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PÓS GRADUAÇÃO

EM FAMÍLIA E
SUCESSÕES

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AULA 02
BLOCO 01

Concubinato

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Concubinato
“Concubinato é uma união impura,
representando uma ligação constante, duradoura
e não eventual, na qual os partícipes guardam
um impedimento para o matrimônio, por serem
casados, ou pelo menos um deles mantém
integra a vida conjugal e continua vivendo com
seu cônjuge, enquanto ao mesmo tempo mantém
um outro relacionamento, este de adultério ou de
amasiamento.”
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• Artigo 1727 do Código Civil,

• As relações não eventuais entre o homem e a


mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato.

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Finalidade dispositivo
do artigo 1727 CC
- Impedir as uniões paralelas;

- Preservar o princípio da monogamia (art. 1521, VI, CC);

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Artigo 1521, VI, CC
Art. 1.521. Não podem casar:

(...)

VI - as pessoas casadas;

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Artigo 1548, II, CC
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

II - por infringência de impedimento.

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Tipificação penal da
bigamia
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com
pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com
reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou
o outro por motivo que não a bigamia, considera-se
inexistente o crime.

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HC 53.510 SP STF
04/03/77

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Concubinato

BLOCO 02

Evolução histórica

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Recurso Especial n°
79079 – São Paulo (SP) -
10 de novembro de 1977
“Deve-se distinguir-se no concubinato a situação da mulher que
contribui, com o seu esforço ou trabalho pessoal, para formar o
patrimônio comum, de que o companheiro se diz único e senhor, e
a situação da mulher que, a despeito de não haver contribuído para
formar o patrimônio do companheiro, prestou a ele serviço
doméstico, ou de outra natureza, para o fim de ajudá-lo a manter-se
no lar comum. Na primeira hipótese, a mulher tem o direito de
partilhar com o companheiro o patrimônio que ambos formaram; e
o que promana dos arts. 1303 e 1366 do Código Civil, do art. 673
do Código de Processo Civil de 1939, este ainda vigente no
pormenor por força do art. 1219, VII, do CPC de 1939, e do
verbete 380 da Súmula desta Corte, assim redigido:

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“Comprovada a existência de sociedade de fato entre os
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do
patrimônio adquirido pelo esforço comum.” Na segunda hipótese, a
mulher tem o direito de receber do companheiro a retribuição
devida pelo serviço doméstico a ele prestado, como se fosse parte
num contrato civil de prestação de serviços, contrato esse que,
ressabidamente, outro não e senão o bilateral, oneroso e
consensual, definido nos arts. 1216 e seguintes do Código Civil,
isto é, como se não estivesse ligada, pelo concubinato ao
companheiro. (grifo nosso).

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Recurso Especial nº
102.130 – RJ (1984)

“Indenização a ela devida, pois que tais serviços são


perfeitamente destacáveis do concubinato em si e negar-lhes
remuneração seria acoroçoar o locupletamento indevido do
homem com o trabalho da mulher. “

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Concubinato puro: relação que permanecia na convivência
informal ainda que não existisse impedimento ao casamento;

Concubinato impuro: quando um ou ambos eram impedidos


de casar;

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Com o advento da CF
1988...
- Reconhecimento do concubinato impuro (união estável);

- Nova concepção de família;

- Igualdade entre homem e mulher;

- Igualdade dos filhos havidos ou não do casamento;


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Concubinato
BLOCO 03

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Concubinato de boa-fé
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de
boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a
estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da
sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos
aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.

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Provas da boa-fé
- diligência;

- Cautela;

- Interesse da parte acerca das qualidades daquele que


elegeu como parceiro;

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DIFERENÇAS

- Casamento;

- União estável;

- Concubinato;
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Concubinato
Aspectos Patrimoniais

SÚMULA 380
COMPROVADA A EXISTÊNCIA DE SOCIEDADE
DE FATO ENTRE OS CONCUBINOS, É CABÍVEL A
SUA DISSSOLUÇÃO JUDICIAL, COM A PARTILHA
DO PATRIMÔNIO ADQUIRIDO PELO ESFORÇO
COMUM.
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SÚMULA 382
A VIDA EM COMUM SOB O MESMO TETO, MORE
UXÓRIO, NÃO É INDISPENSÁVEL À
CARACTERIZAÇÃO DO CONCUBINATO.

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A. I. nº 87/86, 2ª Câm.
Cível, 21/05/1986
“O concubinato, por si só, não produz efeitos jurídicos
positivos, dependendo de reconhecimento judicial, diante de
três requisitos fundamentais: a) a comprovação da existência
de uma sociedade de fato entre o casal; b) a existência de
patrimônio posterior à constituição desta sociedade e
adquirida pelo esforço comum; e c) a demonstração da
contribuição efetiva e de expressão econômica da concubina
ou companheira, se for o caso. (grifo nosso).”

