da Pena: Características concretas de cada


Delinquente.
A LUTA DAS ESCOLAS
Sociologia Criminal
ESCOLA DE LYON
(CRIMINOSO É COMO UM MICRÓBIO)

TERZA SCOULA
(CIÊNCIA TOTALIZADORA DO DIREITO PENAL)

ESCOLA DA DEFESA SOCIAL


(“TODO MUNDO É CULPÁVEL, EXCETO O CRIMINOSO”)
CONCLUSÃO
Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar, cujo
método é o experiência e indução à respostas válidas (método)
no estudo do delinquente, vítima e fatores sociais que
contribuem para o crime (objeto), com objetivo de intervir no
criminoso, integrando-o a sociedade e prevenindo o
cometimento de novos delitos.

A Criminologia busca as causas do crime, conglobando


conhecimentos sobre o delinquente, a vítima e aspectos sociais
relevantes, motivo pelo qual deve observar (empirismo) as
transformações sociais e recorrer as diversas disciplinas que
auxiliem a compreender o comportamento humano.
A Criminologia como ciência, teve início com a introdução do
método empírico e, através da interdisciplinaridade inerente a
nova ciência, surgiram vários modelos em substituição ao
pensamento clássico (abstrato e dedutivo), resultando na Escola
Positivista, cujos principais pensadores são Lombroso e Ferri.

A grande diferença entre o pensamento de Lombroso e Ferri,


reside no fato deste valer-se predominantemente dos valores
sociais, enquanto o primeiro, baseia-se na experiência
antropológica. Rompem com a escola Clássica pela adoção
método do método empírico-indutivo em detrimento do
abstrato-dedutivo.

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