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DIVÓRCIO

Uma discussão ou um estudo de


qualquer assunto pode resultar
infrutífero sem se entender o sentido
das palavras chaves arroladas.
Ao iniciarmos o ESTUDO do assunto: DIVORCIO
precisamos conhecer os vocábulos importantes e
fundamentais do nosso estudo, mesmo porque o seu
significado é ignorado de muita gente aficionada do pelo
divócio.
Examinemos, pois, o sentido das
seguintes palavras:
PROSTITUIÇÃO - é o comportamento que leva
uma pessoa a praticar HABITUALMENTE relações
sexuais com um número indeterminado de outras
pessoas mediante REMUNERAÇÃO.

ADULTÉRIO - é o ato sexual praticado por pessoa


CASADA com alguém que não é o seu cônjuge.
Quem é solteiro, portanto, não pratica o adultério
se mantém relações sexuais, embora ilícitas e
pecaminosas, com outra pessoa também solteira.
FORNICAÇÃO - é a relação sexual entre pessoas
solteiras e sem remuneração.

MANCEBIA OU CONCUBINATO - é a união


fornicária ou a frequência habitual das
relações sexuais entre as mesmas pessoas
pelo fato de morarem juntas sem contudo
serem casadas.

DESQUITE - é a separação (litigiosa ou amigável)


dos cônjuges pronunciada pela autoridade
competente, mas SEM A DISSOLUÇÃO DO
CASAMENTO.
DIVÓRCIO - é a dissolução legal do casamento
em vida dos cônjuges. Ao prolatar a autoridade
competente o divórcio os dois passam ao estado
de solteiros, podendo contrair legalmente novo
casamento. (Recorde-se de passagem que nem
tudo o que é legal é lícito ou moral.
PRINCÍPIO - Em nosso estudo não se trata de
começo, mas de preceito, regra, norma,
postulado inquestionável. Trata-se de uma
proposição que de nenhuma outra é deduzida,
mas que outras dela se deduzem.
Alguns exemplos nos mostram serem
indiscutíveis os princípios.
 O princípio da causalidade diz que não há
efeito sem causa ou todo o fenômeno tem
uma causa.

 O principio de contradição se enuncia: o


contrário do verdadeiro é falso.

 O principio do terceiro excluído se evidencia


quando duas proposições são contraditórias,
uma delas é verdadeira e a outra falsa.

 O princípio de identidade estabelece que o que


é, é; o que não é, não é.
A PALAVRA DE JESUS
Vamos lê-la com toda reverência e máxima
atenção. Vamos lê-la sem espírito preconcebido.

Sem nos importarmos com a opinião dos outros,


vamos receber com alegria o ensino do Mestre.
Lê-la-emos, pois, com o coração sensível à
Verdade.

O texto se encontra em
Mateus 19:1-12:
"E aconteceu que, concluindo Jesus estes
discursos, saiu da Galileia, e dirigiu-Se aos
confins da Judeia, além do Jordão: e seguiram-no
muitas gentes, e curou-as ali.

Então chegaram ao pé dEle os fariseus,


tentando-O, e dizendo-Lhe: E lícito ao homem
repudiar sua mulher por qualquer motivo?
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido
que Aquele que os fez no princípio macho e fêmea os
fez, e disse: Portanto deixará o homem pai a mãe, e se
unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim
não são mais dois mas uma só carne. Portanto o que
Deus ajuntou não o separe o homem.
Disseram-Lhe eles: Então porque mandou Moisés
dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?

Disse-lhes Ele: Moisés por causa da dureza dos


vossos corações vos permitiu repudiar vossas
mulheres: mas ao princípio não foi assim. Eu vos
digo, porém, que qualquer que repudiar sua
mulher, não sendo por causa de prostituição, e
casar com outra, comete adultério; e o que casar
com a repudiada também comete adultério.