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TEORIA DA
APARÊNCIA
Virgílio de Sá Pereira:
“agora, dizei-me: que é que vedes quando vedes um homem e
uma mulher, reunidos sobre o mesmo teto, em torno de um
pequenino ser, que é o fruto do seu amor? Vereis uma família.
Passou por lá o juiz, com a sua lei ou o padre, com o seu
sacramento? Que importa isso? O acidente convencional não
tem força para apagar o fato natural.”

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Concubinato
BLOCO 04

Divergências Jurisprudenciais e aspectos


práticos

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• APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RECONHECIMENTO E
DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE CONCUBINÁRIA –
IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DA RELAÇÃO
– DEMANDADO QUE PERMANECE CASADO COM OUTRA
MULHER – JURISPRUDÊNCIA NESSE SENTIDO –
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA - APELO CONHECIDO E
IMPROVIDO – UNÂNIME.
• (Apelação Cível nº 201900717870 nº único0006423-
89.2016.8.25.0083 - 1ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de Justiça de
Sergipe - Relator (a): Roberto Eugenio da Fonseca Porto - Julgado em
14/10/2019)
• (TJ-SE - AC: 00064238920168250083, Relator: Roberto Eugenio da
Fonseca Porto, Data de Julgamento: 14/10/2019, 1ª CÂMARA
CÍVEL).
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• TRIPLA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
PENSÃO POR MORTE. CONCUBINATO. MODULAÇÃO.
COMPROVAÇÃO DE RELAÇÃO OSTENSIVA E
DURADOURA. TERMO INICIAL PARA O
RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
DATA DA PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA IMPUGNADA.
ÉDITO SENTENCIAL MANTIDO. - Exsurge dos presentes autos,
elementos suficientes a comprovar a relação extra conjugal
(concubinato) entre o Sr. José Castro Monteiro (de cujus) e a Sra.
Lindalva Ferreira da Silva, que, apesar de impedidos de casar,
mantiveram o ânimo de constituir família, por meio de uma união
pública, ostensiva e duradoura - É cediço que há vários precedentes
jurisprudenciais em nossos tribunais que, simplesmente, denegam a
concessão do benefício previdenciário de pensão por morte à
companheira concubina. www.legale.com.br
• Ocorre, que o caso vertente traz consigo peculiaridades que, também,
devem ser levadas em consideração, tais como: (a) a relação
concubinária em questão era duradoura, pois era mantida há quase 08
(oito) anos; (b) a relação não era clandestina, pois ambos
frequentavam lugares públicos, sendo, inclusive, constatado que o de
cujus dormia na casa da autora/segunda apelante; (c) desta união
nasceu a menor impúbere Luana Monique da Silva Monteiro em
20/10/2007 - Destarte, analisadas as nuances do caso concreto,
impõe-se concluir que o magistrado a quo agiu com acerto ao julgar
procedente o pedido inicial, determinando a inclusão da requerente no
cadastro de dependente do de cujus e que a seu favor seja instituído o
benefício previdenciário de pensão por morte, ante a comprovação da
relação homem e mulher contínua e duradoura, com ânimo de
constituir família, que a autora mantinha com o de cujus -
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• - Correto, também, o restabelecimento do benefício desde a data da
concessão da tutela antecipada deferida em sentença, haja vista que a
cessação deu-se em razão de decisão proferida pelo Tribunal de
Contas do Estado. APELOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.

• (TJ-AM - AC: 06122645820138040001 AM 0612264-


58.2013.8.04.0001, Relator: Ari Jorge Moutinho da Costa, Data de
Julgamento: 26/08/2019, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação:
27/08/2019)

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• DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE
UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. UNIÃO ESTÁVEL RECONHECIDA ENTRE
2000 ATÉ A MORTE DO COMPANHEIRO, EM JULHO DE 2012.
RECURSO DO RÉU. ALEGADO CONCUBINATO IMPURO OU,
SUBSIDIARIAMENTE, EXISTÊNCIA DE UNIÃO SOMENTE A
PARTIR DE DEZEMBRO DE 2011, QUANDO MANIFESTADO O
DESEJO DE DIVÓRCIO PELO DE CUJUS. PREVALÊNCIA
DESTA ÚLTIMA TESE. INEGÁVEL EXISTÊNCIA DE UNIÃO
ESTÁVEL ENTRE A AUTORA E O FALECIDO À ÉPOCA DE
SUA MORTE. AUTORA QUE ACOMPANHOU OS MESES
TERMINAIS DO COMPANHEIRO, ORGANIZOU E CUSTEOU
SEU VELÓRIO.