Disseram-Lhe Seus discípulos: Se assim é a


condição do homem relativamente à mulher, não
convém casar.
Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber
esta palavra, mas só aqueles a quem foi
concedido. Porque há eunucos que assim
nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que
foram castrados pelos homens; e há eunucos que
se castraram a si mesmos por causa do Reino dos
Céus. Quem pode receber isto, receba-o".
Releia-se o texto com atenção redobrada. Releia-se com
o empenho de entendê-lo.
Não se trata de interpretar porque quem interpreta corre
o risco das interferências inclusive de seus próprios
interesses. Interesses muitas vezes escusos. Escondidos
na subconsciência.

Quando você estuda a Bíblia livre de ideias


preconcebidas você não aceitará qualquer
"interpretação". O livre estudo da Palavra de Deus não
deixa você sofrer pressão da maioria dos teólogos que
se acham os “pais da igreja” da era moderna sob as
tendenciosas ordenações de dogmas engendrados por
esses teólogos fossilizados em evangelhos espúrios.
Diante do texto lido e relido levantamos as
seguintes observações:

PRIMEIRA: A lista dos motivos para o divórcio segundo


o mundo é interminável. Pergunto aos evangélicos
dissolubilistas: Jesus Cristo, o Mestre, autoriza o divórcio
por causa da incompatibilidade de gênios, que é o
"motivo" mais alegado?

SEGUNDA: Entre os judeus imperava a mentalidade


divorcista. E os discípulos tanto entenderam a
severidade de Jesus Cristo que Lhe disseram: "Se assim
é a condição do homem relativamente à mulher, não
convém casar" (v.10).
TERCEIRA: Jesus confirma a seriedade de sua
instrução: "Nem todos podem receber esta palavra, mas
só aqueles a quem foi concedido" (v.ll).
Contexto....
Andavam os fariseus no encalço de Jesus com o
propósito de colhê-l0 a transgredir algum dispositivo da
Lei ou de pô-lO em dificuldade perante a opinião
pública. Nutriam insopitável gana de surpreendê-lO em
deslize, ou em contradição com a Lei Mosaica, ou em
incoerência consigo próprio ou em oposição às
autoridades imperiais de Roma ou ao povo.
Numa dessas suas investidas os fariseus, supostos
paladinos da Lei de Moisés, desafiaram-nO com o
problema da liceidade dos motivos para o divórcio.
Queriam vê-lo embaraçado diante da multidão à qual
ensinava e junto da qual desfrutava de prestígio por
causa de Sua Autoridade.
1) - Os dois primeiros Sinóticos (Mt.19:3-9 e Mc.10: 2-9)
anotaram a disputa.
"Então chegaram ao pé dEle os fariseus, tentando-o, e
dizendo-Lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por
qualquer motivo?" (Mt.19:3).
A pergunta dos fariseus não tinha nenhum interesse de
se esclarecer ou de se informar.
Tratava-se de uma pergunta capciosa sobre um tema
polemizado.
Todos os judeus concordavam sobre a prática do
divórcio.
A pergunta, portanto, não visava a liceidade do
divórcio em si por ser a sua prática
concordemente aceita.
Entre os judeus, porém, se disputava acerca da
liceidade dos MOTIVOS do repúdio.
Esta discussão se enraizava num texto do
Pentateuco:

"Quando um homem tomar uma mulher, e se


casar com ela, então será que se não achar graça
em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe
fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e
a despedirá da sua casa" (Dt.24:1).
Formaram-se duas correntes, que, inclusive,
redundaram em escolas rivais: uma mais severa e
a outro bem lassa ou relaxada.

Poucos anos antes de Jesus Cristo dois célebres


mestres: Shammai e Hillel, se engalfinharam
numa fervorosa e acirrada competição que
levantou o ardor dos fariseus dividindo-os quanto
aos motivos suficientes para o libellus repudii
(libelo de repúdio) em campos antagônicos.
Shammai, austero e rígido acentuava o aspecto
"fealdade" ou "indecência" do fato aludido na Lei
e admitia como motivo do repúdio somente um
grave escândalo praticado pela mulher.

Hillel, relaxado e laxo, concentrava seus


argumentos nas generalidades do vocábulo
"coisa". Dessa forma, qualquer ocorrência se
constituía em pretexto para a quebra do vínculo,
como o descuido no cozimento que causasse o
queimar uma comida.
 Ao tempo de Jesus permaneciam vivas e
acesas as disputas entre as duas escolas
seguidas ambas por entusiastas e adregos
adeptos.
 Ao provocar o Mestre objetivavam os fariseus
descobrir por qual das duas escolas Jesus
Cristo Se simpatizava.
 Uma resposta direta de Jesus à proposição dos
Seus adversários inimistá-lo-ia com uma das
duas escolas.
Daí a apóstrofe: "É Ilícito ao homem repudiar sua
mulher por qualquer motivo?" (v.3).
O "qualquer motivo" da pergunta dá a impressão
de haver sido feita por um seguidor da escola
rígida de Shammai. A expressão, com efeito,
questionava o sentido ou a extensão daquela
"coisa feia" de Dt.24:1.
2) - Releva outrossim notar-se a postura inferior da
mulher naquele tempo. Por que ninguém foi perguntar a
Jesus Cristo: E licito à MULHER repudiar o seu marido
por qualquer motivo?
E a inquestionável constatação da História: em toda
época de decadência moral a mulher se inferioriza!
Em certa ocasião os fariseus levaram ao Mestre
uma pobre mulher colhida em flagrante adultério
para que Ele aprovasse a execução de sua pena
de morte a pedradas segundo a Lei de Moisés (cf.
Jo.8:3-11).

Por que, consoante a mesma Lei de Moisés, não


exigiram semelhante castigo para o homem
adúltero?

Porventura a mulher adulterará sozinha?


A pergunta para por à prova os fariseus, o
indefectível PRINCÍPIO da monogamia perpétua
indissolúvel:
"Não tendes lido que Aquele que os fez no principio, macho e
fêmea os fez? Portanto deixará o homem pai e mãe, e se unirá à
sua mulher, e serão dois numa só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem" (vv.4-6)

Marcos também registrou a solene proclamação do Senhor:


"Porém, desde o principio da Criação, Deus os fez macho e fêmea.
Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à
sua mulher, e serão os dois numa só carne; e assim já não serão
dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou não o
separe o homem" (10:6-9).
a) O Mestre recorre a declaração que está na primeira página do
Gênesis para dela extrair a luminosa conclusão da
inseparabilidade, da indestrutibilidade, da imprescritibilidade do
pacto conubial. Nenhuma força humana o diluirá. Nenhum motivo,
grave ou superficial, poderá justificar sua ruptura.

b) - E nem poderia ser diferente a proclamação, de Jesus Cristo.


Ele veio restaurar o Plano de Deus também na ordem familial
porque a união de dois seres "numa só carne", pelo casamento,
concretiza o desdobramento do magnífico princípio inicial.

c) - O pensamento cristalino de Jesus Cristo exteriorizado em Sua


Palavra límpida, sem possibilitar qualquer sombra de dúvida, é
consentâneo com a Sua Missão de Amor.
- "Assim não são mais dois mas uma só carne. Portanto
o que Deus ajuntou não o separe o homem" (v.6 de
Mt.19). É a afirmação categórica de Jesus Cristo.
Ora, se pelo adultério houvesse Ele autorizado a fenda do pacto
conjugal, estaria Se contradizendo, ao permitir que o homem
separasse o que Deus ajuntou.
- Se o Mestre autorizasse a "exceção" estaria
galardoando, premiando, o horrível pecado do adultério.
O premio seria o de novas núpcias.

Só o pensar na legitimidade de tal "exceção" se constitui em


desacato a Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Ao ouvirem os discípulos a afirmação peremptória de
Jesus, ficaram chocados porque, de fato, entenderam o
pensamento do Mestre. E disseram-Lhe: "Se assim é a
condição do homem relativamente à mulher, não
convém casar" (Mt.19: 10).
Se eles houvessem "interpretado" a Palavra de Cristo no sentido
de estar Ele permitindo uma exceção para o divórcio, essa
observação não teria sentido.
Mc.10:10 informa-nos de que "em casa tornaram os discípulos a
interrogá-lO acerca disto mesmo".
Impressionaram-se e quiseram uma Palavra especial para eles por
parte do Senhor.