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• RECONHECIMENTO, ADEMAIS, DA CONDIÇÃO DE
DEPENDENTE PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS. INÍCIO DA
UNIÃO ESTÁVEL, CONTUDO, MUITO POSTERIOR AO
ALEGADO NA INICIAL. FALECIDO QUE HÁ MUITOS ANOS
JÁ RESIDIA LONGE DA FAMÍLIA POR MOTIVOS
PROFISSIONAIS. MANUTENÇÃO DO RELACIONAMENTO
COM A AUTORA NESSAS CIDADES AO LONGO DA ÚLTIMA
DÉCADA DE SUA VIDA. RETORNO CONSTANTE À
FLORIANÓPOLIS, ONDE MANTINHA A FAMÍLIA E SEU
CÍRCULO SOCIAL. DESCONHECIMENTO COMPLETO DA
EXISTÊNCIA DE RELACIONAMENTO PARALELO COM A
AUTORA PELOS AMIGOS E FAMILIARES DO DE CUJUS.

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• PROVA DOCUMENTAL, TESTEMUNHAL E FOTOGRAFIAS
QUE DEMONSTRAM A MANUTENÇÃO DO VÍNCULO
CONJUGAL AO LONGO DOS ANOS EM QUE A AUTORA
ALEGA JÁ VIVEREM EM UNIÃO ESTÁVEL. ÔNUS DA
AUTORA DE PROVAR A SEPARAÇÃO DE FATO DO CASAL
NÃO DESEMPENHADO. EXISTÊNCIA DE CONVIVÊNCIA
PÚBLICA, CONTÍNUA E DURADOURA, ESTABELECIDA COM
O OBJETIVO DE CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA SOMENTE
VERIFICADA APÓS O PEDIDO DE DIVÓRCIO.
IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO
ESTÁVEL DE PESSOA CASADA. EXEGESE DOS ARTS. 1.723, §
1º E 1.727 DO CÓDIGO CIVIL.

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• CONFIGURAÇÃO DE CONCUBINATO IMPURO ATÉ DEZEMBRO
DE 2011, QUANDO SEPAROU-SE DE SUA ESPOSA. ÔNUS
SUCUMBENCIAIS. REDISTRIBUIÇÃO. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
• 1. Ante os reflexos e as consequências advindas do reconhecimento de
uma união estável, sobretudo as que via de regra recaem sobre o
patrimônio e a família de uma das partes, exige-se prova hígida,
escorreita e estreme de dúvida da pretensa união.

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• 2. Não há como se pretender o reconhecimento de união estável em
decorrência de uma relação dita amorosa, pública, contínua e
duradoura, contemporânea ao casamento válido de uma das partes,
como no caso em exame, onde o pretenso companheiro jamais se
separara da esposa até que manifestou expressamente a intenção de se
divorciar, dando início às respectivas tratativas.
• E onde não estão presentes os requisitos inarredáveis da fidelidade e
mútuo respeito, não pode o magistrado reconhecer a pretendida união
estável.
• (TJ-SC - AC: 03007772820168240091 Capital 0300777-
28.2016.8.24.0091, Relator: Marcus Tulio Sartorato, Data de
Julgamento: 24/04/2018, Terceira Câmara de Direito Civil).

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BIBLIOGRAFIA
CONRADO, Paulino da Rosa. Curso de Direito de Família
Contemporâneo. 4ª Ed. Salvador: JusPODIVM, 2018.

MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 5. ed. Rio de Janeiro:


Foresense, 2013.

FARIAS, Christiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de


Direito Civil: Famílias. 6ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2014.

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CONTATOS
Ana Ana Carolina S. Mendonça

@prof.carolinamendonca

(11) 98340-5664

anacarolina_mendonca@hotmail.com

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Ana Carolina dos Santos Mendonça, advogada atuante nas áreas de Direito Imobiliário e Direito de Família e
Sucessões; Pós-graduada em Direito de Família e Sucessões pela Faculdade Legale; Pós-graduanda em Direito Civil e
Processual Civil, pela Escola Paulista de Direito; Professora de cursos jurídicos com ênfase em Direito de Família e
Sucessões; Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM; Membro consultora do Grupo de Estudos
de Direito de Família Rubens Limongi França - GEDFAM – RLF.

• Importante:
• 1 - Conforme lei 9.610/98, que dispõe sobre direitos autorais, a reprodução parcial ou integral deste trabalho sem autorização prévia e expressa do autor
constitui ofensa aos seus direitos autorais (art. 29). Em caso de interesse entrar em contato com o autor do texto.
• 2 - Entretanto, de acordo com a lei 9.610/98, art. 46, não constitui ofensa aos direitos autorais a citação de passagens da obra para fins de estudo, crítica
ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor (Ana Carolina dos Santos Mendonça).

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