"E Ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra,
adultera contra ela. E, se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro,
adultera" (MC.10:11-12).
Em particular com os discípulos, Jesus confirmou de maneira também
claríssima, a indissolubilidade do matrimônio
Em Lucas 16:18 Ele ratifica outra vez Sua doutrina:
"Qualquer que deixa sua mulher, a casa com outra, adultera; e
aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também".
- Paulo Apóstolo também entendeu a declaração de Jesus que não
permite qualquer brecha, nem a do adultério, para o divórcio, que
em I Cor.7:10-11, escreveu: "Todavia, aos casados, mando, não
eu mas o Senhor, que a mulher se não separe do marido. Se,
porém se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o
marido; a que o marido não deixe a mulher".

E o Apóstolo ainda é o maior teólogo do Cristianismo.


Quem melhor compreendeu em profundidade e em
extensão, os ensinos de Jesus?
- Os que vêem uma cláusula de exceção em Mt.19:9 e
em Mt.5:32 asseguram a anulação do matrimônio no
caso da infidelidade conjugal, facultando ao cônjuge fiel
o direito de convolar novo conúbio.
A adotar-se a cláusula de exceção ou o adultério como motivo de
divórcio (o que não aceitamos), colocar-se-ia Jesus Cristo em
oposição desumana e arbitrária contra a mulher. Colocá-la-ia em
posição abaixo de inferior perante o homem, o que destoaria de
Sua Missão e do Seu Magistério.
Nos dois versículos citados outrossim não se verifica a idéia de
que o cônjuge inocente tem direito a novas núpcias e a recusa
delas ao infiel.
Com efeito, nesses dois textos Ele não supõe a infidelidade por
parte do marido. Ele não afirma que adultera a mulher que
abandonar o seu marido e nem que adultera aquela que casar
com o repudiado.
- Consoante o ensino de Jesus no Seu Sermão da Mon-
tanha, além do pecado em ato, quem atentar numa
mulher, cobiçando-a, "já em seu coração cometeu
adultério com ela"(. Mt.5:28).
Ora, se o adultério se constituísse em motivo para a
ruptura do pacto conjugal, no caso de um homem
casado cobiçar uma mulher sua esposa poderia recorrer
ao divórcio. A admitir-se o adultério como motivo para
anulação do casamento previsto em Mt.5:32 e 19:9,
Jesus teria feito a distinção entre o adultério consumado
em ato e o desejado no íntimo do coração.
Essa distinção, porém, inexiste.
Por conseguinte, se prevalecesse semelhante motivo, qual
o casamento que perduraria?
Em sendo Ele a encarnação do Amor de Deus - "porque
Deus amou o mundo de tal maneira que entregou o Seu
Filho Unigênito..." (Jo.3:16) - destoaria de Sua Missão e
da Sua própria Personalidade se propugnasse pelo
divórcio. Ou se lhe permitisse qualquer brecha.

Quando se lê uma obra traduzida de outra língua e se estranha


algum pronunciamento do autor, se se trata de assunto
relevante, é de bom alvitre recorrer-se ao texto na língua
original. Esta é, aliás, uma norma áurea para se entender uma
palavra ou um versículo das Sagradas Escrituras quando
desejamos compreender melhor o seu significado e ter uma
visão mais profunda do ensinamento divino.

É disto que os "intérpretes" divorcistas da perícope


de Mt.19:3-11 se esqueceram.
Eis o texto grego de Mt.19:9 seguido de sua versão,
onde se encontra a suposta cláusula de exceção:

9 Λέγω δὲ ὑμῖν, ὅτι ὃς ἂν ἀπολύσῃ τὴν


γυναῖκα αὐτοῦ εἰ μὴ ἐπὶ πορνείᾳ, καὶ
γαμήσῃ ἄλλην, μοιχᾶται· καὶ ὁ
ἀπολελυμένην γαμήσας μοιχᾶται. "Eu
vos digo, porém, que qualquer que repudiar
sua mulher, não sendo por causa de
MANCEBIA, e casar com outra,
ADULTERA; e o que casar com a
E também Mt.5:32, com a sua tradução, o outro
texto onde também se pretende ver a referida
cláusula:

32 ἐγὼ δὲ λέγω ὑμῖν ὅτι πᾶς ὁ ἀπολύων τὴν


γυναῖκα αὐτοῦ παρεκτὸς λόγου πορνείας
ποιεῖ αὐτὴν μοιχευθῆναι· καὶ ὃς ἐὰν
ἀπολελυμένην γαμήσῃ, μοιχᾶται. " Eu,
porém, vos digo que qualquer que repudiar
sua mulher, a não ser por causa de
MANCEBIA, faz que ela ADULTERE; e
qualquer que casar com a repudiada
ADULTERA".
Nas duas Escrituras salta aos olhos o emprego do
vocábulo grego PORNEIA

A tradução portuguesa do vocábulo grego


PORNEIA contido nos dois textos por
"PROSTITUIÇÃO", "ADULTÉRIO ou
"INFIDELIDADE" já se constitui numa
interpretação do tradutor porque a sua
tradução certa é "FORNICAÇÃO". E
adultério em grego é MOIXHEIA e não
PORNEIA
O motivo que gerou a interpretação"
favorável à tese divorcista reside
exatamente em tomar como sinônimos os
vocábulos: fornicação (união fornicária
mancebia, concubinato) e adultério.

O adultério só pode ser cometido por


pessoa casada quando mantém relação
sexual com outrem que não seu cônjuge.
MOIXHEIA (adultério) é uma coisa e
PORNEIA (Fornicação, mancebia) é outra.

O Novo Testamento sempre distingue muito bem


os dois vocábulos: PORNEIA e MOIXHEIA,
quando os aplica.

É de se notar que nos dois mesmos versículos


Jesus usou o verbo ADULTERAR no grego:
MOIXHEUO ou MOIXHAOMAI. Se não houvesse
a distinção de fato, o Mestre em lugar de
PORNEIA teria, evidentemente, empregado
MOIXHEIA
Em Mt.15:19 e no texto afim de Mc.7:21,
Jesus aplica os dois vocábulos cada um com
o seu significado próprio e característico:
"Porque do coração procedem os maus pen-
samentos, mortes, adultérios (MOIXHEIA),
fornicações (PORNEIAIS), furtos, falsos
testemunhos e blasfêmias".
Para exemplificar, encontro o substantivo MOIXHEIA
(ADULTÉRIO) além de em Mt.15:19 e em Mc.7:21,
acima transcritos, em Jo.8:3 no registro do fato da
adúltera protegida por Cristo da sanha dos judeus. O
masculino MOIXHOS (ADÚLTERO) em Lc.18:11; em
I Cor.6:9; em Hb.13:4 e em Tg. 4:4. O feminino
MOIXHALIS (ADÚLTERA) em Mt.12:39; 16:4; Mc.
8:38; Rm.7:3; Tgo4:4 e em II Pd:2:14. E o verbo
MOIXHEUO (ADULTERAR), em várias flexões, em
Mt.5:27,28,32; Mc.10:19, Lc.16:18; 18:20; Jo.8:4;
em Rm.2:22; 13:9; em Tgo.2: 21; em Apoc.2:22. O
verbo MOIXHAOMAI (ADULTERAR) também em
várias flexões, em Mt.5:32; 19:9; Mc.10:11".12.
Também para exemplificar o uso de
PORNEIA (FORNICAÇÃO) com seu
significado próprio e diferente, portanto, do
de MOIXHEIA, encontro-o em Mt.5:32;
15:19: 19:9; Mc. 7:21; Jo.8:41;
At.15:20,29; 21:25; duas vezes em I
Cor.5:1; 6:13, 18; 7:2; em II Cor.12:21; em
Gl.5:19; em Ef.5:3; em Cl.3:5; em I Ts.4:3;
em Apoc.2:21; 9:21; 14:8; 17:2,4; 18:3;
19:2.
O emprego deste termo é muito mais frequente
do que o de MOIXHEIA e sempre com o sentido
de FORNICAÇAO (MANCEBIA, CONCUBINATO) e
nunca com o de adultério, como em Mt 5:32 e
19:9 sonham com muita ambição os "intérpretes"
divorcistas.

Encontram-se também o masculino PORNOS


(FORNICÁRIO) e o verbo PORNEUO (FORNICAR) em
várias flexões, por diversas vezes. O substantivo
masculino é encontrado em I Cor.5:9,10, 11; 6:9; em
Ef.5:5; em I Tm.1:10; em Hb.12:16; 13:4 e em
Apoc.21:8; 22:15. O verbo em I Cor.6:18: 10:8; em
Apoc.2:14,20; 17:2; 18:9.
PORNEIA, donde o nosso termo pornografia,
no grego do Novo Testamento quer dizer
FORNICAÇÃO, que é o uso ilegítimo do sexo por
pessoa solteira com outra pessoa solteira.
Pode se constituir em atos isolados e pode
designar a união fornicária, ou mancebia ou
concubinato. Neste último caso quando os dois
convivem sem o liame do matrimônio.

Em Ef.5:3, Paulo enfileira alguns tipos de pecadores


dentre os quais o fornicário e o impuro. E em Cl.3:5
algumas espécies de pecados, destacando a fornicação e
a impureza. Denota, portanto, a fornicação como
mancebia, ou união ilícita permanente, ou concubinato.
Em I Cor.5:1 outrossim o Apóstolo classifica de
PORNEIA a união incestuosa daquele rapaz com
a "mulher de seu pai", a sua madrasta.
O Decreto Apostólico exarado em At.15:28-29 (confron-
te-se com Lv.18) também alude à PORNEIA, que se trata
de união fornicária ou concubinato tão em uso entre os
gentios de que convertidos ao Evangelho, deveriam se
abster.

Foi também no sentido de união fornicária o


protesto dos judeus em Jo.8:41: "Nós não somos
nascidos de fornicação (de concubinato ou de
mancebia).
A união fornicária, ou concubinato ou mancebia é
nula por falta de vínculo conjugal legítimo.
Esta carência do vínculo pode ter várias causas como
vício intrínseco da união, invalidade por lei positiva,
defeito de intenção como nas uniões livres.

Releva notar-se ainda que no mesmo contexto,


Jesus usou o verbo ADULTERAR ou COMETER
ADULTÉRIO, no grego: MOIXHEUO ou
MOIXHAOMAI. Então, porque na "exceção" não
empregou o vocábulo MOIXHEIA? Valeu-se, isto
sim, da palavra PORNEIA, cujo significado é bem
diverso, segundo verificamos.
Toda vez que o Mestre Se referiu ao adultério
propriamente dito aplicou com exata precisão o
termo MOIXHEIA. Jamais o confundiu com
PORNEIA.

Ao invés de MOIXHEIA (ADULTÉRIO), em Mt.5:32


e 19:9, na expressão exceptiva, EIe adotou o
vocábulo PORNEIA (FORNICAÇÃO, MANCEBIA,
CONCUBINATO).

Assim fez Ele precisamente porque NÃO se tratava de adultério ou


infidelidade. Adultério que consiste no pecado de natureza sexual
cometido por um dos cônjuges legítimos com terceira pessoa.
Por conseguinte, Jesus Cristo não faculta o divórcio nem no caso
da esposa ou do marido adulterar.
Se duas pessoas se unirem ilegitimamente, incorrendo,
portanto, em PORNEIA em união fornicária, então,
pode se dar a separação.

 Não se trata, evidentemente, de divórcio porquanto


faltava a união legítima, o casamento.

 Disse: pode se dar a separação porque se não houver


impedimento algum previsto pela lei positiva (como
na hipótese de serem irmãos ou tio e sobrinha) ou
houver a possibilidade de ser removido O obstáculo
impediente, os dois poderão legitimar a sua união,
estabelecendo ai o vínculo matrimonial.
A Palavra de Jesus Cristo tanto em Mt.5:32 como
em Mt.19:9, considerada inciso(decreto)
exceptivo(encerrado), ao contrário de
atenuar(diminuir), confirma a monogamia
perpétua indissolúvel. Com efeito, ao afirmar
Jesus que a única hipótese que faculta ao
homem abandonar a mulher é na circunstância
da "PORNEIA", ou seja, da união fornicária em
que não há o pacto conjugal, confirma que
sempre quando há o legitimo vínculo se torna
absolutamente impossível a dissolução dele.

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